AGES FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS BACHARELADO DE ADMINISTRAÇÃO EVERTON OLIVEIRA SANTOS ESTRATÉGIAS DE MARKETING POLÍTICO E ELEITORAL: O diferencial competitivo do Profissional de Marketing Político numa campanha eleitoral Paripiranga 2011 EVERTON OLIVEIRA SANTOS ESTRATÉGIAS DE MARKETING POLÍTICO E ELEITORAL: O diferencial competitivo do Profissional de Marketing Político numa campanha eleitoral Monografia apresentada no curso de graduação da Faculdade AGES como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Esp. Thales Brandão Ferreira Paripiranga 2011 EVERTON OLIVEIRA SANTOS ESTRATÉGIAS DE MARKETING POLÍTICO E ELEITORAL: O diferencial competitivo do Profissional de Marketing Político numa campanha eleitoral Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração, à Comissão Julgadora designada pelo Colegiado do Curso de Graduação da AGES – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Paripiranga, 02 de junho de 2011. BANCA EXAMINADORA Prof.º Thales Brandão Ferreira Faculdade AGES Prof.ª Sílvia Manoela de Jesus Machado Silva Faculdade AGES Prof.º Rusel Marcos Batista Barroso Faculdade AGES Dedico... ... aos meus filhos, Carlos Emanuel e João Vítor, que são a razão do meu viver. Aos meus pais, Ilma e Manoel, por toda dedicação, paciência, esperança e confiança a mim outorgadas. Às minhas irmãs, Luciana, Érica e Alline, amigas e companheiras. À Tio Joãozinho (in memoriam). E, especialmente, à minha esposa, Ana Gleise, que se dedicou completamente para que eu alcançasse esta vitória. AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus Cristo que me abençoou com o dom da inteligência, paciência e perseverança para obtenção desta vitória. À Faculdade AGES, que, à luz de sua metodologia, possibilitou o acesso a uma educação de qualidade e prospera em nossa vida pessoal e profissional. Ao mestre e amigo Prof. Thales Brandão, pois abraçou comigo o objetivo de dissertar sobre um tema novo e questionável à luz da ciência, ainda assim soube conduzir o meu trabalho para o merecido êxito. Durante o período da construção da monografia conheci uma pessoa, um profissional e um amigo para levar por toda vida como exemplo. Aos meus professores, Augusto Teixeira, Marcos Antônio, Eleusa, Eliete Rosa, Gleberval Carvalho, Ivan Fontes, Franklin, Carlos Eduardo, Sônia Raguer, Márcio Gomes, e, em especial, aos mestres e amigos Edivaldo Rabelo e Silvia Manoela, que sempre os considerei como parte de minha família, pois durante esta caminhada estiveram comigo nos momentos mais difíceis, de plena aprendizagem, participaram intensamente na minha formação profissional. Aos meus amigos: Fagner, Fagno, Rodrigo, Thiago, Vera, Samara, Acássia, Ucleriston, Eliel, Denilson Reis, Bruno Santos, Gilberto, Edna, Viviane, Dennis Rodrigues, Patrícia, Larissa, Cleide, Clarisse, Daniela, Marta Virgínia, Tamires, Monaliza, Mércia, Renata Dantas, Rosecleide, Salovandro, Isabela, Camila e tantos outros colegas. Foram amigos que enfrentaram comigo o desafio de uma faculdade, juntos lutamos por respeito e princípios profissionais, perpassamos por muitos momentos de alegria, tristeza, dificuldades, mas em todos os momentos estávamos juntos e firmes no mesmo propósito. Aos amigos motoristas, Jailton Oliveira, José Lima (in memoriam) e Gilmácio Santos, que, com total dedicação, atenção e cuidado, me ajudaram a chegar até aqui. Aos funcionários da Faculdade AGES pela sua dedicação e eficiência profissional nos serviços, em especial a Márcia Verônica, pela dedicação, paciência e amizade sincera por mim. Aos meus pais, Ilma e Manoel, mesmo sendo analfabetos, pois não tiveram a mesma oportunidade, lutaram para que seus filhos tivessem a oportunidade de estudar e subsequentemente conquistar valiosas vitórias na vida. A minha esposa, Ana Gleise, que abençoada de paciência e compreensão soube me ajudar diretamente para a conquista desta vitória. E ainda com carinho e dedicação soube suprir a minha ausência para educar os nossos filhos: Carlos Emanuel e João Vítor. A todos, o meu muitíssimo obrigado! Tudo o que está acontecendo neste momento é resultado de escolhas feitas no passado. Se você parar um pouco e começar a observar suas escolhas no momento em que elas ocorrem, mudará esse aspecto de inconsciência. Quando você faz uma escolha perguntese duas coisas: primeira, “quais serão as conseqüências da escolha que estou fazendo?”; segunda, “essa escolha trará felicidade a mim e aos outros ao meu redor?” a resposta à primeira questão você sentirá no seu coração e saberá imediatamente quais serão as conseqüências. Quanto à segunda questão, se a resposta for sim, então persiste nessa escolha. Chopra, 1998 RESUMO A essência do marketing, em síntese, consiste na busca da satisfação do consumidor com a realização do seu desejo, desta forma constituindo uma fidelização do cliente. Já o marketing político, por sua vez, é compreendido pelo esforço de promover e manter a imagem do político na preferência popular, com foco no bem mais precioso do cidadão, o voto. Mas uma campanha eleitoral requer um planejamento estratégico eficiente e eficaz para que possa conduzir todo o plano estratégico de marketing eleitoral para uma campanha. Numa abordagem bibliográfica, este trabalho busca explicar e conceituar o marketing político e o marketing eleitoral, trazendo estes temas para conhecimento da sociedade, bem como apresenta os principais pontos a serem abordados numa campanha eleitoral, e no final apresenta uma abordagem crítica acerca do papel do profissional de marketing e assessores numa campanha, visto que uma campanha eleitoral, assim como numa guerra, não pode ser planejada, controlada, organizada e executada isoladamente pelo candidato. PALAVRAS-CHAVE: Planejamento. Estratégia; Marketing Político; Marketing Eleitoral; ABSTRACT The essence of marketing, in synthesis, is the search of customer’s satisfaction with the accomplishment of his/her wish, thus constituting a client’s loyalty. Already the political marketing, in turn, is understood by the effort to promote and maintain the image of politics in popular preference, focusing on the most precious of the citizen the vote. But an election campaign requires an efficient and effective strategic plan so it can drive all strategic plan of election marketing for a campaign. In a bibliographic approach, this work tries to explain and conceptualize the political and electoral marketing, bringing these issues to the knowledge of the society, as well as it presents the main topics to be addressed in an election campaign, and finally, it presents a critical analysis of the role of a marketing professional and advisers in a campaign, once an election campaign, as well as in a war, can’t be planned, controlled, organized and executed by the applicant alone. KEYWORDS: strategy; political marketing, election marketing; planning. LISTAS LISTA DE FIGURAS Figura 1.0 – Os 4P’s do mix de marketing ............................................................... 20 Figura 2.0 – Comparação entre a orientação de vendas e a de marketing .............. 24 Figura 3.0 – As consequências de um valor superior para os clientes ................... 24 Figura 4.0 – Formação e consolidação da imagem ................................................ 39 LISTA DE QUADROS Quadro 1.0 – Tipos de pesquisa de marketing ......................................................... 32 Quadro 2.0 – Metodologias de pesquisa: qualitativa versus quantitativa ................. 33 Quadro 3.0 – Relação dos Partidos Políticos registrados no TSE ........................... 54 Quadro 4.0 – Cronograma de Campanha ............................................................... 62 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13 2 FUNDAMENTOS DE ESTRATÉGIA E MARKETING ........................................... 16 2.1 O que é Estratégia.......................................................................................... 16 2.2 Conceituação, história e evolução do Marketing ............................................ 18 2.2.1 Mix de marketing (composto de marketing). ........................................ 20 2.2.2 Orientações organizacionais para o mercado ...................................... 22 2.2.2.1 Orientação de produção. ........................................................ 22 2. 2.2.2 Orientação de produto. .......................................................... 22 2. 2.2.3 Orientação de vendas............................................................ 23 2. 2.2.4 Orientação de marketing. ...................................................... 23 2. 2.2.5 Orientação de valor. .............................................................. 24 2.2.3 Necessidades e desejos ..................................................................... 25 2.2.4 Valor e satisfação ................................................................................ 25 2.2.4.1 Marketing de relacionamento. ................................................ 26 2. 2.4.2 CRM (Customer Relationship Management). ........................ 27 2. 2.4.3 Sistema de Informação de marketing. ................................... 28 2.2.5 Comportamento do consumidor .......................................................... 28 2.2.6 Segmentação de mercado ................................................................... 29 2.2.7 Vantagem competitiva .......................................................................... 31 2.2.8 Pesquisa de Marketing ......................................................................... 31 3 MARKETING POLÍTICO E ELEITORAL. ............................................................. 34 3.1 Evolução pela história ................................................................................... 34 3.2 O conceito de Marketing Político ................................................................... 36 3.3 Fundamentos de Marketing Eleitoral ............................................................. 38 3.4 O composto Mercadológico de Marketing Político ........................................ 40 3.5 Pesquisa Eleitoral. ......................................................................................... 44 3.5.1 A opinião pública ................................................................................. 46 3.6 A relação do Profissional de Marketing Político ............................................ 47 4 ANÁLISE AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO DE MARKETING ....................... 50 4.1 Análise Ambiental ........................................................................................... 50 4.2 Comportamento do Eleitor............................................................................. 51 4.3 A influência da impressa ............................................................................... 52 4.4 Os Partidos e os Políticos ............................................................................. 53 4.5 Avaliação de sua da Equipe ......................................................................... 56 5 PLANEJAMENTO DE MARKETING ELEITORAL ............................................... 58 5.1 As campanhas eleitorais ................................................................................ 58 5.2 Orçamento Financeiro. .................................................................................. 60 5.3 Cronograma .................................................................................................. 62 5.4 Programa de Governo .................................................................................. 64 5.5 Propaganda Eleitoral ..................................................................................... 65 5.5.1 Logotipo e Jargão ............................................................................... 66 5.5.2 Fotos .................................................................................................... 68 5.5.3 Cores ................................................................................................... 68 5.5.4 Músicas ................................................................................................ 69 5.5.5 O poder do Rádio ................................................................................. 70 5.5.6 Televisão .............................................................................................. 71 5.5.7 Jornal e Revista ................................................................................... 72 5.5.8 Internet ................................................................................................. 73 5.6 O Discurso .................................................................................................... 74 5.7 Cabos Eleitorais: Simpatizantes e Militantes ................................................ 75 5.8 Boca de Urna ................................................................................................ 75 6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 77 REFERÊNCIAS. ...................................................................................................... 79 13 1 INTRODUÇÃO Com ascensão da democracia política após o movimento das Diretas Já, 1989, inicia no Brasil um processo eleitoral e político com a participação da sociedade para eleger os seus governantes e, respectivamente, seus parlamentares. Já na perspectiva da nova conjuntura política os institutos de pesquisa logo realizaram as primeiras pesquisas qualitativas e em seguida as pesquisas quantitativas para identificar o comportamento do eleitor, e, subsequentemente, identificarem o candidato desejado pelo povo. É claro que os maiores partidos políticos já sabiam como atingir o eleitorado, através do planejamento estratégico e utilização certa dos canais de comunicações disponíveis na época, principalmente pela rádio e TV, para a obtenção do bem mais precioso do cidadão brasileiro, o voto. Entra em cena o marketing político para auxiliar os partidos e os candidatos a compreender o ambiente no qual pretendem se inserir, o comportamento do consumidor (o eleitor), e, ao mesmo tempo, oferecer o suporte técnico e político para enfrentar uma campanha eleitoral. Constituindo-se numa análise sistemática e criteriosa acerca do candidato, sua história política e social, suas reais possibilidades, os potenciais financiadores da campanha, a formação de sua equipe, o grau de aprovação e/ou rejeição do eleitorado e de todas as ferramentas do marketing para promover a imagem do candidato e sua concepção administrativa perante toda sociedade. Porém, a má utilização do marketing, por parte de alguns profissionais em algumas campanhas eleitorais pelo Brasil afora, construiu uma imagem negativa e distorcida da essência do marketing, a ponto de relacionar pejorativamente o termo “marqueteiro” a todos os profissionais especializados em marketing político e eleitoral, como sendo um profissional que é capaz de construir uma imagem falsa aliada a um discurso perfeitamente convincente, a ponto de confundir o eleitor das verdadeiras intenções do mau candidato (produto). Não menos importante do que o trabalho do marketing político numa campanha, há o papel da estratégia eleitoral, o processo pelo qual o candidato e a coligação partidária vão construir o planejamento estratégico para desenvolver a 14 campanha eleitoral, no período permitido pela lei, bem como no ano que antecede o período eleitoral, e, caso seja inviabilizada a vitória do candidato ao cargo eletivo pleiteado por ele, também o período de pós-eleição. Ou seja, um plano que seja capaz de conceder o roteiro eficaz e eficiente para obtenção da vitória nas urnas. Este trabalho pretende discutir as entrelinhas e os principais pontos estratégicos a serem trabalhados pelo pré-candidato durante a constituição e concepção da sua plataforma política e eleitoral no ano que antecede a eleição, bem como a utilização das ferramentas do marketing político e eleitoral, após indicação e formalização pela coligação partidária que lhe apoiará na campanha eleitoral. Ainda no âmbito estratégico, será abordado sobre a importância e magnitude da aliança política que o candidato irá escolher, ou ser escolhido, para enfrentar o processo eleitoral, entre outras necessidades, tais como: a busca dos financiadores da campanha, a formação da equipe de apoio tático, a seleção dos coordenadores, os cabos-eleitorais, a assessoria jurídica, a assessoria de impressa, os fornecedores de materiais de campanha, equipe de publicidade, diretor de marketing e principalmente do coordenador-chefe da campanha. A metodologia deste trabalho monográfico é pautada numa pesquisa bibliográfica, através da leitura e pesquisa em obras literárias e artigos científicos dos principais autores de marketing político e eleitoral, como Rego, Manhanelli, Kuntz, Teixeira e Dantas, eixo tema principal deste trabalho no qual Andrade (2005, p. 36) afirma que “a pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos cursos de graduação, uma vez que constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas”. Marconi e Lakatos (2009, p. 57) corroboram com a seguinte descrição: A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, etc., até meios de comunicação orais: rádios, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Dada a importância do tema principal deste trabalho, “Estratégias de marketing político e eleitoral: o diferencial competitivo do profissional de marketing numa campanha eleitoral”, para toda sociedade brasileira, desta forma o objetivo 15 geral é identificar as estratégias de marketing direcionadas para campanhas políticas majoritárias, seguido dos objetivos específicos: de que forma profissionalizar as campanhas políticas; como é realizado o planejamento do marketing eleitoral, e como fortalecer uma candidatura através do marketing político e eleitoral. Em quatro capítulos está dividida a estrutura deste trabalho, numa forma didática para auxiliar o leitor a compreender o eixo principal, Estratégia de marketing político e eleitoral, e constitui a sua compreensão plena sobre o tema. No segundo capítulo será abordado o conceito de estratégia, bem como os fundamentos, a história e evolução de marketing, no mundo e no Brasil, assim como será explicadas as orientações de marketing, segmentação, comportamento do consumidor, seu composto mercadológico, e sua vantagem competitiva. No segundo terceiro trata de conceituar o marketing político e eleitoral, na sua história e evolução no cenário político brasileiro, a aplicabilidade do composto mercadológico do marketing político, pesquisa eleitoral, e uma avaliação crítica sobre a relação do profissional de marketing político. No quarto capítulo aborda a análise ambiental do planejamento de marketing, o pressuposto necessário para construção do quarto capítulo, pois será pautado o comportamento do eleitor, a impressa e sua influência, os partidos, a equipe de campanha, e o plano de captação de recursos para campanha. O quinto capítulo trata do plano de marketing para uma campanha, numa exposição didática, e dos principais pontos da obtenção da vitória numa campanha eleitoral, o cuidado com a propaganda eleitoral e sua relação com os atuais meios de comunicação, o discurso, o material promocional da campanha, bem como a polêmica boca de urna. E no final são apresentadas as conclusões sobre o trabalho, expondo claramente as análises, os conceitos e as reflexões adquiridas durante o processo de confecção deste trabalho, tendo a certeza da contribuição que trazemos para todos os interessados a conhecer melhor sobre marketing político e eleitoral. 