depresión infantil

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DEPRESIÓN INFANTIL: CONSIDERACIONES TEÓRICAS
CHILDHOOD DEPRESSION: THEORETICAL CONSIDERATIONS
DEPRESSÃO INFANTIL: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
Priscilla Cristhina Bezerra de Araújo* Gessica Raquel Clemente Rodrigues** Hedyanne Guerra
Pereira** Maihana Maíra Cruz Dantas*** Luciana Carla Barbosa de Oliveira**** Eulália Maria
Chaves Maia*****
*Psicóloga do Hospital de Pediatria Professor Heriberto Bezerra da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (HOSPED/UFRN). Especialista em Psicologia da Saúde: Desenvolvimento e
Hospitalização (UFRN). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN.
Preceptora da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do HOSPED/UFRN. Brasil.
**Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Bolsista
Voluntária de Iniciação Científica da Base de Pesquisa Grupos de Estudos Psicologia e Saúde (GEPS)
da UFRN. Natal-RN, Brasil.
***Psicóloga pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Especialista em Psicologia
da Saúde: Desenvolvimento e Hospitalização (UFRN). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia da UFRN. Natal-RN, Brasil.
****Psicóloga do Hospital de Pediatria Professor Heriberto Bezerra da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (HOSPED/UFRN). Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
da UFRN. Especialista em Psicologia da Saúde: Desenvolvimento e Hospitalização. Pesquisadora do
Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde (GEPS) da UFRN. Tutora da Residência Integrada
Multiprofissional em Saúde do HOSPED/UFRN. Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de
Ciências, Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte. Natal/RN, Brasil.
*****Psicóloga. Professora do Departamento de Psicologia e dos Programas de Pós-Graduação
Psicologia e em Ciências de Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Doutora
Psicologia Clinica pela Universidade de São Paulo (USP). Líder da base de Pesquisa Grupo
Estudos: Psicologia e Saúde (GEPS) da UFRN. Tutora da Residência Integrada Multiprofissional
Saúde do HOSPED/UFRN. Natal-RN, Brasil.
em
em
de
em
[email protected]
Depresión, Niños, Tratamiento, Psicopatología.
Depression, Children, Treatment, Psychopathology.
Depressão, Criança, Tratamento, Psicopatologia
RESUMEN:
El objetivo de este trabajo es presentar algunas consideraciones teóricas acerca de la depresión
infantil, para permitir una reflexión sobre el fenómeno de la psicopatología que han sido cada vez
más común y recurrente en la sociedad actual. Para ello se basó en la literatura sobre el tema en
revistas en línea. Se encontró que la depresión se caracteriza por una alteración del estado de
ánimo, que suele ir acompañada de síntomas físicos y mentales que interfieren con el pensamiento,
sentimiento y acción de los individuos. Para que los niños los síntomas varía con la edad, los niños
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más pequeños tienden a tener más síntomas somáticos es mayor, ya medida que crece por lo
general comienza a mostrar los síntomas más típicos de los adultos, tales como el aislamiento , la
culpa y el llanto. Las causas de la aparición de la depresión en esta etapa temprana de la vida son
multifactoriales, influenciado tanto por los antecedentes genéticos, sociológicos y psicológicos. Dado
que el incremento podría ser precipitada por factores de la propia personalidad del niño, así como
problemas a largo plazo y la familia. El tratamiento de niños con depresión es que tan pronto como
sea posible, a fin de evitar un mayor compromiso con su salud y calidad de vida. Por lo tanto, es
fundamental que los que están en contacto frecuente con el público joven, como padres, profesores
y profesionales de la salud son conscientes de la depresión infantil y son cuidadosos para
identificarlo y tratarlo.
