Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DA CAVIDADE ORAL DE
PINGUIM DA PATAGÔNIA (Spheniscus magellanicus)ENCONTRADO
MORTO EM PONTA DE SERRAMBI - LITORAL SUL DE
PERNAMBUCO
Maria Gabriella Albuquerque de Almeida Aguiar1, Carolina Jones Ferreira Lima da Silva2, Júlia Badra Nogueira Alves3
Adriano Artoni4, Rosilda Maria Barreto Santos5

Introdução
O pinguim é uma ave que não voa, característica do hemisfério Sul, principalmente da Antártida. A sua morfologia é
reflexo da adaptação a vida no meio aquático, o corpo fusiforme, as asas atrofiadas que são inúteis para o voo no ar,
contudo, são muito ágeis na água e tem a função de barbatanas. Na terra, os pinguins usam a cauda e as asas para manter
o equilíbrio na postura ereta. Suas penas são impermeabilizadas através da secreção de óleos e eles possuem uma
camada isolante que auxilia na conservação de calor do corpo, em relação a água gelada antártica. A dieta dos pinguins
é basicamente constituída de peixes, porém há variações conforme o gênero da família. Em todos os casos a dieta é
complementada com cefalópodes e plâncton. As particularidades anatômicas presentes na língua dos pinguins deve-se a
função específica do órgão para a espécie, com seus hábitos naturais, adaptação ao ambiente em que vive e ao tipo de
alimentação.
A cavidade oral, faz parte do intestino cefálico. Nela encontra-se os elementos anexos da digestão inicial que no
caso do pinguim, que é uma ave, contém a língua, palato, e assoalho da cavidade oral. A língua é um órgão musculoso
que preenche a cavidade oral propriamente dita, quando essa está fechada. Suas funções são variáveis quanto as
espécies, mas as principais são a apreensão dos alimentos, o lamber, a captação de água, deslocamento do alimento
durante a mastigação, condução do alimento no ato da deglutição e também atua como órgão sensorial de gustação, tato,
dor e temperatura. Ela é utilizada, no cão, além disso, para a troca de calor e para alisar o pelo. (König et. al. 2004). A
morfologia da língua é bastante variável conforme as espécies, devido aos seus hábitos alimentares particulares e a
interação com o ambiente em que vivem. Pode-se diferenciar o ápice da língua, o corpo da língua e a raiz da língua. A
face ventral está fixada, medialmente, ao assoalho da cavidade oral por meio do freio lingual. A língua do pinguim não
apresenta sulco mediano, como alguns mamíferos apresentam, a exemplo do cão. O teto da cavidade oral, é formado por
um palato duro incompleto, e entre os dois antímeros do palato, há a fenda da coana, que estende-se longitudinalmente
na linha média, na metade caudal do palato. A túnica mucosa do palato possui várias cristas e papilas que são visíveis
macroscopicamente. A cavidade oral é delimitada rostralmente pelo bico e caudalmente pela orofaringe. O bico do
pinguim, epidérmico queratinizado, tem formato triangular, semelhante ao bico de uma galinha quanto a sua forma. O
bico de outras aves como o pato e o ganso, já não são tão semelhantes ao do pinguim quanto a sua forma, mas a
cavidade oral dessas espécies de aves, também contém estruturas semelhantes no palato, língua e assoalho da cavidade.
Essas estruturas são como lamelas, verdadeiras espículas queratinizadas que constituem a túnica mucosa do palato,
língua e assoalho da cavidade oral até a orofaringe, que é o limite caudal da cavidade oral.
Objetivou-se nesse trabalho de pesquisa, relacionar o estudo da anatomia da cavidadade oral dos animais
aprensentando suas formas e funções nas variadas espécies, e sugerir a função das particularidades anatômicas
encontradas nos elementos anexos da cavidade oral de pinguins a partir de observação e revisão bibliográfica sobre a
ecologia do animal, ou seja, das suas interações com o meio, alimentação, comportamento e comparação com hábitos
semelhantes de animais domésticos, tanto mamíferos quanto aves.
Material e métodos
Utilizou-se um cadáver de um pinguim (Spheniscus magellanicus), que foi encontrado no litoral Sul pernambucano
por um ativista ambiental, na praia de Ponta de Serrambi, no município de Sirinhaém, e legalmente adquirido pelo
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O
método de estudo aplicado foi a observação. Seccionou-se com o bisturi, as comissuras bucais para ampliar a visualizar
1
Primeiro Autor é Aluno da Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N,
Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected]
2
Segundo Autor é Aluno da Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N,
Recife, PE, CEP 52171-900.
3
Terceiro Autor é Aluno da Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N,
Recife, PE, CEP 52171-900.
