Agronomia/Agronomy 13 AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE SOJA EM DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO E DENSIDADE DE SEMEADURA NO MUNICÍPIO DE UBERABA – MG* FERREIRA JUNIOR, J. A.1; ESPINDOLA, S. M. C. G.2; GONÇALVES, D. A.R.3; LOPES, E. W. 1 Graduado em Agronomia, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail: [email protected] Mestre em Agronomia, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail:[email protected] 3 Graduado em Agronomia, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail: [email protected] 4 Graduado em Agronomia, Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba (MG), e-mail: [email protected] 2 * Projeto financiado por FAPEMIG e pela FAZU/FUNDAGRI através do programa de Iniciação Científica. RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo e agronômico de genótipos de soja em duas épocas de plantio e três densidades de semeadura. O ensaio foi conduzido na área experimental das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU-FUNDAGRI), no município de Uberaba, MG, em altitude de 780 m; 19º e 44’ de latitude Sul e 47º e 57‘ de longitude Oeste de Greenwich; no ano agrícola 2008/2009. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, em esquema fatorial 4x2x3,totalizando 24 tratamentos, com três repetições. Foram utilizados quatro genótipos (M7211RR, M-7639RR, M-7908RR e M8221RR) em duas épocas de semeadura (11/11/08 e 26/11/08) e três densidades de semeadura (8,10 e 12 plantas por metro linear) proporcionando populações de 180.000, 200.000 e 240.000 plantas. ha-1 respectivamente. Foram avaliadas características agronômicas como: altura da planta na floração e na maturação, número de dias para floração e maturação e altura de inserção de 1ª vagem. Em relação ao desempenho produtivo foram avaliados: número de nó por planta e número de vagens por planta, peso de 100 sementes e rendimento de grãos. Todos os genótipos avaliados mostraram bom desempenho produtivo, tanto na primeira quanto na segunda época de semeadura, demonstrando bom desempenho destes materiais para o município de Uberaba. Os genótipos apresentaram redução da altura de plantas na floração e maturação na segunda época de plantio em relação a primeira. A densidade de semeadura influenciou na altura de inserção de 1ª vagem e número de vagens por planta. PALAVRAS CHAVE: Glycine max (L.) Merril. Fotoperíodo. Produtividade. EVALUTION OF SOYBEAN GENOTYPES IN DIFFENTE TIMES OF PLANTING DENSITY AND SOWING IN THE CITY OF UBERABA - MG ABSTRACT: The aim of study was to evaluate the agronomic and yield performace of soybean cultivars in two growing seasons and three seed. The test was conducted at the experimental site of the Associated Colleges of Uberaba (FAZUFUNDAGRI) in Uberaba, MG, at altitude of 780 m, 19 and 44 ' South latitude and 47 and 57'longitude west of Greenwich; in agricultural year 2008/2009. The experimental design was randomized blocks in factorial scheme 4x2x3, totaling 24 treatments with three replicates. There were four genotypes (M-7211RR, 7639RR-M, M-7908RR and M8221RR) at two sowing dates (11/11/2008 and 26/11/2008) and three densities (8.10 and 12 plants per meter) providing populations of 180,000, 200,000 and 240,000 plants.ha-1 respectively. The agronomic characteristics such as plant height at flowering and at maturity, number of days to flowering and maturity and insertion height of 1st pod. In relation to the productive performance were evaluated: number of node per plant and number of pods per plant, 100 seed weight and yield. All genotypes showed good performance, both at the first and second sowing dates, demonstrating good performance of these materials for the city of Uberaba. Os genotypes showed reduced plant height at flowering and maturity in the second planting season for first. The seeding rate influenced the height of insertion of a second pod and pod number per plant. KEY WORDS: Glycine max (L.) Merril. Photoperiod. Productivity. INTRODUÇÃO Dentre as espécies cultivadas a soja (Glycine Glycine max (L.) Merril) desponta como uma cultura de grande importância, pois sua utilização se dá tanto para alimentação humana, sendo consumida de várias formas, quanto para alimentação animal, construindo uma excelente fonte de proteína de alto valor biológico. Além disso, constitui-se em indispensável matéria prima impulsionadora de diversificados complexos agroindustrial. Esta espécie é uma das culturas mais FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 antigas, e já era planta da pelo menos há cinco mil anos. Espalhou-se pelo mundo por intermédio dos viajantes ingleses e por imigrantes japoneses e chineses (MISSÃO, 2006). Originada de altas latitudes, a soja é uma planta de dias curtos e altamente sensíveis a variação de fotoperíodo. Diante disso, o melhoramento genético e a avaliação de genótipos existentes quanto a este efeito no 14 Agronomia/Agronomy desenvolvimento da cultura são de grande importância. Os programas de melhoramento da cultura da soja tem sido fundamental no desenvolvimento de materiais resistentes a doenças e maior produtividade, além da obtenção de plantas com maior teor de óleo e de proteína. Atualmente, a utilização de novas cultivares de soja, inegavelmente, tem sido uma das tecnologias que mais tem contribuído para o aumento de produtividade e estabilidade de produção sem, necessariamente, acrescentar custos adicionais ao agricultor. Além do aumento da produtividade, o advento de novas cultivares permitiu a expansão da cultura da soja para áreas com baixas latitudes, e esse fato se deu pela identificação de genótipos com características de período juvenil longo. Para os materiais portadores desta característica, por mais que a soja receba os estímulos necessários para florescimento, esta continua vegetando até que seja cumprido o período de juvenilidade, o que impede a floração precoce e redução no rendimento. Outras práticas também contribuem para o sucesso desta cultura, dentre elas destacam-se: escolha da cultivar, tratamento de sementes e inoculação, época de plantio, espaçamento, densidade de semeadura, regulagem da semeadora, controle de ervas daninhas, controle de pragas e doença, adubação (base, cobertura e micronutrientes), dentre outras. A época de semeadura é definida por um conjunto de fatores ambientais que interagem entre si e com a planta promovendo variações na produção e afetando outras características agronômicas da soja. Entre os principais fatores do clima que determinam a melhor época de semeadura para soja, destaca-se a umidade e a temperatura do solo por ocasião da implantação da cultura e, especialmente, a distribuição das chuvas durante a fase reprodutiva. E ainda para que o estabelecimento da população desejada de plantas ocorra, deve haver condições favoráveis para germinação e emergência das plântulas (EMBRAPA SOJA, 2008). Relatos têm demonstrado que com o passar dos anos, as condições climáticas tem mudado de forma brusca em relação ao histórico dos anos anteriores, sendo que estes eram utilizados como base para tomada de decisão das safras futuras. Dessa forma, é de suma importância avaliar o desempenho agronômico e produtivo de cultivares em diferentes datas, dentro da época recomendada de plantio, para que o produtor tome a melhor decisão diante da escolha da melhor cultivar e data adequada de plantio (FERREIRA JUNIOR, 2009). A soja apresenta características de alta plasticidade, ou seja, capacidade de se adaptar às condições ambientais e de manejo, por meio de modificações na morfologia da planta e nos componentes do rendimento. A forma com que tais modificações ocorrem pode estar relacionada com fatores como altitude, latitude, textura do solo, fertilidade do solo, época de semeadura, população de plantas e espaçamento entre linhas, sendo importante o conhecimento das interações entre estes, para definição do conjunto de práticas que traria respostas mais favoráveis à produtividade agrícola da lavoura (HEIFFIG, 2002). Esta plasticidade é verificada na FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 densidade de semeadura, quando as plantas não respondem a variação na quantidade de plantas na linha de semeadura em relação à produtividade O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo e agronômico de genótipos de soja em duas épocas de plantio e três densidades de semeadura no município de Uberaba na safra 2008/2009. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido na área experimental das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU-FUNDAGRI), no município de Uberaba, MG, em altitude de 780 m; 19º e 44’ de latitude Sul e 47º e 57’ de longitude Oeste de Greenwich; no ano agrícola 2008/2009. As normais climatológicas obtidas do INEMET-EPAMIG, Estação Experimental Getulio Vargas são as seguintes: precipitação de 1.589,4 mm, evapotranspiração de 1.046 mm e temperatura média anual de 21,9ºC. O solo utilizado é classificado como LATOSSOLO VERMELHO distrófico, textura franco-arenosa, relevo suavemente ondulado e fase cerrado subcaducifólio. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso (DBC), Foram utilizadas quatro linhagens resistentes ao glifosato (M-7211RR, M-7639RR, M7908RR e M8221RR) em duas épocas de semeadura (11/11/08 e 26/11/08) e três densidades de semeadura (8, 10 e 12 plantas por metro linear) proporcionando populações de 180.000, 200.000 e 240.000 plantas.ha-1 respectivamente. Foram utilizados vinte e quatro tratamentos com três repetições, em esquema fatorial de 4x2x3 totalizando 72 parcelas experimentais, com quatro linhas de cinco metros e com espaçamento de 50 cm. A área útil utilizada foi composta por duas linhas centrais, menos 50 centímetros das extremidades de cada parcela, resultando em 4m². O preparo do solo foi realizado em outubro de 2008, sendo constituído de uma aração seguida de duas gradagens. A abertura dos sulcos de semeadura foi realizada utilizando-se uma semeadora para plantio convencional onde o sulco foi aberto e incorporado o adubo. No plantio foram aplicados 350 Kg.ha-1 do formulado 02-30-15 distribuído e incorporado aos sulcos e a inoculação com Rhizobium foi feita no sulco, no momento da semeadura. Para atender os tratamentos especificados acima foi realizado o desbaste, 15 dias após a emergência. As parcelas experimentais foram conduzidas de forma que as mantivessem livres de interferências de plantas daninhas e pragas, baseando-se nos procedimentos técnicos necessários para o controle, de acordo com o nível de dano econômico. O controle de plantas daninhas foi realizado através de uma aplicação do produto comercial glifosate na dosagem de 1,5 litros.ha-1, no instante em que a cultura encontrava-se com o 3º trifólio. Para controle da Ferrugem asiática (Pakshopora pakinrizi) foram realizadas quatro aplicações de fungicidas, sendo que na primeira e na segunda, 24/12/2008 e 07/01/2009, foram usados azoxistrobina + ciproconazole (300 mL.ha-1), na terceira e na quarta aplicação, 27/01/2009 e 17/02/2009, foram Agronomia/Agronomy usados piraclostrobina + epoxoconazole (500 mL.ha-1), sendo que esta última efetuou o controle das doenças de final de ciclo (DFC), tais como: Mancha parda (Septoria glycines), crestamento (Cercospora kikuchii). Para avaliação do desempenho foram mensuradas características agronômicas e produtivas. As agronômicas foram: Número de Dias para Floração (NDF) que é definido como o período entre a data de emergência das plantas até a data em que estiverem no estádio R1-R2, apresentando 50% das flores abertas; Número de Dias para a Maturidade (NDM) definido como o período entre a data de emergência das plantas até a data em que aproximadamente 95 % das vagens apresentaram-se maduras (estádio R8); Altura da planta na floração (APF), medida desde o colo da planta até o ápice da haste principal; Altura da Planta na Maturidade (APM), medida do colo da planta até o