ABSTRACT:
The objective of this paper is to present some theoretical considerations about childhood depression,
to allow reflection on the phenomenon of psychopathology who have been increasingly common and
recurrent in today's society. To do so was based on a literature on the subject in journals online. It
was found that depression is characterized by mood disturbance, which is often accompanied by
physical and mental symptoms that interfere with thinking, feeling and action of individuals. For
children to symptoms varies with age, with the smaller children tend to have more somatic
symptoms is greater, and as it grows generally begins to show symptoms more typical of adults,
such as isolation , guilt and tearfulness. The causes of the onset of depression at this early stage of
life are multifactorial, influenced by both genetic, sociological and psychological background. Since
the rise could be precipitated by factors in the child's own personality, as well as long-term problems
and family. Treatment for children with depression is to be as early as possible, in order to avoid a
greater commitment to their health and quality of life. So it is critical that those who are in frequent
contact with this young audience, as parents, teachers and health professionals are aware of child
depression and are careful to identify it and treat it.
RESUMO:
O objetivo deste trabalho é apresentar algumas considerações teóricas acerca da depressão na
infância, de modo a permitir uma reflexão sobre este fenômeno psicopatológico que têm sido cada
vez mais comum e recorrente na sociedade atual. Para tanto foi realizado um levantamento
bibliográfico a respeito do tema em periódicos online. Foi constatado que a depressão é
caracterizada pela perturbação do humor, que em geral é acompanhado por sintomas físicos e
mentais, que interferem na forma de pensar, sentir e agir dos indivíduos. No caso das crianças a
sintomatologia apresentada varia de acordo com a idade, sendo que quanto menor é a criança a
tendência de apresentar mais sintomas somáticos é maior; e à medida que esta cresce em geral
passa a apresentar sintomas mais típicos dos adultos, como isolamento, culpa e choro fácil. As
causas do surgimento da depressão nesta fase inicial da vida são multifatoriais, de ordem genética,
sociológica e antecedentes psicológicos. Sendo que o surgimento poderia ser precipitado por fatores
da própria personalidade da criança, assim como por problemas de longa duração e familiares. O
tratamento para crianças que se encontram com depressão deve ser o mais precoce possível, para
que se evite um maior comprometimento de sua saúde e qualidade de vida. Assim é de suma
importância que os que estão em contato freqüente com este público infantil, como pais, professores
e profissionais da saúde, tenham conhecimento da depressão infantil e estejam atentos para
identificá-la e tratá-la.
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DEPRESIÓN INFANTIL: CONSIDERACIONES TEÓRICAS
Introdução
Considerando a importância do estudo sobre a depressão infantil para a psicologia, assim
como o crescente interesse por este tema, este estudo tem como objetivo apresentar algumas
considerações teóricas acerca da depressão na infância, de modo a permitir reflexões sobre este
fenômeno psicopatológico que têm sido cada vez mais comum e recorrente na sociedade atual. Para
tanto foi realizado um levantamento bibliográfico a respeito do tema na BVS (Biblioteca Virtual em
Saúde), no período de 27 de novembro de 2011 a 19 de dezembro de 2011.
Pode-se afirmar que os estados depressivos encontram-se em todas as culturas não sendo
fenômeno social próprio de uma determinada sociedade. Contudo a manifestação da depressão pode
variar de uma cultura para outra ou mesmo dentro de uma mesma cultura, sendo que significados
diferentes podem ser atribuídos a uma mesma realidade. Mas existem algumas manifestações que
são comuns em todas as culturas e em todos os países, como a disforia, a diminuição psíquica e
motora, as perturbações de sono e do apetite e, principalmente o elemento tristeza (1).
Desde meados do século XVIII a depressão tem sido encontrada tanto em crianças como em
adolescentes. Contudo até a década de 1960, a depressão infantil não era reconhecida (2). Esta foi
se tornando alvo de investigação apenas a partir da década de 70, sendo que desde esta época
passou a despertar maior interesse e preocupação dos profissionais de saúde. Isto pelo fato desta
patologia causar comprometimentos importantes nas funções sociais, emocionais e cognitivas,
interferindo no desenvolvimento infantil, de forma a afetar não só a criança, mas também sua
família e o grupo com o qual se relaciona (3).
