Proteção de Plantas, Defensivos Alternativos e Naturais

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Prof. Silvio R. Penteado – Email: [email protected]
CURSO DE AGRICULTURA ORGÂNICA
ONLINE
Este é curso completo sobre agricultura orgânica. Você vai ficar sabendo tudo sobre a
Proteção de Plantas, Defensivos Alternativos e Naturais
Esta aula está dividida em lições. Nesta primeira parte, mostramos as alternativas para a
proteção das plantas na agroecologia e agricultura orgânica.
Bom estudo, conte conosco se tiver alguma dúvida!
Eng. Agr. Silvio R. Penteado
Obs. É proibido a reprodução parcial ou total de textos em publicações, revistas, jornais, etc., sem
autorização expressa do site: www.agrorganica.com.br
14º AULA: CONCEITOS E FUNDAMENTO DA PROTEÇÃO
DE PLANTAS NO SISTEMA ORGÂNICO
PROTEÇÃO DE PLANTAS –
FUNDAMENTOS
QUESTÕES
•
•
•
Porque não utilizamos agrotóxicos?
É possível controlar as pragas e
doenças em culturas econômicas, como
tomate e batata?
Quais são os fundamentos de manejo do
solo para uma planta sadia?
NESTA AULA SERÁ
ABORDADO
Os fundamentos da proteção de
plantas no sistema orgânico.
Medidas auxiliares e básicas
para a proteção das plantas.
Principais pragas e doenças
que afetam as plantas.
As principais medidas de
proteção.
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1ª LIÇÃO: A PROTEÇÃO DE PLANTAS NO SISTEMA
ORGÂNICO
NESTA AULA SERÁ ABORDADO
Conceitos de proteção de plantas no
sistema orgânico.
Teoria da trofobiose, como a planta
fica sujeita e favorece a ocorrência de
pragas e doenças.
Como tornar uma planta mais
resistente.
1. CONCEITO DE CONTROLE NO SISTEMA ORGÂNICO
A agricultura orgânica não emprega os agrotóxicos para o controle dos insetos
nocivos e patógenos que podem causar prejuízos para as plantas. O princípio é obter
uma planta resistente e a presença de elevada população de inimigos naturais.
Como fatores prepoderantes para manter a saúde da planta e baixa ocorrência de
pragas e doenças, estão a a preservação do meio ambiente, adequado manejo do solo,
nutrição equilibrada e cultivo adaptado às condições locais.
Estes preceitos estão baseados na teoria de Francis Chaboussou (1987), que
afirma que qualquer adubação que deixe a planta em sua condição fisiológica ótima,
oferece-lhe o máximo de resistência ao ataque de fitomoléstias. Para o mesmo
pesquisador “ insetos e fungos não são a causa verdadeira das moléstias das planta
elas só atacam as plantas ruins ou cultivadas incorretamente” , por isso quando são
seguidos os princípios orgânicos, há redução significativa de danos causados por insetos
ou microrganismos.
No entanto, se cumprindo todos os preceitos orgânicos, ocorrerem ataques de
insetos nocívos ou patógenos, há alternativas para substituir os agrotóxicos, por
produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do homem e nem causam
desequilíbrio na natureza. Neste caso, o princípio de atuação destes produtos
alternativos não é erradicar os insetos ou microrganismos nocivos, mas aumentar a
resistência da planta.O produtor deve tirar as dúvidas, conhecer dosagens, época de
aplicação e métodos para produzir o seu próprio defensivo natural.
Há grande vantagem em produzir alimentos orgânicamente, sem agrotóxicos, são
sadios, saborosos e de elevada cotação comercial.
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2. PRINCÍPIOS DE RESISTÊNCIA DAS PLANTAS
Segundo o cientista francês Francis Chaboussu, as plantas acumulam seus
nutrientes de reservas, na forma de proteínas, através do processo de sintese chamado
de Proteossíntese. Esse princípio faz parte da Teoria da Trofobiose, na qual a adubação
desequilibrada e o manejo inadequado tornam disponíveis alimentos para as pragas na
seiva, favorecendo o ataque nas plantas. Conforme essa teoria, as plantas rústicas e
bem manejadas sofrem menor ataque de pragas e doenças.
TEORIA DA TROFOBIOSE: Nos períodos climáticos desfavoráveis ou quando são
empregados excessos de nutrientes solúveis e agrotóxicos, são liberados na seiva das
plantas radicais livres (aminoácidos, açucares etc) que são alimentos prontamente
disponíveis para os insetos nocivos e patógenos.
