Deputado Elimar Máximo Damasceno

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O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO
(PRONA-SP) pronuncia o seguinte discurso: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, presto meu tributo
ao grande músico que foi Guerra Peixe, cuja
experiência excepcional deixou marcas na música
brasileira erudita e popular.
César Guerra Peixe era filho de imigrantes
portugueses, de origem cigana, tendo nascido em
Petrópolis, em 18 de março de 1914. Morreu em 26 de
novembro de 1962, no Rio de Janeiro.
Aos nove anos já tocava violão, bandolim,
violino e piano, demonstrando musicalidade precoce.
Com apenas cinco anos de estudo, obteve a medalha
de ouro oferecida pela Associação Petropolitana de
Letras.
Guerra Peixe mudou-se para o Rio de Janeiro
onde classificou-se em primeiro lugar no concurso à
Escola Nacional de Música. Para sobreviver, trabalhava
como músico em orquestras de salão que tocavam em
confeitarias e bares. Também executou arranjos
musicais para alguns cantores e gravadoras.
Ilustres Parlamentares, segundo testemunho do
próprio Guerra Peixe, após ter lido “Ensaio sobre a
Música Brasileira,” de Mário de Andrade, começou “a
compor com mais consciência”, isto é, mudou seu
conceito de composição, ainda na década de quarenta.
Entre seus primeiros êxitos, relata-se ter sido o
primeiro aluno a concluir o curso de composição do
Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro.
Estudioso, sempre procurava conhecer as
novidades no campo da música, como a técnica
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dodecafônica dos doze sons, criada por Schöenberg,
tendo sido um dos fundadores do Grupo Música Viva.
Depois de compor obras em que se realizaram
todas
as
características
dodecafônicas,
suas
composições seguintes acentuaram a intenção de
nacionalizar, como a “Sinfonia n.º 1 para pequena
orquestra”, executada pela BBC de Londres, na década
de quarenta.
Sr. Presidente, Guerra Peixe passou a
professar o nacionalismo musical após uma viagem à
Recife, onde assistiu a apresentações folclóricas,
impressionando-se com o maracatu, frevo e coco. Suas
palavras: “Renunciei a tudo que tinha feito antes, mas
comecei logo a discordar deste cabresto que o “Música
Viva” impunha à gente ... Aprendi o dodecafonismo,
assimilei a coisa, e fui tentando deformá-lo para adaptálo ao Brasil. Não consegui, porque à medida que
abrasileirava, mais me afastava dele, a ponto de negálo ...
Como resultado das pesquisas que realizou, e
de ter residido e trabalhado em Pernambuco, publicou
em 1955 “Maracatus do Recife”. Diz-se que era um
brasileiro do Sudeste que se tornou nordestino. Nos
seus estudos, descobriu que os passos do frevo foram
trazidos por ciganos de origem eslava e espanhola e
não por negros africanos.
Em 1960, compôs a sinfonia “Brasília”,
conhecida como a obra mais importante de sua fase
nacionalista.
Nobres Colegas, Guerra Peixe é autor de obra
significativa, abrangendo praticamente todos os
gêneros musicais. Também compôs trilhas para os
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filmes “Terra é sempre terra” e “O canto do mar”. São
conhecidos seus trabalhos no campo da música popular
brasileira, fazendo arranjos sinfônicos para músicas de
Chico Buarque, Luiz Gonzaga, Tom Jobim. Na sua fase
de maturidade artística, compôs “Tributo à Portinari”,
confirmando
seu
incomparável
domínio
de
orquestração.
Guerra Peixe não teve a preocupação de ser
moderno, mas produziu obras de notável interesse.
Como violinista, integrou a Orquestra Sinfônica
Nacional. O seu forte era a música de camera.
A paleta da orquestra também mereceu seu
carinho e muitos músicos pelo Brasil referem-se a ele
como Maestro Guerra Peixe, com admiração e respeito.
Como professor, deu aulas de composição na
Escola de Música Villa-Lobos e de orquestração e
composição na Universidade Federal de Minas Gerais.
Srs. Deputados, a homenagem ora prestada ao
músico Guerra Peixe justifica-se pelo conjunto de sua
obra, em especial porque, como compositor, conseguiu
atingir versatilidade e admirável concisão de linguagem,
buscando, na simplicidade, a sua arma mais eficaz.
Muito obrigado.
Deputado Elimar Máximo Damasceno
PRONA SP
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