As mudanças climáticas e o café - International Coffee Organization

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ICC
103-6 Rev. 1
16 dezembro 2009
Original: inglês
Conselho Internacional do Café
103a sessão
23 – 25 setembro 2009
Londres, Inglaterra
As mudanças climáticas e o café
Antecedentes
Este documento contém um relatório sobre os efeitos das mudanças climáticas nos
países produtores e inclui os seguintes Anexos:
Anexo I:
Anexo II:
Anexo III:
Anexo IV:
Impacto das mudanças climáticas no café: opiniões de interessados
Organizações que disponibilizam fundos para mitigação e adaptação às
mudanças climáticas
Projetos atuais de pesquisa sobre o impacto das mudanças climáticas
na agricultura
Referências
Ação
Solicita-se ao Conselho que note este documento.
P
AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O CAFÉ
Mais seres humanos vivem da agricultura que de qualquer outra atividade econômica.
Trata-se na maioria de agricultores de subsistência que trabalham por conta própria e vivem
nas regiões tropicais. A despeito da crescente urbanização do planeta, 75% dos pobres do
mundo vivem no campo, e a maior contribuição individual para o sustento desses
contingentes provém da agricultura. O desenvolvimento agrícola, assim, é de vital
importância para o alívio da pobreza nos países em desenvolvimento, seja diretamente
(proporcionando empregos), seja indiretamente (gerando empregos fora da agricultura e
barateando os preços dos alimentos). Por isso não surpreende que a agricultura venha
recebendo grande atenção nos últimos tempos, quando a ação para enfrentar as mudanças
climáticas foi alçada ao próprio topo da agenda política mundial.
Os desafios e incertezas das mudanças climáticas são tremendos, mas isso não deve servir
para justificar a inação. Muitos cientistas acreditam que, mesmo que o efeito estufa das
emissões de CO2 viesse a ser neutralizado por um resfriamento solar, como na última década,
o limite da “sustentabilidade” dos recursos terrestres foi ultrapassado, e as conseqüências do
comportamento humano já estão sendo sentidas em todo o planeta. As medidas relativas às
mudanças climáticas representam tanto um cenário potencialmente catastrófico para todas as
espécies vivas se os seres humanos não mudarem sua conduta, como um brado por ação
vigorosa que conduza a um modelo econômico mais verde e mais eficaz.
É nesse sentido que a resposta às mudanças climáticas não pode se limitar a ações isoladas
que agências nacionais ou internacionais empreendam de modo aleatório. Para serem
eficazes no longo prazo, essas ações precisam ser integradas na estratégia geral de
desenvolvimento de um setor ou, até mesmo, de todo um país. Da mesma forma como os
países precisam de recursos para rastrear padrões meteorológicos, fazer previsões e avaliar
riscos potenciais, os agricultores também precisam de acesso a tecnologias para adaptação, de
instrumentos para a gestão dos riscos financeiros relacionados com a meteorologia, e de
participação em mecanismos de seqüestro de carbono. Uma contribuição crucial neste novo
conceito de desenvolvimento é a produção e divulgação de informações sobre as mudanças
climáticas, sobretudo quando diante de preocupações que surgem entre usuários como os
cafeicultores.
Esse é o objetivo do presente estudo sobre as relações entre as mudanças climáticas, o café e
o desenvolvimento. Informações sobre os aspectos gerais das mudanças climáticas são
abundantes e prontamente acessíveis – por isso não serão aqui exploradas em profundidade.
Em sintonia com a maior parte da comunidade científica, presume-se que as mudanças
climáticas estão ocorrendo, mas também se reconhece que há muita incerteza na previsão dos
padrões meteorológicos futuros.
-2-
1.
As mudanças climáticas e a agricultura
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os impactos
adversos das mudanças climáticas na agricultura ocorrerão predominantemente nas regiões
tropicais e subtropicais, em particular na África subsaariana e, em menor escala, no Sul
da Ásia. Isso significa que as regiões de cafeicultura são identificadas como de alto risco e
carecem de maiores esforços em preparo para o futuro. Antes de focalizar ameaças
específicas ao setor cafeeiro e possíveis estratégias de adaptação, o presente estudo passa
sucintamente em revista os principais componentes da análise climática.
Tentar prever os futuros padrões meteorológicos mundiais é uma empreitada extremamente
complexa, à luz da vasta quantidade de dados disponíveis. Em vista das complexas relações
entre cultivos, composição atmosférica e temperatura, juntamente com as complexidades das
políticas agrícolas e comerciais mundiais, a previsão dos efeitos das mudanças climáticas é
necessariamente um processo provisório, cujos resultados devem ser vistos com a devida
cautela. Para os fins do presente estudo, o fator mais importante é o modo como as projeções
geradas nesse processo irão afetar os cultivos.
1.1
Mensuração do impacto das mudanças climáticas na agricultura
Diversos instrumentos são utilizados para entender os efeitos potenciais das mudanças
climáticas na agricultura. Eles incluem desde os modelos em grande escala, que representam
o clima global e os sistemas de agricultura e comércio de alimentos (como são agora e
extrapolados no futuro), até os experimentos em pequena escala, conduzidos em pequenas
propriedades agrícolas ou laboratórios, para estudar as reações da fisiologia vegetal a
determinados indutores das mudanças climáticas. Uma discussão mais abrangente das
questões envolvidas na mensuração dos efeitos das mudanças climáticas na agricultura pode
ser encontrada em Peskett (2007).
O enfoque mais comum é o da construção de modelos globais das mudanças climáticas, que
produzem projeções de climas futuros baseadas na atual compreensão dos indutores das
mudanças climáticas, associando os resultados desses modelos aos impactos potenciais nos
cultivos. Dados de três dos principais cenários (relativos a futuras emissões de gases do
efeito estufa, concentrações dos gases do efeito estufa na atmosfera e mudanças de
temperatura) são alimentados nas projeções para os modelos das reações dos cultivos. A
partir dos resultados obtidos, os impactos potenciais na agricultura são avaliados e
emparelhados com os de outros modelos, para separar os impactos específicos das mudanças
climáticas dos de outras variáveis ou influências.
Além da modelagem em grande escala, os cientistas também isolam em laboratórios
um ou vários cultivos e os submetem a experimentos controlados, alterando a composição
-3-
hídrica, a temperatura, as concentrações de CO2 e outras variáveis presentes no solo e na
atmosfera terrestre. Esses experimentos costumam ser categorizados como experimentos de
campo controlados.
Finalmente, a análise estatística do impacto dos climas passados nos cultivos também é usada
para estimar reações futuras.
Modelos integrados de clima e cultivos estão atualmente sendo desenvolvidos para tentar
superar os defeitos dos enfoques delineados acima e levando em conta, inclusive, que os
cultivos provavelmente reagirão às mudanças climáticas de modo complexo e serão afetados
por variáveis exógenas, tais como os ciclos hidrológicos.
1.2
Limitações e pressupostos dos modelos
Incertezas significativas existem em nossa compreensão dos efeitos das mudanças climáticas
na agricultura. Os modelos em grande escala necessariamente simplificam certos parâmetros
que representam fenômenos complexos, e essas simplificações podem ter implicações
consideráveis no tocante aos resultados.