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Os organismos patogénicos, dependem de substâncias solúveis, como açúcares e
aminoácidos livres. Essa manifestação é resultado do desequilíbrio - excesso ou
carência de nutrientes, tais como nitrogênio, potássio, entre outros ou ainda pelo uso
indiscriminado de agrotóxicos.
Esta ocorrência é uma nítida manifestação de
desequilíbrio químico biodinâmico no vegetal. A ocorrência descrita acima é chamada de
proteólise, isto é, há uma quebra do processo metabólico de formação de proteínas, com
liberação de aminoácidos.
Quando são aplicadas as caldas fertiprotetoras, os nutrientes da sua composição,
penetram na planta e estimulam a formação de proteínas, isto é, retiram os aminoácidos
disponíveis, transformando-os em substâncias não assimiláveis (proteínas) pela maioria
dos insetos e patógenos, estimulando o processo que favorece a resistência da planta, a
proteossíntese.
As caldas Bordalesa, Sulfocálcica e Viçosa se inserem neste contexto de fertiprotetoras das plantas, pois, além terem efeito repelente e biocida, não afetam os
mecanismos de defesa natural das plantas, como os agrotóxicos em geral. Ao contrário,
atuam como fertilizante, fornecendo cálcio, cobre e enxofre, estimulando os processos
de síntese de proteína (proteossíntese).
No entanto, nem sempre os resultados surgem nas primeiras aplicações, porque as
plantas estão saturadas com elementos químicos e os patógenos com elevada
resistência.
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2ª LIÇÃO: CONHEÇA OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
NESTA LIÇÃO SERÁ ABORDADO
Conceitos de proteção de plantas no
sistema orgânico.
Teoria da trofobiose, como a planta
fica sujeita e favorece a ocorrência de
pragas e doenças.
Como tornar uma planta mais
resistente.
1. HISTÓRICO DOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
De forma geral, apenas as técnicas preventivas não são suficientes para
garantir a saúde das plantas nos cultivos, principalmente em função de variações
climáticas bruscas e/ou quando o sistema de produção ainda não está totalmente
equilibrado. Nestes casos, lançamos mão de produtos naturais (verdadeiramente
defensivos por não agredirem o homem ou ambiente). Os inseticidas naturais podem ser
preparados a partir de plantas ou minerais não tóxicos à saúde humana e ao ambiente.
O combate às pragas da lavoura, que pode ser necessário para assegurar a
integridade das colheitas, pode acarretar efeitos negativos quando realizado com
emprego inadequado de defensivos agrícolas.
Entre as piores conseqüências do uso desses produtos se enumeram a
agressão ao meio ambiente (ar, água, solo, flora e fauna), contaminação de alimentos,
prejuízos para a saúde de quem os manipula e a progressiva resistência aos agrotóxicos
pelos seres-vivos que se pretende eliminar, exigindo emprego de pesticidas cada vez
mais potentes e em quantidades maiores.
Como o próprio nome sugere (“cida”= que mata), os defensivos agrícolas são
substâncias ou misturas, naturais ou sintéticas, usadas para destruir plantas, animais
(principalmente insetos), fungos, bactérias e vírus que prejudicam as plantações. São
classificados em várias categorias: acaricidas, para eliminar ácaros; germicidas, que
destroem microorganismos patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos;
herbicidas, que combatem ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e
prejudicam seu desenvolvimento; raticidas; formicidas; cupinicidas e outros.
Já na época neolítica, cerca de 7000 anos a.C., a ocorrência de pragas já se
constituía séria preocupação. Os métodos, mais naturais, restringiam-se à seleção de
sementes de plantas mais resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo
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Testamento mencionam nuvens de gafanhotos que destruíam lavouras inteiras, como a
que se abateu sobre as margens do Nilo no século XIII a.C. Mas somente a partir dos
séculos XVI e XVII começaram os estudos científicos referentes às pragas e meios de
combatê-las.
Os primeiros combates em larga escala que obtiveram sucesso foram
realizados na Europa, de 1840 a 1860, utilizando as caldas Bordalesa e Sulfocálcica
contra o míldio da videira e outros fungos. Em 1942, o patologista suíço Paul Müller
descobriu as propriedades inseticidas de um composto organoclorado já sintetizado em
1874, que passou a ser conhecido como DDT.