Contudo apesar da depressão infantil ter sido reconhecida apenas recentemente, ela vem
alcançando níveis epidemiológicos preocupantes, com taxas de prevalência-ano em crianças entre
0,4 a 3,0%, e nos adolescentes de 3,3 a 12,4%, sendo que atualmente já é considerada um
problema de saúde pública. É possível se observar também um aumento crescente da prevalência e
um início cada vez mais precoce (4).
Existem duas linhas de pensamento para caracterizar a depressão em crianças, sendo uma
delas de caráter unicista, em que a enfermidade seria igual entre as crianças, os adolescentes e os
adultos, utilizando-se do DSM-IV e CID-10 como forma de diagnóstico dessa patologia, e a outra
que valoriza a maturidade da criança para referir-se aos sintomas da depressão infantil (5). Para
alguns estudiosos os episódios depressivos na infância incidem na mesma proporção do que nos
adultos (5), para outros como a depressão na criança não é igual a do adulto, trata-se de entidades
psiquiátricas distintas, os sintomas são similares, contudo o processo subjacente é diferente (6).
Depressão Infantil
Não se tem um consenso quanto à definição de depressão infantil, mas pode se afirmar que
se trata de um distúrbio que sofre influência de variáveis, biológicas, psicológicas e sociais. Sendo
que da perspectiva biológica pode ser vista como uma provável disfunção dos neurotransmissores
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graças à herança genética, à anormalidade e/ou a falhas em áreas cerebrais específicas. Já do ponto
de vista psicológico a depressão pode estar ligada a alguns aspectos da personalidade que se
encontram comprometida, a ausência de autoconfiança e baixa autoestima. E do ponto de vista
social, pode ser vista como uma inadaptação ou pedido de socorro, podendo ser consequência de
aspectos culturais, familiares ou escolares (5).
De acordo com O Manual Estatísticos para Doenças Mentais (DSM IV), que é o manual que é
freqüentemente empregado no diagnóstico de transtornos mentais, a depressão infantil é
semelhante à depressão no adulto, de forma que os mesmos critérios de diagnósticos de depressão
no adulto podem ser utilizados para avaliar a depressão na criança. Conforme esse manual, os
sintomas de depressão são: humor deprimido na maior parte do dia, falta de interesse nas
atividades diárias, alteração de sono e apetite, falta de energia, alteração na atividade motora,
sentimento de inutilidade, dificuldade para se concentrar, pensamentos ou tentativas de suicídio (7).
A depressão como é assim um sofrimento psíquico e/ou dor moral desencadeado por uma
situação ou um acontecimento desagradável que interfere significamente na diminuição da qualidade
de vida, na produtividade e capacitação social do indivíduo (8). Ela pode se apresentar tanto como
um sintoma, quando o afeto é a tristeza, ou como uma síndrome ou transtorno, quando apresenta
um grupo de sintomas que aparecem juntos, sendo que a tristeza faz parte desta gama de
problemas, que pode vir acompanhado ainda de perda de interesse nas atividades, sentimento de
desvalia, perturbações do sono, mudanças do apetite, entre outros sintomas (9).
A manifestação da depressão ocorre por meio de sintomas emocionais, como o desânimo,
baixa auto-estima e desinteresse em atividades prazerosas; assim como através dos sintomas
cognitivos, como pessimismo e desesperança; motivacionais, como apatia e aborrecimento; e por
meio dos sintomas físicos, tais como perda de apetite, dificuldades em dormir e perda de energia
(10).
Principais Características da Depressão
A sintomatologia da depressão infantil é múltipla, heterogênea e específica. Mesmo
apresentando algumas semelhanças com a depressão no adulto, a depressão infantil possui
características próprias e alguns dos seus sintomas aparecem muitas vezes “mascarados” (1).
Os sintomas depressivos na infância variam de acordo com a faixa etária da criança e, como
esta ainda não consegue descrever seus sentimentos verbalmente, é preciso que sejam observadas
as formas de comunicação pré-verbal, tais como a expressão facial, produções gráficas, súbitas
mudanças de comportamento e postura corporal, entre outras (11). E quanto menor for a criança
mais somáticos são os sintomas apresentados e mais a irritabilidade está presente; sendo que à
medida que ela cresce, poderá apresentar mais sintoma típico dos adultos, como, por exemplo:
isolamento, culpa choro fácil, pensamento suicida, anedonia (9).