As principais áreas de incerteza incluem:









indutores usados nos modelos das mudanças climáticas e da agricultura, tais
como níveis de emissões futuras, alterações da produtividade dos cultivos e
reações do sistema climático;
pressupostos relativos a processos socioeconômicos, como, por exemplo, de que
forma os seres humanos reagirão às mudanças climáticas;
vieses regionais atribuíveis à maior disponibilidade de informações
(por exemplo, padrões de precipitação) nas contribuições aos modelos nos
países desenvolvidos;
questões de escala temporal relativas à falta de cobertura detalhada das
variações subsazonais do clima e do tempo;
necessidade de resolver diferenças entre os modelos em grande escala do
clima global, geralmente com uma resolução de mais de 100 km, e os modelos
de pequena escala da maioria dos sistemas agrícolas, geralmente com
uma resolução de menos de 10 km;
relações entre as mudanças climáticas e a degradação dos solos;
disponibilidade hídrica;
reações dos cultivos à composição atmosférica, especialmente a influência da
concentração atmosférica de CO2 nos cultivos; e
a previsão dos efeitos de eventos extremos na agricultura atualmente é muito
complicada e mal desenvolvida na maior parte dos modelos em grande escala.
-4-
1.3
Resultados
Uma combinação dos modelos e cenários acima delineados possibilita projetar diversas
variáveis em relação às mudanças climáticas ao longo do próximo século. A maior parte dos
estudos de modelagem se concentra num conjunto de parâmetros diferentes relacionados com
os cultivos, devido a sua importância na economia mundial e sua sensibilidade às mudanças
climáticas. Em geral, os resultados dos modelos contêm projeções do seguinte:







1.4
alterações da produtividade atribuíveis a mudanças dos climas sazonais;
alterações do potencial de produção em relação a fatores tais como
produtividade, terra disponível apropriada à agricultura e estações de cultivo
alongadas/encurtadas;
reações dos cultivos a mudanças na composição atmosférica, tais como
concentrações de gás carbônico;
alterações dos preços em resultado das mudanças climáticas;
alterações das estruturas de comércio em resultado das mudanças climáticas;
alterações do número de pessoas em risco de fome em resultado das mudanças
climáticas, que via de regra se quantifica como o número de pessoas com renda
suficiente para comprar cereais; e
escoamento de água e estresse hídrico correlato.
Uma externalidade crucial para a agricultura – Os eventos climáticos do El Niño
Muito importante, com sérias implicações para a agricultura, é o fenômeno El Niño. O termo
El Niño (espanhol para “Menino Jesus”) no princípio era usado por pescadores fazendo
referência às correntes quentes do Oceano Pacífico próximas das costas do Peru e Equador,
que apareciam periodicamente na altura do Natal e duravam alguns meses. Quando essas
correntes apareciam, a pesca se tornava muito menos abundante que de costume. Damos hoje
o mesmo nome ao aquecimento em grande escala das águas superficiais do Oceano Pacífico
que ocorre a cada 3-6 anos e normalmente dura de 9-12 meses, mas que pode continuar por
até 18 meses e afetar dramaticamente a meteorologia do mundo todo.
Os eventos do El Niño acontecem a intervalos irregulares. Sua intensidade é estimada em
anomalias da pressão atmosférica e anomalias das temperaturas terrestre e marinha.
O El Niño afeta dramaticamente o tempo em muitas partes do mundo. É portanto importante
prever suas ocorrências. Vários modelos do clima, modelos de previsão sazonal, modelos
acoplados oceano/atmosfera e modelos estatísticos procuram prever o El Niño como parte
-5-
da variabilidade interanual do clima. A previsão do El Niño só tem sido possível desde os
anos 80, quando os computadores adquiriram suficiente potência para lidar com interações
oceano/atmosfera em grande escala muito complicadas.
No século XX, as manifestações mais intensas do El Niño aconteceram em 1982/83 e
1997/98. No El Niño de 1982/83 houve grandes tempestades em todo o Sudoeste dos
Estados Unidos e uma das piores estiagens do século na Austrália. Segundo a Organização
Meteorológica Mundial, o El Niño de 1997/98 foi um fator importante na alta recorde das
temperaturas registrada em 1997. O impacto do El Niño de 1997/98 foi sentido em muitas
partes do mundo: houve estiagens nas Ilhas do Pacífico Oriental e na Indonésia, assim como
no México e América Central. Na Indonésia, a estiagem causou incêndios florestais e
enchentes incontroláveis; no Peru, altas temperaturas levaram a uma má temporada de pesca;
no Sul da Califórnia, houve precipitações pluviais intensas e a deslizamentos de lama. No
Oceano Pacífico, os corais desbotaram em contato com água em temperaturas acima da
média; no Canal do Panamá, a navegação foi restringida devido a precipitações pluviais
abaixo da média.
Um exemplo muito claro das conseqüências do efeito do El Niño na produção de café pode
ser observado quando se estuda seu impacto na Colômbia. Os eventos do fenômeno na
região andina do país causam uma redução da chuva e um aumento da intensidade do sol e
das temperaturas. Em algumas regiões, o El Niño leva a quedas de produção de café devido à
redução do teor hídrico do solo, especialmente em áreas baixas com precipitação inferior a
1.500 mm/ano, baixa retenção de umidade e exposição dos cultivos ao sol. Durante os
episódios do El Niño, é alto o risco de perdas no café (ocorrência de grãos pretos, grãos
pequenos e outros defeitos), pois a falta de água na fase crítica de desenvolvimento do fruto
afeta a qualidade do grão. Também aumenta a infestação de broca, com o mesmo efeito.
1.5
Cenários das mudanças climáticas
A fim de prever mudanças climáticas, os cientistas do IPCC idearam um conjunto de cenários
de como o futuro poderia se desenvolver, excluindo os chamados cenários “surpresa”, em que
ocorrem mudanças drásticas devido a um fator completamente inesperado. Quatro narrativas
qualitativas de possíveis mundos futuros (A1, A2, B1 e B2) definem quatro grupos de
cenários igualmente válidos. As narrativas descrevem a evolução da situação a partir de
numerosos pontos de vista sociais, econômicos, tecnológicos, ambientais e políticos distintos.
A narrativa e o cenário do grupo A1 baseiam-se num crescimento econômico rápido, num
crescimento populacional lento e na introdução veloz de tecnologias novas e mais eficientes.
Os principais temas incluem a convergência entre as regiões, a construção de capacidade e
maiores interações sociais e culturais, com um declínio substancial das disparidades em
rendas per capita regionais.
-6-
A narrativa e o cenário do grupo A2 baseiam-se numa representação muito heterogênea do
desenvolvimento. A ênfase é na auto-suficiência e na preservação das identidades locais. O
crescimento populacional é alto, pois os padrões de fertilidade mudam muito devagar. O
crescimento econômico per capita e a mudança tecnológica são mais fragmentários e menos
rápidos que nas demais narrativas.
A narrativa e o cenário do grupo B1 baseiam-se num mundo convergente, caracterizado pelo
mesmo baixo crescimento populacional que na narrativa A1, mas com mudanças rápidas das
estruturas econômicas rumo a uma economia de serviços e informação, e pela introdução de
tecnologias limpas que possibilitam o uso eficiente de recursos. As soluções globais para a
sustentabilidade econômica, social e ambiental são postas em relevo, mas sem outras
iniciativas voltadas para o clima.
