Com. Dr. Miguel Curto Rodrigues Filho Telefone: (11) 5583 3912 Rua Ouvidor Peleja, 997 Estação Santa Cruz do Metrô São Paulo - SP CEP 04128 - 001 In manus tuas Jesus. 1 Miguel Curt PLANTAS GENETICAMENTE MODIFICADAS 2 Miguel Curt PEQUENO HISTÓRICO DA BIO-TECNOLOGIA APLICADA À ALIMENTAÇÃO: 1800 AC – O levedo é utilizado para a produção de vinho, cerveja e pão. 1700 DC – São identificadas diversas plantas híbridas. 1861 – Louis Pasteur desenvolve as técnicas de pasteurização. 3 Miguel Curt 1865 – Gregor Mendel conclui que certos elementos invisíveis são os responsáveis pela herança dos caracteres de uma geração de ervilhas para outra. 1922 – São comercializadas pela primeira vez sementes de milho híbrido. 1944 – Cientistas descobrem que o DNA é o responsável pela transmissão da informação hereditária. 4 Miguel Curt 1953 – James Watson & Francis Crick descobrem a estrutura e o código do DNA e ganham o prêmio Nobel em 1962. 1970 – Norman Borlaug ganha o prêmio Nobel por desenvolver variedades de trigo de alta produtividade. (Revolução Verde). 1973 – Stanley Cohen & Herbert Boyer conseguem a primeira transferência genética. 5 Miguel Curt 1982 – Iniciada a produção de insulina humana em escala comercial. 1983 – São desenvolvidas as primeiras plantas através da bio-engenharia. 1990 – A primeira enzima bio-modificada para a fabricação de queijos é aprovada nos EEUU. 6 Miguel Curt 1992 – A FDA conclui que os alimentos desenvolvidos pela bio-engenharia devem ser regulamentados como aqueles obtidos por métodos convencionais. 1994 – O primeiro produto transgênico chega aos super-mercados, um tomate que suporta maior tempo de armazenamento. 1995 – A primeira soja transgênica é introduzida no mercado. 7 Miguel Curt 1997 – O governo dos Estados Unidos aprova dezoito aplicações agrícolas provenientes da bio-tecnologia. 1999 – É desenvolvido o “arroz dourado” rico em beta-caroteno. 2000 – São colhidos 44 200 000 hectares na quinta safra de transgênicos no mundo. (James, 2000. ISAAA Briefs n° 21) 8 Miguel Curt PLANTAS GENETICAMENTE MODIFICADAS PLANTAS TRANSGÊNICAS 9 Miguel Curt A Planta Geneticamente Modificada apresenta uma alteração no seu genoma, geralmente pela adição de um gene exógeno, obtida através de hibridizações sucessivas ou por técnicas de engenharia genética. A Planta Transgênica apresenta no seu material cromossômico genes transferidos por biotecnologia. 10 Miguel Curt MELHORAMENTO GENÉTICO CONVENCIONAL: 1. Cruzamento Intraespecífico: entre cultivares da mesma espécie. 2. Cruzamentos Interespecíficos: entre os cultivares e espécies selvagens aparentadas. (milho, trigo, tomate, p.e.) 11 Miguel Curt Exemplo de cruzamento interespecífico visando a transferência de um gene de resistência à ferrugem da folha da espécie selvagem Avena sterilis para a espécie cultivada Avena sativa. Na geração F1 o híbrido mantém 50% do seu DNA proveniente de cada espécie. Selecionando-se os resistentes e submetendo-os a novos cruzamentos obtém-se uma nova variedade que conterá uma maior proporção do DNA da A. Sativa e alguns trechos do DNA da A. Sterilis incluindo o gene de resistência. 12 Miguel Curt MELHORAMENTO GENÉTICO POR INDUÇÃO DE MUTAÇÕES: 1. Por Agentes Químicos. 2. Por Radiações Ionizantes: a. Raios X. b. Raios Gama. c. Neutrons. (trigo, arroz, cevada, algodão, amendoim, feijão e mais 1800 cultivares) 13 Miguel Curt Exemplo de indução de mutação em sementes de trigo sem aristas submetidas à radiação gama. A análise dos descendentes permitiu a seleção de um mutante com aristas, que aumenta a superfície de fotossíntese e resulta em grãos com maior conteúdo de amido. (adapt. de Griffiths e cols., 1996) 14 Miguel Curt MELHORAMENTO GENÉTICO POR ENGENHARIA GENÉTICA: Através do isolamento, clonagem e inserção de genes exógenos. Estes genes são escolhidos e identificados com precisão, e apresentam função conhecida e desejada. 15 Miguel Curt 16 Miguel Curt Estrutura simplificada de um gene típico de organismos eucarióticos: PROMOTOR / SUPRESSOR EXON 1 INTRON EXON 2 Códon = seqüência de 3 nucleotídeos = unidade de informação genética. (1 códon = 1 aminoácido, 64 códons, 22 aa) Exon = seqüência codificadora da proteína. Intron = separadores. 