AMatemáticae asArtes atravésdasMídias HermesRenatoHildebrand e JoséArmandoValente Sumário Introdução ProcessodeAbstraçãoMatemático Capítulo01‐ConceitosBásicos 1.1 ALinguagemnasArtesenaMatemática 1.1.1 AEtnomatemática 1.1.2 Aspectosrelativosàtopologiadasimagens 1.1.3 Aspectosrelativosàsproduçõesdeimagens 1.1.4 Aspectosrelativosàlógicadasimagens 1.1.5 MatematizaçãodasCiênciasnaContemporaneidade 1.1.6 ArteeMatemáticanaEraMaterialistaIndustrialOcidental 1.2 ConceitosBásicosdeProgramação 1.2.1 OqueéumAlgoritmo; 1.2.2 Comoresolverumproblemacomputacional: entenderoproblema; elaborarumplanoderesolução; executaroplano; avaliaroplanoe corrigiroplano(senecessário). 1.3 Processing 1.3.1 OqueéProcessing; 1.3.2 Primeirosconceitosdeprogramação; 1.3.3 PalavraseElementosReservados; 1.3.4 ConceitosdeCores–RGBeCMYK. 1.4 Atividades–ConceitosBásicos: 1.4.1 Atividades1‐FazeremSaladeAula‐Desenharretas,elipses utilizandooconceitoderotaçãoetranslação‐Exercíciododesenho emsequencial; Proposta: Solução: 1.4.2 Atividades2‐FazeremCasa‐DesenharcomoProcessingum Cenário2D(EstiloMarioBros); Proposta: Solução: Capítulo02–ConceitosdaMatemáticaDiscreta 2.1 Osnúmeros,simetriaseregularidades 2.1.1 OAtodeContar 2.1.2 SimetriasnasArtesenaMatemática 2.1.3 AsRegularidadeseumaVisãoOrgânicaeSistêmica. 2.2 ConceitosdeProgramação 2.2.1 SistemaCartesiano; 2.2.2 SistemaLógico; 2.2.3 VariáveiseFunções(conceitodefunção),AritméticaseLógicas; 2.2.4 Trigonometria–Seno,CossenoeTangente; 2.2.5 AcessoRandômico; 2.2.6 If,ElseeFor. 2.3 Atividades–Série02–MatemáticaDiscreta 2.3.1 Atividade01‐DesenharumaMandala; Proposta: Solução: INTRODUÇÃO A Matemática e as Artes são conhecimentos complexos e, obviamente, relacionam‐se entre si. A Matemática sempre foi considerada a ciência dos números; das representações do espaço e do tempo; dos fundamentos metodológicos para as ciências; dos padrões de representação de entidades aritméticas,algébricas,geométricas,lógicasetopológicas.Hoje,podemosdizerque elaéumaciênciaqueestudaosmodelosepadrõesabstratosdasrepresentações humanasdanaturezaedacultura. Porseulado,asArtesrelacionam‐seàsatividadeshumanasatravésdesuas características estéticas. O conceito de objeto artístico trata do que é “belo” e do que é “admirável”. Segundo a Teoria Semiótica de Charles Sanders Peirce, a Estética é uma ciência abstrata que fornece princípios para as ciências menos abstratas:aÉticaeaLógica.Astrêsformamas“CiênciasNormativas”que,segundo o filósofo e matemático que elaborou a Teoria Semiótica, são aquelas voltadas “para a compreensão dos fins, das normas, e ideais que regem o sentimento, a conduta e o pensamento humanos.” (SANTAELLA, 1994, p. 113). Assim, os conceitos artísticos e estéticos que pretendemos abordar neste texto, que foram inicialmenteformuladosporPlatãoeAristóteles,estãoemconstantemodificação, chegando aos nossos dias apresentando uma grande variedade de possibilidades de padrões estéticos. E, para melhor compreender a evolução histórica destes conceitos,énecessáriodizerqueaEstéticadeveserobservadapelosparadigmas deseutempoeéfrutoderelaçõescultura,sociais,econômicasepolíticas. Também analisaremos as Mídias que, aqui, serão consideradas como artefatos, suportes materiais, interfaces físicas que criamos para apresentar os signos. O processo de elaboração de conhecimento estrutura‐se através das Linguagenseapresenta‐seatravésdasMídias.Noentanto,elas,antesdetudo,são meios que, por si só, não geram significados, mas determinam os limites e estruturasdoquequeremostransmitir. Artes, Matemática e Mídias, em determinados momentos históricos, definem princípios sintáticos, semânticos, linguagens e paradigmas que se relacionam entre si e com todas as outras formas de conhecimento. A primeira característicaqueobservamosentreelaséqueseestruturampelalinguagemesão signos que representam objetos da natureza e da cultura. As Artes e Matemática são linguagens que possuem fins específicos e bem determinados, e como tal, precisamdosmeiosdecomunicaçãoparaestrutura‐lasemseusconteúdos.Defato, elassãodeterminadaspelasMídiase,comodeclaraMarshallMcLuhan,“omeioéa mensagem” e, assim, destacamos a impossibilidade de separar mídia de seu conteúdo.AsArteseMatemática,enquantolinguagem,produzemconteúdoenão podemserobservadasindependentedasMídiasqueasgeram. . Oprocessodeabstraçãomatemático Iniciemos esta pesquisa pela Matemática. Os interesses apresentados por ela, historicamente, nunca foram os mesmos. Na Babilônia, em 2.100 a.C., os matemáticos estudavam os números e as relações de ordem, grandeza e medida dos elementos da natureza. Estudavam aritmética, álgebra, geometria, técnicas para medir, contar e calcular tudo que era possível de ser quantificado; observavamosperíodosdetempoeasquantidadesdechuvadasenchentesdoRio Nilo.Defato,nestemomento,nossoolharparaossignosmatemáticosnãoeraem suas características abstratas, mas sim, pelas relações discretas que produziam comosnúmerosecomasrepresentaçõesespaciaisetemporaisequeserviampara quantificarascoisasaonossoredor. Umdosprimeirospensadoresarefletirsobreosmodelosderepresentação matemático e geométrico foi Euclides. Em 300 a.C. ele publicou 13 livros denominados “Os Elementos” que abordavam conceitos, postulados (axiomas), teoremasedemonstraçõesmatemáticasque,demodoconsistente,formulavamo que hoje conhecemos como sendo a Geometria Euclidiana. Os textos de Euclides definiam os conceitos de ponto, reta, plano, ângulos e ângulo reto. E, por este último,éramosencaminhadosdiretamenteaoconceitoderetasparalelas,figuras planas, sólidos, teoria dos números, proporções, enfim, a um conjunto de proposições matemáticas que, hoje, sabemos que estudam as representações numéricaseespaciaisatravésdométodoaxiomático. Nascia assim, um dos primeiros modelos abstratos de representação da linguagemMatemáticaque,emsuagênese,observaosfenômenosreaisdomundo, mas, que logo a seguir, excluiu a possibilidade de relação destes elementos com qualquertipodeexperiênciadarealidade.EstemodelodeuorigemàGeometriade Euclides que, até o momento, define conhecimentos importantes para as nossas representações espaciais. Para Samuel Y. Edgerton, em "The Heritage of Giotto's Geometry" são três as condições que a Europa, a partir do século XII, dispunha para realizar a gênese da moderna ciência. A primeira, de caráter religioso, traz consigooconceitoéticode"leinatural",noqual,omodeloéfixado"apriori"por padrõesmoraisestabelecidosporumúnico"Deus".Asegunda,decaráterpolítico, se traduz na rivalidade entre os estados‐cidades e uma economia baseada no Sistema Capitalista Mercantilista Burguês. A terceira, de caráter lógico e matemático, tratava do Sistema Geométrico Euclidiano que permitiu tanto ao artistaquantoaocientistaconstruirnossosmodelosderepresentaçãodomundo, através de uma ordem "natural", finita, mecânica, suscetível de demonstração atravésdededuçõeslógicasmatemáticas.(EDGERTON,1991,p.12). Este momento histórico vem marcado pelos valores materiais e de racionalidade e os registros deixados pelos pensadores da época, consagram o caráter histórico da civilização e os valores materiais apoiados na matéria e na razão que, apesar de unir duas vertentes de pensamento, a grega e a medieval, tambémpossuicaracterísticasindividuaisenquantomomentohistórico.Essesdois fundamentosquesãoformadoresdopensamentorenascentistapermanecemvivos atéosdiasdehojee,deumaformasintética,modelamohomemdamodernidade. Nocapítulo"Geometria,ArteRenascentistaeaCulturaOcidental",notexto deEdgerton,encontramosdiretrizesquenoslevamacompreenderestecicloem suatotalidade.NoséculoXVII,osfilósofosnaturalistas:Kepler,Galileu,Descartes, FrancisBaconeNewtontinhamqueaGeometriaPerspectivaestabeleciaconceitos óticosbaseadonoprocessofisiológicodapercepçãovisualhumana.Dessaforma, rompiam com o princípio medieval de uma "Geometria Divina" que permitia representar, através das Artes, a essência da realidade e, assim, ao visualizar as obrasdeArtesestaríamosrevivendoomomentodivinodaCriaçãodoUniverso. Este método, até hoje, permite representar as coisas ao nosso redor e traduzir,emmedidas,osobjetoseoshomens.Defato,elenãosórepresentanossa percepção do presente, mas torna‐se uma ferramenta para reproduzir o futuro, simulando‐o.AciênciamodernadevemuitoàGeometriaestruturadaporEuclides, atalpontoque,AlbertEinstein,emdefesadesuateoriadarelatividadeebaseado nas geometrias não‐euclidianas, chamou, a primeira de uma das maiores realizaçõesdetodosostempos.(EDGERTON,1991,p.12). A Geometria Euclidiana produz figuras e imobiliza as máquinas com seus procedimentos de representação, mas somente a álgebra formula e explica os fundamentos mecânicos dessa mesma máquina, afirma o cientista e historiador Michael Maloney e, assim, a álgebra e a matemática são igualmente importantes como ciências, para as artes e para os princípios que formulam que o universo e todasascoisasoperammecanicamente. Hoje,baseadonomodelorenascentista,podemosafirmarqueaMatemática desenvolve‐se no interior do pensamento humano, como um modelo mental. Ela nasceapoiadaemsignoscriadospelarazãohumanae,assim,éaciênciaquetira conclusões lógicas de qualquer tipo de conjunto de regras pré‐estabelecidas, não dando importância às relações destes signos com os seus objetos e com os fatos naturaisdomundo,apesardeestarintimamenterelacionadacomosfenômenosde mesmanaturezaqueela. Além de ser reconhecida como a linguagem dos números, a Matemática tambémauxilianasreflexõessobreacogniçãohumanaeoprocessodecriaçãoe de elaboração de conhecimento. Ela permiteconstruir modelos lógicos que estão baseados na percepção dos fenômenos, e se apresentam através das representaçõeslógicas,gráficasementaisque,aoseremvisualizadasatravésdas imagens, gráficos, esquemas e diagramas, permitem observar a estrutura dos modeloslógico‐matemáticos.Pitágoraseseusseguidoresafirmavamquedevemos construir modelos lógico‐matemáticos para explicar os fenômenos que observamosnomundo.JáofilósofoematemáticoCharlesSandersPeirce,emseu texto sobre a "Consciência da Razão", publicado em "The New Elements of Mathematics",afirmavaque as expressões abstratas e as imagens são relativas ao tratamento matemático. Não há nenhum outro objeto que elas representem. As imagenssãocriaçõesdainteligênciahumanaconformealgumpropósito e, um propósito geral, só pode ser pensado como abstrato ou em cláusulas gerais. E assim, de algum modo, as imagens representam ou traduzem uma linguagem abstrata; enquanto por outro lado, as expressões são representações das formas. A maioria dos matemáticos considera que suas questões são relativas aos assuntos fora da experiência humana. Eles reconhecem os signos matemáticos como sendo relacionados com o mundo do imaginário, assim, naturalmente forado universo experimental. (...)Toda a imagem é consideradacomo sendo a respeito de algo, não como uma definição de um objeto individualdesteuniverso,masapenasumobjetoindividual,destemodo, verdadeiramente, qualquer um é de uma classe ou de outra. (NEM 4, 1976,p.213). A ênfase das reflexões de Peirce estão na imagem mental, na imagem que permite estabelecerformas, que possuem aspectos diagramáticose define‐senas expressões matemáticas, cujo enfoque está na relação entre os elementos que as estruturam. A matemática traz em si uma perspectiva de percepção que sempre esteve presente nos modelos e nas formas de produzir conhecimento dos seres humanos: nós sempre utilizamos os signos visuais para representar os pensamentos. QuandoobservamosestesconceitosverificamosqueaMatemáticatemuma abordagem altamente complexa e, dada a sua íntima relação com a Lógica, podemosafirmar,assimcomoPeirce,queasduassãociênciasdemesmanatureza edeterminamasformasdeorganizaçãodoconhecimentohumano,semquestionar deondeelevem.Porprincípio,aMatemáticaéumaciênciaquenadatemavercom qualquer fato real, a não ser com fatos abstratos que extraem de si própria. E, dessemodo,confirmandonossahipóteseinicialarespeitodopensamentohumano ematemáticoe,baseadonafilosofiasemióticadePeirce,encontramosnaspalavras de Lúcia Santaella, uma resposta para esta formulação. Para ela e para esse pensadoramericano, é verdade que as ideias, elas mesmas, podem ser sugeridas por circunstâncias muito especiais; mas a matemática não se importa com isso.Elaé,assim,comoacontemplaçãodeumobjetobelo,excetoqueo poeta o contempla sem fazer perguntas, enquanto o matemático pergunta quais são as relações das partes de suas ideias umas com as outras.(1993,p.158). A principal atividade da Matemática é descobrir as relações internas dos sistemas, sem identificar o objeto a que ela se refere. Por isso, os pesquisadores sempre estiveram preocupados com todos os tipos de representações que comportam a Matemática, em particular, com as relações entre os signos no interior de sua própria estrutura, preocupando‐se com os estímulos visuais e mentais recebidos. As imagens são representações dos modelos que concebemos mentalmente, isto é, são signos visuais que exteriorizam o comportamento de nossasideiasabstratas,porisso,são“signosvisuais”querealizamnossas“imagens mentais”. Nesta reflexão sobre a Matemática e as Artes damos ênfase aos aspectos visuaisediagramáticosdasimagensedasexpressõesmatemáticas,cujosenfoques estãonasrelaçõesentreosdiversoselementosqueasestruturam.AMatemáticaé umsistemadesignos,cujagramáticasemprefundamentouodiscursoracionalista tecno‐científicodaculturaocidental.OmatemáticoBrianRotman,deacordocom esta afirmação, diz que as normas, diretrizes e leis deste discurso sempre estiveramprofundamentemarcadaspelosprincípioseestruturasmatemáticasem umnívelsimbólicoelinguístico(1988)e,ainda,complementandoestaafirmação, Peirce diz, que também em um nível diagramático. (1983, p. 42) De fato, nossa escolha recai sobre os valores da cultura ocidental, porque é dela que emanam nossas crenças e percepções do mundo. Podemos evoluir em nosso raciocínio tentandocompreenderoutrasculturas,mas,obviamente,nuncadeixaremosdever esteobjetodeestudocombasenoparadigmadepercepçãoocidental. CAPÍTULO01–CONCEITOSBÁSICOS 1.1 ALinguagemnasArtesenaMatemática Amatemáticaéumalinguagemqueestárelacionadaàcogniçãohumanae ao processo de elaboração de conhecimento. Através dos desenhos, imagens, gráficos, diagramas e esquemas, verificamos que nossa percepção visual é carregada de princípios abstratos, lógicos e matemáticos. Deste modo encontramos muitos pontos de similaridades entre Artes e Matemática, especialmente, quando observamos estas duas áreas de conhecimento sendo modificadopelasmídiasquecriamosaolongodahistória. 1.1.1AEtnomatemática Oenfoquequepretendemosdaraestetextotembasenaculturaocidental, noentanto,iniciaremosnossareflexãoporaspectosqueconsideramosapartirde outras culturas e etnias. Ubiratan D’ Ambrósio (1990), com a noção de “Etnomatemática”,afirmaqueoconhecimentomatemáticoestápresenteemtodas as formas culturais e que, ao manejar números, quantidades, medidas, relações geométricas, imagens gráficas, padrões de representações e os conceitos matemáticos, estamos fazendo “Etnomatemática”. Para ele, este conhecimento situa‐senumatransiçãoentreamatemáticaconvencionaleaantropologiacultural. Eassim,asraízesdenossoconhecimento é na verdade uma etnomatemática que se originou e desenvolveu na Europa,tendorecebidoalgumascontribuiçõesdascivilizaçõesindianae islâmica e que chegou à forma atual nos séculos XVI e XVII, e então levada e imposta a todo o mundo a partir do período colonial. Hoje adquire um caráter de universalidade, sobretudo em virtude do predomíniodaciênciaedatecnologiamodernas,desenvolvidasapartir doséculoXVIInaEuropa.(D´AMBROSIO,2000,p.112). Observemosentãoa“Etnomatemática”aplicadaaosaspectosdaculturanão ocidental relativa à topologia das imagens produzidas nas pinturas rupestres, às produções dos chapéus côncavos e convexos da cultura Chilkat e relativa aos padrõeslógicosqueformamastramasdascarteirasdepalhadaculturaafricana. 1.1.2Aspectosrelativosàtopologiadasimagens Oregistrodopensamento,emalgumtipodeimagem,sobrealgumtipode suporte,vemsendorealizadopeloshomensdesdeapré‐história.Juntocomestas representações temos a necessidade de determinar parâmetros para realizá‐las. SãoconhecidasasimagensdostourosgravadasnaspedrasdacavernadeLascaux, na França,com 5 metros de comprimento. E,parecefácil compreender que, para realizá‐las, sempre foi necessário um conhecimento técnico e um procedimento lógico‐matemático espacial a fim de conceber representações tão grandes, com suas devidas proporções. Para utilizar óxido mineral, ossos carbonizados, carvão vegetal e o sangue dos animais abatidos na caça com a intenção de representar imagensnaspedras,ohomemnecessitouplanejarestatarefa,assimcomo,também planejoualógicadesuasrepresentações. Amodelagemlógicadasimagensdostourosexigiuumprincípiotopológico de representação que, por sua vez, era a forma imagética para fixar uma representação,umdesenhos,ouainda,eraaformaxamânica,místicaoureligiosa paradominarosanimais,facilitandosuacaça.(SOGABE,1996,pp.59‐64) Os homens da pré‐história acreditavam que as imagens serviam para delinearasaçõesdodiaadia.Desdeosprimeirosregistrosasimagensjápossuíam a característica de serem científicas. Além de estabelecerem as formas de nossos modelos de representação, através de regras de proporcionalidade, também serviamparacontabilizaraspessoas,osanimaiseascoisasdocotidiano.Assim,o homem se mostrava científico desde a pré‐história. Primeiro rudimentarmente comseusregistrosnaspedrasedepois,comrepresentaçõesmaisdetalhadasdas imagensdasplantas,daanatomiahumanaeanimal,atribuindoacaracterísticade serumregistrodoolhar,istoé,aimagemésemelhanteaoolhar(SOGABE,1996). Inicialmente, as imagens e as estruturas geométricas que organizavam as nossas representações em desenhos e pinturas, eram executadas somente com técnicas artesanaisemanuais. Os estudos preparatórios dos elementos utilizados em suas pinturas [Leonardo da Vinci], como os das pesquisas de plantas para ‘Leda and the Swan’ (Meyer, 1989), foram os resultados de uma observação apuradadanaturezaedeumregistroprecisodasplantas,nosmínimos detalhes. Esses registros, buscando uma fidelidade maior com o real, iniciam também a necessidade de um olhar mais minucioso sobre a naturezarevelando,emconsequência,novosconhecimentos.