Pesquisas com gases venenosos, realizadas pelos alemães durante a segunda
guerra mundial, levaram à descoberta de inseticidas ainda mais poderosos, os
compostos organofosforados. Surgiu daí a ilusão de que se poderia usar inseticidas cada
vez mais fortes e deter para sempre o avanço das pragas. Na verdade, não se levou
devidamente em conta dois obstáculos: a possibilidade de que as próprias pragas
desenvolvessem defesas naturais; a cada ano, o crescente número de pragas resistentes
a todos os defensivos conhecidos e os danos ao meio ambiente, que acabam por afetar o
homem.
2. CLASSIFICAÇÃO DOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
Os defensivos agem por contato, envenenamento, asfixia ou repelência.
Podem ser de origem vegetal, animal, mineral e produtos orgânicos de síntese.
Dentre os inseticidas de origem vegetal, destacam-se os alcalóides de veratrina,
anabasina, nicotina, nornicotina, piretrinas, rianodina e rotenona. Os de origem animal
incluem, por exemplo, as toxinas elaboradas com Bacillus thuringiensis contra lagartas,
baculovírus contra a lagarta da soja e dezenas de outros produtos utilizados com sucesso
no controle biológico.
No campo do controle biológico, também é feita criação e disseminação de machos
esterilizados. Embora sexualmente potentes, esses insetos são estéreis, de modo que os
ovos postos pelas fêmeas são estéreis também.
Os inorgânicos ou de origem mineral, muito usados até a década de 1950,
incluem cloretos de mercúrio, arseniatos de chumbo, de cálcio, de sódio, e de alumínio,
acetoarsenito de cobre, arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio.
Os defensivos orgânicos de síntese abrangem os seguintes conjuntos:
organoalogenados (DDT, BHC, lindano, clordane, heptacloro, aldrin, dieldrin, endrin, etc.);
organofosforados (azinfos, malation, paration, forato, oxidemetonmetilo, etc.); sulfonas e
sulfonatos (tetrasul, tetradifon, fenizon etc.); e os carbamatos (carbaril, isolane etc.).
Grande parte é de uso banido ou proibido nos países desenvolvidos e no Brasil, como é o
caso do DDT, BHC, paration e cianetos.
Os fungicidas são produtos especialmente ativos que destroem fungos ou
paralisam seu crescimento. São aplicados nas folhas e frutos em crescimento, frutas
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colhidas, sementes e no próprio terreno cultivado. A aplicação é feita principalmente por
aspersão, em tanques acionados por trator.
Os fungicidas são misturas de água com cal, enxofre e sulfato de cobre que podem
ser preparados na propriedade, como é o caso da calda bordalesa, viçosa ou
sulfocálcica.
Já os germicidas, são substâncias químicas suficientemente fortes para matar os
germes por contato. Os anti-sépticos inibem o crescimento das bactérias e os
desinfetantes matam os microrganismos produtores de moléstias (Etda,2006).
3. OS RISCOS DOS DEFENSIVOS CONVENCIONAIS
O emprego dos defensivos na agricultura, e também na região urbana, oferece
grande risco ao homem e ao meio ambiente. Seus efeitos geralmente não podem ser
circunscritos à área de aplicação e são sentidos em toda a natureza. Portanto, devem ser
aplicados com parcimônia e orientação técnica.
Por exemplo, muitos produtos perigosos são utilizados como inseticida doméstico
contra insetos transmissores de doenças infecciosas, tais como aerossóis caseiros e a
popular naftalina (á base de DDT).
Às vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema, desequilibra sistemas
biológicos inteiros e acaba agravando situações que pretendia remediar. Os defensivos
podem destruir conjuntamente pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência
dos seres nocivos em se tornarem mais resistentes. Um fato ocorrido no Brasil, na
década de 1980, veio a comprovar esse fato: aplicações em massa nas grandes
plantações, visando erradicar a lagarta-da-soja, eliminaram também seus predadores
naturais.
Os resíduos de defensivos também provocam contaminação em nível planetário,
como se verificou na Antártica, onde foram detectados vestígios de DDT em focas e
pingüins. Os organoclorados agem sobre o sistema nervoso, modificam atividades
metabólicas e favorecem o desenvolvimento do câncer.
O planeta Terra não tem mais condições de absorver milhares e milhares de
toneladas de produtos petroquímicos perigosos atualmente usados na agricultura
convencional. É de conhecimento geral que tais produtos geram uma série de problemas
de saúde.