16 2 FUNDAMENTOS DE ESTRATÉGIA E MARKETING 2.1 Estratégia Existe uma herança militar nos conceitos pela administração junto à palavra estratégia. Termos como objetivos, missão, pontos fortes e pontos fracos são empregados nos dois contextos. A palavra estratégia vem do grego strategos, que se referia ao general militar, e na sua raiz combina dois conceitos: stratos (a arma) e ago (liderar). Os propósitos da estratégia, tanto no meio militar quanto no administrativo, são o ganho de uma vantagem competitiva. O princípio básico dela é aproveitar os pontos fortes da empresa ou do exército para explorar os pontos fracos do inimigo. (SHIRAISHI, 2009). Para Guemawat (2000), apud Andrade (2010), estratégia é um termo que remonta aos antigos gregos, que usavam a palavra stragenos, da qual deriva, para designar o magistrado-chefe ou comandante-chefe militar. Ao longo do tempo, refinamentos do conceito continuaram a se tratar nos aspectos militares do termo. Na primeira metade do século XIX, a tentativa de síntese de Carl Clausevitz, apud Guemawat (2000), é um exemplo especialmente notável: escreve que, enquanto "a tática... [envolve] o uso de forças armadas no confronto, a estratégia [é] a utilização de confrontos no tocante ao objetivo da guerra". A adaptação da terminologia estratégica a um contexto comercial, entretanto, teve de esperar o cenário da Segunda Revolução Industrial, que se iniciou na metade final do século XIX, mas realmente só deslancho no XX. Inicialmente, estratégia referia-se a uma posição, tal como o general no comando de um exército. Posteriormente, o termo veio a designar a aplicação das competências do general no exercício de sua função, evoluindo para descrever habilidades gerenciais de administração, liderança, oratória e poder. Com Alexandre, o Grande (330 a.C), a palavra “estratégia” já significava o emprego de forças para vencer o inimigo e, nas guerras helênicas, constituiu a fonte inesgotável das vitórias militares, mesmo com recursos insuficientes diante do opositor. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2003). 17 Oliveira (1991, p. 27), explica que no âmbito empresarial, a estratégia está relacionada à arte de utilizar adequadamente os recursos físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a minimização dos problemas e a maximização das oportunidades do ambiente da empresa. O autor ainda faz uma relação da palavra estratégia como sendo um ajustamento organização ao seu ambiente, em geral, em constante mutação, quase sempre a empresa alterando suas próprias características, tendo em vista este ajustamento. No contexto dos negócios, segundo Bruce e Langdon (2000), estratégia consiste no mapeamento do futuro, posicionando-se acerca de quais produtos e serviços deverão ser fornecidos, em quais mercados a organização irá atuar e como será essa atuação. Para Grant (2005) apud Bermejo (2009), organizações necessitam de estratégias de negócio assim como exércitos requerem estratégias militares. Ainda segundo esse autor, isso se justifica pela necessidade de se ter uma direção e um propósito, alocarem recursos de modo eficiente e coordenar decisões feitas por diferentes pessoas envolvidas. Já Mintzberg e Quinn (2006, p. 29) afirmam que estratégia é “o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequências de ação da organização em um todo coeso”. Os autores lembram que “uma estratégia bem formulada ajuda a organizar e alocar os recursos de uma organização em uma postura única e viável, baseada em suas competências e deficiências internas relativas, mudanças antecipadas no ambiente e movimentos contingentes por parte dos oponentes inteligentes”. Acima de tudo, se for necessária uma definição de estratégia, a mais básica poderia ser “a direção de longo prazo de uma organização”. Porém, as características recém-descritas podem ser base para uma definição mais completa. Os autores concluem que a estratégia é a direção e o escopo de uma organização no longo prazo, que obtém vantagem em um ambiente em mudança através de sua configuração de recursos e competências com o objetivo de atender as expectativas dos stakeholders. (JOHNSON, SCHOLES, e WHITTINGTON, 2007, p. 45). Porter (1999, p. 63) dá a seguinte resposta à pergunta o que é Estratégia? “Estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente 18 conjunto de atividades”. Definir estratégia seria um trabalho incessante, uma vez que seu conceito flutua no centro de algumas palavras-chave como: competitividade, mudanças, desempenho, disciplina, dedicação, integração, objetivos, posicionamento, adequação, resultados. Essas palavras sintetizam o termo estratégia e sua interferência organizacional no ambiente externo e interno a organização. 2.2 Conceituação, história e evolução do Marketing A essência do marketing está diretamente interligada aos principais fatos históricos de troca da humanidade. A partir do escambo entre os povos há traços de sua essência, na base da troca de produtos por produtos, perpassando pela Revolução Industrial, na troca de produtos e/ou serviços por produtos e/ou serviços, chegando à atual e modernidade do comércio digital, que finda com a objetividade da realização das pessoas através da satisfação dos seus desejos atendidos. Churchill e Petter (2005, p. 04) afirmam que a essência do marketing é o desenvolvimento de trocas em que organizações e clientes participam voluntariamente de transações destinadas a trazer benefícios para ambos. Para ilustrar melhor, Cobra (2005, p. 26) explica evolução através das três eras na história do marketing, era da produção, era da venda, e era do marketing: Na produção, que ocorreu em meados de 1925, as empresas, mais precisamente do Oeste Europeu e dos Estados Unidos, estavam voltadas a somente a produzir, não se falando de vendas ou em marketing. Na era da venda, entre 1925 e 1950, as coisas mudaram, e passou a se preocupar com a produção excedente, passando então a querer vender, utilizando-se de métodos como vendas a domicílio, indo de porta a porta. Surgem também os catálogos de vendas e, como consequência, a entrega de encomendas e documentos. Na era do marketing, ocorreram grandes transtornos, visto que após a crise de 1929 e no Brasil acontecia a queima de café, considerado produto principal no país, os EUA e o Brasil tiveram uma crise financeira e deixaram de comprar, aí surgem as empresas com o modelo 19 do marketing, passando a reconquistar clientes e a prestar mais atenção aos anseios do mercado. Diante da necessidade de atender os anseios do mercado, e ao mesmo tempo esvaziar os depósitos das empresas, surgiram os profissionais de marketing com o objetivo de buscar satisfazer o cliente através do processo de vendas. Através das ferramentas aplicadas ao marketing, tais como: análise de ambiente, satisfação, segmentação do mercado-alvo, ciclo de vida do produto ou serviços, e demais ferramentas. Las Casas (2008, p. 6) aborda sobre o surgimento do marketing: Foi com o acirramento da concorrência dos anos 50 que as empresas passaram a preocupar-se com as novas formas de comercialização e constatou que, indo atrás dos consumidores, ficaria mais fácil vender. Surgiu assim a era do marketing cujo principal ingrediente, o conceito de marketing, inspiração para o desenvolvimento de ofertas. De acordo com a Americam Marketing Association: “marketing é o processo de planejar e executar a concepção de ideias, produtos e serviços definindo preço, promovendo e distribuindo-os para criar trocas que atendam aos objetivos de satisfação de necessidades e a realização de desejos individuais e organizacionais”. COBRA (2009, p. 09). Portanto, marketing é consagradamente definido por Kotler (2000, p. 30) como “um processo social por meio do qual as pessoas e grupos obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros. Crocco et al (2006, p. 05) afirma que: “marketing é um conceito bem mais amplo do que a simples divulgação de uma idéia, pessoa ou produto. O marketing envolve uma série de atividades, que vão da concepção de um produto por uma empresa até sua entrega e seu consumo e descarte pelo cliente”. E Kotler (2010, p. 188) atualiza o conceito de marketing quando diz que “marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, oferecer e trocar ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e 20 para a sociedade como um todo”. Ainda o autor, ao acrescentar “sociedade”, a nova definição reconhece que o marketing tem impactos de grande escala que vão além do que acontece nas negociações privadas entre indivíduos e empresas (...). Demonstra sua preocupação para com as comunidades a seu redor: comunidades de consumidores, empregados, parceiros de canal e acionistas. 2.2.1 Mix de marketing (composto de marketing) A execução do marketing se dá pela aplicação de técnicas ou programas às diversas dimensões ou variáveis passíveis de intervenção no “objeto” do marketing – isto é, o bem, o serviço, a ideia ou a pessoa (Crocco et al, 2006, p. 06). E os profissionais de marketing têm de ir à busca de diversas ferramentas para obter as respostas desejadas de seus mercados-alvo. Essas ferramentas constituem em mix de marketing. E Mix de marketing é o conjunto de ferramentas de marketing que a empresa utiliza para perseguir seus objetivos de marketing no mercado-alvo. (Kotler, 2000, p. 37). Crocco et al (2006, p. 07) entende como um “conjunto de ferramentas que propiciam as ações de marketing; é formado por produto, preço, praça e promoção”. Figura 1.0 – Os 4P’s do mix de marketing Fonte: Kotler (2000, p. 37). 21 Cobra (2009, p. 10) explica que o “processo de adoção de estratégias de marketing consiste de quatro elementos denominados composto de marketing. Os elementos são: produto, preço, promoção e praça (os 4 Ps de Marketing)”. Que McCarthy apud Crocco et al (2006, p. 06) relaciona com as seguintes variáveis: • Produto – são as características de qualquer bem, serviço, ideia, pessoa, instituição etc. que potencialmente possui valor de troca. Entre essas características estão o design do produto em si, a embalagem, suas cores, seu aroma, sabor, a tipologia dos rótulos, e outras. • Preço – são as variáveis que refletem o custo do produto para o consumidor, como o preço propriamente dito, condições de pagamento, aceitação ou não de cartões de crédito, entre outras. • Praça – é tudo o que se relaciona à distribuição, localização física e logística envolvida para fazer um produto chegar às mãos de consumidor. • Promoção – é o processo de comunicação ativa dos atributos e benefícios de um produto para o mercado-alvo pretendido. Para tanto, envolve a criação e veiculação de programas de propaganda, relações públicas, além de venda pessoal. O modelo dos 4 Ps representa o ponto de vista da empresa, ou seja, como direcionar sua oferta ao mercado, o que vem contrariar o conceito de marketing, de sempre buscar entender a ótica do consumidor. Então surgiu o modelo dos 4 Cs cuja perspectiva é o foco no cliente. Assim, Crocco et al (2006, p. 06) explica: • O produto passa a ser visto da ótica do cliente; • O preço, em função do custo para o cliente; • A praça, em função da comodidade ou conveniência para o cliente; • A promoção, em função da comunicação; 4 Cs: modelo alternativo ao tradicional modelo dos 4 Ps, que enfoca a perspectiva do público-alvo, incluindo cliente, custo, comodidade ou conveniência e comunicação. CROCCO et al (2006, p. 06). 22 2.2.2 Orientações organizacionais para o mercado Definimos a administração de marketing como o esforço consciente para alcançar resultados de troca desejados com mercados-alvo. Mas qual filosofia deve guiar os esforços de marketing de uma empresa? (...) Obviamente, atividades de marketing devem ser conduzidas sob a égide de uma filosofia bem pensada de marketing eficiente, efetivo e socialmente responsável. Entretanto, há cinco orientações concorrentes com bases nas quais as organizações conduzem atividades de marketing: a orientação de produção, a orientação de produto, a orientação de vendas, a orientação de marketing e a orientação de marketing de valor. (KOTLER, 2000, p. 38). 2.2.2.1 Orientação de produção Naturalmente as empresas buscam alcançar a eficiência máxima da produção, apostando que em obter menores custos produtivos conseguirá ofertar seus produtos em baixos preços para o mercado-alvo. Esta concepção é voltada para empresas que desejam expandir seu mercado. Para Kotler (2000, p. 39) a orientação de produção é sustenta que os consumidores dão preferência a produtos fáceis de encontrar e de baixo custo. 2. 2.2.2 Orientação de produto As empresas voltadas para orientação de produto trabalham com objetividade de produzir produtos de alta qualidade e alto desempenho, por acreditarem que os consumidores buscam produtos bem-feitos e inovadores no mercado. Kotler (2000, p. 39) entende que orientação de produto sustenta que os consumidores dão preferência a produtos que ofereçam qualidade e desempenho superiores ou que tenham características inovadoras. 23 2. 2.2.3 Orientação de vendas A orientação de vendas parte do principio de que os consumidores e as empresas, por vontade própria, normalmente não compram os produtos da organização em quantidade suficiente. A organização deve, portanto, empreender um esforço agressivo de vendas e promoção (Kotler, 2000, p. 40). Porém, essa agressividade, na maioria das vezes, resulta com o cliente totalmente insatisfeito. Crocco et al (2006, p. 12) diz: de que adianta muita propaganda e esforço de vendas se o mercado não estiver disposto a adquirir o produto? Ou se o mercado somente aceitar o produto a um preço aviltante, pouco lucrativo? Por esse motivo, é recomendável às empresas envolverem-se, antes de mais nada, com a compreensão do mercado, que, afinal, será o verdadeiro juiz da verdade e/ou utilidade do produto lançado. 2. 2.2.4 Orientação de marketing A empresa que concebe seus produtos e/ou serviços através de uma criteriosa pesquisa de mercado, que é capaz de identificar o que realmente o cliente deseja e a partir desta pesquisa lança o produto à frente do concorrente, então torna seu produto atraente para o mercado-alvo e isso lhe rende maior participação de mercado. Kotler (2000, p. 41) explica que: Orientação de marketing sustenta que a chave para alcançar as metas organizacionais está no fato de a empresa ser mais efetiva que a concorrência na criação, entrega e comunicação de valor par ao cliente de seus mercados-alvo selecionados. Theodore Levitt, apud Crocco et al (2006, p. 13), diferenciou de forma definitiva as orientações para vendas e para marketing: A diferença entre marketing e vendas é mais que semântica, Vendas concentram nas necessidades do vendedor, marketing naquelas comprador. Vendas se preocupam com a necessidade do vendedor, converter seu produto em dinheiro, marketing com a idéia de satisfazer necessidades dos clientes por meio do produto e de todo o conjunto coisas associadas à sua criação, entrega e consumo final. se do de as de 24 Figura 2.0 – Comparação entre a orientação de vendas e a de marketing Fonte: Kotler (2000, p. 41) 2.2.2.5 Orientação de valor Churchill e Peter (2000, p.10), incluem ainda uma nova orientação: a orientação para valor. Esta consiste em uma extensão da orientação de marketing, na qual desenvolver e entregar um valor superior aos clientes é visto como o principal modo de alcançar os objetivos da organização. Desta forma, uma oferta de marketing só alcançará êxito se proporcionar valor ao seu mercado-alvo. Figura 3.0 – As conseqüências de um valor superior para os clientes. Fonte: Churchill e Peter (2005, p. 18) O valor para o cliente consiste na diferença entre as percepções do cliente com relação aos benefícios da compra e os custos incorridos para a efetivação da mesma. Portanto, pressupõe-se que a relação de valor será tanto maior quanto maior os benefícios da compra exceder seus custos. Os clientes comprarão da empresa que, segundo a percepção deles, oferece maior valor. A probabilidade de 25 satisfação e repetição da compra depende diretamente da oferta atender ou não a expectativa de valor. (VAZ, 2006). 