Apostila Reflorestamento - Apostilas e Trabalhos – CANP – 302 – 312

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CAMPUS NILO PEÇANHA - PINHEIRAL
DISCIPLINA DE REFLORESTAMENTO
CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA
I. Conceitos
1. DEGRADAÇÃO DO SOLO
"Alterações adversas das características do solo em relação aos seus diversos usos
possíveis, tanto estabelecidos em planejamento quanto os potenciais" (ABNT, 1989).
2. RESTAURAÇÃO
Reprodução das condições exatas do local, tais como eram antes de serem alteradas pela
intervenção.
3. RECUPERAÇÃO
Local alterado é trabalhado de modo que as condições ambientais acabem se situando
próximas às condições anteriores à intervenção; ou seja, trata-se de devolver ao local o
equilíbrio e a estabilidade dos processos atuantes.
4. REABILITAÇÃO
Local alterado destinado a uma dada forma de uso de solo, de acordo com projeto
prévio e em condições compatíveis com a ocupação circunvizinha, ou seja, trata-se de
reaproveitar a área para outra finalidade.
5. REMEDIAÇÃO
Ações e tecnologias que visam eliminar, neutralizar ou transformar contaminantes
presentes em subsuperfície (solo e águas subterrâneas). Refere-se a áreas contaminadas.
(Box, 1976 e ABNT, 1989 apud Bitar & Braga, 1995).
6. FLORESTAMENTO
“Plantio de espécies nativas e/ou exóticas em ambiente desflorestado.”
7. REFLORESTAMENTO
“Plantio de espécies nativas em ambientes desflorestados.”
8. AGROFLORESTA
“Mistura de arvores ou arbustos em campo de produção agrícola ou pecuária”
O termo RECUPERAÇÃO E REFLORESTAMENTO é amplamente utilizado,
por incorporar os sentidos
II.
Importância das Florestas
Em conjunto com outras associações vegetais, a Floresta encerra uma grande
biodiversidade e garante o necessário equilíbrio ecológico. Por isso, ela é cada vez mais
reconhecida como um espaço importância fundamental para a manutenção dos valores
naturais e para a melhoria da qualidade de vida das populações.
As florestas cobrem cerca de 30% da superfície terrestre. É nas florestas e noutros
cobertos vegetais que se realiza a fotossíntese da qual depende a vida: produção de
oxigénio a partir do dióxido de carbono. Elas são depositárias de dois quintos de todo o
carbono armazenado nos ecossistemas terrestres, sendo consideradas como “pulmões do
mundo” ou “sumidouros de carbono”.
Reflorestamento-1
Além indispensável função fotossintética, as florestas desempenham papéis
extremamente relevantes, quer a nível ecológico, quer económico e mesmo social. Entre
inúmeras funções, elas:
- São fonte de bens como madeiras, combustíveis, alimentos e matérias-primas (ex.
resina, celulose, cortiça, frutos, bagas)
- Têm funções de protecção do solo contra e erosão, e de controlo do ciclo e da
qualidade da água;
- Concentram a maior parte da biodiversidade terrestre, nomeadamente, de espécies
vegetais e animais;
- Têm um elevado valor paisagístico e recreativo.
O ambiente nas florestas europeias
Na Europa é típica a existência de uma floresta mista: floresta de coníferas (ex.
abetos e pinheiros) e floresta de árvores de folhas caducas (folha que cai sazonalmente).
Mais comuns no Sul da Europa, as florestas das árvores de folhas caducas, são, de
uma forma geral, de uma cor verde viva. Nelas mais variedade de espécies do que na
floresta de coníferas.
Na floresta mista, sob as árvores (o estrato arbóreo) existem: abetos, pinheiros, faias,
carvalhos e outras espécies. Existe também um estrato arbustivo de buxos, zimbros e
outros arbustos e árvores jovens. Mais junto ao solo surge o estrato herbáceo, de
vegetação rasteira, e há ainda uma camada inferior, de musgos, líquenes e fungos.
Tradicionalmente, existem animais de diversas espécies: caça grossa - corças, cervos e
caça miúda - texugos, lebres, roedores. São também habitadas por muitos pássaros e
insectos, que aqui encontram alimentação abundante e abrigo.
O desenvolvimento da floresta é um processo que decorre muito lentamente, sendo
necessário muito tempo para que se estabeleçam os equilíbrios fundamentais entre as
diferentes espécies e o meio físico envolvente. O acelerado ritmo das actividades
humanas e as agressões frequentes aos espaços florestais não é compatível com a lenta
capacidade de resposta dos ecossistemas florestais.
O importante património natural que a floresta integra, com enorme relevância do
ponto de vista social, económico e ambiental, tem sofrido constantes pressões e ameaças
que conduzem à sua progressiva degradação de destruição:
- Conversão para agricultura
- Fogos florestais
- Sobre-exploração da madeira
- Fragmentação por estradas
- Poluição atmosférica
- Alterações climáticas
- Introdução de espécies exóticas (plantas, fungos, etc.)
As florestas como “sumidouros” de carbono
Como foi referido, para além da importância no fornecimento de bens e serviços
tradicionais como a madeira e outros, as florestas têm ainda um valor indirecto
associado ao armazenamento ou absorção de carbono.
Explicando um pouco este fenómeno de armazenamento, a fotossíntese que ocorre
nas plantas terrestres é responsável pela retenção de carbono atmosférico no material
vegetal e, eventualmente, na matéria orgânica no solo. Logo, ecossistemas com grande
biomassa e com o solo pouco perturbado, como as florestas, retêm o carbono, sob a
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forma de dióxido de carbono (CO2) numa escala temporal muito maior, na ordem de
décadas e séculos.
Contudo para absorver o carbono (CO2) que emitimos para a atmosfera, e que é um
dos gases responsáveis pelo Efeito de Estufa, teríamos que plantar uma média de 1000
árvores por pessoa por ano e se as novas florestas fossem cortadas e queimadas por nós
ou por fogos florestais, o CO2 removido seria emitido para a atmosfera, acelerando o
aquecimento global do planeta.