Os inseticidas sintéticos originários da indústria petroquímica matam insetos e
larvas indiscriminadamente, poluem o ambiente, intoxicam operadores, seus familiares,
consumidores e, portanto, têm sido substituídos no mundo todo. Não obstante serem
extremamente tóxicos, a patente da fórmula encarece o produto para o produtor que por
sua vez, não disponibilizará do inseticida sempre que necessário. Consequentemente, o
controle dos insetos nocivos não é feito de maneira adequada.
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Não raro, a patente da fórmula dos inseticidas é protegida por órgão fiscal do
governo. Em outras palavras, este tipo de proteção oficializa o monopólio sobre a venda
desses produtos altamente tóxicos que afetam toda a população. Outro problema
relacionado ao uso incorreto de inseticidas é a aquisição de resistência aos venenos por
insetos nocivos.
Os insetos são dotados de complexo mecanismo de defesa, capacitando-os a
desenvolver resistência em apenas três gerações. Após este curto período de tempo,
surgem novas variedades de insetos resistentes. Este contínuo processo de seleção
acelera o desenvolvimento de novas fórmulas patenteadas.
Em 1988, já haviam sido registrados no E.P.A. (Environment Protection Agency)
cerca de 50.000 produtos químicos para uso na agricultura. A cada ano surgem venenos
mais poderosos: inseticidas e fungicidas que antes controlavam problemas na ordem de
1,0 a 2,0 kg por hectare foram atualmente substituídos por outros utilizados em doses de
apenas 200 g por hectare.
Os novos produtos desenvolvidos são cerca de 10 vezes mais venenosos do que
aqueles anteriormente utilizados. Porém, são apresentadas pelas multinacionais como
sendo mais “seguros” ao meio ambiente simplesmente por que são utilizados em
quantidades menores. Contudo, neste caso é que são extremamente agressivos, pois em
pequenas doses apresentam o mesmo efeito demonstrado por produtos anteriores,
quando utilizados em quantidades superiores. (Junho de 2000 Engº Agrº José Luiz M.
Garcia-M. Sc. Horticultura – Michigan State University).
4. EFEITOS NOCIVOS DOS INSETICIDAS SINTÉTICOS
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Poluição ambiental.
Danos à saúde devido aos níveis elevados (ou mesmo baixos) de resíduos.
Destruição indiscriminada de insetos sem nenhuma consideração sobre seu papel no
meio ambiente, muitas vezes benéfico, como no caso dos inimigos naturais.
Envenenamento de animais de sangue quente como pássaros, gado, criação em
geral e pessoas que tenham contato com os mesmos.
Desenvolvimento de resistência em insetos.
Ressurgimento de certas pragas secundárias e/ou principais que estavam sendo
anteriormente controlada por insetos destruídos pelo agrotóxico. Este
desaparecimento significa menos concorrência, corroborando com o surgimento de
novas pragas.
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3ª LIÇÃO: PROTEÇÃO NATURAL DAS PLANTAS
NESTA LIÇÃO SERÁ ABORDADO
Como deixar as plantas resistentes
contra as pragas e doenças.
Conceitos e fundamentos da proteção
natural das plantas, sem o emprego
de defensivos
Medidas auxiliares de proteção.
Manejo adequado para aumentar a
resistência das plantas.
1. CONCEITOS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Num sistema de produção agroecológico o passo inicial é implantar a cultura num
solo sadio, rico em micro e macrorganismos, além de matéria orgânica. Tais fatores
favorecem a biovida e equilíbrio no ambiente. Num solo adequado, as plantas crescem
saudáveis, pois encontram permeabilidade para ar e água, possuem pleno
desenvolvimento do sistema radicular, retém e liberam nutrientes, sem formação de
radicais livres.
Contudo, mesmo quando são adotados todos os princípios da agroecologia,
dependendo das condições climáticas desfavoráveis e do estado da planta, podem
ocorrer situações favoráveis ao ataque de insetos-nocivos e patógenos. Neste caso,
deve-se em primeiro lugar, manter o equilíbrio nutricional da planta e caso haja
necessidade, empregar defensivos alternativos e naturais. Assim sendo, esta opção
somente deve ser utilizada quando ocorrer níveis de insetos-nocivos ou patógenos em
condições de causar dano econômico.