No geral o comportamento de uma pessoa com depressão se caracteriza por inibição motora
ou retardo psicomotor, pensamento lentificado, fala diminuída, dificuldades na realização das suas
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atividades laborais, perda da concentração/déficit de atenção, possíveis falhas na memória. Toda
esta sintomatologia pode configurar prejuízos no funcionamento motor, emocional e cognitivo do
indivíduo (2).
Os sintomas apresentado pelas crianças com depressão podem ser especificados conforme a
fase de desenvolvimento destas. Em crianças pré-escolares (idade máxima entre seis e sete anos),
as manifestações clínicas mais comuns são os sintomas físicos, tais como dores (principalmente de
cabeça e abdominais), fadiga e tontura. As queixas de sintomas físicos são seguidas por ansiedade
(especialmente
ansiedade
de
separação),
fobias,
agitação
psicomotora
ou
hiperatividade,
irritabilidade, diminuição do apetite, e alterações do sono. Sendo que o prazer de brincar ou ir para
a pré-escola geralmente diminui ou desaparece (12).
Já em crianças escolares (idade entre seis a sete anos até doze anos), o humor depressivo já
é possível ser verbalizado e é freqüentemente relatado como tristeza, irritabilidade ou tédio. As
crianças apresentam no geral aparência triste, choro fácil, apatia, fadiga, isolamento, declínio ou
desempenho escolar fraco, podendo chegar à recusa escolar, ansiedade de separação, fobias e
desejo de morrer. Elas também podem relatar queixas somáticas como perda de peso, insônia e
sintomas psicóticos (alucinações auditivas depreciativas e, menos freqüentemente, delírios de culpa
e pecado). É comum a criança se sentir sem amigos, e acreditar que as outras crianças não gostam
dela ou apresentar um apego exclusivo e excessivo a animais. Na maioria das vezes são os
professores que percebem primeiro as modificações no comportamento da criança, que são
decorrentes da depressão (12).
Em adolescentes (idade a partir de doze anos) a depressão se manifesta de forma
semelhante ao dos adultos. Os adolescentes com depressão não estão sempre tristes, eles se
mostram principalmente irritáveis e instáveis, podendo ocorrer crises de explosão e raiva em seu
comportamento. Cerca de mais de 80% dos jovens deprimidos apresentam humor irritado, perda de
energia, apatia e desinteresse importante, retardo psicomotor, sentimentos de desesperança e
culpa, perturbações do sono, principalmente hipersonia, alterações de apetite e peso, isolamento e
dificuldade de concentração. Outras características presentes nesta fase são o prejuízo no
desempenho escolar, a baixa auto-estima, as idéias e tentativas de suicídio e graves problemas de
comportamento, especialmente o uso abusivo de álcool e drogas (12).
O deprimido sente uma dupla incapacidade: a primeira se direciona a si próprio, pois muitas
vezes se identifica como inútil e incapaz; a segunda é vem do seu ambiente social, o qual que lhe
convida a todo o instante a reagir, como se essa reação dependesse essencialmente dele e, desta
forma, passa também a pensar que todos o consideram como incapaz (13). Os sinais da depressão
infantil são, portanto, variados e nenhum deles deve ser considerado isoladamente, sendo
necessário analisar sua conjunção (3).
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Fatores de Risco
Os fatores de risco e predisponentes da depressão podem ser multifatoriais: genéticos,
sociológicos e antecedentes psicológicos. A depressão infantil pode também ser precipitada por
problemas e estressores de longa duração, assim como por fatores de personalidade (9).