Esta capacidade de retenção e armazenamento do Carbono pelas florestas a longo
prazo, representa um dos pontos importantes no debate no ciclo global do Carbono e
nos impactes das alterações climáticas, de tal forma que está previsto no Protocolo de
Quioto. Este protocolo internacional considera que as fontes e os sumidouros de
Carbono (nomeadamente as florestas) podem ser contabilizadas para cumprir os
objectivos a que os países signatários se comprometem: a limitar ou reduzir as emissões
até ao nível existente em 1990.
Existem estimativas que apontam para uma capacidade das florestas europeias
compensarem em 11% o CO2 que é emitido devido a combustíveis fósseis, o que
representaria quase o dobro das reduções de emissões a que a União Europeia se propõe
ao abrigo do Protocolo de Quioto.
Em síntese, a quantidade de gases com Efeito de Estufa (GEE) de um país é
contabilizada através da soma dos poluentes (GEE) provenientes das chaminés das
indústrias, dos escapes dos automóveis, das lixeiras e dos campos agrícolas, menos o
total dos gases absorvidos pela vegetação, com ênfase nas florestas.
Este raciocínio tem levado muitos países a desenvolverem acções sob três linhas
estratégicas simultâneas:
-Evitar os incêndios; através limpeza dos terrenos; proibição de fogueiras; aconselha-se
mais cuidado com as queimadas, que nunca devem ser feitas de manhã; fazem-se
campanhas publicitárias que alertam para o perigo dos cigarros mal apagados; põem-se
guardas florestais a vigiar; aumentam-se os meios de combate aos incêndios...
-Reflorestação; plantação de novas árvores depois do corte das velhas, tratar as árvores
contra seres vivos prejudiciais (doenças e pragas);
-Fazer uma exploração racional das florestas.
Recordamos que uma floresta demora dezenas e mesmo centenas de anos a formarse. Quando destruímos uma floresta, estamos a destruir um ecossistema com uma tal
biodiversidade, que importa fazer cada vez mais esforços no sentido de a defender como
uma valiosa fonte de riqueza natural.
III.
BIODIVERSIDADE
O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - descreve a riqueza e a variedade
do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos,
remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.
Para entender o que é a biodiversidade, devemos considerar o termo em dois níveis
diferentes: todas as formas de vida, assim como os genes contidos em cada indivíduo, e
as inter-relações, ou ecossistemas, na qual a existência de uma espécie afeta diretamente
muitas outras.
A diversidade biológica está presente em todo lugar: no meio dos desertos, nas
tundras congeladas ou nas fontes de água sulfurosas. A diversidade genética possibilitou
a adaptação da vida nos mais diversos pontos do planeta. As plantas, por exemplo, estão
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na base dos ecossistemas. Como elas florescem com mais intensidade nas áreas úmidas
e quentes, a maior diversidade é detectada nos trópicos, como é o caso da Amazônia e
sua excepcional vegetação.
Quantas espécies existem no mundo?
Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no mundo. As estimativas
variam entre 10 e 50 milhões, mas até agora os cientistas classificaram e deram nome a
somente 1,5 milhão de espécies. Entre os especialistas, o Brasil é considerado o país da
"megadiversidade": aproximadamente 20% das espécies conhecidas no mundo estão
aqui. É bastante divulgado, por exemplo, o potencial terapêutico das plantas da
Amazônia.
O que é a Convenção da Biodiversidade?
A Convenção da Diversidade Biológica é o primeiro instrumento legal para assegurar
a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Mais de 160 países assinaram o
acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993. O pontapé inicial para a criação da
Convenção ocorreu em junho de 1992, quando o Brasil organizou e sediou uma
Conferência das Nações Unidas, a Rio-92, para conciliar os esforços mundiais de
proteção do meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico.
Contudo, ainda não está claro como a Convenção sobre a Diversidade deverá ser
implementada. A destruição de florestas, por exemplo, cresce em níveis alarmantes. Os
países que assinaram o acordo não mostram disposição política para adotar o programa
de trabalho estabelecido pela Convenção, cuja meta é assegurar o uso adequado e
proteção dos recursos naturais existentes nas florestas, na zona costeira e nos rios e
lagos. O WWF-Brasil e sua rede internacional acompanham os desdobramentos dessa
Convenção desde sua origem. Além de participar das negociações da Conferência, a
organização desenvolve ações paralelas como debates, publicações ou exposições. Em
2006, a reunião ocorreu em Curitiba, PR.
Quais as principais ameaças à biodiversidade?
A poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira agrícola
em detrimento dos habitats naturais, a expansão urbana e industrial, tudo isso está
levando muitas espécies vegetais e animais à extinção. A cada ano, aproximadamente
17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados. As estimativas sugerem que,
se isso continuar, entre 5% e 10% das espécies que habitam as florestas tropicais
poderão estar extintas dentro dos próximos 30 anos.
A sociedade moderna - particularmente os países ricos - desperdiça grande
quantidade de recursos naturais. A elevada produção e uso de papel, por exemplo, é
uma ameaça constante às florestas. A exploração excessiva de algumas espécies
também pode causar a sua completa extinção. Por causa do uso medicinal de chifres de
rinocerontes em Sumatra e em Java, por exemplo, o animal foi caçado até o limiar da
extinção. A poluição é outra grave ameaça à biodiversidade do planeta. Na Suécia, a
poluição e a acidez das águas impede a sobrevivência de peixes e plantas em quatro mil
lagos do país.
A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes ecossistemas também
pode ser prejudicial, pois acaba colocando em risco a biodiversidade de toda uma área,
região ou país. Um caso bem conhecido é o da importação do sapo cururu pelo governo
da Austrália, com objetivo de controlar uma peste nas plantações de cana-de-açúcar no
nordeste do país. O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e anfíbios da
região, tornando-se um problema a mais para os produtores, e não uma solução.
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O que é desenvolvimento sustentável?
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz
de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para
o futuro.
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de
harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. O
crescimento econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por
disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da
população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem
70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.
Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da independência,
a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondido: "...a Grã-Bretanhã
precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos
planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo
patamar?"A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento
precisam mudar. Os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial devem ser
reestruturados para levar em consideração o meio ambiente.