2.2.3 Necessidades e desejos A identificação das necessidades e posteriormente potencializando essas necessidades em desejos é uma das premissas do objetivo de marketing. Para Cobra (2009, p. 05): “Essas necessidades transformam-se em desejos quando são direcionadas para satisfação de objetivos específicos. Uma pessoa pode ter sede, que é uma necessidade, mas pode ter um desejo de saciar a sede tomando um guaraná. Hoje, o marketing está mais posicionado para realizar desejos do que atender necessidades”. Kotler (2000, p. 43) ressalta que “compreender as necessidades e os desejos dos clientes nem sempre é uma tarefa fácil. Alguns consumidores têm necessidades das quais não têm plena consciência. Ou não conseguem articular essas necessidades. Ou então empregam palavras que exigem alguma interpretação”. 2.2.4 Valor e satisfação Cada vez o mercado exige mais qualidade dos produtos, por um custo ainda menor, o que exige das empresas um esforço exorbitante para alcançar o ápice da satisfação do seu cliente, construindo um processo contínuo da empresa na concepção do valor por parte do cliente-alvo desta organização. Segundo Cobra (2005, p. 28): Para cada consumidor, o produto ou serviço ofertado tem um valor. Para uns é o preço, para outros, a facilidade de uso, os atributos do produto – como durabilidade, resistência, qualidade – o serviço pós-venda, a imagem do fabricante, a facilidade de instalação do bem, entre outros fatores. (...) A estratégia de oferecer valor para os seus clientes é o foco de qualquer empresa que pretenda sobreviver em mercados competitivos. 26 Kotler (2000, p. 33) explica que “o produto ou oferta alcançará êxito se proporcionar valor e satisfação ao comprador-alvo. O comprador escolhe entre diferentes ofertas com base naquilo que parece proporcionar o maior valor. Definimos valor como a razão entre o que o cliente recebe e o que ele dá”. Já “satisfação consiste na sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação do desempenho (ou resultado) percebido de um produto em relação às expectativas do comprador” (KOTLER, 2000, p. 58). O que determina a satisfação do cliente é, por um lado, sua expectativa quanto ao produto e/ou serviço adquirido e, por outro, o desempenho desse produto e/ou serviço. (...) O grau de expectativa dos clientes obviamente vai variar de acordo com cada pessoa, pois está ligado à estrutura de referência de cada individuo: há os que já tiveram contato anterior com o produto, e há os que não tiveram tal contato (CROCCO et al, 2006, p. 24). 2. 2.4.1 Marketing de Relacionamento Atualmente os profissionais de marketing vêm buscando construir uma relação duradoura entre o consumidor e a empresa, com objetivo de fidelizar o cliente. Pois a concorrência globalizada exige que a empresa tenha a possibilidade, de tratar cada cliente de forma personalidade e individual, tornando-o cliente único e especial para a empresa, na filosofia de one to one. Kotler afirma que marketing de relacionamento: “pode ser definido com o objetivo de criar, conquistar e manter clientes, estabelecendo relacionamentos mutuamente satisfatórios de longo prazo com partes-chave como clientes, fornecedores e distribuidores, a fim de ganhar e reter sua preferência e seus negócios”. (1998, p. 6). De acordo com Drucker (1999), o relacionamento com o cliente é de responsabilidade da empresa. Para o autor, a empresa deve constantemente se perguntar o que pode ser feito para facilitar e melhorar a vida de seus clientes. 27 Portanto, marketing de relacionamento é um compromisso constante e permanentemente um processo contínuo de melhoramento da relação da empresa com os clientes, caso a empresa não o faça tenha plena certeza de que sua concorrência fará, e automaticamente conquistará o seu cliente. 2. 2.4.2. CRM O CRM significa Customer Relashionship Management, ou seja, gerenciamento do relacionamento. Esta ferramenta utiliza-se da tecnologia de informação para criar um sistema funcional que integra e automatiza muitos dos processos de atendimento ao cliente em vendas, marketing, serviços e produtos, permitindo que a empresa identifique e escolha seus melhores clientes, os mais lucrativos para a empresa, possibilitando a personalização de produtos e serviços com base nos desejos e necessidades (ANDRADE, 2010). Para Zenone (2001, p. 19): Trata-se, assim, de uma tarefa que exige ações capazes de identificar seus clientes com o maior número de informações possíveis, diferenciar seus clientes pelo grau de fidelidade e categorizá-los por suas necessidades, a fim de interagir com eles, buscando feedbacks contínuos e personalizando alguns aspectos do comportamento de sua empresa; ações que, por sua vez, são realizadas não só com o uso da tecnologia, mas com ações de marketing que visam ao relacionamento. A gestão de relacionamento com o cliente (customer relationship management – CRM) é (...) a implementação de uma estratégia centrada no cliente, que coloca em primeiro lugar, possibilitando o sucesso do negócio. O CRM envolve tratar o cliente da mesma maneira que o empreendedor gostaria de ser tratado se fosse um (LONGENECKER, 2007, p. 232). Segundo a nova definição da Americam Marketing Association, apud Vicente (2005, p. 73), “marketing é uma função organizacional e uma série de processos para a criação, comunicação e entrega de valor para clientes, e para a gerência de relacionamentos com eles de forma que beneficie a organização e seus stakeholders”. 28 Esta definição tem consequências importantes para os negócios, pois coloca o cliente (e não o produto) como elemento central na razão de ser da organização, estabelece uma visão de processos para atendê-lo, atribui papel fundamental e integrador ao marketing, e valoriza os relacionamentos com os clientes como estratégia de sobrevivência. (VICENTE, 2005, p. 73). A aplicação do CRM é indispensável para qualquer organização que deseja constituir uma relação íntima com o cliente, a tal ponto desta ferramenta propiciar subsídios técnicos para adaptação ou reformulação das estratégias de marketing a serem desenvolvidas pela empresa para atingir o seu mercado-alvo com eficácia e eficiência. 2. 2.4.3 Sistema de Informação de marketing Para acompanhar a amplitude da informação e transformá-la em conhecimento estratégico, os profissionais de marketing devem buscar a constituição de um sistema de informação que ofereça um conjunto de informações detalhadas sobre as necessidades e desejos do consumidor, a fim de que possa resultar em oportunidades e vantagem competitiva para organização. E um sistema de informação de marketing (SIM) é constituído de pessoas, equipamentos e procedimentos dedicados a coletar, classificar, analisar, avaliar e distribuir as informações necessárias de maneira precisa e oportuna para aqueles que tomam as decisões de marketing. O sistema é desenvolvido a partir de registros internos da empresa, atividades de inteligência de marketing e pesquisa de marketing (KOTLER, 2006, p.71). 2.2.5 Comportamento do consumidor A perspectiva de marketing como filosofia de gestão presume uma busca incessante da satisfação das necessidades e dos desejos dos consumidores, ou seja, da criação de produtos e serviços que venham ao encontro das expectativas do consumidor ou as superem. (CROCCO et al, 2006, p. 69). 29 O objetivo do marketing é satisfazer necessidades e desejos dos consumidores por meio de produtos e serviços. E para tanto é preciso conhecer as pessoas, seus desejos, suas necessidade e até mesmo suas fantasias (...), conhecer os seus clientes não é tarefa fácil para nenhuma empresa. (...) para compreender como e por que as pessoas compram é importante o estudo do comportamento do consumidor. (COBRA, 2009, p. 81). Segundo o Crocco et al, (2006, p. 69), para conhecer o consumidor, geralmente inicia-se pela obtenção de informações em quatro áreas principais: • Características demográficas do consumidor, como número e localização geográfica, distribuição em termos de renda, sexo, idade, nível de instrução; • Comportamento de consumo (quem, o que, quando, onde e como consume), comportamentos de compra (quem, quando, como e onde compra) e de utilização de mídias (onde procura informação, hábitos de leitura, rádio e televisão, freqüência a congressos, exposições); • Atitudes, como o conhecimento que o consumidor tem de uma marca ou a imagem que lhe atribui ou, ainda, medidas de satisfação; • Processo de compra, como motivações, envolvimento, critérios de escolha de uma marca. Já Blackwell, Miniard e Engel (2005) caracterizam o comportamento do consumidor como atividades que estão diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de bens e serviços, além dos processos de decisão que antecedem e sucedem essas respectivas ações 2.2.6 Segmentação de mercado É importante compreender o comportamento de compra do consumidor para poder identificar e agrupar compradores com perfis semelhantes e, dessa maneira, realizar uma segmentação de mercado. O processo de segmentação de mercado possibilita formulações estratégicas e táticas, visando atender de forma mais ampla 30 e dirigida as expectativas, necessidades e desejos de consumo de cada segmento de mercado. (COBRA, 2009, p. 121). Segmentos de mercado podem ser identificados analisando-se diferenças demográficas, psicográficas e comportamentais existentes entre compradores. A empresa decide então que segmentos apresentam as maiores oportunidades – aqueles a cujas necessidades a empresa pode atender de maneira superior. (KOTLER, 2000, p. 30) Quando o mercado é adequadamente estudado, geralmente podem ser identificados grupos de consumidores com características afins, tais como idade, sexo, poder de compra, entre outras. Aos grupos de consumidores com características semelhantes chamamos de segmento de mercado. (CROCCO et al, 2006, p. 69). Kotler (2000, p. 279) explica que “comparado ao marketing de massa, o marketing de segmento oferece vários benefícios a mais. A empresa pode criar um produto ou serviço mais adequado e oferecê-lo a um preço apropriado ao públicoalvo. A escolha de canais de distribuição e de comunicação torna-se mais fácil. A empresa também enfrenta menos concorrentes em um segmento específico”. É possível definir segmentos de consumidores com o uso, individual ou combinado, de variáveis geográficas, demográficas, psicográficas e comportamentais. Variáveis geográficas estão ligadas à localização do consumidor. Variáveis demográficas estão ligadas a características como sexo, idade e renda do consumidor. Variáveis psicográficas exploram características da personalidade das pessoas e seu estilo de vida. Variáveis comportamentais são aquelas que nos mostram em que ocasiões e com qual intensidade o consumidor adquire o produto, bem como sua lealdade à marca. . (CROCCO et al, 2006, p. 115). Portanto, a segmentação de mercado é uma ferramenta estratégica para os profissionais de marketing, pois garante a utilização de recursos e metodologia mercadológica voltada individualmente para o agrupamento de consumidores criteriosamente estudados e identificados por suas características comuns, levando em questão as respectivas variáveis do mercado. 31 2.2.7 Vantagem competitiva Fica evidente que o rumo mais adequado para a futura estratégia empresarial ou política será aquele em que a empresa possa distinguir-se, favoravelmente, de suas concorrentes. Portanto, se uma empresa quiser ser eficaz no mercado, ela deve ter significativa vantagem competitiva. Barney (1991) apud Vasconcelos e Brito (2004), diz-se que uma empresa possui uma vantagem competitiva quando está implementando uma estratégia de criação de valor que não esteja sendo simultaneamente implementada por seus concorrentes ou concorrentes potenciais, os quais são incapazes de repetir os benefícios dessa estratégia. Existe vantagem competitiva quando uma empresa oferece determinado produto ou serviço no qual os clientes percebem qualidade superior à dos concorrentes, o que significa que a empresa deve ser capaz de atingir um patamar capaz de suportar os desafios de organizações vivas (LONGENECKER, 2007, p. 48). Porter (1996) acrescenta que a vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa, e que a base fundamental do desempenho acima da media no longo prazo e a vantagem competitiva sustentável que só pode ser conquistada a partir de baixo custo ou diferenciação que, combinados com o escopo de atividades pretendido pela empresa (alvo amplo ou restrito). 2.2.8 Pesquisa de Marketing David Aaker, apud Crocco et al (2006, p. 41), define pesquisa de marketing como a coleta de informações primárias, normalmente provenientes de fontes externas, para resolver um problema específico. 32 Para Kloter (2000), pesquisa de marketing corresponde à elaboração, à coleta, à analise e à edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing enfrentada pela empresa. Ainda para o autor, o processo de pesquisa de marketing compreende: • Definição do problema e dos objetivos da pesquisas; • Desenvolvimento do plano de pesquisa; • Coleta de informações; • Análise das informações; • Apresentação dos resultados. Todas as pesquisas podem ser classificadas em três categorias gerais: exploratórias, descritivas e causais. No quadro abaixo são apresentados os tipos de pesquisa de marketing em função dos seus conceitos, objetivos, características e métodos. (CROCCO et al, 2006, p. 42). Quadro 1.0 – Tipos de pesquisa de marketing Exploratória Tipo de pesquisa Descritiva Causal Conceitos Tipo de pesquisa cujo principal objetivo é prover maior compreensão do problema Tipo de pesquisa que se destina a descrever características de determinada situação ou funções do mercado Tipo de pesquisa utilizada para se obter relações de causa e efeito Objetivos da pesquisa Maior compreensão do problema. Gerar idéias e dados Descrever características ou funções do mercado Descobrir relações de causa e efeito Necessita da formulação prévia de hipóteses especificas Manipula uma ou mais variáveis independentes Requer uma concepção planejada e estruturara Surney Painéis Observação Experimentos Características Flexível e versátil Normalmente é onde o processo se inicia Análise de dados secundários Métodos Entrevistas com especialistas Pesquisa qualitativa Fonte: Adaptado de Crocco et al (2006, p. 42) Quanto à sua natureza, os dados primários podem ser qualitativos ou quantitativos. A metodologia utilizada para obtenção de dados primários qualitativos 33 costuma ser a pesquisa qualitativa, do tipo exploratório. Já os dados primários quantitativos costumam ser obtidos por meio de pesquisas quantitativas, do tipo descritivo ou causal. (CROCCO et al, 2006, p. 45). Quadro 2.0 – Metodologias de pesquisa: qualitativa versus quantitativa Metodologia Qualitativa Quantitativa Conceitos Metodologia de pesquisa não estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e compreensão do contexto do problema Metodologia que tem por objetivo quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para a população-alvo, com base em um grande número de casos Objetivo Obter uma compreensão qualitativa das razões e motivações envolvidas Quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para população-alvo Amostra Casos em pequeno número e não representativos Casos em grande número e representativos Coleta de dados Não estruturada Estruturada Análise de dados Não estatística Estatística Oferece uma compreensão inicial do problema em questão Fonte: Adaptado de Crocco et al (2006, p. 45) Resultado Recomenda um curso final de ação 34 3 MARKETING POLÍTICO E ELEITORAL 3.1 Evolução pela história A história como um todo demonstra os modos e as formas de relacionamento entre os que estão no poder e seus súditos, esta forma de se relacionar com o coletivo e o ilimitado em suas variáveis, adaptações e flexibilidade, atualmente é compreendida pelos princípios de marketing. Assim como hoje, na antiguidade os poderosos precisavam se valer do poder da comunicação, influência e da sua imagem, na tentativa de tornar o seu governo viável e aceito pelo povo, haja vista que, na maioria dos povos, o comando era feito pela monarquia e o seu exército. Maquiavel frisava que o importante é “parecer ser”, ou seja, na linguagem contemporânea do marketing significa a imagem. Ainda para Maquiavel, o desejo de conquistar o poder é natural e louvável, porém para ele um rei precisa fazer com que as pessoas gostassem dele, que se sentissem seguras em seu reinado, eliminando os conflitos internos e a ociosidade, a fim de que seu reinado ficasse livre de conflitos e invasões externas, o que seriam hoje, emprego e segurança, duas vertentes de qualquer plataforma de governo. Para Teixeira (2006, p. 15), Maquiavel: foi o primeiro pensador a perceber que um governante precisa do apoio popular, além das demais instituições, pois, um povo forte e organizado seria o principal colaborador na manutenção do sistema, o que desestimularia ataques externos ou qualquer perturbação de ordem pública. Pregava a autonomia da política usando a eloqüência, as artes, a música e os esportes como instrumentos para convencer as pessoas. De acordo com Manhanelli (1992), em estudo mais aprofundado sobre as eleições nos tempos remotos, foram encontrados, em escritos deixados pelos povos de Esparta, Atenas e pelo povo de Roma, documentos em que são percebidos, com muito poucas modificações, que as ações que se fazem presentes nas eleições contemporâneas repetem-se na base das da Antiguidade. 