A narrativa e o cenário do grupo B2 baseiam-se num mundo que enfatiza as soluções locais
para a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Caracterizam esse mundo
um crescimento populacional moderado, um desenvolvimento econômico intermediário e
mudanças tecnológicas menos rápidas e mais heterogêneas que nas narrativas B1 e A1.
Essas quatro narrativas básicas alicerçam seis subgrupos de cenários, A1F1 (intensivo de
combustíveis fósseis), A1B1 (equilibrado – ou seja, sem demasiada dependência de
uma única fonte de energia), A1T (predominantemente, combustíveis não-fósseis), A2, B1 e
B2. Ao todo, 40 diferentes cenários foram desenvolvidos. Embora todos os cenários sejam
igualmente válidos e nenhuma probabilidade de ocorrência haja sido alocada, o presente
estudo só se concentrará nos quatro grupos de cenários mais amplamente utilizados, a saber,
A1F1, A2, B1 e B2.
Os cenários delineados acima fornecerão os principais indutores dos cenários de emissões
que surjam dos estudos de modelagem e sejam usados para fazer projeções das mudanças de
temperaturas. A idéia é usar cada um dos quatro cenários e prever como os cultivos
reagiriam às mudanças climáticas. Ao lidar com a agricultura, é preciso atentar para
potenciais alterações da produtividade, preços, dos preços, das tendências ou do comércio,
número de agricultores em risco de fome, deslocamentos, desastres naturais, quedas súbitas
de renda, doenças, perdas de safras, bem como para a deterioração da qualidade dos cultivos
em resultado de alterações da disponibilidade hídrica, degradação do solo e todas as outras
possíveis variáveis climáticas que afetem a agricultura.
2.
O setor cafeeiro e as mudanças climáticas
Decorrem sobretudo da variabilidade climática as alterações da produtividade da cafeicultura
no mundo todo. Temperatura do ar, radiação solar e umidade relativa desfavoráveis
-7-
influenciam muitos processos fisiológicos do cafeeiro, mas julga-se que as condições
térmicas e pluviométricas são os fatores mais importantes na definição da produtividade
potencial.
Entre quase 100 espécies do gênero Coffea, o Coffea arabica L. (café Arábica) e o Coffea
canephora Pierre (café Robusta) dominam economicamente o comércio mundial de café,
respondendo por cerca de 99% da produção mundial.
O café Arábica é nativo das florestas tropicais da África oriental, em altitudes de
1.500 a 2.800 metros e latitudes de 4o N e 9o N. As flutuações sazonais das temperaturas
da região são pequenas, e as temperaturas médias anuais do ar variam de 18o a 22o C. A
precipitação pluvial é bem distribuída, variando de 1.600 a mais de 2.000 mm, e há
uma estação seca, que dura de três a quatro meses, coincidindo com o período mais frio.
Nesse ambiente, o café Arábica se estabeleceu como arbusto do sub-bosque.
O Arábica vegeta e frutifica muito bem em terrenos elevados de regiões tropicais, como os do
Sudeste do Brasil. Nas fases de crescimento, ele geralmente é afetado por condições
ambientais, em particular por variações fotoperiódicas e condições meteorológicas como a
distribuição da precipitação pluvial e a temperatura do ar, que interferem na fenologia dos
cultivos e, conseqüentemente, afetam a produtividade e a qualidade. A melhor temperatura
média anual do ar para o Arábica situa-se numa faixa de 18º a 23o C. Acima de 23o C, há
uma aceleração do desenvolvimento e do amadurecimento das cerejas, que freqüentemente
resulta em menor qualidade. A exposição contínua a temperaturas diárias de até 30o C pode
não só levar à redução do crescimento, como também a anormalidades como o
amarelecimento das folhas. Uma temperatura relativamente alta do ar durante a floração,
especialmente se associada com um longo período de seca, pode causar o aborto das flores.
Convém notar, porém, que cultivares selecionados, sob intenso manejo das condições,
permitiram a propagação de cafezais de Arábica a regiões marginais em que as temperaturas
médias do ar que atingem a faixa de 24o a 25o C, com produtividade satisfatória. Exemplos
podem ser encontrados nas regiões Nordeste e Norte do Brasil. Por outro lado, em regiões
com temperaturas anuais médias abaixo de 18o C, o crescimento se torna muito mais difícil.
A ocorrência de geadas, mesmo esporádicas, pode limitar enormemente a viabilidade
econômica do produto.
O café Robusta, nativo das florestas de baixadas da bacia do Rio Congo, cobre áreas que vão
até o Lago Vitória, em Uganda. A espécie se desenvolveu em florestas equatoriais densas
como arbusto mediano. As temperaturas anuais médias da região vão de 23o a 26o C, sem
grandes oscilações, com precipitações pluviais abundantes superiores a 2.000 mm,
distribuídas em períodos de 9 a 10 meses. Altas temperaturas podem causar danos, sobretudo
se o ar estiver seco. O Robusta é muito menos adaptável que o Arábica a temperaturas mais
baixas. Nem suas folhas nem seus frutos resistem a temperaturas inferiores a 6o C, nem a
longos períodos a 15o C. Como a altitude está relacionada com a temperatura, o Robusta
-8-
pode ser cultivado entre o nível do mar e 800 m. O Arábica cresce melhor em terrenos mais
altos, como, freqüentemente, as áreas montanhosas da Colômbia e da América Central. O
Robusta cresce melhor em áreas com temperaturas médias anuais de 22o a 26o C, em países
como a República do Congo, Angola, Madagáscar, Côte d’Ivoire, Vietnã, Indonésia e
Uganda. No Brasil, as principais áreas de cultivo do Robusta são as baixadas dos Estados do
Espírito Santo (Sudeste) e Rondônia (Norte).
As relações entre os parâmetros climáticos e a produção agrícola são complexas, porque os
fatores ambientais afetam o crescimento e o desenvolvimento das plantas de formas distintas
durante as fases fenológicas do cultivo de café. Os modelos agrometeorológicos relacionados
com o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade podem proporcionar informações
para monitorar a água do solo e, com base na temperatura do ar e no estresse hídrico, fazer
previsões da produtividade a partir do equilíbrio hídrico do solo em diferentes fases do
crescimento do cultivo, quantificando o efeito da água disponível do solo em termos da
redução do rendimento final. O processo de fotossíntese torna-se limitado quando ocorre
estresse hídrico, devido ao fechamento dos estomas e à redução de outras atividades
fisiológicas da planta.
Outros fatores climáticos podem reduzir a produtividade, tais como temperaturas adversas do
ar durante diferentes fases do crescimento. O preparo um modelo agrometeorológico é
contemplado num estudo (Camargo et al., 2006) que monitora e avalia a influência
quantitativa de variáveis climáticas como, por exemplo, a temperatura do ar e o equilíbrio
hídrico sobre a fenologia e o rendimento do café em diferentes regiões brasileiras. Esse tipo
de modelo poderia ser um instrumento eficiente para avaliar os efeitos ambientais de novas
tecnologias e os cenários de mudanças climáticas no futuro.
2.1
Possíveis impactos na produção de café em diferentes cenários
Cada um dos possíveis cenários descritos na Seção 1.5 terá impactos distintos na produção e
comércio de café. A análise abaixo é derivada do trabalho de Peskett (2007), que se refere
basicamente ao cultivo de cereais e, por conseguinte, foi ajustado para levar em conta
algumas das características específicas da produção cafeeira.