(SOGABE, 1996,p.62). É trivial deduzir que as imagens encontradas desde a pré‐história até recentemente, passando pelos egípcios, babilônios e gregos, possuem características topológicas e a capacidade de representar quantidades, mensurar prop porções ou,, até de, simplesmentte, identificcar padrõe es de repettição estilizzados nas fformas quee apresentam. No Parrque Nacio onal da Serrra da Capiivara, no Brasil, B enco ontramos grafismos g rupestres r q que nos possibilitam constatar qque as ima agens prod duzidas pelo homem pré‐histórrico, no síítio arqueo ológico de São Raimundo Nonaato, no Piauí, contêm elementtos que permitem p inferir sobbre relaçõe es de dimeensionalidaade, proporcionalidad de e espaccialidade da as imagenss. Os anim mais e seress humano os represe entados, m mesmo aq queles ma ais estilizaados, posssuem prop porções faccilmente identificáveeis nos traaços, que mostram a intenção o em quan ntificarem mensurarassfigurashu umanasean nimaisemsuasrepre sentações. Figura0 01‐PinturaRuupestre‐Gra ande Cervo–T TocadoSalitrre.8000–70 000 a.C.,Piau uí,Brasil.InPPeinturespré historiqu uesduBrésil,,deNièdGuiidon, Hérissey y–Érreux,Fraance,1991,p.57. ApartirrdapesquiisadeNièd deGuidon (1991),as representaaçõesrupe estres existtentes no Parque Nacional N Seerra da Capivara C e estão croonologicam mente distrribuídas em m: Tradiçã ão Nordestte (12.000 0‐6.000 ano os BF ‐ B Before Pressent), Agreeste (6.000 0‐4.000 anos BP) e G Geométricaa (5.000‐4..000 anos BP) e dua as de gravvuras: Itaco oatiaras do o Leste e Itacoatiaras do Oesste. (GUIDO ON, 1991) Nas representaçõessdaTradiçãoGeométtrica,caractterizadasp porumapreedominâncciade grafiismos topo ológicos, que, para n nós ociden ntais, repre esentam foormas e fig guras geom métricas, como c círcu ulos, triân ngulos e retângulos, r , vamos eencontrar uma tend dênciaà“geeometrizaçã ão”eumgrrafismoabsstratoetop pológico. Estasreepresentaçõ ões“geoméétricas”carregam,em si,umagrrandevarie edade de p possibilidad des interprretativas, p por isso, ho oje são vistta com muuito cuidado em relaççãoaoque significam m.Estascarracterísticaasà“geomeetrização”ttambémpo odem ser eencontradaas nas representaçõees da Tradição Norde este e Agreeste neste sítio arqu ueológico.P Porém,num mestudom maisdetalhadosobreelas,realizzadoporM Martin (199 97), vamoss encontrar, associad dos a estes grafismo os “geométtricos”, rela ações espaaço‐corporaais,sistema asdecontaagem,relaççõescomosscorposceelesteseco omos calen ndárioslun nares. Figura0 02‐PinturaR Rupestre‐CeenadeSexo–TocadoCald deirãodoRoddriguesI. 8000–7 7000a.C.,Piauí,Brasil. In n:Peinturespréhistorique esduBrésil,d deNièdGuido on,Hérissey– –Érreux,Fraance,1991,p.59. Anne‐MariePessiss(1987)coomentaqueenestesítioarqueolóógicodoPa arque Nacional Serra da Capiva ara, convém m fazer um ma distinção o entre as formas grá áficas dereepresentaççãoquemo ostramasp profundidadesespacia aiseasqu enãomosttram. A co onstrução de d cada um ma delas éé relativa ao a objeto tridimensioonal e trata a das projeeçõessobreoplano,ttomandocoomobaseu umobjetoe emrelação aooutroe esuas profu undidades..Épossívellafirmarqu uearepressentaçãodo osobjetosssedáatrav vésda representação gráfica asssociada a ccertos fatorres estrutu urais da vissualidade e e dos mod dosderepreesentaçãob bidimensioonal. A representação em e perspecctiva apareece, na histtória do hoomem, som mente com os Egípciios, Babilô ônios, Greggos e Etru uscos, e oss resultadoos gráficoss são soluççõesquereessaltaatrridimensio nalidaded dasformas (PESSIS,1 987,p.68)).Em certaascomposiiçõesdasrepresentaççõesrupesttresdaTra adiçãoNor deste,arelação sexualqueérepresentadamostraparceirosquerecebemomesmotratamentono espaço topológico gráfico. A composição é feita segundo um ponto de vista que expõemaidentidadesexualdosdoisatoresesuarelaçãosexual.Asrochasquesão os suportes destas pinturas mostram que as figuras humanas são desenhadas como se estivessem na superfície do solo, na qual as duas pessoas interagem sexualmente. OestudodosgrafismosdeaçãodaTradiçãoNordestepermiteconstatar que, segundo as modalidades estilísticas, os autores recorrem às diversassoluçõesparaestabelecerasrelaçõesdeprofundidadeentreos elementos da composição pictural. Vemos várias formas de tratamento doespaçoedarepresentaçãodeprofundidadeentreoscomponentesdo agenciamento pictural. Um destes procedimentos consiste na superposição de diferentes planos paralelos horizontais aos quais são dispostos componentes de uma representação, de tal sorte que parece achatado sobre o plano bidimensional, a percepção da profundidade exige do observador um ato imaginário de destacamento da figura. A partirdestaoperaçãodebase,osprocedimentosutilizamosrecursosde obliquidadequecontribuemparaproduzirumaverdadeirapercepçãode profundidade, pois significa um crescendo e decrescendo, do momento queévisto,comoumdesvioouaproximaçãogradualdaposiçãoestável daverticalidadeehorizontalidade.(PESSIS,1987,p.69). Nestas formas de representação gráfica podemos constatar claramente as estruturas lógico‐matemáticas de caráter topológico que são necessárias para elaborarestesdesenhos.Apesardeelasseremrealizadassobreaspedras,quesão suportes tridimensionais, podemos vê‐las como representações bidimensionais que,facilmente,seriamrealizadasemfolhasdepapel.Elasexigemumaconcepção doespaçotopológicoque,certamente,temdimensionalidadeeproporcionalidade. Estas são características das estruturas lógicas e matemáticas destas imagens. Estes registros cravados nos diversos tipos de suportes usados na pré‐história possuem estruturas topológicas e, portanto, lógicas e matemáticas, ao serem elaborados. Na figura a seguir observamos uma das mais belas representações com imagens de homens, animais e muitas formas repetidas, mostrando as noções topológicas nas quais identificamos a espacialidade corporal e sistemas de contagemequantificação.Estaimagem,realizadanaTocadoBoqueirãodoSítio daPedraFurada,emSãoRaimundoNonato,noParqueNacionalSerradaCapivara, foi produzido por Marcelo da Costa Souza, que utiliza recursos computacionais paradigitalizá‐la.Oprocessodeobtençãodestaimagemeseutratamentográfico, através dos meios de produção eletro‐eletrônicos, suscitam uma série de posssibilidades interpretattivas,pois,,somenteaassim,podemosobseervareleme entos que, apenas sãão possíveiis com o u uso dos computadore es. Este prrocesso perrmite odaresoluççãográficaadaimagem mquesóélimitadap elotamanh hodo umaampliação arqu uivo a ser gravado g no o computad dor, isto é,, extrapola a a limitaçãão da resollução gráfiica do proccesso fotog gráfico. Com m isso, pod demos iden ntificar im magens grav vadas nasp pedrasqueeaolhonunãoseriam mpossíveisdeseremv visualizadaas. Figura03 3‐PinturaRu upestre‐DettalhedeCenaCotidiana ToccadoBoquei rãodoSítiod daPedraFura ada. 5000 0–3000a.C.,,Piauí,Brasil .InPeinturesspréhistoriqu uesduBrésill, deNièdGuidon,Hérisssey–Érreuxx,France,199 91,p.106. 1.1.3A Aspectosrelativossàsprod duçõesde eimagen s Às vezes são imag gens e rep presentaçõees bidimen nsionais, ouutras vezess são escu ulturas e peças p tridim mensionaiss, de fato, usamos uma u grandee variedad de de supo orte para representa ar as imaggens criadas por nó ós. Observeemos agorra os chap péuscôncav voseconve exosdosín ndiosnorte‐americano osdonoroeestedoPaccífico. Os ccôncavos fo oram realizados peloos índios Makan M e ou utros povoos Nootka, e os convvexospelossTlingit,HaidaeKwaakiutl.Nas imagensextraídasdoolivro“Op poder dos llimites: harrmonia e proporções na naturezza, arte e arquitetura”” (DOCZI, 1990, 1 p.14),verificam mosqueos índiosam mericanos,aaoelaborarremsuasceestas,utensílios dom mésticos e vestimen ntas, fund damentam seus modelos m ttopológicoss de representação no ato da elaboraçãoo de seus objetos o de uso diárioo. Suas ima agens produzidassnaconstruçãodosoobjetosdep palhaenassimagensccolocadasssobre sãop eles. Figurra04‐ChapééuCôncavoeConvexodossÍndiosAmericanos.In:O OPoderdosLLimites:Harm monias eProporçõesnaN Natureza,Arte eeArquitetu ura,deGyörgy yDoczi,Ed.M Mercuryo,SãooPaulo,1981 1,p.14. Figura a 05 ‐ Análise proporccional de ch hapéus trançaados do tipo convexo. In O Poder dos Limitees: Harmonia as e Proporçções na Nattureza, Arte e e Arquiteturra, de Györggy Doczi, Editora Mercu uryo,SãoPaullo,1981,p.166. As aranh has tecedeeiras constroem suas teias come eçando porr fios retoss que juntaam no cen ntro. Em sseguida, tecem espirrais ao red dor dessess fios, que vão‐se alargando em órbitas cada vez mais amplas. Cesteirros trabalh ham em u m padrão dinérgico semelhantte. Inicialm mente fibraasduras,a urdidura, sãoamarraadasemum mpontoqu ueseráoccentrodoccesto. Em sseguida, fib bras flexív veis – a traama – são trançadas por cima e por baix xo da urdid dura, de fo orma rotattiva. Em ceestos feito os em caracol, uma ffibra resisttente, poréém flexível, toma lug gar da urd didura retaa; ela é cossida, ao loongo das liinhas radiaantes,com umatramafina,com mauxíliodeeumaagulha.Porcauusadanatu ureza dinérgica do processo de e trabalho, é fácil recconstruir os o contornoos de um cesto. c (DOC CZI,1990,p pp.14‐16) Docziaffirmaquen noschapéu uscôncavospodemossencontrarrrelaçõesccomo as p proporções áureas e nos chap péus conveexos relaçõ ões como o Teorem ma de Pitággoras. Estas estrutu uras lógicaas podem m ser iden ntificadas nos esquemas diagrramáticos dos chapéus elaborrados ao lado que mostram as formass dos chap péus trançados, reco onstruídas pelo método dinérgico de raaios e círculos (DOC CZI, 1990, p. 16). Esttas tramass e urdidurras nos rem metem às similaridad des e simeetriasquessemprebusscamosaooobservarob bjetos. Figu ura06‐ManttaChilkat–M MuseudeHisttória Naturaal,Chicago,Illinois. d Doczi ab borda as proporções p encontraddas nas ma antas O próprrio texto de cerim moniais do os Chilkat, em seus mínimos detalhes. Nelas enccontramos uma suceessãodeolh hosedeformasovoid des,quetam mbémsãoencontradoosnoschapéus, são representaações esquemáticas ee estilizadaas. É óbvio que estass formulaçõ ões e relaççõeslógicasmatemátticascomb baseempro oporçõesenoTeorem madePitág goras não foram utiilizadas co om estes ffundamenttos pelos índios norrte‐americanos, porém, alguns procedimentos lógicos, matemático e topológico, semelhantes aos utilizados nas imagens rupestres, são necessários na construção destas peças artesanais. Deixando de lado estas representações que foram realizadas de forma independente dos rigores matemáticos da cultura ocidental, vamos retomar o pensamento de Ubiratan D´Ambrosio e constatar que em muitas civilizações do passado,comoasdosastecas,dosmaias,dosincas,dasquehabitaramasplanícies daAméricadoNorte,daAmazônia,daÁfricasubequatorial,dosvalesdosIndus,do Ganges, do Yang‐Tsé e da Bacia do Mediterrâneo, desenvolveram importantes princípios no campo da matemática. Introduzindo o próximo aspecto que queremosanalisarnestetexto;sãoasquestõeslógicasdosmodelosmatemáticos. A civilização egípcia, que à cerca de 5.000 AP (antes do presente), deu origemaconhecimentosutilitárioseespeciaisnamatemática(D´AMBROSIO,2000, p.34),estábaseadaemrepresentaçõesquetratavamdasmedidasdasterrasede aspectosrelativosàastronomia.OsegípciosconstataramqueasinundaçõesdoRio NiloocorriamdepoisqueSirus,aestreladocãoqueapareciaaleste,logoapóso nascerdoSol(BOYER,1974,p.9).Após365dias,estasituaçãodealagamentodas terrasdoEgito,voltavaaacontecere,assim,osegípcioselaboraramumcalendário solarqueavisavasobreasinundações.Elesutilizaramprocedimentosmatemáticos deregistrodotempoepraticavamumamatemáticautilitária,assimcomoospovos damargemsuperiordoMediterrâneo,osgregos,tambémusavamamatemáticada mesmaforma.Noentanto, ao mesmo tempo, desenvolveram um pensamento abstrato, com objetivos religiosos e rituais. Começa assim um modelo de explicação que vai dar origem às ciências, à filosofia e à matemática abstrata. É muito importante notar que duas formas de matemática, uma que poderíamoschamardeutilitáriaeoutra,matemáticaabstrata(outeórica ou de explicações), conviviam e são perfeitamente distinguíveis no mundogrego(D´AMBROSIO,2000,p.35). Nossoobjetivoaoabordaraspectosmatemáticosdemomentosprecedentes aosdaculturaocidentaledeculturasdiferentesdanossa,nãoédereconstruira história da matemática ocidental, mas simplesmente, de apresentar algumas reflexões sobre as imagens e as matemáticas produzidas por estas culturas. Poderíamos, ainda, estar destacando aspectos matemáticos da Grécia e de Roma, no tempo de Platão e Aristóteles, ou analisar profundamente “Os Elementos” de Euclides,ouainda,tecercomentáriossobreostrabalhosrealizadosporPitágorase por seus segu uidores, en nfim, obseervar os vários v mom mentos daa história e da mateemática da d Antiguidade. No entanto, preferimo os abordaar temas que, aparrentementee, estão iso olados entrre si, porém m totalmen nte conectaados atravé és da cultu ura e suaas formas de produ ução que nos cond duz à “Ettnomatemá ática”. (D´A AMBROSIO,2000). 1.1.4A Aspectosrelativossàlógica adasimagens O últim mo aspecto que querremos anaalisar desta as culturass e etniass não ocideentaissão àsrelaçõessgeométriccasobtidassnaconstruçãodascaarteirasde emão tranççadas, chamadas de “sipatsi”, d da Provínccia de Inha ambane, em m Moçamb bique. Paulus Gerdess e Gildo Bulafo. Elees mostram m que as cestarias moçambiccanas prod duzempadrrõesgeomé étricosdecconstruçãodastramasdos“sipattsi”.Oseuttexto, “Sipa atsi: tecnollogia, arte e Geomettria em In nhambane” (1994), qque tomaremos como o base, expõe e a forma f de se constrruir carteiras de m mão tranççadas, apro oveitandoo osprincípio oslógicosd dastramas. F Figura 07 ‐ ‐ Carteira trrançada de mão ‐ Sipta asi. In SSIPATSITecn nologia,Arte eGeometriaaemInhamba ane,de P Paulo Gerdess e Gildo Bulafo, Imprennsa Globo, Maputo, M Moçambique,1994. A coleta de dados com as c esteiras e os cesteirros, para aa realizaçã ão do trabaalho de análise a da as formas geométricas construídas noos “sipatsi””, de Moçaambique, foi f realizad da nos disttritos de Morrumben M ne, Maxixe e Jangamo, na ProvvínciadeIn nhambane. SegundoG GerdeseBu ulafo,aexe ecuçãodasscestarias éum trabaalhoorigin nariamentefeminino.A Asmulhereestambémsededicam maocultivodas mach hambas, à cozinha, ao transpoorte de ág gua e à ed ducação daas crianças. Os hom mensseded dicamàpesscadocamaarãoeàco onstruçãod decasas.Poorém,hoje,,com a necessidade de aumenttar a rendaa das famíllias e o gra ande intereesse desperrtado por este tipo de artesa anato, têm aparecido o vários cesteiros quue se ded dicam profiissionalmenteàexecu uçãodastraamaseurd didurasdasscarteiras““sipatsi”. dospadrõeesdefitasd dos“sipatsi”éproduziidabaseand do‐se Agrandemaioriad nas relações simétrica s possíveis p n nas tecelag gens. As carteiras c ee as cestass são consstruídasap partirdeum matorçãod de45oou1 135o,comsimetriaaxiial,istoé,o oeixo utilizzado para elaboração o das figurras obedecce a perpe endiculariddade das fa aixas. Esta éumadassformasde eelaboraraaspeçasdeepalhafina aemaleáveeldeumtip pode palm meira.SegundoGerdesseBulafossãováriosospadrõessdetecelaggemelaborrados pelosmoçambiicanos,porrém,astram masrespeiitamumpa adrãodesiimetriadeffinida dimensiona al e suas possibilid dades de execução limitada pela no plano bid neceessidadedeetrançar. Fig gura08‐Moddelagemposssível emcarteirastraançadasdemão‐ TSITecnologiia, Siptasi.InSIPAT ArtteeGeometriiaemInhambane, dePauloGerdess&GildoBula afo, prensaGloboo,Maputo, Imp Moçambique,19994. ParaGerrdeseBula afo,oeixoin ndicadoép perpendicu ularàdireççãodafita. Gera almente diz ‐se que um m padrão‐de e‐fita com eeixo de sim metria, perp pendicular àà direção daa fita, aprese enta uma sim metria vertiical. O padrrãoéinvariaantesobumareflexãonoeixovertical..Apalavravertical éad dequadaseo livroemqueeseencontra aafiguraesttivernumaposição verttical,porexem mplo,colocadonumestan nte:quando estiverassim m,éde fato vertical.(GE ERDES;BULAFO,1994 4,p.79) Existem m vários eixos verrticais enccontrados nas form mas tram madas. Podeeríamos dizer ainda a, que os eixos de simetria são infinittos, já qu ue as representaçõess são fitas e poderiaam se prolongar ind definidamennte se asssim o dos exemp plos das siimetrias enncontradass nas deseejássemos. Este é apenas um d “sipa atsi”,poisccomoasforrmasgeom métricassão oconstruídasnastram maseurdid duras dasp palhasteciidas,facilm mentecomp preendemo osqueosd desenhose formassem mpre obed decem às direções d 0o, 45o, 90o , 135o e 180 1 o, obrig gatórias naa execução o das tranççasdo“sipa atsi”. Anoção odesimetrianasfigu rasgeradaasporeste sistemadeerepresenttação geom métrica das carteirras de M Moçambiqu ue é um m modeloo determiinado fundamentalmente pela lógica da trama das fitas de palha. E, de fato, os axiomas lógicosquedefinemosmodospossíveisdeconstruçãodasformasgeométricasdas carteiras, são elaborados diante do ato de se tramar as próprias produções realizadasemtecelagem. Verificamos que a série de figuras gerada através dos paralelogramos dentadoséequivalenteaoitoportreze,ouseja,oitotirasoblíquas,sendocadauma delas composta por treze quadrados. Isto forma um período fixo no qual os desenhos produzidos se repetem e, assim, as formas são confeccionadas nas possibilidades desta estrutura. Gerdes e Bulafo elaboraram a classificação lógica das formas geométricas apresentadas nas carteiras, na qual é possível distinguir seteclassesdistintasdepadrões.Segundoestesdoisautores,asfitaspodemser: 1) Padrões‐de‐fita que apresentam ao mesmo tempo uma simetria vertical, uma horizontaleumarotacionalde180graus; 2) Padrões‐de‐fita que apresentam ao mesmo tempo uma simetria vertical, uma simetriatranslacional‐refletidaeumarotacionalde180graus; 3) Padrões‐de‐fitaqueapresentamaomesmotempoumasimetriavertical; 4) Padrões‐de‐fitaqueapresentamaomesmotempoumasimetriahorizontal; 5) Padrões‐de‐fitaqueapresentamumasimetriarotacionalde180graus; 6) Padrões‐de‐fita que são apenas invariantes sob uma reflexão translada (ou sob umatranslaçãorefletida); 7) Padrões‐de‐fita que são apenas invariantes sob uma translação e que não apresentamnenhumaoutrasimetria(Gerdes;Bulafo,1994,pp.79‐80). Anoçãodesimetriageradaporestesistemaderepresentaçãogeométrico dascarteirasdeMoçambiqueéummodelodeterminadologicamentepelastramas dasfitasdepalha.E,defato,osaxiomaslógicosquedefinemosmodospossíveisde construção das formas geométricas das carteiras, são elaborados pelo ato de se tramaredeseperceberasconsistênciasdaprópriaestruturadatecelagem. Verificamos que a série de figuras gerada através dos paralelogramos dentadoséequivalenteaoitoportreze,ouseja,oitotirasoblíquas,sendoqueelas são compostas por treze quadrados. Isto forma um período fixo no qual os desenhos produzidos se repetem e, assim, as formas são confeccionadas nas possibilidadesdestaestrutura.Nafiguraaseguirpodeseverificaraestruturasdas tramasquefazemoscesteiros. Fig gura09‐Dessenhorealizad dono“sipatssi”compadrõ õesconstruídosapartirdaatramadapa alha. NofinaldolivrodeGerdeseeBulafovem moselaborradasaspoossibilidadesde padrrões das fitas para dimensões d 2X3, 2X4, 4X3, 5X3 e 3X4 mo strando qu ue os padrrõesquefo ormamsãoemnúmerrolimitado emfunção odarelaçãooqueadota amos para os quadrados horizontais e verticais. Já em outro livro, "Explorations in ethnomathematicsandethnoscienceinMozambique"(1994),organizadoporPaulus Gerdes,vamosencontrarváriosautoresrefletindosobreasquestõesmatemáticas eeducacionaisrelativasàsciênciasnasproduçõesafricanasdoséculo21.Todosos textosabordamaciência"etnomatemática"easpectosmatemáticosdalinguagem e da aritmética mental dos africanos, em especial, sobre a cultura realizada em Moçambique. 1.1.5 Amatematizaçãodasciênciasnacontemporaneidade Aqui, nosso objetivo é realizar uma abordagem dos signos artísticos e matemáticos através das mídias dando ênfase às questões lógicas da visualidade que são relativas ao contexto contemporâneo. E, de fato, contribuir para atingir outros níveis de complexidade e observar emergências através das análises que realizaremos.ParaSantaellaeNöth,fundadosnospensamentosdePeirce,todasas ciênciascaminhampara aumentarem gradualmente seu nível de abstração até se saturarem na matemática, quer dizer, a tendência de todas as ciências é se tornarem ciências matemáticas. O conglomerado de ciências, que hoje recebe o nome de ciência cognitiva,parece estarno caminho de comprovar essa sugestão.