ápice da haste principal; Altura da Inserção de 1ª Vagem (AIV), medida por uma régua graduada em centímetros, desde o solo até a altura da inserção da 1º vagem da planta As características produtivas avaliadas foram: Número de Nós por Planta (NNP), obtido através da contagem dos nós de uma amostra de 5 plantas por área útil de cada parcela; Número de Vagens por Planta (NVP), obtido através da contagem das vagens de 5 plantas por área útil de parcela; Peso de 100 sementes, foi obtido através da retirada de amostras de 100 grãos da parcela ao acaso em 4 repetições, efetuando a pesagem em uma balança de precisão, sendo que os dados foram corrigidos para 13 % de umidade e Produção de Grãos (PG), em Kg.ha-1, foram calculados a partir do material colhido e trilhado em cada parcela útil e corrigidos a 13% de umidade, e o valor obtido foi extrapolado para hectare. GRÁFICO 1 - 15 As características avaliadas foram submetidas à análise de variância e à comparação de médias, conforme o teste de DMS-t a 5% de significância. Os dados foram analisados estatisticamente por meio do Programa Estatístico Assistat (SILVA, AZEVEDO, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO O GRAF. 1 ilustra a precipitação e temperatura do município de Uberaba no período de condução do ensaio. Observa-se que houve desuniformidade na distribuição das chuvas, sendo que durante todo o ciclo da soja, a cultura recebeu 624.9 mm de água. De acordo com dados da EMBRAPA (2008), a necessidade total de água na cultura, para obtenção do máximo rendimento, varia entre 450 a 800 mm/ciclo, dependendo das condições climáticas, do manejo da cultura e da duração do ciclo. A necessidade de água na cultura aumenta com o desenvolvimento da planta, atingindo o máximo durante a floração-enchimento de grãos (7 a 8 mm/dia), decrescendo após esse período. O GRAF. 1 mostra que a apesar da pluviosidade ter sido adequado a distribuição inregular das chuvas prejudicou a cultura no mês de dezembro, além de deixar as plantas mais suscetíveis ao ataque da Phakopsora pachyrhizi. A temperatura média foi de 22ºC durante todo ciclo, sendo que esta satisfaz a cultura na sua exigência térmica. A soja melhor se adapta a temperaturas do ar entre 20ºC e 30ºC, sendo que a temperatura ideal para seu crescimento e desenvolvimento está em torno de 30ºC (EMBRAPA SOJA, 2008). Precipitação (mm) e Temperaturas médias registradas no período de julho a setembro do ano agrícola 2008/2009 – Uberaba, MG. Em relação à característica altura da planta na floração (TAB 2), os genótipos M–7211RR e M–8221RR obtiveram os maiores valores e não diferiram estatisticamente entre si. Já o genótipo M –7908RR obteve FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 valores intermediários e foi estatisticamente igual aos dois anteriores e ao M -7639RR, que apresentou o menor valor em relação a este parâmetro. 16Agronomia/Agronomy TABELA 2 - Resultados médios de altura da planta na floração e na maturação e altura de inserção da primeira vagem, número de dias para floração e para maturação, de genótipos de soja em duas épocas de plantio e três densidades de semeadura. Ano agrícola 2008/2009, Uberaba - MG. Altura da Planta na Floração (APF) (cm) Altura da Planta na Maturação (APM) (cm) Número de Dias para Floração (NDF) Número de Dias para Maturação (NDM) Altura da Inserção de 1ª vagem(AIV) (cm) M- 7211RR 59,4 a(*) 103,4 a 45 c 116 d 13,8 bc¹ M-7639RR 53,8 b 101,2 a 51 b 118 c 16,0 a M-7908RR 58,1 ab 75,7 b 51 b 121 b 14,5 b M-8221RR 59,1 a 80,1 b 56 a 128 a 13,4 c 11/11 62,4 a 92 a 51 a 121 a 13,3 b 26/11 52,8 b 82,1 b 50 b 120 a 15,6 a 8 56,0 89,8 51 121 14,5 ab 10 58,0 89,3 51 121 13,9 b 12 58,9 91,2 51 121 14,9 a G 4,1096* 56.4184 ** 381.7222** 143.2227 ** 15.7146 ** E 57.0239** 4.2336 * 20.0556** 3.2852 ns 59.7675 ** D 1.8164 NS 0.3381 ns 0.6806 ns 0.3906 ns 3.7366 * GXE 7.8627** 1.5716 ns 50.8333** 19.1602 ** 19.5970 ** GXD 0.1047 ns 0.8509 ns 0.6806 ns 0.3906 ns 1.2404 ns EXD 0.8625 ns 0.0880 ns 0.6806 ns 0.3906 ns 3.4150 * GXEXD 0.9582 ns 0.3411 ns 0.6806 ns 0.3906 ns 1.3095 ns C.V.(%) 9,39 8,92 1,95 8,90 8,56 FATOR Génotipos (G) Épocas (E) Densidade (D) (pl m-1) Teste de F ** - significativo a nível de 1% de probabilidade (p < 0,01) * - significativo a nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) (*) Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Tukey a 5% de Probabilidade. Analisando as duas épocas de semeadura, constatou-se que houve redução na altura das plantas da segunda época avaliada em relação a primeira. Resultados FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 semelhantes foram obtidos por Lelis (2007) testando genótipos de soja na cidade de Uberlândia, onde foi observada diferença significativa para este parâmetro, entre Agronomia/Agronomy 17 as duas épocas avaliadas (22/11 e 14/12). Estes resultados discordam de Komori et al. (2004), que trabalharam com linhagens de soja em duas épocas de semeadura, no mês de novembro. Os autores não verificaram diferenças estatísticas entre as duas épocas avaliadas. Este comportamento pode ser explicado pela reação que cada genótipo possui frente à variação na época de plantio, pois as semeaduras realizadas mais tarde, tendem a promover menores alturas de plantas, pois com a redução do comprimento do dia os genótipos atingem o seu fotoperíodo crítico e florescem (PELUZIO et al., 2006). Os genótipos que possuem a juvenilidade longa, por mais que a cultura receba o estímulo para florescer, esta continua vegetando, promovendo maior altura de plantas, mesmo em plantios mais tardios. Houve interação entre os genótipos e o fator época de plantio, sendo que os dados estão descritos na TAB 3. Observa-se que apenas o genótipo M-8221RR não apresentou influencia da época de plantio na expressão da característica altura da planta. Para o plantio realizado no dia 11/11 o genótipo M-7211 RR foi o que apresentou maior altura de plantas, diferindo estatisticamente quando comparado com os demais genótipos avaliados. Já na segunda época, o genótipo M-8221 RR obteve a maior altura de plantas na floração sendo igual estatisticamente ao M-7908 RR e este não diferindo dos demais. TABELA 3 - Altura da planta na floração de genótipos de soja obtida em duas épocas de semeadura. Ano agrícola 2008/2009, Uberaba- MG Épocas Genótipos 11/Nov 26/Nov M- 7211 RR 69.2 aA(1) 49.5 bB M-7639 RR 57.9 bA 49.7 bB M-7908 RR 62.1 bA 54.2 abB M-8221 RR 60.5 bA 57.7 aA (1) Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Pela TAB. 2, observa-se que em relação a altura das plantas na maturação, os genótipos M-7211RR e M7639RR obtiveram os maiores valores em relação a este parâmetro, 103.4 e 101.2 cm, respectivamente. Já os genótipos M-7908 RR e M-8221 RR, apresentaram comportamento semelhante entre si, e se comportaram estatisticamente diferentes dos demais. Sediyama; Teixeira; Barros (2009) afirmam que a colheita mecanizada, em solos relativamente planos e bem preparados pode ser efetuada uma boa colheita de plantas com 50 cm a 60 cm de altura. Plantas muito acima de 100 cm tendem ao acamamento e além de dificultarem a eficiência das colhedoras, tendem a produzir menos. Com a disseminação de diversas doenças, principalmente fúngicas, como é o caso da ferrugem asiática, é desejável que as plantas tenham o porte reduzido. Os genótipos avaliados neste ensaio demonstraram para esta característica altura de plantas, valores acima do que é preconizado por Sediyama; Teixeira; Barros (2009), no entanto, não foi verificado acamamento nas parcelas avaliadas, justificado pela excelente resistência a senescência acelerada apresentada pelos materiais testados. Segundo Heiffig et al., (2006) o aumento da população de plantas por meio da redução do espaçamento entre linhas FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 ou o aumento de plantas na linha, constituem-se estratégias de manejo para aumentar a altura de planta e altura de inserção de 1ª