ARRUDA é carioca, psicanalista, escri- tora e

L ucia M aria C hataignier de
A rruda é carioca, psicanalista, escritora e roteirista. Este é o sexto livro
de uma escritora que desde criança
dá asas à sua imaginação através, de
contos, romances e poesia, tendo ganho inclusive, seu primeiro prêmio
literário aos dezessete anos de idade.
Elogiada pela Academia Brasileira de
Letras e por produtores e diretores
de cinema, ela apresenta, neste atual
livro, uma homenagem ao nordestino, mutante e itinerante na sua busca
pela justiça e felicidade.
— A história só existe, Miguel, qualquer uma delas,
quando é contada e repetida de boca pra boca,
como já te disse. Ninguém pode apagar aquilo que
é contado, cantado e confiado. Principalmente num
lugar onde só se via o mundo, pelas histórias. Pois
bem: num tempo que não tem tamanho, a história
vem lá dos começos do mundo, de um povo do
estrangeiro, de onde veio um dos nossos. Nunca
esqueci o nome do lugar: Roma! Pois bem: os romanos acreditavam que entre o mundo dos vivos e
o mundo dos mortos havia uma fronteira.
— “Fronteira”, que coisa estranha, vó Céu! E a
gente morava em Fronteiras!
— Nada é coincidência, Miguel. Sempre existirá
uma fronteira. Criada ou acreditada.
Esta é a história de Miguel, um
menino nascido no interior do sertão
do Piauí e que depois de sofrer perdas e sustos, foi levado pelas mãos de
sua avó Maria do Céu, a uma viagem
de aprendizado e magia em direção
às terras de sua origem, o Morro
Cabeça no Tempo. No decorrer da
viagem, o tempo corrompe a lógica e
torna-se capaz de parar para sonhar e
acelerar para crescer mais rápido. No
percurso, menino torna-se homem
e avó se transmuta em pó, não sem
antes lhe haver passado todas as suas
lendas e história. Miguel conhece,
no caminho, pessoas curiosas, maldosas, até achar um companheiro de
viagem que o seguirá na sua jornada
e lhe passará o saber dos livros, pelos quais se encanta, identificando-se
com Dom Quixote e passando a fazer de cada experiência uma lição de
vida e forjando a sua missão de justiça para todos. Sanidade e loucura.
Fantasia e realidade. Onde estão suas
fronteiras?