Psicologia Aplicada ao Direito Aula 2 ou Primeiras aulas Introdução ao estudo da Psicologia: Segundo VIEGAS (2007), são quatro os tipos do conhecimento: Ideológico ou senso comum => conhecimento passado de geração em geração. Religioso => origem do homem, seus mistérios e princípios morais. Filosófico => origem e o significado da existência humana. Científico => Conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Deve ser obtido de maneira programática, sistemática e controlado, para que se permita a verificação de sua validade. Psicologia do senso comum => se adquire informalmente - não proporciona diretrizes para a avaliação de questões complexas. As pessoas geralmente confiam muito na intuição, na lembrança de experiências pessoais ou nas palavras de alguma autoridade. Psicologia: origens e objetos Origem => Surgiu enquanto ciência a partir do 1º laboratório criado por Wilhelm Wundt. Objetos => comportamento e processos mentais. Comportamento => toda forma de resposta ou atividade observável realizada por um ser vivo. Processos mentais => experiências subjetivas – sensações, percepções, sonhos, pensamentos, crenças, sentimentos. “Ciências Psicológicas” A Psicologia possui diferentes objetos de pesquisa. Escola behaviorista => estímulos ambientais, os experimentos. Dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações). S ―> R Escola gestaltica => os mecanismos da percepção e sua influência sobre o comportamento humano; Para os gestaltistas, entre o estimulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano. Escola psicanalítica => comportamentos Inconscientes. Por fim a “Psicologia Jurídica” => seu objeto de estudo localiza-se nas relações e interações entre o indivíduo, o Direito e o Judiciário. (Psicossocial) Psicologia: origens e objetos Em quais circunstâncias nasceu a psicologia científica? A história da psicologia enquanto ciência inicia-se em 1879 quando na Universidade de Leipzig, Alemanha, o médico, filósofo e psicólogo alemão, Wilhelm Wundt, funda o primeiro grande laboratório de pesquisa em psicologia. Antes de Wundt a psicologia era tida, simplesmente, como um ramo da filosofia. Dois nomes se ligam à data do nascimento da psicologia e disputam sua paternidade. Fechner e a publicação dos Elementos de Psicofísica publicada em 1860. Wundt e a publicação de seu livro Elementos de Psicologia Fisiológica, em 1864, e à criação do primeiro laboratório psicológico, em Leipzig, Alemanha, em 1879. Considerando qualquer uma dessas datas, o certo é que foi, na segunda metade do século XIX e na Alemanha, que veio à luz essa nova ciência. O ponto central da obra de Fechner era encontrar a relação existente entre mente e corpo, físico e psíquico. Fez várias experiências, testando os processos psicológicos com os métodos das ciências exatas. Com a publicação do livro Elementos de Psicologia Fisiológica, em 1864, Wundt reúne, classifica e agrupa os elementos da vida mental, enuncia os seus princípios e os seus problemas, ele estrutura e normatiza a psicologia. Com isso, dá-lhe, também, uma nova definição. A psicologia deixa de ser o estudo da vida mental e da alma e passa a ser o estudo da consciência ou dos fatos conscientes. Assim estruturada e sistematizada, a psicologia passa a ser uma ciência autônoma, não mais um apêndice da filosofia ou da fisiologia. A fundação do laboratório para a pesquisas psicológicas, em 1879, teve como grande desafio e principal objetivo, estudar os processos mentais através dos métodos experimentais e quantitativos que eram pertinentes às outras ciências, mostrando, nessa sua preferência, a influência da raiz ou fonte científica. Os métodos constituíam o fundamento do seu trabalho. Utilizou a observação, a experimentação e a quantificação sem, no entanto, desprezar a introspecção. Ao final do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX, a Psicologia passou a ter o status de ciência. Nesta época, cinco principais pontos de vista tornaram-se foco do trabalho dos pesquisadores em Psicologia: o do Estruturalismo, o do Funcionalismo, o do Behaviorismo, o da Psicologia da Gestalt e o da Psicanálise. Já em meados do século XX, muitas dessas escolas foram perdendo a força, mantendo-se ativos até hoje apenas o Behaviorismo e a Psicanálise. A partir da segunda metade daquele século, o Humanismo de Carl Rogers fez-se tão forte e com tantos adeptos que poderia também ser visto como uma escola da Psicologia. Surgiu ainda neste período o Cognitivismo, com o estudo do processamento das informações pela mente humana. Estruturalismo O