Uma Breve Análise Econômica das Características do

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Uma Breve Análise Econômica das
Características do Desemprego no Brasil
Helena Barbone Teixeira Mendes
Tais Barbone Teixeira Mendes
Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel
[email protected]
Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel
[email protected]
Luiz Carlos Carrasco
Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel
[email protected]

Resumo— A principal motivação deste documento é o estudo
da historia do trabalho e suas influencias nos tipos de
desemprego no Brasil, a fim de analisar a evolução dos níveis de
desemprego e investigar uma possivel semelhança nos
movimentos, tanto de curto como de longo prazo, das taxas de
desemprego no Brasil.
Abstract— The main motivation of this document is to study
the history of work and its influences on the types of
unemployment in Brazil in order to examine changes in levels of
unemployment and investigate a possible similarity in the
movements, both short-and long-term rates unemployment in
Brazil.
Palavras chave—Desemprego, Emprego, Trabalho, Economia.
I. INTRODUÇÃO
Dsemprego é o estado dos indivíduos que se encontram
numa situação involuntária de não-trabalho, por falta de
oportunidade de trabalho, ou que exercem trabalhos
irregulares com desejo de mudança. Mas para entender o
conceito do desemprego é preciso entender primeiramente o
conceito de emprego e trabalho.
II. HISTÓRIA DO TRABALHO
A história do trabalho é tão antiga quanto à do homem e em
muitos momentos elas até se confundem. Teve sua origem na
busca humana de formas de satisfazer suas necessidades
biológicas de sobrevivência. À medida que essas necessidades
foram sendo satisfeitas, outras foram surgindo, fazendo com
que nascessem novas relações que determinaram a condição
histórica do trabalho.
O trabalho é, então, a atividade desenvolvida pelo homem
sob determinadas condições para sobreviver, evoluir e
produzir riqueza. Ao longo da história, o trabalho assumiu
múltiplas formas. Antes de tudo, é preciso entender que cada
nova geração recebe os aprendizados, práticas e instrumentos
Manuscrito recebido em 15 de maio de 2013; revisado em 18 de novembro
de 2005.
H. B. T. Mendes ([email protected]) e T. B. T. Mendes
([email protected]) pertencem
ao
Instituto
Nacional
de
Telecomunicações - Inatel. Av. João de Camargo, 510 - Santa Rita do Sapucaí
- MG - Brasil - 37540-000.
de produção que foram criados por gerações anteriores e que
ele usa, modifica e melhora. É uma acumulação gradativa de
experiências produtivas, de hábitos de trabalho e de
conhecimento dentro da própria comunidade.
A. A História do Trabalho no Mundo
O trabalho, ao mesmo tempo em que cria as sociedades,
também é criado e modificado por elas. Assim, ao longo da
história, o trabalho foi apropriado por diferentes formas de
organização societária.
Dentre elas podemos comentar as 4 principais: O
Primitivismo, modo de produção desenvolvido na pré-história,
período que se estende desde o homem nomade que ainda não
produzia seu próprio alimento à revolução urbana, formação
das primeiras cidades e das propriedades privadas. O
Escravismo, que surgiu da necessidade de se preencher a
escassez de mão de obra no cultivo de terras e se tornou a base
da economia da época. O Feudalismo, outra forma de
exploração do trabalho humano, onde os servos trabalhavam
na terra do senhor feudal e em retribuição recebiam um
pequeno terreno. E, por fim, O Capitalismo, método de
arrecadação de bens através do trabalho, fortificado na
Revolução Industrial e responsável pela mudança da forma de
trabalho, que criou as Classes Capitalistas e Proletárias.
B. A História do Trabalho no Brasil
O trabalho no Brasil sofreu significativas mudanças, ao
lado das transformações políticas, econômicas e sociais que o
país sofreu ao longo de sua história. Foram três as fases que
foram marcadas por características específicas das relações de
trabalho: a escravidão indigena e africana no período colonial,
a transição do trabalho escravo para o trabalho livre e
assalariado, que marcou o fim do regime escravista e o inicio
da imigração estrangeira (colonato) e, finalmente, a
nacionalização da força de trabalho na industrialização.
