Oftalmologia - Vol. 35: pp.369-373 Comunicações Curtas e Casos Clínicos Necrose Retiniana Aguda Caso Clínico Refractário* D. Beselga1,5; A. Cardoso1,5; M. Castro3,5; J. P. C. Sousa3,5; F. Carvalheira2,5; D. Castanheira4,5 Interno do Internato Complementar de Oftalmologia; 2Assistente Hospitalar de Oftalmologia; Assistente Hospitalar Graduado de Oftalmologia; 4Director do Serviço; 5Hospital de Santo André-Leiria 1 3 *CL232 SPO 2010 Diana Garcia Beselga Serviço de Oftalmologia, Hospital de Santo André Rua das Olhalvas, Pousos, 2410-197 Leiria, Portugal [email protected] Resumo Objectivo: Apresentar um caso de Necrose Retiniana Aguda (NRA), com bilateralização no decurso da terapêutica. Métodos: Estudo retrospectivo e descritivo de caso clínico com base em informação do processo clínico, observação do doente e análise de exames complementares de diagnóstico. Resultados: Doente de 36 anos, que recorreu ao Serviço de Urgência por olho direito (OD) vermelho, baixa de visão e dor ocular, com uma semana de evolução, tendo-se verificado acuidade visual (AV) OD de 2/10 e OE 10/10, edema da papila e focos de vasculite retiniana. Após 2 semanas surgem zonas de necrose retiniana na periferia e isolou-se o vírus Varicella Zoster (VZV) por técnica de PCR no humor aquoso. Fez terapêutica durante 14 dias com aciclovir endovenoso (ev) 10mg/Kg, 3 vezes por dia, seguido de terapêutica oral, concomitantemente com corticóide sistémico, aspirina e fotocoagulação laser. Ao 9º dia de terapêutica oral surgiu envolvimento do OE. Apesar da terapêutica o OD evoluiu para descolamento retiniano e o paciente foi submetido a vitrectomia via pars plana, com tamponamento interno com óleo de silicone. Manteve também evolução na periferia retiniana do OE, pelo que se procedeu a injecção intravítrea de ganciclovir (dose 2mg). O seguimento aos 8 meses mostrou no OE AV de 10/10 com estabilização do envolvimento retiniano. Conclusão: A NRA é uma panuveíte rara, com prognóstico reservado, estando descrito que o diagnóstico atempado e o início imediato da terapêutica antivírica podem melhorar o prognóstico e prevenir o atingimento do olho adelfo, o que não se verificou no nosso caso. A detecção mais precoce, fotocoagulação laser eficaz e uso de ganciclovir intravítreo podem ter contribuído para o atingimento mais benigno do OE. Palavras-chave Necrose Retiniana aguda, Varicella Zoster, bilateralização, aciclovir, ganciclovir. Vol. 35 - Nº 4 - Outubro-Dezembro 2011 | 369 D. Beselga, A. Cardoso, M. Castro, J. P. C. Sousa, F. Carvalheira, D. Castanheira Abstract Purpose: To present a case of Acute Retinal Necrosis (ARN), with bilateralization during therapy. Methods: Retrospective and descriptive study case report, based on information from clinical records, patient observation and analysis of diagnostic procedures. Results: Patient of 36 years, who arrived to the emergency room with red right eye (RE), decreased vision and eye pain, with a week of evolution, it was found visual acuity (VA) RE 2/10 and LE 10/10, papilloedema and foci of retinal vasculitis. After two weeks areas of retinal necrosis appeared in the periphery and Varicella Zoster virus (VZV) was isolated by PCR in aqueous humor Therapy for 14 days with intravenous acyclovir (ev) 10mg/Kg, 3 times per day, followed by oral therapy, together with systemic corticosteroids, aspirin and laser photocoagulation was done. Clinical progression occurred in RE and at the 9th day of oral therapy there was involvement of the LE. Despite therapy the RE evolved to retinal detachment and patient underwent pars plana vitrectomy with internal tamponade with silicone oil. Evolution continued on the periphery of the LE retina, so we proceeded to intravitreal injection of ganciclovir 2mg. The follow-up at 8 months showed LE VA of 10/10 with stationary retinal involvement. Conclusion: The ARN is a rare panuveitis with poor