objetivo do Estruturalismo era descobrir tudo sobre a estrutura e o conteúdo da mente humana. Seus partidários sustentavam que cada totalidade psicológica compõe-se de elementos (sensações, imagens e sentimentos) que se encontram justapostos, associados entre si. Funcionalismo Os funcionalistas preocupavam-se em entender o “porquê” da experiência e do comportamento. Em lugar de fazer isso buscando os elementos componentes da mente, como faziam os estruturalistas, buscavam examinar as atividades da mente, procurando compreender como ela realiza as funções de adaptação à realidade. O funcionalismo preocupa-se com a utilidade prática das ideias e dos comportamentos para a sobrevivência do organismo no meio ambiente. Essa busca de utilidade confere aos funcionalistas um modo pragmatista de ver o mundo, pois, para eles, só tem valor estudar os processos mentais que têm um sentido prático. William James, médico, filósofo e psicólogo, professor da Universidade de Harvard, pode ser considerado o fundador do Funcionalismo em Psicologia. Outra ideia que identificamos no pensamento de Willian James é a de que a evolução biológica fez com que o ser humano desenvolvesse a capacidade de reflexão, que permite que este se adapte ao ambiente em que está inserido. O pensamento permite que possamos reagir aos estímulos do meio de modo indireto, mediado pela inteligência, e não apenas por meio de respostas imediatas, como ocorre com os animais. Psicologia da Forma ou Gestalt A escola gestaltista da Psicologia deu grande relevo ao estudo sistemático do processo psicológico da percepção. O conceito de Gestalt, forma ou estrutura foi expresso como um conjunto de coisas que se prendem, se apoiam e se determinam reciprocamente. [...] Gestalt significa um padrão ou todo organizado, ao invés de uma soma de partes. A maneira de ser de cada parte depende da estrutura do conjunto e das leis que o regem (CAMPOS, 1997, p. 32). Para a Gestalt, não se pode analisar os fenômenos mentais e comportamentais em elementos pré-determinados arbitrariamente, pois o todo psicológico é mais do que a soma de suas partes. Assim, os fenômenos psicológicos merecem ser compreendidos em sua totalidade. A Psicologia da Gestalt é representada historicamente pelos pesquisadores Wertheimer, Kohler e Koffka. Wertheimer pesquisou os processos de percepção visual. Ele defendeu a ideia de que o todo é mais do que a soma das partes nos fenômenos psicológicos demonstrando-a por meio de experimentos. Para a Psicologia da Gestalt, o olhar do observador é mais importante do que as características do estímulo. Quando falamos em percepção ou compreensão de uma situação problema, haveria uma propensão do sujeito para perceber as figuras ou situações desta ou daquela forma. É por isso que a Psicologia da Gestalt é apontada como apriorística, ou inatista, na medida em que características inatas do cérebro determinariam as diferenças individuais de percepção, de aprendizagem e de resolução de problemas. O Behaviorismo Foi a escola americana mais influente. O behaviorismo, ou psicologia do comportamento, nasceu com Watson, nos Estados Unidos. O termo vem do inglês "behavior" e quer dizer comportamento. A psicologia como ciência do comportamento é hoje a definição universalmente aceita. Recebeu influência do hedonismo, da teoria darwiniana, de Thorndike e dos reflexologistas russos, sobretudo Pavlov. Assim como teve origem diversa, o behaviorismo teve também ramificações e tendências diversas. Edward L. Thorndike Considerado precursor do behaviorismo. Sua investigação da conduta animal foi decisiva para a explicação do comportamento através de um controle rigoroso e sistemático. Colaborou com a educação, principalmente pela elaboração de princípios da aprendizagem. Formulou a lei do exercício: quanto mais frequente, mais recente e mais fortemente um vínculo é exercido, mais efetivamente será fixado. Os behavioristas estudam aspectos objetivos, observáveis e mensuráveis da atividade psicológica. Deixam de lado aspectos subjetivos, considerados não mensuráveis. Seus partidários deixaram de lado o estudo da mente para estudar o comportamento. O estudo do comportamento animal é parte importante do behaviorismo. Para conhecer a psicologia animal, o método da observação, defendido pelos behavioristas, acaba sendo o caminho possível. John B. Watson (1878-1958), foi quem o denominou de behaviorismo. Baseou-se no estudo da psicologia animal, já bem desenvolvida no início do século XX. O estudo, nos animais, permitia experiências impossíveis no homem Watson