4
Quarto Autor é Ativista Ambiental Voluntário do Instituto Chico Mendes
5
Quinto Autor é Professor Adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade Federal Rural de Pernambuco, R. Dom
Manuel de Medeiros S/n. Dois Irmãos.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
mais profundamente a cavidade oral. Para conservar o animal em estudo, utilizou-se solução de formaldeído a 10%, e
foram utilizadas literaturas sobre anatomia dos animais domésticos e a vida dos vertebrados.
Resultados e Discussão
A língua é parte importante do aparelho digestório, que captura o alimento de muitas aves. Os ossos hióideos, que
sustentam a língua, são alongados e protegidos por uma bainha de músculo que passa ao redor e por fora do crânio,
chegando até a cavidade nasal. Quando os músculos da bainha contraem-se, os ossos hióideos são comprimidos atrás do
crânio e a língua é projetada para fora da boca da ave (Pough et. al. 2008).
A língua do pinguim apresenta uma particularidade anatômica, é delgada e de textura áspera e rugosa (Figura 1). Sua
textura é semelhante ao vestíbulo bucal dos ruminantes, repleto de papilas mecânicas, cônicas e filiformes, parecidas
com espículas. As papilas cônicas que auxiliam na mastigação e remastigação durante o processo da ruminação e são
encontradas no bovino, na raiz da língua e, no gato, queratinizadas e em toda a superfície dorsal da língua. As papilas
filiformes são queratinizadas em toda superfície da língua do bovino e do gato e são essas papilas que conferem seu
caráter áspero e rugoso. O mesmo acontece nos pinguins, apresentam papilas mecânicas do tipo filiforme, que conferem
a textura áspera e rugosa, mas com o formato semelhante as papilas cônicas encontradas nos ruminantes. O palato do
pinguim também é repleto dessas papilas, assim como há papilas na sua orofaringe, nasofaringe, laringofaringe, e no
assoalho da boca com exceção do freio lingual. No assoalho da boca, as papilas localizam-se em duas pregas laterais ao
freno lingual. Não há papilas na região ventral da língua, mas há bastante na região dorsal. A língua tem formato
triangular e no seu ápice há duas fileiras de papilas. Na transição do ápice para o corpo da língua, há cinco fileiras de
papilas filiformes, sendo as laterais mais delgadas e pontiagudas e as medianas espessas na base e delgadas em seu
ápice. No palato há seis fileiras de papilas filiformes, sendo três fileiras laterais a cada antímero da fenda palatina. Após
a fenda palatina, encontra-se cinco fileiras de papilas filiformes com menor tamanho, que terminam a nível da
orofaringe.
Os ruminantes, especialmente os bovinos, usam a língua para apreender os alimentos, assim como o pinguim que
também utiliza a língua para apreensão de alimentos. Os pinguins se alimentam de peixes, moluscos, crustáceos, sépias,
animais marinhos de pequeno porte e plâncton, variando conforme os gêneros da família. A presença das papilas
mecânicas filiformes na língua dos pinguins, sugere que funcionam na apreensão dos alimentos, diminuindo o atrito e
aumentando a adesão das partículas. Portanto, a ação das papilas filiformes da língua de pinguins é mecânica e de total
importância para sua sobrevivência, pois sem elas, haveria dificuldade na apreensão dos alimentos.
Os animais estão em constante transformação e adaptação. É impossível estudar um organismo animal, sem se
remeter ao ambiente em que ele vive. Cada particularidade, cada detalhe presente no seu organismo, tem uma função
que por menor que seja, é extremamente importante para o vida e sobrevivência das espécies. Sobrevivência e vida, são
termos que estão diretamente ligados ao exercício da profissão do médico veterinário. Portanto, é válido e impotante
estudar as particularidades anatômicas das espécies e suas funções, relacionando a sua ecologia, adaptações conforme o
tempo e interação com o meio ambiente em que vivem.
Agradecimentos
A orientação da professora Rosilda Maria Barreto Santos e ao apoio da UFRPE.
Referências
König, Horst Erich; Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido/ Horst Erich König e Hans- Georg Liebich;
trad. Althen Teixeira Filho. – Porto Alegre : Artmed, 2004.
Pough, F. Harvey; A vida dos vertebrados/ F, Havery Pough, Christine M. Janis, John B, Heiser; [coordenação editorial
da edição brasileira Ana Maria de Souza; tradutores Ana Mariade Souza, Paulo Auricchio]. – 4. ed. – São Paulo:
Atheneu Editora, 2008.
Sisson and Grossman’s The Anatomy of the Domestic Animals; Copyright 1975 by W. B. Saundrs Company; Direitos
exclusivos para a língua portuguesa Copyright 1986 by Editora Guanabara S.A.; Travessa do Ouvidor, RJ – CEP 20040.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Figura 1. Na figura 1A apresenta-se o pinguim estudado, com a cavidade oral fechada e na figura 1B, com a cavidade
oral aberta, mostrando a língua e o palato com as papilas cônicas.
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