Já a industrialização no Brasil pode ser subdividida em
quatro períodos principais: a Proibição, época de restrições
das atividades industriais no Brasil; a Implantação, que
concedeu alvará para abertura dos portos ao comercio exterior
e ocasionou um surto industrial no número de
estabelecimentos; a Revolução Industrial, que incentivou o
desenvolvimento da indústria local, originou o trabalho formal
e as primeiras classes trabalhadoras e a Internacionalização,
onde o desenvolvimento industrial foi calcado em grande
parte por capital estrangeiro através das multinacionais.
C. Trabalho no Brasil nos Dias de Hoje
No Brasil, basicamente, existem dois regimes de trabalho
onde se enquadram boa parte dos trabalhadores. A CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho) é a que rege a maioria
deles. Outros são regidos pelo Estatuto do Servidor Público,
que pode ser estadual, federal ou municipal, mas que tem
critérios semelhantes entre si.
O trabalho formal no Brasil hoje é regulamentado pela
legislação trabalhista, que apresenta algumas diferenças
conforme a categoria profissional. De um modo geral, o
trabalho, no Brasil, é regulamentado por leis. Muitas
profissões são reconhecidas, possuem seus conselhos, e boa
parte delas possui sindicatos. Atualmente, o Brasil avança na
área do trabalho, ampliando a capacidade produtiva dos
profissionais.
III. O DESEMPREGO
Em se tratando de análises econômicas que tentam
compreender a capacidade produtiva de determinada
sociedade, o fator desemprego é um dos mais relevantes. Por
este motivo, o desemprego tem sido um dos maiores
problemas da sociedade contemporânea e, por esta razão, um
dos temas mais debatidos e analisados. Grosso modo, altos
índices de desemprego podem sinalizar um desaquecimento da
economia, assim como indicar o agravamento de questões
sociais ligadas à queda do padrão e da qualidade de vida dos
indivíduos, isto é, do bem estar social das pessoas.
No Brasil, o desemprego é provocado por baixa
qualificação, educação precária, trabalhos informais,
precariedade na proteção social, migração de áreas rurais que
são pouco desenvolvidas, desemprego causado pela
incorporação de novas tecnologias, etc. Para sintetizar o texto
anterior, a figura 1 ilustra da influência das políticas adotadas
em períodos e governos diferentes sobre as taxas de
desemprego:
poder de decisão sobre a condução das próprias vidas (já que a
situação de desemprego gera uma dependência de outras
pessoas), o distanciamento social, a efetivação de atos ilícitos,
o planejamento da vida futura, o desespero, a perda da
esperança, o desamparo, a tristeza, a revolta e a desorientação
são sentimentos verbalizados e expressos de forma
contundente pelos desempregados.
IV. TIPOS DE DESEMPREGO
É possível caracterizar os diferentes tipos de desemprego,
contudo, suas causas podem variar. Na tabela abaixo, segue a
relação dos tipos de trabalho:
TABELA I
TIPOS DE DESEMPREGO.
TIPOS DE
DESEMPREGO
DESCRIÇÃO
Desemprego
Estrutural
Desequilíbrio permanente entre a
oferta e a procura de trabalhadores,
ou seja, deve-se a desajustes entre a
qualificação e/ou localização da
força de trabalho e à qualificação
e/ou localização requerida pelo
empregador.
Desemprego
Tecnológico
Causado pelas novas tecnologias como a robótica e a informática - o
desemprego tecnológico não é
resultado de uma crise econômica, e
sim
das
novas
formas
de
organização do trabalho e da
produção.
Desemprego
Sazonal Ou
Temporário
É causado por variações na
demanda de trabalho em diferentes
momentos no ano, relacionado com
variações
climáticas,
padrões
turísticos e outros fatores sazonais.
Fig. 1. Taxa de desemprego de 1985-2010, relacionado com a política
referente aos períodos ilustrados.
Desemprego
Cíclico Ou
Conjutural
Desemprego
Friccional
Além do mais, a condição de desemprego interfere na vida
do desempregado como um todo, ou seja, também imsciui na
vivência, dia a dia. A queda no padrão de consumo, a perda no
Acontece quando os trabalhadores
e, em geral, os fatores produtivos,
ficam ociosos devido ao fato de o
gasto da economia, durante certos
períodos de tempo, ser insuficiente
para dar emprego a todos os
recursos. Assim, o desemprego
cíclico ocorre nas épocas de
expansão e nas épocas de recessão
da economia.
É temporário, experimentado por
pessoas que estão entre empregos
ou que estão entrando pela primeira
vez no mercado de trabalho ou
voltando a ele após uma ausência.
Por definição, ele é de curto prazo,
consequentemente causa poucas
dificuldades às pessoas que o
enfrentam.
OBSERVAÇÕES
Esse
tipo
de
desemprego é mais
comum em países
desenvolvidos
devido à grande
mecanização
das
indústrias, reduzindo
os
postos
de
trabalho.
Na agricultura, o
desemprego
pode
apresentar
fortes
variações
sazonais
em
função
das
épocas do plantio e
da
colheita.
O
mesmo
acontece
com o Turismo e
comércio no final de
ano.
Um
exemplo
é
quando os bancos
retraem os créditos,
desestimulando
os
investimentos, e o
poder de compra dos
assalariados cai em
consequência
da
elevação de preços.
Um
exemplo,
é
quando se atravessa
um
período
de
transição, de um
trabalho para outro,
dentro da mesma
área, como acontece
na construção civil.
V. A FALTA DE EMPREGO NO BRASIL
O desemprego brasileiro, longe de ser uma questão
individual de adaptação às novas exigências do mercado de
trabalho, é fruto tanto de mudanças estruturais na economia
como de uma política de estabilização monetária que
remunera generosamente o capital especulativo internacional.
O desemprego no país existe, é grave e crescente. Grave,
porque dobrou desde o início da década de 90 e está disperso
pelas principais regiões metropolitanas do país. Crescente,
pois que dependente tanto de uma política de estabilização
monetária - o Plano Real - que remunera generosamente o
capital especulativo internacional, diminuindo o incentivo
para os investimentos produtivos e a geração de empregos,
como de mudanças estruturais na economia, potencializadas
pela sobrevalorização da moeda.
Por isso, a partir daqui iremos analisar as características do
desempego do Brasil a partir da década de 90 permitindo um
estudo mais detalhado e suas principais causas.
VI. DESEMPREGO, INFLAÇÃO E O PLANO REAL
Durante a segunda metade do século 20, o Brasil foi o país
com a maior inflação1 em todo o mundo. Essa difícil trajetória
de profunda recessão, desemprego e insatisfação popular só
foi interrompida em 1994, com a implantação do Plano Real
que estabilizou a inflação e tornou estável a economia
brasileira. A partir de então, muito tem se estudado sobre o
comportamento da inflação com o desemprego.
Por isso, a nível estatístico e juntamente com a Teoria
Macroeconômica2, vamos ilustrar o comportamento da
inflação x desemprego no curto e longo prazo3. A relação é
estudada na Macroeconomia com a denominação de Curva de
Phillips 24 onde é ilustrada a relação inversa entre a inflação e
o desemprego.
A. Curto Prazo
Considere U0 a taxa natural de desemprego. Para ilustrar a
teoria, graficamente abaixo a figura 2:
Assim, para melhor compreender a Curva de Phillips, é
necessário perceber que quanto mais tente a inflação a subir,
menor será o desemprego, e vice-versa.
Para uma abordagem empírica, dados coletados no período
de 1995 a 2000 (como por exemplo) estão representadas na
figura 3:
Fig. 3. Quadro de dados 1995-2000.
Colocando as amostras recolhidas na figura 2 num modelo
econométrico, a fim de testar a Teoria Econômica (Curva de
Phillips), o modelo proposto é o Método dos Mínimos
Quadrados (MMQ), ou seja, através de uma Análise de
Regressão Linear Simples, onde o modelo matemático
sugerido é o seguinte:
y = b0 – b1. x
(1)
Sendo ‘y’ a taxa de inflação, e ‘x’, a taxa de desemprego, a
função de primeiro grau permite o diagnóstico de um gráfico
semelhante a figura 2. Assim, a equação básica do modelo
econométrico encontrado foi:
y^ = 33,3058 – 3,9001. x
(2,6495) (-1,998)
(2)
O coeficiente de determinação (R²) é igual a 0,4994 o que
indica (nesse caso) que 49,94% do mercado de trabalho é
influenciado pela inflação no período considerado.
A análise do gráfico original (figura 4) mostra uma
tendência a Curva de Phillips, porém um formato anormal no
final, visto que em 1999 a taxa de inflação foi de 8,43% e
esperava-se uma redução da taxa de desemprego e o que
aconteceu foi à repetição da taxa de 1998, ou seja, 7,6%. Já
em 2000, a inflação apresentou 5,27% que com sua queda em
relação ao ano anterior, esperava-se aumentar a taxa de
desemprego, e a mesma reduziu de 7,6% para 7,1%.
Fig. 2. Curva de Phillips de Curto Prazo.
[1] Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou poder de
compra do dinheiro. Porém, é popularmente usada para se referir ao aumento
geral dos preços.
[2] A Teoria Macroeconômica estuda as causas e as conseqüências do
desemprego.
[3] Longo prazo é o período de tempo conceptual para o qual não
temos fatores de produção fixos. Em contraste com o longo prazo, no curto
prazo temos alguns fatores variáveis e outros fixos, relativamente ao nível de
produção escolhido.
[4] A Curva de Phillips - um dos principais instrumentos na tomada de
decisão de políticas macroeconômicas econômicas - mostra a relação inversa
entre a variação da inflação e o nível de desemprego, acentuando a real
relação entre crescimento econômico e variação do nível de preços.
Fig. 4. Tendência a Curva de Phillips.
Por essa anomalidade, concluímos que, embora o modelo
aproxima-se da Teoria de Phillips, R² de 0,4994 deixa uma
lacuna muito grande, uma vez que os juros (que não são
abordados aqui) também tem grande influência na relação
desemprego x inflação.
B. Longo Prazo
O estudo da Curva de Phillips, embora em análise de curto
prazo, estabelece uma relação decrescente entre inflação (π) e
a taxa de desemprego (U), não fica estável, pois se movimenta
à medida que as expectativas de inflação são anunciadas.
Em longo prazo, torna-se vertical, como na figura 5. A
relação inflação e desemprego têm como inclinação da curva
de forma positiva.
tempo; a curva poderia deslocar-se, no decorrer do tempo,
tanto para a direita com para a esquerda.
Para melhor ilustrar a citação acima, a figura 8 é um
exemplo de que países diferentes – A e B – podem conter
relações de desemprego x inflação diferentes (o mesmo é
correto afirmar para períodos de tempo de um mesmo país):
Fig. 5. Curva de Phillips de Longo Prazo.
Fig. 8. Curvas A e B de Phillips.
A figura 6 fornece dados para uma análise a longo prazo:
Como a inflação refere-se diretamente ao aumento geral do
preço, existe uma relação existente entre o nível de preços, o
nível de preços antecipado e a taxa de desemprego:
P = f(Pe, u)
(3)
Onde: P = nível de preços
Pe = nível de preços antecipados
u = taxa de desemprego
Pode-se deduzir uma nova função relacionando a taxa de
inflação, a taxa de inflação antecipada e a taxa de desemprego,
na forma:
p = f(pe, u)
(4)
Onde: p = taxa de inflação
pe = taxa de inflação antecipada
u = taxa de desemprego
Fig. 6. Economia Brasileira 1983-2000.
A figura 7 ilustra o gráfico da tabela acima.
Fig. 7. Inflação e Desemprego 1983-2000.
Em resumo, Phillips comprovou através de coletas de dados
mais especificas que há uma mesma relação que se ajusta a
dados de períodos de determinados anos que se ajustam
também a períodos de anos diferentes. Evidentemente (como
foi mostrado aqui), o mesmo não seria de se esperar que
acontecesse em todas as economias ou todos os períodos de
Assim, a taxa de inflação tenderá a variar positivamente
com a inflação antecipada e negativamente com a taxa de
desemprego. É válido lembrar que existem coeficientes que dá
maior ou menor peso a esses fatores determinantes da taxa de
inflação.
As previsões são de que a economia brasileira vai voltar a
crescer em 2013, sustentada por uma série de fatores que vão
de retomada dos investimentos públicos e privados em
infraestrutura, pacotes de incentivo ao consumo, manutenção
da taxa de juros nos níveis atuais (7,5%) e controle mais forte
da inflação.
VII. REALIDADES VERDES E AMARELAS
Segundo os números divulgados pelo IPEA (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) houve um crescimento de
43,5% no emprego formal nos últimos oito anos, referente aos
trabalhadores com carteira assinada. O emprego informal, que
também subiu 9,2% no mesmo período, ainda lidera o ranking
de empregos, apesar do crescimento inferior.
A pesquisa do IPEA aponta mais de 41 milhões de
brasileiros trabalhando formalmente, graças ao crescimento de
trabalhadores com carteira assinada, funcionários públicos e
trabalhadores domésticos formalizados. Já o trabalho
informal, que atingiu a marca de 47,7 milhões de
trabalhadores nos últimos oito anos, teve este número
impulsionado principalmente por trabalhadores domésticos
sem carteira, prestadores de serviço e empregados sem carteira
assinada.
Porém, o elevado crescimento nas taxas de emprego formal
e informal tem reflexos diretos nas taxas de desemprego
brasileiro. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), a taxa de desemprego alcançou 6,5%
no mês de março de 2012, o menor número registrado desde
2002.
Apesar do crescimento dos números registrados nos últimos
anos, o último mês do primeiro trimestre brasileiro parece
registrar um leve desaquecimento na geração de empregos
segundo registrou o Ministério do Trabalho. De acordo com
dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados), o número de empregos gerados em março
caiu de 280,7 mil para 92,6 mil postos.
A queda de empregos no último mês registra motivo de
preocupação? Não para o Ministério do Trabalho. De acordo
com comunicado emitido pelo governo brasileiro através de
seu Ministério, a justificativa para a redução de empregos no
último mês baseia-se na antecipação das contratações em
fevereiro, além da redução de número de dias úteis no mês de
março.
Somados os últimos três meses, o Brasil gerou cerca de 500
mil empregos, representando um cenário de bastante otimismo
na área.
Para uma maior visualização, foi possível classificar e
demonstrar o desemprego brasileiro dependente das regiões
do país, das faixas etárias e classes sociais. Abaixo serão
abordados alguns dos dados mais significativos para o estudo
em questão.
A. Pobres e jovens em desvantagem
A taxa de desemprego entre a população pobre é em torno
de cinco vezes maior que a verificada entre os nãos pobres.
Como um exemplo, a taxa de desemprego em julho de 2009
entre os pobres foi de 23,1%, ou seja, 5,2 vezes maior que a
taxa de desemprego para quem não se encontrava em situação
de pobreza. Em contraste, para os trabalhadores não pobres, a
taxa de desemprego era de 4,4%. Entre julho de 2002 e julho
de 2009, a taxa de desemprego para trabalhadores pobres
subiu 10% (de 21% para 23,1%). Já a taxa para os nãos pobres
caíram 34,3% (de 6,7% para 4,4%). Com isso, a desigualdade
que separa o desemprego entre trabalhadores pobres e não
pobres aumentou 70%, pois era 3,1 vezes em julho de 2002 e
passou para 5,2 vezes em julho de 2009.
Já em relação aos jovens, a população de 18 a 24 anos, por
exemplo, está até mesmo encolhendo – depois de atingir 23,9
milhões de pessoas em 2005, recuou para 22,7 milhões em
2009 e deve cair para 21,9 milhões para o ano de 2012. O
ponto é que, com a melhora do rendimento familiar, muita
gente adia a entrada no mercado de trabalho. A população de
jovens está menor, e eles ainda ficam mais tempo estudando,
além de que é justamente a faixa etária em que grande parte da
população está no começo da carreira profissional.