17 Miguel Curt Isolamento de genes a partir de tecidos ou células. As moléculas de DNA são clivadas por endonucleases de restrição, gerando uma infinidade de fragmentos, que serão separados por eletroforese em gel. Os genes são, então, identificados, através de hibridização com sondas específicas, separados, e ligados a vetores de DNA (plasmídios). 18 Miguel Curt O gene transferido pode ser uma seqüência manipulada de DNA da própria espécie ou de uma outra espécie que apresente a característica procurada. A engenharia genética permitiu que a barreira à transferência genética entre espécies e mesmo entre reinos fosse ultrapassada, podendo ser transportados genes de vírus, bactérias, plantas ou animais. 19 Miguel Curt A transformação genética tornou possível, também, a remoção ou a inativação de genes indesejáveis, modificando assim rotas metabólicas específicas. Como exemplo, o gene para a enzima poligalacturonidase, que degrada pectinas, inibido em tomates faz com que os frutos permaneçam firmes por mais tempo. 20 Do mesmo modo genes que controlam substâncias tóxicas ou alergênicas podem ser inativados. Miguel Curt MÉTODOS DE TRANSFERÊNCIA GENÉTICA: 1. Sistema Agrobacterium: Utilizando-se de bactérias do solo, do gênero Agrobacterium, capazes de inserir os seus próprios genes no genoma da planta, provocando o aparecimento de tumores. 21 Miguel Curt Os genes transferidos estão codificados no DNA de um grande Plasmídio presente nas agrobactérias. Plasmídio é uma molécula de DNA extracromossômico com capacidade de duplicação autônoma. Apenas um segmento desse plasmídio, denominado T-DNA, é transferido à planta hospedeira, integrando-se ao seu genoma. 22 Miguel Curt A expressão dos genes da agrobactéria na planta leva à síntese de auxinas e citocinas (hormônios vegetais), responsáveis pelo crescimento de tumores, e à síntese de opinas (aminoácidos alterados) necessárias para a sobrevivência da bactéria. Removendo-se os genes responsáveis pelo crescimento tumoral e inserindo-se qualquer gene de interesse no seu lugar, pode-se, usando este sistema, transferir esta nova informação à planta. 23 Miguel Curt A Agrobacterium tumefaciens insere uma parte do seu plasmídio Ti, a região denominada T-DNA, no cromossomo da planta hospedeira, causando o tumor da galha. (adapt. de Griffiths e cols., 1996) 24 Miguel Curt Mapa de um plasmídio Ti de Agrobacterium tumefaciens. 25 Miguel Curt 2. Transferência Direta de Genes Para Protoplastos: Protoplastos são células vegetais das quais foram removidas as paredes celulares, restando apenas as membranas celulares. Para a transferência genética os protoplastos são incubados em soluções que contêm o material genético a ser incorporado e são submetidos a um pulso elétrico de alta voltagem. 26 Miguel Curt A corrente elétrica abrupta promove uma abertura temporária de poros na membrana celular, permitindo a penetração do material genético e a sua eventual integração ao genoma da célula vegetal. 27 Miguel Curt 3. Bombardeamento Com Microprojéteis: Consiste em aderir moléculas de DNA sobre micropartículas de ouro ou de tungstênio e, com o auxílio de um aparelho de pressão, acelerá-las em alta velocidade contra um tecido alvo. As partículas penetram a parede celular, o material genético incorpora-se ao genoma da planta e o vegetal é selecionado. 28 Miguel Curt Fragmentos de DNA com o gene de interesse são adsorvidos magneticamente à superfície de micropartículas de ouro. Estas são aceleradas, através de uma descarga de gás sob alta pressão, em direção às células alvo. Nas células o DNA liberado eventualmente integra-se ao cromossomo. As células transformadas são separadas e induzidas à regeneração da planta. 29 Miguel Curt A REGENERAÇÃO DAS PLANTAS: Independe do método utilizado. Para se obter plantas adultas, as células transformadas são cultivadas in vitro, em um meio de nutrientes e hormônios vegetais. Estas células podem seguir 2 caminhos: 30 Miguel Curt 1. Embriogênese Somática: Uma célula vegetal se multiplica organizando-se em uma estrutura semelhante ao embrião que existe em uma semente normal. 2. Organogênese: Várias células originam os diversos órgãos da planta (raízes, caule, folhas) sem passar pelo estágio de embrião. 31 Miguel Curt Embriogênese Somática em Soja: A. Embriões globulares em meio de cultivo B. Embriões desenvolvidos em meio de maturação. C. Plântulas regeneradas em meio de regeneração. 