prognosis, being described that a timely diagnosis and immediate initiation of antiviral therapy may improve prognosis and prevent the involvement of fellow eye, which was not observed in our case. The earlier detection, effective laser photocoagulation and the use of intravitreal ganciclovir may have contributed to the more benign involvement of the LE. Key-words Acute retinal necrosis, Varicella Zoster, bilateralization, acyclovir, gancyclovir. Introdução O síndrome de retinite necrotizante periférica com arterite retiniana foi descrito pela primeira vez por Urayama et al em 197110, tendo sido denominada uveíte de Kirisawa. Nesta altura foram relatados 6 casos de uveíte unilateral difusa, periarterite e áreas de necrose da retina periférica com descolamento da retina subsequente. O termo necrose retiniana aguda (NRA) foi depois introduzido em 1978 por Young e Bird.9 A NRA é uma entidade clínica rara, com incidência independente do estado de imunidade, género, ou raça do paciente, surgindo a maioria dos casos entre a quinta e a sétima décadas de vida. É causada por vírus do grupo Herpes, sendo o vírus Varicella Zoster responsável por cerca de 50 a 80% dos casos em que um organismo foi isolado, seguido dos vírus Herpes Simplex 1 e 2 (HSV 1 e 2), sendo raros os casos causados por Citomegalovírus (CMV) ou vírus Epstein–Barr (EBV)4,16. Embora seja 370 | Revista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia possível identificar o agente causal, o diagnóstico de NRA deve ser baseado em critérios clínicos. Em 1994 Holland e a American Uveitis Society estabeleceram estes critérios (tabela 1).5 O quadro clínico inicial normalmente é de baixa de visão aguda unilateral, fotofobia, miodesopsias e dor. Posteriormente ocorre evolução para a tríade clássica de arteriolite oclusiva retiniana, vitrite, e retinite multifocal periférica com lesões branco-amareladas que em dias coalescem e progridem em sentido posterior. As áreas de necrose retiniana, a existência de múltiplas rasgaduras e a proliferação vitreoretiniana resultam em descolamento de retina traccional/regmatogéneo em 75% dos casos. O pólo posterior tende a ser poupado, mas pode ser também atingido por descolamento exsudativo da retina, resultante da inflamação severa. O nervo óptico é frequentemente envolvido, sendo evidenciado pelo edema do disco e pela existência de defeito pupilar aferente (DPA). O diagnóstico diferencial é feito com a retinite por CMV, retinocoroidite Necrose Retiniana Aguda - Caso Clínico Refractário Tabela 1 | Critérios diagnósticos da Sociedade Americana de Uveíte (1994) Um ou mais focos de necrose retiniana periférica (+/- mácula) com atingimento (spread) circunferencial. Evidência de vasculopatia oclusiva Reacção inflamatória no vítreo e câmara anterior. Não dependente da extensão da necrose retiniana, género, raça, idade ou estado imunitário. atípica por Toxoplasma, sífilis, linfoma, leucemia, vasculite retiniana autoimune, endoftalmite, sarcoidose e necrose progressiva da retina externa (PORN). O método de análise do DNA viral por Polymerase Chain Reaction (PCR) do humor aquoso ou vítreo é o mais sensível, específico e rápido, actualmente disponível. Na maioria dos casos uma amostra de humor aquoso é suficiente, sendo mais fácil e segura de executar do que a obtenção de vítreo. Também a possibilidade de identificar o vírus pode ser importante para intensificar a terapêutica nos casos de VZV, que tendem a ser mais graves relativamente aos provocados por HSV.12 Embora o diagnóstico da NRA seja bastante consensual, o mesmo não se passa em relação ao tratamento, dado a maioria dos estudos reunirem um pequeno número de casos devido à raridade da situação. O diagnóstico e instituição de terapêutica precoces são essenciais para aumentar as possibilidades de preservação da visão e impedir o atingimento do olho adelfo, já que o prognóstico é