O princípio de atuação dos produtos alternativos não deve ser erradicar insetosnocivos ou patógenos, mas sim fornecer a resistência à planta, ativando os mecanismos
de defesa, estimulando a proteo-síntese (redução dos radicais livres) e tornando os
tecidos mais rústicos e resistentes. Nas normas para a produção orgânica, há alternativas
para substituir os agrotóxicos por produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do
homem e nem causam desequilíbrio na natureza.
2. PROCEDIMENTOS RECOMENDÁVEIS NA PROTEÇÃO DE PLANTAS
Antes de qualquer intervenção com produto, é necessária a conjugação dos
fatores para promover resistência e proteção das plantas. Para manejo adequado e
aumento da resistência das plantas, o produtor deve tomar os seguintes cuidados:
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• Ter conhecimento geral da cultura (ciclo, exigências edafoclimáticas); pragas de
ocorrências importantes e métodos alternativos mais indicados.
• Avaliar ocorrência e desenvolvimento da população de pragas e doenças em relação
ao clima. As dosagens dos produtos alternativos em função das condições climáticas.
• Fazer identificação, levantamento e monitoramento das pragas e doenças.
Gerenciamento de dados e ação rápida. Avaliar a eficiência de cada procedimento de
combate.
• Fazer somente intervenção com defensivos alternativos quando a presença do insetopraga ou patógenos atingir o nível de dano econômico.
• Conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para produzir o seu próprio
defensivo natural. Os produtos obtidos organicamente, sem agrotóxicos, são sadios,
saborosos e de elevada cotação comercial.
• Fazer controle rígido sobre adubação e nutrição das plantas, mesmo que empregado
somente adubos orgânicos.
• Níveis elevados de um ou outro nutriente na planta são fatores de desequilíbrio dos
mecanismos de defesa, e ainda promovem liberação dos radicais livres.
3. MEDIDAS AUXILIARES DE PROTEÇÃO DE PLANTAS
O segredo da resistência é ter plantas fortes. Para tanto, o ambiente deve estar em
equilíbrio, com a presença de inimigos naturais das pragas, disponibilidade de água e
solo bem preparado, tratado, vivo e bem adubado. Essas condições funcionam como
medidas preventivas contra pragas e doenças.
Os procedimentos considerados como medidas auxiliares de proteção das plantas
são apresentados a seguir:
Escolher espécies e cultivares adaptadas ou resistentes às condições de clima e solo
existentes na propriedade (germoplasma adequado).
Emprego de mudas e sementes comprovadamente sadias.
Tratamento de sementes com produtos alternativos, como micro-nutrientes e
biofertilizantes.
Retardar ou adiantar épocas de plantio visando obter períodos de cultivo mais
favoráveis.
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Adotar um espaçamento adequado, mais amplo para evitar umidade excessiva e a
ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas.
Os plantios muito adensados favorecem doenças como a antracnose, requeima e
podridão.
Evitar solos encharcados e excesso de irrigação, os quais favorecem doenças de
raízes, assim como murchas bacterianas, requeima e outras.
Eliminar plantas hospedeiras de pragas e moléstias, principalmente aquelas vetores de
fitopredadores. Fazer inspeção semanal, eliminando as plantas com pragas, viroses ou
murchas.
Combate a insetos vetores de doenças, principalmente na fase de mudas (pulgão e
tripes). No caso de mudas deve-se prevenir o ataque com a instalação dos canteiros em
telados.
Instalação de cercas-vivas. As faixas de cercas-vivas funcionam como corredores de
refúgio ou nichos de preservação dos inimigos naturais, podendo ser empregadas plantas
silvestres medicinais.
Formação de quebra-ventos para fazer o isolamento da cultura, para prevenir ventos
fortes e a disseminação de doenças, principalmente as bacterianas.
Para grandes áreas devem ser instaladas árvores altas, enquanto em pequenas o
plantio de capim napier ou camerum é muito recomendada, em torno da área cultivada ou
entre as linhas de cultivo.
Manter a planta suprida com os micronutrientes essenciais, como boro, zinco,
manganês, magnésio e molibdênio.
A presença de ervas nativas e plantas com flor favorecem a permanência de inimigos
naturais.
Fazer adequado controle das ervas nativas: limpar as faixas junto aos caules das
plantas e mantendo-se a vegetação nativa nas entrelinhas de plantio. Fazer a roçada ou
capinas das entrelinhas de forma alternada.