35 Somente a partir do século XIX, com o surgimento de diversas ciências humanas, com a psicologia e a sociologia, o estudo do comportamento da sociedade passou a ser um dos focos principais. Marx, em seus estudos, provou que é a conjuntura que determina os resultados de uma eleição e não o contrário, como se pensava anteriormente, indicando que o povo tem sua opinião própria e reage de diversas maneiras aos estímulos que recebe, inclusive com votos. Com o advento das repúblicas democráticas como forma e regime do Governo em muitas nações nesse período, a necessidade de planejamento estratégico para as campanhas eleitorais já se fez presente. (TEIXEIRA, 2006, p. 17). De acordo com Figueiredo (1994), o início do marketing político esteve associado ao desenvolvimento da propaganda. Como, por exemplo, o que ocorreu em 1952, quando o general Eisenhower, um dos pioneiros a utilizar a publicidade nas campanhas eleitorais na propaganda de televisão, sendo, até ironizado de “tentar se vender como se vende um sabonete”. A partir daí o marketing político começou a surgir como importante elemento na campanha, sendo uma das preocupações dos profissionais de marketing adaptar o discurso do candidato de acordo com as necessidades e especificidades da televisão. Ainda conforme o autor, alguns anos depois, o marketing político surgia nas campanhas americanas, as primeiras ferramentas utilizadas eram os ataques aos “concorrentes”, e a televisão foi o principal canal utilizado para alcançar a população. No cenário mundial, o marketing político ganhou forças na década de 1960, subdividindo-se em marketing eleitoral e marketing governamental. Ambos são relevantes na carreira de um político que deseja alcançar um bom conceito baseado em seu estilo pessoal, história de vida, qualidades e convicções políticas mais fortemente identificadas com o povo (TEIXEIRA, 2006, p. 18). No Brasil, o então presidente Getúlio Vargas já utilizava os princípios de marketing para divulgar e manter sua imagem pública como o “pai dos pobres”, de tal forma que se consagrou, até hoje, como o melhor presidente deste país. Contudo, somente após a queda da ditadura militar que foi perceptível a utilização dos princípios de marketing no contexto político, por meio de pesquisas qualitativas e quantitativas os partidos buscaram melhorar o desempenho de seus projetos de campanha haja vista a acirrada concorrência eleitoral. “Mudanças que poderão ser 36 ganhos e, ou, perdas de capacitação, aquisições, fusões, incorporações, venda da imagem, mudanças organizacionais, alterações nas estratégias e no candidato, disponibilidade ou não de recursos de vários tipos, além de dificuldades momentâneas” (NOVAES, 2008). O marketing político vem ganhando grande destaque no país não só em relação às discussões realizadas pela mídia, como a repercussão entre os eleitores. Sabe-se que muito se tem estudado e escrito sobre, mas ainda assim em muitas vezes o termo é empregado de maneira equivocada e pejorativa, criando uma visão diminutiva do assunto, uma confusão em torno do verdadeiro modo de utilização na área política e do profissional (NOVAES, 2008). 3.2 O conceito de Marketing Político Uma dificuldade inicial surge de uma falta de precisão dos aspectos do processo político a que cada autor se refere. Não há uma conceituação dos diversos momentos do processo político, necessária para uma inquirição sobre a utilização dos recursos de marketing em momentos diferentes. Basicamente, essa investigação envolveria a identificação de técnicas utilizadas por partidos e políticos no período de poder, bem como de conceitos e ferramentas específicas para campanhas eleitorais. (BERNDT, PINTO e MIRANDA, 1985). Shama (1976), apud Berndt, Pinto e Miranda (1985), define marketing político como sendo “o processo pelo qual candidatos e ideias políticas são dirigidos a eleitores a fim de satisfazer suas necessidades políticas e, dessa forma, ganhar seu apoio para o candidato e ideias em questão”. Para Lindon (1976), apud Berndt, Pinto e Miranda (1985), marketing político é “um conjunto de teorias e métodos de que se podem utilizar as organizações políticas e poderes públicos, ao mesmo tempo para definir seus objetivos e programas e para influenciar o comportamento de seus cidadãos”. Para compreender, Bongrand (1985) apud Novaes (2008), define o marketing no âmbito político como sendo a união de técnicas e comportamentos 37 utilizados para adaptar ideias, entidade e/ou pessoas ao ambiente que integram, tornando-o conhecido e realçando as diferenças que possui em relação aos demais concorrentes, para conquistar o máximo possível da preferência juntos aos destinatários. Rego (1985, p. 14) afirma que o marketing político é entendido como o esforço planejado para se cultivar a atenção, o interesse e a preferência de um mercado de eleitores, é o caminho indicado e seguro para o sucesso de quem deseja entrar na política. Já Figueiredo (1994, p. 10), conceitua que o marketing político como: Um conjunto de técnicas e procedimentos, utilizados para equipar um candidato ao eleitor, tornando-o visível e conhecido à maior quantidade possível de eleitores, para então poder enfatizar suas diferenças em relação aos seus concorrentes políticos, se mostrando uma opção mais vantajosa como representante da população. Teixeira (2006, p. 21) explica que: O marketing político é um conjunto de conceitos e procedimentos que, interagindo adequadamente, procura adequar as ações de uma campanha eleitoral e/ou de uma contínua comunicação entre o político como líder público e seus liderados, de modo consistente ao planejamento e organização próprios e com a máxima eficiência dos recursos disponíveis, buscando a melhor eficácia para angariar o maior possível de votos e a efetividade no longo prazo, por meio de uma intensa credibilidade conquistadora. Evoluindo para o conceito específico do marketing político, trata-se de um conjunto de técnicas e procedimentos que procuram adequar um candidato ao seu eleitorado potencial, procurando torná-lo conhecido do maior número de eleitores possível. Dantas (2010, p. 46) acrescenta: O marketing político é um conjunto de atividades que começa com a identificação de necessidades do público em geral, por meio das pesquisas, continua com o planejamento, que cuida das estratégias de produto (o político), preço (valor percebido pelos eleitores em relação ao político e tangibilizado no voto), promoção e distribuição, segue com a “comercialização” do produto (a oferta do candidato ao seu público) e termina com a “gerência do produto”, ou seja, a manutenção da imagem do candidato junto ao público durante todo o período em que durar seu mandato. Durante as fases de comercialização e gerência do produto utiliza-se a propaganda política. 38 Interessante observar a evolução conceitual do marketing político, partindo dos princípios básicos do marketing que originalmente focava seus esforços apenas no produto (candidato), chegando ao marketing contemporâneo que visa a satisfação do cliente (eleitor), obviamente que os profissionais de marketing político utilizam as técnicas do marketing para identificar o público-alvo (eleitorado), suas necessidades e desejos, bem como suas expectativas e o comportamento do consumidor (eleitor), assim como a segmentação de mercado, para então, delinear o planejamento estratégico de marketing a ser adotado para campanha, seja ela proporcional ou majoritária. É importante compreender que diferente do marketing eleitoral, que visa mais ao curto prazo, o marketing político traz resultados no longo prazo. Em outras palavras, o marketing político permite ao cidadão ou governante a utilização de ferramentas e técnicas descritivas para o desenvolvimento de uma candidatura, assim como a continuidade de um governo, ou eleger o seu sucessor. Já o marketing eleitoral é para ser aplicado durante o período da campanha eleitoral, ou seja, em apenas cento e vinte dias, o que é traduzido num elevado esforço gerencial para constituir e desenvolver uma candidatura 3.3 Fundamentos de Marketing Eleitoral No princípio, os candidatos e os partidos políticos valiam-se apenas da concepção básica de divulgação como única ferramenta para promover a campanha eleitoral, demonstrando de forma singular os interesses do candidato e não os anseios da sociedade. Logo os políticos perceberam que a propaganda provocaria uma maior atenção por parte da sociedade, com isso atingiria um público maior, que desta forma ampla poderia expor a proposta da coligação mais abrangente à comunidade. Diante da evolução política e cultural, as populações europeias e americanas tornaram-se mais exigentes em seus anseios e desejos, e os políticos começaram a perceber que somente a propaganda não é suficiente para fazer com que as pessoas aceitassem as ações sociais como atendimento pleno dos seus anseios e desejos. 39 Na fase de propaganda, os candidatos desenvolviam esforços para “vender” e “difundir” as ações sociais que produziam, tentando persuadir a sociedade a “comprá-las” como sendo o melhor que poderia ser feito. Na fase do marketing eleitoral, primeiro o candidato procura obter informações sobre aquilo que a sociedade quer, para aí então produzir propostas sociais adequadas a estes desejos. (MANHANELLI, 1992, p. 20). Ainda o autor o objetivo do marketing eleitoral consiste em implantar técnicas de marketing político e comunicação social integrados, de forma a angariar a aprovação e simpatia da sociedade, construindo uma imagem do candidato que seja sólida e consiga transmitir confiabilidade e segurança à população elevando o seu conceito em nível de opinião pública. (MANHANELLI, 1992, p. 22). Figura 4.0 – Formação e consolidação de Imagem. Necessidades, Desejos e Anseios Populares Pesquisa Ações Eleitorais Capta Quem Analisa Fazem Florescer Formadores de Opinião Informa e Emite opiniões Fatores de Influência: jornais telejornais radiojornais programas populares testemunhal subliminar Fonte: adaptado de Manhanelli (1992, p. 13) O autor conclui que marketing eleitoral abrange todas as técnicas de comunicação disponíveis no mercado, iniciando-se por um trabalho de pesquisa e sondagem, que irá nortear a construção da espinha dorsal da comunicação eleitoral com um todo e do projeto de marketing político. (MANHANELLI, 1992, p. 23). 40 Kuntz (2006, p. 19-20) afirma que: “O marketing eleitoral é o marketing da conquista, que reúne a força e a convicção obstinada da paixão com a astúcia, o planejamento e a estratégia de guerra. (...). Ele é vibrante e seria afoito se não fossem as pesquisas, dado seu objetivo a curto prazo e imediatismo. (...) E você conquista eleitores do mesmo jeito que conquista as pessoas que você considera importantes na sua vida pessoal ou no seu projeto profissional: adaptando o que pensa, acha importante ou quer, àquilo que as pessoas querem. Para Pimentel (2004, p. 23) o marketing eleitoral diz respeito à grande cena teatral da política que acontece em torno das eleições. Cena, onde as mobilizações e as alianças ficam cada vez mais fortes e o político vai à busca do bem mais precioso que o eleitor pode lhe oferecer: o seu voto. 3.4 O composto Mercadológico de Marketing Político Como o público-alvo do marketing político é o mercado eleitor, os profissionais de marketing direcionam as suas estratégias para satisfazer este segmento de maneira lucrativa. Em uma campanha eleitoral, depois de uma pesquisa detalhada dos eleitores, o composto mercadológico é direcionado aos resultados dessa pesquisa. Embora dezenas de variáveis estejam envolvidas, a tomada de decisões em marketing pode ser dividida em quatro estratégias básicas, conhecidas como “quatro P’s”: Produto, Preço, Ponto (distribuição) e Promoção. Seu conjunto forma o composto de marketing - mistura dos quatro elementos de estratégia para atender às necessidades e preferências de um mercado específico. (GARCIA, ZUCCOLOTTO, e SILVA, 2004). Para Teixeira (2006), enquanto a classificação em quatro itens é útil para um estudo e análise, a combinação das variáveis determina o grau de sucesso do marketing. A chave para formar o melhor composto de marketing é saber quais são os desejos das pessoas a servidas. Kotler (1978), apud Garcia, Zuccolotto, e Silva (2004), relata as abordagens de marketing necessárias para que um cidadão saia do anonimato e consiga ser eleito, permanecendo eleito, isto é, que um político possua uma meta dominante a 41 fim de ser eleito e de que todos os seus planos e ações sejam escolhidos, visando a essa meta. O candidato é um novo produto procurando um lançamento bem sucedido no mercado de eleitores. “Assim que for eleito, o candidato deverá sempre manter e cultivar a satisfação dos eleitores através de seu bom desempenho, organização, retórica apropriada e carisma, pois candidato carismático é aquele que dá a um grande número de eleitores a sensação de que irão, pessoalmente, beneficiar-se através da eleição do candidato”. De acordo com Teixeira (2006), Garcia, Zuccolotto, e Silva (2004), o composto especificamente dentro do marketing político: Produto – Em marketing, a palavra produto significa mais do que bem, serviço ou ideia. O produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para sua apreciação, aquisição, uso ou consumo para satisfazer um desejo ou necessidade. O valor do produto está na capacidade que ele tem de ajudar a satisfazer as necessidades do usuário. As pessoas não pensam somente em um produto, e sim na satisfação que ele oferece. No marketing político, o produto é o próprio político que precisa vender sua imagem ao eleitor com suas ideias e programas de atuação, buscando moldar seu perfil ao escolhido por seu público-alvo. Preço – É o valor justo pago pela posse de um bem ou serviço. A determinação do preço recebe diversas influências externas. Uma das áreas mais difíceis para decisão do marketing é a estratégia de preço que trata de métodos de estabelecimento de preços lucrativos e justificáveis. Ela está estritamente regulamentada e sujeita à exaustiva e minuciosa vigilância pública. (...) No marketing político o preço pago pelo eleitor é seu voto decidido com base nas propostas do político avaliadas, justificáveis e apreciadas pelos eleitores. Por isso, o candidato precisa apresentar as melhores propostas para agradar o eleitor e ultrapassar a concorrência. Praça / Ponto de Distribuição – Os profissionais de marketing desenvolvem estratégias de distribuição para assegurar que seus produtos estejam disponíveis nas quantidades apropriadas em lugares e momentos certos. A distribuição envolve toda a atividade que visa a conduzir o produto do fabricante até o consumidor final. É necessário criar e/ou utilizar canais de distribuição que permitam que o produto 42 chegue ao seu cliente. No marketing político, a distribuição é feita através dos meios de comunicação, como revistas, jornais, folhetos informativos, televisão, internet, entre outros, e também através de cabos eleitorais, para que a imagem do candidato e suas propostas cheguem a tempo hábil ao eleitor. Por isso, um dos fatores críticos de sucesso da campanha é sua acessibilidade, ou seja, que ela se faça presente em todos os pontos onde acontecem as eleições. Em eleições municipais, por exemplo, é possível fazer campanha fora do município, nas vias próximas a locais muito frequentados por seus moradores, como aeroportos, praias e estradas. Promoção – O composto promocional compreende a promoção de vendas, que consiste num conjunto diversificado de ferramentas de incentivo de curto prazo, que visa a estimular a compra ou venda de um produto ou serviço. A publicidade é um conjunto de estímulos para monitorar e atender a demanda de um produto através de meios de comunicação. Essa estratégia é muito utilizada, pois comunica a existência do produto e suas qualidades. (...) As relações públicas são um processo de informação, conhecimento e educação com fim social e utilizam, para tanto, técnicas para conseguir a boa vontade e a cooperação das pessoas. São utilizadas como meio de fixação da imagem institucional, divulgação de usos e aplicações. São usadas também para melhorar o relacionamento com os diversos públicos-alvo. Em qualquer tipo de comunicação, a maneira como se passa uma mensagem potencializa diversos tipos de interpretação e isso não poderia ser diferente para a comunicação política. (...) No marketing político, a promoção varia de ações executadas pelo político, como transportes, alimentos, entre outras ajudas que possam incentivar o eleitor a escolher determinado candidato ou partido, e a disseminação dessas atitudes através da propaganda, publicidade e relações públicas. A propaganda, assim como a ponta do iceberg, é parte visível de todo o marketing político, que começa muito antes do tempo oficial da campanha. Para Teixeira (2006), a comunicação é eficiente se alcança três objetivos básicos, que são: • Cognitivo: Fazendo com que a pessoa compreenda a mensagem; • Afetivo: Para que a pessoa aceite a mensagem por ter gostado dela; • Comportamental: Incentiva a pessoa agir em prol da concretização do conteúdo da mensagem. 