Com freqüência os estudos vêm sugerir que o adoecimento depressivo das crianças está
ligado com a depressão dos seus pais por meio de vários mecanismos, como: um efeito direto da
genética no sistema que regula o humor; outros efeitos genéticos que são mediados por fatores
como o temperamento da criança, que aumenta indiretamente o risco de depressão; outro
mecanismo seria os sintomas dos pais que afetaria o ambiente e a criação de seus filhos, e ainda
fatores ligados a circunstancias sociais (9). Contudo mesmo sendo um aspecto importante para o
surgimento da depressão, a hereditariedade não é o determinante único no aparecimento desta
patologia, pois a predisposição genética soma-se às condições adversas da realidade externa nos
casos não só da depressão, mas também de outras patologias mentais (3).
Quanto às condições sociais e à configuração familiar, as pessoas que vivem em condições
socioeconômicas desfavoráveis, possuem maior risco de desenvolver patologias físicas e mentais. A
miséria social crônica favoreceria assim o aparecimento da depressão (14).
As interações familiares de baixa qualidade são também um fator de risco para o
aparecimento de sintomas depressivos. A violência, por exemplo, que se encontra dentro das
relações familiares, pode incitar a depressão na criança, pois é grande o potencial de impacto destas
situações numa fase da vida em que as emoções ainda estão se desenvolvendo e se consolidando.
Para a criança, pode ser muito desastroso ter que lidar com experiências com tamanha carga
emocional, em que se está ameaçada a sua integridade física ou de quem ama (15). Além disto,
para uma criança com características emocionais já instáveis, como é o caso da que possui
depressão, crescer em um ambiente violento pode ser ainda mais danoso, sendo um solo fértil a
outras vitimizações (16).
Portanto, a presença de dificuldades na dinâmica familiar seria um fator de risco para a
depressão, que poderia contribuir para o desenvolvimento de sintomas depressivos na criança, bem
como para a manutenção dos sintomas. Mas por outro lado, um contexto familiar em que as
relações são saudáveis, caracterizadas pelo suporte e pelo apoio afetivo, pode ser de suma
importância na recuperação de uma criança com depressão. Assim as boas relações familiares
assumem um caráter de proteção, pois previnem que as crianças desenvolvam problemas
psicológicos e, caso estes surjam, são capazes de ajudá-los na sua recuperação (17).
Outro fator de risco são os problemas de sono, pois ele pode ser tanto um sintoma de uma
psicopatologia infantil ou de um estressor significante na vida da criança, como a psicopatologia
pode resultar do sono insuficiente e da consequente fadiga ou por ele ser exacerbada. Portanto é
importante que se observe a essência do papel que cada variável assume nesta relação. Pois por um
lado, os esquemas cognitivos presentes na depressão infantil, como a percepção negativa de si
mesmo e dos outros, faz com que o estado de vigília aumente, interferindo assim com o início do
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sono ou com a manutenção do mesmo, podendo desencadear problemas de sono. Por outro lado, a
insônia poderá desencadear os determinantes da depressão (10).
Alguns estudiosos realizaram um estudo para avaliar a prevalência dos distúrbios do sono na
idade escolar e analisar a associação desses distúrbios com o surgimento de psicopatologias. O que
eles encontraram foi que o aumento da prevalência da depressão, hiperactividade e outras
desordens psiquiátricas em crianças e adolescentes podem de certa forma, ser o resultado de
problemas de sono precoces. Assim o que fica claro é que indivíduos com distúrbio do sono se
encontram em maior risco de desenvolver perturbações do humor e por isso necessitam de
acompanhamento e tratamento (18).
Comorbidades
Existem grandes dificuldades concernentes ao diagnóstico, pois a depressão traz a presença
de comorbidades e os sintomas manifestam-se muitas vezes de forma mascarada, sendo mais
freqüentes as seguintes comorbidades: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, baixa
auto-estima, tristeza, medo, distúrbios do sono e baixo rendimento escolar. Além disso, sintomas
somáticos também podem estar associados (19).