O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do
reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma
nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende
do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento
tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a
humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da
base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência
humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O
desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a
redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da
reciclagem.
Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a
seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não
seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das
sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente
aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os
níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis
observados nos países industrializados.
ECOLOGIA E EQUILÍBRIO NATURAL
As florestas tropicais estão incluídas entre os ecossistemas mais ricos em
espécies do planeta (turner & Collet, 1996) que, pela alta taxa de desmatamento e
degradação de seus ambientes, tem sofrido a perda de inúmeras espécies da fauna e
flora, pela redução da área de ocorrência e isolamento dos habitats originais.
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Produtores ou autótrofos – Os produtores podem ser classificados em
fotossintetizantes (obtém energia de luz solar) e quimiossintetizantes (obtém energia de
substâncias químicas oxidadas).
Consumidores ou heterótrofos – compreendem os organismos incapazes de produzir
seu próprio alimento. Em vista disso nutrem-se dos produtores ou de outros
consumidores. Neste grupo estão os animais
Dcompositores – São consumidores muito especiais, uma vez que se nutrem de plantas
e animais mortos. Esses organismos, geralmente microscópicos (bactérias, fungos e
vírus), desagregam a matéria orgânica morta, transformando-a em compostos
inorgânicos simples que são devolvidos ao meio ambiente e podem ser reutilizados
pelos produtores.
IV.
FRAGMENTOS FLORESTAIS
A MATA ATLÂNTICA ENCONTRA-SE EM UM ESTADO DE INTENSA
FRAGMENTAÇÃO E DESTRUIÇÃO
 Iniciada, com a exploração do Pau-Brasil no século XVI;
 Exploração de inúmeras espécies florestais madeireiras e não madeireiras:
como o caju, o palmito-juçara, a erva-mate, as plantas medicinais e ornamentais,
a piaçava, os cipós, entre outras;
 A introdução de seres exóticos (Bioinvasores) aos ecossistemas;
 Deficiência em políticas de conservação ambiental no país e a precariedade do
sistema de fiscalização dos órgãos públicos.
 E, principalmente a deterioração ou supressão dos hábitats dos animais,
causados pela expansão da indústria, da agricultura e pecuária de modo não
sustentável, do turismo, da urbanização e implementação mal planejada de obras
de infra-estrutura.
As florestas tropicais estão incluídas entre os ecossistemas mais ricos em
espécies do planeta (Turner & Collet, 1996) que, pela alta taxa de desmatamento e
degradação de seus ambientes, tem sofrido a perda de inúmeras espécies da fauna e
flora, pela redução da área de ocorrência e isolamento dos habitats originais.
As florestas tropicais do continente Sul-americano são os ecossistemas terrestres
de maior diversidade biológica do mundo. O Brasil destaca-se com 357 milhões de
hectares de ecossistemas florestais (Mittermeier).
Apesar disso, as florestas tropicais vêm sendo completamente transformadas ao
longo dos últimos 500 anos e especialmente neste século (Dean,1995).
A expansão populacional e econômica nos últimos séculos transformou o que
antes eram grandes áreas contínuas de florestas em paisagens em mosaico, formadas por
manchas remanescentes das florestas originais, cercadas por áreas alteradas pelo homem
de várias formas: plantações, pastagens, assentamentos urbanos.
A PERDA DO HÁBITAT TEM DUAS DIMENSÕES
Diminuição da área total;
Isolamento das áreas remanescentes.
Muito se fala sobre fragmentação, e esta questão permanece controvertida em
termos de sua importância e dos mecanismos associados à sua dinâmica. Mas a maioria
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dos especialistas concordam que ambos os aspectos devem ser considerados no
planejamento e manejo da biodiversidade.
A principal conseqüência do desmatamento é a formação de uma paisagem
muito fragmentada, em que as “ilhas de florestas” remanescentes ficam cercadas por um
“mar” hostil, formado por grandes áreas de pasto, plantações ou outros ambientes
alterados (Laurance & Delamônica, 1998).
A perda de cobertura florestal associada a esse fracionamento é considerada a
maior ameaça à biodiversidade mundial.
Os 600 milhões de hectares atuais de florestas secundárias existentes nos
trópicos, favorecem a idéia de que estamos vivendo em plena era de vegetação
secundária.
Do ponto de vista ecológico, entretanto, a fragmentação pressupõe a perda de
biodiversidade. Quando uma determinada formação vegetal entra num processo de
fragmentação, as relações entre área e perímetros dos fragmentos são alteradas
FRAGMENTAÇÃO E EFEITO DE BORDA
 Fragmentos Pequenos
 Menores que 10 ha.
 O no de espécies não tem valor diversos, pois há intercruzamento.
 Incidência solar menor
 Fragmentos Médio
 Entre 10 a 100 ha
 Numa área de 100 ha a área de core é de 60ha e a área de borda é de 40ha.
 Fragmento Grande
 Maiores que 100 ha
 Quando surge uma clareira dentro de um Core de um grande fragmento:
 recebe a chuva de semente;
 Conta com seu banco de sementes;
 Rebrota de tocos;
 Banco de plântulas
DINÂMICA DAS CLAREIRAS E REGENERAÇÃO NATURAL
 CLAREIRA
 Uma abertura do dossel da Floresta devido a queda de uma ou mais árvores ou
parte delas
 DINÂMICA DAS CLAREIRAS




Entrada de Luz
Recebe chuva de semente
Banco de sementes acionado
Rebrota de tocos
 Manifestação de pioneiras
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EFEITO DE BORDA
O efeito de borda pode ser perceptível em três níveis distintos de intensidade,
sendo dois, pelo menos, visíveis à certa distância (nível de paisagem).
1. ESTRUTURA FÍSICA DA VEGETAÇÃO: a vegetação da borda apresenta-se menor
com altura total, menor sobreposições de copas, espaçamentos entre os indivíduos de
maior diâmetro.
2. COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA: em trechos de borda são muito mais freqüentes as
espécies com características pioneiras e típicas de clareiras (r-estrategistas e heliófilas).