43 É evidente que dentro do composto mercadológico a ferramenta comunicação é a principal vertente promocional para qualquer campanha, pois através objetivo comportamental o candidato se fará compreendido em suas propostas, ser estimulado pela população, e principalmente angariar correligionários para sua campanha. Uma vez que no marketing político o primordial não é divulgar o político com sua formação e experiência, e sim transparecer a capacidade que o político tem de resolver os problemas sociais da comunidade devido a sua compreensão e identidade com o povo. Contudo, deve ter o máximo de cuidado a utilização das técnicas de comunicação fora do período de eleição, possa que dê uma ajuda singular para o desenvolvimento da imagem do candidato, mas a lei eleitoral é severa quando caracteriza qualquer publicidade como propaganda eleitoral, e como punição até a cassação do cargo eleito. Para ilustrar a recomendação e o cuidado com comunicação fora do período da eleição, no último dia 13/Abril/2011 a Folha.com postou a seguinte matéria: TSE multa Mercadante por propaganda antecipada no Twitter. O ministro Hamilton Carvalhido, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aplicou multa de R$ 5.000 ao ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, por propaganda eleitoral antecipada, via Twitter, em seu favor e da então presidenciável Dilma Rousseff, antes do início da campanha eleitoral de 2010. À época, Mercadante era pré-candidato ao governo de São Paulo. A ação foi ajuizada no TSE pelo Ministério Público Eleitoral contra decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, que concluiu que Mercadante não realizou propaganda eleitoral antecipada ao publicar mensagens em seu microblog. Segundo o Ministério Público, nas mensagens, Mercadante dizia: "Se eleito governador darei prioridade ao ensino público em período integral, especialmente no ensino médio p/ criar curso profissionalizante" e "Estou com a futura presidente Dilma em São Paulo. Ela veio me dar um abraço e o apoio a nossa Convenção Estadual, amanhã no Expo Center Norte". Para o Ministério Público, as postagens do candidato "demonstram, de forma explícita e inequívoca, sua pretensão de disputa ao cargo de governador nas eleições 2010". Segundo a defesa do ministro, não se teria configurado propaganda eleitoral irregular, pois "não há pedido de votos, não há exaltação do candidato como o mais qualificado, não há divulgação de plataforma política". Em sua decisão, Carvalhido citou a jurisprudência do TSE, no sentido de que, "deve ser entendida como propaganda eleitoral antecipada qualquer manifestação que, previamente aos três meses anteriores ao pleito e fora das exceções previstas no artigo 36-A da Lei 9.504/97, leve ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo 44 que somente postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou as razões que levem a inferir que o beneficiário seja o mais apto para a função pública". O Tribunal de Superior Eleitoral já havia punido o Senador Mercadante com outras multas, bem como outros políticos na última eleição, em 2010. Portanto, os profissionais de marketing e partidos devem se policiar no período que antecede a convenção partidária para formalização das candidaturas, a fim de não prejudicar todo um trabalho constituído através de uma longa negociação política e partidária. As últimas eleições demonstraram uma enorme modificação na forma que partidos e políticos buscaram atingir o eleitorado, graças à comunhão das ferramentas de marketing político utilizadas pelos profissionais de marketing, como por exemplo: a utilização do composto mercadológico e segmentação do eleitorado. Desta maneira norteou o planejamento, desenvolvimento e execução do programa de campanha, com intuito real de satisfazer o desejo do eleitor (consumidor), uma vez que este passou a elevar o seu grau de exigência política, e de certa forma buscando nas mídias as informações básicas e históricas de seus candidatos. 3.5 Pesquisa Eleitoral Na Era do Conhecimento, a informação é a maior fonte de poder, ou melhor, informação é poder. Vivemos um tempo em que não há fórmulas a ser aplicadas como verdades absolutas em qualquer contexto para tomar a decisão ótima e chegar à solução ideal. É preciso estar preparado para administrar, convivendo com o imprevisto. Daí a importância das pesquisas do cenário político. (TEIXEIRA, 2006, p. 35). Dantas (2010, p. 183) explica que a pesquisa de marketing, conforme definição da Associação Americana de Marketing pode ser entendida como: coleta, registro e análise sistemáticos de dados sobre problemas relacionados à comercialização de bens e servidos. (...) Da mesma forma, no marketing político dos dias atuais, pode-se dizer que todo político que se arvora a um cargo público ou que se deseja preservar sua imagem e/ou a de seu partido não pode abrir mão da pesquisa de marketing. 45 A pesquisa eleitoral mostra uma realidade estática. Ou seja, qual é a situação do momento. Várias pesquisas sobre o mesmo assunto, feitas durante certo intervalo de tempo, é que poderão mostrar a tão famosa “tendência” (...). Por outro lado, as pesquisas não se prestam apenas para indicar “quem está na frente” na corrida eleitoral: este é apenas um dos pontos detectados por ela. (MANHANELLI, 1992, p. 37). Pimentel (2004, p. 67) ressalta que “as pesquisas devem ser objeto de total atenção, tal a sua importância em uma campanha. Precisamos saber quando solicitar e como utilizar essas pesquisas. Nenhum candidato, que seja para vereador, quer para presidente, pode enfrentar uma campanha sem pesquisas (...). Sem pesquisa não tem campanha que tenha sucesso (...), sem as pesquisas os candidatos vão funcionar na base do achômetro, sem sustentação para seus argumentos, o que não leva a lugar algum”. Kuntz (2006, p. 103) explica que a pesquisa é o principal instrumento à disposição de um candidato para a elaboração de suas estratégias de campanha. De nada adianta que ele ou sua equipe sejam dotados de inteligência, bom senso, experiência e outras qualidades, se não puder contar, como ponto de partida, com informações confiáveis. Ainda para o autor, a não utilização de pesquisas na formulação estratégica de uma campanha implica a aceitação da intuição, sensibilidade e formulações mal fundamentadas, elevando consideravelmente o fator risco da cada campanha eleitoral. É através das pesquisas que se conhecem os principais adversários diretos, os potenciais para o futuro, que se definem os segmentos eleitorais mais promissores e os mais hostis. Isso também é importante, já que planejamento deve ser para longo prazo. Além disso, pode-se dividir a cidade em diversas regiões geográficas ou segmentos populacionais homogêneos, identificando a prioridade e os assuntos mais preocupantes de cada região ou segmento, fazendo um mapeamento político e social da cidade no organismo vivo que é a cidade. (TEIXEIRA, 2006, p. 36). A pesquisa eleitoral não é por si só a resposta para todos os questionamentos acerca do eleitorado, apenas demonstra a tendência política e não 46 a realidade dos acontecimentos que afligem a sociedade e o que a sociedade espera de cada candidato. Mas é uma essencial ferramenta estratégica para elaboração da plataforma de campanha, para tal êxito os profissionais de marketing precisam utilizar as pesquisas qualitativas para identificar o perfil do eleitorado e qual o perfil ideal do candidato, além dos temas mais ventilados pela população sobre seus problemas, anseios, desejos e necessidades, que servirão de base para elaboração da pesquisa quantitativa, serve para saber o grau de popularização do candidato e dos concorrentes, por faixa etária, sexo, distribuição geográfica etc. É esta a pesquisa mais divulgada nos órgãos de comunicação. (MANHANELLI, 1992). 3.5.1 A opinião pública A opinião pública, juntamente com as necessidades do povo, deve ser a única e verdadeira legitimadora dos discursos e ações dos políticos, inclusive para modificar leis que se tornaram obsoletas pelas mudanças comportamentais da sociedade (...). A opinião pública torna-se a lei informal para direcionar as ações e as estratégias da campanha eleitoral (...). A opinião pública é uma realidade abstrata que se forma em atitudes verbalizadas sobre um determinado tema (...). Teoricamente, a opinião pública é a somatória das opiniões de todos os indivíduos, porém devidamente ponderadas pelo momento da pesquisa, pelos fatos que possam interferir na percepção das pessoas, mas, principalmente, pelo grau de influência dos líderes naturais de cada grupo em que são formadores de opinião (TEIXEIRA, 2006). Kuntz (2006, p. 231) acrescenta que “a opinião pública é o grande monstro sagrado que a todos atemoriza ou impõe respeito, ao mesmo tempo em que é por todos perseguida, na afã de se conseguir penetrá-la e conquistá-la. Representada pela média das opiniões correntes e expectativas de uma sociedade, seu processo de formação é complexo, composto pelo somatório de todas as tendências sociais, correntes intelectuais, costumes, moda, moral, tecnologia etc., de todos segmentos socioeconômicos e culturais de cada comunidade. À medida que aumenta o número de votos necessários para a consecução da meta que o candidato postula, maior é a 47 sua necessidade de conseguir o imprescindível respaldo junto a faixas mais amplas do eleitorado nas comunidades onde disputa esses votos”. Mensurar a opinião pública com total exatidão não é tarefa fácil para o profissional de marketing, pois a mutação na opinião pública é constantemente incentivada pelos fatos que acontecem no cenário social e político local e regional. Teixeira (2006) chama atenção para um erro muito grotesco do marketing político que é pesquisar somente as opiniões dos afiliados do partido e simpatizantes com alto envolvimento com o candidato. Segundo a autora, embora as opiniões dos simpatizantes ao candidato sejam tão relevantes como as de qualquer cidadão, não se pode deixar de considerar que são muito distorcidas pela visão emocional em relação ao candidato, deixando de identificar pontos fracos percebidos por outros cidadãos com uma visão mais crítica. 3.6 A relação do Profissional de Marketing Político Essa profissão exige um esforço de relacionar saberes ainda dispersos em diferentes campos de conhecimento, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos relacionados à política, e à opinião pública, além da moderna concepção de propaganda política, todas as áreas interagindo com as atividades de marketing. O Profissional de marketing político – com o apoio de especialistas em comunicação social, ciência política, propaganda e pesquisas – trabalha no convencimento do eleitor. (TEIXEIRA, 2006, p. 30). Os autores Macedo e Manhanelli (2007) contribuem quando afirmam que Profissional de marketing político “deve ser um profissional com conhecimento multidisciplinar, pois as várias ciências que interferem no marketing político devem ser entendidas e interpretadas por ele. Sociologia, Pesquisas, Ciências Políticas, Psicologia das Massas, Comunicação, Jornalismo, TV, Rádio, Jornalismo, Propaganda, Publicidade e Marketing são apenas algumas das ciências que interferem na análise e no entendimento do mundo Político/Eleitoral”. Fontes (2006) explica que este segmento profissional, relativamente recente no Brasil, já encontra ressonância há mais de quatro décadas nos Estados Unidos e 48 Europa. Portanto, a visibilidade destes profissionais está, também, diretamente ligada à alternância de poder, ao aperfeiçoamento das regras democráticas, à necessidade de atender de forma diferenciada aos grupos distintos de eleitores e à impossibilidade do candidato manter contato direto e próximo com o universo eleitoral numa sociedade cada vez mais complexa. Em muitos momentos os profissionais de marketing político são caracterizados como mágicos e poderosos estrategistas, em outros momentos com conotações nem sempre positivas sobre manipulação de massa. Os consultores políticos ganharam grande destaque nos últimos anos e passaram a ocupar páginas de importantes jornais e consideráveis espaços da mídia eletrônica. (...) Além de parte da imprensa, é inegável que segmentos de eleitores observam os consultores com demasiado rigor, outorgando-lhes poderes extra-humanos, quase sempre para o mal, como se fosse possível eleger alguém sem votos, usando apenas as estratégias de marketing. Se existem vencedores, certamente, houve a decisão da maioria dos votantes. (MACEDO e MANHANELLI, 2007). Teixeira (2006, p. 30) chama atenção ao tratamento dado a esses profissionais como “mágicos com poderes místicos”, pois essa visão confunde muito mais do que esclarece suas responsabilidades e limites de atuação. (...) A importância desses profissionais está diretamente ligada à necessidade de atender de forma diferenciada aos segmentos distintos e dificuldade de o candidato manter contato direto e próximo com o povo. (...) Pois, quando o político ascende ao poder ou fracassa, há sempre a tendência de atribuir o fato ao consultor numa atitude simplista, que não profunda o debate e distorce a realidade sem buscar verdadeiras razões. Muitos candidatos com a imagem arranhada perante o eleitorado buscam em alguns Profissionais de marketing político, com perfil agressivo, a solução rápida para atenuar sua impopularidade social, ao mesmo tempo em que se dispõem literalmente como verdadeiros, que momentaneamente, “marionetes” nas mãos de seus consultores. E sob sua responsabilidade os consultores acabam por distorcer o sentido e objetivo da campanha, o que a torna desalinhada com as necessidades e anseios do eleitorado, ou pior, acabam por constitui uma imagem falsa do candidato através dos discursos persuasivos, baratos e sensacionalistas. Sendo o profissional 49 de marketing responsável pelas ações dos eleitores que não possuem autonomia, conhecimento e recursos para decidirem o rumo de suas vidas. Por esse contexto que Teixeira (2006) afirma que “a campanha ideal deve refletir o candidato ideal a partir da visão do eleitor e não do profissional de marketing com suas ideologias e estilos próprios de campanha. O profissional de marketing é um conselheiro cabendo ao político aderir ou não a seus conselheiros. O importante nesta relação é a clara distinção da atuação das partes envolvidas, de um lado político com seu plano de governo constituído a partir da sua experiência aliada aos debates com a sociedade, através de seus lideres comunitários. E do outro lado, o profissional de marketing que tem sob a sua responsabilidade de tornar claro e compreendido o projeto de governo do candidato, bem como a avaliação das ferramentas necessárias de marketing a serem aplicadas no período eleitoral. 50 4 ANÁLISE AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO DE MARKETING 4.1 Análise ambiental Antes de iniciar qualquer empreitada, seja ela empresarial ou política, é imprescindível para o êxito do planejamento que seja realizada uma criteriosa análise do ambiente (oportunidades e ameaças) a fim de que possa diminuir os riscos e potencializar a vitória do empreendimento, haja vista que toda sociedade como um organismo vivo tem seus fatores ambientais que interagem e interrelacionam de tal forma que influencia toda conjuntura social. Teixeira (2006) elenca os fatores que mais interferem numa campanha eleitoral: a imprensa, as pesquisas, a situação e características particulares do local da eleição, os elementos da política, e, principalmente, o comportamento das pessoas em relação à política e em relação à própria sociedade em que estão inseridas. Ainda segundo a autora, “uma análise ambiental para qualquer empreendimento, mesmo sendo de curto e predeterminado prazo, como uma campanha eleitoral, envolve questões referentes à ecologia, mercados, economia, política, tecnologia, concorrências, demografia, cultura e sociedade. Os fatos se dividem basicamente em questões culturais, sociais e econômicas. Todos esses aspectos conjuntamente atuam no ambiente criando as condições temporais que acarretam oportunidades e ameaças. Analisá-los, separada e comparativamente, requer, além de conhecimento, muita perseverança para minimizar os riscos das estratégias a ser adotadas no horizonte de futuro traçado pelo planejamento”. (TEIXEIRA, 2006, p. 60). Peter et al (2005, p. 23) explica que análise do ambiente é o processo de monitoramento do ambiente organizacional para identificar as oportunidades e os riscos atuais e futuros que podem vir a influenciar a capacidade das empresas de atingir suas metas. Para ele, o ambiente organizacional é o conjunto de todos os fatores, tanto internos como externos, que podem influenciar o processo obtido por meio da realização dos objetivos. 51 Com o objetivo de maximizar as possibilidades de qualquer candidato obter a vitória nas urnas, é preciso que o profissional de marketing e a equipe política (candidato, políticos, cabos eleitorais e assessores de campanha) compreendam e mensurem os pontos fracos e os pontos fortes do candidato, com foco na sua evolução política e social, a viabilidade de sua vitória na eleição, o grau de rejeição, seus redutos eleitorais e, principalmente, as condições financeiras. Com base na análise ambiental será possível identificar os principais pontos e fatores para serão trabalhados pela coordenação de campanha, neste trabalho serão abordados os principais fatores que influenciam na confecção do plano de marketing para uma campanha eleitoral, que será tratado no próximo capítulo. 