32 Miguel Curt O estado transgênico é revelado pela expressão do transgene inserido. A integração estável do gene exógeno e o número de cópias inseridas são confirmadas por análises de hibridização de DNA. A seguir as transgênicas são avaliadas em casas de vegetação, tendo como controles o genótipo original não transgênico. 33 Miguel Curt O teste final é a sua performance no campo. À semelhança dos cruzamentos convencionais, um grande número de exemplares é obtido, e é necessária a análise individual para que se identifique o melhor padrão. 34 Miguel Curt OBSERVAÇÕES FINAIS: As primeiras plantas transgênicas foram desenvolvidas em 1994 quando um gene codificante para a resistência à Kanamicina foi introduzido no tabaqueiro. O sucesso inicial extendeu a introdução genética exógena a mais de 120 espécies em 35 famílias de plantas ornamentais, medicinais, frutíferas, florestais e forrageiras (Birch, 1997). 35 Miguel Curt As culturas mais freqüentemente testadas foram: milho, tomate, soja, canola, batata e algodão. Os caracteres genéticos mais introduzidos foram: tolerância a herbicidas, resistência a insetos, qualidade do produto e resistência a vírus. O primeiro país a comercializar transgênicos foi a China, no início dos anos 90 (fumo e tomate resistentes a vírus). 36 Miguel Curt Em 1994, nos EEUU, iniciou a comercialização de um tomate de amadurecimento retardado. Em 1998 a soja tolerante a herbicida foi a cultura transgênica dominante (52%), seguida pelo milho resistente aos insetos (24%), a canola tolerante a herbicida (9%), o algodão resistente a insetos e a herbicida (9%) e o milho tolerante a herbicida (6%). (*) 37 Miguel Curt (*) O Glyphosato é um herbicida de largo espectro, de baixa toxicidade, seguro para o homem e para os animais, e que se degrada rapidamente no solo (tb o glufosinato e o bromoxynil). Assim tornando-se um cultivar resistente a este herbicida menos tóxico e de largo espectro, evita-se a aplicação de inúmeros outros herbicidas seletivos e de maior tóxicidade. 38 Miguel Curt Outros produtos agro-bio-tecnológicos desenvolvidos são: Pimenta de melhor sabor, textura e cor; Amendoin, Girassol, Soja e Canola com maior proporção de óleos insaturados; Batatas com menos manchas escuras e maior conteúdo de amido, o que reduz a absorção de óleo durante a fritura; 39 Miguel Curt Milho com maior teor de proteínas; Feijão resistente ao vírus do mosaico dourado; Mamão Papaia resistente ao vírus da mancha anelar; Laranja-Pera resistente ao cancro cítrico; 40 Miguel Curt Arroz, Citrange (Citrus híbrido), Álamo, Morango e Maçã com redução no tempo de florescimento, o que proporciona safras anuais extras; Amendoim hipoalergênico, pela remoção de 3 dos seus maiores alérgenos; Vacinas vegetais, como a recombinante da Hepatite B introduzida no genoma da Alface, a Raiva no Espinafre, a Hepatite B na Banana. 41 Miguel Curt BIBLIOGRAFIA: Zanettini, Maria Helena Bodanese, Profa. Dra. – Aula – Análise de Risco de Alimentos Derivados de Plantas Geneticamente Modificadas – Depto de Genética da UFRGS – em São Paulo em outubro de 2001. Zanettini, M. H. B., Profa. Dra.; Pasquali, Giancarlo, Prof. Dr. – Plantas Transgênicas, Uma Nova Ferramenta Para o Melhoramento Genético Vegetal – Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul – 2001. Borém, Aluízio, Prof. Dr. & Santos, Fabrício Rodrigues dos, Prof. Dr. – Biotecnologia Simplificada – Universidade Federal de Viçosa – MG – 2001. 42 Miguel Curt REFERÊNCIAS: Bongaarts, J. – Global Population Growth: Demographic Consequences of Declining Fertility. – Science 282: 419-420. 1998. Birch, R. G. – Plant Transformation: Problems and Strategies for Practical Application. – Annu. Rev. Plant Physiol. Plant Mol. Biol.. V48, p. 297-326, 1997. Griffiths, A. J. F.; Miller, J. H.; Suzuki, D. T.; Lewontin, R. C.; Gelbart, W. M. – An Introdudtion to Genetic Analysis. – 6th Ed. – W. F. Freeman and Co, New york, 915 p., 1996. 43 Miguel Curt James, C. – Global Review of Commercialized Transgenic Crops: 1998. Briefs No. 8. ISAAA: Ithaca, NY. 1998. James, C. & Krattiger, A. F. – Global Review of the Field Testing and Commercialization of Transgenic Plants, 1986 to 1995: The First Decade of Crop Biotechnology. ISAAA Briefs No. 1. ISAAA: Ithaca, NY. pp 31. 1996. CIB – Conselho de Informações sobre Biotecnologia: www.cib.org.br. 44 Miguel Curt