Aula 5 - Alta Idade Média (séculos V – X) Império Bizantino

Propaganda
Aula 5 - Alta Idade Média (séculos V – X)
Império Bizantino – estabelecido em Constantinopla (antiga Bizâncio – hoje Istambul, na Turquia). Essa parte do
Império romano foi menos atingida pela crise do escravismo e o comércio continuou a se desenvolver.
Imperador: chefe político, do exército e da Igreja. O principal deles foi Justiniano 527-565 d. C. – responsável pela
reconquista (temporária) de grande parte do Império Romano do Ocidente e pela compilação de leis romanas
(Corpus Juris Civilis). Também em seu governo foi construída a Catedral de Santa Sofia.
Após o VI (auge do Império) ocorreram períodos de instabilidade: pressões nas fronteiras (de povos orientais);
gastos com guerras e posteriormente perda de territórios. As cruzadas, ocorridas durante o período da Baixa Idade
Média, também afetaram o império. Sua queda definitiva foi em 1453, quando os turcos-otomanos conquistaram
Constantinopla.
Além de manterem a religião cristã e as tradições romanas (administrativas e jurídicas), o império sofreu influências
de outras culturas: dos gregos (inclusive a língua grega foi estabelecida como oficial), de povos asiáticos e árabes.
Conflitos com a Igreja
Doação de Constantino: foi um falso documento feito em Roma, que tinha como objetivo dar poder aos Papas na
Península Itálica e, com isso, excluía os bizantinos.
O cristianismo no Império bizantino tinha características próprias: desprezo por imagens (de Cristo e dos santos) o
que, inclusive, levou a um movimento de destruição dessas (iconoclastia). Além disso, os bizantinos não
concordavam com alguns preceitos instituídos pelo Papa de Roma. Devido a essas divergências, surgiram algumas
heresias, ou seja, outras doutrinas que contrariavam os dogmas do cristianismo tradicional.
Cisma do Oriente: as tensões e divergências entre Ocidente e Oriente e as disputas entre o Papa e o imperador
(lembre-se que o imperador era o chefe da Igreja no Império) culminaram na divisão da Igreja cristã em 1054:
cristandade ocidental chefiada pelo Papa e uma oriental, chefiada pelo imperador.
Árabes e o islamismo
Península Arábica: região desértica; seus primeiros habitantes foram tribos de nômades, os beduínos.
Século VI: aproximadamente mais de 300 tribos de origem semita viviam na região.
Meca era considerada a principal cidade devido ao intenso comércio e também por abrigar um importante
santuário: a Caaba. Nesse santuário existiam imagens de diversos ídolos (deuses de várias tribos árabes). A tribo dos
coraixitas detinha grande poder nessa cidade.
Maomé (Muhammad – nascido em 570 d.C.) após um longo período de meditação e de contato com outras crenças,
iniciou a pregação de uma nova religião. O islamismo pregava a existência de um único deus, Alá, tendo como base o
Corão, livro sagrado dos mulçumanos.
Maomé condenava a adoração dos vários deuses representados na Caaba. Os coraixitas expulsaram Maomé e seus
seguidores, então esses fugiram para uma cidade vizinha Iatreb, que posteriormente receberia o nome de Medina.
Esta fuga no ano de 622 foi denominada de Hégira e deu início ao calendário muçulmano.
Maomé consegue ajuda de comerciantes e beduínos de Iatreb e consegue conquistar Meca. Em pouco tempo, todos
os povos da península árabe se converteram ao islamismo, ocorrendo uma unificação desses povos. Maomé morre
em 632, mas a expansão religiosa, a djihad (guerra santa), continuou. Os Califas se tornaram os chefes religiosos e
políticos.
A expansão mulçumana: no oriente chegou até a fronteira com a China e no Ocidente conquistaram a Península
Ibérica, controlando a área do Mar Mediterrâneo. Somente em 722 a expansão foi barrada.
Posteriormente ocorreu a perda da unidade política e religiosa do Império e o surgimento de duas seitas: sunitas e
xiitas.
Reinos bárbaros
As pressões de tribos germânicas nas fronteiras do império romano ocorriam desde o século II. Os francos
conseguiram então se fixar na região da Gália (atual França). *Lembrar sobre a aula sobre a queda do Império
Romano no lado ocidental.
