1 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DA TERAPIA DO RISO COMO MÉTODO AUXILIAR NO PROCESSO DA HOSPITALIZAÇÃO OBSERVAÇÃO DA EVOLUÇÃO CLÍNICA ATRAVÉS DE TESTES LABORATORIAIS Bruno Marques Chaves PORTO VELHO 2009 2 Bruno Marques Chaves ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DA TERAPIA DO RISO COMO MÉTODO AUXILIAR NO PROCESSO DA HOSPITALIZAÇÃO OBSERVAÇÃO DA EVOLUÇÃO CLÍNICA ATRAVÉS DE TESTES LABORATORIAIS Relatório Parcial de pesquisa entregue ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) ORIENTADORA: Ms. Gleicilaine Aparecida Sena Casseb CO-ORIENTADOR: Dr. José Juliano Cedaro PORTO VELHO 2009 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .....................................................................................................................5 A TERAPIA DO RISO .........................................................................................................7 METODOLOGIA .................................................................................................................9 RESULTADOS ...................................................................................................................11 DISCUSSÃO........................................................................................................................16 CONCLUSÃO......................................................................................................................18 ANEXOS 4 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo estudar os efeitos clínicos do emprego da Terapia do Riso em crianças 03 a 12 anos acometidas por neoplasias e em tratamento na Ala de Oncopediatria do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP), Porto Velho -RO. A Terapia do riso é implementada pelos “Anjos da Enfermagem” (grupo de estudantes que promovem o riso no HBAP) que semanalmente visitam essas crianças, vestidos de palhaços, e promovem atividades lúdicas com músicas, visando promover o riso. O instrumento principal da pesquisa para a coleta de dados é uma ficha de exames de rotina realizados pelos pacientes em tratamento. Os dados clínicos analisados mostram que os pacientes apresentam níveis da série vermelha do sangue alterados, indicando anemia, presente na maioria das doenças crônicas. A série branca do sangue da população estudada mostrou correspondência com as fases de tratamento nas quais as crianças se encontravam. No entanto, não houve correlação entre os escores de qualidade de vida das crianças com relação à resposta imune das mesmas. A única relação encontrada foi uma correlação negativa entre a média dos monócitos e os índices totais e de função da qualidade de vida dos pacientes; fato este que suscita mais estudos para esclarecimentos. A terapia do riso não foi devidamente empregada, o que possibilitou a construção do perfil clínico da população sem influência rotineira daquela terapia adjuvante. Contudo, nos momentos em que houve algum contato com o “Anjos da Enfermagem”, a equipe de saúde relata mudanças consideráveis na aceitação da terapêutica tradicional, além de reduzir muitas vezes o tempo de internação por paciente. 5 INTRODUÇÃO O processo de hospitalização é necessário como recurso terapêutico no paradigma do enfrentamento das mais diversas patologias que acometem o homem. As reações diante desta realidade são as mais diversas, contudo, segundo M.R.Z. SOARES & E. BOMTEMPO, 2004, “(...) a reação da criança a eventos excitantes, irritantes, felizes e amedrontadores exige adaptação, visto que inclui mudanças psicológicas, físicas e químicas no seu organismo”. Tendo em vista as repercussões da hospitalização na infância, diz-se: O medo do desconhecido está sempre presente durante a hospitalização; as fantasias e imagens que as crianças elaboram a respeito do hospital são fundamentalmente persecutórias, pois elas remetem a situações de abandono, perda e solidão, podendo transformar-se em experiências traumáticas e no agravamento do seu estado clínico. (PADILHA, 2004) Na realidade terapêutica existente nas instituições hospitalares mais tradicionais, o paciente encontra-se isolado e imerso em sentimentos de perda e morte. Destaca-se, no entanto, aqueles hospitalizados devido às patologias crônicas ou de mau prognóstico, as quais exijam longa internação hospitalar. Esse contexto pode