3. DINÂMICA POPULACIONAL: quando as espécieis apresentam densidade e
arranjos espaciais distintos daqueles apresentados em situações de não borda.
 CORE, BORDA E MOSAICO FLORESTAL
CORE
MOSAICO FLORESTAL
V.
DEGRADAÇÃO DOS SOLOS
1. Degradação química
2. Degradação física
3. Causas da degradação do solo
4. Desertificação
É a degradação ambiental e social que ocorre nas zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas por ação antrópica. Entende-se como degradação ambiental e social, a
degradação do solo, da flora, da fauna, dos recursos hídricos e a conseqüente
diminuição da qualidade de vida da população afetada.
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Definição (Agenda 21):
“Degradação em terras áridas que implica na perda da produtividade biológica ou
econômica em terras agrícolas, de pastagens e matas nativas.”
Deserto:
Região de clima árido; a evaporação potencial é maior que a precipitação média anual.
Caracteriza-se por apresentar solos ressequidos; cobertura vegetal esparsa, presença de
xerófilas e plantas temporárias.
DESERTIFICAÇÃO NO BRASIL
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Áreas enquadradas estão localizadas no trópico semi-árido.
O trópico semi-árido brasileiro abrange uma área de 980.711 Km2.
Compreende oito estados do Nordeste, e municípios do norte de Minas Gerais.
Quatro Núcleos no Brasil apresentam a desertificação em estágio grave: Gilbués
(Piauí), Irauçuba (Ceará), Seridó (entre Rio Grande do Norte e Paraíba) e
Cabrobó (Pernambuco). (15.000 Km2)
Quais são as principais causas?
Uso intensivo do solo pela agricultura,
Cultivo em terras inapropriadas,
Pecuária extensiva,
Desmatamento,
Práticas inapropriadas de irrigação e
Mineração
Consequências:
Redução das áreas cultivadas;
Diminuição da produtividade agropecuária das áreas afetadas;
Redução dos recursos hídricos;
Aumento de areia nas áreas afetadas;
Destruição da fauna e da flora;
Processo de Desertificação:
Pode ser controlado e até mesmo revertido, nos locais onde o processo de
desertificação já se instalou é necessários investimentos na sua contenção, porém o
custo é da ordem de bilhões de dólares.
PRINCIPAIS AVANÇOS
MARCOS REFERENCIAIS
• Fortalecimento da base de conhecimento e desenvolvimento de sistemas de
informação e monitoramento para as regiões susceptíveis à desertificação e à
seca;
• Combate à degradação da terra através da conservação do solo e atividades de
reposição florestal;
• Desenvolvimento e fortalecimento de programas integrados para a erradicação
da pobreza e a pro moção de sistemas alternativos de vida;
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•
Desenvolvimento de programas de combate à desertificação e integração no
planejamento nacional e ambiental;
Desenvolvimento de esquemas preventivos contra a seca; e,
Incentivo à participação popular e a educação ambiental.
DIRETRIZES
Aprovadas pela Resolução Nº 238, de 22 de dezembro de 1.997, do Conselho Nacional
de Meio Ambiente – CONAMA
Alcançar o desenvolvimento sustentável nas regiões sujeitas à desertificação e à seca, o
que inclui:
a) formular propostas para a gestão ambiental e o uso dos recursos naturais da área
afetada;
b) formular propostas para a prevenção e recuperação das áreas afetadas pela
desertificação;
c) empreender ações de prevenção à degradação ambi ental nas áreas susceptíveis à
desertificação;
d) contribuir para a articulação entre órgãos governa mentais e não-governamentais,
com vistas à conservação dos recursos naturais e a eqüidade social no semi-árido;
e) articular a ação governamental federal, estadual e municipal com vistas ao combate
à desertificação e aos efeitos da seca; e,
f) contribuir para o fortalecimento do município como estratégia de controle da
desertificação.
VI.
Práticas Conservacionistas
Algumas das causas do esgotamento de nossos solos pela erosão podem ser
controladas, e todas as técnicas utilizadas para aumentar a resistência do solo ou
diminuir as forças do processo erosivo denominam-se práticas conservacionistas.
Estas podem ser divididas em: vegetativas, edáficas, e mecânicas.
As práticas de caráter vegetativo são aquelas em que se utiliza a vegetação para
defender o solo contra a erosão.
a) proteção direta contra o impacto das gotas de chuva;
b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a antes que atinja o solo;
c) decomposição das raízes das plantas que, formando canalículos no solo, aumentam a
infiltração da água;
d) melhoramento da estrutura do solo pela adição de matéria orgânica, aumentando
assim sua capacidade de retenção de água;
e) diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito da
superfície.
 Florestamento e Reflorestamento
 Plantas de cobertura (Adubação Verde)
 Cobertura morta (Capim seco sob o solo)
 Rotação de culturas
 Formação e manejo de pastagem
 Cultura em faixa
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 Quebra vento
 Cordão vegetativo permanente
 Manejo do mato e alternância de capinas
As práticas de caráter Edáficos são aquelas que fazem modificações no sistema
de cultivo, além do controle da erosão, mantêm ou melhoram a fertilidade do solo. São
elas: Controle do fogo, adubação verde, adubação química, adubação orgânica e
calagem.
As práticas de caráter Mecânicos são aquelas que fazem a distribuição racional
dos caminhos. São elas:
 Preparo do solo e plantio em nível
 Distribuição adequada dos caminhos
 Sulcos e camalhões em pastagens
 Enleiramento em contorno
 Terraceamento
 Subsolagem
 Irrigação e drenagem
 Cordões de pedras/patamares
Da mesma forma que os cordões vegetados, em locais onde há abundância de
pedras, é possível fazer cordões de pedras, de forma a criar uma barreira para a
enxurrada. Como muitos destes cordões foram feitos há muito tempo, e os agricultores
quase sempre lavram jogando a leiva de cima para baixo, acabam por riar patamares,
onde a declividade é menor.
Reflorestamento-11
2° BIMESTRE
VII.
MANEJO FLORESTAL
O código florestal brasileiro de 1965 (artigo 15) definiu que as florestas da Amazônia
só poderiam ser utilizadas através de planos de manejo.