2.1.1
Cenário A1F1
No cenário A1F1, a população global sobe para nove bilhões até 2050, depois cai para cerca
de sete bilhões até 2100. Durante o período, o crescimento econômico aumenta a uma taxa
anual de 3,5% e a renda per capita atinge US$76.000 nos países desenvolvidos e US$42.000
nos países em desenvolvimento. A razão entre as rendas médias cai para cerca
de 1,6, pressupondo um mundo mais eqüitativo. O cenário prevê uma queda do rendimento
dos cultivos. Dependendo dos efeitos da “fertilização” pelo CO2, porém, esta mudança pode
não ser significativa em termos globais médios. Em termos globais, também é provável que a
-9-
produção de café caia, sobretudo na África. Os preços do café variam em relação inversa às
mudanças observadas na produção, e este cenário prevê as maiores altas de preços entre todos
os demais aqui descritos.
2.1.2
Cenário A2
No cenário A2, a população cresce muito depressa, passando de cerca de oito bilhões
em 2020 a cerca de 15 bilhões em 2100. O crescimento econômico aumenta cerca de 2% ao
ano, uma taxa muito inferior à do cenário A1F1. A renda média per capita atinge cerca de
US$37.000 nos países desenvolvidos, em contraste com US$7.300 nos países em
desenvolvimento. As diferenças entre as rendas nestes e naqueles diminuem, mas grandes
diferenças persistem. A produtividade agrícola provavelmente irá caindo à medida que
2050 se aproxima, mas, como se prevê no cenário A1, é provável que essa queda se torne
menos pronunciada perto do final do século. Em resultado, a produção de café diminuiria até
10%, em comparação com a situação de referência, em que não há mudanças climáticas. Os
preços do café provavelmente subirão muito.
2.1.3 Cenário B1
No cenário B1, o crescimento populacional é semelhante ao do A1, mas o crescimento
econômico aumenta a uma taxa inferior. A renda média per capita sobe para US$55.000 nos
países desenvolvidos e US$29.000 nos países em desenvolvimento, pressupondo taxas
de crescimento inferiores às do cenário A1. Os quocientes entre as rendas nos países
desenvolvidos e em desenvolvimento são muito inferiores aos de hoje, pressupondo
um mundo mais eqüitativo. Uma queda da produção mundial de café é prevista. Essa queda,
porém, seria muito menos pronunciada que nos cenários do grupo A, sobretudo em resultado
de mudanças de temperatura menos extremas. Como nos demais cenários, os resultados são
bastante influenciados pelos efeitos do CO2 na produtividade agrícola. Os preços do café
aumentariam gradualmente, mas permaneceriam baixos.
2.1.4 Cenário B2
No cenário B2, a população mundial aumenta gradualmente até alcançar dez bilhões
até 2100. A taxa de crescimento econômico é semelhante à do cenário A2, mas as diferenças
entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento são menores (embora ainda maiores que
nos cenários A1 e B1). As mudanças tecnológicas são menos rápidas e mais diversificadas
que nas narrativas dos cenários B1 e A1. Esforços para melhorar a proteção ambiental e a
eqüidade social se concentram nos níveis local e regional. São previstas quedas de produção
agrícola no mundo todo, as quais, porém, também dependem dos efeitos do CO2. As maiores
quedas de produtividade são as previstas na África e na América do Sul, mas em escala
menos pronunciada que no cenário A2. A produção global provavelmente cairá, embora não
tanto quanto nos cenários do grupo A, levando a altas de preços menos extremas.
- 10 -
2.2
Possíveis efeitos das mudanças climáticas na produção de café
Ainda há grande incerteza acerca de como cada região produtora será afetada e como as
mudanças climáticas irão afetar a produção de café em geral, mas os especialistas prevêem
certas mudanças que em algumas regiões poderão ser significativas. Entre as mais prováveis
estão:
2.2.1 Qualidade
Quando a temperatura sobe, o café amadurece mais depressa, com queda de qualidade.
Segundo o Dr. Peter Baker, do CABI, se as temperaturas subirem outros 3o C até o final deste
século (alguns especialistas acreditam na possibilidade de um aumento de até 5o C), o limite
inferior de altitude para o cultivo de Arábica de boa qualidade aumentará aproximadamente
150 pés (46m) por década. Isso significa 15 pés por ano, ou seja, áreas que hoje são frias
demais para o cultivo de café poderiam se tornar apropriadas. No entanto, em muitos países
o uso da terra em maiores altitudes é restrito, devido a concorrência com outros cultivos, solo
inadequado, restrições ao cultivo, padrões de precipitação pluvial inapropriados, falta de
irrigação ou, simplesmente, de infra-estrutura.
2.2.2
Produtividade
Aumentos de temperatura afetam diferentes aspectos do metabolismo do cafeeiro na floração,
fotossíntese, respiração e composição do produto, etc., os quais, por sua vez, afetam
negativamente a produtividade. O rendimento, além disso, diminui em virtude de muitas das
estratégias de adaptação discutidas abaixo.
2.2.3
Pragas e doenças
Temperaturas mais altas favorecem a proliferação de certas pragas e doenças e sua dispersão
a regiões onde antes elas não ocorriam. No caso da broca do café (Hypothenemus hampei),
tida como a praga que mais danos causa à produção cafeeira, Jaramillo et al., (2009) prevêem
uma taxa intrínseca máxima de aumento da população de 8,5% para cada 1o C de aumento
nas temperaturas. Um estudo que analisa o impacto no café das mudanças climáticas no que
respeita aos nematóides (Meloidoygne incognita) e ao bicho mineiro (Leucoptera coffeella),
feito no Brasil, concluiu que no futuro haverá um aumento da infestação dos cafezais por
essas pragas em relação aos níveis observados nas condições climáticas normais que
prevaleciam entre 1961 e 1990. Da mesma forma, um relatório procedente da Colômbia
previne que a incidência de doenças como a ferrugem (Hemileia vastatrix) e a rubelose
(Corticium salmonicolor) possivelmente aumentará. Devido à maior vulnerabilidade dos
cafezais e à necessidade de introduzir controles mais rigorosos, os custos de produção
tenderão a aumentar.
- 11 -
2.2.4
Irrigação
À medida que os aqüíferos forem escasseando, haverá maior estresse em seu uso, forçando a
adoção de controles mais rigorosos. O documento técnico número VI do IPCC (Mudanças
climáticas e água) afirma que “As simulações dos modelos climáticos para o século XXI são
consistentes ao projetar aumentos de precipitação em grandes altitudes (muito prováveis) e
em parte das regiões tropicais, bem como reduções em algumas regiões subtropicais e mais
baixas de latitude média (prováveis)”. O relatório conclui que os recursos hídricos de
numerosas áreas semiáridas, tais como o Sul da África e o Nordeste do Brasil, provavelmente
diminuirão devido às mudanças climáticas. Por outro lado, com a intensificação da
precipitação e da variabilidade, é muito provável que os riscos tanto de enchentes como de
secas aumentem em muitas áreas. Em áreas que hoje dispensam irrigação, temperaturas mais
altas poderão resultar em maior evapotranspiração e em menor teor de umidade no solo.
Nessas áreas poderá ser preciso implantar infra-estruturas caras para irrigação. Além disso, a
vida útil dos cafeeiros submetidos a estresse hídrico provavelmente se encurtará.
