Reabilitacao lesao no plexo braquial

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A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NAS
LESÕES DO PLEXO BRAQUIAL SUPERIOR
Tiago Costa Esteves1
RESUMO
O presente artigo baseado na revisão bibliográfica tem como objetivo abordar sobre a
anatomia do Plexo Braquial(P.B), as principais alterações do paciente com Lesão do Plexo
Braquial Superior, além de ressaltar a importância da fisioterapia para reabilitar o paciente
enfatizando sua melhora da qualidade de vida e posteriormente seu retorno às atividades da
vida diária (AVD’s).
1 – INTRODUÇÃO
As lesões do plexo braquial (PB) têm graves repercussões sobre a vida familiar,
profissional e a qualidade de vida do indivíduo que apresenta este distúrbio. No entanto,
todos os esforços da reabilitação devem ser dirigidos a este paciente. Existem vários
mecanismos que podem levar a lesões do PB, dentre eles podemos citar a hérnia de disco
cervical, traumatismo por arma branca, ferimentos por arma de fogo e luxações do ombro.
Porém, existem alguns movimentos de torção que levam a lesões do PB, como o
movimento que separa a cabeça do ombro e o estiramento do braço em abdução.
(LIANZA, 2001)
Segundo SALTER (2001), as lesões do PB podem ser divididas em superior,
inferior e completa. Na lesão superior ocorre uma tração dos troncos superiores C5 e C6,
geralmente por uma força de tração afastando a cabeça do ombro. Já na lesão inferior,
ocorre uma tração nos troncos C8 e T1, devido a uma força de estiramento do braço em
abdução. E na lesão completa afeta todos os troncos do PB (C5 a T1), sedo ocasionado por
lesões traumáticas e obstétricas durante o parto.
O paciente com lesão do PB apresenta uma ampla variedade de problemas e
desafios para o fisioterapeuta. As conseqüências da lesão via de regra perduram por toda
ávida do indivíduo, e o paciente pode procurar o fisioterapeuta em qualquer momento após
a lesão.
(STOKES,1992)
2 – ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO PLEXO BRAQUIAL
De acordo com GRAY (1998), o PB pode ser dividido em um intervalo que
compreende as raízes cervicais de C5 a T1 (fig 1). A união das raízes C5 e C6 dão origem
ao tronco superior, C7 formará sozinho o tronco médio ,e C8 e T1 formarão o tronco
inferior. Cada tronco dará origem às divisões anteriores e posteriores. As três divisões
posteriores formarão o fascículo posterior, de onde emergem os nervos radial e axilar,
responsáveis respectivamente pela inervação dos músculos da região posterior do braço
(tríceps braquial) e do músculo deltóide. O fascículo lateral, é formado pelas divisões
anteriores do tronco superior e médio, de onde emerge o nervo musculocutâneo,
responsável pela inervação da região anterior do braço (bíceps braquial e coracobraquial).
O fascículo medial, é formado pela divisão anterior do tronco inferior, onde seu principal
nervo é o ulnar, responsável pela inervação da musculatura intrínseca da mão (interósseos e
1
Acadêmico do 4ºano do curso de Fisioterapia da UNAMA,monitor da disciplina de Morfologia
Humana/Anatomia
lumbricais).outro nervo importante, é o mediano, originado parte pelo fascículo lateral e
parte pelo fascículo medial, onde sua área de inervação prioriza os músculos flexores na
região anterior do antebraço, além dos músculos da região tênar da mão.
FIG. 1 – Anatomia do Plexo Braquial e suas principais raízes nervosas.
3 – ASPECTOS CLÍNICOS DA LESÃO DO PLEXO BRAQUIAL SUPERIOR
Segundo GABRIEL (2001), as lesões nervosas são classificadas em três grupos, que
indicam seu nível de gravidade: neuropraxia, axôniotimese e neurotimese. A neuropraxia é
uma lesão onde ocorre alteração da mielina, sem perda da continuidade do nervo, não
ocorrendo à degeneração deste, onde seu mecanismo de lesão pode ocorrer por contusão ou
compressão. A axôniotimese é mais grave que a neuropraxia, onde este já apresenta
interrupções tanto na mielina quanto no axônio.Já a neurotimese caracteriza-se pela perda
da continuidade anatômica do nervo produzida geralmente por secção ou arrancamento do
nervo, sendo a mais grave das lesões nervosas.
Em geral, as fibras superiores do plexo são as mais acometidas , porém sofrem
avulsão mais raramente que as fibras inferiores, ou seja, as fibras mais caudais tendem a ter
mais lesões por neurotimeses enquanto as mais craniais tendem à lesão por neuropraxia.
(HEBERT & XAVIER, 1999)
LIANZA (2001) afirma que a lesão do PB superior que ocorrem em nível de C5 e
C6, são conseqüências do parto, em partos com apresentação cefálica (fig. 2), classificandose como paralisia obstétrica do tipo Erb-Duchenne, de traumas direto com forças que
causam separação violenta da cabeça do ombro (quedas de motocicleta), ou durante
anestesias que aumentem a pressão no espaço supraclavicular.
A paralisia braquial superior ou de Erb-Duchenne (C5 – C6) corresponde a 75% dos
casos. Aqui, o membro superior está flácido e rodado internamente , o antebraço pronado e
o ombro não abduz ativamente , o cotovelo em extensão completa ou levemente fletido, o
punho pode estar fletido assumindo a clássica postura de garçom pedindo gorjeta. O
membro toma atitude de imobilidade junto ao tronco e quando solto cai ao longo do corpo.