Em 1989, a Ordem de Serviço 001-89/IBAMA?DIREN definiu um extensivo
protocolo de plano de manejo, incluindo especificação de técnicas de extração para
diminuir os danos à floresta, estimativas do volume a ser explorado, tratamentos
silviculturais e métodos de monitoramento do desenvolvimento da floresta após a
exploração. O ciclo de corte mínimo foi fixado, na época, em 30 anos.
Em resumo, o Manejo Florestal é um conjunto de técnicas empregadas para colher
cuidadosamente parte das árvores grandes de tal maneira que as menores, a serem
colhidas futuramente, sejam protegidas. Com a adoção do manejo a produção de
madeira pode ser contínua ao longo dos anos.
1. POR QUE MANEJAR FLORESTAS?
As principais razões para manejar a floresta são:
 Continuidade da produção- A adoção do manejo garante a produção de madeira na
área indefinidamente, e requer a metade do tempo necessário na exploração não
manejada.
 Rentabilidade- Os benefícios econômicos do manejo superam os custos. Tais
benefícios decorrem do aumento da produtividade do trabalho e da redução dos
desperdícios de madeira.
 Segurança de trabalho- As técnicas de manejo diminuem drasticamente os riscosde
acidentes de trabalho. No Projeto Piloto de Manejo Florestal (Imazon/WWF), os riscos
de acidentes durante o corte na operação manejada foram 17 vezes menor se comparado
às situações de perigo na exploração predatória.
 Respeito à lei - Manejo florestal é obrigatório por lei. As empresas que não fazem
manejo estão sujeitas a diversas penas. Embora, a ação fiscalizatória tenha sido pouca
efetiva até o momento, é certo que essa situação vai mudar. Recentemente, tem
aumentado as pressões da sociedade para que as leis ambientais e florestais sejam
cumpridas.
 Oportunidades de mercado- As empresas que adotam um bom manejo são fortes
candidatas a obter um "selo verde". Como a certificação é uma exigência cada vez
maior dos compradores de madeira, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, as
empresas que tiverem um selo verde, provando a autenticidade da origem manejada de
sua madeira, poderão ter maiores facilidades de comercialização no mercado
internacional.
 Conservação florestal- O manejo da floresta garante a cobertura florestal da área,
retém a maior parte da diversidade vegetal original e pode ter impactos pequenos sobre
a fauna, se comparado à exploração não manejada.
 Serviços ambientais- As florestas manejadas prestam serviços para o equilíbrio do
clima regional e global, especialmente pela manutenção do ciclo hidrológico e retenção
de carbono.
2. ETAPAS DE UM PLANO DE MANEJO FLORESTAL
O plano de manejo pode ser organizado em três etapas*:
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Na primeira, faz-se o zoneamento ou divisão da propriedade florestal em áreas
exploráveis; áreas de preservação permanente e áreas inacessíveis à exploração.
A segunda etapa consiste no planejamento das estradas secundárias que conectam a
área de exploração às estradas primárias.
Na terceira etapa, divide-se a área alocada para exploração em blocos ou talhões de
exploração anual.
*Os requerimentos mínimos do plano de manejo são definidos pelo artigo 15 do
Código Florestal, e estão regulamentados pelo Descreto 1.282/94 e Portaria 048/95
O plano de manejo define como a floresta será explorada, o que inclui o zoneamento
da propriedade distinguindo as áreas de exploração, as zonas de preservação permanente
e os trechos inacessíveis. Em seguida, planeja-se a rota das estradas secundárias e
divide-se a área total de manejo em talhões de exploração anual. Por último, define-se a
seqüência de exploração do talhão ao longo do tempo. Esta medida visa reduzir os
impactos da exploração madeireira sobre a fauna e aumentar a proteção da floresta
contra o fogo.
VIII. TÉCNICAS DE RECOMPOSIÇÃO VEGETAL
1. INTRODUÇÃO
Em todo local onde a vegetação primitiva formava uma floresta que posteriormente
veio a ser eliminada, é possível inverter essa situação, através dos diversos processos de
recuperação de florestas. O período necessário para essa recomposição depende
diretamente do nível de devastação que a vegetação original sofreu, ou seja, o estágio de
perturbação em que se encontra, e principalmente, das condições de degradação do solo
que a suporta. Embora a mata recomposta nunca atinja a mesma diversidade o
ecossistema original, a sua aparência geral ou fisionomia pode passar a ser semelhante
àquela vegetação primitiva.
No estado de São Paulo, observam-se diferentes estágios de sucessão da vegetação
original, desde exploração parcial, onde foram retiradas as madeiras de valor comercial
remanescendo uma floresta secundária, até as capoeiras se reconstituindo, onde houve o
abate total da floresta. Para cada situação há uma técnica a ser aplicada, objetivando
auxiliar a floresta a se auto-regenerar e trazer os benefícios diretos e indiretos aos
habitantes da região.
Deve-se observar então, porém, que apesar de muitas vezes as técnicas serem
indispensáveis para o sucesso da recuperação florestal, podem entrar em choque com a
legislação em vigor, havendo, portanto, á necessidade de um plano de manejo que seja
aprovado pelos órgãos competentes.
2. Métodos de Recomposição da Cobertura Vegetal
A avaliação do grau de perturbação ou de degradação de uma determinada área irá
estabelecer qual o método de reflorestamento que deverá se0r adotado o que poderá ser
feito também, a partir da fisionomia da vegetação existente.
2.1
- Regeneração Natural
É o método utilizado em áreas pouco perturbadas, em ambientes alterados, que
mantém a maioria das características bióticas (flora e fauna) das formações florestais
típicas da área a ser preservada. O método é indicado para locais onde existe floresta
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remanescente nas proximidades de modo que os processos naturais de recuperação
possam agir. Os meios de recuperação biótica, como banco de sementes, chuva de
sementes, banco de plântulas e rebrota estão presentes, garantindo desta forma a
formação de um novo povoamento florestal, através da dispersão das matrizes
existentes.