2.2.5 Produção global
Com todas as transformações do meio ambiente, torna-se distinta a possibilidade de que
menos partes do mundo serão apropriadas para o cultivo de café de qualidade. Se assim for,
a atual tendência à concentração da produção se tornará ainda mais pronunciada. Isso, por
sua vez, poderia expor ainda mais a produção global a grandes flutuações, pois qualquer
distúrbio sério que afetasse a produção de um dos principais produtores limitaria
drasticamente a produção global.
2.3
Estratégias de mitigação e adaptação
2.3.1 Mitigação
A mitigação do aquecimento global envolve a tomada de medidas para reduzir as emissões de
gases do efeito estufa e melhorar os sumidouros para diminuir o aquecimento global.
Mitigação difere de adaptação ao aquecimento global, que envolve a tomada de medidas para
minimizar seus efeitos. A mitigação é eficaz para evitar o aquecimento, mas não para
revertê-lo rapidamente. O consenso científico quanto ao aquecimento global, somado ao
princípio da cautela e ao temor a mudanças climáticas abruptas, está levando a maiores
esforços para desenvolver novas tecnologias e ciências e gerir outras cuidadosamente, numa
tentativa de mitigar o aquecimento global. A “Stern Review” identifica diversos meios de
mitigar as mudanças climáticas, entre os quais os seguintes: redução da demanda por bens e
serviços que geram emissões intensas; e aumento da eficiência; aumento do uso e
desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono; e a redução das emissões de combustíveis
fósseis.
- 12 -
2.3.2 Adaptação
No caso da agricultura, em vista dos impactos adversos de longo alcance das mudanças
climáticas, a adaptação deve ser um componente integral de uma estratégia eficaz dirigida às
mudanças climáticas, juntamente com a mitigação. Como tal, a adaptação pode ser abordada
como oportunidade para repensar o desenvolvimento, constituindo parte de um plano
abrangente de combate à pobreza sintonizado com as Metas de Desenvolvimento do Milênio.
Há um risco real de que o progresso que já se obteve na consecução dessas metas se torne
drasticamente lento ou, até, seja revertido pelas mudanças climáticas à medida que crescem
as pressões sobre a disponibilidade hídrica, a segurança alimentar, a produção agrícola e
muitos outros aspectos fundamentais das atuais economias emergentes.
Devido às perturbações climáticas – atuais e previstas – causadas pelos altos níveis de
emissão de gases do efeito estufa pelas nações industrializadas, a adaptação, em todas as
escalas, torna-se necessária como estratégia para complementar os esforços destinados a
mitigar as mudanças climáticas, pois não há certeza quanto à possibilidade de mitigar todas
elas. Evidências geológicas sobre o ciclo glacial/interglacial mais semelhante, há cerca
de 400.000 anos, indicam que, no longo prazo, a inevitabilidade de maior aquecimento é
muito provável.
A despeito de seu potencial para reduzir os impactos negativos das mudanças climáticas e
ampliar os impactos benéficos, a adaptação terá custos e não impedirá todos os danos. Os
extremos, a variabilidade e os índices de mudança, e não a mera alteração das condições
climáticas médias, são importantes elementos a considerar ao lidar com questões como a
vulnerabilidade e a adaptação às mudanças climáticas.
Até certo ponto, os sistemas humanos e naturais se adaptarão autonomamente às mudanças
climáticas. A adaptação planejada pode suplementar a adaptação autônoma, embora haja
outras opções e maior possibilidade de incentivos quando se trata da adaptação dos sistemas
humanos que da adaptação para proteger os sistemas naturais.
2.3.3
Países menos desenvolvidos
Via de regra, a capacidade de manejo e adaptação dos sistemas humanos às mudanças
climáticas depende de fatores como riqueza, tecnologia, educação, informação, habilidades,
infra-estrutura, acesso a recursos, capacidade de gestão e vontade sócio-política. Tanto os
países menos quanto mais desenvolvidos têm potencial para melhorar e/ou adquirir
capacidade de adaptação. Os atributos das populações e comunidades são altamente
variáveis, e os países menos desenvolvidos são os mais fracos nesse sentido. Em
conseqüência, eles têm menos capacidade de se adaptar e são mais vulneráveis aos danos
causados pelas mudanças climáticas e outros estresses. Isso chega a graus extremos entre as
populações menos favorecidas.
- 13 -
2.3.4
Reforço mútuo
Numerosas comunidades e regiões vulneráveis às mudanças climáticas também sofrem as
pressões de forças como o crescimento populacional, o esvaziamento de recursos e a pobreza.
Políticas destinadas a atenuar pressões sobre recursos, melhorar o manejo dos riscos
ambientais e dar melhores condições de vida aos membros mais pobres da sociedade podem
simultaneamente promover o desenvolvimento sustentável e a eqüidade, fortalecer a
capacidade de adaptação e reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas e a outros
estresses. A inclusão dos riscos climáticos no planejamento e implementação de iniciativas
nacionais e internacionais de desenvolvimento – a das cidades polares, por exemplo – pode
promover a eqüidade e um desenvolvimento mais sustentável, reduzindo a vulnerabilidade às
mudanças climáticas.
Num estudo de 2009 do Centro Nacional Americano para a Análise de Políticas (NCPA)
argumenta-se que a adaptação é mais econômica que a mitigação. O relatório do Centro faz
as seguintes observações:



2.4
Até 2085, a contribuição do aquecimento (não abrandado) aos problemas
listados acima em geral será menor que a de outros fatores não relacionados
com as mudanças climáticas.
Mais significativamente, esses riscos seriam reduzidos muito mais eficaz e
economicamente pela redução da vulnerabilidade atual e futura às mudanças
climáticas que por sua mitigação.
Finalmente, a adaptação ajudaria os países em desenvolvimento a se haver
com os principais problemas, tanto agora como até 2085 e além, mas gerações
passariam antes que mitigação que não fosse draconiana surtisse um efeito
discernível.
Adaptação do setor cafeeiro
A adaptação às mudanças climáticas deve fazer-se pela prevenção e remoção de práticas de
adaptação inapropriadas, ou seja, práticas que não levem à redução da vulnerabilidade, mas a
seu aumento. Entre os exemplos de medidas para impedir ou evitar a adaptação inapropriada
estão a melhor gestão dos sistemas de irrigação e normas melhoradas para regulamentar a
construção civil em regiões costeiras e baixadas alagadiças.
O planejamento para as mudanças climáticas deve incluir o exame de riscos relacionados
com o clima, entre os quais os que têm início lento, como as mudanças de temperatura e
precipitação que levam a perdas à agricultura, a secas e à redução da biodiversidade; e os que
têm início mais repentino, como as tempestades tropicais e as enchentes. Experiências
- 14 -
passadas e presentes no trato com a variabilidade climática e os eventos extremos fornecem
informações valiosas para a redução da vulnerabilidade e o aumento da resiliência a impactos
adversos relacionados com o clima no futuro.
Em todas as regiões, é preciso melhorar a capacidade técnica para avaliar, planejar e incluir
as necessidades de adaptação nos planos setoriais de desenvolvimento. Também é preciso
apoiar a inclusão da adaptação nas políticas setoriais, focalizando os recursos hídricos, a
agricultura, as zonas costeiras e o manejo dos ecossistemas naturais. A transferência
tecnológica baseada em necessidades é uma área importante dos esforços das Nações Unidas
para ajudar os países a se adaptar. Essa transferência pode englobar tecnologias mais
concretas, como novos sistemas de irrigação ou sementes resistentes a secas, ou tecnologias
mais abstratas, como esquemas de seguros ou modelos de rotação de culturas; ou podem,
naturalmente, envolver uma combinação das duas formas.