O reflexo de Moro está assimétrico, o bicipital ausente e o de preensão palmar preservado.
A sensibilidade tátil e dolorosa é normal no antebraço e mão, e não há fenômenos
vasomotores na extremidade. Vale lembrar que o nervo frênico não faz parte do plexo
braquial, logo, não há manifestações respiratórias ou a ele relacionadas.
(SHEPHERD, 1996)
Fonte: http:// brachialplexus.wustl.edu/portuguese/glossary.htm
FIG. 2 – Distensão do plexo braquial no parto com apresentação cefálica.
4 – TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
Segundo TUREK (1992), caso haja a correção cirúrgica, manter a imobilização do
membro por um prazo de 1 a 4 semanas para possibilitar a reabsorção da hemorragia e do
edema.
Objetivos do tratamento:
-
Criar melhores condições possíveis para a recuperação da capacidade funcional
(prevenir contraturas de tecidos moles e das deformidades, comportamento motor
adaptativo e do desuso do membro).
-
Controle da dor e do edema.
-
Manter ou aumentar a amplitude de movimento do membro afetado~.
-
Proporcionar as condições ambientais necessárias para os músculos poderem reassumir
sua função.
-
Treinar o controle motor mediante exercícios (feitos pelo fisioterapeuta e pelos pais,
assim que os músculos estiverem reinervados e sejam capazes de se contrair).
(STOKES,1992)
Técnicas Fisioterápicas:
-
Movimentação Passiva: prevenir as contraturas dos tecidos moles, especialmente às
aderências escapuloumerais. Ter cuidado para não distender exageradamente os tecidos
moles adjacentes á articulação do ombro, principalmente na presença de paralisia total
do braço, tendo cuidado de não deslocar do ombro, evitando o risco de luxação da
articulação glenoumeral.
-
Aplicação de talas: evitar o encurtamento de tecidos moles (controvertido).
-
Treinamento Motor: deve ser iniciado durante o primeiro mês de vida (desencadear a
atividade nos músculos desnervados apenas temporariamente, reduzir ao mínimo o
desuso e as contraturas de tecidos moles, obrigam os pais a adotar uma rotina regular
assegurando que os músculos sejam estimulados a contrair-se para realizarem os atos
motores apropriados, assim que os nervos se tenham regenerado). Visa principalmente
os atos importantes em relação à idade da criança (estender o braço para tocar, apanhar
e manusear objetos diferentes).
-
Insistir no treinamento dos músculos abdutores, flexores e rotadores externos do ombro
(movimentos de extensão do braço para o lado ou para diante dependem da ação desses
músculos, bem como os supinadores do antebraço, dos extensores do carpo e do
abdutor palmar do polegar).
-
Crianças com mais idade – jogos com finalidade de melhorar a percepção sensitiva em
relação ao membro afetado.
(STOKES,1992)
O treinamento deve prosseguir enquanto durar o processo de recuperação. A falta de
uso do membro afetado pode contribuir para a falta de recuperação da função muscular,
após a regeneração ter ocorrido.O programa de treinamento da motricidade deve incorporar
períodos de contenção do membro superior sadio (ex. manter o braço normal sob as roupas
da criança ou amassando-o de leve ao seu lado ou organizando o ambiente da criança de
forma tal que ela só consiga alcançar um objeto que deseja, usando para tanto o braço
afetado.)
(SHEPHERD, 1996)
De acordo com SHEPHERD (1996), o tratamento mediante feedback é realizado
para treinar e reforçar o comportamento motor desejado.
LIANZA (2001) afirma que a estimulação elétrica (controvertida) é utilizada
retardar o processo de atrofia, principalmente a fibras do tipo II.
As órteses são utilizadas para prevenir o uso exagerado dos músculos que não
encontram oposição, podendo, além disso, obrigar o músculo parético a se contrair.
(SHEPHERD, 1996)
Segundo BURNS (1999), o fisioterapeuta desempenha um papel de destaque no
tratamento conservador dos pacientes com lesão de PB, sendo ele o profissional da saúde
que terá o maior contato com este paciente, onde lhe é atribuída à responsabilidade de
reabilitar e oferecer melhor qualidade de vida ao paciente com lesão de plexo braquial.
5 – CONCLUSÃO
A reabilitação do paciente com lesão PB exige uma abordagem multiprofissional,
onde os profissionais terão de se empenhar o máximo para avaliar e tratar adequadamente
do paciente com metas a longo prazo, que facilitem o retorno às suas atividades diárias. É
importante ressaltar que a colaboração do paciente e de seus familiares será um dos pontos
principais para o sucesso da reabilitação.
BIBLIOGRAFIA
BURNS, Yvonne R. Fisioterapia e Crescimento na Infância. 1ª edição. São Paulo: Santos
Editora, 1999
GABRIEL, Mª. R. Serra. Fisioterapia em Traumatologia Ortopedia e Reumatologia.
Rio de Janeiro: Revinter, 2001
GRAY, D. Goss, C.M. Anatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998
LIANZA, Sérgio. Medicina de Reabilitação. 3ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2001
SALTER, Robert B. Distúrbios e Lesões do Sistema Musculoesquelético. 3ª edição. Rio
de Janeiro: Medsi, 2001
SHEPHERD, Roberta B. Fisioterapia em Pediatria. 3ª edição. São Paulo: Santos Editora,
1996
SOKES, Maria. Neurologia Para Fisioterapeutas. 4ª edição. São Paulo: Premier, 1992
TUREK, Samuel. Ortopedia: Princípios e suas Aplicações. 4ª edição. São Paulo, 1992.
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