Bahls também afirma que a depressão infantil costuma apresentar altas taxas de
comorbidade, segundo ele as mais comuns são: transtorno de ansiedade, de conduta, desafiador
opositivo e de déficit de atenção. O aparecimento desses transtornos aumenta a severidade da
depressão, assim como sua presença costuma indicar uma evolução mais grave e um prognóstico
mais pobre (12). Existem manifestações de depressão mascarada que podem ser identificadas por
meio de sintomas psicofisiológicos, como perda de apetite, dor de cabeça, alergias, asma e
encoprese (5).
Geralmente os pediatras são procurados pelos pais por problemas que à primeira vista não
são diagnosticados como depressão, mas que muitas vezes já são comorbidades. As principais
queixas orgânicas são: cefaleia, dores abdominais e diarreia, aparecem também à falta de apetite
ou apetite exagerado, insônia, irritabilidade, agressividade ou passividade exagerada, choro sem
razão aparente, dificuldades cognitivas, comportamento antissocial, ideias ou comportamentos
suicidas (3).
Diagnóstico e Tratamento
Realizar o diagnóstico de depressão em crianças não é fácil, na medida em que crianças e
adolescentes não conseguem identificar ou nomear os sintomas que aparecem de maneira
multifacetada (20). E pelo fato delas não serem ainda capaz de descrever seus sentimentos
verbalmente, é necessário que se observe as formas de comunicação pré-verbal, tais como a
expressão facial, produções gráficas e súbitas mudanças de comportamentos e postura corporal. É
necessário analisar a conjunção dos sinais e a durabilidade dos episódios e não somente olhá-los
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isoladamente. É preciso que se atente ainda para o fato que a depressão não é doença apenas na
criança quieta e desanimada, as manifestações da doença podem estar também na criança
agressiva e hiperativa (3).
O pediatra possui um papel importante na avaliação da criança, pois o reconhecimento das
manifestações iniciais da doença favorece o prognóstico, possibilitando a prevenção de múltiplos
transtornos
maiores.
Pois
pelo
fato
da
depressão
interferir
diretamente
nas
fases
de
desenvolvimento infantil, é muito importante o diagnóstico precoce e o tratamento adequado ainda
nessa fase inicial da vida, já que as repercussões da doença são graves e sérias (20).
No que se refere ao processo de realização de classificação para o diagnóstico da depressão
têm-se O Manual Estatísticos para Doenças Mentais (DSM-IV), o qual requer, para a definição de
depressão maior, os aspectos abaixo relacionados, independentemente da idade (21):
*Cinco ou mais dos seguintes sintomas, durante duas semanas, sendo pelo menos um deles humor
deprimido ou perda do interesse ou prazer: humor deprimido quase todos os dias; acentuada
diminuição do prazer; perda ou ganho de peso (mais de 5% em 1 mês); insônia ou hipersonia;
agitação ou retardo psicomotor; fadiga ou perda de energia; sentimento de inutilidade ou culpa
excessiva; diminuição da capacidade de pensar; pensamentos de morte recorrentes; ideação suicida
sem plano específico ou tentativa.
*Os sintomas não satisfazem os critérios para episódio misto.
*Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo do funcionamento social.
* Os sintomas não se devem a efeito de substâncias ou condição médica geral.
*Os sintomas não são mais bem explicados por luto.
Existe também o CID-10 (Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento) que
para crianças e o adolescente inclui a categoria transtorno depressivo de conduta, que é a
combinação de transtorno de conduta na infância (F 91.-) com persistente e marcante depressão do
humor (F 32.-), evidenciada por sintomas como sofrimento excessivo, perda de interesse e prazer
em atividades usuais, autorecriminação e desesperança; perturbações do sono ou apetite também
podem estar presentes (22). Alguns requisitos são:
*Os critérios gerais para transtornos de conduta (F 91) devem ser satisfeitos.
*Os critérios gerais para transtorno de humor (afetivos ou F 30-39) devem ser satisfeitos.
É preciso que se tenha cuidado ao fazer o diagnóstico de depressão infantil, pois muitos
sintomas nem sempre são sinais de uma “depressão mascarada”, sendo necessário que se considere
os aspectos pertinentes ao processo de desenvolvimento infantil. E se tenha, portanto um olhar um
olhar mais cauteloso e crítico diante da criança, já que um diagnóstico incorreto implica em
orientação, encaminhamento e intervenções inadequadas (3).