gerar recusa ao tratamento oferecido nessas instituições. Surge, então, em meados da década de 1990, os primeiros trabalhos a cerca das terapias alternativas, as quais buscam o aperfeiçoamento da terapêutica tradicional através da introdução do humor ao tratamento. O uso do riso tem sido usado como um poderoso remédio por diversos grupos de profissionais da área da saúde, como os “Doutores da Alegria” e os “Anjos da Enfermagem.” Dentre as patologias que acometem a sociedade atualmente e os tratamentos necessários ao enfrentamento das mesmas, A.B. MOTTA & S.R.F. ENUMO, 2002, relata que “(...) o tratamento do câncer, tendo como uma de suas necessidades a hospitalização freqüente e prolongada, caracteriza-se como um período de enorme stress físico e emocional (...)”. No combate ao câncer, a quimioterapia antineoplásica, visa à destruição ou inibição da proliferação das células neoplásicas. Contudo, os medicamentos utilizados no tratamento não atuam exclusivamente nas células tumorais, causando danos e morte celular também em células normais, como as que estão em constante restituição, como as da medula óssea, dos pêlos e a mucosa do tubo digestivo. Desta forma o tratamento é feito repetitivamente, respeitando o intervalo de tempo necessário para a recuperação dessas 6 estruturas. Os danos mais comuns e de possível acompanhamento são os pertinentes à mielossupressão, granulocitopenia, plaquetopenia e anemia. Tendo ainda os mais precoces efeitos indicadores do estado clínico geral demonstrados por náuseas, vômitos e mal-estar (INCA, 2009). Segundo CARVALHO, G.P. & Cols., 2006, “a maioria dos pacientes tratados com drogas antineoplásicas desenvolvem neutropenia, em geral do sétimo ao décimo-quarto dia após a administração”. Esta alteração nas células brancas do sangue é um dos principais critérios para a avaliação do estado clínico dos pacientes. Bonassa, 1998, afirma ainda, “pacientes que recebem quimioterápicos devem ser cuidadosamente monitorados para determinar a ocorrência e a duração da mielossupressão”. Diante das alterações esperadas são utilizados, para avaliação da evolução clínica do paciente, exames complementares tais como, hemograma, proteína C reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS), através dos quais se podem analisar alterações hematológicas, ocorrência de infecção aguda e destruição tissular, processo inflamatório infeccioso ou neoplásico, servindo também para inferência de sua intensidade e, considerando-se as limitações, da resposta à terapêutica. Diante das novas propostas de implementação de terapêuticas alternativas que surgem para somar com a tradicionalmente utilizada, tende a ser estimulada uma nova vertente no método do cuidar. Novas atitudes por parte dos profissionais de saúde podem melhorar não só a qualidade de vida do paciente, mas também sua evolução clínica. 7 A TERAPIA DO RISO Diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos em instituições hospitalares com intuito de influenciar positivamente o humor dos pacientes hospitalizados. Grupos de profissionais incluíram o humor como método adjuvante ao tratamento convencional na luta contra o câncer, acreditando que: A prática do riso e da gargalhada melhora o humor, que reforça a imunidade, relaxa a tensão muscular e diminui o estresse, ansiedade e dor por liberação de neurotransmissores relacionados (serotonina e endorfinas) por [...] modificações psiconeuroendócrinas da gargalhada. (VALE, N.B., 2006) A aplicação de técnicas de entretenimento pode facilitar substancialmente a resposta ao tratamento médico por parte tanto de crianças como de adultos, sendo ainda mais notável nas crianças, pois estas não demonstram qualquer inibição ou resistência diante de brincadeiras e jogos lúdicos. As crianças trazem mais claramente o reflexo da influência do meio em seu comportamento. Normalmente elas expressam os seus sentimentos genuinamente, fazendo com que a internação hospitalar na infância seja danosa, pois “[...] afasta a criança de sua vida cotidiana, do ambiente familiar e promove um confronto com a dor, a limitação física e a passividade, aflorando sentimentos de culpa, punição e medo da morte.” (Mitre, R.M. & Gomes, R., 2004). A aplicação de técnicas de entretenimento pode facilitar substancialmente a resposta ao tratamento médico por parte tanto de