RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS LACUSTRES CONSIDERAÇÕES GERAIS # Somente a eliminação de todas as fontes externas de nutrientes não é o suficiente para que ecossistemas lacustres, em adiantado estágio de eutrofização original, retornem através de mecanismos próprios, à estabilidade ecológica original. # O retorno dos ecossistemas lacustres ao seu estado ecológico original, constitui-se numa tarefa tecnicamente difícil. # Para promover o retorno destes ecossistemas à condição ecológica próxima da original, deve-se promover o estabelecimento de um programa de pesquisa individualizado. CONSIDERAÇÕES GERAIS # A recuperação de ecossistemas lacustres pode ser motivada por diferentes razões, tais como: • Melhoria da paisagem. • Utilização do ecossistema como área de lazer. • Obtenção de água potável (através da retirada de algas que produzem sabor e odor desagradáveis). • Fins de aquicultura. • Fins políticos (para políticos e administradores, a nível regional e nacional, mostrarem que fazem alguma coisa pela melhoria do ambiente). CONSIDERAÇÕES GERAIS # Um lago eutrofizado artificialmente apresenta excesso de energia acumulada. # A recuperação de lagos eutrofizados deve se dar no sentido de eliminar o excesso de energia através da redução da concentração de nutrientes e compostos orgânicos neles lançados. # Para tanto, a primeira e indispensável medida é o controle das fontes geradoras de eutrofização artificial na bacia de drenagem. # Caso contrário, dificilmente as medidas de recuperação terão sua eficácia garantida. CONSIDERAÇÕES GERAIS # Existem três métodos recuperação de lagos: básicos para controle da eutrofização e a) Métodos físicos b) Métodos químicos c) Métodos biológicos. # Para a escolha do método mais apropriado para a recuperação de um determinado lago, é necessário que este seja submetido primeiramente a intenso programa de pesquisas visando um diagnóstico preciso. # O método será escolhido em função dos resultados obtidos nestas pesquisas. # Em muitos casos se torna necessária a combinação de mais de um método de recuperação para que o lago seja deseutrofizado. MÉTODO FÍSICO # Retirada Seletiva de Massas d ‘Água # Baseia-se na retirada da massa d’água que compreende o hipolímnio. # A retirada da água é feita por mangueiras que têm uma de suas extremidades colocadas pouco acima do sedimento e a outra fora do lago. # A saída da mangueira deve ocorrer um pouco abaixo do nível d’água, para que uma auto-regulação do nível seja possível. # Para o emprego deste método, duas exigências devem ser atendidas: 1. Existência de condições morfológicas para que se possa estabelecer o princípio dos vasos comunicantes. 2. Alta taxa de renovação da água. DINÂMICA DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO # Hipolímnio – camada profunda de um lago (abaixo do termoclina). → Não recebe influência de águas superficiais → Possui um gradiente de temperatura relativamente fraco # Clinogrado – diminuição de oxigênio dissolvido à medida que aumenta a profundidade. Geralmente regiões mais profundas apresentam-se em hipóxia (ou anóxia). MÉTODO FÍSICO # O processo de retirada seletiva da massa d’água proporciona o escoamento da água mais fria, rica em nutrientes e pobre ou mesmo destituída de oxigênio. # Esta água é substituída por outra, mais pobre em nutrientes e com níveis mais elevados de saturação de oxigênio. # Desta maneira, a dinâmica de energia, nutrientes e o oxigênio do lago é fortemente influenciada. MÉTODO FÍSICO # As consequências principais do tratamento através deste método são: 1. Redução do tempo de permanência da água no hipolímnio, com redução da taxa de decomposição. 2. Estabelecimento de menor gradiente de temperatura entre o hipolímnio e o epilímnio, com consequente redução do período de estratificação térmica. 3. Redução da concentração de fósforo e nitrogênio, o que também reduz o efeito da “fertilização interna”. 4. Aumento da concentração do oxigênio no hipolímnio. 5. Estabelecimento das condições oxidativas na interface água-sedimento. MÉTODO FÍSICO # AERAÇÃO # A recuperação de um lago por meio de aeração pode ocorrer de duas maneiras principais: 1. Por meio da introdução de ar comprimido no hipolímnio. 2. Por areação de toda a coluna d’água. # Seu princípio baseia-se na instalação e manutenção de condições aeróbias do hipolímnio. MÉTODO FÍSICO # RETIRADA DE SEDIMENTO POR SUCÇÃO # Parte do princípio de que o sedimento é o principal reservatório de nutrientes do ecossistema. # Mecanismo eficiente para reduzir a “fertilização interna”. # Os altos custos constituem um dos principais empecilhos para o emprego deste método. MÉTODO FÍSICO # RETIRADA DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS # Em muitos lagos rasos, a principal consequência da eutrofizaçâo artificial é o aumento exagerado das comunidades de macrófitas aquáticas. # Em decorrência do crescimento destas comunidades, observa-se rápida redução de profundidade média do lago e a redução da sua qualidade como área de lazer, especialmente banho e esportes náuticos. # O método mais eficaz para eliminação das comunidades de macrófitas aquáticas é a sua remoção, que consiste na retirada da biomassa aérea e subterrânea. MÉTODO FÍSICO # RETIRADA DE BIOMASSA PLANCTÔNICA # Pode ser feita através de micropeneiras ou por centrifugação de grandes volumes d’água (durante a floração de algas). # SOMBREAMENTO # Viável em pequenos corpos d’água (redução da radiação solar incidente). 