entendia que, se a observação objetiva era um método adequado para conhecer o comportamento animal, por que não utilizá-la com seres humanos? Um de seus pontos de partida foi o materialismo científico. O homem seria uma espécie de animal entre os outros. As suas reações poderiam ser estudadas como qualquer outro fato da natureza. O behaviorismo nega todas as tendências inatas. Para Watson o homem herdou apenas as estruturas de seu corpo e de seu funcionamento. Não herdou nenhuma característica mental: nem inteligência, nem habilidades, nem instinto, nem talentos nem dons especiais. Watson dava ênfase ao ambiente, o condicionamento (S-R), exercido pelo ambiente, era responsável pelo comportamento. Para Watson, o processo de condicionamento, isto é, a associação de um estímulo inicialmente neutro a uma resposta, por meio do treinamento ou repetição, era a chave para a compreensão do comportamento. Os reflexologistas russos O estudo dos reflexologistas russos reforçou os princípios do behaviorismo. I. M. Sechenov (1829-1905), Ivan P. Pavlov (1849-1936) e Vladimir Bechterev (1857-1927), já sustentavam que o caminho adequado para estudar a aprendizagem era a investigação fisiológica dos reflexos. Ivan P. Pavlov (1849-1936) foi o mais conhecido deles. Sua pesquisa sobre o reflexo condicionado tornou-se famosa. Fez o cão salivar mediante a ação de um estímulo neutro como o som de uma campainha. A campainha não está associado à salivação dos cães, mas poderia passar a produzir esta resposta se fosse tocada juntamente com a apresentação do alimento por repetidas vezes. O processo de associação da campainha (estímulo - S) à salivação (resposta - R) foi denominado condicionamento. O reflexo condicionado foi a grande descoberta de Pavlov. Essa descoberta foi utilizada pelo behaviorismo para o estudo dos processos psíquicos e na análise do comportamento. Através da técnica do condicionamento, era possível estudar o processo de elaboração do comportamento. Em síntese, o behaviorismo ou psicologia aplicada ao comportamento tem, como objeto, o estudo da conduta humana e animal. É um sistema elementista e associacionista. O comportamento ou a personalidade se associam através do processo de condicionamento. A totalidade das reações constitui a personalidade. Os neobehavioristas Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) Pesquisador behaviorista mais conhecido. Suas ideias, originadas no Behaviorismo clássico de Watson e nas pesquisas sobre condicionamento de Pavlov, aprimoraram o estudo do comportamento pelo Behaviorismo, e estão vivas até hoje. Skinner ultrapassou o condicionamento clássico, desenvolvendo o que chamou de condicionamento operante. Diferente do condicionamento clássico, no condicionamento operante, o comportamento do sujeito é modelado por suas consequências, que se constituem numa terceira variável, além do estímulo e da resposta. Você compreenderá melhor isso se entender o conceito de reforço. Reforço é tudo aquilo que aumenta a probabilidade de uma resposta associada anteriormente a um estímulo acontecer novamente. É a consequência dos comportamentos, como as recompensas, por exemplo, que costuma fazer com que eles se repitam. A premiação tende a funcionar muito bem. Prêmios são denominados, na teoria, de reforços positivos. Comportamentos indesejáveis tendem a extinguir-se quando não são premiados ou quando a consequência deles se apresenta como um estímulo aversivo; um castigo ou punição. É possível reforçar um comportamento pela retirada de um estímulo. Esta retirada é chamada de reforço negativo, que aumenta a probabilidade de a resposta desejada ocorrer. Skinner utilizou-se de experimentos que ficaram famosos realizados com ratos de laboratório num equipamento que ganhou o nome de Caixa de Skinner. Cada rato era colocado sozinho no interior da caixa, a qual era equipada com um bebedouro acionável pelo experimentador ou pelo próprio rato, na medida em que pressionasse numa pequena barra existente no interior do equipamento. A estratégia era deixá-lo privado de água, isto é, com sede, antes da realização do experimento. Em seguida, buscava-se treinar o rato para pressionar a barra. A água lhe era oferecida cada vez que este realizava comportamentos que se aproximavam da pressão à barra. Mais adiante, a água era oferecida ao rato somente se ele pressionasse a barra de fato. Observando as consequências de seus comportamentos anteriores, o rato passava a pressionar a barra com mais frequência do que antes. Dentre os behavioristas, o trabalho de Skinner é o que