Outra estratégia importante de adaptação é a diversificação econômica intrassetorial, para
reduzir a dependência em relação aos recursos sensíveis ao clima, particularmente quando se
trata de países que dependem de um número limitado de atividades econômicas sensíveis ao
clima, tais como a exportação de produtos sensíveis ao clima. Várias ações poderiam
preparar melhor os produtores de café para enfrentar as potenciais conseqüências das
mudanças climáticas em suas áreas. Entre as mais importantes estão:



monitoramento circunstanciado de alterações climáticas e da produção, pela
elaboração de mapas classificando as áreas mais propensas à propagação de
determinadas pragas no contexto do impacto provável de mudanças climáticas.
Mecanismos de mercado – por exemplo, apoio financeiro aos agricultores,
condicionado à escolha de cultivos recomendados – já começam a ser
utilizados em alguns países, oferecendo o tipo de orientação governamental
necessário para garantir a viabilidade do setor cafeeiro no longo prazo;
mapeamento circunstanciado de prováveis mudanças climáticas dentro de cada
região: A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (CQNUMC) está capacitando países menos desenvolvidos a
identificar suas prioridades imediatas em matéria de opções de adaptação,
através de Programas de Ação de Adaptação Nacional (NAPAs). Esses
programas identificam as necessidades mais urgentes e imediatas dos países,
isto é, as que, com mais demoras, poderiam torná-los mais vulneráveis ou
levar a maiores custos futuros. Mais de 40 países menos desenvolvidos
recebem financiamento da Convenção para preparar seus NAPAs, valendo-se
das informações existentes e de contribuições em nível comunitário para
priorizar seus planos de adaptação. Em resultado, muitos países já
apresentaram seus NAPAs ao Secretariado da CQNUMC;
migração: A produção poderia ser transferida para o norte ou para o sul
(expansão latitudinal) à procura de condições climáticas mais apropriadas.
- 15 -




Um cenário provável seria o da transferência da produção brasileira para o sul,
reinstalando-a em áreas onde a probabilidade de geadas está-se reduzindo ou,
talvez, até desapareça por completo. No entanto, as transferências latitudinais
generalizadas serão difíceis, devido à susceptibilidade tanto do Arábica quanto
do Robusta a mudanças no fotoperíodo, com efeitos que vão desde
um encurtamento perceptível da fase de crescimento até uma inibição do
desenvolvimento das flores. Notar, além disso, que hoje se cultiva café em
áreas do Nepal e da China (Província de Yunnan) que estão fora da faixa
“normal” de distribuição tropical da cafeicultura. À medida que as
temperaturas sobem, a produção também pode ser transferida para áreas de
maior altitude (expansão altitudinal) onde o clima se torne mais adequado para
a cafeicultura. As transferências tanto de localização geográfica quanto
de altitude, porém, poderão ser restringidas pelos fatores mencionados no
item 2.1.1 acima;
estimativa do impacto na qualidade da produção cafeeira: À medida que as
temperaturas sobem, o café passa a amadurecer mais depressa, com queda de
qualidade. Isso significa que áreas atualmente favoráveis ao cultivo de café
não continuarão a sê-lo em 20 anos, e que outras demasiado frias podem se
tornar apropriadas. O deslocamento em direção a novas áreas é altamente
problemático, dada a competição cada vez maior por terras férteis em todas as
regiões;
uma estratégia para facilitar a diversificação para fora da cafeicultura quando
necessário: A diversificação está na agenda há muitos anos, mas ainda é
um grande desafio, sobretudo devido à falta de substitutos adequados.
Prevê-se porém que, devido à crescente pressão sobre os cultivos alimentares,
mais terrenos que os que a produção cafeeira hoje utiliza poderão ser motivo
de competição com outros cultivos rentáveis;
avaliação das técnicas de adaptação disponíveis, tais como o manejo dos
sistemas de sombra: Embora o café tenha se originado na sombra, os cafezais
de hoje prosperam fora dela em zonas onde há climas e solos apropriados.
Contudo, quando a produção é transferida para áreas com condições menos
que desejáveis, ou que serão afetadas pelas mudanças climáticas, o uso de
sombreamento é altamente aconselhável. Os principais efeitos são a redução
das flutuações da temperatura do ar em até 3-4o C, a redução das velocidades
do vento e o aumento da umidade do ar. O sombreamento em geral é adotado
para evitar grandes quedas nas temperaturas noturnas em altas elevações, ou
em latitudes elevadas, como no Estado do Paraná, no Brasil;
plantio em altas densidades, solo vegetal e irrigação: Em todos estes casos, o
principal objetivo é manter e/ou aumentar a matéria orgânica e a capacidade
de retenção de água do solo, com isso dando maior viabilidade ao cultivo em
condições climáticas adversas; e
- 16 -

melhoramento genético: Quando se recorre a manipulação genética, os
principais objetivos são desenvolver maior produtividade, qualidade, robustez
e longevidade. O Brasil e a Colômbia estão na linha de frente da pesquisa
neste domínio, no que se refere sobretudo à produção de cafeeiros resistentes à
ferrugem da folha. Assim é essencial que o melhoramento genético com base
na reprodução seletiva das espécies Arábica e Robusta contribua para a
sustentabilidade de longo prazo da cafeicultura em terras potencialmente
afetadas. Em alguns casos, a pesquisa se concentra no desenvolvimento de
variedades que poderiam se dar bem com temperaturas mais altas e, ao mesmo
tempo, se manter altamente produtivas. Um exemplo interessante é o
programa de melhoramento genético do Instituto Agronômico de Campinas
(IAC), que atualmente trabalha com a possibilidade de transferir do Robusta
ao Arábica características como resistência a pragas, vigor e, acima de tudo,
maior resistência a temperaturas mais elevadas. Igualmente importante é a
pesquisa sobre variedades que exigem menos água. ANEXO I
IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO CAFÉ:
OPINIÕES DE INTERESSADOS
Neste Anexo abre-se um espaço para a apresentação das opiniões de interessados – dos
cafeicultores em particular – sobre as mudanças climáticas. A coleção abaixo reflete
declarações de organizações não-governamentais (ONGs), associações de produtores,
esquemas de certificação e outros líderes do setor, que testemunham de primeira mão as
conseqüências das mudanças climáticas.
Brasil
Nas últimas décadas, a cafeicultura brasileira vem-se transferindo para o Norte, isto é, para
longe de áreas propensas a geadas, à procura de climas mais benignos. Devido ao aumento
das temperaturas e redução das geadas, porém, a localização da cafeicultura no Sul do país
volta a se tornar desejável. Temperaturas consistentemente acima das médias históricas são
registradas pelas agências meteorológicas do país desde os anos 90. No geral, os cientistas
julgam que, com o aumento das temperaturas, a viabilidade da cafeicultura em estados
sulinos como o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, antes considerados demasiado
expostos ao risco de geadas, se tornará cada vez maior. Nos anos 90, pesquisadores da região
começaram a notar que a produtividade agrícola em geral estava caindo. Temperaturas altas
no mês de outubro de anos sucessivos, na altura da floração, provocavam uma perda
prematura das flores, em alguns casos impedindo a formação das cerejas.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um aumento
de 1o C nas temperaturas poderia reduzir em até 200.000 km2 as áreas atualmente com
potencial para a cafeicultura. Um aumento de 3o C removeria outros 320.000 km2, e
um aumento catastrófico de 5,8o C eliminaria outros 310.000.