(1998,p.90). Hoje, as imagens digitais existem durante o tempo de processamento e de exposiçãoatravésdasmídias.Elassãoconstruídase,emseguida,destruídaspara darem lugar às imagens que as substituíram. Nossos sistemas de percepção são “imagensemprocesso“ou“imagensvirtuais”quesãogeradasapartirdemodelos lógicosligadosàsmídias,porissoatotaldependênciaconceptualquecarregamde seussuportes. As“ImagensMatemáticas”(HILDEBRAND,2001)sãoconcepçõesvisuaisem processo que adquirem valores diferenciados quando são compreendidas relacionadasàslinguagensqueasgeramcombasenosprincípiosefundamentos domomentohistóricoemquesãoconcebidas.Observaressesaspectosassociados às tecnologias emergentes1 nos levou a conectar três realidades aparentemente 1 As Tecnologias Emergentes são aquelas que nascem a partir dos meios de comunicação e informação no mundo contemporâneo. A curto prazo (próximos doze meses) considera‐se Tecnologia Emergente aquela que é utilizada para produção e distribuição de conteúdo nos ambientes colaborativos, participativosesociaisequeutilizammídiasatuais;amédioprazo(2‐3anos)sãoasquetrabalhamcomos conteúdosabertosedispositivosmóveisealongoprazo(quatrooucincoanos)sãoossistemasquelidam com as “coisas”. O foco desta pesquisa concentra‐se em desafios a curto e médio prazo, em particular, as distintas: a vissualidade das d imagen ns, que, atrravés do processo p crriativo, exp põem características diagramátticas; a queestão operaacional da construçãoo da lingua agem mateemáticaem msie,emte erceirolugaarosaspectosmentaisesimbóliicosnecesssários paraaarealizaçããodestetip podeconheecimento. Assim, esste estudo pretende oobservar a a linguagem m matemáttica atravéss dos signo os que gerram, nos se eus aspectoos sintático os dados pelas formaas, nos aspectos semâânticos quee são desccritos, narrrados e disssertados pelo p códigoo matemátiico, e nosaaspectosp paradigmátiicosquecoonstroemo osváriospensamentoosmatemáticos. De fa fato, partireemos de um modelo que permite observa ar as imaggens produzidas por esta ciênciia, aumenttando os n níveis de co omplexidad de do racioocínio sobre as imaggensgeradaaspelamattemática,oobservadasnocontextotecnológgicoeassocciado asprroduçõesartísticasem midiáticas. 1.1.6Arrteematemáticanaeram materialisstaindusttrialocid dental Naa cultura ocidenta al as imaagens sem mpre esttiveramassociadasàssformasdeeelaboraçã ãodo co nhecimentto humano. Somoss obrigado os a reccorrer a elas parra melhorr observa ar o co mportamento dos modelos que queremos co nstruir. Planejar P é sinônimoo de elab borar moodelos, diaagramas, desenhos, d eesboços, enfim, im magens meentais e visuais v quue possibilitem an nteversituaações. Figgura10‐Dettalhedolame entoanteCrisstoMorto, Giootto(1304/6).In:Gêniosd daPintura‐G Giotto,deVictor Civvita(ed.),AbrrilCultural,Sã ãoPaulo,19668,p.22‐23. Apartird daIdadeMé édia,começçandopelaaspinturasdeGiottoeepelarevollução cienttíficarealizzadaporGa alileu,acullturaocideentalcomeççouaplaneejartudoaoseu redo or. A repressentação de d figuras aatravés dass diferentes formas pperspectiva as fez tecnologias aplicadas a Interne et e que vêm a partir de dispositivos d móveis: m mídias locativas. De e modo abraangente, hoje, consideram‐se e Tecnologias Emergentes as a produções em nanotecnoologia, biotecn nologia, tecnologiadainforrmaçãoecomu unicação,ciêncciacognitiva,ro obóticaeinteliigênciaartificiial. com que tivéssemos a capacidade de representar, numa superfície plana, elementosgeométricossimulandotrêsdimensões. Comecemosentãopelaobservaçãodasrepresentaçõesartísticasdofinalda Idade Média e do começo do Renascimento, mais especificamente, as pinturas realizadasporAmbrogiottoBondone,conhecidocomonomedeGiotto,quenasceu porvoltadoséculoXIII.Asobrasdesteartistacomeçamaconsagrarummodelode representação visual e lógico matemático realizado por volta do século III AC: a geometria euclidiana. Hoje, a obra de Euclides de axiomatização dos elementos matemáticoséconsideradaaprimeiratentativadesistematizaçãonamatemática. Estaformadeelaboraçãogeométricapodeservisualizadanaspinturasrealizadas porGiotto.Claroquenestemomento,aspinturasnãoadotavamprocedimentosde perspectivatãoelaboradoscomoiremosvernasobrasdoRenascimento. Comestemodelo,apartirdoséculoXIII,conseguimossimulareplanejaros ambientesreaiseimagináriosutilizandoimagenscombasenomodeloeuclidiano. SegundoSamuelY.Edgerton,emseutexto"TheHeritageofGiotto'sGeometry‐Art and Science on the Eve of the Scientific Revolution", três são os aspectos que modificam nosso paradigma de percepção neste momento: um político, um religiosoeummatemático.Paraele,osfatoresquecontribuíramparaasgrandes mudanças a partir do período renascentista foram: a política de rivalidade nos estados‐cidadessustentadaporumaeconomiacapitalistaburguesamercantilista; o conceito ético religioso de "leis naturais” concebidas a partir de um modelo fixado "a priori" que admitia a existência de um "Deus" único e, finalmente, uma filosofiaparaapintura,queadotavaprincípiosbaseadosnaestruturaaxiomáticae matemáticadageometriaeuclidiana.(1991,p.12). Escolhemos o ciclo materialista industrial ocidental, obviamente, porque é dele que emanam nossos valores, fundamentados na matéria e na forma de produzir da cultura ocidental, assim, o modelo que adotamos para analisar estes signosestãoapoiadosnosmeiosdeproduçãopré‐industrial,industrialmecânicoe industrial eletro‐eletrônicos e digital, que analisaremos a seguir. Não seguimos rigorosamente uma segmentação histórica, uma vez que entendemos que as mudanças de padrões e paradigmas não ocorrem instantaneamente, nem deixam de existir na passagem de um ciclo a outro, verificamos que tudo deve ser estruturado de maneira orgânica, não como um mundo com valores que tenham tidomomentosdeascensão,apogeuedecadência. De fato, ainda hoje, nossa cultura está impregnada pelo paradigma cientificista sustentado no modelo cartesiano, que tem como principais fundamentaçõesteóricasospensamentosdeDescartes,NewtoneBacon.Paraeles, qualquersistema,pormaiscomplexoquefosse,poderiasercompreendidoapartir das propriedades das partes e, automaticamente, a dinâmica do todo se explicitaria. Acreditamos hoje numa evolução e que nossos sistemas são como “holarquias”(LAURENTIZ,1991),onde parteetododeixamdetersentidosisoladosepassamacompor umsistemaúnico,íntegroecoeso....Omododepensaroriental, com sua maneira intuitiva de estabelecer valores, aponta na mesmadireçãoquandoafirmaque"ocaminhoecaminhantesão fundamentalmente uma coisa única formando um todo, onde o primeiro não existe isolado do segundo, e muito menos esse longedoprimeiro.(HILDEBRAND,1994,p.14). Cadacicloaquicitadofazpartedaevoluçãodeummodeloque,antesdeser determinado, é um processo de investigação científica, onde acreditamos no caminhopercorridoembuscadasverdadesmaisdoqueemsuadefiniçãoabsoluta. Quandodaelaboraçãodenossadissertaçãodemestrado,tínhamosemmenteum princípiofragmentárioclaramentecartesiano,sabíamosserdifícilabandoná‐lopor completo, uma vez que nossos princípios eram frutos deste modelo. Hoje, não totalmente desvinculados das formulações de Descartes, acreditamos em um modelo com valores mais harmônicos baseado na obra e filosofia de Charles SandersPeirce. 1.1.6.1Ociclopré‐industrial Ascidadescomeçamacrescer.Alémdasmuralhasqueprotegemosburgos ainda se pode ver, no horizonte, o infinito, o irreconhecível, o imponderável, o místico: a Idade Média. Uma nova vida se abre com a expansão marítima, com a economia comercial e monetária e com o gradativo abandono dos castelos medievais.Oscentrosculturaisdeslocam‐sedocampoparaascidades. A população está em constante movimento: os cavaleiros através das cruzadas,osmercadoresqueandamdecidadeemcidade,oscamponesesdeixam suasterrasparavirarcomerciantes,osartistaseartesãosvagueiamembuscade trabalhoenfim,omundomove‐seeohomempercebeessemovimento. Os princípios estabelecidos pela fé começam a cair por terra diante de duas formas de conhecimento: a teologia e a filosofia. A Igreja como uma instituição soberana permanece viva ditando normas, regras e valores, em particular, estabelece um conceito ético moral de "lei natural" definido por algo superior aos seres humanos. (EDGERTON, 1991, p. 14). De fato, nossas reflexões começam na Idade Média, num momento em que tínhamos uma percepção relacionada aos valores místicos da cultura medieval e à crença que tudo era orientado por leis naturais estabelecidas por algo superior a nós; acreditávamos emumDeusonipotenteeonipresente. Deoutrolado,tínhamosacrençaque,osistemageométricoconhecido,combases nateoriadomatemáticoEuclides,fosseumsistemalógicodivinoorganizadopor leis da natureza e do pensamento humano. Nossos sensores eram apenas nossos órgãos sensitivos. Os nossos olhos, mãos e mentes estavam a produzir conhecimentoscalcadosnasparticularidadesdosindivíduos.Avidadocamponos fazia conviver com as forças da natureza e para suportá‐las éramos obrigados a respeitá‐las,admitindo‐lhesumcarátermístico. Nas artes plásticas a perspectiva linear com apenas um ponto de fuga resumiaumasituação,naqualaobradearteéumapartedouniverso,comoeleera observado, ou, pelo menos, como deveria ser observado, na percepção de um indivíduo,istoé,apartirdeumpontodevistasubjetivo,nummomentoparticular. Dürer,parafraseandoPieroDellaFrancesca,afirmavaque“primeiroéoolhoque vê; segundo, o objeto visto; terceiro, a distância entre um e outro" (PANOFSKY, 1979, p. 360). No final deste período, haviam sido construídas três formas de se pensar a ciência do espaço e dos números, todas elas baseadas em uma visão geométrica intuitiva fundada na observação, isto é, numa percepção matemáticaeuclidianaespacial. Aproduçãoartesanalimprimiaasmarcasindividuaisdoprodutornoobjeto criado. Percebemos também que todas as teorias matemáticas olhavam para os seus objetos de estudo pelo aspecto geométrico e euclidiano com bases na obseervaçãopurraesimple esdenossoossensoressnaturais.IIstoé,oesppaçotopológico utilizzado pelos pensadore es sustentaa‐se numa métrica pllana dada, sem quaissquer instrrumentos auxiliares. De modoo que, nessse período o, a visão sistêmica a dos espaaços topoló ógicos matemáticos ee artísticoss era dada pela perccepção intu uitiva hum manasemfeerramentassdeavaliaçção;oque valiaeraoolhoeannossaperce epção indivvidual. Fiigura10‐Ad descidadacrruz,deRogierrVanderWeyden(1435//6). In:Olivrod daarte,tradu uçãodeMoni caStahel,MaartinsFontes,,SãoPaulo,11996,p.491. A arte era medida e orrdem quando estab belecia ass relaçõess de porcionalid dade no mundo, na aarquiteturaa e nas re epresentaçõões das fig guras prop hum manas.Asorrdens:dóriica,jônicaeecoríntiassãoexempllosdestetiipodeprin ncípio utilizzado em nossas representaç r ções pictó óricas no período pré‐indusstrial. Estávamos diante de formas de representações baseadas no sistema perspectivo lineareosensocomumeraasimetria,oequilíbrio,aordenaçãoeamensuração. A matemática, na tentativa de estabelecer uma projetividade espacial, operava sobre conceitos semelhantes aos dos artistas, isto é, apesar de tentar representar as formas geométricas de maneira espacial, não ia além de uma convenção planimétrica do espaço, concebendo assim, um sistema de ordem e medidacalcadonadeformaçãodosobjetoseemsuaprojeçãosobreumplano.Para GilesGastonGranger,omatemáticoDesarguestinhaummétododeprojeçãoede construção perspectiva que era uma transformação e que permitia passar do espaço ao plano. Porém, de fato, era apenas uma deformação particular dos comprimentos.Poroutrolado,aindasegundoGranger, omatemáticoDescartesdiziaque"osproblemasdegeometriafacilmente podem ser reduzidos a termos tais que, depois disso, só haveria necessidade de conhecer o comprimento de algumas linhas retas para poderconstruí‐los.(GRANGER,1974,p.64). É evidente que quando Desargues e Descartes referiam‐se a comprimento, importam‐se apenas com as distâncias que se desdobravam em duas direções, comprimentoelargura;remetendo‐nosdefinitivamenteaoplano.Severificarmos as obras destes dois autores, como também dos outros matemáticos contemporâneos a eles, nós notaremos que a percepção espacial matemática da época era fundamentalmente bidimensional. Eles definiam conceitos e operavam com modelos que tinham suas bases em signos geométricos extraídos da antiguidade clássica. A geometria e suas projeções, tanto na arte quanto na matemática, eram de concepção euclidiana; a única forma conhecida de representaromundoatravésdasimagensvisuaisnaspinturasedeinterpretaros espaçosmatemáticos. 1.1.6.2Ocicloindustrialmecânico O homem deixava de ser passivo e iniciava um processo imposição de relações lógicas ao universo que o cercava. O sistema artesanal de produção gradativamente dava lugar à produção em série, imprimindo cada vez mais velocidadeaonossosistemaprodutivoeconsequentementeànossapercepção. Nossos sensores, antes baseados na díade olho‐mão, passam a estar apoiadosagoranadíadehomem‐máquina.Dividíamoscomasmáquinasaautoria dosprodutoscriados.Apartirdesseciclo,fomosobrigadosaespecializar‐nosem áreas de conhecimento, já que, somente assim, acreditávamos poder conhecer o universoquenoscercava.Nestemomento,segmentávamostudo,oconhecimento sefaziapelacompreensãodasparteseauniãodelasnoslevariaacompreensãodo todo de nosso sistema produtivo. Fragmentávamos e imprimíamos velocidadeao conhecimento,aproduçãoeapercepção. Poroutrolado,aracionalidadelevadaaoextremoproduziaumpensamento calcado no inconsciente humano. Num primeiro instante, isso parecia ser contraditório, porém, passávamos a não ficar nada surpresos, ao admitir que os sonhos diziam muito mais ao nosso respeito do que poderíamos perceber conscientemente. O homem via que a máquina lentamente passava a ser um importantemeiodeproduçãoeassim,conformeWalterBenjamin,consolidava‐se a industrialização mecânica como período da "reprodutibilidade técnica" (BENJAMIN,1987,p.170).Aoimplantar‐seonovoprocessodeproduçãodebens, onde o trabalho das máquinas acrescenta velocidade ao sistema produtivo, redirecionamos nossas percepções e ações no mundo. Os produtos eram executados um a um, para um determinado patrono e ganhavam novas características, assim; a civilização industrial introduzia a serialidade em seu sistemaprodutivo. Nas artes podemos verificar que Pieter Bruegel estava preocupado com a vida dos povos humildes e os costumes populares. Já Caravaggio colocava São Mateus como cobrador de impostos dentro de uma taberna, tratando os temas sagrados cotidianamente. David retratava Marat, chefe político da revolução francesa,assassinadodentrodeumabanheiraporsuasecretária.Goyaexpunhaa família de Carlos IV a uma situação de deboche, pintava todos os membros da família real como se fossem um bando de fantasmas e ainda, destacava o rei, dando‐lheacaradeavederapina.Ingres,comomesmorealismodeDavid,pintava oburguêsLouisBertinemumatelacomgrandeprofundidadepsicológica.Eassim, vemos que todos os artistas plásticos estavam a mudar e inovar em suas produções. De outro lado, proccurando coompreender a luz enq quanto fenôômeno em m si, a mento reall vivido, en fotoggrafia passsava a captturar o mom nquanto a ppintura ten ntava comp preender, conceituallmente, coomo se co omportava a luz diaante dos olhos. o Nascciam os movimen ntos artíssticos: im mpressionista, pós‐‐impression nista, exprressionista e pontilhista. Eles p oderiam seer sintetiza ados nas oobras de Manet, M Mon net,Degas, Renoir,VanGogh,Gaauguin,Pau ulSignac,T ToulouseLaautreceGe eorge Seurrat,que,entreoutrasformasde significar,estavamte entandoreppresentaro oque podeeriaseracaapturadoe efêmero,dooimaginário,datensã ão,domoviimento,da luze doin nstantâneoemsuaspinturas. Fiigura11‐Op paláciopapalldeAvignon, dePaulSign nac(1863).In nOlivrodaarrte,traduçãode MonicaStahel,Martin nsFontes,SããoPaulo,1996,p.430. Nem bem b cheg gávamos ao ápicee da ind dustrializaçção mecâ ânica, camiinhávamoss em direçã ão ao seu eesgotamen nto através dos movim mentos cub bista, conccretista, fu uturista e supremaatista. Tod dos tendo como teema centrral o abstrracionismo o,istoé,osartistasqu ueriamsuaasobrasrepresentanddoasimessmas, send doopurorealenãom maisarepreesentaçãodealgo.Ao obraemsi passavaasero próp prioobjetorealeconccreto,nada representaavaanãoserelamesm ma. Voltando nossa atenção para a matemática, verificamos que ela estava preocupada com a teoria das probabilidades, refletindo as certezas e incertezas desteuniverso,que,apartirdestemomento,passaaserpercebidaemconstante movimento e diante de uma infinidade de contradições. A teoria das incertezas observava os eventos pelas repetidas vezes que eles ocorriam, traduzindo em quantidades numéricas as possibilidades de ocorrência de um fenômeno. Ao analisarmos estas questões na probabilidade e no cálculo diferencial e integral éramos conduzidos ao seio da percepção sistêmica na matemática, uma das principais questões da modernidade. Esse conceito, se levado às últimas consequências,mostrava‐nosadialéticatomandocorpo,também,namatemática. A análise diferencial eintegral, desenvolvidanesta época, fundamentava o pensamento de quase todos os matemáticos, inclusive do físico Newton. A matemática chega a uma consistência sistêmica tão profunda, que o Euler, com apenasumafórmula,conseguiucompatibilizarquasetodaamatemáticaconhecida atéaquelemomento.Estaexpressãoalgébricareuniuemseuinteriorprincípiosdo cálculodiferencialeintegral,dateoriadasprobabilidades,dateoriadasséries,da teoria das funções, da álgebra e também da filosofia matemática. (DAVIS, 1985, p.232). e i=cos+i.sen=‐1oue i+1=0 Todos os ramos do conhecimento matemático, de algum modo, eram expressos nessa fórmula. Além disto, ela possuía uma áurea misteriosa muito grande,poisconseguiaabrigaremseuinteriorarelaçãoentreascincoconstantes mais importantes de toda a análise matemática: e, , i, 0 e 1 (GRANGER, 1974, p.88).Nestemomento,paramelhorcompreenderoprincípiosistêmicoquetoma contadoraciocíniomatemáticoeabuscadeumaunidadeestruturalemtodaesta ciência,observemosahistóriadageometriaeuclidianaedeseuscincoaxiomas.Ela conta‐nos que, desde Euclides e de sua axiomatização da geometria em “Os Elementos” os matemáticos procuravam esta mesma estrutura para as outras formasdeproduçãodeconhecimentonomundodosnúmeros. Desdeosgregos,osestudosrealizadossobreoscincoaxiomasdeEuclides, sempre confirmaram a consistência deste sistema. Isto perdurou até o final do séculoXIX.OquintoaxiomadeEuclides,omaisconhecidodeles,definiaoconceito de retas paralelas. Podendo ser enunciado sem nenhum rigor matemático, do seguinte modo: duas retas são paralelas quando se encontram no infinito. Os axiomasde1a4sãotriviais,intuitivosetratamdeconceitosgeométricosdefácil percepção.Nãoformulamquestõesmaisprofundassobreageometriaeuclidiana. Porém, o quinto axioma, o das retas paralelas, sempre despertou o interesse de todososmatemáticos,principalmentenoséculoXIX,que,natentativadededuzi‐lo logicamenteapartirdosanteriores,fazemnascerageometrianão‐euclidiana.Isto é, a busca de provar a consistência sistêmica desta geometria levaria o homem a descobrirnovoscaminhosfundamentadosnaestruturaaxiomáticadestemomento emdiante,fundamentalnodesenvolvimentodoconhecimentonamatemática. Conhecida como geometria imaginária, e atribuída ao