tem mais implicações educacionais. Sua abordagem teve profundo impacto nas tecnologias de ensino, especialmente no que se refere à instrução programada. Podemos concluir que, para o Behaviorismo, a aprendizagem se refere a mudanças observáveis no comportamento das pessoas, causadas unilateralmente pela ação sobre elas do ambiente material e social. Em sentido lato, a psicologia teria por objetos de pesquisa o “comportamento” e os “processos mentais” de todos os seres vivos. (DAVIDOFF, 2001; MORRIS; MAISTO, 2004; MYERS, 1999) Define-se por comportamento toda forma de “[...] resposta ou atividade observável realizada por um ser vivo.” (WEITEN, 2002, p. 520) Por seu turno, processos mentais aludiriam às “[...] experiências subjetivas que inferimos através do comportamento – sensações, percepções, sonhos, pensamentos, crenças, sentimentos.” (MYERS, 1999, p.2) “Ciências Psicológicas” A partir de uma reflexão epistemológica mais precisa, verifica-se que a Psicologia possuiria, de fato, diferentes objetos de pesquisa e, por conta disto, diferentes métodos e técnicas de pesquisa. Nas palavras de Japiassu: “Por isso, talvez fosse preferível falarmos, ao invés de “Psicologia”, em “Ciências Psicológicas.” (1983 p.24-6)” Por exemplo, no que concerne aos processos mentais podemos citar os mecanismos da percepção e sua influência sobre o comportamento humano (objeto da escola gestaltica); em relação ao comportamento anormal e suas injunções inconscientes, as pesquisas da escola psicanalítica. No que pese o comportamento e suas relações com os estímulos ambientais, os experimentos da escola behaviorista e assim sucessivamente. Psicologia científica e psicologia do senso comum Todos nós usamos o que poderia ser chamado de psicologia de senso comum em nosso cotidiano. Observamos e tentamos explicar o nosso próprio comportamento e o dos outros. Tentamos predizer quem fará o que, quando e de que maneira. E muitas vezes sustentamos opiniões sobre como adquirir controle sobre a vida (Ex: o melhor método para criar filhos, fazer amigos, impressionar as pessoas e dominar a cólera). Entretanto, uma psicologia construída a partir de observações casuais tem algumas fraquezas críticas. O tipo de psicologia do senso comum que se adquire informalmente leva a um corpo de conhecimentos inexatos por diversas razões. O senso comum não proporciona diretrizes sadias para a avaliação de questões complexas. As pessoas geralmente confiam muito na intuição, na lembrança de experiências pessoais diversas ou nas palavras de alguma autoridade (como um professor, um amigo, uma celebridade da TV). A ciência proporciona diretrizes lógicas para avaliar a evidência e técnicas bem raciocinadas para verificar seus princípios. Em consequência, os psicólogos geralmente confiam no método científico para as informações sobre o comportamento e os processos mentais. Perseguem objetivos científicos, tais como a descrição e a explicação. Usam procedimentos científicos, inclusive observação e experimentação sistemática, para reunir dados que podem ser observados publicamente. Tentam obedecer aos princípios científicos. Esforçam-se, por exemplo, por escudar seu trabalho contra suas distorções pessoais e conservar-se de espírito aberto. Ainda assim, os cientistas do comportamento não estão de acordo quanto aos pressupostos fundamentais relacionados aos objetivos, ao objeto primeiro e aos métodos ideais. Como outras ciências, a psicologia está longe de ser completa. Existem muitos fenômenos importantes que não são ainda compreendidos. As pessoa não devem esperar uma abordagem única do objeto da psicologia ou respostas para todos os seus problemas. PERSONALIDADE: FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL PERSONALIDADE => origina-se do latim “persona”. SIGMUND FREUD Estrutura e Dinâmica da Personalidade - (De acordo com a teoria psicanalitica) Id – O id é a fonte da energia psíquica (libido). É de origem orgânica e hereditária. Apresenta a forma de instintos que impulsionam o organismo. Está relacionado a todos os impulsos não civilizados, de tipo animal, que o indivíduo experimenta. Não tolera tensão. Seu o nível de tensão é elevado, age no sentido de descarregá-la. É regido pelo princípio do prazer. Sua função e procurar o prazer e evitar o sofrimento. Localiza-se na zona inconsciente da mente. O Id não conhece a realidade objetiva, a "lei" ética e social, que nos prende perante a determinadas situações devido as conclusões da interpretação alheia. Por isso surge o Ego. Ego – Significa “eu” em latim. É responsável pelo