Colômbia
Os custos de produção provavelmente aumentarão, devido a novas condições climáticas que
favorecem a proliferação de insetos, pragas e patógenos. Assim, embora muitas pragas sejam
naturalmente contidas por seus atuais predadores, um clima instável pode alterar esse quadro
e induzir condições propícias à proliferação de patógenos e insetos que servirão como
inóculos de epidemias e populações epizoóticas. No caso da broca do café, por exemplo,
ambientes mais secos podem afetar a presença do fungo Beauveria bassiana, reduzindo sua
eficácia em inibir infecções naturais ou artificiais, e promovendo um aumento das populações
desta praga. De forma análoga, um aumento da precipitação pluvial durante o ano pode
contrabalançar o efeito restritivo dos períodos secos na proliferação de patógenos, assim
possibilitando a continuidade de ciclos vitais que, de outra forma, seriam interrompidos. O
mesmo efeito pode resultar de temperaturas mais altas. Ciclos vitais contínuos em
I-2
organismos com alta capacidade reprodutiva podem resultar numa taxa exponencial de
crescimento das respectivas populações e em danos permanentes às lavouras. Finalmente, o
aumento da temperatura em altitudes e latitudes de regiões montanhosas permitirá a
propagação de doenças a regiões onde elas antes não estavam presentes. Assim também a
produção pode ser afetada negativamente pela incidência, entre outras, de doenças como a
ferrugem da folha do cafeeiro, o mal rosado (Corticium salmonicolor) e as lesões da raiz
causadas pela Rosellinia, cuja proliferação é facilitada pela persistência de chuva e a
ocorrência de alta umidade relativa no ambiente. A deficiência hídrica não é comum na
maioria das áreas cafeeiras da Colômbia e, assim, a irrigação não é necessária. Entretanto,
aumentos das temperaturas médias causam muita evaporação, perdas de água do solo e taxas
mais altas de perspiração, desta forma aumentando a necessidade de água. Se for esse o caso,
muitos cafeicultores terão de introduzir algum tipo de infra-estrutura para a irrigação, e isso
inevitavelmente elevará seus custos de produção.
Não há dúvida de que, na hipótese de haver um aumento global significativo, as chances são
de que, em algumas regiões, os cafezais tenham de ser transferidos para maiores altitudes, à
procura de condições ambientais mais apropriadas para a produção. Há grande interesse na
aquisição do máximo possível de conhecimentos sobre as metodologias e o uso de cenários
de impacto, para permitir uma avaliação das implicações das mudanças climáticas para o
crescimento e o desenvolvimento do setor cafeeiro.
Costa Rica
Os cafeicultores da Costa Rica estão enfrentando a ameaça das mudanças climáticas, mas a
elevação das temperaturas também está expandindo as áreas de grande altitude onde o café
mais valioso do país é cultivado. Os aumentos de temperatura podem ajudar a transformar as
áreas montanhosas do país – no passado demasiado frias para a delicadeza dos cafeeiros – em
terrenos da mais alta qualidade para a cafeicultura.
O Arábica “strictly hard-bean” procurado pelos torrefadores de cafés finos só é encontrado
em grandes altitudes. As mudanças, assim, podem significar mais oportunidades para
um país já conhecido por seu café de alta qualidade. Segundo um agrônomo da cooperativa
de cafeicultores Coopedota, o café agora pode ser cultivado em altitudes de 2.000 m, ao passo
que ele anteriormente não sobrevivia em altitudes de mais de 1.800 m.
Índia
As lavouras de Arábica na Índia já sofrem os efeitos negativos do aquecimento global. Em
algumas áreas da região de Coorg, as precipitações pluviais caíram um terço, passando de
106 a 70 polegadas por ano e mudando radicalmente o ecossistema e as condições de cultivo.
Com temperaturas mais altas, também, a infestação das lavouras de Arábica pela broca branca
I-3
do tronco destruiu até 35% da safra, e as de Robusta, imunes a essa praga, em vez disso são
atacadas pela broca do grão. Cafeicultores que nunca tinham de pensar em irrigação num
clima tão úmido vêem-se obrigados a cavar poços profundos, de grande volume, que baixam
os níveis dos lençóis freáticos da região. O Governo da Índia tem pago os cafeicultores para
monitorar o ciclo vital das brocas, para que um meio de combatê-las com eficácia possa ser
planejado.
México
Segundo o Presidente da União Nacional dos Produtores de Café, Eleuterio González
Martínez, a produção de café do país está em risco devido às mudanças climáticas e ao
avanço das pragas. Numa entrevista, o líder cafeeiro afirmou que “com as mudanças
climáticas, já não se sabe que culturas estão em maior risco”. O Sr. Gonzalez explica que as
melhores áreas para a produção de café anteriormente ficavam entre 600 e 1.200 m acima do
nível do mar, mas agora esses limites já não existem. Os relatórios mais recentes indicam
que até os cafezais plantados em altitudes de 1.200 metros estão sendo afetados pela broca.
Ou seja, onde antes se considerava não haver risco, “com as mudanças climáticas, todas as
altitudes correm risco na produção de café”. Ele também enfatiza que não há programas de
seguros para os pequenos produtores, embora todos eles se vejam ameaçados pelas mudanças
climáticas.
Peru
Temperaturas cada vez mais altas e um clima que se tornou errático estão mudando
tendências históricas nas áreas de cafeicultura, uma região intimamente ligada ao impacto das
mudanças climáticas devido ao degelo rápido das geleiras tropicais do país. Os cafeicultores
noticiam que a elevação das temperaturas é responsável pela antecipação do início da safra
este ano – cerca de um mês mais cedo que no ano passado. Noticiam também que o café de
grande altitude está amadurecendo em épocas mais típicas ao café de baixada.
Os cafeicultores peruanos costumam começar a colher café em abril, cerca de seis meses
antes da colheita de Arábica no resto do mundo. A época distinta do cultivo deu ao Peru, o
sexto maior exportador mundial de café, uma vantagem competitiva única. Os produtores
peruanos se preocupam com a possibilidade de perder sua posição privilegiada se a época da
colheita continuar a se adiantar. Para eles, a escassez de chuva este ano em algumas das
áreas de cafeicultura resulta do aumento das temperaturas globais.
Um estudo aprofundado já está sendo feito pela Agência Alemã de Cooperação
Técnica (GTZ) e a Cafédirect com o objetivo de tornar a adaptação dos pequenos produtores
às mudanças climáticas acessível. Pesquisas estão sendo feitas em quatro grandes áreas de
cafeicultura envolvendo entrevistas extensas com cafeicultores e agrônomos locais. As
principais mudanças até agora reportadas são as seguintes:
I-4
Temperatura: aumentos de temperatura, igualados por frentes frias repentinas que provocam
geada e granizo.
Precipitação pluvial: níveis mais baixos de precipitação, secas prolongadas e redução da
disponibilidade hídrica. Em algumas áreas, os níveis não têm sido afetados no total, mas sua
distribuição tem, com chuvas torrenciais causando enchentes e movimentos dos terrenos.