matemático russo Nicolai Lobachevsky, as geometrias não‐euclidianas surgem a partir da tentativa de demonstração do último axioma de Euclides. Na impossibilidade de realizar essa dedução lógica encontram‐se outros espaços topológicos matemáticos, conhecidoshojecomo:geometriashiperbólicaeelíptica.Elassão,respectivamente, atribuídasaLobachevskyeaJanosBolyaieG.F.B.Riemann. Próximo ao começo do século XX, com procedimento semelhante ao que gerou as geometrias não‐euclidianas, vamos encontrar outra contradição que, junto com o paradoxo das paralelas, irá reformular os princípios matemáticos conhecidos até este instante. Georg Cantor, trabalhando na teoria dos conjuntos, emparticularsobrea“cardinalidade”dosconjuntosfinitoseinfinitos,nosconduz ànoçãodeinfinidadesemmatemáticaeaoconceitodeconjuntosnão‐cantorianos. Esta questão, que veremos com maior detalhe no corpo deste trabalho, deve ser observada intimamente relacionada à noção de quantidade de elementos em conjuntose,maisprecisamente,deveserassociadaaoconceitodevizinhançaem matemática. Os elementos de uma série matemática infinita podem ser classificados e ordenados, isto é, podem ser colocados uns ao lado dos outros, criando uma seqüência infinita de números, determinando assim, a cardinalidade desta série. Aoconstruirestemodeloestamosenumerandoosconjuntosdenúmerosinfinitos. Com a introdução destes princípios, na geometria e na teoria dos números, constatamosqueosmatemáticos,assimcomoosartistas,substituemaconcepção intuitiva do espaço euclidiano, aceita há séculos, por uma concepção onde a intuição é primitivista, topológica de caráter sensível. Para o matemático Henry Poincaré,osaxiomasdageometriasãoconvenções,istoé, são escolhas feitas entre todas as convenções possíveis que devem ser orientadas pelos dados experimentais, mas que permanecem livres, sendolimitadasapenaspelanecessidadedeevitarqualquercontradição. (PIRSIG,1990,p.251). A partir da negação do quinto axioma de Euclides e da introdução do conceito de conjuntos não‐cantorianos, podemos desvincular nossa percepção espacial matemática das geometrias e, assim, auxiliados pela teoria axiomática, somos levados a operar matemática e geometricamente num patamar onde as generalizações são nossa principal ferramenta. A matemática deixa de ser construídapormodelosquepossuemcaracterísticasfortementeintuitivasepassa a ser fundamentada nas teorias axiomáticas e no conceito vetorial que nos permitemconstruirmodelosabsolutamenteabstratosetotalmentedesvinculados do mundo real. Eles são baseados em signos, operações e estruturas, na maioria dasvezes,impossíveisdeseremassociadosàscoisasdapercepçãointuitiva. Poroutrolado,olhandoasartesplásticas,verificamosqueduasformasde expressões sobressaiam. A primeira estabelecia relações com o mundo do inconsciente, e tinha, no seu principiar, expoentes como, Henri Matisse, Gustav Klimt e Oskar Kokoschka e suas pinturas retratando o "fin‐de‐siècle", suas angústias e distorções. Esta forma de conduta podia ser reconhecida no movimento artístico dadaísta que, através da deformação deliberada dos objetos representados, determinavam uma forma de protesto contra a civilização industrial.Omovimentosurrealistaacreditavaquesuasproduçõeseramrelativas às percepções do psiquismo e que poderiam exprimir o verdadeiro processo do pensamento. Para eles, isto ocorria, independente do exercício da razão e de qualquer finalidade estética ou moral atribuída aos trabalhos (HAUSER, 1972, p.662). A segunda forma expressiva, denominada de arte abstrata, era expressa pelas correntes cubista, construtivista, futurista, suprematista, neoplasticista e concretista.OseuexpoenteinicialfoioartistaCézannequeacreditavaqueaarte erarrepresentaçãodesim mesma,em seguida,naaEuropa,v vieramKanndinsky,Piccasso eBraaque.Já,naaRússia,va amosencon ntraraarteeabstratan nostrabalhhosdeMale evich, Gonttcharova, Rodchenko R o e outros.. Um dos maiores ex xpoentes ddesta form ma de exprressãoartísstica,eque,,editavaa revistaDeStijlespeciializadaneestetipodearte, éoaartistaplássticoPietM Mondrian.P Paratodoselesaarte eabstrata eraopuro oreal em ssi e não mais represe entação doos objetos do mundo.. Ela era o próprio objeto conccreto,nãorrepresentanadaanãooserasimeesma. Figura12 2–PôsterWaaterfall,1961 1 MauritsCorrnelisEscher,, 50x70cm.. Neste momento, m ju unto com Lobachevssky, Janos Bolyai e R Riemann, va amos enco ontrar o artista a gráffico holand dês Mauriits Cornelis Escher, conhecido o por representar oss espaços geométriccos projettivos ou não n euclid ianos (elip ptíco, paraabólico e hiperbólico) h ) através d de suas xillogravuras e litografiias. As ima agens prod duzidas po or ele apre esentam siituações paradoxais, no entantto, factíveis de representação no plano. Ele explorra os espaaços infinito e as mettamorfosess das representaçõess sígnicas dos d espaçoos geométrricos não‐e euclidiano. Escher ela abora seusdesenhoseimpressõ õesrepreseentandoosmodelosm matemáticoospensadospor Moëb bius(faixadeumlado osó)eKleiin(GarrafadeKlein). Essas du uas vertenttes de reprresentação o, uma marrcada pelass caracteríssticas psíqu uicas e meentais e a outra o pelass formas abstratas de e represenntação pictó órica, determinavamprofundam menteaprooduçãonassartesplástticasnoperríodoindustrial mecâânico. A co ontinuidade e dessas id déias iria determinar d significativvamente to oda a prod duçãoartístticadoperríodoeletroo‐eletrônicco.Estemovimentoarrtístico,do oqual falamos, foi fundamentalmente desenvolvido na Inglaterra e nos Estados Unidos através da pop‐art. Ele vai ser o primeiro de uma série de outros movimentos, marcadoporumacontinuidadedosprincípiospsíquicoseabstracionistas,dofim do período industrial mecânico. De fato, a partir deste momento, surgem vários caminhosparaaarte.Efetivamentevamosverobrassendoproduzidasparaaop‐ art, a arte conceitual, a arte‐objeto, os happenings, as instalações, a video‐art, a sky‐art, enfim, uma infinidade de linhas de pensamento artístico, definidas de maneira bem particular em relação as suas formas de representação. Todos em buscadeumavisualizaçãodaunicidadeorgânicadadapelalinguagemsobreaqual estávamosaproduzirconhecimento. Assim, vamos encontrar Picasso, com um grande número de obras que explicitaram suas metamorfoses e sua fecundidade inesgotável e ininterrupta (PAZ, 1977, p. 7), apresentando uma das características marcantes da modernidade. Encontraremos a serialidade nas diversas formas de produção, inclusivenasobrasartísticas.Duchamp,poroutrolado,consideradoporPazcomo autor de uma única obra, nega a pintura moderna fazendo dela uma ideia, um conceito, não concebendo a pintura como uma arte apenas visual. Segundo observou Octávio Paz, em seu livro "O castelo da pureza", a pintura‐ideia e os ready‐made constituíam‐se em "alguns gestos e um grande silêncio" (1977, p. 8); paraeleeramasverdadeseosconceitos,nosquaisDuchampenfatizavasuacrítica asociedadeemqueviviaeelaboravaasuanegaçãoàpinturanamodernidade. 1.1.6.3Ocicloindustrialeletro‐eletrônicoedigital O homem descobre a energia elétrica e com ela nosso paradigma de percepção altera‐se novamente. Agora, apoiados nos meios eletro‐eletrônicos e digitais de produção, somos atingidos em nossos pensamentos pelas diversas formas de energia, em particular pela energia elétrica que nos encaminha em direçãoàluzeàsvelocidadeseoselementosqueelanosfazperceber. Aenergiaestápresenteemtudoquefazemosoupensamos:nageraçãoda força mecânica através das bobinas, na eletricidade que consumimos em nossas casas, no armazenamento dos dados através dos suportes magnéticos, na transmissão e recepção de informações do mundo digital, enfim, em todas as partículas do universo onde o elétron, o próton e o nêutron estão presentes. De fato, a velocidade de processamento a que somos submetidos, unidos aos mecanismosdearmazenamentodainformação,nosexpõeàsnovascaracterísticas e novos paradigmas. A partir de agora, velocidade, conhecimento e decisão são elementos primordiais do processo produtivo e estão incorporados aos novos meios de produção. Detém o poder quem detém as informações, e detém as informaçõesquemdetémodomíniosobreossoftwaresehardwares. Para melhor compreendermos o estágio que nos encontramos, ainda em formação, é necessário relembramos que, a memória embutida em nossos equipamentos, aliadaà automação de nossas máquinas,acrescentavelocidadeao quefazemos,permitindomaiorrapidez,eficiênciaeexpondoahumanidadeauma intensa troca cultural. Logicamente estas modificações perceptivas não aconteceramdeumasóvez,nemseconfiguraminstantaneamente,asmudançasde paradigmafazempartedeumprocessodeobservaçãoeelaboraçãoquedefineeé definido através do uso das diversas linguagens. Assim, para compreendê‐lo, é necessárioqueretomemosvaloresepensamentosdahistóriadasartesplásticas,a fim de observarmos os processos de mudança que interferem significativamente emnossoatualparadigmadepercepção. Nos Estados Unidos vamos encontrar a action painting destacando os trabalhosdeJacksonPollocksobretelas,eleutilizavaosgestoseoacasoparacriar seustrabalhos,assimcomoDuchamp,quandoincorporouaoseu“GrandeVidro”,a quebracasualdeumadesuaspeçascentraismodificandoainterpretaçãodaobra. O artista americano, Pollock, foi um dos principais representantes da pintura gestual e afirmava que, no chão, se pintava à vontade; ali ele se sentia mais próximo da pintura; fazia parte dela; trabalhava em seus quatro lados e, literalmente,estavadentrodapintura. Sem dúvida, nestes dois relatos vamos encontrar as marcas da energia humanaedanaturezasendoincorporadasaostrabalhosdeartedoperíodoeletro‐ eletrônico. O ato de pintar telas no chão e os vidro quebrado do trabalho de Duchamp, estão repletos de ação, movimento e vitalidade. Pintar para Pollock significavaobservar sua elaboração nos vários ângulospossíveis eestando atela no chão isto era possível. Destacando aqui, apenas a action‐painting e a pop‐art, doismovimentosbasicamenteamericanosdeartesplásticas.Enfim,estádecretada a maioridade internacional da arte americana (JANSON, 1977, p. 664), pois, o podeer,amuitojálhespertencia.Ap pósofinal daSegundaGrandeG GuerraMun ndial, quan ndo os ameericanos ju unto com oos aliados saem vitorriosos, nóss vemos crescer signiificativameente a prod dução ameericana, em m todas ass áreas de conhecim mento, partiicularmenttenasartess. Podemo os dizer qu ue a pop‐aart é uma das expre essões dessse poder. Suas imaggensereprresentaçõessestãobasseadasnos meiosdecomunicaççãodemassada socieedade ameericana. E assim, a neggando a negação dos “ismos”, aa pop‐art não n é antim moderna;éépós‐mode erna;eaind da,contrárriaaodada aísmo,não émotivadapor qualquerdesessperooure epulsaemrrelaçãoàciivilização,m massim,peelaexaltaçã ãode Osartistasdapop‐arttexaltando oasreprod duçõesem série,como opor seusmodelos.O exem mplo,ashisstóriasem quadrinhoos,exploram mpositivam mentetodoososvaloresda socieedade de consumo. A simulaação do mundo re eal também m é uma das características deste mov vimento dee arte. Os artistas a con nstroem obbjetos plássticos emttamanhonaatural. Ostrabaalhosdoarrtistaeesc ultorDuan neHanson quemodellavaaspesssoas, obtin nhaescultu urashuman nasemtam manhonatu uralequee eramverdaadeirasrép plicas dom modelorealle,assim,a ascaracteríísticasdasociedadeq queproduzparaasmassas sãollevadasaoextremo,sófaltando‐‐lheavida. Figuraa13–OldCo ouple onaB Bench,deDua ane Hansoon(1994). CollecctionHanson, VG Davie,,Florida,©V Kunst,Bonn2 2010, Bild‐K CourteesiadoInstitu utfür Kulturraustausch. Efetivam mente,asarrtes,desdeeosready‐m madedeDuchampattéacomputtação matizadas, operam sobre s ideia as, conceitoos e signo os. As gráfiica e as reedes inform criaççõesplásticcasematem máticasge raramobjeetoseestru uturasconccebíveisap penas nam mentehumaana.Emco‐‐autoriacoomamáquiina,ohome em,apartirrdesteinsttante, elabora seus signos artísticos, dando novas formas e novos significados às suas produções. Tudo se transforma em meios de comunicação. Todos os sistemas de representação são possíveis e os objetos permitem que, deles, possamos extrair todas as interpretações possíveis e imagináveis. Hoje os meios de produção são observadoscomolinguagemdecomunicação,noqualosdiferentesdiscursossão possíveis. Concordando com Lucia Santaella, afirmamos, que toda e qualquer interpretação depende dos referenciais que sustentam o pensamento de quem o interpreta(1990,p.58). Aqui, vamos apresentar a ligação que existe entre a nossa dissertação de mestrado(HILDEBRAND,1994)enossatesededoutorado(HILDEBRAND,2001). Observamos que, entre as possíveis interpretações que poderiam ser realizadas, identificamos aquelas relacionadas às estruturas lógicas de organização das linguagensvisuaisesuaspossíveisrelaçõescomalinguagemmatemática.Segundo ArlindoMachado,acodificaçãoeletrônicadaimageméfeitasatravésdepontose retículas de informações básicas de cor, tonalidade e saturação que aos nossos olhos aparentam realidade, mas o mundo real externo é mais que isto e nós sabemos.Eleaindaafirma,queas“articulaçõesdeníveisabaixodaimagem”(1984, p. 157), que são os píxeis das telas de televisão e dos computadores, não apresentam o mundo real, por mais próximos que pareçam dele estar. A lógica matemática, em particular a desenvolvida por Boole, estrutura nossas imagens digitais através dos bytes e de um sistema numérico binário, onde 0 e 1 representam a passagem ou não da energia pelos circuitos dos computadores, demonstrando que a visualidade gerada pelas novas mídias eletrônicas está totalmentevinculadaàlógicadosmodelosmatemáticos. Istonosconduzdiretamenteaomundodosnúmerosedosespaçosque,ao refletirsobreométodoaxiomático,conhecidodesdeEuclides,definitivamenteestá àsvoltascomdiscussõesabstrataselógicas.KarlWeierstrass,GeorgeCantor,H.E. Heine, J. W. R. Dedekind e muitos outros matemáticos estão formulando sobre a álgebra abstrata, a arimetização da matemática, o método hipotético‐dedutivo, a teoria dos espaços de Riemann, a geometria diferencial e a evolução da lógica. Hilbert,embuscadeelucidaranaturezadoinfinito,propõeaconsistênciatotaldos nossosmodelos.Noentanto,o“TeoremadaIncompletude”deKurtGödelmostra que isto não era possível de ser realizado. Os modelos tornam‐se inconsistentes quandotentamosgeneralizá‐losemsuasinfinidades. A partir desta demonstração, Gödel encerra com a proposta de Hilbert de encontrarumalinguagemeumalógicaquesirvamdeformalizaçãoparatodasas teoriasmatemáticas.Eefetivamenteamatemáticarende‐seàlógica.Nesteinstante surgemprofundasreflexõessobreopensamentológicoesobreumanovapostura referente à natureza da matemática. Frege e Peirce introduziram uma fértil discussãonamatemática.Oprimeiroacreditavaquepoderiadeduziramatemática dalógicae,assim,tentoumostrarquetodasasexpressõesaritméticas,portantoa matemática,poderiaserdefinidaemtermoslógicos.Paraisto,eleencaminhouum raciocínioquepretendia“mostrarquetodasasexpressõesaritméticassignificamo mesmoqueumaexpressãológica”(PEIRCE,1983,p.183).Jáparaofilósofo,lógico ematemáticoCharlesSandersPeirce averdadeiralógicaestábaseadanumaespéciedeobservaçãodomesmo tipodaquelasobreaqualsebaseiaamatemática,eessaéquaseaúnica, ou senão a única ciência que não necessita de auxílio algum de uma ciênciadalógica"(PEIRCE,1975,p.21). Comisso,alógicadefinitivamenteocupaseuespaçonomundomatemáticoe Tarski,Turing,Church,Zermeloemuitosoutros,vãoiniciarumadiscussãoqueaté hojepermaneceentrenós,equepretendemosabordarnestetrabalho,qualseja:o objeto matemático refere‐se a algo no mundo real? De fato, contatamos que a lógica e os modelos abstratos tomam conta das reflexões nesta ciência e, pensadores como Cauchy, Abel e Weierstrass, discutem os fundamentos de edificaçãodestaciência,tratandodeencontrarapoiossólidosparaaaritmética,a álgebra,ocálculodiferencial,ocálculointegral,enfim,todaaanálisematemática.O método axiomático é o caminho lógico para a arimetização da análise, onde, a noção de espaço vetorial transforma nosso modo de perceber, operar e pensar sobre as geometrias. A "dissociação entre objetos e operadores" passa a ser o principalaspecto"paraaconstituiçãodeumaestruturavetorial"(BOYER,1974,p. 94). Riemann afirmaque devemos pensar a geometria sem ser por pontos e isso nos leva “à curvatura dos espaços riemannianos”, sem a qual a teoria da relatividade de Einstein não poderia ter existido. Por outro lado, o famoso “conceito de Cortes de Dedekind” estabelece uma separação entre a análise matemáticaeageometriae,então,passamosaformularnossasteoriascombases realmenteabstrataselógicas. Devemoslembrar,ainda,da“teoriadascatástrofes”deRenéThom,quecom seus modelos estabelece a projeção do descontínuo sobre o “real”, um espaço imaginário que reflete sobre os modelos e sobre o princípio da continuidade. Operando sobre espaços integralmente abstratos, na teoria axiomática e nos procedimentos da lógica, os Bourbakis, grupo de matemáticos que elaboraram trabalhos em busca de uma formalização do conhecimento nesta ciência, desejou substituir os cálculos matemáticos por ideias. E assim, afirmaram que “o que o métodoaxiomáticofixacomoobjetivoprincipaléexatamenteoqueoformalismo lógico por si não pode fornecer, ou seja, a inteligibilidade profunda matemática.” (BOYER,1974,p.457). Na matemática, algo semelhante está ocorrendo, os conceitos e fundamentosmodernosdaálgebra,aliadosàstopologias,aosespaçosvetoriaiseà teoria axiomática, geram a álgebra homológica que “é o desenvolvimento da álgebraabstrataquetrataderesultadosválidosparamuitasespéciesdiferentesde espaços.”