1. Utilização de anteparos (colocados nas margens ou sobre a superfície da água). 2. Corantes. 3. Árvores (plantadas nas margens). MÉTODO FÍSICO # REDUÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA DA ÁGUA # O aumento do fluxo de água, visando reduzir o seu tempo de residência, tem efeitos diretos na redução da biomassa de algas. # Uma condição básica para o emprego deste método é a disponibilidade de água para tal fim. # O controle e fluxo de água que entra no lago deve ser preciso, visando minimizar os efeitos negativos do excesso de biomassa de algas a jusante. MÉTODO QUÍMICO # Oxidação química do sedimento # O princípio deste método se baseia na oxidação do sedimento por meio de agentes químicos. # Para tanto, primeiramente o sedimento é revolto através da injeção de ar comprimido e, então, os produtos que irão oxidá-lo são injetados. # As desvantagens principais deste método são: 1. Caso a desnitrificação não seja eficiente, o nitrato introduzido pode produzir efeito contrário aos desejados. 2. Através do desprendimento de bolhas de gases (H2S, N2, ar) pode ocorrer mistura da massa d’água e, com isto, nutrientes, podem alcançar a zona eufótica. MÉTODO QUÍMICO # Emprego de herbicidas # Dentre os inúmeros herbicidas disponíveis no mercado brasileiro, o sulfato de cobre é o mais utilizado no controle do crescimento de algas e o menos danoso para outras comunidades aquáticas. # Tem-se observado a redução de eficiência do sulfato de cobre no caso daqueles ecossistemas em que foram feitas repetidas aplicações. # Mais recentemente oxidocloreto de cobre tem sido apontado como mais eficiente no controle de algas e menos tóxico para invertebrados e vertebrados aquáticos. MÉTODO QUÍMICO # Floculação # A floculação de compostos suspensos na água, inclusive algas, é uma técnica muito antiga para deseutrofizar lagos. # Um dos meios mais empregados para este fim é a pulverização da água com compostos como sulfato de alumínio ou sais de ferro, cálcio ou zinco. # O efeito do agente floculante dá-se de duas maneiras: 1. Precipitação direta de algas com o agente químico 2. Precipitação dos nutrientes (como o fosfato). MÉTODO QUÍMICO # Inativação de nutrientes por precipitação # Tratando-se de pequenos corpos d’água, onde o fosfato é o principal fator responsável pelo aumento de biomassa de algas, a adição de compostos, como sulfato de alumínio, tem-se mostrado muito eficiente. # O efeito do sulfato de alumínio pode se dar: (a) Através da retirada do fosfato da coluna d’água. (b) Controlando a sua liberação do sedimento. # Embora a retenção de fosfato no sedimento no início do tratamento seja muito efetiva tem-se observado intensa liberação deste íon do sedimento no decorrer dos anos subsequentes à aplicação. MÉTODO QUÍMICO # Cobertura de sedimentos # A cobertura do sedimento por material com profundidades de adsorver nutrientes, como a argila, pode ser considerada como uma alternativa simples e barata. # Com esta medida a “fertilização interna” é fortemente reduzida e uma recuperação das qualidades do meio pode ser obtida. MÉTODO BIOLÓGICO # O controle biológico tanto de algas como de macrófitas aquáticas pode ser realizado através de dois processos básicos: • Através da atuação de herbívoros • Atuação de agentes patogênicos (muito embora, em certos casos, o parasitismo possa ser considerado). # Dentre os organismos que têm significativo efeito na eliminação de biomassa vegetal em ecossistemas lacustres destacam-se: 1. Zooplâncton 2. Moluscos 3. Peixes. MÉTODO BIOLÓGICO # Entre os moluscos, caramujos Pomacea australis e Alfarisa cornuarietis têm sido as espécies mais consideradas no controle de macrófittas aquáticas. MÉTODO BIOLÓGICO # Entre os peixes, a carpa e a tilápia são as mais utilizadas no controle de plantas aquáticas, especialmente de macrófitas aquáticas. Estes herbívoros podem atuar de duas maneiras: 1. Predando os vegetais 2. Revolvendo o sedimento (aumentando a turbidez da água que, por sua vez, reduz a penetração de luz, dificultando o crescimento de macrófitas submersas e algas). MÉTODO BIOLÓGICO # Embora teoricamente viável, o emprego destes animais não tem mostrado bons resultados, por dois motivos principais: 1. A liberação de nutrientes pelo revolvimento do sedimento tem causado efeitos contrários, como o aumento da biomassa de algas. 2. São eficazes competidores, causando sérios prejuízos à fauna ictiológica nativa. # A utilização de agentes patogênicos como fungos, bactérias e vírus é (teoricamente) um possível meio de controlar o crescimento de algas e macrófitas aquáticas.