Reino dos Francos
Dinastia merovíngia: Clóvis se converteu ao cristianismo e organizou o reino franco. Nesta dinastia, ocorreu também
a perda do poder dos reis frente aos senhores locais.
Dinastia carolíngia: inicia-se com Pepino, o Breve. Mas o principal expoente dessa dinastia foi Carlos Magno.
Vejamos algumas das suas principais medidas: expandiu as fronteiras do Império e tornou-se o maior imperador do
Ocidente; doou terras adquiridas com as guerras ao clero e a nobreza; implantou um sistema administrativo, no qual
dividiu o território em condados e marcas; fundou escolas e várias obras da antiguidade greco-romana foram
preservadas, graças, sobretudo, à Igreja (que teria em breve uma grande influência sobre as produções culturais na
Europa nesse período).
Morte de Carlos Magno: as novas invasões abalaram a unidade territorial do império.
Luís, o Piedoso (filho de Carlos Magno), herdou o império. Seus filhos, depois, fizeram a partilha do império através
do Tratado de Verdun (843). Iniciou-se um processo de descentralização política no qual os nobres (condes,
marqueses, etc.) passaram a ter grande importância. Estruturou-se, então, uma nova forma de organização da
sociedade europeia, o feudalismo.
*É importante dizer que o sistema feudal não foi o mesmo em toda a Europa ocidental. Cada região possuiu
características próprias e o que veremos aqui se aplica, grosso modo, mais a região onde hoje se localiza a França.
Cabe dizer também que estudos recentes sobre a Idade Média têm levantado outras possibilidades de leitura
sobre esse período. Como vocês podem perceber, esse período, assim como outros, são objetos de inúmeros
debates e pesquisas.
Aula 5.1 - Feudalismo na Europa Ocidental
Como vimos anteriormente, vinham ocorrendo várias mudanças na Europa com a queda do Império Romano do
Ocidente: crise do sistema escravista, êxodo urbano, ruralização e uma crescente invasão de povos germânicos na
região. Surge, então, durante o período da Idade Média, um novo tipo de organização econômica, social, política e
cultural que foi denominado de feudalismo.
Influência germânica: após as invasões bárbaras, o poder se fragmentou e o poder local passou a ter mais força que
o poder central – havia uma relação de proteção militar entre proprietários (em troca de serviços ou terras); os
germânicos tinham como base da produção a agricultura; o direito passou a ser consuetudinário (baseado nos
costumes), e não mais escritos.
Isolamento geográfico: lembrar-se da expansão do Império Muçulmano (séc. VII e VIII) que dificultou o comércio e as
comunicações via Mediterrâneo.
Principais características do feudalismo
Feudo: unidade de produção em grandes extensões de terra; pertencia a uma camada de senhores feudais
(poderiam ser membros do alto clero ou nobres guerreiros). Economia agrária: a produção era para consumo local,
o comércio era bastante reduzido, assim como as moedas (ausência ou baixa utilização). O poder político era
descentralizado, ou seja, cada feudo possuía suas próprias leis, justiça e exército. O poder dos reis se dividia com os
demais senhores.
Os senhores feudais relacionavam-se através das relações de susserania e vassalagem: essa relação se dava quando
um nobre concedia, por exemplo, terras a outro nobre menos poderoso em troca de ajuda em guerras ou tributos.
Essa relação de fidelidade e dependência era oficializada através de uma cerimônia, a homenagem. O senhor que
doava o feudo se tornava suserano e se comprometia em proteger militarmente o nobre que recebera a terra, o
vassalo. Este último era então obrigado a oferecer, principalmente, ajuda militar ao seu suserano. Benefício dessa
relação: garantir a ordem frente a qualquer ameaça.
A área do feudo era dividida normalmente em três partes:
Manso senhorial: área explorada pelos servos diretamente em benefício do senhor (área do castelo).
Manso servil: terras arrendadas pelos servos para exploração própria (mas deviam obrigações e taxas ao senhor)
Manso comunal: bosques e pastos de uso comum de senhores e camponeses.
Sistema de plantio: rotação de culturas.
O trabalho na sociedade feudal
O trabalho estava fundamentado na servidão. Os camponeses se mantinham presos à terra e realizavam uma série
de obrigações para com seus senhores. Os servos não eram escravos, não eram negociados como uma mercadoria.
Mas existia uma relação de dependência entre estes e os senhores donos das terras.