(BOYER,1974,p.457). Sabendoclaramentequenãoesgotamostodososfundamentos,conceitose conhecimentos matemáticos da atualidade, e nem o pretendemos fazer, dada a extensão desta área de conhecimento. Voltaremos a estes conceitos com mais profundidade no corpo de nossa tese de doutorado. No entanto, ao concluir este resumo sobre a nossa dissertação de mestrado, devemos destacar que, hoje, encontramos inúmeras formas lógicas de proceder: a lógica clássica, a lógica difusa,alógicaparacompleta,alógicaparaconsistentedesenvolvida,entreoutros, pelobrasileiroNewtonCosta.Enfim,encontramosinúmerosmodeloslógicosque nospermitemmostrarainfinidadedeinterpretaçõespossíveisqueestãodiantede nós,inclusivediantedaquiloqueacreditávamosserúnica:alógica. Tanto na matemática, quanto nas artes plásticas, nossos sistemas e linguagens, de agora diante, colocam‐se diante de uma "crise de representação" generalizada,portam‐secomoseestivessemesfacelados,mas,naverdade,apenas deixam claro que, através de nossa percepção, os fenômenos naturais e culturalmenteconstruídosorganizam‐sesegundomodelosqueàsvezesnãoestão totalmente determinados para os nossos sentidos, contudo, possuem características que possivelmente se estruturaram a partir de novos modelos de observação que concebemos, num processo contínuo de produção de conhecimento;umametodologiadeinvestigaçãocientífica. Os novos meios de comunicação geram novos signos, que, por sua vez, abrem novas possibilidades de significação, e, assim, se pretendemos viver intensamente os dias de hoje, devemos estar em busca da compreensão dos significados desses signos que cada vez mais abrem suas portas à interação do homem com tudo aquilo que está ao seu redor, principalmente o que pode ser concebidoemsuamente.Entreessesmeios,destacamosaqueleque,hoje,maisnos atingem,istoé,asnovasmídiascomseus“códigosdebaixonível”,seuspíxeis,sua lógica binária ordenada segundo Boole, estruturando logicamente modelos, algoritmos e princípios matemáticos irremediavelmente incorporados aos atuais meio de comunicação. As imagens da computação gráfica simulando objetos, que em realidade não existem, através das codificações matemáticas, conduzindo‐nos aosnovosparadigmasdepercepçãodoperíodoeletro‐eletrônico.Esteprocessode elaboraçãodeconhecimentopermite‐nosuniraproduçãoeoconsumodestemeio, num princípio único, simulando, através destas máquinas eletrônicas, ambientes que estão relativamente próximos àqueles estabelecidos pelo nosso sistema nervosocentral(MCLUHAN,1964,p.391). Hoje, olhando para nossas produções como elos de um processo cognitivo único, onde mente e mundo fazem parte de um mesmo ecossistema, verificamos queconvivemos,intimamente,comalógicabináriaecomomundodigitale,assim, as artes e a matemática unem‐se em busca de suas similaridades. O perfil produtivo do momento em que vivemos, está apoiado nos conceitos e procedimentos lógicos matemáticos de nossos equipamentos digitais e está associado aos novos modos de representação, que as diferentes linguagens de comunicação permitem. Os signos matemáticos, cada vez mais, fazem parte e organizam os fundamentos lógicos de todas as outras formas de linguagem do homem. Detémop poderquem mdetémossprogramaasdoscomputadores,,que,aomesmo temp poemque processao ocálculop paraolançaamentodasespaçonaaves,mode elaos objettosimaginaadospeloh homem.Atrravésdosm meioseletrro‐eletrôniccosedigita aisde prod dução e de d sua cap pacidade d de armazeenar e prrocessar rrapidamentte as inforrmações, podemos p simular várrios ambieentes, inclu usive aqueeles conceb bidos mentalmente por nós. Hoje, acrrescentamo os um ele emento noovo às no ossas elabo orações lóggicas, isto é, a capac idade de simular s pra aticamentee tudo ao nosso n redo or, inclusiv ve aquilo que q criam mos em no ossa mente e através ddos programas comp putacionais.Deacord docomMilttonSogabee,opoderd desimulaçããodestesn novos ambientes, uniidos aos signos s mattemáticos e lógicos de nossas linguagen ns de os “imagen ns síntesess”, imagens em proccesso que “não proggramação, revelam‐no representamnaadaenãottêmqualqu uertipodecontatofísicocomalggopreexisttente: sãoaapenasumaasériedeinformaçõeesnuméricaas.”(1996,p.114). As imaggens gerad das por eestes meio os não nascem de algum tipo de perccepção visu ual sensível à luz, e ttambém, nãão fazem referência r aa qualquerr real existtente.Cadaavezmais,sãosimulaaçõesereprresentaçõesdeobjetoosabstratosque existtem apenaas em nosssas mentees, assemeelhando–se e, em muiito, aos siignos mateemáticos. A A possibilid dade de geeração de um númerro infinito de simula ações, uma das características de nosso tempo, evidencia um grande número de similaridadesentreessasduaslinguagens. Apartirdeagora,vemosqueestessignosestãorelacionadosàsquestõesda visualidade das representações concebidas diante das novas tecnologias que, em suas características fundamentais, estão intrinsecamente ligados aos objetos matemáticos.Estasformasdelinguagens,porqueestãoestruturadasemaxiomas, conceitoseprincípioslógicos,utilizadosnamatemática,sãosemelhantesaela.E, de fato, o foco deste nosso artigo foi analisar quanto de matemático há nestas representações humanas, em particular, quanto de matemática há nos signos visuaisgeradospelosartistas. Encontramos vários autores analisando as imagens geradas pelas novas mídias eletrônicas como sendo: “imagens sem olhar” (SOGABE, 1996, p. 113), aquelas que se concretizam a partir de processamentos numéricos dos computadores;“imagenssintéticas”,herdeirasaomesmotempodamatemáticae daarte(POISSANT,1997,p.89),imagensquegeramuma“ordemvisualnumérica” (COUCHOT, 1982, p. 42), ou ainda, “imagens em potencial” e “imagens sínteses”, todas elas dando ênfase ao caráter abstrato, lógico e virtual destes modelos de representação. Apesardo grandenúmero de textos que tratam deste tema, pelos diferentes ângulos de percepção e interpretação, verificamos em nossa pesquisa bibliográfica que existem pouquíssimos estudos discutindo as imagens, tendo comofocoosaspectosmatemáticosetopológicoscomoabordamosnesteartigo. As novas tecnologias de comunicação trazem embutidas em sua lógica de construção, o conhecimento que, fundamentalmente, está presente na ciência matemática (HILDEBRAND, 1994, p. 137). Os computadores iniciaram processandoinformaçõesapartirdeumalógicabinária,que,emúltimainstância, pode ser olhada como representações numéricas de impulsos elétricos, onde o zerorepresentaoinstantequenãopassaenergianoscabosecircuitosdenossas máquinas e o um representa o oposto disto. De fato, estamos observando um princípio lógico que dá suporte às novas mídias eletrônicas em seu nascimento, oriundasdomesmouniversosimbólicoqueéamatemática. Verificamos algumas modificações nestes princípios, depois da demonstraçãodo“TeoremadasQuatro‐Cores”edo“TeoremadeClassificaçãodos GruposFinitosSimples”devemosestaratentosaosváriostiposdecomputaçãonão convencionaisquecomeçamatomarcontadasnossasformasdeprodução.Estes novos processamentos lógicos baseados em outros princípios que são diferentes da lógica clássica, assim como, a lógica fuzzy, a paraconsistente, a quântica e a computação baseada no DNA, modificam nossos paradigmas. Entre os mais recenteschoquescognitivos,dosquaisnosfalaMarcus,equeanalisaremosneste trabalho,vamosencontraraquelequeresultadamarginalizaçãodaenergiaatravés da informação, este processo vem sendo desenvolvimento pela teoria da informaçãodoalgoritmo,porKolmogoroveChaitin(MARCUS,1997,p.7). Hoje podemos dizer que, diante das novas mídias e dos vários princípios lógicos que podem ser elaborados pelos nossos softwares, passamos a conviver com a possibilidade de criar novos ambientes de percepção, nunca antes vivenciados. E, assim, através dos computadores, das novas lógicas na linguagem de programação e de uma grande variedade de formas de visualizar ambientes virtuais, podemos simular situações com as imagens sintéticas impossíveis de seremconstruídaslongedesteuniversodigital. Ao analisar estas imagens sabemos estar lidando com uma vasta gama de conhecimento e, assim, finalizando os aspectos que queremos ressaltar neste estudo,devemoscomentarque,aindademaneiravagaeintuitiva,sabemosestar observandofenômenosque possuemumníveldecomplexidademuitoelevadoe, com características bem mais abrangentes do que podemos estabelecer neste artigo. No entanto, nosso objetivo foi o de realizar uma abordagem semiótica do signo matemático dando ênfase às questões lógicas da visualidade diante dos novos meios de produção. Assim, contribuir para atingir novos níveis de complexidade através das análises que realizaremos das representações visuais dos modelos matemáticos. Pretendemos, também, verificar neste estudo a tendência que todas as ciências tem a matematização. Para Santaella e Nöth, fundadosnospensamentosdePeirce,todasasciênciascaminhampara aumentarem gradualmente seu nível de abstração até se saturarem na matemática, quer dizer, a tendência de todas as ciências é se tornarem ciências matemáticas. O conglomerado de ciências, que hoje recebe o nome de ciência cognitiva,parece estarno caminho de comprovar essa sugestão.(1998,p.90). Assim, as imagens computacionais que são construídas e, em seguida, são destruídas para darem lugar às outras imagens que as substituíram, pois elas existemduranteotempodeprocessamentoedeexposiçãoemnossossistemas depercepção,são“imagensemprocesso“ou“imagensvirtuais”demodeloslógicos intrinsecamenteligadosàsnovasmídias.Finalizandoosaspectosquepretendemos analisar neste texto, devemos ressaltar que, de maneira secundária, mas não menosimportante,devemoslembrardasimagensfractais,osgrafosdemodogeral e os grafos existenciais de Peirce que nos conduzem às belezas explicitadas nas formaseraciocínioslógicoseaestéticadestasformas. As Imagens Matemáticas que abordamos em nossa tese de doutorado, são concepções visuais em processo que adquirem valores diferenciados quando são compreendidasrelacionadasàslinguagensqueasgeram.Observaressesaspectos associados às novas tecnologias, nos levam a conectar três realidades aparentemente distintas: primeiro a questão da visualidade destas imagens, que, através do processo criativo, expõem características diagramáticas, em segundo lugar,aquestãooperacionaldaconstruçãodalinguagemmatemáticaemsie,em terceiroosaspectosmentaisesimbólicosnecessáriosnarealizaçãodestetipode conhecimento. 1.2ConceitosBásicosdeProgramação Arealizaçãodeumprogramaparacomputadortemcomoobjetivoresolver problemas, com isso, precisamos de uma linguagem que permita dialogar com estas máquinas eletrônicas. Além da linguagem também necessitamos de um métododeresoluçãodeproblemaquepermitaproduzirumalgoritmoqueajudea resolveroproblema. Naanálisedoproblemadevemosbuscarencontrarumcaminhodesolução que seja viável a partir de uma determinada linguagem escolhida e, principalmente, elaborar um algoritmo através desta linguagem do assunto que trataoproblema.Defato,devemosbuscarummodelomatemáticodisponívelpara a solução do problema e como realizar a implementação de um procedimento lógicoquepermitasolucionaresteproblema. Devemosterumprocedimentosistêmicoeumavisãodinâmicaqueabranja os recursos da linguagem e o modelo matemático escolhido para a solucionar o problema, ou seja, podemos encontrar um modelo matemático que seja inviável para a solução do problema, como também, podemos não encontrar recursos disponíveisnalinguagemqueresolvaoproblema,comotambémapessoaqueestá buscandoresolveroprogramanãotenhaconhecimentosuficienteparatal. 1.2.1OqueéumAlgoritmo Pararesolverumproblemadevemoselaborarumalgoritmo.Umalgoritmo nada mais é do que um procedimento passo a passo que ajude a resolver uma tarefa.Devemosresponderapergunta“comofazer?”.Emtermosmaistécnicos,um algoritmo é uma sequência lógica, finita e definida de instruções que devem ser seguidaspararesolverumproblemaouexecutarumatarefa. Nodiaadianãopercebemos,massempreestamosutilizandoalgoritmosde forma intuitiva e automática para executar tarefas comuns. Como, em geral, são atividades simples que dispensam muita reflexão para elaborar as instruções necessárias,oalgoritmopresentenelaacabapassandodespercebido. 1.2.2Comoresolverumproblemacomputacional Quando analisamos um problema é necessária uma metodologia. O cientista,GeorgePólyadesenvolveu,umametodologiaquepermitequeum“leigo” possaterosmesmosrecursosmentaisqueum“expert”paraacriaçãodasolução de um problema. Ele com sua obra “How to Solve It ‐ A New Aspect of MathematicalMethod”(noBrasilfoitraduzidoporAArtedeResolverProblemase foi editado pela Editora Interciência). Para ilustrar a ideia, vejamos um esquema pararesolverumproblema,apartirdosestudosdePólya: 1ªEtapa–Entenderoproblema Nesta etapa é essencial para a compreensão do problema que algumas perguntas sejam respondidas: Qual é a incógnita? Embora esta pergunta possa parecerespecíficaparaaresoluçãodeproblemasmatemáticos,podemosampliaro seucontextoconsiderando‐adaseguintemaneira: a)Oquedeveserresolvido? b)Oquedevesercalculado? c)Queaçãodeveserexecutada? d)Quaissãoosdados? Estas perguntas envolvem a compreensão das informações contidas no contexto do problema, separando os aspectos essenciais dos supérfluos. Qual a condicionante? Entre as informações, devemos procurar aquelas que fornecem o ponto chave para a resolução; como o próprio nome diz, as informações que estabelecemascondiçõesouapresentamrestriçõeseimposiçõesparaasolução. 2ªEtapa–Elaborarumplanoderesolução Nestaetapairemossistematizarasrelaçõesentreosdadoseasincógnitase aproveitar para buscar uma relação entre o problema atual e algum outro problemaquejáestejaresolvidoequepossaservirdeguiaparaasoluçãodoatual. Se existir esse problema, analisar os caminhos percorridos até a sua solução, e verificar quais as adaptações serão necessárias fazer para resolver o problema atual.Senãoocorrernenhumproblemasimilar,dividaoproblemaatualempartes, concatenandoaincógnitaeosdadoscorrespondentes,inclusivecriandoincógnitas auxiliares para cada parte. Faça desenhos, esquemas, utilize notações próprias e elaboreumplanoderesolução. 3ªEtapa‐Executaroplano Sigapassoapassooplanoelaboradonaetapaanterior.Casoocorraalguma coisa errada, será necessário voltar à etapa anterior ou até mesmo à primeira etapaereformularoplano. 4ªEtapa–Avaliaroplano Nestaetapaverificaremosoresultado,respondendoàseguintepergunta:“A solução encontrada satisfaz o problema proposto?”. Há várias maneiras de se responder a esta pergunta, dependendo do tipo de problema que estivermos lidando. Se o problema for de tipo numérico, podemos substituir a solução e verificar se existe coerência no resultado. Se o problema for de tipo conceitual, devemosverificarseasoluçãonãocontrariaalgumteoremapreexistente.Existem outras formas de problemas que exigem outras abordagens de verificação de soluçãooubuscandooutroscaminhosdesoluçãoecomparandoosresultadosou simplesmente fazendo uma simulação da solução. O esquema acima é genérico e servedeguiaquandonãoexistirnenhumoutroesquemaquepossaserutilizado. Também não é rígido, pode e deve ser mudado de acordo com o problema a ser resolvido por você. Encorajamos você a criar o seu próprio esquema, praticando assimaHeurística.Considerandoestesconceitosnasoluçãodenossosproblemase tendo em mente a solução computacional do problema, temos que abordar dois aspectos que estão relacionados diretamente: estrutura de dados e algoritmo. Estesdoisaspectossãofundamentaisparasechegaraumasolução.Sabemosque iremostrabalharcomdadosnaentrada,nasaídaenoprocessamento;essesdados devem estar armazenados em um recipiente adequado que permita a sua manipulação pelo algoritmo, portanto, o algoritmo será construído a partir do modelomatemáticodasoluçãoeestaráintimamenteligadoàestruturadedados.É difícilsepararoquevemprimeiro,poisumaestruturadedadosinadequadatorna difícileatéimpossívelaconstruçãodoalgoritmoeumalgoritmoinadequadonão podeutilizarumadeterminadaestrutura.Devemosfazerumesforçomentalpara que, dinamicamente, possamos pensar em estrutura de dados e algoritmos de formasimultânea. 5ª.Etapa‐Corrigiroplanosefornecessário Nesta etapa final retornamos e verificamos o resultado. Respondendo novamente a pergunta: “A solução encontrada satisfaz o problema proposto?”. Casoarespostasejanegativaretomamosoproblema. 1.3Processing 1.3.1OqueéProcessing Processingéumalinguagemdeprogramaçãodesenvolvidaparaambiente compartilhadoProcessingeparticipativoon‐line.Desde2001,elevempermitindo desenvolverprogramasparaasartesvisuais.Inicialmentefoicriadoparapermitir desenvolver esboço de software e para ensinar os fundamentos básicos de programaçãonumcontextovisual.Oprocessamentoevoluiuparaumaferramenta dedesenvolvimentoparaprofissionais.Hoje,existemmuitosestudantes,artistas, designers, pesquisadores e amadores que utilizam o Processing para aprendizagem, realização de protótipos, e produção. Ele é um software livre que podeserbaixado.Éopensource.Permitedesenvolverprogramasinterativospara 2D, 3D e PDF. Tem integração com o OpenGL para aceleração 3D. Ele foi desenvolvidoparaserexecutadoemambienteLinux,MacOSXeWindows.Possui maisde100bibliotecasparaatenderaosoftwarecentral. OProcessingrelacionaconceitosdeprogramaçãoparaprincípiosdeforma visual, movimento e interação. Ele integra uma linguagem de programação, com um ambiente de desenvolvimento e metodologia de ensino em um sistema unificado.OProcessingfoicriadoparaensinarfundamentosdaprogramaçãode computadores dentro de um contexto visual, para servir como um software de desenho, e para ser usado como uma ferramenta de produção para contextos específicos.Osestudantes,artistas,profissionaisdedesignepesquisadoresusam paraaaprendizagem,prototipagemeprodução. O Processing é uma linguagem de programação do tipo texto projetado, especificamente, para gerar e modificar imagens. O Processing permite um equilíbrio entre processamento simples e recursos avançados. Iniciantes podem escreverseusprópriosprogramasdepoisdeapenasalgunsminutosdeinstrução, mas os usuários mais avançados podem escrever a partir de bibliotecas, com funções adicionais. Ele permite trabalhar com computação gráfica, técnicas de interaçãocomdesenhovetorial,ebitmap(raster),processarimagens,modelosde cores , utilizar mouse e teclado, eventos, comunicação de rede e programação orientada a objetos. Com as bibliotecas podemos ampliar a capacidade de processamento para gerar som, enviar e receber dados em diversos formatos e, porfim,importareexportararquivos2Dearquivo3D. 1.3.2 Primeirosconceitosdeprogramação ParaescreverumprogramaemlinguagemProcessingutilizamosapenasos caracterespoucoscaracterescomorecursoparaaconstruçãodecódigosque,após o processo de compilação, produzem aplicativos que vão desde controladores de processos industriais até sofisticados sistemas multimídia. Da combinação de letrassurgemaspalavrasreservadas,identificadores,funçõesdebiblioteca,etc.;os caracteresnuméricosfornecemanecessáriarepresentaçãodequantidades,tanto em um contexto interno (formatação, parâmetros de inicialização, etc), quanto externo(entradaesaídadedadosnuméricos)equantoaossímbolos(*{}/%^$ ()[];#...)elestemusosvariados,sejaparaorganizarotextodoprogramapara definiraocompiladoraprioridadedeexecuçãodeumarotinaoudeterminarofim de uma linha de comando. Alguns símbolos são utilizados como operadores e o compiladordeterminaoseusignificadodeacordocomocontexto. 1.3.3 Palavraseelementosreservados As palavras reservadas, em qualquer linguagem, representam tipos, modificadores, especificadores, diretivas e caracterizam a sintaxe da linguagem. Tendo um significado particular dentro da linguagem, as palavras reservadas indicam ao compilador ações específicas que o sistema deverá executar. Como a linguagem Processing é sensível à caixa alta ou baixa (maiúscula/minúscula) todososcomandosdevemserescritosemcaixabaixaenãopodemserutilizadas com outros propósitos. Todos os comandos da linguagem se resumem a algumas palavrasreservadas. Porexemplo: EXPRESSÕES Comentários://,/**/ ExpressõeseAfirmações:“;”,“,” ComandodeConsole:print(),println(); COORDENADASEPRIMITIVAS TamanhodasTelas:size(); FigurasPrimitivas:point(),line(),triangle(),quad(),rect(),ellipse(); ParâmetrosdeDesenho:background(),fill(),stroke(),noFill(),noStroke(); AtributosdeDesenho:smooth(),noSmooth(),strokeWeight(), strokeCap(),strokeJoin(); ModosdeDesenho:ellipseMode(),rectMode(); VARIÁVEIS Com as variáveis podemos manipular dados, numéricos ou alfanuméricos, desdeaentrada,comsuatransformaçãoatravésdoprocessamento,atéasaídados dados transformados, o que é a essência do que desejamos fazer. Vejamos com maisdetalhesessetipos: boolean–1bitcomvalorlógicotrueoufalse; byte‐8bits‐128to127; char‐16bits0to65535; int‐númerointeironafaixade‐2.147.483.648a+2.147.483.64732bytes; float ‐ um número racional na faixa de 32 bits 3.40282347E+38 até 3.40282347E+38; true:verdadeiro; false:falso; color:32bits16,777,216colores. EXPRESSÕESARITMÉTICASEFUNÇÕES +(soma),‐(subtração),*(multiplicação),/(divisão),%(módulo); ()(parenteses),++(incrementar),‐‐(decrementar),+=(adicionareatribuir), ‐=(subtraireatribuir);*=(multiplicareatribuir),/=(dividireatribuir), ‐(negação),round()(arredondamento),min()(mínimoentrenúmeros)e max()(máximoentrenúmeros). TRANSFORMAÇÕES Função translate() ‐ A função translate() move a origem da figura do canto superior esquerdo da tela para outro ponto. Ela tem dois parâmetros. O primeiroéacoordenadaxeosegundoéacoordenaday.Asintaxedafunção translateétranslate(x,y).Osvaloresdosparâmetrosxeysãoadicionadosa quaisquer formas desenhadas após a função ser executada. Se 10 é utilizado como parâmetro para x e 30 é utilizado como parâmetro para y, um ponto desenhadoemcoordenadas(0,5),serádesenhadoemcoordenadas(10,35). Função rotate() ‐ A função rotate() gira o sistema de coordenadas de modo queformaspodemserdesenhadasnatelaemumdeterminadoângulo.Eletem um parâmetro que define a quantidade de rotação conforme um ângulo. A funçãorotaçãoassumequeoânguloéespecificadoemradianos.Asformassão sempregiradasemtornodasuaposiçãoemrelaçãoàorigem(0,0)sendoqueo positivoésentidohorário.Talcomoacontececomtodasastransformações,os efeitosderotaçãosãoacumulativos.Sehouverumarotaçãodeπ/4radianose outra de π/4 radianos, o objeto será desenhado com uma rotação de π/2 radianos. 