vagem, possibilitando porte mais compatível com a colheita mecanizada da cultura. Para a característica número de dias para a floração, os genótipos foram influenciados somente pelo fator época de semeadura (TAB. 2). O genótipo M8221RR foi o que apresentou maior número de dias para floração nas duas épocas diferindo estatisticamente dos demais. Embora as variações numéricas tenham sido pequenas, constataram-se diferenças significativa pelo teste de Tukey. Isso pode ser explicado por PELUZIO et al., (2006) que ao avaliar cultivares de soja em duas épocas de semeadura no estado do Tocantins. Os autores não observaram grandes variações entre as cultivares de soja, nas duas épocas de semeadura, em virtude da característica de juvenilidade longa das cultivares, aliada às condições fotoperiódicas da região central do Brasil (Cerrado) apresentarem-se mais ou menos constantes durante todo o ano, favorecendo o desenvolvimento vegetativo da soja. Ainda em relação ao número de dias para a floração, houve interação entre genótipos e épocas de plantio, sendo que o desdobramento pode ser observado na TAB. 4. 18 Agronomia/Agronomy TABELA 4 - Número de dias para a floração de genótipos de soja em função de duas épocas de semeadura. Ano agrícola 2008/2009, Uberaba – MG. Genótipos Épocas 11/Nov 26/Nov M- 7211 RR 48 cA(1) 42 cB M-7639 RR 51 bB 52 bA M-7908 RR 52 bA 51 bA M-8221 RR 55 aB 56 aA (1) Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha não se diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Quanto ao número de dias para maturação não foi verifica-se que o genótipo M-7639 RR e o M-8221RR verificado resposta desta característica em função da obtiveram número de dias para maturação semelhante, estatisticamente nas duas épocas avaliadas. O genótipo Mdensidade de semeadura. Entretanto a analise de variância mostrou interação entre genótipo e época de plantio (TAB. 7211RR apresentou aumento do número de dias para a 2). O desdobramento da interação pode ser observado na maturação no plantio realizado em 26/11 e o M–7908RR reduziu o seu ciclo, sendo que os valores foram TAB. 5. Na primeira época de plantio avaliada, todos os estatisticamente diferentes entre as épocas analisadas. Barros et al., (2003) testando cultivares de soja no estado genótipos diferiram entre si estatisticamente quanto ao do Tocantins observou redução no ciclo em todas as número de dias para maturação (TAB. 5). Na segunda época, apenas o genótipo M-8221RR diferiu cultivares avaliadas, à medida que se retardou a semeadura. estatisticamente em relação aos outros avaliados. Analisando cada genótipo, comparado com as duas épocas TABELA 5 - Número de dias para a maturação de genótipos de soja em função de duas épocas de semeadura. Ano agrícola 2008/2009, Uberaba - MG. Genótipos Épocas 11/Nov 26/Nov M- 7211 RR 115 dB(1) 118 bA M-7639 RR 118 cA 119 bA M-7908 RR 124 bA 118 bB M-8221 RR 129 aA 128 aA (1) Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha não se diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. As avaliações de altura de inserção da 1ª vagem apontam que o genótipo M-7639 RR apresentou maior valor para este parâmetro, sendo estatisticamente diferente dos demais (TAB 2). O genótipo M-8211RR obteve o menor valor e não diferiu do M-7211RR, que demonstrou comportamento semelhante ao M-7908RR. De acordo com Sedyama et al., (1972) a altura satisfatória para evitar perdas na colheita está em torno de 12 a 15 cm. Todavia, em solos relativamente planos e colheitadeiras adequadas, pode-se efetuar a colheita eficientemente com a altura da primeira vagem em torno de 10 cm. Todas as cultivares testadas neste ensaio apresentaram altura de inserção menor que 15 cm, sendo que apenas o genótipo M-7639 RR obteve valores acima do preconizado pela literatura. FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 A característica altura de inserção da primeira vagem sofreu influência tanto do efeito da época de semeadura quanto da densidade de