Plantio em faixas, bordadura ou consorciação de culturas, com base em princípios
alelopáticos. Inclusão de plantas benéficas e plantas repelentes.
Promover uma boa aeração da planta (retirar folhas e brotações em excesso),
reduzindo as condições favoráveis para o desenvolvimento de fungos patogênicos.
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Rotação de culturas e biodiversidade de cultivos (evitar a mono-cultura): alternar
espécies diferentes em cada área para evitar as pragas e doenças da planta anterior.
Para evitar as doenças bacterianas em plantas susceptíveis, como as solanáceas,
devem ser plantadas sempre em terras novas ou depois de longas rotações (03 a 04
anos), tendo bastante cuidado com a água de irrigação.
Tratamento preventivo com defensivos que aumentem a resistência das plantas nos
períodos críticos, como biofertilizantes, caldas sulfuradas, extratos de plantas, caldas
cúpricas (Bordalesa ou Viçosa), etc.
Cuidados com a colheita e manuseio dos frutos em condições de umidade alta. Fazer a
colheita dos frutos em período seco do dia.
Fazer o tratamento de acordo com as condições climáticas. O excesso de chuvas altera o equilíbrio
químico (maior teor de nitrogênio e difusão de nutrientes), físico (menor aeração do solo) e biológico
(menor taxa de respiração), reduz a proteosíntese e as plantas ficam mais suscetíveis, deverá haver
maior rigor nos tratamentos.
Nas estiagens, com solo pouco oxigenado, há déficit de água e ar para a
proteosíntese. Nestas condições excesso de pulverizações podem até ser prejudiciais por
ativar as plantas sem que elas tenham condições de absorver e metabolizar os
nutrientes.
4. INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES NA SANIDADE DAS PLANTAS
Tanto o excesso como a deficiência dos nutrientes minerais, pode favorecer a
ocorrência de pragas e doenças. O importante é manter a planta sempre em equilíbrio
nutricional. Veja os principais efeitos dos nutrientes nas plantas:
• Cobre: Elemento importante nos mecanismos de defesa da planta às doenças.
• Potássio: aumenta a resistência contra pragas e doenças e aos fatores climáticos
adversos.
• Zinco: um dos elementos que a planta apresenta maior deficiência. Indispensável para
boas produções.
• Enxofre: estimula a formação de sementes e favorece o crescimento vigoroso das
plantas.
• Magnésio: componente da molécula da clorofila. Auxilia a absorção e translocação de
fósforo na planta e ativa as reações enzimáticas.
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• Manganês: pode aumentar a resistência da planta às doenças, devido aos níveis mais
elevados de ligninas e de compostos fenólicos.
• Boro: elemento responsável pelo transporte de açúcares, formação das paredes
celulares, sua falta pode favorecer o ataque de pragas, como da lagarta do cartucho
do milho.
• Cálcio: fortalece e dá resistência aos tecidos. Sua falta pode provocar doenças
fisiológicas como podridão apical no tomate, bitter pit em maçãs, etc.
• Nitrogênio: O nitrogênio é um dos nutrientes que devem ter controlado o seu teor nas
plantas.
Á seguir apresentamos algumas doenças causadas por excesso de nitrogênio nas
plantas:
Alternaria-------------->Fumo, Tomate
Botrytis---------------->Videiras, Morango
Erwinia----------------->Batata
Erysipha, oídio---------->Cereais e Frutas
Peronospora------------->Alface, Videira
Pullinia------------------->Cereais
Pseudomonas----------->Feijão, Pepino, Couve
Verticilium--------------->Tomate, Algodão
5. INFLUÊNCIA DO MANEJO DO SOLO
Na agricultura ecológica o controle de insetos, ácaros, fungos, bactérias e viroses
é feito basicamente através de medidas preventivas, tais como:
1) Plantio na época correta e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região;
2) Adubação orgânica, através de compostos de restos de culturas, materiais vegetais e
estercos enriquecidos com fosfatos naturais, adubos minerais de lenta liberação de
nutrientes e micronutrientes;
3) Rotação de culturas e adubação verde;
4) Cobertura morta e plantio direto;
5) Consorciação de culturas e manejo seletivo do mato;
6) Uso de quebra-ventos e cercas-vivas.
7) Solo com boa aeração, permitindo o desenvolvimento norma do sistema radicular.
8) Fornecimento de boro e zinco no solo e nas fases iniciais de crescimento da planta.
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