1.3.4 Conceito osdeCorres–RGB BeCMYK definidaspo orparâmettrosnumérricosassociiados AscoressnoProcesssingsãod às reespectivas sintaxes. Por P exemp plo: background(), filll() e strokee() são fun nções espeecíficas.Asssim,aousa arascores comestes parâmetro os,elesficaamdefinido osda segu uinte formaa: backgrou und(valor1 1, valor2, valor3), v fiill(valor1, vvalor2, vallor3), fill(vvalor1, valo or2, valor3 3, alpha), sstroke(valo or1, valor2 2, valor3), stroke(va alor1, valorr2, valor3, alpha), on nde os elem mentos vallor1, valor2 2 e valor3 são parâm metro quevvariamde0a255eovalordea lphavariade0a100% %detranssparência. 1.4 Atividade A es–ConceitosBássicos: 1.4.3 FazernaSal F ladeAula‐‐Desenharretas,elipssesutilizanndooconce eito d derotaçãoe etranslaçãoo‐Exercíciiododesen nhoemseqquencial. Propo osta: Soluçção: Solu uçãodoEx xercícioAu ula01 //Exercíccio01‐UsandoFiguras,T TransparênciaaeMovimenttações //Definiççãoáreadetrrabalho size(500,5 500); background(200); ke(); //noStrok smooth(); rectModee(CORNER); //quadraado1 fill(150,190); strokeWeight(8); rect(100,100,300,300); line(300,100,450,100); line(450,100,450,0); line(0,250,500,250); line(250,0,250,500); //quadrado2 fill(150,127); rotate(‐PI/16); translate(‐53,45); strokeWeight(6); rect(100,100,300,300); line(300,100,450,100); line(450,100,450,0); line(‐5,250,505,250); line(250,‐5,250,505); //quadrado3 fill(150,63); rotate(‐PI/16); translate(‐53,45); strokeWeight(3); rect(100,100,300,300); line(300,100,450,100); line(450,100,450,‐10); line(‐25,250,525,250); line(250,‐25,250,525); fill(150,25); rotate(‐PI/16); translate(‐53,45); strokeWeight(1); rect(100,100,300,300); line(300,100,450,100); line(450,100,450,‐20); line(‐55,250,555,250); line(250,‐55,250,555); 1.4.4 FazeremCasa‐DesenharcomoProcessingumCenário2D(Estilo MarioBros); CAPÍTULO02–CONCEITOSDAMATEMÁTICADISCRETA 2.1 Osnúmeros,simetriaseregularidades Não podemos afirmar com precisão quando começa a produção do conhecimento matemático como conhecemos hoje. No entanto, conseguimos identificarcomoessaciênciaevoluiuaolongodahistóriaecomoelasempreesteve ligada a produção de imagem. O homem começou a representar o mundo que o cercava elaborando imagens que auxiliavam a compreender tudo ao seu redor. Desenhos,mapas,diagramas,esquemaseacriaçãodosnúmerossempreajudaram acontar,medirearepresentarasquantidades. Por outro lado, muitos elementos e conceitos matemáticos podem ser visualizados através das imagens e nas produções artísticas realizadas nas Artes. Quando estudamos a Matemática, nos primeiros anos escolares, iniciamos pelas operações básicas: somar, subtrair, multiplicar, dividir, potência, raiz quadrada, enfim, aprendemos a fazer contas e lidar com os números através de suas características discretas. Neste caso, os números são signos abstratos que permitemrealizaroperaçõesbemdefinidas. Aorefletirsobreestesconceitossentimosanecessidadedevisualizarestas entidades e, assim, a fim de melhor compreendê‐las, produzimos, gráficos, diagramas, esquemas e modelos imagéticos que nos ajudam a concretizar signos queimaginamoseelaboramosmental.E,assim,nascemasrepresentaçõesgráficas, geométricas,doespaçoetempo. Os homens criaram elementos que representam os conceitos abstratos na Matemática.Criamosozero,umeinfinito;osistemadecimaleocódigobinário,o conceito de limite, derivada e de infinito, enfim, criamos representações que são organizadas na Matemática. Neste processo de elaboração de conhecimento a noçãodeabstraçãoéfundamental,porqueelapermiteoprocessodegeneralização por redução de conteúdo quando observamos um fenômeno, conceitoouinformação. Utilizamos estes princípios para reter informações relevantesemrelaçãoaumdeterminadopropósito.Aabstraçãoéumprocessode pensamento onde a ideia distancia‐se do objeto. É uma operação mental e intelectual, portanto, lógica, que pressupõem a existência de procedimentos que permitemisolaroselementoseproduzirgeneralizaçõesteóricassobreproblemas, afimderesolvê‐los.Noprocessodeabstraçãousamosestratégiasdesimplificação ondeosdetalhesdesnecessários,ambíguos,vagosouindefinidossãoabandonados, etratamosapenasdoqueéessencialparaomodeloqueestamosobservando. No processo de abstração é importante a interação com a materialidade, com as mídias, com as linguagens e, consequentemente, com os signos que permitemaelaboraçãodoraciocínio.Quandoplanejamosalgo,nuncaconseguimos observar o fenômeno em sua totalidade, os aspectos que consideramos em qualquer tipo de abstração nos fazem elaborar imagens visuais ou mentais que irãoauxiliarnoplanejamentodasações. 2.1.1 Oatodecontar Vejamos este procedimento na Matemática. Quando começamos a estudar esta ciência reconhecemos os números e verificamos que eles permitem realizar operações que concretizam conceitos abstratos. Isso evolui da seguinte forma: primeiroconsideramosoconjuntodosnúmerosnaturais,depoisverificamosque, sesomarmosdoisnúmerospertencentesaesteconjunto,temoscomorespostaum elemento do mesmo conjunto. Dizemos que o conjunto dos números naturais é fechadoemrelaçãoàoperaçãodasoma.Emseguida,verificamosqueesteconjunto também é fechado em relação à operação de multiplicação. De fato, se multiplicarmosdoisnúmerosnaturais,teremossemprecomorespostaumnúmero natural. Aoaprofundarosestudossobreoconjuntodosnúmerosnaturais,notamos uma série de propriedades que são válidas para este conjunto. Verificamos que valem as propriedades comutativas, associativas, elemento neutro e elemento inverso.Aíintroduzimosumnovoconceitoabstratoqueirádarmuitaconsistência ao conjunto dos números naturais, é a “noção de grupo em matemática” que permite relacionar várias estruturas matemáticas. Mais adiante, neste texto, trataremos destes conceitos para a ciência da matemática e verificaremos que o fatodeumconjuntoser“grupo”,elepossuiestruturasabstratamuitointeressante. Continuandonossoraciocínio,apartirdesteprincipiocomeçamosarealizar diversas operações com estes números, buscando entendê‐los melhor. Criamos então as operações inversas da soma e da multiplicação, ou seja, a subtração e a divisão,enotamosquearespostaparaestasoperaçõesnemsempreéumnúmero natural. Por exemplo, quando subtraímos um número natural de outro, onde o primeiro é menor que o segundo, verificamos que a resposta não é um número natural. Assim, sentimos a necessidade de criar um novo conjunto de números pararepresentarestasituaçãoedarcontadestaresposta.Oconjuntodosnúmeros naturais não é fechado para a subtração e assim concebemos o conjunto dos númerosinteirosquepossuinúmerospositivosenegativose,destemodo,torna‐se fechadoparaasubtração. Emseguidapassamosaobservaaoperaçãodadivisãoeverificamosqueela também não é fechada em relação ao conjunto dos números naturais e nem ao conjunto dos números inteiros. Com isso somos conduzidos a criar um novo conjunto de números: os números racionais. De fato, o conjunto dos números racionais é fechado para a operação de divisão. Assim, sucessivamente vamos criandoconjuntoaconjuntoatéque,finalmente,criamosoconjuntodosnúmeros reais. Ao operar com o conjunto dos números reais verificamos que algumas operações não são fechadas em relação aos números reais, por exemplo, a raiz quadrada de número negativo não obtém resposta dentro do conjunto dos números reais. Com isso, sentimos novamente a necessidade de criar um novo conjunto de números que permitiram dar a resposta a essa operação. Aqui passamos a perceber a existência de relações entre a Matemática Discreta e a TeoriadosConjuntos. Nesse momento passamos a perceber as relações entre as várias áreas de conhecimentodentrodamatemáticae,percebemosasrelaçõesentreosconjuntos e a geometria. Verificamos que um número do conjunto dos números complexo podeserrepresentadoatravésdaraizquadradademenosum,ouseja,osnúmeros complexospodemserdecompostoseumaparterealeoutraimaginária.Eassim, construímosarelaçãodoconjuntodosnúmeroscomplexoscomoplano. Criamososparesordenados.Elessãoidentificadospelasimbologia(a,b)e (x,y)ondeaexsãoaspartesreaisebeysãoaspartesimaginárias.Estesnúmeros tambémrepresentamo“plano”quepodeserorganizadograficamenteatravésde dois eixos – X e Y que se cortam perpendicularmente num ponto que pode ser identificadopelopar(0,0)queéaorigemdosdoiseixos. Obviamente que ao tratar destes conceitos e modelos matemáticos não estamossendorigorososemrelaçãoaosprocedimentoseprincípiosmatemáticos, atéporque,tornaríamosestareflexãodemasiadamenteextensaesemsentidopara osnossospropósitos. Assim, agora podemos introduzir a noção de vetor e de coordenadas polares.Identificamosquetodoovetorpodeserrepresentadoapartirdopontode origemdoseixosXeY,istoé,apartirdoparordenado(0,0)temosumadimensão e uma direção do vetor que é dado pelo par ordenado final do vetor e por uma direção.Assim,aorelacionarosdoiseixosXeYidentificamosoconjuntoR2,R3, R4 que são as representações do Plano, do Espaço – a Terceira Dimensão, da QuartaDimensãoeassimpordiante. Matematicamente podemos operar nas dimensões espaciais que vão além dadimensãotrêsequenãopodemosperceber,nomundoemquevivemos,porque vivemosem três dimensões. Naverdade,esses signossão apenasrepresentações dosobjetosespaciaisque,abstratamente,representamoseoperarmoscomeles.A noçãodeQuartaDimensãocomosendoarepresentaçãodoTempo,possibilitouo nascimento da Teoria de Relatividade de Albert Einstein. Ele modificou os conceitos de espaço e tempo, que antes eram observados através da Teoria deNewtoncomoentidadesindependentes,pelaideiadeespaço‐tempocomouma grandeza unívoca e geométrica. O espaço‐tempo na Relatividade pode ser considerado como uma representação da quarta dimensões, três espaciais e uma temporal,noentanto,integradadefinindoumconceitoúnico. Na ciência moderna porGalileuintroduz o princípio da relatividade. Para ele, o movimento, ou pelo menos omovimento retilíneo uniforme, só tem significado quando é comparado com algum outro ponto de referência. Segundo Galileu,não existe sistema de referência absolutoonde o movimento possa ser medido.Elereferia‐seàposiçãorelativadoSol(ousistemasolar)edasestrelas.As “TransformaçõesdeGalileu”,comoficaramconhecidas,eramcompostasdecinco leissobreomovimento.GalileueNewtonnãoconsideravamparaseuscálculosa propagação eletromagnética porque aluz era tida como algo instantâneo, sem movimento. Os fenômenos de movimento da luz e do som tornavam‐se visíveis quando eram observados a longas distâncias, e assim, em fins doséculo XIX, exigiampadrõesdeobservaçãoespecíficoseumateoriadotempo. Em relação aos Postulados da Relatividade dois pontos devem ser destacados. O Princípio da Relatividade que afirma que as leis que governam as mudanças de estado em quaisquer sistemas físicos tomam a mesma forma em quaisquer sistemas de coordenadas inerciais. Para Einstein, existem os sistemas cartesianos de coordenadas que é denominado de sistemas de inércia. Podemos dizer que: dado uma proposição K em um sistema de inércia, qualquer outro sistema K em movimento de translação uniforme relativo a K, é também um sistema de inércia. O segundo postulado relativo a Borh que trata da invariância davelocidade da luzafirma que ela é igual a cem relação a qualquer sistema de coordenadasinercial.Ouseja,aluznãorequerqualquermeio(comooéter)para se propagar. Através dastransformações de Lorentzpode‐se demonstrar o segundopostulado. Defato,o“ParadoxodosGêmeos”ou“ParadoxodeLangevin”na“Teoriada Relatividade” de Albert Eistein apresentam a seguinte proposição. Se considerarmosdoisgêmeos,eseumdelesfosseparaoespaçoemumaaeronave, navelocidadedaluz,elesficariamcomidadesdiferenteumem relaçãoaooutro. Dois aspectos podem ser considerados: o primeiro, a partir da mecânica clássica, afirma que a dilatação temporal não existe, o que levaria o gêmeo que viajou na nave estranhar a disparidade dos tempos decorridos experimentados. O gêmeo que viajou pelo universo próximo a velocidade da luz pode alegar que a Terra é quesemoviacomvelocidadepróximaàdaluz.Noentanto,amelhorcompreensão dessefenômenohoje,équeanavepercorreuumatrajetóriamaior,considerando‐ seatrajetórianoespaço‐tempo. 2.1.2SimetriasnasArtesenaMatemática Ohomempassaaterconsciênciadeseupassadoevaiàantiguidadeclássica em busca dos ideais gregos, querendo retomar os valores daquela cultura, obviamenteligadoàideiadorenascimentodeumNovoImpérioRomano.Porém, emvezdetrazerànovaeraumaantiguidaderenascida,contribuidefinitivamente paraaformaçãodohomemmoderno. FigguraXX‐Masaccio–Trindade(1427‐11428) Affresco(6.67xx3.17m) SaantaMariaNo ovella,Floren nça A partirdosséculoXII, emplenaIIdadeMédia,as cooncepções individualiistas e fraggmentáriass que irãão formar a modern nidade com meçam a tomar foormaeestããopresente enospaláccios,nasig grejas e nascasas dosburgue eses.Naveerdade,esta amos diiante do início do capitalismo c o moderno o, do su urgimento deumaeco onomiamoonetáriaurrbana e a emancip pação dos burgueses. b Estes aspectos sããoconsequ uênciadop períodomeedievalenã ãodo Reenascimento. A partiir da segunnda metad de da Id dadeMédiaa,ohomem mbuscaaraacionalidad deea in ndividualidade que o coloca diaante de "D Deus" coomo um ser presente ccom razão e peersonalidad de. Esse momento m pré‐industriial tem suaas características bem m definidass e se manifesta plen namente po or volta doo final século XV início do XVII. Esses va alores estão opresentessnaIdadeMédia,naR Renascençaaepormuiitotempoaainda,ating gindo outros período os, inclusiive os diaas atuais. Não deve emos ser rígidos nessas mentações históricas,, pois, sab bemos quee há muitta continuiidade entrre os segm princcípiosmed dievaiseren nascentistaaseatéosdiasdehojjepodemosssentirrefflexos depeensamento oshistorica amenteanteerioresanós. Por exxemplo, a cultura daa cavalariaa medievall que é baaseada em m um princcípio corteesão, pode e ser con nsiderada a primeira a forma dde organizzação mod derna na qual q verifiicamos, veerdadeiram mente, uma “unidadde“ calcada a em princcípios esp piritualistass e que d defendiam os valore es e princcípios crisstãos. (HAU USER, 197 72, p.287) Depois n na Renasceença, vemos as “gu ildas” que e são associaçõesenttrecorpora açõesdeop perários,arrtesãos,negocianteseeartistase eseus estatutoseumgrandepodereconômicoepolíticoquenãopodemserdeixadasde ladoaocomporamecânicadeelaboraçãodessemomento. Todos esses agrupamentos estruturados a partir de profissões ou princípios corporativos religiosos carregam em seu interior uma unidade de pensamento que consiste numa verdadeiramente mudança estrutural na sociedade. Eles ajudam a construir a visão moderna da economia na qual, uma novaorganizaçãodotrabalhodeformaracionalestáporvir,istoé,adivisãopor interesses em categorias profissionais. Esse raciocínio se for levado às últimas consequênciasnostrazasideiasmarxistasdeclassessociais. A história pode ser concebida como um processo contínuo em que transformações ocorrem lentamente. Observamos que características da Idade Média, que é tida como uma sociedade orgânica, estável e conservadora, atinge tambémoRenascimentoe,porquenãodizer,aModernidade.Assiméimpossível determinarrigidamentecadamomento. Estamos em um momento que o homem começa a compreender e mensuraromundomaterialqueocerca.Eassim,tentamedirlongitudinalmenteo globoterrestre,eisso tornou‐se possível quando a posição da Lua entre as estrelas pôde ser prevista pela teoria lunar de Newton e, assim obteve‐se o tempo aparentedomesmofenômenoceleste,medidoemdoislugares.Apartir daí, os vastos espaços marítimos puderam ser “controlados” e as projeções nos mapas puderam ser feitas com precisão cada vez maior. (MATOS,1990,p.285). Enfim, encontramos o espírito e a matéria sendo ordenados e medidos com precisão e rigor, mas sempre subordinados as leis naturais universais estabelecidas pelo cristianismo. A “Matemática Universal” de René Descartes denominada de “Ciência Universal da Ordem e da Medida” está calcada na razão humana e em tudo aquilo que pode ser matematicamente planejado, diferenciando‐sedascoisasdamemóriaedossonhos, pois,paraDescartes,estes fenômenos são fontes de incerteza, erro e ilusão. Esses princípios serão definitivamenteincorporadosanossaculturaapartirdosséculosXVIIeXVIIIcom a visão mecanicista desse filósofo e matemático e o pensamento materialista do físico Issac Newton que profundamente influenciarão nossa percepção ocidental, atéosdiasdehoje. Descartesdiziaqueapercepçãoédeterminadapelarazãodemodoqueela não gera dúvidas, pois, se assim o fizer, será descartada como uma percepção enganosa. Nas palavras do fundador da filosofia moderna, em "Meditação Primeira",sobrenossapercepção, tudooquerecebiatépresentemente,comoomaisverdadeiroeseguro, aprendi‐o dos sentidos ou pelos sentidos: ora, experimentei algumas vezesqueessessentidoseramenganososeédeprudêncianuncasefiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. Mas, ainda que os sentidosnosenganem,énelesquedevemosbasearnossaspercepçõese em diversos casos, deles, não se pode razoavelmente duvidar. (1983, p.85‐86). Assim, ele encontrava nos sentidos a principal fonte de percepção e compreensão do mundo, apesar de considerar o sonho como algo distante da racionalidade. Descartes afirmava que sonhar é iludir‐se, em suas próprias palavras: tenhoocostumededormir...esonhar,duranteanoite,queestavaneste lugar, que estava vestido, que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramentenuemmeuleito?...oqueocorreunosononãopareceser tãoclaronemtãodistintoquantotudo...,maspensandocuidadosamente nisso,lembro‐medetersidomuitasvezesenganado,quandodormia,por semelhantesilusões.(DESCARTES,1983,pp.85‐86). Elepercebeaexistênciadeumaúnicasaídaparaasuperaçãodadúvidae eladevesertrilhadasegundoamesmaestradaqueasua“MatemáticaUniversal”. Nelavamosencontrara“ordemdasrazões”ea“ordemdasmatérias”e,segundo suas reflexões, estas ordens devem ser edificadas com a clareza da evidência matemáticaeestruturadacomacoerênciaperfeitadeumademonstração. No“DiscursodoMétodo”elemostraqueoúnicocaminhoparaconhecera verdade,éodadedução,respaldado,evidentemente,pelaintuição.Quatrosãoos princípiosquenoslevamàlógicadarazãohumana,esãoeles: 1. Jamaistomaralgocomoverdadeiroquenãosereconheçacomotal; 2. Dividir cada uma das dificuldades a serem examinadas em tantas parcelas quanto possível e em quantas forem necessárias, a fim de resolvê‐las; 3. Ordenar os pensamentos pelos objetos mais simples, até o conhecimentodosmaiscomplexos;eporfim, 4. Fazer enumerações tão extensas e revisões tão gerais de modo a ter certezaquenadaomitiu.