Esse sistema viabiliza-se a partir do isolamento das áreas perturbadas, através da
instalação de cercas protetoras e manutenção de aceiros protetores. Portanto a ação
humana pode ser um meio auxiliar na recuperação do ecossistema perturbado.
Após a eliminação da vegetação primitiva, esses locais foram explorados com
culturas anuais ou pastagens, durante décadas. Com a exaustão do solo, as áreas foram
abandonadas, possibilitando a proliferação de gramíneas invasoras como o capim
colonião (Panicum maximum) e a braquiária (Braquiária spp). Já nos locais de
topografia íngreme e solos pouco mais férteis, onde a eliminação da floresta foi manual
e não mecanizada, houve regeneração de novas árvores e arbustos a partir de troncos e
raízes remanescentes no solo, através da propagação vegetativa.
Mesmo sem o auxílio da regeneração natural, com remanescentes da floresta
primitiva, observa-se a ocupação de espécies arbóreas e arbustivas invasoras, nas áreas
mais abertas, com diversidade variável, dependendo da florística da vegetação existente
nas proximidades, levando de 30 a 60 anos para essa vegetação se auto-regenerar.
A seqüência
de ocupação, em condições naturais é a seguinte: nos 2 a4 anos
iniciais,surgem espécies herbáceas anuais, depois as perenes e em seguida, as arbustivas
perenes; apartir daí, começam a aparecer as primeiras espécies pioneiras arbóreas mais
ou menos específicas para cada região, e depois as secundárias e clímaxs.
Em cada região do Estado, ocorre um grupo de espécies pioneiras, que ocupa espaços
livres da floresta e sua bordadura, como o pau pólvora (Trema micrantha) e a embaúba
(Cecropia spp), nos locais de mata; a sangra d’água (Croton urucurana) nas matas
ciliares e o alecrim (Baccaharis spp), nas zonas mais íngremes. Nos locais mais frios,
junto com a araucária, surge em primeiro lugar, na sucessão, a bracatinga (Mimosa
scabrella).
Através da regeneração natural, as florestas apresentam capacidade de se recuperarem
de distúrbios naturais ou antrópicos. Quando uma determinada área de floresta sofre um
distúrbio como a abertura natural de uma clareira, um desmatamento ou um incêndio, a
sucessão secundária se encarrega de promover a colonização da área aberta e conduzir a
vegetação através de uma série de estádios sucessionais, caracterizados por grupos de
plantas quer vão se substituindo ao longo do tempo, modificando as condições
ecológicas locais até chegar a uma comunidade bem estruturada e mais estável.
A sucessão secundária depende de uma série de fatores como a presença de vegetação
remanescente, o banco de sementes no solo, a rebrota de espécies arbustivo-arbóreas, a
proximidade de fontes de sementes e a intensidade e a duração do distúrbio. Assim,
cada área degradada apresentará uma dinâmica sucessional específica. Em áreas onde a
degradação não foi intensa, e o banco de sementes próximas, a regeneração natural pode
ser suficiente para a restauração florestal. Nestes casos, torna-se imprescindível eliminar
o fator de degradação, ou seja, isolar a área e não praticar qualquer atividade de cultivo.
Em alguns casos, a ocorrência de espécies invasoras, principalmente gramíneas exóticas
como o capim-gordura (Melinis minutiflora) e trepadeiras, pode inibir a regeneração
natural das espécies arbóreas, mesmo que estejam presentes no banco de sementes ou
que cheguem na área, via dispersão. Nestas situações, é recomendado uma intervenção
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no sentido de controlar as populações de invasoras agressivas e estimular a regeneração
natural.
A regeneração natural tende a ser a forma de restauração de mata de mais baixo
custo, entretanto, é normalmente um processo lento. Se o objetivo é formar uma floresta
em área ciliar, num tempo relativamente curto, visando a proteção do solo e do curso
d'água, determina as técnicas que acelerem a sucessão devem ser adotadas. É
reconhecida como o processo biológico mais econômico quando comparado aos demais,
podendo ser auxiliada e acelerada para a formação da futura floresta, através da adoção
das seguintes práticas ou operações de manejo:
Eliminação de plantas herbáceas e trepadeiras, gramíneas invasoras e cipós que
concorrem com as mudas em crescimento prejudicando-as em seu desenvolvimento
normal;
Poda de formação, procurando deixar somente um fuste principal nas árvores,
eliminando-se ramificações excedentes;
Desbaste seletivo de grande número de mudas de espécies arbustivas e arbóreas,
eliminando-se parte delas, visando beneficiar as demais, dando preferência às mais
vigorosas e/ou aquelas de ocorrência menos freqüente na área.
2.2
- Enriquecimento de Florestas Secundárias
As florestas secundárias são resultado de explorações seletivas e descontínuas, após
terem sido retiradas delas toda a vegetação arbórea importante, como a madeira e,
conseqüentemente, o seu valor econômico. Na maioria das vezes, essas matas são restos
de uma vegetação exuberante outrora ocorrida, com alguns exemplares considerados de
baixo valor comercial.
Esse sistema de reflorestamento consiste em acrescentar mudas de espécies
secundárias iniciais e tardias sob as copas das árvores remanescentes, enriquecendo
essas áreas com espécies já ocorrentes na região bioclimática.
A aquisição de sementes de espécies nativas ainda é difícil, principalmente porque há
poucas empresas especializadas nesse campo. Com assessoria de técnicos
especializados, podem-se colher sementes de árvores matrizes a beira de estradas, ruas,
praças públicas, reservas florestais oficiais e nas matas remanescentes da própria região
de trabalho, objetivando a produção de mudas.
Uma técnica recomendável e eficiente no enriquecimento das capoeiras em formação
é retirar do sub-bosque as matas e transplantá-las no período chuvoso, com torrão ou
raiz nua para o local definitivo. Os exemplares assim obtidos são conhecidos por mudas
naturais. Essa técnica é recomendado para mudas de espécies como: jerivá (Syagrus
romanzofiana), cedro (Cedrela fissilis), angico (Anadenanthera spp), canelas (Ocotea
spp), copaíba (Copaífera langsdorffi).