Vento: ventos mais fortes têm sido responsáveis pela destruição de árvores, estradas e
infra-estrutura em geral e causado sérios danos aos cafezais.
Quênia
Prevê-se que, no Quênia, a área total do cafeeiro e das lavouras de chá continuará a mesma,
mas migrará para terrenos mais altos. Todos os terrenos em torno do Monte Quênia hoje
utilizados na produção de chá se tornariam inúteis para essa produção, e ela teria de ser
transferida montanha acima. A área em questão é de matas, que teriam de ser derrubadas,
acelerando o aquecimento local e global. Nas áreas apropriadas para as lavouras de café e
chá, são numerosos os efeitos do aquecimento global. O solo tende a secar mais depressa,
levando a um gretamento que pode ter impactos nas raízes mais delgadas e nos organismos
do solo que mantêm a saúde do cafeeiro. O café se desenvolveu sob a copada de árvores
mais altas, e assim, no Arábica, a camada externa da folha não consegue tolerar estresses
térmicos, podendo fazê-la murchar. Esses dois efeitos tornam o cafeeiro mais vulnerável aos
patógenos, em particular aos patógenos exóticos que podem entrar na área quando sua
temperatura sobe. Em termos de qualidade, temperaturas mais altas podem dilatar o período
de floração, expandindo o período de frutificação. O resultado é uma queda de qualidade.
Tanzânia
Um exemplo oposto da migração das melhores áreas de cafeicultura é fornecido pela
Tanzânia, para cujo PIB o café contribui significativamente. A Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) compilou modelos científicos das
mudanças que ocorreriam no país nas próximas décadas se a atual tendência ao aquecimento
prosseguir. Prevê-se, porém, que a elevação das temperaturas levará a um aumento da
produtividade do café de quase 20%. Esta é uma notícia muito boa, não só para os
cafeicultores mas para o PIB do país, e este por isso tem uma estratégia complexa para reagir
ao aquecimento global, aproveitando os benefícios trazidos às exportações e, ao mesmo
tempo, adaptando-se a quedas previstas na produção de produtos fundamentais como o milho.
Uganda
Talvez nenhum outro país venha potencialmente a sofrer maiores conseqüências adversas do
aquecimento global que Uganda. Um relatório da Oxfam admoesta que os terrenos
I-5
apropriados para a cafeicultura do país correm o risco de uma redução drástica. O relatório,
intitulado “Aumento do Calor, Mudanças Climáticas e Pobreza em Uganda” afirma que
“se as temperaturas médias globais subirem dois graus ou mais, é provável que a maior parte
de Uganda deixe de ser apropriada para o café. Isso poderá acontecer em 40 anos ou, talvez,
até em 30.” O relatório também deixa claro que já há indícios de padrões pluviométricos
erráticos no país. Segundo a Oxfam, a devastação causada por enchentes e deslizamentos de
terra já é motivo para preocupações, especialmente quando especialistas das áreas científicas
advertem que as mudanças climáticas de hoje são apenas o começo dos desastres naturais
desse tipo.
O aumento das precipitações erráticas na estação chuvosa que vai de março a julho tem
ocasionado estiagens, quedas de rendimento das safras e uma redução das variedades
botânicas. A Oxfam afirma, porém, as chuvas quase no final do ano são mais intensas e
destrutivas, trazendo enchentes, deslizamentos de terra e erosão do solo. Como tal,
“a cafeicultura de Uganda corre perigo de extinção se as temperaturas subirem muito”.
Do lado positivo, contudo, alguns agricultores aparentemente começaram a implementar
estratégias de mitigação, como o cultivo de mais árvores para criar novas áreas sombreadas
mais frescas para o café, o uso de cobertura vegetal ou proteção do solo com grama para reter
água para irrigação, e a escavação de longos patamares no chão para captar água de chuva. O
grau de eficácia dessas medidas ainda está por auferir.
ANEXO II
ORGANIZAÇÕES QUE DISPONIBILIZAM FUNDOS PARA MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A tabela abaixo contém uma lista abrangente de organizações que disponibilizam fundos para mitigação e adaptação às mudanças climáticas, e inclui as quantias até agora desembolsadas para
cobrir programas nessas áreas.
Número
de projetos
Total dos fundos
desembolsados até agora
(US$ milhões)
0
0,0
0
0,0
0
0,0
Nome e link
Adaptation Fund
Clean Technology Fund
Cool Earth Partnership
Environmental Transformation Fund – International
Window
Forest Carbon Partnership Facility
Tipo
Multilateral
Multilateral
Bilateral
Administrado por
Diretoria do Fundo de Adaptação
Banco Mundial
Governo do Japão
Áreas de concentração
Adaptação
Mitigação – geral
Adaptação, mitigação – geral
Bilateral
Multilateral
Governo do Reino Unido
Banco Mundial
Adaptação, mitigação – geral
Mitigação – REDD
0
0
0,0
0,0
Forest Investment Program
Multilateral
Banco Mundial
Mitigação – REDD
0
0,0
GEF Trust Fund – Climate Change focal area
Multilateral
Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM) Adaptação, mitigação – geral
591
2.388,7
Global Climate Change Alliance
Bilateral
Comissão Européia
Adaptação, mitigação – geral,
Mitigação – REDD
0
0,0
International Climate Initiative
Bilateral
Governo da Alemanha
Adaptação, mitigação – geral
128
347,2
International Forest Carbon Initiative
Bilateral
Governo da Austrália
Mitigação – REDD
0
0,0
Least Developed Countries Fund
Multilateral
Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM) Adaptação
62
47,5
MDG Achievement Fund – Environment and
Climate Change thematic window
Multilateral
PNUD
Adaptação, mitigação – geral
16
85,5
Pilot Program for Climate Resilience
Multilateral
Banco Mundial
Adaptação
0
0,0
Scaling-Up Renewable Energy Program for Low
Income Countries
Multilateral
Banco Mundial
Mitigação – geral
0
0,0
Special Climate Change Fund
Multilateral
Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM) Adaptação
14
59,8
0
0,0
22
50,0
0
0,0
Adaptação, mitigação – geral,
Mitigação – REDD
Strategic Climate Fund
Multilateral
Banco Mundial
Strategic Priority on Adaptation
Multilateral
Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM) Adaptação
UN-REDD Programme
Multilateral
PNUD
Mitigação – REDD
ANEXO III
PROJETOS ATUAIS DE PESQUISA SOBRE
O IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AGRICULTURA
Entre os projetos que vêm sendo implementados para pesquisar as implicações das mudanças
climáticas na agricultura estão os seguintes:



Conservação de energia em unidades de processamento de chá de
pequenas empresas no Sul da Índia, financiado pelo Fundo Fiduciário
do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM) – Área focal mudanças
climáticas (iniciativas de mitigação), US$1,0 milhão;
Obtenção de biocombustíveis e fibra de celulose não-madeireira de resíduos
agrícolas/detritos no Peru, Fundo Fiduciário do FMAM – Área focal mudanças
climáticas (FMAM), US$1,0 milhão; e
Adaptação aos efeitos da estiagem e das mudanças climáticas nas
Zonas Agroecológicas 1 e 2 no Zâmbia, Fundo para os Países Menos
Desenvolvidos (LDCF), US$3,5 milhões.
ANNEX IV
REFERÊNCIAS
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