contato do psiquismo com o mundo objetivo da realidade. O Ego atua de acordo com o princípio da realidade. Estabelece o equilíbrio entre as reinvindicações do Id e as exigências do superego com as do mundo externo. É o componente psicológico da personalidade. As funções básicas do Ego são: a percepção, a memória, os sentimentos e os pensamentos. Localiza-se na zona consciente da mente. Superego – Atua como censor do Ego. É o representante interno das normas e valores sociais que foram transmitidos pelos pais através do sistema de castigos e recompensas impostos à criança. São nossos conceitos do que é certo e do que é errado. O Superego nos controla e nos pune (através do remorso, do sentimento de culpa) quando fazemos algo errado, e também nos recompensa (sentimos satisfação, orgulho) quando fazemos algo meritório. O Superego procura inibir os impulsos do Id, uma vez que este não conhece a moralidade. É o componente social da personalidade. As principais funções do Superego são: inibir os impulsos do id (principalmente os de natureza agressiva e sexual) e lutar pela perfeição. Localiza-se consciente e pré-consciente. Pelo Id o empregado deixaria de comparecer ao trabalho num belo dia ensolarado, dedicando-se a uma aprazível atividade de lazer: uma pescaria, um cinema, etc. O Ego aconselharia prudência e buscaria uma oportunidade adequada para essas atividades. O Superego diria ser inaceitável faltar com um compromisso assumido, por exemplo, com o supervisor ou colegas de trabalho, ou ao próprio trabalho. Os três sistemas da personalidade não devem ser considerados como fatores independentes que governam a personalidade. Cada um deles têm suas funções próprias, seus princípios, seus dinamismos, mas atuam um sobre o outro de forma tão estreita que é impossível separar os seus efeitos. Níveis de Consciência da Personalidade Para Freud, os três níveis de consciência são: consciente, pré-consciente e inconsciente. Consciente – inclui tudo aquilo de que estamos cientes num determinado momento. Recebe ao mesmo tempo informações do mundo exterior e do mundo interior. Pré-consciente – (ou sub-consciente) – se constitui nas memórias que podem se tornar acessíveis a qualquer momento, como por exemplo, o que você fez ontem, o teorema de Pitágoras, o seu endereço anterior, etc. É uma espécie de “depósito” de lembranças a disposição, quando necessárias. Inconsciente – estão os elementos instintivos e material reprimido, inacessíveis à consciência e que podem vir à tona num sonho, num ato falho ou pelo método da associação livre. Os processos mentais inconsciente desempenham papel importante no funcionamento psicológico, na saúde mental e na determinação do comportamento. O que seria então Personalidade? A personalidade é uma estrutura interna, formada por diversos fatores em interação. Não se reduz a um traço apenas, como a autodeterminação ou um valor moral. Pode ser muito ou pouco valorizada. Não importa. Uma pessoa mesmo sem valores, mal formada, com falhas morais ou limitações psicológicas, não deixa de ter personalidade porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa. Também, a personalidade não é a simples soma ou justaposição de elementos, mas um todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais. Nos fatores biológicos estão: o sistema glandular e o sistema nervoso. Entre os fatores psicológicos estão: o grau e as características de inteligência, as emoções, os sentimentos, as experiências, os complexos, os condicionamentos, a cultura, a instrução, os valores e vivências humanas. Nos grupos sociais: como a família, a escola, a igreja, o clube, vizinhança, processa-se a interação dos fatores sociais. Concluindo, a personalidade seria um conjunto de características que diferenciam os indivíduos. PSICOSE Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual existe uma "perda de contato com a realidade". Nos períodos de crises mais intensas podem ocorrer, irá variar de caso a caso, alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua pensamento desorganizado e/ou paranoide, acentuada inquietude psicomotora, sensações de angústia intensa e opressão, e insônia severa. Tal é frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica" ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou bizarro do comportamento. Desta forma surgem também, nos momentos de crise, dificuldades de interação social e em cumprir normalmente as atividades de vida diária. Como tal, a psicose pode ser causada por predisposição genética, fatores exógenos orgânicos mas desencadeados por