Obrigações dos servos para com os senhores:
Corvéia: trabalho obrigatório nas terras do senhor;
Talha: porcentagem da produção obtida no trabalho no manso servil
Banalidades: imposto pago em produtos pela utilidade de equipamentos pertencentes ao senhor;
Além disso, os servos também pagavam o dízimo à Igreja (tostão de Pedro).
A exploração do trabalho servil era legitimada pela Igreja
O discurso religioso pregava que cada pessoa da sociedade tinha funções a cumprir e, assim, disseminava no
imaginário social uma ideia favorável à condição e à subordinação servil. Segundo a Igreja, era função do servo
trabalhar, do clero rezar e do nobre guerrear. Além do papel ideológico, a Igreja exercia também grande influência
cultural e econômica (possuía muitas terras e servos). Podemos dizer que a Igreja era detentora de amplos poderes
nos planos espiritual e temporal.
Na sociedade feudal não era comum algum tipo de mobilidade social. Dessa forma, pode ser caracterizada como
estamental. Podemos dizer que a sociedade era dividida em dois grupos sociais: senhores e servos, no entanto,
também existiam camponeses livres, chamados vilões.
Aula 5. 2 - Baixa Idade Média
A crise do feudalismo - transição feudo-capitalista
Nesse período denominado de Baixa Idade Média surgiram alguns elementos que promoveram a decadência da
organização feudal. Vejamos os principais:
A diminuição das invasões (diminuição do clima de insegurança) proporcionou condições de vida mais estáveis
provocando gradualmente o aumento da população. Contudo, a estrutura feudal se vê afetada com essa expansão
demográfica.
Algumas inovações técnicas foram aplicadas na agricultura (arados de ferro; moinhos hidráulicos). Buscou-se ainda
expandir as terras cultivadas com a derrubada de florestas. A produção aumentou com o incremento de novas
técnicas, porém estas não davam conta do ritmo acelerado do crescimento populacional.
Alguns setores artesanais também se desenvolveram no período, trabalhando para a nobreza e para o alto clero.
Marginalização social (o sistema não comportava todos): muitos servos e nobres foram expulsos dos feudos (muitos
servos passaram a ocupar antigos centros urbanos).
Período de expansão: cavaleiros alemães sobre o pretexto da propagação do cristianismo dirigiram-se para o
Oriente (atual Rússia); ocorreu ainda a reconquista dos territórios tomados pelos árabes na Península Ibérica e as
Cruzadas.
Cruzadas: expedições militares organizadas pela Igreja que almejavam reconquistar o Santo Sepulcro em Jerusalém,
que estava sob o domínio mulçumano. A Igreja católica também tinha intenções para com o território bizantino,
dominado pela Igreja Ortodoxa (ver Cisma do Oriente).
As cruzadas eram formadas principalmente pelos cavaleiros sem terra e por antigos servos (que sofreram com as
expulsões dos feudos). Mas milhares de mulheres, crianças e idosos também se dispuseram a seguir os cruzados.
Existiam também outros interesses com as cruzadas, sendo um desses, o comércio, que estava em crescente
expansão. Vários negociantes italianos passaram a se interessar por produtos orientais e pela abertura do Mar do
Mediterrâneo.
As cruzadas contaram com oito expedições (séculos XI ao XIII).
Os problemas decorrentes do aumento populacional não foram resolvidos com essas expedições, porém muitas
cidades que nunca deixaram de fazer comércio ou que emergiram nesse momento tiveram amplas vantagens com as
cruzadas. Mas é preciso dizer que não foi somente o movimento cruzadista que propiciou o renascimento comercial
da Europa, mas, sem dúvida, contribuiu para isso.
Renascimento comercial europeu
A rota do Mediterrâneo que era utilizada pelas cruzadas se tornou muito importante para as atividades mercantis.
As cidades italianas (Gênova e Veneza) prosperaram com o quase monopólio dos produtos provenientes do Oriente.
Ao mesmo tempo (desde aproximadamente o século XII), se organizavam ao norte da Europa as hansas (associações
de mercadores). Em breve, passou a ocorrer à reunião de diversas hansas no norte da atual Alemanha, dando
origem à Liga Hanseática. As cidades dessa região passaram a controlar todo comércio dos mares do Norte e do
Báltico.