4.2 Comportamento do Eleitor Quem é que vota? O Eleitor. Com uma resposta curta e direta pode-se concluir que o eleitor é o centro das atenções dos candidatos e o foco principal dos profissionais de marketing político. Nesse contexto o eleitor é compreendido como o consumidor final do produto (candidato). E como tal é necessária a busca pela compreensão do fator social, cultural, econômico e político em que este consumidor esteja inserido, pois somente com a devida compreensão dos fatores que influenciam o comportamento do eleitor é que os profissionais de marketing poderão constituir o plano de marketing para campanha eleitoral. Teixeira (2006, p. 61) explica que normalmente procura-se explicar o comportamento por análises de atitudes e percepções individuais. As pessoas se diferem por seus recursos, grau de conhecimento, atitudes, motivação, envolvimento, personalidade, valores, estilo de vida, classe social, influência pessoal, formação familiar e inúmeros fatores que as rodeiam desde muito antes do seu nascimento. É importante compreender que uma sociedade é composta de uma população heterogênea, com necessidades diferentes e percepção de valor diferenciada umas das outras. Praticamente o contexto social é que vai ditar a formação de conceitos e ideais de parte da população, que para uma parte é necessário atender as necessidades básicas e fisiológicas. Para outra parte da 52 população são os desejos de transformação social e econômica que ditam o comportamento e sua intenção de voto. O pragmatismo eleitoral pode ser explicado pela Teoria da Pirâmide de Necessidades Hierarquizadas de Maslow, que defende a ideia de que as pessoas procuram satisfazer suas necessidades na seguinte ordem: necessidades fisiológicas, segurança, aceitação social, auto-estima e realização pessoal. Partindo dessa teoria, é mais oportuno elaborar uma campanha de marketing que estimule as pessoas a tomar suas decisões de voto com base em seus problemas de cidadãos (Teixeira, 2006). Ainda de acordo com a autora, “no Brasil, o voto é emocional, parte da identidade entre o eleitor e o candidato, a tal ponto de evangélicos votarem somente em evangélicos, descendentes de imigrantes votarem sempre em pessoas da mesma colônia”. Contudo, isso não é suficiente para garantir o sucesso e a vitória numa campanha eleitoral, a sociedade hoje tem acesso à informação e expressa os seus desejos, seria um equívoco do candidato e de sua assessoria pensar que o povo não sabe o que quer. Em comunidades pequenas, ainda há manipulação da concepção social por parte dos políticos, eles conseguem determinar o que o povo precisa e deseja, porém já são casos isolados. As últimas eleições vêm demonstrando através das urnas que o povo quer, além das necessidades fisiológicas, o povo quer, e conseguirão com o tempo, a realização pessoal através do voto. 4.3 A influência da impressa Sempre houve a ideia de que a mídia é muito poderosa a ponto de formar a opinião popular, moldar comportamentos e atitudes das pessoas, colocar e tirar assuntos da pauta das discussões, construir e destruir imagens, tornar um desconhecido qualquer uma celebridade e até interferir em processos políticos de acordo de interesses próprios ou até por mero exercício de poder para um grande número de receptores completamente passivos (...). Entretanto, o poder da imprensa tem suas limitações. (TEIXEIRA, 2006, p. 78). 53 Embora não seja negado o poder da imprensa, principalmente a imprensa televisiva, no Brasil as empresas de comunicação são empresas de capital aberto, e como qualquer empresa é imprescindível o cuidado e a manutenção de sua credibilidade perante o público, tendência a favor de algum candidato é um alto risco para sua credibilidade, pois a classe política brasileira não é bem vista pelo público. Ainda correm o risco de perder os contratos de publicidade governamental, caso o candidato opositor venha ser eleito. O poder da imprensa, como instituição, é inquestionável, tanto que é considerada como o quarto poder e se constitui no principal instrumento formador da opinião pública. Isso se dá porque as pessoas e ações, o que se comprova facilmente nas próprias conversas entre cidadãos, onde é comum o início de um diálogo com a frase: – “Você viu a entrevista de fulano de tal na TV?”, ou no jornal Y, ou então ter-se como a uma indagação qualquer: – “Li isto no jornal X” ou: – “Você não assiste à TV?” (...). Tornando-se individualmente os veículos por meio dos quais se manifesta a imprensa, a aferição do poder se faz com base em três critérios fundamentais: o alcance do veículo e sua penetração, a credibilidade deste frente ao seu público e a sua independência. (KUNTZ, 2006, p. 251). 4.4 Os Partidos e os Políticos Um partido político é um grupo de pessoas comprometidas aparentemente com os mesmos pensamentos e interesses, tentando fazê-los predominar sobre o restante do corpo social; uma associação voluntária prolongada com programa de governo de acordo com sua ideologia política, que canaliza interesses setoriais e cujos integrantes aspiram por exercer o poder político ou participar dele mediante aceitação eleitoral, com o intento de alcançar o poder para o controle estatal. Na prática, os partidos são instrumentos e forma de organização do poder (TEIXEIRA, 2006, p. 86). Rego (1985, p. 19) ressalta que “a serviço do candidato, um dos elementos de grande eficácia é o Partido, que transfere para os políticos seu poder de persuasão e influência. Por isso, o candidato deve ser bem-visto pelo Partido. 54 Quando a máquina partidária acolhe o candidato com vontade e determinação, as possibilidades de ajuda são maiores”. Os partidos políticos no Brasil não possuem uma identidade ideológica homogênea, seja ele de esquerda ou de direita, o resultado desta concepção é que o eleitorado comum não relaciona o candidato ao partido político e sim a sua pessoa. Contudo, a filiação a um partido está diretamente condicionada ao poder deste partido, sua experiência e seu catálogo de políticos, que poderá auxiliar o candidato na campanha eleitoral. Quadro 3.0 - Relação dos Partidos Políticos registrados no TSE SIGLA NOME DEFERIMENTO Nº 1 PMDB PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO 30.06.1981 15 2 PTB PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO 03.11.1981 14 3 PDT PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA 10.11.1981 12 4 PT PARTIDO DOS TRABALHADORES 11.02.1982 13 5 DEM DEMOCRATAS 11.09.1986 25 23.06.1988 65 PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO 01.07.1988 40 PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA 24.08.1989 45 6 PCdoB PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL 7 PSB 8 PSDB 9 PTC PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO 22.02.1990 36 10 PSC PARTIDO SOCIAL CRISTÃO 29.03.1990 20 11 PMN PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO NACIONAL 25.10.1990 33 12 PRP PARTIDO REPUBLICANO PROGRESSISTA 29.10.1991 44 13 PPS PARTIDO POPULAR SOCIALISTA 19.03.1992 23 14 PV PARTIDO VERDE 30.09.1993 43 11.10.1994 70 PARTIDO PROGRESSISTA 16.11.1995 11 15 PTdoB PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL 16 PP 17 PSTU PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO 19.12.1995 16 18 PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO 09.05.1996 21 continua 55 continuação 19 PRTB 20 PHS 21 PSDC 22 PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO 28.03.1995 28 PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE 20.03.1997 31 PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA CRISTÃO 05.08.1997 27 PCO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA 30.09.1997 29 23 PTN PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL 02.10.1997 19 24 PSL PARTIDO SOCIAL LIBERAL 02.06.1998 17 25 PRB PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO 25.08.2005 10 26 PSOL PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE 15.09.2005 50 27 PR PARTIDO DA REPÚBLICA 19.12.2006 22 Fonte: TSE (Tribunal Superior Eleitoral) – Seção: Partidos > Partidos Políticos > Registrados no TSE Diante da quantidade de partidos político no Brasil a sociedade está mais sensível ao comportamento dos políticos e do seu partido, principalmente com atitudes de alguns políticos que só agem por conta própria e não na concepção ideológica do partido, e dos atos de partidos, principalmente de esquerda e de representatividade menor no legislativo, que agem isoladamente para prejudicar o trabalho do governo e subsequentemente a qualidade de vida da população, a fim de angariar recursos e atenções para o próprio partido. A maior dificuldade do pré-candidato inicia com aceitação dos “caciques” dos partidos políticos, pois, na sua maioria, ainda são controlados pelos fundadores ou por políticos experientes e que se consideram indispensáveis para o grupo. Por isso que alguns políticos em início de carreira filiam-se em partidos pequenos com o objetivo de ganhar espaço no cenário político regional com olhar nos partidos de alcance estadual, e, subsequentemente, em alcance nacional. Desta forma esses políticos perdem sua identidade ideológica, agindo como verdadeiros atores de telenovela, buscando apenas sua autopromoção política. Teixeira (2006) acrescenta que “os partidos e os políticos precisam adotar um posicionamento, inteirar-se das reais necessidades da população, adotar práticas de responsabilidade social e ética, pois a sociedade com seu pragmatismo eleitoral tende a cobrar, cada vez mais, as prestações de conta. Não há mais espaço para o político que se comporta como um ator interpretando diferentes papéis a cada 56 nova peça ou novela”. E ainda a autora “o troca-troca de partidos por parte de alguns políticos confunde a visão das pessoas e dificulta um posicionamento mais definido e, consequentemente, a construção de um envolvimento com o povo. Mas, o fato de alguns políticos (brasileiros) trocarem constantemente de partidos não afeta tão gravemente sua imagem perante o povo, visto ser esse um pequeno defeito entre muitos observados nos políticos. 4.5 Avaliação de sua equipe O “compadrismo” e a amizade podem ajudar, mas não tanto como antigamente. Os amigos do candidato são importantes para fomentarem a criação de grupos de trabalho voluntários, mas é um perigo deixar a campanha em mãos amadorísticas. Equipes profissionais veem o candidato como um produto que quer ter sucesso e planejam as medidas necessárias para isso, sem erros ditados por paternalismo e “emocianalismo”. Para algumas tarefas, o candidato certamente poderá se utilizar dos amigos. Mas em funções que exijam conhecimento profissional, não deverá haver concessões. A escolha de agências e assessorias na área de comunicação dever se dar não apenas em função do porte da empresa mas em função da capacidade de compreensão e planejamento do marketing integrado do candidato (REGO, 1985, p. 21). Pimentel (2004, p. 37) explicar que: para realizar um bom trabalho, o candidato político tem que se organizar e para isso tem que ter equipe, tem que contratar. O político tem que estar consciente de que ele não pode fazer uma campanha sozinho. Ele tem que ter inúmeros assessores de comunicação e de marketing. Estamos vivendo um momento novo: o da profissionalização dos processos de marketing político. Para Kuntz (2006): uma campanha desorganizada é inadmissível, por mais hábeis que sejam o candidato e sua assessoria. É preciso ter sempre presente que não existe boa vontade ou dedicação capaz de substituir a eficácia da organização, pois a complexidade das atividades a ser desenvolvidas durante uma campanha eleitoral exige que se disponha de uma estrutura ágil e 57 equilibrada, capaz de exercer controles, absorver alto volume de informações e determinar estratégias de ação em curtíssimo espaço de tempo. Estruturar uma equipe de campanha não é fácil, o fator confiança sempre será predominante neste momento para o candidato político, porém há um senso comum entre os autores mencionados, o amadorismo já não é mais aceito dentro do cenário competitivo de uma campanha eleitoral, principalmente pelo espaço de tempo muito curto. Por isso que os grandes partidos políticos estão contratando especialistas em marketing político, assessoria de comunicação, assessoria jurídica, e como uma empresa surge a figura de Chefe de Campanha, em termos o Administrador, o CEO do empreendimento, ficando para o candidato a essência do processo eleitoral, o que de melhor ele saber fazer, política. Kuntz (2006) acrescenta: É bom lembrar aos candidatos que nenhuma inteligência é prescindível num embate eleitoral, recomendando-se a arregimentação contínua de cabeças, que possam trazer novas idéias e enfoques diferenciados, eliminando-se assim riscos de ocorrência de vícios de campanha, comuns e involuntários, nas equipes integralmente compostas por velhos companheiros (...). Qualquer candidato, veterano ou iniciante, deve procurar, na medida do possível, contar em seu staff com o apoio ou assessoria de profissionais de marketing, publicidade, imprensa, relações públicas e pesquisas, a fim de assegurar o respaldo técnico necessário para a formulação adequada das estratégias e diretrizes adotadas na campanha. 58 5 PLANO DE MARKETING PARA UMA CAMPANHA ELEITORAL Uma campanha para ser eficiente, eficaz e efetiva deve ser bem planejada e organizada com um mínimo de improvisos, “achismos”, sem exageros e sem erros de marketing. Assim como uma grande organização avalia todas as perspectivas do mercado para lançar um novo produto, o candidato deve utilizar-se de um planejamento estratégico eficiente para antecipar suas vulnerabilidades, potencializar suas virtudes e suavizar seus defeitos. Para tal êxito é necessário, com antecedência, realizar a análise ambiental das circunstâncias sociais e econômicas que cercam o candidato, assim como sua capacidade de financiamento da campanha, pois qualquer dificuldade financeira poderá comprometer totalmente o processo eleitoral, haja vista que o marketing eleitoral é, no curto prazo, o seu sucesso; nas urnas, é conseqüência de um trabalho de marketing político no longo prazo. Sendo assim, o trabalho de profissionais especialistas na área de marketing político somado ao conhecimento político do candidato e de seu partido certamente levá-lo-á à vitória nas urnas. 5.1 As campanhas eleitorais De acordo com Mao Tsé-Tung: “A política é uma guerra sem derramamento de sangue, ao contrário da guerra que é uma política sangrenta. Quem relaxa sua vigilância, se desarma politicamente e reduz a uma posição passiva”. Eleição é, de fato, uma guerra de discursos, propagandas e até psicológica, que necessita de organização e estratégia como se fosse uma guerra de verdade. (TEIXEIRA, 2006, p. 114). O planejamento de campanhas políticas, cada vez mais, está se profissionalizando. Isso porque, com a evolução da tecnologia, que facilita a proliferação de notícias negativas a respeito dos políticos e a devassa feita pela imprensa em suas vidas, o eleitor passa a ter acesso a essas informações com muito mais clareza. As pessoas, graças a essa disseminação da informação, estão 59 se tornando, a cada dia, mais criteriosas na escolha de candidatos a cargos políticos (DANTAS, 2010). Kuntz (2006, p. 79) acrescenta dizendo que: o planejamento da campanha tem, por objetivos centrais, o de reunir toda informação existente ou possível de se obter sobre aliados, adversários, o histórico dos fatos e eleições passadas, forças sociais que possam interferir no processo eleitoral e tudo o que for possível para estabelecer um balanço dos pontos fortes e vulnerabilidades próprias, de aliados e adversários. O grande objetivo [da campanha eleitoral] é conquistar e fidelizar o eleitor, ou seja, conquistar votos e cristalizar na mente das pessoas a intenção de voto, minimizando a possibilidade de desistência (...). O carisma do político é fundamental, mas não garante vitória. A campanha deve demonstrar vibração, criatividade na comunicação, garra e empenho dos envolvidos, passando a ideia de que se acredita muito na eleição e que é um fato importante para a melhoria da vida do povo. (TEIXEIRA, 2006, p. 114). Ainda Teixeira (2006, p. 116), o maior objetivo de uma campanha é influenciar o comportamento das pessoas na direção de obter delas os votos, em uma perspectiva holítisca, respeitando as premissas da soberania e consciência do eleitor na busca de benefícios sociais pelos instintos naturais de proteção e pela ética e legitimidade das ações baseadas em princípios éticos. Manhanelli (1992) explica que campanha eleitoral ganha-se na rua e não sentando no comitê central tratando de fornecedores, pagamentos, recebimento de materiais, transporte, agenda, reuniões com assessoria e com cabos eleitorais. O autor faz uma relação de conselhos úteis aos candidatos para uma boa campanha eleitoral. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Faça política; Conheça a natureza humana; Não hesite em ceder no acessório para preservar o principal; Não delegue a ninguém o papel de líder; Tenha cuidado com o que falar em público; Saiba guardar segredo; Prepare-se para trair e ser traído (“até tu, Brutus!”); Articule-se sempre com a pessoa certa para não ter de negociar duas vezes; 60 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. A campanha vitoriosa é sempre aquela que consegue despertar emoções no eleitorado; Uma campanha é construída em função das oportunidades. Fique de olho; A organização é fundamental; Escolha alguém que saiba administrar bem seus materiais; Nunca perca o contato com a realidade; Escolha com muito critério seus assessores mais próximos e, se puder pagar, valorize o profissionalismo. Não se esqueça das campanhas voltadas aos grandes centros e outra dirigida às comunidades menores; Cuidado com o “Já Ganhou”. Não subestime nem superestime os adversários; Aprenda ouvir. Ninguém é tão insignificante que não possa contribuir ou ensinar alguma coisa; Não descuide de manter o moral das tropas elevado; Seja original e criativo. Dinheiro ajuda, mas não garante a vitória; Aprenda a administrar bem o seu tempo; Busque ser polêmico e saiba escolher bem seus adversários; Quem tem a informação tem o poder (procure ter acesso às pesquisas dos candidatos majoritários); Consolide ao menos um reduto eleitoral antes de lançar-se à conquista de outros; Prepare-se para apanhar e para bater duro, se necessário; Harmonize os métodos tradicionais aos modernos ao programar sua campanha; Invista nos recursos humanos. Para a obtenção do êxito da campanha o candidato e a coligação deverão buscar enfatizar todo o processo eleitoral com os princípios da administração clássica (planejar, organizar, dirigir e controlar). Com base nesses princípios eles [candidato e políticos] entenderão que o período eleitoral é mais constituído por gestão estratégica do que puramente de ações políticas, até porque o prazo limitado não permite ações desorganizadas e mal planejadas. 