LUIZ GUSTAVO SILVA MONNAZZI TÍTULO PAPEL DAS YOPS DE YERSINIA PSEUDOTUBERCULOSIS NA MODULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE CELULAR DURANTE INFECÇÃO EXPERIMENTAL DATA DA DEFESA: 22/11/2007 RESUMO As três espécies patogênicas do gênero Yersinia, Y. pestis, Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis, compartilham um tropismo pelos tecidos linfóides e um plasmídeo de 70-kb que é essencial para a virulência. O plasmídeo codifica um sistema de secreção do tipo III e proteínas efetoras chamadas Yops (Yersinia outer proteins). Este sistema de secreção é responsável por translocar as Yops para dentro das células do hospedeiro, onde elas interagem com alvos específicos e alteram as funções destas células. As Yops são capazes de modular a resposta imune do hospedeiro, permitindo à bactéria se replicar extracelularmente nos tecidos e órgãos linfóides. Embora haja muita informação sobre os mecanismos usados pela Yersinia para evadir do sistema imune inato de defesa, pouco se sabe sobre como ela afeta a resposta imune adaptativa in vivo. O objetivo deste trabalho foi analisar a influência das Yops E, H e M, translocadas pela Y. pseudotuberculosis, na colonização e persistência da bactéria no baço e fígado dos animais infectados, nas quantidades de LT-CD4 e LT-CD8 durante a infecção e na produção das principais citocinas Th1 e Th2 por estas subpopulações de linfócitos. Além disso, foi verificado o papel destas Yops sobre a ativação do fator nuclear κB (NF-κB) e sobre a atividade citotóxica dos LT-CD8. Para isso, camundongos BALB/c fêmeas foram infectados intravenosamente com a amostra selvagem de Y. pseudotuberculosis (WT), ou com amostras mutantes incapazes de secretar as Yops E, H e M (YopE-, YopH- e YopM-), ou ainda com a amostra curada do plasmídeo de virulência (YpIII). No 5°, 7°, 14° e 21° dia pós-infecção (pi), os animais foram sacrificados e as células esplênicas foram obtidas de camundongos infectados e de camundongos não infectados (grupo controle). Os níveis de colonização no baço e no fígado foram determinados por contagem do número de unidades formadoras de colônias. Tanto a análise fenotípica quanto a detecção intracelular das citocinas foi feita por citometria de fluxo. A ativação do NF- κB foi medida por ELISA e a citotoxicidade dos LT-CD8 foi determinada espectrofotometricamente por análise enzimática da liberação da lactato desidrogenase. Embora todas as amostras tenham sido eficientes na colonização do baço e do fígado, a amostra YopH- foi mais rapidamente eliminada dos mesmos. A população de LT esplênicos diminuiu durante a infecção com todas as amostras estudadas, exceto durante a infecção com a amostra YopH-, quando pudemos observar um aumento no número de ambas subpopulações de LT, CD3+CD4+ e CD3+CD8+. Constatamos também que YopE atua sinergicamente com a YopH na diminuição das quantidades de LT durante a infecção, uma vez que os menores valores foram observados quando ambas estavam presentes. As Yops E, H e M suprimiram a produção das citocinas pelos LT-CD4 e mantiveram a produção pelos LT-CD8 em níveis basais. Nós não pudemos atribuir a exatamente uma Yop o papel supressor sobre a produção de citocinas pelos LT-CD4, mas, ao contrário, pudemos perceber as funções redundantes que elas apresentam e como isto mantém a bactéria virulenta e apta a sobreviver dentro do hospedeiro. Por outro lado, a produção de citocinas pelos LT-CD8 foi mais evidentemente influenciada pela presença da YopH. Todas as amostras de Y. pseudotuberculosis inibiram a ativação do NF-κB e, mais uma vez, as Yops E e H parecem ter papéis importantes nesta inibição. A infecção com a amostra YopH- apresentou os maiores valores de citotoxicidade no 5° dia pi (cerca de 4 vezes maior do que a amostra WT), o que conferiu à YopH um provável papel inibidor da atividade citotóxica dos LT-CD8. Os resultados apresentados pela amostra YpIII deixaram clara a influência de fatores de virulência não plasmideais em muitos resultados obtidos. De uma forma geral, os resultados apontaram a YopH de Y. pseudotuberculosis como o fator de virulência mais importante entre as Yops E, H e M, e que exerce os papéis mais relevantes na modulação da resposta imune celular após infecção intravenosa de camundongos BALB/c.