(DESCARTES,1983,p.37‐38). O pensamento desse filósofo marcou a história desse período e estabelece um universo univocamente determinado e que deve ser dividido em partes para sercompreendidoeasomadaspartesconfiguramotododenossacompreensão. O mundo ocidental começa dividido quando o homem deixa de produzir para seu consumo próprio e começa a segmentar os produtos para comercializá‐ los, temos uma economia que começa a se estrutura de forma financeira, gradualmentevaiexterminandocomosvaloreseprincípiosfeudais.Aogeraruma produção excedente, estimulada pelas viagens das cruzadas, o homem apercebesse‐sedapossibilidadedetrocaraquiloqueeraproduzidoalémdesuas necessidadesdeconsumo. Daí, os burgueses, aproveitando‐se desse lapso da economia feudal, começamapensaremumsistemabaseadono“capital”;natrocadeprodutospor moedas para atender às necessidades básicas. Este mesmo sistema gera também novas necessidades que se alimentam dos desejos humanos e, assim, notamos a separação entre a produção e o consumo. Obviamente, essa forma produtiva possuía características bastante afastadas do método abstrato da produção capitalista moderna, segundo a qual, as mercadorias passam por intermediários antesdechegaraoconsumidorfinal.(HAUSER,1972,p.271) Iniciamos um processo de pensar nossas vidas em pedaços, porém ainda substancialmente ligado aos valores orgânicos e determinados pela Idade Média. Osprofissionaisespecializadosatribuemaobemproduzidoumconceitode“valor mercadológico”quedá,aoshomens,umarelativaliberdadedecriarnovosvalores para antigos objetos, sem produzir novas mercadorias. Este fato, unido às necessidades de troca dos bens culturais, gera no mundo burguês a obrigatoriedade de quantificação dos valores dos objetos. Precisamos criar características de particularização de nossas mercadorias com a finalidade de atribuir‐lhes valor. Isso marcará profundamente as nossas formas de significar e comunicar,criandoumcaráterdeprazernassingularidadesenaindividualidade estimuladospelafragmentaçãoeracionalidadedonossomundo. Já em plena Idade Média pudemos sentir essa individualidade, fragmentação e busca da racionalidade, porque, ao homem medieval coube a verdadeiramudançadeparadigma.Abandonamosasconcepçõestranscendentais baseadas em uma sociedade de economia natural estruturada sob o domínio da Igreja Católica Cristã e passamos para uma economia monetária urbana que propunha a emancipação da burguesia, no entanto, ainda estruturada pela ideologiacristã. Na Filosofia surgem sinais de reconhecimento da individualidade e segmentação.No“humanismoindividualista”vamosencontrarohomemembusca daafirmaçãodesuapersonalidade,embuscadoseueu,tendocomobaseatomada de consciência da própria espécie. Para isso ele proclama contra a autoridade estabelecida em busca de uma nova ordem. Hauser diz que o individualismo da Renascença é novo apenas no sentido em que o homem toma consciência desse fenômeno(1972,pp.361‐362).Aunidadetotalitáriaestabelecidapelafémedieval, gradualmente dá lugar à dualidade entre acrença e oconhecimento, entre a fé e ciência, entre a autoridade e a razão, entre um mundo orgânico e outro fragmentário;éumanovaordemquecomeçaadespontar. As obras de arte que antes eram produzidas para os reis e para o clero passamaserencomendadaspelaburguesia.Eles,comasmudançasnadinâmicada economia,vão,gradativamente,introduzindoseusvaloreseprincípiosnomundo europeuocidental.Ascamadassociaisque,atéentão,eramrigidamentedefinidas, aospoucosvãodandolugaraumespíritomaisdinâmicoeflexível.AindanaIdade Média temos uma visão religiosa unicamente determinada. Porém, mais adiante, encontramos os elementos de ordem, grandeza e o cientificismo definindo nosso pensamento com base no cristianismo. A diferença entre as produções artísticas dessesdoisperíodosqueantecedemaRevoluçãoIndustrialestá naformadever essarealidade.Oprimeirorepresentaomundopercebidode"modonatural",jáo segundo faz dele um "estudo de proporções" baseado na Geometria Perspectiva Linear estruturada matematicamente pelos princípios de Euclides de Alexandria queviveuporvoltadoséculoIV. NoentendimentodeEdgerton,comojávimos,aterceirapartedotripéque dá sustentação à revolução científica no mundo ocidental é exatamente a possibilidade de se estabelecer uma filosofia para a pintura possível de ser demonstrada através de deduções matemáticas estruturadas pela geometria euclidiana.Paraele,aartedoperíodopré‐industrialinfluenciouváriasculturasno mundo, não porque foram impostas, mas sim porque teve um trabalho mais convincente de representação ‐ uma percepção mais natural da realidade, uma representação magicame ente aceitaa por tod dos que co om ela tivveram con ntato. (EDG GERTON,1991,p.8). FiguraXX‐ CasalArnolfiini(1450), JanVanEycck. A metria geom peerspectiva foi rapidame ente difunddida por to oda a Europa Ocidental O principalm mente depois do d século XV porqu ue, a partirdoRenascimeentoacrediitava‐ ocontemplaarumaobrade sequeao arte de pintura, na qua al a "Geometrria presente, Divvina" os contemplavam seeres a estava hum manos essência da realidade, réplica ddo instante e em que Deu us tinha concebid do o mundo;o momento daCriação o. esea Defato,nestaépocca,naacadeemiaensinava‐seque amatemáttica,asarte ciênccias eram áreas á de co onhecimen nto comum m e que, a “perspectivva linear”, assim a como o a “teoriaa das prop porções” erram conhecimentos matemático m os. Isso no os faz entender porqu ue artistas como Leoon Alberti, Albrecht Dürer D e Leoonardo da Vinci estud davampro ofundamenteasprop orçõeshum manaseassproporçõeesespaciaiisem suasrepresentaaçõesartísticasaparttirdeconceeitosmatem máticos. Nestem momentoo homemes tácolocado ofixonoch hãoemprooporçãoco omos demaisobjetossasuavolta a.Osartisttasdofinaldoperíodo omedieval,l,assimcom moos renaascentistas,representavamomu undoemsu uastelasusandoregraasdepropo orção mateemática oriundas doss Pitagóricoos e de Po olicleto na Grécia Anttiga e regra as da geom metriaeuclidianadem masiadamen ntesimpless,ouseja,a ageometriaautilizadaeraa deum mpontodeefuga. Represeentar o homem e o seu espaçço, de mod do científicco, era um m dos objettivos da arte no período p prré‐industrial, que, para p tantoo, utilizava am a mateemáticaeaageometria aintensam mente.Dianttedessasm modificaçõeesdeperce epção dos artistas plásticos, p somos obriigados a olhar o para a as repreesentações com undaestab bilidadegra avitacional,,emharmo oniacomomundoao redor. profu Michelangelo( M (1510‐11), DeesenhoseHo omemVitruviiano. O espaçço plástico o sofreu eenormes choques c em m termos de regra as de representação; a volta ao respeitoo da relaçãão terra‐céu foi nítidda na prod dução artísstica; aband donou‐se a a represen tação de espaço e sem m referênciia gravitaciional, típiccodasrepreesentaçõessnascúpulaasdascateedraisonde easfiguras flutuavam mnum do sem determinantess materiaiss. (LAUREN NTIZ, 1991 1, p. 76). Exxistem diversas fund form masdereprresentaratrravésdapeerspectiva,eopsicólo ogoJamesJJ.Gibson(H HALL, 1977 7, p. 169) identificou u treze tip pos, que peercorrem parte p de nnossa histó ória e segu undo Edwaard T. Hall, o homem m medieval tinha conhecimento de seis desses trezeetipos. Ainda não tínhamo os elaborad do a distin nção entre o “campo vvisual,” qu ue é a imaggem perceb bida em toda a exten nsão do glo obo ocular incluindo, nela a ima agem perifférica,eo “mundovisual”,que representaavaohome emachataddopelosisstema perspectivomo onocular.O Osrenascen ntistasviveemumacontradição queerama anter oesp paçoestáticoorganiza andooseleementosdeemaneiraa aseremobsservadosd deum único ponto de d vista e ao mesmoo tempo, trratar a rea alidade coomo um esspaço tridimensional.Oolhoim móvelachattaascoisassalémdeccincometrrosdedistâ ância, assim m,estamossrealmente erepresenttandoomu undodema aneirabidim mensional. FiguraXX‐Sã F oTiagoacam minhodesua execução(145 55),AndreaM Mantegna. Afresco(destr A ruído)Igreja deEremitanii,de Padua. P Essacon ntradiçãossomenteseeráresolvid daporvolta adoséculooXVIIquan ndoo empirismo ren nascentista dá lugar aa um conceeito mais dinâmico dee espaço, muito m maisscomplexoedifícilde eserorganiizado.OespaçovisualdofinalddaIdadeMé édiae do R Renascimen nto era dem masiado siimples e estereotipad do para m motivar o arrtista que desejavam movimentarredarvid daaseutraabalho.Em contraste comosarttistas medievaiseren nascentista as, que examinavam m a “organização visual dos d objetos à distância com c o nstante,Rem mbrandtpresttouparticularratençãoacomoa “obsservador”con pesssoavê,quand doo“olho”permanececonstanteenãoosemovimentade umladoparaou utro,masrepo ousaemcerttasáreasespeecíficasdapiintura. ALL,1977,p.8 82) (HA Rembrandt transfe eriu essa p percepção para p sua obra introdduzindo a noção n de“cclaro‐escurro”equand doobserváávamosos trabalhos nasdistâncciasadequ uadas. As o obras destee artista ga anha caraccterísticas tridimensio t onais e um ma dinâmicca de representaçãomuitopartticular. FiguraXX‐ Hendrickjebbanhando‐senorio (1654),Van nRijnRembrrandt ÓleosobreTela‐61.8x x47cm,Galerria ondres. Nacional,Lo O conceeitode med didasurge quando ob bservamos que ao hoomem da Grécia G Antigga,assimccomoaodo oprincípio daIdadeM Média,eraiimpossível acompree ensão totalldosistemaaperspectiivolinearb baseadonadistânciaffixaentreooolhoeoobjeto com apenas um m ponto de d fuga. Taambém eraa impraticá ável a noçãão de distância temp poraltendo ocomofixo oopresenteeeprojetadoparatrá ásopassaddo. Erwin Panofsky P em e “Signifficado nas Artes Visuais” V affirma que essa conssciênciapláásticasurge ecomacoonsciênciah históricare epresentaddanabusca ados valorresculturaaisdaantigu uidadeclásssica.Paraele, osa artistaspodiaamempregarosmotivosd dosrelevoseeestátuasclássicas, massnenhumesp píritomediev valpodiaconcceberaarqueeologiaclássiica.Do messmo modo q que era impossível para a a Idade M Média elabora ar um siste ema modern o de perspecctivas, que se e baseia na cconscientizaçção de uma a distância fiixa entre o olho o e o obje eto e permitte assim ao artista a consstruir imagen ns compreen nsíveis e coerrentes de coiisas visíveis, assim também lhe eraa impossível desenvolverr a ideia mooderna de hiistória eadanaconsccientizaçãod deumadistân nciaintelectuualentreopre esente base eop passadoque permiteaoeestudiosoarm marconceitosscompreensííveise coerrentesdeperríodosidos.(1 1979,pp.82‐‐83). ParaPan nofskyéób bvioquea perspectiv valinearmo odificou‐seeaolongod desse perío odo, as figu uras de Giotto e de P Paolo Ucceello eram estaticamen e nte constru uídas com formas geométrica g as marcan ntemente determinad das, ao ppasso que,, em Leon nardo da Vinci V e Tinttoretto, verrificamos a a utilização o de uma pperspectiva a com doispontosdefugaeoutrradinâmicaadeconstrrução. Gio ottodiBondo one‐Afresco “AL Lamentação”naCapelade eScrovegni‐ (1 1304a1306) mos Dürerr, Miguel Angelo A e Ru ubens notaamos o aug ge na Por fim,, se tomarm utilizzaçãodasfformasem perspectivvaondeas sombrasd determinanndovolume enos levam mareconh heceroesp paçoeasfoormasreprresentadasmuitomaiisqueaprópria form maperspecttivautilizad da. Mic helangelo(1510‐11) Esb oçoseDesen nhos. Ohomemsaidocampoparaacidadee,dessemodo,começaapercebera rigidez das construções urbanas. O movimento de tridimensionalidade passa a estar diante de nossos olhos. Nas obras plásticas do final da Idade Média e do Renascimento vamos encontrar representadas as formas arquitetônicas, a partir do que os gregos haviam elaborado. As ordens, como o dórico, o jônico ou o coríntio,sãoreutilizadas,aocomporospalácios,asigrejas,ascasasdosburgueses e as telas dos artistas plásticos que nesse instante utilizam constantemente os elementosdearquiteturaparacomporoscenáriosdesuasobras. Apesar de não ser nosso objetivo tratar das obras de arquitetura, é importante citar a descrição da reconstrução da Capela‐Mor da Abadia de Saint‐ DenisdoAbadeSugereotratadosobreaHarmoniaUniversalpublicadoem1.525 porFrancescoGiorgiqueestabeleceregrasparaaconstruçãodaCatedraldeMilão. O primeiro demonstra o valor matemático que se atribuía a produção artística em geral. Essa obra traz consigo a verdadeira forçaespiritual e material das proporções e razões utilizada em toda arte visual do ocidente europeu, em especial a produzida sobre o patrocínio do Abade Suger. Ele salienta nesta descriçãoqueovalormaisalto,realizadononovoedifícioéa“Harmonia”‐istoé, "aperfeitarelaçãodaspartes,emtermosdeproporçõesourazõesmatemáticas‐ queéafontedetodaabeleza,poisexemplificaasleissegundoasquaisa“razão divina”construiuouniverso."(JANSON,1977,p.285). O segundo em seu tratado une a teoria neoplatônica com o cristianismo reforçandoacrença,jáexistentenaeficáciadarazãonumérica.ParaaCatedralde Milão, Giorgi sugere um sistema global de medidas que relaciona proporções do “Homem Vitruviano” com as “Harmonias Cósmicas” de Platão e Pitágoras. (PENNICK,1980,p.110). As ordens arquitetônicas ajudam a interpretar o homem e seu meio ambienteatravésdasmedidas.Adimensãototaldafigurahumanaéexpressaem frações ordinárias e o homem, agora dividido em partes, serve para definir o tamanhodasnavescentraisdascatedraisconstruídasnesseperíodo.Naverdadea fração ordinária é o único signo matemático que representa precisamente a relaçãoentreduasquantidadesmensuráveis. Comoverificamos,ousodateoriadasproporçõeseautilizaçãodecânones geométricassempreestevepresentenasartesvisuais.Verificamostambémquehá diferenças fundamentais entre o método dos egípcios, o método de Policleto consideradooformuladordaantropometriaclássicagrega,ométodoutilizadona IdadeMédiaeodeLeonardodaVinci.Porém,tentandoestabelecerumadefinição única para o que possa ser a “teoria das proporções,” somos levados ao texto "Significado nas Artes Visuais" de Erwin Panofsky e de lá extrairmos que essa teoriaé um sistema de estabelecer as relações matemáticas entre as diversas partes de uma criatura viva, particularmente dos seres humanos na medida em que esses seres sejam considerados temas de uma representaçãoartística.(Panofsky,1979,p.90). Aofragmentaremmódulosossereshumanoseoespaçoocupadoporeles, vemos introduzidos outros dois conceito que irão marcar significativamente os períodospré‐industrialeindustrialmecânica. O conceito de individualidade da produção e o conceito de medida do produto finalizado serão importantes para a compreensão do mundo burguês. Mensurar as obras de arte como igualmente se fazia com as mercadorias é característicamarcantedohomem‐produtor‐artísticodessemomentohistórico. Os artistas têm no suporte móvel sua mercadoria, com um valor de troca determinado pela individualidade de cada produtor. Agora, ele não é mais um artesão e sim, um intelectual da arte que emprega em sua produção profundos conhecimentosmatemáticosaplicadosaanatomiaeageometriaespacial.Issotraz individualidadeàscriaçõeshumanasonde,omeiodeproduçãoaindaéartesanale oprodutorelaboraseuprodutoporcompleto. Osesboços,ostraçadoseosdesenhosnãosãopreservadosnotempoassim comoéaobradeartefinal.Elesrepresentamapenasafragmentaçãodoprocesso de trabalho do artista plástico, isto é, o que importa é a pintura final; o quadro realizado. Apartirdeentãoastelasaóleotornam‐seavedetedaproduçãoartísticae junto com elas seus produtores. Um exemplo disso é a nomeação de Giotto para diretordasobrasdacatedraldeFlorença,umahonraeresponsabilidadeatéentão reservadaaarquitetoseescultoresenuncaapintores.Essegrandeartistaplástico afirma que a pintura era superior à escultura, e assim dizendo, colocava‐a no patamar mais elevado de todas as formas de expressão artística. (JANSON, 1977, p.325). FigurraXX‐Auto‐R RetratocomLLuvas. AlbreechtDürer(1498). Dürerpintouvário osautorrettratosqueeeraotemapoucocom mumnaépocae podeservistocomou quep umapromooçãodostaatusqueoa artistapasssaaadquirrirna socieedade da época. é Ele era um graande estud dioso de matemática m e das arte es. De fato,nãopodem mosdeixarrdeeleger emsegund doplanoaprensade Gutemberg geas ogravura e e xilogravu ura que abrrem as portas para aa reproduçção e técniicas de lito difussãodasideiasnomun ndorenasceentista. Pollaiuo oloeDürerdesenvolveeramgrand departede esuasobraasnesseme eiode exprressão.Oprimeiro,alémdegravvadorepin ntoreraesscultor,eleevavaparaseus trabaalhosasno oçõesdean natomiaqu ueajudaram mapensarrarepresenntaçãográfficae as proporções das figura as humanass do renasscimento. Já á Dürer, quue era pin ntor e mateemático, muito m contriibuiu para todos osssegmentos do conheccimento em mque atuou. As mesmas prenssas que crriam as gravuras g no período pré‐indusstrial, imprrimem os livros, incclusive os de matem mática. Com m isso tem mos uma maior m difussão do saber, s carracterística marcantte desse momento.. Porém, este conh hecimento está limita ado aos “litteratos” e aos a “humanistas” da época, já que q o latim meraalíngguamaisdiffundidanooocidente,eatéessem momento,ggrandeparrteda mateemáticacon nhecidaerrachinesa, hindueárrabe,necesssitandoseertraduzida apor intérrpretesqueeconhecesssemtantoaamatemátiicaquantooidiomalaatino. SériedeF Fibonacci‐Liv vrodeÁbacoo(LiberAbacii)umtratado omuitocomppletosobre métodoseeproblemasalgébricos.Paartedoprinccípioquearitm méticaegeom metriasão interligad dos. O proceesso de tra adução occorre lentaamente noss diversos segmento os do conh hecimento e em parrticular, naa ciência dos números. As prrimeiras fo ontes mateemáticas in nterpretada as eram dee aritméticca, de teoriia dos núm meros, de teoria t dasp proporçõessesobreasecçãoáurrea,esseúlttimodecarrátermísticco,éatribu uídoa AntigguidadeClássica.Aá álgebrageoométricae amatemátticacontábbilsãoas partes p dam matemática quemaiorratençãoreecebemdo omundobu urguêspelooseucarátterde quan ntificação, também a trigonomeetria e a geometria g recebem r e special ate enção nesseperíodop poisauxilia amnasolu çãodosproblemasde eastronom mia,demarccação deteerras,desen nhosdecarrtografiae desenhosd deperspectivadasobbrasdearte e. Omund domedievalerenasceentistaestááembusca doconheccimentogregoa fimd detoma‐locomoidea alderepressentação,assimbasea adoemPlattão,verifica amos trêsformasdeconcebero onúmeroe aaritméticca.Esãoelas: o“n número‐puro,,”tratadona “Aritmologia a”istoé,míssticadonúme erode tend dência metaffísica, se occupa daquilo que transccende ao conceito num méricoemsi; o “número‐científico,” tratado na “Aritmética” propriamente dita, considera o caráter científico abstrato do elemento numérico, segundo um método silogístico e rigoroso do tipo euclidiano e, por fim, o “número‐concreto”quenãoeraconsideradocomociênciamassim,como umatécnica,tratadonachamada“AritméticadosNavegantes”érelegado a um grau inferior e trata‐se do cálculo propriamente dito. (GHYKA, 1968,p.22) De fato, o “número puro,” “número‐divino, “ou” número‐ideia” é o modelo idealdo“número‐científico,”este“consideraremosgeralmentecomonúmero;pois a causa do mundo material são as formas ‐ que dependem de quantidade, qualidadeedisposições‐aúnicacoisapermanenteéaestruturadascoisas‐cópia domodelopercebidoemlogo‐esuaúnicarealidadeéoarquétipodiretordetodo o universocriado, (GHYKA, 1968,p. 22) Aqui encontramos o caráter orgânicoda Idade Média presente na matemática onde o “número‐divino” e o “número‐ científico”fazempartedeumúnicouniversodepercepção. Outroaspectoquedeveserdestacadonessemomentoéaintuitivanoçãode quantificação do mundo real, de fácil verificação nos textos de matemática nesse instantequeprecedeaRevoluçãoIndustrialnaCivilizaçãoOcidental.Notamosisso quando lemos o que Oresme, ao generalizar a teoria das proporções de Bradwardine, escreve: “Tudo que é mensurável ... é imaginável na forma de quantidade contínua.” (BOYER, 1974, p. 192) Ele, ao medir a distância que um corpo percorre quando se move com aceleração constante em um determinado tempo e ao traçar um gráfico de velocidade e tempo com esses dados, realiza a verificaçãogeométricadaregradedistânciapercorrida. Richard Suiseth, “O Calculator”, também nos mostra o processo de quantificaçãodomundoocidental,quandoformulaoproblemasobrelatitudedas formas,cujoenunciado,éassimdescrito: Se durante a primeira metade de tempo dado, uma variação continua comumacertaintensidade,duranteaquartaparteseguintedointervalo continua com o dobro da intensidade, durante a oitava parte seguinte com o triplo da intensidade e assim ad infinitum; então a intensidade média para o intervalo todo será a intensidade de variação durante o segundosubintervalo.