5.2 Orçamento Financeiro Os orçamentos de uma campanha ou de outras ações constituem um item importante para o planejamento estratégico de marketing político, uma vez que para um político ser eleito, ele necessita, não raras vezes, de muito dinheiro. A captação de verbas para uma campanha, por exemplo, constitui-se em uma tarefa árdua e difícil, de convencimento de eleitores e empresários dispostos a investirem dinheiro para terem um representante em algum cargo público (Dantas, 2010, p. 213). Pimentel (2004, p. 71) aborda que: 61 A questão dos recursos [financeiros] é uma das situações mais nevrálgicas de uma campanha, porque muitas vezes se começa um processo sem ainda ter conseguido esses recursos. Vai ser preciso ir buscá-los entre os amigos, principalmente na família, os amigos mais próximos e os empresários com quem o candidato poderia contar. A elaboração do orçamento de uma campanha é uma tarefa muito mais complexa do que possa parecer à primeira vista, levando candidatos experientes a cometer diversos erros, que podem prejudicar seriamente suas campanhas, senão arruiná-las, muitas vezes, quando estão na reta de chegada (KUNTZ, 2006, p. 126). Ainda o autor tal fato ocorre porque é comum subavaliarem-se os valores inseridos no plano orçamentário e, quando a campanha já se encontra em fase adiantada, descobre-se que os recursos estimados não serão suficientes para cobrir os custos atuais se prosseguir no mesmo ritmo, levando os candidatos menos privilegiados financeiramente ao desespero, pois uma queda no ritmo de desenvolvimento de uma campanha pode significar um avanço dos concorrentes e, consequentemente, uma derrota nas urnas. (KUNTZ, 2006, p. 126). Rego (1985) ressalta sobre a importância de planejar muito bem as despesas da campanha: Se o candidato quer ter custos inflacionados, basta ir deixando as contas “penduradas”. Mas o inflacionamento das contas a que nos referimos não é (...) do aumento dos custos, simplesmente por conta da “boa vontade”, dos “amigos” e das promoções realizadas sem planejamento. Quando as contas ficam “penduradas”, geralmente ocorrem alguns exageros. Daí o cuidado de planejar as contas do evento. Segundo Dantas (2010, p. 214), a determinação do orçamento de campanha é uma das decisões mais difíceis a serem tomadas pelo administrador de marketing. Trata-se de um elemento determinante, de vez que todos os aspectos de uma campanha de propaganda dependem dele. Os custos totais de uma campanha são inversamente proporcionais à popularidade do candidato, ou seja, quanto menos conhecido e envolvido com a população-alvo, mais terá de gastar para se tornar conhecido e aceito em curto espaço de tempo. As despesas devem ser discriminadas em detalhes como: alimentação, panfletos, placas, tintas, cartazes, anúncios em jornais, revistas e internet, combustível, telefones, distribuição de material, contratações de jornais e 62 empresas de outdoor. Uma forma de controlar os custos praticados pelas empresas é eliminar tarefas inúteis e excesso de burocracia documentando ações menores (TEIXEIRA, 2006, p. 125). O desafio de confeccionar e gerenciar o orçamento financeiro da campanha é de toda equipe estratégica da coligação, porém eleva a responsabilidade do consultor de marketing político, pois ele é responsável para elaboração do plano de marketing da campanha, as estratégias de propaganda e publicidade do candidato. E quanto maior for à descriminação dos detalhes dos custos e das despesas da campanha maior a probabilidade de conseguir financiadores éticos e comprometidos com o desenvolvimento da sociedade. Rompendo, desta forma, com a possibilidade de constituir um processo de troca de favores entre o eleitor e os financiadores da campanha. 5.3 Cronograma O cronograma é um instrumento importante para que o candidato e seus assessores tenham, de forma sintética, todo o plano de ação a ser executado durante a campanha eleitoral. Quanto mais detalhado, mais útil se torna o cronograma (DANTAS, 2010, p. 245). O autor apresenta um modelo de cronograma de campanha onde são definidas as principais fases da campanha e os respectivos períodos. Quadro 4.0 – Cronograma de Campanha Período Fases/Características 1º e 2º meses Pré-campanha: realização de pesquisas, levantamento de dados, montagem da equipe. Negociações de alianças. 3º e 4º meses Lançamento/Convenção: apresentação do posicionamento do candidato, seus aliados, suas principais propostas. Exploração midiática do evento. 5º e 6º meses Crescimento: levar a campanha para a rua, agenda de campanha, reiteração das principais propostas, com os devidos ajustes, início dos programas de rádio e TV. 7º meses Consolidação/Maturidade: responder aos ataques, consolidar base de apoio, conquistar o voto útil, ajustes nos programas de rádio e televisão baseados em pesquisas, grandes concentrações e carreatas. continua 63 continuação 1ª quinzena do 8º meses Reta Final - Votação: preparar boca de urna, ato de encerramento da campanha, organizar fiscalização e apuração, focar os indecisos, atentar para o volume da campanha. Preparar a participação nos últimos debates da campanha. 2ª quinzena do 8º meses Segundo turno: Em 28 dias é necessário montar outra campanha, com novos apoiadores, com mais tempo de rádio e televisão e com o posicionamento ajustado ao novo cenário. Fonte: Dantas (2010, p. 246), adaptado da Secretaria Nacional de Comunicação do PPS. 2004. Teixeira (2006, p. 126) explica que “a campanha precisa de prazos estabelecidos para melhor execução das ações planejadas (...). O cronograma evita que o candidato e a equipe ajam impulsivamente com base em informações, às vezes inverídicas, provindas da concorrência para perturbar a paz no ambiente, também evita que se assumam compromissos que jamais poderão ser cumpridos por falta de tempo e/ou recursos”. A autora apresenta o seguinte exemplo de cronograma: • Até janeiro: Estabelecimento dos primeiros contatos para a divulgação da candidatura. • De fevereiro a abril: Recrutamento e treinamento de possíveis candidatos a cargos legislativos e colaboradores internos, inclusive assessores de imprensa e secretários. • De março a junho: Realização de pesquisas qualitativas e quantitativas pela equipe ou por instituto terceirizado para levantamento de relevantes informações. Convenções dos partidos. • De julho a agosto: Contato, negociação, seleção e contrato dos fornecedores de serviços terceirizados, como gráfica, letreiros, agências de filmagens e fotografias. Gravações antecipadas dos programas de rádio e televisão e avaliação rigorosa dos programas para que haja tempo de regravação dos que não estiverem adequados. Início de campanha nas ruas, visitando os bairros e presença em importantes programas de rádio e televisão. • Agosto: Início do período permitido pelo Tribunal Regional Eleitoral para a campanha no rádio e na televisão com o horário eleitoral gratuito. 64 • Setembro: Acompanhamento através da imprensa, realização de novas pesquisas qualitativas e quantitativas para conhecer as opiniões das pessoas sobre a campanha com interação permanente com os colaboradores para passar os resultados. • Outubro: Prepara-se para a posse ou para o apoio aos candidatos do segundo turno ou começar a planejar para campanhas futuras conforme o resultado do primeiro turno. Rego (1985, p. 20) ressalta a importância de preparar um bom plano e um eficiente cronograma: O calendário eleitoral no Brasil está sujeito a marchas e contramarchas das negociações políticas nos Estados. Mas, pode-se dizer que, em eleições majoritárias, o prazo de um ano é bastante razoável para o início de uma campanha, afunilando-se esse prazo para 9 meses, em média, para campanhas de eleições proporcionais. O marketing político, para ser eficaz, há de ajustar muito bem o calendário de uma campanha, sob pena de prejudicar o candidato. Diz-se que se começa a trabalhar após as convenções e escolha dos candidatos, mas a verdade é que muitos candidatos começam a desenvolver suas campanhas, mesmos antes das Convenções. O importante é saber que a trajetória do candidato passa pelas etapas das Convenções, de lançamento, de desenvolvimento, atravessa o período de maturidade e pico até o declínio. O calendário deve ser programado para o candidato atingir o pico da maturidade no momento das eleições, de forma a ganhar a melhor performance. Se começar a declinar antes das eleições, o que é comum em campanhas mal projetadas, o candidato sofrerá decepções e amargará derrota. Observa-se que não há um cronograma exato e modelo padrão a ser seguido pelos candidatos, porém os autores ilustraram um roteiro básico com objetivo de auxiliar o candidato e sua equipe na elaboração do cronograma de sua campanha, evitando, assim, qualquer processo de turbulência ou ingerência na campanha. Ou seja, o cronograma parte do princípio do planejamento estratégico da equipe do candidato. 5.4 Programa de Governo O programa de governo ou de ação parlamentar é um dos principais instrumentos de personalização da campanha à disposição dos candidatos, pois é por meio dele que se divulgam as propostas administrativas e de ação política que 65 se pretende desenvolver uma vez obtido o mandato, e que esclarece ao eleitor a diferença entre votar neste ou naquele candidato (KUNTZ, 2006, p. 97). Para Dantas (2010, p. 233), “o programa de governo é um instrumento de personalização da campanha, colocado à disposição dos candidatos, por meio do qual são divulgadas as propostas administrativas e de ação política que se pretende desenvolver, uma vez obtido o mandato, e que esclarece ao eleitor a diferença entre votar neste ou naquele candidato”. O autor complementa afirmando que o programa de governo deve ser entendido como uma carta de intenções do político para com os seus eleitores, onde estão sintetizados os diversos planos de ação a serem implementados, no caso de ele ser eleito. Sua importância, portanto, é muito grande, uma vez que contará todas as diretrizes para a realização das promessas assumidas durante a campanha. Contudo, para que um programa de governo seja eficaz, este deve enfatizar a realidade da sociedade e consiga um relacionamento envolvente com o eleitor (consumidor), uma vez que a sua natureza é expor as intenções do político e sua capacidade administrativa de gerir uma organização de interesse público. Kuntz (2006) conclui que “um programa serve para divulgar o quanto o candidato é inteligente, conhecedor dos problemas da comunidade e sensível a eles, provando ao eleitorado a sua competência, seriedade, honestidade e capacidade de solucionar problemas, mostrando-se moderno e afinado com as aspirações populares”. 5.5 Propaganda Eleitoral Dantas (2010, p. 105) explica que: a propaganda é um dos principais instrumentos que as organizações têm à sua disposição para dirigir as comunicações persuasivas para consumidores e público-alvo. Na política, usa-se bastante a propaganda, diluída entre os diversos veículos de comunicação, parte paga, parte gratuita, como é o caso da televisão, em que o horário gratuito eleitoral é amplamente utilizado por partidos e políticos. Nas cidades menores opta-se pelo uso de veículos considerados não convencionais para sensibilizar os eleitores. É o caso dos carros de som e das faixas, de grande apelo no interior”. 66 A primeira regra da comunicação e propaganda eleitoral reza que, por melhor que possa ser, a tecnologia de comunicação não substitui o trabalho pessoal do candidato. Seu objetivo é amplificar e mensagem e a projeção social da fonte da mensagem (o candidato). O marketing político se vale e administra todos os meios e instrumentos disponíveis para alavancar e otimizar a comunicação do candidato (KUNTZ, 2006, p. 51). Segundo Manhanelli (1992, p. 41), nas campanhas eleitorais, a propaganda tem o papel de valorizar ideias e indivíduos, mediante processos bem delimitados, e de promover a fusão de ideologia e da política (...). Não se trata de uma atividade parcial e passageira, mas de vontade política em movimento, um processo de conquista e de exploração (...). Cabe à propaganda eleitoral criar e produzir os símbolos, músicas, cores, tipo de material condizente com o público-alvo, estudos de mídia, formas de propagação das atividades oriundas do marketing. Ainda para o autor, fazer propaganda eleitoral é exercer em toda sua plenitude a criatividade. A propaganda eleitoral é ilimitada em suas variações, em sua flexibilidade de adaptação e em seus efeitos. Teixeira (2006, p. 128) lembra que: uma campanha eleitoral é uma disputa de imagens e discursos, um embate de argumentos racionais com seus contrapontos emocionais, como numa estratégia de conquistas a cada dia. O logotipo, o jargão e as fotos são mensagens afetivas que vão direto ao centro das emoções nas pessoas. O logotipo é a representação visual da força da marca e o jargão é o “grito de guerra”. Em hipótese alguma, podem ser confundidas com os de outros candidatos. 5.5.1 Logotipo e Jargão O principal objetivo do jargão é introduzir facilmente na mente das pessoas (eleitores) a figura do candidato, tornando-o a figura singular no meio de tantas. Um jargão ideal deve prender a atenção e conquistar a simpatia, ao mesmo tempo que gera na memória, sendo curto e incisivo, agravável aos ouvintes, inteligente e elegante. Deve ser um resumo de todo o conteúdo da mensagem da campanha além de envolver as pessoas (TEIXEIRA, 2006, p. 128). 67 A imagem do logotipo, bem como todas as imagens da campanha, é planejada e composta para passar tanto o sentido visual da mensagem explícita como o sentido simbólico da mensagem implícita. Podem-se adotar imagens que traduzam vida e qualidade nobres, há uma grande quantidade de ideias, como flores, crianças, insetos trabalhadores e sociais, como a abelha, alimentos que simbolizam a fartura, como um ramo de trigo, ícones de pontos turísticos. O importante é que esteja de acordo com a imagem do político (TEIXEIRA, 2006, p. 129). Ainda a autora “a composição das imagens contribui para conquistar as pessoas e seus votos de tal forma que, ao olhar o logotipo da campanha, sua mensagem implícita vá direto ao centro de emoções, facilitando o entendimento e aceitação do conteúdo racional. Os sinais gráficos devem representar a personalidade do candidato, sua experiência, valores e princípios que direcionam a campanha e sua administração pública. (TEIXEIRA, 2006, p. 129). O logotipo está para uma campanha assim como a marca está para uma multinacional, ou seja, o logotipo ideal será aquele que conseguir interligar na mente do eleitorado a imagem positiva do candidato, pois visualmente sua interferência é fator predominante na concepção e formação da imagem do político e futuro administrador. Outro componente importante para a construção de uma marca forte é o slogan. E é fácil entende por que. As palavras são símbolos e como tais são capazes de gerar inúmeras associações na imaginação das pessoas que vão muito além dos seus significados principais num dicionário. Além disso, a forma como as palavras são utilizadas e combinadas por especialistas em comunicação para a elaboração de um discurso publicitário pode torná-las poderosas, atrativas e extremamente persuasivas (se esse for o objetivo da mensagem). Textos bem escritos e com um toque de criatividade podem motivar os consumidores a desejar determinados produtos ou serviços num dado momento. O slogan também ajuda a posicionar uma empresa na mente do público-alvo como sendo detentoras de certos valores intangíveis ou atributos diferenciadores únicos e exclusivos. (COLOMBO, 2006). 68 Perez (2004, p. 87) afirma que o propósito dos slogans é: o de aproximar os consumidores [eleitores] das marcas de dos produtos [candidatos] que pretende promover. sua função é colaborar para a fixação e o reconhecimento da marca (...). O slogan faz parte do discurso da empresa da empresa e é entendido como sua identidade, constituindo um dos fortes elementos que contribui para a formação da imagem da empresa junto ao target. Por isso, deve estar alinhado aos objetivos e ao valor que o produto pretende entregar. 5.5.2 Fotos Será prejudicial a campanha eleitoral que tenha uma enorme diversidade de fotos do candidato circulando no período da campanha. Teixeira (2006) afirma que o ideal é a utilização fixa de três fotos oficiais: • De rosto inteiro até o busto, sorrindo e um pouco de lado; • De corpo inteiro com gestos de expressão facial de quem está discursando na presença de uma multidão com olhares de admiração voltados para o político como seu líder; • Sentado numa mesa realizando alguma atividade, assinando um documento como se já estivesse em pleno trabalho do cargo pleiteado com um semblante de concentração e otimismo. Contudo, será imprudente e antiecológico, para qualquer campanha, nos dias atuais, fixar em muros, postes e paredes grandes quantidades de foto do candidato, de tal forma seria inversamente o propósito do marketing contemporâneo. Até porque a própria legislação eleitoral vigente proíbe o abuso de exposição de material de campanha, pois o considera com poluição visual. 