B. Mapa do desemprego por municípios
A figura 9 ilustra um filtro de desemprego referente ao ano
de 2012, evidencinado os municípios em pleno emprego, com
desemprego abaixo da média e desemprego acima da média.
Fig. 9. Municípios brasileiros e suas taxas de desemprego.
C. Pirâmide etária relativa
A pirâmide de idade da população reflete uma dinâmica
demográfica onde são verificadas importantes transformações
na composição etária da nação, para efeitos de planejamento
socioeconômico do país. Uma análise gráfica pode demonstrar
a relação de desemprego por faixa etária entre homens e
mulheres no país. A figura 10 ilustra essa análise:
Fig. 10. Relação do desemprego pela faixa etária e sexo.
D. Oferta menor
Nesse cenário, como mostra a figura 11, a oferta de mão de
obra tem crescido a um ritmo consideravelmente inferior ao da
demanda. Como resultado, uma
desemprego, com salários em alta.
baixíssima
taxa
de
Fig. 11. Evolução da população de 18 a 24 anos, da população
economicamente ativa e da ocupação.
Com isso, fica claro que o Brasil passa por um processo de
rápido envelhecimento populacional, em que há uma
tendência de forte declínio da taxa de fecundidade. Outros
fatores também explicam o desemprego baixo. Um dos mais
importantes é que o setor de serviços, o maior empregador da
economia, ainda cresce a um ritmo razoável. Além disso, dada
a escassez de mão de obra, as empresas evitam demitir, para
não perder trabalhadores já treinados, num quadro em que se
espera a recuperação da economia na segunda metade do ano.
Dada a menor oferta estrutural de mão de obra, o país
precisará investir no aumento da produtividade. Se isso não
ocorrer, o aperto no mercado de trabalho poderá se tornar uma
fonte de pressões inflacionárias. Outra válvula de escape é o
aumento da imigração, que tem aumentado expressivamente
nos últimos anos.
VIII. CONCLUSÕES
A economia brasileira teve o menor crescimento dos
últimos três anos, em 2012. O Produto Interno Bruto,
divulgado nesta sexta-feira (1/03/2013) pelo IBGE, foi mais
baixo que o estimado pelo governo. Alguns setores
encolheram.
A economia brasileira ganhou um pouco mais de fôlego nos
últimos três meses de 2012. De outubro a dezembro, o PIB, a
soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu
0,6%, mais que nos outros trimestres do ano. Mas alguns
setores não conseguiram se recuperar.
O ano de 2012 foi difícil para o campo. A agropecuária teve
o pior desempenho da economia. Apesar dos incentivos do
governo, como a redução do IPI, a indústria encolheu. No fim
das contas, a economia do país cresceu 0,9% no ano passado,
a menor taxa desde 2009.
O setor da economia que tem maior peso no PIB é o de
serviços, e vem sendo o motor do crescimento do país. Como
a renda das famílias aumentou, aumentou também o número
de pessoas dispostas a gastar mais. Em um salão de beleza,
por exemplo, foi preciso até aumentar a equipe. Lá, 2012 foi
ano de contratar.
“Nós contratamos 5% a mais de profissionais devido à
demanda da clientela”, diz um dos comerciantes desse setor.
Para esse ano, o desafio é a compra de novas máquinas
mais modernas, expandindo a construção. Novos
empreendimentos em infraestrutura, novos portos, aeroportos.
É isso que gera crescimento de longo prazo. Não tem muito
segredo, não tem outra fórmula mágica. Tem que investir
bastante.
O problema do desemprego não é uma simples equação
matemática. O fato é que em geral ninguém se dá conta que se
trata de um problema social que não resulta exclusiva nem
prioritariamente da incapacidade ou de erros individuais, mas,
sobretudo das mudanças econômicas, sociais e tecnológicas
ocorridas na sociedade nos últimos anos. Mas os
administradores devem ter sempre em mente que é preciso
estancar esta vazão de uma maneira ou de outra. É necessário
um programa de investimentos na infraestrutura produtiva e
social.
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