reservado.14 O envolvimento do olho adelfo ocorre normalmente em 36% dos casos, principalmente nas primeiras 6 semanas. Palay et al, relataram uma redução de 75.3% para 35.1% na taxa de envolvimento do olho adelfo, aos 2 anos, com terapêutica com aciclovir endovenoso seguido de oral, tendo verificado um risco de envolvimento do olho adelfo maior nas primeiras 14 semanas.13 Em relação à terapêutica antivírica, em 1986, Culbertson et al, relataram a sua experiência com o uso de aciclovir endovenoso, na dose de 10mg/kg 3 vezes por dia, durante uma média de 10.9 dias, verificando a ausência de novas lesões retinianas.7 Consequentemente o tratamento actualmente recomendado para a NRA é de aciclovir ev (10mg/kg de 8 em 8 horas, ou 1500mg/m2 por dia) durante 5 a 10 dias, seguido de aciclovir oral (400 a 800mg, 5 vezes por dia, 6 a 12 semanas)11. Actualmente surgem alternativas de terapêutica antivírica quer a nível oral quer intravítreo. O valaciclovir oral (1g, 3 vezes por dia), ou o famciclovir (500 mg 3 vezes por dia), parecem ser uma boa alternativa ao aciclovir oral. Para casos resistentes à terapêutica clássica ou para os mais graves tem sido proposto o valaciclovir (até 2g, 4 vezes por dia), ou injecções adjuvantes de ganciclovir (200 a 2000 µg por 0.1 ml) ou de foscarnet (1,2-2,4 mg por 0,1 ml) intravítreos têm sido propostos.3,8,15,6 Meghpara e col, verificaram o benefício, em pacientes com doença moderada, (25-50% da retina envolvida) o uso de ganciclovir/foscarnet intravítreos, com melhoria ou estabilização da acuidade visual.1 A incidência de estirpes de HSV resistentes ao aciclovir, em imunocompetentes é de 0 a 0.6%.11 Mantém-se a controvérsia em relação ao benefício do uso dos antiagregantes plaquetares, corticosteróides, barragem laser e vitrectomia profiláctica/precoce. Como a resposta inflamatória tem um papel importante na destruição tecidular, é recomendado o uso de corticosteróides (prednisolona 1mg/kg/dia) iniciados apenas 24-48h depois de instituída a terapêutica antivírica. A terapêutica antiagregante plaquetar pode ter algum interesse no tratamento do componente vaso-oclusivo da doença. O descolamento da retina ocorre em geral nas primeiras semanas a meses após o inicio do quadro clínico. É recomendado, apesar de não haver suporte estatístico, que a fotocoagulação laser profiláctica seja realizada logo que a opacidade dos meios o permita, na tentativa de prevenir o descolamento retiniano. São indicações para a vitrectomia a presença de opacidades vítreas densas, hemorragia, ou descolamento da retina.2 Caso Clínico Doente do sexo masculino, 36 anos, previamente saudável, recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de olho direito (OD) vermelho, baixa de visão e dor ocular, com uma semana de evolução. Verificou-se acuidade visual (AV) OD de 2/10 e OE 10/10, pressão intraocular de 36.4 mmHg e tyndall anterior e vítreo. O fundo ocular apresentava edema da papila e áreas periféricas de vasculite retiniana (Fig. 1). Sem alterações no olho esquerdo (OE). Iniciou terapêutica com prednisolona oral (1mg/kg/dia), cicloplégico e corticoíde tópicos, tendo sido pedidos exames complementares de diagnóstico. Após 2 semanas surgem áreas de necrose retiniana na periferia (Fig. 2), pelo que por suspeita de retinite aguda herpética o doente foi submetido a punção da câmara anterior, com isolamento do vírus Varicella Zoster (por técnica de PCR). Após colheita de humor aquoso por punção de câmara anterior foi iniciada terapêutica durante 14 dias com aciclovir (ev;10mg/Kg, 3 vezes por dia), corticóide sistémico (1mg/Kg), aspirina (100mg/dia) e foi feita fotocoagulação laser na fronteira das áreas de necrose. Após a alta foi medicado, por via oral, com valaciclovir (3g/dia), prednisolona (1mg/kg/dia) e aspirina (100mg/dia). Durante o período de Vol. 35 - Nº 4 - Outubro-Dezembro 2011 | 371 