crianças como de adultos, sendo ainda mais notável nas crianças, pois estas não demonstram qualquer inibição ou resistência diante de brincadeiras e jogos lúdicos. Portanto, ao que parece, o riso pode ser usado como um recurso terapêutico alternativo em concomitância ao cuidado hospitalar tradicional, diminuindo, assim, o trauma da internação hospitalar nos internos durante a infância, reduzindo o tempo de internação hospitalar. Sendo outra possível contribuição, e não menos importante, o impacto que essa a terapêutica pode vir a causar na evolução clínica do infante. O presente trabalho tem por objetivo verificar se há a otimização da atual terapêutica em concomitância com a alternativa baseada no uso do humor como um recurso facilitador. Através da análise dos exames laboratoriais da própria instituição hospitalar, objetiva-se a demonstração do resultado positivo, negativo ou neutro do uso da 8 terapia do riso. Espera-se ainda que sejam fornecidos subsídios científicos para que a instituição hospitalar programe suas atividades, melhorando a qualidade do atendimento à população hospitalizada, com destaque para a saúde das crianças. Dentro desse contexto, surgiu o interesse em investigar os pormenores da terapia do riso com crianças em tratamento contra o câncer, tendo os seguintes objetivos: 1. Verificar os efeitos clínicos do método concomitantes à terapêutica médica convencional empregada; 2. Verificar as alterações fisiológicas nas crianças hospitalizadas à Terapia do Riso; 3. Observar possíveis alterações dos exames laboratoriais de rotina de cada paciente; 4. Traçar o perfil de cada alteração dos exames laboratoriais e seus respectivos significados para cada paciente Para tanto, procuramos o Hospital de Base e ao grupo Anjos da Enfermagem, que desenvolvem um trabalho nas alas pediátricas daquela instituição e pedimos autorização para investigar o impacto de tal ação junto aos pacientes, os quais seriam os sujeitos da pesquisa, juntamente com seus pais ou responsáveis. Ao passar dos anos a terapêutica vem sendo implementada nos mais diversos paradigmas. O uso de terapias alternativas como métodos adjuvantes facilitadores tem crescido de forma importante, promovendo também a humanização do tratamento médico. No mesmo sentido, decidimos realizar um estudo sistematizado, com bases científicas, em Porto Velho – RO, no intuito de contribuir para a implementação terapêutica atualmente empregada nas instituições hospitalares, tendo em vista os possíveis benefícios implementados com a aceitação deste tipo de Terapia. 9 METODOLOGIA A pesquisa foi de cunho quantitativo, através de um estudo analítico prospectivo, de caráter seccional e observacional. Ao término da coleta dos dados foi montado o perdil hematológico das séries vermelha e branca do sangue das crianças hospitalizadas. A terapia do riso seria implementada pelos “Anjos da Enfermagem”, grupo de profissionais e estudantes do curso da enfermagem, caracterizados de animadores, que fariam visitas às crianças internadas, semanalmente às sextas-feiras, na ala pediatria oncológica do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, visando à melhoria do humor das mesmas; contudo, a atuação do grupo não se fez com a regularidade necessária. O Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP) foi a instituição escolhida devido à existência de uma ala oncopediátrica, na qual há a participação regular dos “Anjos da Enfermagem”. A realização da pesquisa nesta instituição foi previamente autorizada pelo diretor da mesma. Ao longo da implementação da terapia do riso, acompanhamos a evolução clínica do paciente, tempo de internação, existência ou inexistência de complicações clínicas durante o tratamento, além dos relatos da equipe de saúde envolvida sobre a evolução dos enfermos. O acesso aos prontuários foi precedido pela concordância dos pais ou responsável através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A população pesquisada foi composta de 15 crianças de ambos os sexos, de faixa etária entre 03 e 12 anos, internadas na ala oncopediátrica do HBAP, com o diagnóstico de câncer, cuja perspectiva de duração do tratamento esteve no intervalo mínimo de 2 meses. Os critérios de exclusão foram a recusa dos pais ou responsáveis à participação dos pacientes, a impossibilidade do seguimento das crianças