Nesse sistema, a mecanização do solo e o alinhamento das covas são impraticáveis.
O importante é manter um espaçamento médio de 10 metros quadrados por planta, ou
cerca de, 3,30 x 3,30, numa densidade de plantio aproximada de mil indivíduos por
hectare, incluindo os já existentes na área.
Para se proceder ao enriquecimento, deve-se primeiramente realizar uma limpeza
manual no sub bosque, eliminando a vegetação indesejável, podendo-se em seguida,
ralear o povoamento, para aumentar a intensidade de luz solar.
Recomenda-se ainda introduzir periodicamente o gado bovino nessa área, eliminando
a concorrência das gramíneas com as mudas em crescimento com objetivo de reduzir os
custos de manutenção e os riscos de incêndio na época da estiagem.
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Quando as áreas desflorestadas, estão degradadas e não existem características
bióticas das formações florestais originais, não ocorrendo remanescente florestal o
bancos de sementes e de plântulas disponíveis no solo nas proximidades dessas áreas,
pode-se utilizar do sistema de reflorestamento denominado plantio heterogêneo.
Esse sistema consiste em se plantar diferentes espécies numa mesma área, recriando
condições mais próximas das florestas naturais, outrora recorrentes na região.
O reflorestamento heterogêneo com essências nativas vem sendo desenvolvido a
partir de três linhas básicas:
Plantio aleatório de espécies não selecionadas;
Seleção de espécies e distribuição no campo, segundo características ecofisiológicas da
formação florestal original e;
Seleção de espécies e plantio de acordo com os estágios de sucessão.
O ecossistema das áreas desflorestadas apresenta baixa resiliência, ou seja, o retorno
ao estado anterior pode não ocoorer ou ser extramamente lento, levando para isso 60
anos ou mais. Pelo método, visa-se sobretudo, acelerar o processo de sucessão
secundária e a conseqüente redução do tempo de formação dessa vegetação para 10 a 15
anos.
Nessas condições, pode-se adotar um espaçamento inicial de 3mx2m ou 3mx4m,
com densidades respectivas de 1600 e 830 plantas por hectare, nesse compasso, o
povoamento irá se formar mais rapidamente, mesmo havendo falhas no plantio, o que
inicialmente poderá ocorrer.
É importante lembrar que, na implantação de uma floresta com espécies nativas,
devem-se adotar as mesmas técnicas recomendadas para as culturas permanentes, como
tratos culturais, adubações, combate as pragas e doenças e proteção contra incêndios.
Nos dois primeiros anos, a limpeza poderá ser mecanizada e complementada
manualmente (coroação); as mudas devem ser tutoradas quando necessário e sofrer
poda de formação, deixando-se somente o ramo guia, sem brotações laterais.
A partir do terceiro ano, quando as mudas atingirem altura aproximada de 2 metros, a
conservação do talhão poderá ser feita através de roçadas manuais, continuando a
praticar-se as medidas de proteção e vigilância.
Depois de quatro a cinco anos, quando as copas das árvores começarem a se tocar,
haverá maior sombreamento e, em conseqüência, menor quantidade de gramíneas, após
esse estágio, os cuidados dispensados à floresta serão menores, não havendo competição
com plantas invasoras, mas somente entre as próprias árvores em formação.
Dependendo do espaçamento adotado, quando da implantação do povoamento
florestal, os indivíduos que inicialmente apresentam uma certa taxa de desenvolvimento
em altura diâmetro irão, com o passar do tempo, ter esse ritmo desacelerado a até
atingirem um ponto de estagnação, determinado pela competição entre si e pela luz e
nutrientes Isso ocorre dos 9 aos 10 anos para a densidade inicial de 1600 plantas por
hectare e dos 10 aos 12 anos para uma população de 1000 indivíduos por hectare,
quando recomenda-se efetuar o desbaste seletivo a partir d seguinte critério:
Eliminação periódica de 20 a 30% das árvores, a cada 4 ou 5 anos;
Eliminação das espécies em maior número no povoamento (de maior freqüência) e/ou
cuja importância biológica ou madeireira seja secundária;
Tanto num caso como no outro, deve-se retirar primeiramente as árvores defeituosas,
doentes e subdesenvolvidas, inclusive as pioneiras em maior ou menor número e as de
menor valor comercial madeireiro.
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Embora seja tecnicamente recomendada, a adoção desse método deve ser precedida
de um plano de manejo e submetida à análise e aprovação do órgão técnico competente.
Conforme os desbastes vão-se sucedendo, surgirá no talhão um sub-bosque,
representado por indivíduos jovens das espécies que estão ocupando o primeiro estrato,
e por outras, originadas por dispersão, ocorrentes nas proximidades. Esse sub-bosque,
deverá ser mantido, pois não chega a competir com as árvores mais velhas. Terá função
de refúgio da fauna e aguardará oportunidade para se desenvolver, caso ocorra morte de
indivíduos de porte mais elevado.
Ao final do ciclo de 20 a 25 anos, deverão permanecer, no povoamento, de 10 a 15%
das árvores inicialmente plantadas, sendo seu porte diretamente relacionada com as
condições locais de clima e solo.
3. MATA CILIAR
Mata ciliar é a formação vegetal localizada nas margens dos nos, córregos, lagos,
represas e nascentes. Também é conhecida como mata de galeria, mata de várzea,
vegetação ou floresta ripária. Considerada pelo Código Florestal Federal como "área de
preservação permanente", com diversas funções ambientais, devendo respeitar uma
extensão específica de acordo com a largura do rio, lago, represa ou nascente.
 O QUE ACONTECE SEM A MATA CILIAR?
O uso das áreas naturais e do solo para a agricultura, pecuária, loteamentos e
construção de hidrelétricas contribuíram para a redução da vegetação original, chegando
em muitos casos na ausência da mata ciliar.
 ESCASSEZ DA ÁGUA
A ausência da mata ciliar faz com que a água da chuva escoe sobre a superfície, não
permitindo sua infiltração e armazenamento no lençol freático. Com isso, reduzem-se as
nascentes, os córregos, os rios e os riachos.