plantas. Na Tabela 6, é apresentado o desdobramento da interação entre genótipo e época de semeadura para altura de inserção de primeira vagem. Observa-se que na primeira época, apenas o genótipo M-7639 RR, obteve comportamento diferente dos demais e na segunda época o M-7908RR que apresentou diferença estatística em relação aos demais. Já em relação aos genótipos avaliados, houve um aumento da altura de inserção na primeira época de plantio em relação a semeadura realizada na segunda época, sendo os valores estatisticamente diferentes, exceto para o M-7639RR que não apresentou variação. Agronomia/Agronomy 19 TABELA 6 - Altura de inserção de 1ª vagem em genótipos de soja em função da época de plantio. Ano agrícola 2008/2009, Uberaba - MG. Épocas Genótipos 11/Nov 26/Nov M- 7211 RR 12.9 bB(1) 14.7 bA M-7639 RR 16.4 aA 15.6 bA M-7908 RR 11.8 bB 17.2 Aa M-8221 RR 12.1 bB 14.7 bA (1) Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha não se diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados da interação época de plantio x densidade de plantas sobre a inserção de primeira vagem estão apresentados na TAB.7. Observou-se diferença significativa entre as épocas somente para as densidades de 8 e 10 plantas por metro, sendo que na semeadura do dia 26/11, foram observados os maiores valores para inserção de 1ª vagem. Vale considerar que para todas as densidades na segunda época de semeadura, os valores obtidos estão acima dos valores preconizados pela literatura, como satisfatórios para a colheita mecanizada, que é de 12 a 15 cm conforme citado por (SEDYAMA et al.,1972). TABELA 7 - Altura de inserção de 1ª vagem em genótipos de soja em função da época de plantio e densidade de semeadura. Ano agrícola 2008/2009, Uberaba - MG. Densidades Épocas 8 10 12 11/11 13 bB(1) 12.7 bB 14.3 bA 26/11 16 aA 15.2 aA 15.5 aA (1) Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha não se diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Na TAB. 8 são apresentados os dados da análise de variância entre os fatores genótipo, época de plantio, densidade de semeadura e a interação entre eles, para as seguintes características: número de nós por planta, número de vagens por planta, peso de 100 sementes e produção de grãos. Observa-se que o efeito dos tratamentos foi significativo para número de nó e número de vagens em função do genótipo. Já a densidade de semeadura influenciou no número de vagens por planta. De acordo com Navarro Junior; Costa (2002) o número de nós por planta é um importante componente do rendimento, uma vez que, representa maior superfície fotossintetizante e também potencial produtivo por meio do número de locais para surgimento de flores. Conforme pode ser observado na Tabela 8, a característica número de nós por planta foi influenciada apenas pelo efeito do genótipo, sendo que não foi verificada diferença estatística pelo teste de F a 1% para época de plantio, densidade de semeadura e interação entre eles. Constata-se pela TAB. 8 que os genótipos M7211RR e M-7639RR obtiveram maior número de nós em relação aos demais, não apresentando diferença estatística entre eles, mas diferiram do M-7908RR e M-8221RR, que FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 também apresentaram comportamento semelhante entre si. O maior número de nós dos dois primeiros genótipos citados não demonstrou correlação positiva com o rendimento de grãos, sendo que isso pode ser explicado pela menor peso de 100 grãos obtidos por estes materiais em relação ao aos demais genótipos em questão Em relação ao número de vagens por planta observa-se que houve interferência dos genótipos avaliados e também da densidade de semeadura. Em relação ao primeiro fator, o genótipo M-7639RR apresentou o maior valor, sendo estatisticamente igual aos genótipos M7211RR e M-8221RR e diferente do M-7908 RR que foi igual estatisticamente ao M-7211RR. Em relação a densidade de semeadura (TAB 8), infere-se que houve um aumento no número de vagens