por pelo menos 2 meses e a participação concomitante do projeto “Estudo dos Aspectos Psicológicos da Terapia na Evolução Clínica”. Foram utilizados exames laboratoriais de rotina como ferramenta para aquisição de parâmetros que puderam representar as possíveis alterações clínicas apresentadas pelos pacientes durante a implementação da terapia do riso, os quais foram acompanhados pelos pesquisadores junto à equipe médica responsável. Os exames laboratoriais usados como critério avaliativo da resposta imunológica dos pacientes, no presente trabalho, foram o hemograma, principalmente leucograma, através dos quais pudemos verificar os efeitos biológicos como a resposta inflamatória ou a resposta do corpo à dor e à medicação. Para a coleta dos dados citados foi utilizado um instrumento (ANEXO), no qual consta a 10 identificação do paciente e seus resultados dos exames que o hospital solicita para o acompanhamento clínico do mesmo. Os dados foram organizados em forma de planilhas do programa Microsoft Excel 2007, e para a análise estatística foi utilizado o programa Statistica (Statsoft) 7. Foram realizados o testes de correlação de Pearson para verificar se há correlação entre os índices hematológicos e os escores de qualidade, construídos no trabalho “Estudo dos Aspectos Psicológicos da Terapia na Evolução Clínica” através da “Escala de Avaliação de Qualidade de Vida (AUQEI - Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfant Imagé)”. Os testes de significância foram realizados com adotando-se um p valor menor que 0,05 para diferenças estatisticamente significativas. 11 RESULTADOS Caracterização demográfica e clínica das crianças hospitalizadas na ala oncopediátrica do HBAP No período de janeiro de 2009 a junho de 2009 foram atendidas 20 crianças no ambulatório de Oncopediatria do HBAP, com diagnóstico de neoplasia. Cinco destas crianças não participaram da pesquisa pelo impedimento de serem avaliadas pelos dois planos de trabalho que englobam este estudo, por não se encaixarem na faixa etária da pesquisa e pelo não consentimento do responsável. Verifica-se, através dos dados da Tabela 1, que a amostra estudada foi constituída de 15 crianças, com média etária de 6 anos (DP = 2,97), predominando a faixa de 3 a 6 anos. Quanto ao sexo, a distribuição foi predominantemente masculina (10 ou 66,6% para cada um) e 8 (53,3%) possuíam cor branca. Com relação a freqüentar a escola, 10 crianças (66,6%) freqüentam a escola, e quanto ao regime de tratamento das crianças, 8 (53,3%) encontravam-se internadas (mais de 48 horas hospitalizadas) no momento da entrevista, sendo que as demais freqüentavam o hospital apenas uma vez por semana, em dias pré determinados para seguimento, através do Hospital Dia. A distribuição dos diagnósticos foi variada, segundo o gráfico 1, sendo que LLA (Leucemia Linfocítica Aguda), com tempo médio de tratamento de 2 anos (DP: 3,54). Os demais diagnósticos são: sarcoma de partes moles, neuroblastoma, LLA recidivada e tumor de Willis. 12 Tabela 1. Distribuição das variáveis demográficas da amostra. Distribuição Variável N % Sexo Masculino Feminino 10 5 66,6 33,3 Cor Parda Negra Branca 8 4 3 53,3 26,6 20,0 Frequenta Escola Sim Não 10 5 66,6 33,3 Tipo de Hospitalização Hospital dia Internação 7 8 46,6 53,3 Idade Média: 6 Variação: 3 – 12 DvPd: 2,97 Gráfico 1. Porcentagem dos diagnósticos de neoplasias na ala oncopediátrica do HBAP 13 Dentre as 15 crianças participantes da pesquisa no momento 8 encontram-se internadas, sendo que as demais prosseguem o tratamento no regime de Hospital Dia, uma vez que o HBAP tenta manter as crianças hospitalizadas o mínimo de tempo possível. A tabela 2 representa o perfil hematológico, séries vermelha e branca do sangue, da população estudada, além dos valores de referência fornecidos pelo Laboratório de OncoHematologia do HBAP. A qual demonstra anemia normocítica, com discreta anisocitose, como demonstrado nos valores médios de hemácias 3,8 x 106/ mm3 (4,0-6,0 x 106/ mm3), hematócrito 33,83% (35 - 53%) e hemoglobina 10,90 g/dL (11,0 – 15g/dL), os quais se encontram discretamente abaixo dos valores de referência para as crianças das faixas etárias estudadas, enquanto que o RDW de 16,09% (11,0 – 14,0 %) está discretamente aumentado. A média do VCM igual a 88,38fL (80 – 97fL) apresentou-se dentro da normalidade. No