(BOYER,1974,p.192). Hoje ela é traduzida pela série infinita, a qual foi demonstrada de modo geométrico, por Oresme, pois Calculator não conhecia os modos gráficos de demonstração. A ciência dos números começa a tomar impulso significativo com Regiomontanus considerado o matemático mais influente do século XV e que conhecia grego, portanto, entrou em contato com o conhecimento científico e filosóficodaantiguidade.Nestemomento,jáexistiamalgumasboastraduçõespara o latim do trabalho de Euclides, e sua "noção de grandeza geométrica tal como aparece,progressivamenteformalizada,emdiferenteslivrosdosElementos."Gilles GastonGrangerdefiniuessanoçãodegrandezanageometriadeixandoexplícitoa relaçãoentreelementonuméricoegeométrico,doseguintemodo.Paraele, aintuiçãoingênua‐pelomenosparaanossa,jáeducadaporséculosde prática social das operações de medida ‐ a grandeza geométrica não colocaproblemas,istoé,aideiadenúmeroéespontaneamenteaplicada àintuiçãodeumsegmentodelinha,eatédeumfragmentodesuperfície. (GRANGER,1974,p.37) Já a Euclides coube estabelecer a ligação do ser geométrico com o aritmético, o que foi plenamente realizado em “Os Elementos” e assim, a matemática está preparada para uma aritmética do incomensurável que se realizaráplenamentenesseperíodotrazendonoseuinteriorparâmetrosqueserão marcantesparaamodernidadeouseja,anoçãodialéticadosnúmerosirracionais. Esses números não podem ser expressos na forma de razão ou fração e causaram dificuldades maiores em sua compreensão “porque, não são aproximáveis por números positivos, mas a noção de sentido sobre uma reta tornou‐osplausíveis”.(BOYER,1974,p.210),assim, a questão não é inventar um método particular para superar tal dificuldade de medida, mas encontrar princípios gerais que permitam ajustar o sistema dos números e a noção ainda muito intuitiva de ser geométricolinear.(GRANGER,1974,p.37). Esse ajuste irá se realizar com os espaços topológicos matemáticos numa baseeuclidianaenanoçãosistêmicamatemáticaunivocamentedeterminadapelas teorias de Descartes com sua álgebra geométrica, de Fermat com sua álgebra analíticaedeDesarguescomsuageometriaprojetiva. A álgebra, a geometria e a trigonometria são os temas centrais do desenvolvimento matemático no período em questão pelo seu caráter de mensuraçãoeordenação.Todasasobrasmatemáticas,aquiexpostas,culminaram comsistemasbaseadosnageometriaeuclidiana,enessavisãointuitivadoespaço matemático, podemos observar também que as visões de Descartes, Fermat e Desargues, individualmente concebidas, para efeito sintético, determinam a produçãoeascaracterísticasdessemomentohistórico. Tomemos inicialmente a álgebra geométrica de René Descartes, que além dematemáticocontribuiudeformadefinitivaparaoconhecimentohumanonesse período. Sua obra, em especial a matemática, começa a tomar corpo no início do renascimento através da resolução algébrica de equações cúbicas associada a respectivademonstraçãogeométricaemtermosdesubdivisãodocubo.Estanoção de resolução de problemas matemáticos através das noções geométricas está presente em toda produção desse momento. Podemos encontrá‐la também nos Livros IV e VI de álgebra de Rafael Bombelli; eles tinham diversos problemas de geometriaresolvidosdemaneiraalgébrica. Descartesdiziaqueparafazermatemáticadevemos,porumlado,reterdo objeto apenas o que ele possui de mensurável e redutível ao número puro da álgebra,edeoutro,guardaraordem.(GRAGER,1974,p.37)Estesdoisconceitos podem sergeneralizados por todo o mundo matemático, e porquenão dizer,por todo o mundo Pré‐Industrial onde tudo é concebido em duas partes: a primeira, tratadamatériae,portanto,devesermedida;omaisimportanteaquiémensurar. A segunda trata da organização da matéria e, portanto, de sua ordenação. Assim, estamosdiantededoisfenômenosquemarcamoperíodoinicialdaeconomiado sistemaburguêsdetroca:amedidaeaordem. Opaidafilosofiamodernatransfereanoçãointuitivado“objetogeométrico imaginado” e “a confusa complexidade fenomenológica da figura” para um problemadeálgebra.Istoé,segundoDescarteseleseservedeummétodoonde tudo o que cai na consideração dos geômetras se reduz a um mesmo gênerodeproblemas,queéodeprocurarovalordasraízesdealguma equação,julgar‐se‐áquenãoédifícilfazerumaenumeraçãodetodasas viaspelasquaispode‐seencontrá‐las.(GRANGER,1974,p.65). Assim, o objeto matemático é em geral uma construção geométrica, e não necessariamenteareduçãodageometriaàálgebra.Ofundamentalnãoéresolver os problemas de álgebra através da geometria, mas "consiste justamente em definir a inteligibilidade da extensão pela medida e em considerar a Geometria comoaciênciaqueensinageralmenteaconhecerasmedidasdetodososcorpos." (GRANGER,1974,p.64). Já Girard Desargues retomando a Antiguidade, preserva as ideias de Regiomontanusnatrigonometriae,assim,elaboraumbelotrabalhodegeometria composto por vinte e dois livros sobre “Elementos de cônicas” traduzindo desse modo,paraolatim,osestudossobrecônicasdeEuclides.Esseéoimpulsoinicial para o “Brouillon projet d' une atteinte aux événements des rencontres d' un cone avecunplan”quepodesertraduzidopor“Esboçotoscodeumatentativadetratar o resultado dee um encon ntro entre um cone e um plan no” de Dessargues sob bre a geom metria pro ojetiva que, basicam mente, opera com as cônicaas de maneira essencialmentee simples, podendo p s er tratada de maneirra a derivaar‐se da arte da renaascençaedo oprincípio odecontinu uidadedeK Kepler. Aqui en ncontramoss a mais direta relação de similaridad s de dos esp paços topo ológicos matemáticos m s com os espaços topológicos plástico s, a noção de perspectivalin near.Elapo odeserenttendidacom marepresentaçãobiidimension naldo espaaçotridimeensionalutiilizando‐seedoprincíp piodaredu uçãoouprrojeçãode retas em p planos. Estte ponto re ecebeu ateenção especial dos matemáticos m s e dos arttistas renaascentistas. Primeiro o consideremos Leon n Battista Alberti, A arq quiteto, quue, num tra atado imprresso em 1511, 1 “desccreve um m método qu ue tinha inv ventado paara representar num m plano dee figura ve ertical umaa coleção de quadra ados num plano de terra horizzontal.” Po or outro la ado, enconttramos novamente a a obra de Desargues, que desccreve um processo p de e construirr perspectiva de quallquer figurra humana para artessãoseartisstas,uma"noçãodetrransformaççãoprojetiva"queeleedenomino oude “Métthode univeerselle de mettre m en pperspectivee les objetss donnés rééellement ou o en deviss”,em1636 6,quepodesertradu uzidoporm métodouniiversaldettransforma arem perspectivanão oempregan ndoponto algumqueestejafora adocampoodaobra. Figura aXX‐Auto‐ReetratocomLuvas. AlbrecchtDürer(14498). Além dee Alberti, outros o artiistas tambéém contrib buíram de maneira direta d paraa a matemática desse e momentoo: Leonard do da Vincci com seuu Tratado Della Pittu ura, Piero della d Franccesca que ttratou da questão q da representaação de ob bjetos tridimensionais observad do de um ponto deteerminado, ampliandoo o trabalh ho de Albeertie,finalm mente,enccontramos umgrandeeartistarenascentistaa,AlbertD Dürer, que tinha forrte interessse pela ggeometria e escreveu o livrro denomiinado "Inveestigação sobre s a me edida com círculos e e retas de figuras plaanas e sóliidas". Düreerfoioartistaquemaisfundollevouseucconhecimen ntodemattemática,d dando atençãoespeciaalàgeometriarepressentativanasartesvissuais,cheggandoapub blicar bémumliv vrosobrete eoriadasprroporçõeshumanas. tamb Dürer começou c se eus estudoos sobre as figuras de d Vitrúvioo seguindo o seu trabaalho atrav vés de um método ggeométrico o baseado essencialm mente no estilo e góticco, mas foi ele o priimeiro arttista do renascimento o alemão aa produzirr nus correetos e cien ntificamente proporccionados. Ele E também m foi autoor de inúm meras litoggravuras e e xilograv vuras que levaram aos artistas de sua época a os conh hecimentossdemovim mentosdas figurashu umanaseasproporçõõeshumanasde origeemclássicaas. Finalizando, observemos a obra de Pierre de Fermat, que como muitos de suaépoca,dedicava‐seàrecuperaçãodeobrasperdidasdaantiguidadecombase em informações encontradas nos tratados clássicos, e assim, os trabalhos traduzidos para o latim aumentavam dia após dia e uma parcela significativa do conhecimentohumanotemsuaorigemnostextosclássicos.Entreessestrabalhos encontramos a reconstrução dos Lugares Planos de Apolônio, que possuía como subproduto o “princípio fundamental da geometria analítica”, qual seja: “sempre que numa equação final encontram‐se duas quantidades incógnitas, temos um lugar,aextremidadedeumadelasdescrevendoumalinha,retaoucurva”(BOYER, 1974,p.253)eassimestamosnovamentediantedarelaçãoentreosnúmerosea geometria. Esse matemático do período pré‐industrial, junto com Descartes, foi o que maisseaproximoudevisualizaroutrasdimensões,alémdoplano.Fermatemseu métodoparaacharmáximosemínimosmanipulalugaresdadosporequaçõesque hojesãoconhecidascomoasparábolasdeFermatequeoperavamem“geometria analíticadecurvasplanasdegrausuperior”eintroduziuoconceitodeoperações emmaisquetrêsdimensões,porém,opaidageometriaanalíticasetinhaissoem mente não foi além desse ponto. E a teoria baseada em três dimensões teria que esperaratéoséculoXVIII,antesdeserdefinitivamentedesenvolvida.Defato,esses procedimentoslevaramomatemáticoFermataummétodoparaachartangentesa curvay=x,queporconsequêncianosdeuoteoremasobreasáreasdelimitadapor essascurvas,istoé,primeiropassoparaa“análiseinfinitesimal. Do mesmo modo que Descartes, Desargues e todos seus contemporâneos, inclusive Fermat, tinham uma concepção euclidiana dos espaços matemáticos e tratava‐osdemaneiraplanimétrica.Eassim,criouasuageometriaanalíticaeseu método de máximos e mínimos que, entre outras coisas, introduziu o cálculo diferencial e integral e a percepção dos “valores vizinhos” que é a essência da “análise infinitesimal”. Como todas as outras teorias, estamos em busca da consistência entre os seres geométricos e os seres numéricos, estamos tentando estenderasproposiçõessobreos númerosàgeometria,demodoa unificá‐los na idéiadeumcálculogeométrico,eassim,conceberamatemáticacomoumsistema único.(GRANGER,1974,p.87) A perspectiva com apenas um ponto de fuga “resume uma situação que a própria ‘perspectiva focalizada’ ajudará a formar e perpetuar: uma situação na qualaobradeartesetornaráumsegmentodouniverso,comoesteéobservado‐ oupelomenos,comopodiaserobservado‐porumindivíduoparticular,apartirde um ponto de vista particular, num momento particular. “Primeiro é o olho que vê;segundo,oobjetovisto;terceiroadistânciaentreumeoutro”,dizDürer, parafraseando Piero Della Francesca (PANOFSKY, 1979, p. 360). A teoria de arte desenvolvidanaRenascençapretendiaajudaroartistaachegaraumacordocoma realidade numa base observacional; os tratados medievais de arte, ao contrário limitavam‐se quase sempre, ao enunciado de códigos e regras que poupariam ao artistaotrabalhodeobservardiretamentearealidade. Essa característica de particularidade, a que se refere Dürer, pode ser levadaà matemática se tomarmos que, no final deste período,temos construídas trêsformasdesepensaraciênciadosnúmeros.Todaselasbaseadasnumavisão geométrica intuitiva observacional do ente matemático; uma visão euclidiana de espaço, cada qual com característica específica de seus criadores. Duas delas levavamemcontaosprocedimentosalgébricosestendidosàgeometriae,porisso, são chamadas de álgebra geométrica ou geometria analítica, desenvolvidas por DescarteseFermat. Aprimeiraexperiência,decarátermetafísico,olhavaparaomundoatravés da filosofia, e assim, a álgebra geométrica cartesiana tinha como finalidade encontrarum“métodopararaciocinarbemeprocuraraverdadenasciências”.Já asegunda,nãotãoabrangente,contribuiufundamentalmenteparaamatemática, umavezqueseuautor,apesardenadaterpublicadopossuíaumaexposiçãomuito mais didática e sistemática do que o primeiro. Por fim, a terceira teoria, com característicaspróprias,eessencialmentesimples,voltadasàscoisadocotidiano,é denominada de geometria projetiva arguesiana, é construída a partir de termos tomadosdanatureza,emespecialdabotânica.Desargues,seuautor,atribuíaasua geometrianomescomo:“nós”,“ramos”,“raiz”eoutrostomadosdodiaadia,para assuasdefiniçõeseosseusconceitos.Asecçãodecônicasédenominadade“golpe de rolo”, porque faz referência a um rolo de amassar, e é desse modo que a geometriaarguesianavêatransformaçãodacircunferênciaemelipse;umamassa circularque,setrabalhadacomumrolo,podeviraumaelipse. A produção artesanal imprime “as marcas individuais” do produtor, no objetocriado,fundamentalmentenociclopré‐industrial.Percebemostambémque todasasteoriasolhavamparaoobjetomatemáticopeloseuaspectogeométricoe euclidiano, que se fundamenta numa teoria com bases observacionais, na qual o espaçotopológicoutilizadosustenta‐senumamétricaplanadadaapartirdenossa percepçãopuraesimples,semquaisquerinstrumentosauxiliares. Demodoque,nesseperíodoumadassimilaridadesquepodemosdestacar, dessesdoissegmentosdoconhecimentohumano,éavisãosistêmicadosespaços topológicos matemáticos e artísticos, dados pela percepção intuitiva do homem, sem mecanismos de observação, que não os seus próprios olhos e a sua individualidade.Oshomenseseusobjetosaoredorsãorepresentadosnumavisão planimétrica tirada da perspectiva monocular de observação, baseada na geometria euclidiana e que trazia à percepção de cada produtor um modo particulardeenxergaromundo. OsartistasquemaislongelevaramessasideiasforamMiguelangeloeDürer. Um,aoelaborarojuízofinal,dásuaopiniãoarespeitodessetemasagrado,dentro doseiodaprópriaigrejacatólica,contrariandoomododepensardessa.Ooutro, através de seu autorretrato, desenhando‐se com feições semelhantes ao Cristo, “encarava sua missão de reformador artístico”, (JANSON, 1977, p. 464) como já destacamosanteriormente,mostrandoassim,queomundodependiadeleedesua “genialidade”. Retomando Dürer, ele fala sobre o terceiro elemento, isto é, a distância entreoolhodoobservadoreoobjetoobservado,eaí,encontramosoutroelemento que irá marcar significativamente as produções artísticas e matemáticas desse periodo. A questão da mensuração e ordenação tão fortemente buscadas nesse mundo,pretensamenteracional.Aarteémedidaeordem.Nosmomentosemque estabelece as relações de proporcionalidade usadas para construção das figuras humanas, estabelece uma ordem a partir de um sistema perspectivo figurativo e estabelece também a ordenação das formas representadas e construídas sob os olhosdasordensarquitetônicas:dórica,jônicaecoríntia.Osensocomumpassaa serasimetria,oequilíbrio,aordenaçãoeamensuração. Amatemática,natentativadeestabelecerumaprojetividadeespacial,opera sobre um conceito semelhante aos artistas. Isto é, apesar de tratar as formas geométricasdemaneiraespacial,nãovaialémdeumaconvençãoplanimétricado espaço representado, concebendo assim, um sistema de ordem e medida calcado nadeformaçãodosobjetos,emumaprojeçãosoboplano.Tomaremosemseguida, duasconsideraçõesdeGilesG.Grangerquenosmostraaformadepensardedois matemáticos,arespeitodageometriautilizada: Do método de projeção de Desargues temos a acrescentar que sua construção perspectiva é uma “transformação”, que permite passar do espaço ao plano", assim, é apenas "uma deformação particular dos comprimentos". De Descartes podemos ver que “os problemas de geometria facilmente podem ser reduzidos a termos tais que, depois disso, só há necessidade de conhecer o comprimentodealgumaslinhasretasparaconstruí‐los.”(GRANGER,1974,p.78)é evidenteque,quandoessesmatemáticosfalamdecomprimentoestãopercebendo o espaço‐suporte de seus sistemas inserido num contexto onde só interessa a distância desdobrada em duas direções, comprimento e largura; nos remetendo definitivamenteaoplano. Seenveredarmospelasobrasdessesdoisautores,comotambémdosoutros matemáticos contemporâneos a eles, verificamos cada vez mais que a percepção espacialmatemáticadesseshomenserafundamentalmentebidimensional,apesar de Descartes e Fermat visualizarem outras dimensões. Eles definem conceitos, operando‐oscombaseemumcódigogeométricoextraídodaantiguidadeclássica; o método de Euclides. A geometria e suas projeções, tanto na arte quanto na matemática, era de concepção euclidiana, única geometria conhecida nesse momento. Aperspectivalineartraduzumavisãomonoculardomundo,criaailusãoe deformaçãodoelementoprofundidadeaoserrepresentadanatelabidimensional. O plano está organizado segundo um código de representação que achata a espacializaçãodosobjetosassimcomoumrolodeamassar.Aperspectivaajudaa mensuraçãodosobjetosnaturaisnomundo;arealidadepercebidaétraduzidaem umsuporteúnico:oplano;oquadrobidimensionalquepodesertiradodaparede, transforma‐seemmercadorianumsistemaeconômicopré‐capitalista. Os artistas do início do período pré‐industrial não conseguem levar para suasrepresentaçõesgráficasadiferençaentreo“campovisual”eo“mundovisual“, nas palavras de Edward T. Hall. Para ele “o homem ocidental não fizera ainda distinções entre o ‘campo visual’ ‐ a verdadeira imagem retiniana ‐ e o “mundo visual”, que representa o percebido, pois," ele é “...representado não como registradonaretina,mascomopercebido‐emtamanhonatural.”(1977,p.81). Como vimos, somente Rembrandt modificará esse modo de representar, utilizando‐se do artifício das sombras e pintando "um campo visual estático, em vezdomundovisualconvencionalretratadopelosseuscontemporâneos"imprime emsuastelasatridimensionalidadese"observadasdedistânciaadequadas‐que tem de ser determinadas experimentalmente" (HALL, 1977, p. 81) e aí estamos percebendoconceitosqueirãocaracterizaramodernidade. 2.2 ConceitosdeProgramação 2.2.1 SistemaCartesianoSistemaLógico 2.2.2 VariáveiseFunções(conceitodefunção),Aritméticas eLógicas 2.2.3 Trigonometria–Seno,CossenoeTangente 2.2.4 AcessoRandômico 2.2.5 If,ElseeFor. 2.3 Atividades–Série02–MatemáticaDiscreta: 2.3.1 Atividade01‐DesenharumaMandala; Proposta: Solução: