Uma Breve Análise Econômica das Características do Desemprego no Brasil Helena Barbone Teixeira Mendes Tais Barbone Teixeira Mendes Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel [email protected] Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel [email protected] Luiz Carlos Carrasco Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel [email protected] Resumo— A principal motivação deste documento é o estudo da historia do trabalho e suas influencias nos tipos de desemprego no Brasil, a fim de analisar a evolução dos níveis de desemprego e investigar uma possivel semelhança nos movimentos, tanto de curto como de longo prazo, das taxas de desemprego no Brasil. Abstract— The main motivation of this document is to study the history of work and its influences on the types of unemployment in Brazil in order to examine changes in levels of unemployment and investigate a possible similarity in the movements, both short-and long-term rates unemployment in Brazil. Palavras chave—Desemprego, Emprego, Trabalho, Economia. I. INTRODUÇÃO Dsemprego é o estado dos indivíduos que se encontram numa situação involuntária de não-trabalho, por falta de oportunidade de trabalho, ou que exercem trabalhos irregulares com desejo de mudança. Mas para entender o conceito do desemprego é preciso entender primeiramente o conceito de emprego e trabalho. II. HISTÓRIA DO TRABALHO A história do trabalho é tão antiga quanto à do homem e em muitos momentos elas até se confundem. Teve sua origem na busca humana de formas de satisfazer suas necessidades biológicas de sobrevivência. À medida que essas necessidades foram sendo satisfeitas, outras foram surgindo, fazendo com que nascessem novas relações que determinaram a condição histórica do trabalho. O trabalho é, então, a atividade desenvolvida pelo homem sob determinadas condições para sobreviver, evoluir e produzir riqueza. Ao longo da história, o trabalho assumiu múltiplas formas. Antes de tudo, é preciso entender que cada nova geração recebe os aprendizados, práticas e instrumentos Manuscrito recebido em 15 de maio de 2013; revisado em 18 de novembro de 2005. H. B. T. Mendes ([email protected]) e T. B. T. Mendes ([email protected]) pertencem ao Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel. Av. João de Camargo, 510 - Santa Rita do Sapucaí - MG - Brasil - 37540-000. de produção que foram criados por gerações anteriores e que ele usa, modifica e melhora. É uma acumulação gradativa de experiências produtivas, de hábitos de trabalho e de conhecimento dentro da própria comunidade. A. A História do Trabalho no Mundo O trabalho, ao mesmo tempo em que cria as sociedades, também é criado e modificado por elas. Assim, ao longo da história, o trabalho foi apropriado por diferentes formas de organização societária. Dentre elas podemos comentar as 4 principais: O Primitivismo, modo de produção desenvolvido na pré-história, período que se estende desde o homem nomade que ainda não produzia seu próprio alimento à revolução urbana, formação das primeiras cidades e das propriedades privadas. O Escravismo, que surgiu da necessidade de se preencher a escassez de mão de obra no cultivo de terras e se tornou a base da economia da época. O Feudalismo, outra forma de exploração do trabalho humano, onde os servos trabalhavam na terra do senhor feudal e em retribuição recebiam um pequeno terreno. E, por fim, O Capitalismo, método de arrecadação de bens através do trabalho, fortificado na Revolução Industrial e responsável pela mudança da forma de trabalho, que criou as Classes Capitalistas e Proletárias. B. A História do Trabalho no Brasil O trabalho no Brasil sofreu significativas mudanças, ao lado das transformações políticas, econômicas e sociais que o país sofreu ao longo de sua história. Foram três as fases que foram marcadas por características específicas das relações de trabalho: a escravidão indigena e africana no período colonial, a transição do trabalho escravo para o trabalho livre e assalariado, que marcou o fim do regime escravista e o inicio da imigração estrangeira (colonato) e, finalmente, a nacionalização da força de trabalho na industrialização. Já a industrialização no Brasil pode ser subdividida em quatro