a medida que se reduziu a densidade de semeadura, sendo que com 8 plantas/ metro, foi observado 77 vagens por planta. Este valor foi igual estatisticamente para a densidade de 10 plantas/metro, uma vez que esta não diferiu da primeira e não foi verificada diferença estatística em relação à densidade de 12 plantas / m. Estes resultados concordam com Tourino; Rezende; Salvador (2002) verificaram que o número de legumes por planta variou 20 Agronomia/Agronomy inversamente à variação da densidade das plantas na linhas, ou seja, a redução da densidade provocou aumento no número de legumes por planta Este comportamento já era esperado pois a espécie Glycine max, possui a capacidade de compensar variação na densidade de semeadura por meio de mudanças morfológicas, sendo que neste ensaio foi constatado um aumento do número de vagens com a redução do espaçamento entre plantas. Para o peso de 100 sementes conforme Tabela 8, não foi verificada diferença estatística entre os valores encontrados para os tratamentos propostos. Em relação aos genótipos houve grande variabilidade dos dados, sendo que TABELA 8 - houve variação de 13,3 e 24,3 gramas para o M-7639RR e M-7908 RR, respectivamente. Embora os genótipos avaliados não tenham mostrado significância pelo teste de F a 5% de probabilidade, para o parâmetro produtividade em função dos efeitos de genótipo, época e densidade, todos eles apresentaram bom desempenho produtivo para as condições de safra de Uberaba (TAB 8). As linhagens mostraram com potencial para os ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCUs) devido ao bom desempenho em relação ao acamamento e por apresentarem boas características agronômicas. Resultados médios de número de nó por planta, número de vagens por planta, peso de 100 sementes e produtividade de genótipos de soja em duas épocas de plantio e três densidades de semeadura. Ano agrícola 2008/2009, Uberaba- MG. Número de Nós por Planta (NNP) Número de Vagens por Planta (NVP) M- 7211 RR 17 a(*) 68.1 ab 16,6 3259 M-7639 RR 17 a 76.7 a 13,3 3229 M-7908 RR 13 b 58.9 b 24,3 3151 M-8221 RR 14 b 75.6 a 13,4 3076 15.9 71.5 15,7 3268 15.4 68.1 18,1 3090 8 15.9 77.1 a 20,4 3139 10 15.7 66.7 ab 15,2 3188 12 15.5 65.6 b 15,2 3208 G 16.7942 ** 4.5910 ** 1.8899 ns 0.6618 ns FATOR Peso de 100 sementes (g) Produção de Grãos (P.G) (kg ha-1) Génotipos (G) Épocas (E) 11/11 26/11 -1 Densidade (D) (pl m ) Teste de F E 1.1717 ns 0.7649 ns 0.4248 ns 3.1008 ns D 0.3166 ns 3.6708 * 0.8517 ns 0.1645 ns GXE 1.2493 ns 0.6690 ns 0.8718 ns 0.5150 ns GXD 0.7972 ns 0.7142 ns 0.9267 ns 0.8527 ns EXD 0.0009 ns 1.4178 ns 1.0501 ns 0.3850 ns GXEXD 0.3026 ns 0.3436 ns 0.8267 ns 0.4162 ns 11.42 23.25 93.93 13.4 C.V.(%) ** - significativo a nível de 1% de probabilidade (p < 0,01) * - significativo a nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) (*) Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Tukey a 5% de Probabilidade. FAZU em Revista, Uberaba, n.7, p. 13- 21, 2010 Agronomia/Agronomy CONCLUSÃO Houve redução na altura das plantas na floração, na maturação e no número de dias para a maturação na segunda época em relação à primeira. O atraso na semeadura de quinze dias proporcionou aumento na altura de inserção de 1ª vagem. O Peso de 100 grãos e o rendimento não foi influenciado pelo genótipo, época de plantio e densidade de semeadura. O número de vagem por planta foi influenciado tanto pelo genótipo, como também pela densidade de plantio. Os genótipos de soja avaliados mostraram bom desempenho na cidade de Uberaba-MG nas condições da safra 2008/2009. REFERÊNCIAS BARROS, H. B., PELUZIO, J.M., SANTOS, M.M., BRITO, E.L., ALMEIDA, R.D. Efeito das épocas de semeadura no comportamento de cultivares de soja no sul do estado do Tocantins. Revista Ceres, Viçosa, n. 291, p.565-572, 2003. FERREIRA JUNIOR, J. A. Avaliação de genótipos de soja em diferentes épocas de plantio e densidade de semeadura. 2009. 46 f. 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