 EROSÃO E ASSOREAMENTO
A mata ciliar é uma proteção natural contra o assoreamento. Sem ela, a erosão das
margens leva terra para dentro do rio, tornando-o barrento e dificultando a entrada da
luz solar.
 PRAGAS NA LAVOURA
A ausência ou a redução da mata ciliar pode provocar o aparecimento de pragas e
doenças na lavoura e outros prejuízos econômicos às propriedades rurais.
 QUALIDADE DA ÁGUA
A mata ciliar reduz o assoreamento dos rios, deixa a água mais limpa, facilitando a vida
aquática.
 IMPEDE A FORMAÇÃO DE CORREDORES NATURAIS
Essas áreas naturais possibilitam que as espécies, tanto da flora, quanto da fauna,
possam se deslocar, reproduzir e garantir a biodiversidade da região.
Para que preservar as Matas Ciliares?
- Reter/filtrar resíduos de agroquímicos evitando a poluição dos cursos d’água
- Proteger contra o assoreamento dos rios e evitar enchentes
- Formar corredores para a biodiversidade
- Recuperar a biodiversidade nos rios e áreas ciliares
- Conservar o solo
- Auxiliar no controle biológico das pragas
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- Equilibrar o clima
- Melhorar a qualidade do ar, água e solo
- Manter a harmonia da paisagem
- Melhorar a qualidade de vida
Quais os danos ambientais decorrentes da redução da cobertura florestal e das
matas ciliares?
- perda de qualidade da água
- erosão e perda de nutrientes do solo
- aumento de pragas das lavouras.
- assoreamento dos rios e enchentes
- alterações e desequilíbrios climáticos(chuva e aumento da temperatura)
- redução da atividade pesqueira
Legislação
A mata ciliar é uma área de preservação permanente, que segundo o Código Florestal
(Lei n.° 4.771/65) deve-se manter intocada, e caso esteja degradada deve-se prever a
imediata recuperação.e. Essa lei já existe há 40 anos! Mas nem sempre foi cumprida.
Toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios, e
ao redor de nascentes e de reservatórios, deve ser preservada. De acordo com o artigo 2°
desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a
largura do curso d'água. A tabela apresenta as dimensões das faixas de mata ciliar em
relação à largura dos rios, lagos, represas e nascentes.
3.1 Seleção de Espécies:
As matas ciliares apresentam uma heterogeneidade florística elevada por ocuparem
diferentes ambientes ao longo das margens dos rios. A grande variação de fatores
ecológicos nas margens dos cursos d'água resultam em uma vegetação arbustivoarbórea adaptada a tais variações. Via de regra, recomenda-se adotar os seguintes
critérios básicos na seleção de espécies para recuperação de matas ciliares:
plantar espécies nativas com ocorrência em matas ciliares da região;
plantar o maior número possível de espécies para gerar alta diversidade;
utilizar combinações de espécies pioneiras de rápido crescimento junto com espécies
não pioneiras (secundárias tardias e climáticas);
plantar espécies atrativas à fauna; respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo,
isto é,
plantar espécies adaptadas a cada condição de umidade do solo.
Na escolha de espécies a serem plantadas em áreas ciliares é imprescindível levar em
consideração a variação de umidade do solo nas margens dos cursos d'água. Para as
áreas permanentemente encharcadas, recomenda-se espécies adaptadas a estes
ambientes, como aquelas típicas de florestas de brejo. Para os diques, são indicadas
espécies com capacidade de sobrevivência em condições de inundações temporárias. Já
para as áreas livres de inundação, como as mais altas do terreno e as marginais ao curso
d'água, porém compondo barrancos elevados, recomenda-se espécies adaptadas a solos
bem drenados.
A escolha de espécies nativas regionais é importante porque tais espécies já estão
adaptadas às condições ecológicas locais. Por exemplo, o plantio de uma espécie típica
de matas ciliares do norte do País em uma área ciliar do sul, pode ser um fracasso por
causa de problemas de adaptação climática. Além disso, no planejamento da
recuperação deve-se considerar também a relação da vegetação com a fauna, que atuará
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como dispersora de sementes, contribuindo com a própria regeneração natural. Espécies
regionais, com frutos comestíveis pela fauna, ajudarão a recuperar as funções ecológicas
da floresta, inclusive na alimentação de peixes.
Recomenda-se utilizar um grande número de espécies para gerar diversidade
florística, imitando, assim, uma floresta ciliar nativa. Florestas com maior diversidade
apresentam maior capacidade de recuperação de possíveis distúrbios, melhor ciclagem
de nutrientes, maior atratividade à fauna, maior proteção ao solo de processos erosivos e
maior resistência à pragas e doenças.
Em áreas ciliares proximas a outras florestas nativas, e quando não se tem
disponibilidade de mudas de muitas espécies, plantios mais homogêneos podem ser
realizados. Nestas situações, deve ocorrer um enriquecimento natural da área
recuperada, pela entrada de sementes vindas das florestas próximas. Entretanto,
salienta-se que o aumento da diversidade nestes plantios homogêneos tende a ser muito
lento, podendo ser necessários posteriores plantios de enriquecimento ou até a
introdução de sementes.
A combinação de espécies de diferentes grupos ecológicos ou categorias sucessionais
é extremamente importante nos projetos de recuperação. As florestas são formadas
através do processo denominado de sucessão secundária, onde grupos de espécies
adaptadas a condições de maior luminosidade colonizam as áreas abertas, e crescem
rapidamente, fornecendo o sombreamento necessário para o estabelecimento de espécies
mais tardias na sucessão. Várias classificações das espécies em grupos ecológicos têm
sido propostas na literatura especializada, sendo mais empregada a classificação em
quatro grupos distintos: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e climáticas.
A tolerância das espécies ao sobreamento aumenta das pioneiras e climáticas. Para
facilitar o entendimento das exigências das espécies quanto aos níveis de luz, adotou-se
apenas dois grupos: pioneiras e não-pioneiras. O grupo das pioneiras é representado por
espécies pioneiras e secundárias iniciais, que devem ser plantadas de maneira a fornecer
sombra para as espécies não pioneiras, ou seja, as secundárias tardias e as climáticas.
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