períodos principais: a Proibição, época de restrições das atividades industriais no Brasil; a Implantação, que concedeu alvará para abertura dos portos ao comercio exterior e ocasionou um surto industrial no número de estabelecimentos; a Revolução Industrial, que incentivou o desenvolvimento da indústria local, originou o trabalho formal e as primeiras classes trabalhadoras e a Internacionalização, onde o desenvolvimento industrial foi calcado em grande parte por capital estrangeiro através das multinacionais. C. Trabalho no Brasil nos Dias de Hoje No Brasil, basicamente, existem dois regimes de trabalho onde se enquadram boa parte dos trabalhadores. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é a que rege a maioria deles. Outros são regidos pelo Estatuto do Servidor Público, que pode ser estadual, federal ou municipal, mas que tem critérios semelhantes entre si. O trabalho formal no Brasil hoje é regulamentado pela legislação trabalhista, que apresenta algumas diferenças conforme a categoria profissional. De um modo geral, o trabalho, no Brasil, é regulamentado por leis. Muitas profissões são reconhecidas, possuem seus conselhos, e boa parte delas possui sindicatos. Atualmente, o Brasil avança na área do trabalho, ampliando a capacidade produtiva dos profissionais. III. O DESEMPREGO Em se tratando de análises econômicas que tentam compreender a capacidade produtiva de determinada sociedade, o fator desemprego é um dos mais relevantes. Por este motivo, o desemprego tem sido um dos maiores problemas da sociedade contemporânea e, por esta razão, um dos temas mais debatidos e analisados. Grosso modo, altos índices de desemprego podem sinalizar um desaquecimento da economia, assim como indicar o agravamento de questões sociais ligadas à queda do padrão e da qualidade de vida dos indivíduos, isto é, do bem estar social das pessoas. No Brasil, o desemprego é provocado por baixa qualificação, educação precária, trabalhos informais, precariedade na proteção social, migração de áreas rurais que são pouco desenvolvidas, desemprego causado pela incorporação de novas tecnologias, etc. Para sintetizar o texto anterior, a figura 1 ilustra da influência das políticas adotadas em períodos e governos diferentes sobre as taxas de desemprego: poder de decisão sobre a condução das próprias vidas (já que a situação de desemprego gera uma dependência de outras pessoas), o distanciamento social, a efetivação de atos ilícitos, o planejamento da vida futura, o desespero, a perda da esperança, o desamparo, a tristeza, a revolta e a desorientação são sentimentos verbalizados e expressos de forma contundente pelos desempregados. IV. TIPOS DE DESEMPREGO É possível caracterizar os diferentes tipos de desemprego, contudo, suas causas podem variar. Na tabela abaixo, segue a relação dos tipos de trabalho: TABELA I TIPOS DE DESEMPREGO. TIPOS DE DESEMPREGO DESCRIÇÃO Desemprego Estrutural Desequilíbrio permanente entre a oferta e a procura de trabalhadores, ou seja, deve-se a desajustes entre a qualificação e/ou localização da força de trabalho e à qualificação e/ou localização requerida pelo empregador. Desemprego Tecnológico Causado pelas novas tecnologias como a robótica e a informática - o desemprego tecnológico não é resultado de uma crise econômica, e sim das novas formas de organização do trabalho e da produção. Desemprego Sazonal Ou Temporário É causado por variações na demanda de trabalho em diferentes momentos no ano, relacionado com variações climáticas, padrões turísticos e outros fatores sazonais. Fig. 1. Taxa de desemprego de 1985-2010, relacionado com a política referente aos períodos ilustrados. Desemprego Cíclico Ou Conjutural Desemprego Friccional Além do mais, a condição de desemprego interfere na vida do desempregado como um todo, ou seja, também imsciui na vivência, dia a dia. A queda no padrão de consumo, a perda no Acontece quando os trabalhadores e, em geral, os fatores produtivos, ficam ociosos devido ao fato de o gasto da economia, durante certos períodos de tempo, ser insuficiente para dar emprego a todos os recursos. Assim, o desemprego cíclico ocorre nas épocas de expansão e nas épocas de recessão da economia. É temporário, experimentado por pessoas que estão entre empregos ou que estão entrando pela primeira vez no mercado de trabalho ou voltando a ele após uma ausência. Por definição, ele é de curto prazo, consequentemente causa poucas dificuldades às pessoas que o enfrentam. OBSERVAÇÕES Esse tipo de desemprego é mais comum em países desenvolvidos devido à grande mecanização das indústrias, reduzindo os postos de trabalho. Na agricultura, o desemprego pode apresentar fortes variações sazonais em função das épocas do plantio e da colheita. O mesmo acontece com o Turismo e comércio no final de ano. Um exemplo é quando os bancos retraem os créditos, desestimulando os investimentos, e o poder de compra dos assalariados cai em consequência da elevação de preços. Um exemplo, é quando se atravessa um período de transição, de um trabalho para outro, dentro da mesma área, como acontece na construção civil. V. A FALTA DE EMPREGO NO BRASIL O desemprego brasileiro, longe de ser uma questão individual de adaptação às novas exigências do mercado de trabalho, é fruto tanto de mudanças estruturais na economia como de uma política de estabilização monetária que remunera generosamente o capital especulativo internacional. O desemprego no país existe, é grave e crescente. Grave, porque dobrou desde o início da década de 90 e está disperso pelas principais regiões metropolitanas do país. Crescente, pois que dependente tanto de uma política de estabilização monetária - o Plano Real - que remunera generosamente o capital especulativo internacional, diminuindo o incentivo para os investimentos produtivos e a geração de empregos, como de mudanças estruturais na economia, potencializadas pela sobrevalorização da moeda. Por isso, a partir daqui iremos analisar as características do desempego do Brasil a partir da década de 90 permitindo um estudo mais detalhado e suas principais causas. VI. DESEMPREGO, INFLAÇÃO E O PLANO REAL Durante a segunda metade do século 20, o Brasil foi o país com a maior inflação1 em todo o mundo. Essa difícil trajetória de profunda recessão, desemprego e insatisfação popular só foi interrompida em 1994, com a implantação do Plano Real que estabilizou a inflação e tornou estável a economia brasileira. A partir de então, muito tem se estudado sobre o comportamento da inflação com o desemprego. Por isso, a nível estatístico e juntamente com a Teoria Macroeconômica2, vamos ilustrar o comportamento da inflação x desemprego no curto e longo prazo3. A relação é estudada na Macroeconomia com a denominação de Curva de Phillips 24 onde é ilustrada a relação inversa entre a inflação e o desemprego. A. Curto Prazo Considere U0 a taxa natural de desemprego. Para ilustrar a teoria, graficamente abaixo a figura 2: Assim, para melhor compreender a Curva de Phillips, é necessário perceber que quanto mais tente a inflação a subir, menor será o desemprego, e vice-versa. Para uma abordagem empírica, dados coletados no período de 1995 a 2000 (como por exemplo) estão representadas na figura 3: Fig. 3. Quadro de dados 1995-2000. Colocando as amostras recolhidas na figura 2 num modelo econométrico, a fim de testar a Teoria Econômica (Curva de Phillips), o modelo proposto é o Método dos Mínimos Quadrados (MMQ), ou seja, através de uma Análise de Regressão Linear Simples, onde o modelo matemático sugerido é o seguinte: y = b0 – b1. x (1) Sendo ‘y’ a taxa de inflação, e ‘x’, a taxa de desemprego, a função de primeiro grau permite o diagnóstico de um gráfico semelhante a figura 2. Assim, a equação básica do modelo econométrico encontrado foi: y^ = 33,3058 – 3,9001. x (2,6495) (-1,998) (2) O coeficiente de determinação (R²) é igual a 0,4994 o que indica (nesse caso) que 49,94% do mercado de trabalho é influenciado pela inflação no período considerado. A análise do gráfico original (figura 4) mostra uma tendência a Curva de Phillips, porém um formato anormal no final, visto que em 1999 a taxa de inflação foi de 8,43% e esperava-se uma redução da taxa de desemprego e o que aconteceu foi à repetição da taxa de 1998, ou seja, 7,6%. Já em 2000, a inflação apresentou 5,27% que com sua queda em relação ao ano anterior, esperava-se aumentar a taxa de desemprego, e a mesma reduziu de 7,6% para 7,1%. Fig. 2. Curva de Phillips de Curto Prazo. [1] Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro. Porém, é popularmente usada para se referir ao aumento geral dos preços. [2] A Teoria Macroeconômica estuda as causas e as conseqüências do desemprego. [3] Longo prazo é o período de tempo conceptual para o qual não temos fatores de produção fixos. Em contraste com o longo prazo, no curto prazo temos alguns fatores variáveis e outros fixos, relativamente ao nível de produção escolhido. [4] A Curva de Phillips - um dos principais instrumentos na tomada de decisão de políticas macroeconômicas econômicas - mostra a relação inversa entre a variação da inflação e o nível de desemprego, acentuando a real relação entre crescimento econômico e variação do nível de preços. Fig. 4. Tendência a Curva de Phillips. Por essa anomalidade, concluímos que, embora o modelo aproxima-se da Teoria de Phillips, R² de 0,4994 deixa uma lacuna muito grande, uma vez que os juros (que não são abordados aqui) também tem grande influência na relação desemprego x inflação. B. Longo Prazo O estudo da Curva de Phillips, embora em análise de curto prazo, estabelece uma relação decrescente entre inflação (π) e a taxa de desemprego (U), não fica estável, pois se movimenta à medida que as expectativas de inflação são anunciadas. Em longo prazo, torna-se vertical, como na figura 5. A relação inflação e desemprego têm como inclinação da curva de forma positiva. tempo; a curva poderia deslocar-se, no decorrer do tempo, tanto para a direita com para a esquerda. Para melhor ilustrar a citação acima, a figura 8 é um exemplo de que países diferentes – A e B – podem conter relações de desemprego x inflação diferentes (o mesmo é correto afirmar para períodos de tempo de um mesmo país): Fig. 5. Curva de Phillips de Longo Prazo. Fig. 8. Curvas A e B de Phillips. A figura 6 fornece dados para uma análise a longo prazo: Como a inflação refere-se diretamente ao aumento geral do preço, existe uma relação existente entre o nível de preços, o nível de preços antecipado e a taxa de desemprego: P = f(Pe, u) (3) Onde: P = nível de preços Pe = nível de preços antecipados u = taxa de desemprego Pode-se deduzir uma nova função relacionando a taxa de inflação, a taxa de inflação antecipada e a taxa de desemprego, na forma: p = f(pe, u) (4) Onde: p = taxa de inflação pe = taxa de inflação antecipada u = taxa de desemprego Fig. 6. Economia Brasileira 1983-2000. A figura 7 ilustra o gráfico da tabela acima. Fig. 7. Inflação e Desemprego 1983-2000. Em resumo, Phillips comprovou através de coletas de dados mais especificas que há uma mesma relação que se ajusta a dados de períodos de determinados anos que se ajustam também a períodos de anos diferentes. Evidentemente (como foi mostrado aqui), o mesmo não seria de se esperar que acontecesse em todas as economias ou todos os períodos de Assim, a taxa de inflação tenderá a variar positivamente com a inflação antecipada e negativamente com a taxa de desemprego. É válido lembrar que existem coeficientes que dá maior ou menor peso a esses fatores determinantes da taxa de inflação. As previsões são de que a economia brasileira vai voltar a crescer em 2013, sustentada por uma série de fatores que vão de retomada dos investimentos públicos e privados em infraestrutura, pacotes de incentivo ao consumo, manutenção da taxa de juros nos níveis atuais (7,5%) e controle mais forte da inflação. VII. REALIDADES VERDES E AMARELAS Segundo os números divulgados pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) houve um crescimento de 43,5% no emprego formal nos últimos oito anos, referente aos trabalhadores com carteira assinada. O emprego informal, que também subiu 9,2% no mesmo período, ainda lidera o ranking de empregos, apesar do crescimento inferior. A pesquisa do IPEA aponta mais de 41 milhões de brasileiros trabalhando formalmente, graças ao crescimento de trabalhadores com carteira assinada, funcionários públicos e trabalhadores domésticos formalizados. Já o trabalho informal, que atingiu a marca de 47,7 milhões de trabalhadores nos últimos oito anos, teve este número impulsionado principalmente por trabalhadores domésticos sem carteira, prestadores de serviço e empregados sem carteira assinada. Porém, o elevado crescimento nas taxas de emprego formal e informal tem reflexos diretos nas taxas de desemprego brasileiro. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego alcançou 6,5% no mês de março de 2012, o menor número registrado desde 2002. Apesar do crescimento dos números registrados nos últimos anos, o último mês do primeiro trimestre brasileiro parece registrar um leve desaquecimento na geração de empregos segundo registrou o Ministério do Trabalho. De acordo com dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o número de empregos gerados em março caiu de 280,7 mil para 92,6 mil postos. A queda de empregos no último mês registra motivo de preocupação? Não para o Ministério do Trabalho. De acordo com comunicado emitido pelo governo brasileiro através de seu Ministério, a justificativa para a redução de empregos no último mês baseia-se na antecipação das contratações em fevereiro, além da redução de número de dias úteis no mês de março. Somados os últimos três meses, o Brasil gerou cerca de 500 mil empregos, representando um cenário de bastante otimismo na área. Para uma maior visualização, foi possível classificar e demonstrar o desemprego brasileiro dependente das regiões do país, das faixas etárias e classes sociais. Abaixo serão abordados alguns dos dados mais significativos para o estudo em questão. A. Pobres e jovens em desvantagem A taxa de desemprego entre a população pobre é em torno de cinco vezes maior que a verificada entre os nãos pobres. Como um exemplo, a taxa de desemprego em julho de 2009 entre os pobres foi de 23,1%, ou seja, 5,2 vezes maior que a taxa de desemprego para quem não se encontrava em situação de pobreza. Em contraste, para os trabalhadores não pobres, a taxa de desemprego era de 4,4%. Entre julho de 2002 e julho de 2009, a taxa de desemprego para trabalhadores pobres subiu 10% (de 21% para 23,1%). Já a taxa para os nãos pobres caíram 34,3% (de 6,7% para 4,4%). Com isso, a desigualdade que separa o desemprego entre trabalhadores pobres e não pobres aumentou 70%, pois era 3,1 vezes em julho de 2002 e passou para 5,2 vezes em julho de 2009. Já em relação aos jovens, a população de 18 a 24 anos, por exemplo, está até mesmo encolhendo – depois de atingir 23,9 milhões de pessoas em 2005, recuou para 22,7 milhões em 2009 e deve cair para 21,9 milhões para o ano de 2012. O ponto é que, com a melhora do rendimento familiar, muita gente adia a entrada no mercado de trabalho. A população de jovens está menor, e eles ainda ficam mais tempo estudando, além de que é justamente a faixa etária em que grande parte da população está no começo da carreira profissional. B. Mapa do desemprego por municípios A figura 9 ilustra um filtro de desemprego referente ao ano de 2012, evidencinado os municípios em pleno emprego, com desemprego abaixo da média e desemprego acima da média. Fig. 9. Municípios brasileiros e suas taxas de desemprego. C. Pirâmide etária relativa A pirâmide de idade da população reflete uma dinâmica demográfica onde são verificadas importantes transformações na composição etária da nação, para efeitos de planejamento socioeconômico do país. Uma análise gráfica pode demonstrar a relação de desemprego por faixa etária entre homens e mulheres no país. A figura 10 ilustra essa análise: Fig. 10. Relação do desemprego pela faixa etária e sexo. D. Oferta menor Nesse cenário, como mostra a figura 11, a oferta de mão de obra tem crescido a um ritmo consideravelmente inferior ao da demanda. Como resultado, uma desemprego, com salários em alta. baixíssima taxa de Fig. 11. Evolução da população de 18 a 24 anos, da população economicamente ativa e da ocupação. Com isso, fica claro que o Brasil passa por um processo de rápido envelhecimento populacional, em que há uma tendência de forte declínio da taxa de fecundidade. Outros fatores também explicam o desemprego baixo. Um dos mais importantes é que o setor de serviços, o maior empregador da economia, ainda cresce a um ritmo razoável. Além disso, dada a escassez de mão de obra, as empresas evitam demitir, para não perder trabalhadores já treinados, num quadro em que se espera a recuperação da economia na segunda metade do ano. Dada a menor oferta estrutural de mão de obra, o país precisará investir no aumento da produtividade. Se isso não ocorrer, o aperto no mercado de trabalho poderá se tornar uma fonte de pressões inflacionárias. Outra válvula de escape é o aumento da imigração, que tem aumentado expressivamente nos últimos anos. VIII. CONCLUSÕES A economia brasileira teve o menor crescimento dos últimos três anos, em 2012. O Produto Interno Bruto, divulgado nesta sexta-feira (1/03/2013) pelo IBGE, foi mais baixo que o estimado pelo governo. Alguns setores encolheram. A economia brasileira ganhou um pouco mais de fôlego nos últimos três meses de 2012. De outubro a dezembro, o PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu 0,6%, mais que nos outros trimestres do ano. Mas alguns setores não conseguiram se recuperar. O ano de 2012 foi difícil para o campo. A agropecuária teve o pior desempenho da economia. Apesar dos incentivos do governo, como a redução do IPI, a indústria encolheu. No fim das contas, a economia do país cresceu 0,9% no ano passado, a menor taxa desde 2009. O setor da economia que tem maior peso no PIB é o de serviços, e vem sendo o motor do crescimento do país. Como a renda das famílias aumentou, aumentou também o número de pessoas dispostas a gastar mais. Em um salão de beleza, por exemplo, foi preciso até aumentar a equipe. Lá, 2012 foi ano de contratar. “Nós contratamos 5% a mais de profissionais devido à demanda da clientela”, diz um dos comerciantes desse setor. Para esse ano, o desafio é a compra de novas máquinas mais modernas, expandindo a construção. Novos empreendimentos em infraestrutura, novos portos, aeroportos. É isso que gera crescimento de longo prazo. Não tem muito segredo, não tem outra fórmula mágica. Tem que investir bastante. O problema do desemprego não é uma simples equação matemática. O fato é que em geral ninguém se dá conta que se trata de um problema social que não resulta exclusiva nem prioritariamente da incapacidade ou de erros individuais, mas, sobretudo das mudanças econômicas, sociais e tecnológicas ocorridas na sociedade nos últimos anos. Mas os administradores devem ter sempre em mente que é preciso estancar esta vazão de uma maneira ou de outra. É necessário um programa de investimentos na infraestrutura produtiva e social. REFERÊNCIAS [1] D. de Nardi. (2007, Maio). A História do Trabalho. Disponível: http://www.assimfaloudenardi.com/2007/05/histria-dotrabalho.html [2] R. N. COVUA. (2008, Outubro). História do Trabalho. Disponível: http://administradoronline.blogspot.com.br/2008_10_01_archive. html [3] B. Escola. (2012, Novembro). Diferentes Tipos de Desemprego. Disponível: http://www.brasilescola.com/sociologia/diferentes-tiposdesemprego.htm [4] R. D. Costa. (2001, Novembro). Inflação e Desemprego no Plano Real. Disponível: http://www.feati.com.br/revista/volumes/2/Professores/inflacaoPr ofRicardo.pdf [5] A. Prado. (2006, Maio). Sociedade: o Rosto do Desemprego. Teoria e Debate n38. Disponível: http://perseu.fpabramo.org.br/o-quefazemos/editora/teoria-e-debate/edicoes-anteriores/sociedade-o-rosto-dodesemprego [6] Decreto Lei n5452. (2012) Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm [7] PED Microdados. (2010). Metodologia da Pesquisa de Emprego e Desemprego-PED. Disponível: http://www.seade.gov.br/produtos/ped/microdados/ped_metodolo gia.pdf [8] SEESP. (2012). Cotidiano. Disponível: http://www.seesp.org.br/site/cotidiano/1343-dieese-revelaresultado-de-pesquisa-de-emprego-e-desemprego.html [9] Revista de Economia e Relações Internacionais. FAAP. (2010, Janeiro) Volume 8. Disponível: http://www.faap.br/faculdades/economia/ciencias_economicas/pd f/revista_economia_16.pdf [10] N. A. Guimaraes. (2009). Por uma Sociologia do Desemprego. Revista Brasileira de Ciencias Sociais. Volume 17. Disponível: http://www.academicoo.com/texto-completo/por-uma-sociologiado-desemprego#.USzuCJBFhys.email [11] R. Fernandes e P. Picchetti.(2007). Uma Analise da Estrutura do Desemprego e da Inatividade no Brasil. Disponível: http://www.ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/viewFile/192/1 26 [12] R.P. Barros e R. Mendonça. (1997, Maio) A Estrutura do Desemprego no Brasil. Disponível: http://www.geocities.ws/occfi/Desemprego.pdf