fatores ambientais, psicossociais, com acentuadas falhas no desempenho de papéis, na comunicação, no autocontrole, no comportamento da afetividade, na percepção sensorial, na memória, no raciocínio, no pensamento e linguagem. Há perda do senso da realidade e da capacidade de testá-la e, em casos extremos, do autoconhecimento, deixando o paciente de cuidar-se no aspectos mais triviais, como a alimentação e a higiene pessoal. Na psicanálise, a psicose causou dificuldades teóricas para Freud, mas não para Lacan. Se o primeiro demonstrou-se hesitante em enquadrá-la teoricamente, concentrando-se na neurose, Lacan, tomando-a constantemente em suas conferências, associou-a à foraclusão do Nome-do-Pai. Conceito forjado por Jacques Lacan para designar um mecanismo específico da psicose, através do qual se produz a rejeição de um significante fundamental para fora do universo simbólico do sujeito. Quando essa rejeição se produz, o significante é foracluído. Não é integrado no inconsciente, como no recalque, e retorna sob forma alucinatória no real do sujeito. NEUROSE O termo neurose foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso". Na psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer desordem mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem mais severa. A neurose, na teoria psicanalítica, é uma estratégia ineficaz para lidar com sucesso com algo, o que Sigmund Freud propôs ser causado por emoções de uma experiência passada causando um forte sentimento que dificulta reação ou interferindo na experiência presente. Por exemplo: alguém que foi atacado por um cachorro quando criança pode ter fobia ou um medo intenso de cachorros. Porém, ele reconheceu que algumas fobias são simbólicas e expressam um medo reprimido. Há muitas formas específicas diferentes de neurose: piromania, transtorno obsessivocompulsivo (TOC), ansiedade, histeria (na qual a ansiedade pode ser descarregada como um sintoma físico), e uma variedade sem fim de fobias. Todas as pessoas têm alguns sintomas neuróticos, frequentemente manifestados nos mecanismos de defesa do ego que as ajudam a lidar com a ansiedade. Mecanismos de defesa que resultam em dificuldades para viver são chamados "neuroses" e são tratados pela psicanálise, psicoterapia/aconselhamento, ou outras técnicas psiquiátricas. PERVERSÃO Perversão é um termo usado para designar o desvio, por parte de um indivíduo ou grupo, de qualquer dos comportamentos humanos considerados normais e/ou ortodoxos para um determinado grupo social. Os conceitos de normalidade e anormalidade, no entanto, variam no tempo e no espaço, em função de várias circunstâncias. A perversão distingue-se da neurose e da psicose como modo de funcionamento e organização defensiva do aparelho psíquico. O termo é também frequentemente utilizado com o sentido específico de perversão sexual, ou desvio sexual. Alucinação é a percepção real de um objeto que não existe, ou seja, são percepções sem um estímulo externo. Tudo que pode ser percebido pelos 5 sentidos (audição, visão, tato, olfato e gustação) pode também ser alucinado. Segundo Kraepelin, "Delírios são ideias morbidamente falseadas que não são acessíveis à correção por meio do argumento". Bleuler, por sua vez, dizia que " Ideias Delirantes são representações inexatas que se formaram não por uma causal insuficiência da lógica, mas por uma necessidade interior. Exemplo: Um jovem de 23 anos, vítima de um acidente do trabalho que lhe custou a perda de quatro dedos da mão direita começou apresentar uma expressiva inadequação afetiva (ao invés de aborrecido, mostrava-se feliz) e com um delírio no qual julgava-se Deus, cheio de poderes, auto suficiente e ostensivamente ameaçador para com as pessoas que dele duvidavam. Resumidamente, está claro que tal ideação emancipada da realidade era por demais compreensível: tratava-se de um mecanismo de defesa psicotiforme no qual, em COMPENSAÇÃO à mutilação e deficiência o seu poder passou a ser infinito. Trata-se pois de uma Ideia Deliroides (ou um Delírio Secundário), o qual habitualmente pode fazer parte de numa Reação Psicótica Aguda. REFERÊNCIAS DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: MacGraw-Hill do Brasil, 1991. FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da psicologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago. LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J-B. Vocabulário da Psicanálise. 7. ed. Tradução de Pedro Tamen. São Paulo: Martins Fontes, 1983. ROUDINESCO, E. PLON, M. Dicionário de Psicanálise. Zahar: Rio de Janeiro, 1998.