que diz respeito à série branca do sangue, a média dos leucócitos, apresentou-se em níveis normais. Tabela 2. Perfil hematolóico dos pacientes da ala oncopediátrica do HBAP e os valores de referência utilizados pela própria instituição. Hemácias Hemoglobina Hematócrito VCM HCM CHCM RDW Leucócitos Segmentados Linfócitos Monócitos Plaquetas Média Mediana DP Valor de Referência 3,80 10,90 33,83 88,38 28,98 32,32 16,09 5.246 47,60 36,96 4,46 317.666 3,69 11,00 34,10 88,80 29,40 32,30 15,90 5.000 44 33 4 270.000 0,52 0,93 3,26 5,63 2,29 1,06 1,81 2.527 17,53 19,63 2,87 128.093 4,0 – 6,0 x 106/mm3 11 – 15 g/dL 35 – 53 % 80 – 97 fL 25 – 32 pg 31 – 36 g/dL 11 – 14 % 3500 – 10000 cél/mm3 40 – 60% 17 – 48 % 4 – 10% 150 – 450 x 103/mm3 Os dados apontam que houve diferença estatisticamente significativa, de acordo com a fase do tratamento, apenas nos índices de segmentados, considerando um p valor de 0,05 e t-value = -4,08, como visto na tabela 3. Verificou-se que a média de segmentados encontra-se significativamente aumentada nas crianças em fase de “Indução” da quimioterapia. 14 Tabela 3. Índices dos valores hematológicos dos pacientes internados na ala oncopediátrica do HBAP segundo fase do tratamento. Fase de Manutenção Fase de Indução t-value P Variável Média Média Hemácias 3,90 3,58 1,19 0,25 Hemoglobina 11,10 10,63 0,87 0,40 Hematócrito 34,40 32,93 0,79 0,44 VCM 88,95 89,81 -0,27 0,78 HCM 29,65 29,15 0,42 0,67 CHCM 32,64 32,18 0,73 0,47 RDW 16,24 16,06 0,15 0,87 Leucócitos 4.585 6.050 -0,96 0,35 Segmentados 36,57 63,83 -4,08 0,00 Linfócitos 40,60 31,7 0,83 0,42 Monócitos 4,9 4,7 0,11 0,91 Plaquetas 364.714 238.000 1,98 0,07 Os resultados da correlação entre os índices hematológicos e os escores de qualidade de vida das crianças demonstraram a existência de correlação significativa apenas para os valores de monócitos com os escores “total” e de “função”, segundo questionário AUQEI. Sendo o r de Pearson -0,65 e -0,54; e o p valor 0,00 e 0,03 respectivamente. Trata-se de uma correlação negativa, na qual as crianças com maiores escores apresentaram menores valores de monócitos. Com relação aos índices das séries branca e vermelha do sangue apresentados pelas crianças, observou-se que não há diferenças estatisticamente significativas quanto ao tipo de internação, Hospital Dia ou Internação. 15 Efeito facilitador das crianças sob a ótica da Equipe de Saúde A equipe de saúde da ala oncopediátrica do HBAP conta com 6 enfermeiros, 9 técnicos de enfermagem, 3 auxiliares de enfermagem, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos e 2 secretárias. Deste total de 24 profissionais, 15 colaboraram com a pesquisa (62,5%) respondendo aos questionários semi-estruturados. A maioria destes, 70% afirmou que as atuações dos Anjos da Enfermagem causam impacto o comportamento da criança com relação ao tratamento, melhorando o humor, a aceitação aos medicamentos e até mesmo a evolução clínica. Foi consenso de que crianças mais bem-humoradas evoluem melhor e recebem alta mais precoce. 16 DISCUSSÃO A predominância dos casos de Leucemia Linfocítica Aguda (LLA) na população estudada, representando 73% dos casos, retrata uma maior incidência desta neoplasia em detrimento das demais. Há concordância com os dados epidemiológicos, os quais demonstram que dentre as neoplasias na infância e adulto jovem a LLA é a de maior incidência (INCA, 2006). Também verifica-se concordância com a incidência do diagnóstico de LLA encontrada no período janeiro de 1999 a dezembro de 2003 que foi de 75,4% (BRAGA, 2004). O tratamento de doenças crônicas, como as neoplasias, leva a anemia ligada a defeitos do metabolismo do ferro (MATOS et al, 2008). Durante o tratamento quimioterápico da LLA, o qual é executado nas fases de indução, manutenção e remissão, espera-se uma queda considerável dos índices hematimétricos dos pacientes, pois a destruição das células neoplásicas do sangue não é isenta de efeitos lesivos contra as células não-neoplásicas (INCA, 2006). A agressão sistêmica no tratamento da LLA é mais importante durante a fase de indução, na qual o objetivo é a eliminação das células neoplásicas, tendo um a dois meses de duração. Percebe-se que mesmo as crianças em fase de indução não demonstraram alterações destoantes, pois já se encontravam próximas da fase seguinte, a fase de manutenção (PEDROSA & LINS, 2002). Com relação à série branca do sangue não encontramos o padrão esperado dentro da fase imunossupressora do tratamento referente à LLA, estando dentro dos valores de normalidade adotados pelo Laboratório de Onco-hematologia do HBAP. A diferença encontrada entre as fases de indução e manutenção restringiu-se aos números de neutrófilos, os quais estando aumentados na fase indução indicam a produção exacerbada. Sabe-se que os neutrófilos tendem a sofrer um aumento de número encontrado no sangue periférico mediante infecções bacterianas (LOPES, 2006). A produção aumentada e a ocorrência de infecções oportunísticas podem ter sido responsáveis por este padrão de resposta, tendo em vista a vulnerabilidade gerada pela quimioterapia empregada. Os monócitos são células importantes nos processos inflamatórios a nível tecidual e de resposta fagocitária, devido à atuação dos macrófagos em portas de entrada para microorganismos, representando a primeira barreira contra os mesmos (HOKAMA & MACHADO, 1997). A correlação negativa encontrada entre o número de monócitos e os escores de qualidade de vida pode estar relacionada à menor resposta inflamatória e menor 17 exposição aos patógenos infecciosos nos indivíduos com melhor qualidade de vida. Isto pode indicar um efeito protetor da qualidade de vida sobre os danos teciduais em doenças crônicas depressoras do sistema imune, cabendo mais estudos para melhor elucidação do achado. Com relação ao tipo de hospitalização, a não correlação entre o Hospital Dia e a Internação mostra que índices utilizados para a análise não foram influenciados por este fator, possibilitando assim o acompanhamento e coleta de dados mais segura para posterior comparação entre os escores de qualidade de vida com os índices hematológicos da população estudada. Durante a realização do presente estudo ficou claro, através dos depoimentos de vários funcionários, que o comportamento facilitador dos pacientes com relação à terapêutica empregada é de importância relevante na evolução clínica dos pacientes. Foi unânime entre os funcionários da equipe cuidadora que as crianças tornam-se mais acessíveis ao recebimento das medicações, contribuindo com a regularidade e garantia do emprego da terapêutica. Esse comportamento foi percebido em 100% das crianças que tiveram algum estímulo de humor. Desta forma, os que contribuem com a equipe de saúde, aceitando os cuidados oferecidos permanecem menos tempo no na instituição hospitalar. 18 CONCLUSÃO A terapia quimioterápica prepoderante empregada na população estudada é adequada ao tratamento da LLA, tendo em vista a maior incidência desta neoplasia em detrimento de outras também encontradas. As alterações verificadas no estudo dos níveis da bioquímica hematológica dos pacientes estão dentro do esperado. Foi observada discreta anemia e redução de alguns índices da série branca do sangue, indicando que a população estudada não apresenta imunodepressão importante, na maioria dos casos. A única relação encontrada entre a qualidade de vida das crianças e seu estado clínico foi com relação aos monócitos, os quais apresentam uma correlação negativa entre os escores mencionados e a porcentagem destas células no sangue. 19 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS LOPES, A. C., Tratado de Clínica médica. 1ª Edição, 2 vol., Ed. Roca, São Paulo, 2006. BONASSA, E.M.A. Enfermagem em Quimioterapia. 1a Edição, Ed. Atheneu, SP, 1998, p.76. CARVALHO, G.P. & Cols. O Cuidado de Enfermagem em Oncologia Pediátrica. Revista da Sociedade Brasileira de Concerologia. Nº11, 2006. MATOS, J.F. & Cols. O papel do RDW, da morfologia eritrocitária e de parâmetros plaquetários na diferenciação entre anemias microcíticas e hipocrômicas. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, vol 30, Nº 6, São Paulo Nov./Dez. 2008. 