D. Beselga, A. Cardoso, M. Castro, J. P. C. Sousa, F. Carvalheira, D. Castanheira Fig. 1 | Retinografia OD na primeira observação. Fig. 3 | Lesões iniciais na periferia do OE. generalizada, proliferação vitreoretiniana com descolamento retiniano de todo o pólo posterior e no OE AV de 10/10 sem progressão do envolvimento retiniano. Discussão Fig. 2 | OD: Necrose retiniana e vasculite periféricas. ambulatório verificou-se progressão do quadro clínico no OD e envolvimento do OE (ao 9º dia) (Fig. 3), tendo-se decidido pelo re-internamento e instituição de tratamento ev com aciclovir. Ao 6º dia de internamento o doente desenvolveu um descolamento da retina do OD (com mácula “off”), tendo sido submetido a vitrectomia, com tamponamento interno com óleo de silicone. Por se verificar progressão na periferia retiniana do OE, procedeu-se ao 16º dia de internamento à injecção intravítrea de ganciclovir (2mg). Aos 21 dias de aciclovir (ev), realizou-se fotocoagulação laser, procedendo-se à alta com instituição oral de valaciclovir oral (3g/dia), prednisolona (1mg/Kg) e aspirina (100mg/dia). O seguimento 8 meses após injecção de ganciclovir mostrou no OD AV de vultos, vasculite retiniana 372 | Revista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia A NRA é uma panuveíte rara, caracterizada por retinite necrotizante periférica, confluente e arterite oclusiva periférica, cujo prognóstico é bastante reservado. Pode afectar indivíduos previamente saudáveis, de qualquer idade, raça ou sexo e sem factores predisponentes. Na maioria dos casos é causada pelo VZV, cujo curso é frequentemente mais agressivo. Normalmente é unilateral, estando descrito que o diagnóstico atempado e início imediato da terapêutica antivírica podem melhorar o prognóstico e impedir o atingimento do olho adelfo. No nosso caso esta atitude não impediu a progressão. Embora o diagnóstico seja baseado em critérios clínicos, a apresentação em alguns casos não é clara o suficiente e a detecção precoce de DNA viral por PCR pode ser uma ajuda importante. A colheita de humor aquoso, por paracentese de câmara anterior, é preferível à biopsia vítrea, já que é de mais fácil e segura execução num contexto de urgência.6 De qualquer forma, havendo forte suspeita clínica, a terapêutica antivírica dever ser iniciada de imediato, mesmo sem resultados laboratoriais. A maioria das estirpes víricas implicadas como agentes etiológicos são sensíveis ao aciclovir, sendo o tratamento recomendado o aciclovir (ev;10mg/kg de 8 em 8 horas, ou 1500mg/m2 por dia), durante 5 a 10 dias, seguido de aciclovir oral (400 a 800mg, 5 vezes por dia), durante 6 a 12 semanas. Necrose Retiniana Aguda - Caso Clínico Refractário No nosso caso verificamos evolução para descolamento da retina do OD, e atingimento do OE. Face a haver progressão, sob terapêutica com aciclovir, foi decidido proceder à injecção intravítrea de ganciclovir (2mg), o que estabilizou a situação. A utilização do fármaco intravítreo permite o acesso directo deste aos tecidos intraoculares, aumentando a eficácia e diminuindo efeitos sistémicos. Especialmente em mais casos agressivos, sem resposta ao aciclovir a utilização de ganciclovir intravítreo como terapêutica adjuvante deverá ser ponderada.14 A utilização de fotocoagulação laser é controversa. No nosso caso não foi impeditiva da ocorrência de descolamento retiniano no OD mas no OE, pela menor opacidade dos meios foi feita barragem laser mais eficaz, o que pode ter contribuído para a estabilização do quadro clínico. Em conclusão, pensamos que apesar de se tratar de um caso de difícil orientação e tratamento, as opções tomadas terão contribuído para melhorar o prognóstico e diminuir as sequelas. Bibliografia 1. Aizman, A. et al: Treatment of acute retinal necrosis syndrome with oral antivirical medications. Ophthalm. ology. Feb 2007;Vol 114, number2: 307-310 2. 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