No que diz respeito ao tratamento este deve ser o mais precoce possível. Deve-se fazer a
avaliação da sintomatologia depressiva e as possíveis associações: diagnóstico, falhas na educação,
prejuízo no funcionamento/psicossocial, transtornos psiquiátricos. Se a depressão for leve, devemse realizar encontros regulares, com discussões compreensivas com a criança e seus pais, dando
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suporte para aliviar o estresse e melhorar o humor. Já se a depressão for severa, deve-se indicar
um tratamento mais focado e, ocasionalmente, internação, se necessária (9).
No tratamento da depressão em crianças e adolescentes, além do paciente, deve fazer parte
do plano de tratamento a família e o ambiente social, especialmente o escolar, incluindo aspectos
multidisciplinares e multimodais de abordagem. O tratamento deve apresentar três objetivos
principais: remissão dos sintomas, restabelecer o pleno funcionamento e prevenir o reaparecimento
do quadro clínico (23).
As principais abordagens para tratamento das depressões infanto-juvenis se dividem em
psicofarmacológicas
e psicossociais; e
entre
as
psicossociais predominam
as
intervenções
psicoterapêuticas. Sendo que destas últimas as mais utilizadas são a cognitivo-comportamental, a
de orientação psicodinâmica e a interpessoal, algumas utilizadas em formato individual, grupal e
familiar. Atualmente as orientações psicoeducacionais são também bastante empregadas e úteis
(23).
Considerações Finais
O estudo dos transtornos depressivos na infância e na adolescência já definiu que sua
presença é comum e grave o suficiente para merecer a atenção de clínicos e pesquisadores. Ainda
mais se considerarmos a possibilidade sugerida por modernos estudos epidemiológicos de que ela
constitui um grupo de patologias com alta e crescente prevalência na população geral, com início
cada vez mais precoce. A depressão maior na infância e na adolescência apresenta natureza
duradoura e afeta múltiplas funções, causando prejuízos no desenvolvimento infantil, que pode ser
em nível físico, cognitivo, psicomotor e psicossocial. Além disso, afeta também a família e o grupo
em que a criança está inserida.
E por ser um fenômeno psicopatológico tão complexo, reconhecer os seus sintomas nas
crianças tem sido uma tarefa difícil tanto para os pais, quanto para os professores, dado a sua
similaridade com outras dificuldades como hiperatividade, distúrbio de conduta, agressividade, entre
outros. E o fato da depressão em crianças não estar sendo reconhecida adequadamente pelos
educadores, faz com que algumas crianças acabem muitas vezes sendo identificadas como tendo um
problema específico de aprendizagem. Esse desconhecimento dos sintomas depressivos por parte da
escola acarreta em encaminhamentos, orientações e tratamentos incorretos para esses alunos (7).
A falta de informações de pais e professores sobre a depressão infantil pode, portanto,
contribuir para aumentar as dificuldades dos alunos e inúmeras seqüelas emocionais no futuro. Por
isso é de suma importância que seja disponibilizado um maior conhecimento acerca da depressão
infantil para aqueles que estão em contato freqüente com este público infantil, como pais e
professores, para que haja assim um olhar mais atento às crianças que apresentam possíveis
sintomas de depressão, permitindo um encaminhamento oportuno e um diagnóstico mais rápido, o
que conduzirá a intervenção adequada, em tempo hábil (7).
Cabe ainda ressaltar que dificilmente apenas um modelo ou uma única teoria seria suficiente
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para explicar um fenômeno tão complexo como a depressão, um transtorno que acarreta inúmeras
alterações na vida do indivíduo. A depressão integra fatores sócio-familiares, psicológicos e
biológicos, em que as diferentes teorias se completam e contribui não somente para uma maior
compreensão da natureza multicausal deste transtorno, mas também para a concepção do sujeito
em sua totalidade bio-psico-social (7).
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