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Úrico TGO/TGP ROTINA REALIZADOS PELOS Registro: PACIENTES EM 22 ANEXO 2 Universidade Federal de Rondônia UNIR Departamento de Medicina (DEPMED) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do Projeto: Análise da Implementação da Terapia do Riso em Pacientes Hospitalizados. Pesquisadores e instituições envolvidas: Bruno Marques Chaves, Gleicilaine Aparecida Sena Casseb, Juliano Cedaro, Kellyn Kristina Alves Ferreira. Objetivo principal: Avaliar crianças hospitalizadas sob o ponto de vista psíquico e evolução clínica após a intervenção lúdica da terapia do riso. Procedimentos relacionados ao participante: Coleta de dados através de inventário de qualidade de vida e observação de anotações clínicas referentes aos pacientes participantes da pesquisa. Possíveis riscos e desconfortos ao participante: Sem riscos e desconfortos Fui informado dos objetivos, procedimentos, riscos e benefícios desta pesquisa. Pelo que os pesquisadores me explicaram, além da entrevista que farão com o(a) meu(minha) filho(a) e do acesso que terão ao prontuário dele(a), estou ciente de que não será necessário tirar sangue da veia dele(a), nem nenhum outro material biológico para conclusão da presente pesquisa. Foi explicado que as informações do(a) meu(minha) filho(a) serão guardadas em sigilo e que apenas os dados da pesquisa serão divulgados. Ninguém além dos pesquisadores terá acesso às informações particulares do(a) meu(minha) filho(a). Foi explicado também que tenho direito a receber informações adicionais sobre a pesquisa a qualquer momento, mantendo contato com o pesquisador principal. Estou ciente de que a participação do(a) meu(minha) filho(a) é voluntária, que não me acarretará despesas financeiras e que a participação na pesquisa NÃO faz parte do tratamento dele(a) e que se eu preferir não participar ou deixar de participar deste estudo em qualquer momento, isso NÃO me acarretará qualquer tipo de penalidade. Compreendi tudo o que me foi explicado sobre a pesquisa e concordo que meu(minha) filho(a) participe da mesma. Assinatura do participante (ou do responsável, se menor): ................................................................................ Assinatura do pesquisador principal:...................................................................................................... Digital Gleicilaine A. S. Casseb ([email protected]; (69)3226-1805; (69)8117-1831 Data: ............de ............................de 2009. Eu, ______________________________________________________________, entendi o que me foi explicado sobre o estudo e concordo em participar do mesmo. ____________________________________________________________________ (paciente ou responsável) ____________________________________________________________________ (Testemunha) ____________________________________________________________________ (Testemunha) Assinaturas: do participante (ou responsável, caso seja menor de idade; ou de duas testemunhas, caso não saiba assinar o nome) ______________________________________ (pesquisador) 23 Nome: Gleicilaine Aparecida Sena Casseb, Juliano Cedaro, Kellyn Kristina Alves Ferreira e Bruno Marques Chaves. Universidade Federal de Rondônia, Departamento de Medicina. [email protected] (69)8117-1831; 3226-1805; [email protected] (69)8114-0279; [email protected] (69)8408-4000; [email protected] (69)8222-2413. Informações relevantes ao pesquisador responsável: Res. 196/96 – item IV.2: O termo de consentimento livre e esclarecido obedecerá aos seguintes requisitos: a) ser elaborado pelo pesquisador responsável, expressando o cumprimento de cada uma das exigências acima; b) ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa que referenda a investigação; c) ser assinado ou identificado por impressão dactiloscópica, por todos e cada um dos sujeitos da pesquisa ou por seus representantes legais; e d) ser elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador. Res. 196/96 – item IV.3: c) nos casos em que seja impossível registrar o consentimento livre e esclarecido, tal fato deve ser devidamente documentado, com explicação das causas da impossibilidade, e parecer do Comitê de Ética em Pesquisa. Casos especiais de consentimento: 1. Pacientes menores de 16 anos – deverá ser dado por um dos pais ou, na inexistência destes, pelo parente mais próximo ou responsável legal; 2. Paciente maior de 16 e menor de 18 anos – com a assistência de um dos pais ou responsável; 3. Paciente e/ou responsável analfabeto – o presente documento deverá ser lido em voz alta para o paciente e seu responsável na presença de duas testemunhas, que firmarão também o documento; 4. Paciente deficiente mental incapaz de manifestação de vontade – suprimento necessário da manifestação de vontade por seu representante legal.