Dois polos comerciais emergiram na Europa: um italiano e outro germânico. Muitas rotas terrestres (que convergiam
para o centro da França) ligavam esses dois polos comerciais. Em Champanhe (centro da França) ocorriam várias
feiras. A Guerra dos Cem Anos dificultou a utilização dessas rotas terrestres (criaram caminhos alternativos –
marítimos e fluviais) – veremos mais adiante.
Com o crescente comércio, tornou-se necessário o retorno das moedas e das atividades bancárias em geral.
Renascimento urbano
Surgimento dos Burgos: cidades reocupadas (antigas cidades romanas); aglomerados que surgiam das rotas
comerciais ou das feiras. Também se formaram em torno de antigos castelos. Quando surgiam em terras
pertencentes aos feudos ficavam submetidas aos senhores dessas terras. Assim, os habitantes dos burgos (cidades),
no embate entre a expansão do comércio e da vida urbana com a ordem feudal, buscavam sua autonomia,
derivando daí o movimento comunal (luta pela emancipação das cidades do julgo dos senhores feudais).
O crescimento das atividades mercantis e das cidades deu origem às corporações de ofício e de mercadores.
Corporações de mercadores (guildas): agrupamento de negociantes locais para manter o privilégio do comércio
local.
Corporações de ofício: união os trabalhadores por especialidade, estabelecendo para seus membros a exclusividade
da produção.
Hierarquia das corporações de ofício:
Mestres: proprietários das oficinas; organizavam o trabalho;
Oficiais jornaleiros: trabalhadores especializados, com ganhos estipulados pelo mestre;
Aprendizes: em troca do trabalho recebiam alimentação e moradia e o aprendizado que lhes possibilitaria, por
vezes, se transformar em oficiais ou mestres (somente com a autorização da corporação).
Mesmo com algumas limitações (como a influência cultural cristã que condenava o lucro), o comércio foi se
difundindo. De maneira gradual, o enriquecimento dos comerciantes e de alguns dos mestres levou-os a controlar
certas atividades comerciais e artesanais – levando à formação de uma nova classe social: a burguesia.
A expansão do trabalho assalariado, a possibilidade de lucros individuais, uma economia monetarizada dependente
da atividade mercantil (que subordinava a produção) são elementos que nos permitem identificar, ao final da Idade
Média, o surgimento do novo sistema econômico e social que se formaria em oposição ao feudalismo: o capitalismo.
VICENTINO, Cláudio; GIANPAOLO, Dorigo. História para o ensino médio: história geral e do Brasil. São Paulo:
Scipione, 2008, p. 111.
Crise do século XIV
Com o aumento demográfico (visto anteriormente) surgiu a necessidade de se aumentar a produção agrícola,
através do cultivo de novas terras (derrubada de florestas e com a drenagem de pântanos). Por vezes, o aumento da
produção de alimentos não acompanhou o aumento populacional, provocando, assim, grande escassez de
alimentos. Além disso, problemas climáticos também provocavam destruição de colheitas. A grande fome do século
XIV promoveu a morte de milhões de pessoas.
A fome foi acompanhada de epidemias que fez aumentar ainda mais o contingente de mortos; a mais grave das
epidemias da época foi à peste negra.
Diante desse quadro de crise, os senhores começaram a cobrar mais impostos e taxas feudais. O aumento da
pressão feudal, juntamente com a fome e as doenças, provocou uma série de revoltas camponesas. Os camponeses
invadiram castelos, pilharam casas e mataram muitos nobres. A violência dos nobres contra os camponeses também
foi muito intensa.
A Guerra dos Cem Anos (entre França e Inglaterra) disputa pela região ao norte da França – Flandres.
Mudanças no quadro político:
Com a busca do fortalecimento do poder real e da definição das fronteiras territoriais (como nos interesses dos
nobres e da recente burguesia), o poder dos senhores feudais foi enfraquecido, fortalecendo a autoridade dos reis
(veremos com mais detalhes essa mudança, na aula sobre a formação das Monarquias Centralizadas).
Prezados alunos (as)
O resumo da presente aula foi produzido com base nas seguintes obras:
VICENTINO, Cláudio; GIANPAOLO, Dorigo. História para o ensino médio: história geral e do Brasil. São Paulo: Scipione,
2008.
Como também em outros materiais e autores que serão citados, quando não presentes nos textos das obras indicadas acima. As
atividades foram elaboradas em concordância com o projeto político e pedagógico do cursinho Triu.
Download