5.5.3 Cores A técnica de cromoterapia vem para auxiliar na formatação e definição das cores que irão compor todos os materiais promocionais, bem como que cores serão as roupas do candidato em atividade de campanha, as cores do comitê central. Contudo essa técnica de cromoterapia fica limitada pela imposição das cores oficiais 69 do partido, cabendo ao profissional de marketing político a adaptação e ajustes para equilibrar e envolver as cores. Numa campanha eleitoral essa técnica é muito usada para reter a imagem positiva do candidato na mente das pessoas. Teixeira (2006) explica a teoria das cores: O azul celeste é calmante natural, é bom para a memória e concentração, diminuído a agitação. O vermelho causa efeito fisiológico sobre as multidões e deve aparecer em pequenos detalhes, apenas o suficiente para chamar a atenção das pessoas, pois, em excesso, estimula o sistema nervoso central aumentando a produção de adrenalina, deixando-as mais agitadas. Já o amarelo é próprio para chamar a atenção das pessoas. Uma forma de tornar essa combinação harmoniosa é usar as cores escuras com intensa luminosidade e a cor clara com baixa luminosidade, pois, sendo a cor de fundo, não pode forçar muito as vistas das pessoas o que seria irritante contrariando os princípios da campanha (...). Outra cor muito interessante a ser explorada é o verde-escuro em baixas luminosidades, lembrando as cores das matas fechadas. A cor laranja, em tons cremosos com luminosidade de alta para média também é simpática, principalmente se combinada com qualquer tom de azul. Já o marrom é calmante e impõe respeito, passando a idéia de que a pessoa é muito experiente. Vale ressaltar que é impossível utilizar todas as cores no material promocional, contudo o uso delas em detalhes promovendo uma harmonia e sintonia visual, com certeza resultará numa abertura proporcional de diálogo entre o candidato e o eleitor. Obviamente que o uso errado das cores despertará antipatia por parte do eleitorado, deixando o candidato sem entender a razão da rejeição indutiva do seu eleitor. 5.5.4 Músicas A música é uma linguagem inconsciente que evita conflitos entre o intelecto e a emoção, que ocorrem naturalmente na captação de sensações pelos sentidos (...). A música contribui para que, num ambiente com intensa aglomeração de pessoas, elas entrem no mesmo ritmo de movimentação, despertando-lhes a atenção (...). Antes de começar um diálogo ou um discurso, a presença da música estabelece um diálogo não-verbal que induz ao relaxamento muscular, aumentando a concentração (TEIXEIRA, 2006, p. 134). Os jingles são verdadeiros discursos envolventes e persuasivos na mente das pessoas, a utilização deste recurso é capaz de induzir as pessoas a agirem 70 como verdadeiros soldados, em prol único do seu líder, no caso o candidato. Porém o abuso deste recurso compromete o caráter competitivo e moral da campanha, pois é comum a utilização de jingles como ferramenta de agressão verbal a outro candidato, demonstrando a falta respeito e consideração para com os eleitores. 5.5.5 O poder do Rádio O rádio representa a quarta maior mídia no Brasil, atingindo o maior número de domicílios, entre todos os meios de comunicação de massa no país. As estatísticas indicavam, em 2008, que aproximadamente 2,8% dos investimentos em propaganda eram distribuídos em divulgação em rádio. Cerca de 49,5 milhões de lares brasileiros eram atingidos por cerca de 2.990 emissoras de rádio (DANTAS, 2010, p. 148). Para Manhanelli (1992, p. 44), o rádio é outro meio excelente para angariar eleitores, tanto nas zonas rurais quanto urbanas. Nas zonas rurais os lavradores costumam levar seus rádios para o trabalho, enquanto que nas zonas urbanas as donas de casa costumam ouvir sua estação preferida enquanto arrumam a casa, assim como os motoristas, quando em trânsito. Para o autor, no rádio deve-se evitar temas complexos, para evitar a dispersão dos ouvintes. Procurar usa a analogia e “causos” para reforçar uma explicação. Lembrar que o rádio deve estimular a imaginação do ouvinte. Como não existe o recurso da imagem, o timbre da voz e a entonação são os únicos à disposição do entrevistado para impressionar os ouvintes, o que exige bom treinamento, a fim de evitar atropelamento de frases, erros de pronúncia, pausas muito prolongadas ou fora de hora etc. (...) Deve evitar, também, o uso de termos técnicos e palavras “sofisticadas” nas suas colocações, tentando não ser monótono, alongando-se mais do que o necessários (Kuntz, 2006). O autor complementa que, na linguagem do rádio, as comparações, casos e exemplos ajudam a esquentar a entrevistas, diminuindo um pouco a desvantagem do meio em relação à televisão, pois essas figurações retóricas ajudam o ouvinte a criar imagens em sua mente. 71 Percebe-se a força do rádio como meio promocional, o rádio consegue atingir em cheio os ouvintes em milhões de lares e empresas, é um acompanhante certo dos transportes coletivos de passageiros e na boleia dos caminhões. Cabe à assessoria de comunicação o cuidado e a atenção para orientar o candidato para que o mesmo tenha a postura alinhada ao veículo de comunicação que utiliza e a forma de conduzir a entrevista e empolgar o eleitor (ouvinte). 5.5.6 Televisão A introdução da propaganda na televisão talvez seja o mesmo acontecimento que provocou a consciência mais nítida do fenômeno publicitário em vários setores da opinião pública que, até então, desconheciam sua existência e sua força, quer para a empresa, quer para a economia nacional. Afinal, a economia moderna só se desenvolve num clima de informações e comunicações e o atingimento dos mercados-alvo atuais só se admite através de modernos veículos de promoção (DANTAS, 2010, p. 148). A televisão é o maior veículo de massa que a propaganda eleitoral pode utilizar. No Brasil, a existência do horário eleitoral gratuito restringe o acesso a este meio, permitindo a sua utilização apenas nos 45 dias anteriores ao pleito, e dentro do horário reservado a cada partido (...). Sem dúvida, são as entrevistas, debates e noticiários na televisão que irão garantir maior audiência e repercussão para as palavras e atitudes do candidato (MANHANELLI, 1992, p. 43). Para Kuntz (2010), na televisão, a melhor receita é falar curto e grosso (...). Uma entrevista de televisão é feito como uma partida de pingue-pongue, com perguntas e respostas objetivas, cabendo sempre ao repórter dar a deixa para uma explanação mais detalhada, pois este, normalmente, tem a exata noção do tempo ideal. É importante lembrar que a televisão não é um palanque, não há lugar para improviso, o candidato deve transmitir confiança, credibilidade e autenticidade sobre o tema que aborda, seja numa entrevista ou no horário eleitoral. Sua assessoria de imprensa será responsável por treinar o comportamento do candidato perante as 72 câmaras, para que este possa envolver o telespectador (eleitor) no assunto, assim como um apresentador do telejornal cria uma expectativa e confiança no momento que transmite a mensagem ou comentário. 5.5.7 Jornal e Revista A imprensa diária, constituída em sua maioria pelos jornais, e a periódica, por alguns periódicos e revistas, representam em 2008, segundo informações obtidas na Mídia Dados, cerca de 24,8% dos gastos de mídia no Brasil, dos quais os jornais respondem por cerca de 16,3% e as revistas e periódicos, por 8,5%. Trata-se de um dado importante, já que essa mídia representa a segunda maior força publicitária local, apesar de ser considerada elitista em função do alto índice de analfabetismo do país (DANTAS, 2010, p. 144). Para Kuntz (2006), a linguagem dos jornais e revistas é a que mais se aproxima da conversação normal, na qual o entrevistado [candidato] tem condições de ficar mais à vontade e menos preocupado com sua postura, entonação, timbre e os muitos cuidados que devem cercar entrevistas destinadas a rádio ou à televisão. Segundo o autor, o candidato deve se apresentar como um empresário quando recebe a visita de um cliente, de forma cordial e respeitosamente, o empresário irá demonstrar todas as qualidades do seu produto com o objetivo direto de vendê-lo (KUNTZ, 2006, p. 264). O trato com a imprensa impressa é singular, primeiro que no Brasil nem todos têm o hábito de ler jornal ou revista diariamente, o que torna mais segmentado o público-alvo deste mercado, e segundo a abrangência de mercado de cada jornal e revista. Portanto, a assessoria de imprensa deve ter consciência de que assunto o candidato irá abordar numa entrevista para cada jornal e revista, com objetivo de atingir direto o leitor e assinante daquele jornal ou revista, lembrando que este leitor é um potencial eleitor. 73 5.5.8 Internet Considerada a mídia mais nova do mercado, a internet é tida como um meio híbrido de comunicação: suas características envolvem tanto aspectos eletrônicos quanto digitais, além do poder ser usada como meio de massa ou como meio de comunicação dirigida (DANTAS, 2010, p. 153). O uso eficiente da internet está na divulgação do site nos demais meios e em links nos principais provedores do mercado, formatados de modo que despertem a curiosidade da pessoa em acessar. A formação do site da campanha e do partido deve seguir os mesmos padrões de cores, imagens e sons dos demais meios para que não haja confusão na percepção do usuário parecendo com outra campanha. (TEIXEIRA, 2006, p. 198). Segundo Iten e Kobayashi (2002), apud Dantas (2010), os principais usos da internet no marketing político são: • Para apresentação do candidato; • Para divulgar a agenda de atividades de campanha; • Para apresentar apoios; • Para apresentar as realizações passadas do político; • Instrumentos de uso próprio da mídia; • Serviços de utilidade pública; • Difusor de material publicitário; Atualmente o sucesso na internet está interligado aos blogs e as redes sociais (Blogs, Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, YouTube), por isso que essa nova força de comunicação não pode ser desprezada pelo profissional de marketing, haja visto que o público-alvo está concentrado e interligados, o que facilita as ações de marketing promocional do candidato. Para Barefoot (2010, p. 27), blogs, redes sociais (...) são simplesmente tecnologias que incentivam a comunicação, o compartilhamento e a colaboração (...). Embora a interação on-line não seja algo novo, essas tecnologias inseridas na rede tornam a comunicação on-line global e massiva acessível a qualquer pessoa que tenha uma conexão com a internet. Ainda 74 mais significativo, elas adicionam em elemento de participação às comunicações online. 5.6 O Discurso O discurso do candidato é fundamental para a maioria, pois creem no poder de persuasão do candidato, em suas crenças, promessas. Discutir a eficiência de um discurso bem estruturado, maduro, falado com emoção, transmitindo confiança. Alguns eleitores já confirmaram mudança de voto após serem persuadidos por um bom discurso. (GARCIA, ZUCCOLOTTO, e SILVA, 2004). Para Kuntz (2006, p. 94), o discurso é o principal instrumento de que o candidato dispõe para a divulgação de sua plataforma (...), também deve ser claro, objetivo, acessível e interessante, mas a isto se deve acrescer o fato de que é o discurso que vai dar vida e movimentação aos temas, despertando e manipulando as emoções do público ouvinte. Teixeira (2006, p. 166), diz que no: Discurso deve também reunir as inúmeras esparsas vontades individuais em uma única vontade coletiva: o bem comum. As verdadeiras conquistas de uma mudança são as inscritas no mais íntimo das almas. Se o discurso incentiva o coletivismo partindo da somatória dos individualismos, deve pregar o amor à pátria e à cidade. Deve-se apelar para os sentimentos preponderantes e latentes no íntimo das pessoas. Se o povo está desalento e inseguro, o discurso deve ser um consolo, uma mensagem de esperança de dias melhores, uma luz no fim do túnel. Em síntese, o discurso se torna a mensagem mais eficiente para o candidato, pois o mesmo transmite a esperança que o povo precisa, a partir das exposições de testemunhos e da demonstração da capacidade administrativa e social do candidato, e somado ao contexto emocional embutido no discurso. A assessoria de imprensa e comunicação deve planejar e constituir o discurso alinhado ao perfil do candidato com o objetivo de transmitir o que o povo quer ouvir. Não é recomendável distorcer a opinião do candidato para agradar os ouvidos dos eleitores, até porque, a qualquer momento, de forma espontânea, o próprio candidato irá desfazer todo o seu discurso. 75 5.7. Cabos Eleitorais: Simpatizantes e Militantes Os cabos eleitorais são a vanguarda de uma campanha municipal. Conversam com eleitores, transmitem as ordens, promovem o enquadramento para o dia das eleições, barganham, mentem, desconversam, lançam bolões de ensaio. As relações pessoais dos cabos eleitorais com o eleitorado são fundamentais para o sucesso da campanha. Cabo eleitoral que não circula, não é bom. O cabo eleitoral “quebra galho”, atende, ouve, despacha, encaminha e, sobretudo, cobra do eleitor os compromissos. (REGO, 1985, p. 33). Teixeira (2006, p. 201) afirma que: Os cabos eleitorais são “vendedores de idéias” e multiplicadores de opiniões. Além de “vender a idéia da imagem do político”, o cabo eleitoral, devido ao seu contato direto e mais íntimo com o povo, pode obter muitas idéias e informações preciosas dispersas pela imensa massa populacional para ajudar a campanha, realizando verdadeiras pesquisas informais. (...) O cabo eleitoral precisa conhecer o político e seus idéias que está representando para não cair em contradições e estar preparado para debater com pessoas contrárias sem jamais perder a compostura. Todo o apoio dos cabos eleitorais, simpatizante e militantes, é de fundamental importância para o desenvolvimento da campanha, principalmente nas ruas, na logística da informação, e como termômetro da opinião pública. Contudo, para obtenção do sucesso dos serviços prestados pelos cabos eleitorais a coordenação geral de campanha deve promover constante treinamento e orientação comportamental para os cabos eleitorais, para que os mesmos, em nome do candidato, não promovam intrigas políticas, ou alimentem alguma informação indesejada e que venha comprometer a opinião pública em relação ao candidato. 5.8. Boca de Urna Já é cultural a “virtude” do brasileiro de deixar para a última hora decisões ou ações que não lhe agradam (entrega do imposto de renda, compra de ingressos para eventos, etc.). Com isso, é grande o percentual de eleitores que deixam para a última hora a escolha dos seus candidatos, votando ou modificando seu voto, através do trabalho dos boqueiros que invadem as juntas eleitorais e os caminhos 76 para se chegar a elas. Isto posto, é de suma importância a organização da boca de urna numa eleição (MANHANELLI,1992, 85). No jargão político, boca de urna é o conjunto de atividades a ser desenvolvidas pelos candidatos, destinados a cobrir promocionalmente o encerramento das campanhas eleitorais, no afã de conquistar os votos do eleitorado ainda indefinido ou indeciso no dia da eleição. É a última cartada e o derradeiro instrumento que cada candidato tem para influir no resultado das eleições, representando a chave de ouro com a qual se encerra a acirrada disputa, após a qual resta apenas a expectativa de aguardar e acompanhar os resultados da urna. (KUNTZ, 2006, p. 313). O dia da eleição é o dia “D” no processo eleitoral, neste dia há enorme movimentação dos eleitores pela rua, principalmente em direção aos colégios eleitorais. Neste momento surge uma oportunidade ímpar e a última chance para convencer o eleitor em votar num determinado candidato. Para que possa conseguir angariar os votos destes eleitores a coordenação de campanha deverá expor cartazes do candidato em pontos estratégicos que dão acesso aos colégios eleitorais, obviamente que dias antes da eleição, período permitido por lei. Outra questão fundamental é a arregimentação de voluntários e militantes para o exercício de fiscal de seção eleitoral, pois é necessário demonstrar unidade e presença nas seções e nas ruas para que a concorrência não venha de valer de atos ilícitos para conquistar [comprar] os votos dos eleitores indecisos, ou que não tiveram a oportunidade para conhecer o candidato. Portanto, é um dia de muito trabalho e como tal necessita de total atenção do candidato e de sua equipe de campanha, deve ser preparado com antecedência para evitar desastres gerenciais e resulte num afastamento e perca do eleitor. 77 6 CONCLUSÃO A política, no Brasil, tem recebido a atenção e tratamento cada vez mais profissional visando à eficiência e eficácia nas urnas. Porém, ainda há políticos e candidatos que ignoram os princípios básicos de marketing, até para promover sua imagem na sociedade em que está inserido, e como resultado comum caem no esquecimento popular, e não há profissional de marketing que consiga trazer o nome deste candidato para preferência popular. O marketing consegue traduzir para organização o comportamento do consumidor, suas necessidades e desejos, identifica o público-alvo e o que é necessário para constituir uma cadeia de valor suficiente para fidelizar o consumidor. Nesses preceitos administrativos modernos compreende o marketing político, que no processo de longo prazo busca constituir uma relação de confiança e credibilidade com o eleitor (cidadão). Contudo, o eleitor de hoje tem acesso a muito mais informações do que o eleitor de tempo atrás, o que torna esse processo de constituição de uma cadeia de valor no marketing político muito mais complexo, o que, para um político, esses princípios não estão inseridos no seu contexto profissional. Pois o político brasileiro conhece apenas o princípio da troca de favores, o que o torna míope no que diz respeito sobre o marketing, muitos afirmam que propaganda já é marketing, um equívoco total. Neste trabalho são abordadas as principais ferramentas de marketing político que promovem o desenvolvimento de um político e a sua candidatura, assim como o marketing tradicional desenvolve o seu produto para o seu mercado alvo, o que vem culminar no período da eleição. E agora entrar em cena as técnicas de marketing eleitoral, que no em curto prazo tentará promover a evolução do produto (candidato) ao seu público-alvo (eleitorado). Lembrando Kuntz (2006, p. 19) que “o marketing eleitoral é o marketing da conquista, que reúne a força e a convicção obstinada da paixão com a astúcia, o planejamento e a estratégia de guerra. (...). Ele é vibrante e seria afoito se não fossem as pesquisas, dado seu objetivo a curto prazo e imediatismo. (...) E você 78 conquista eleitores do mesmo jeito que conquista as pessoas que você considera importantes na sua vida pessoal ou no seu projeto profissional: adaptando o que pensa, acha importante ou quer aquilo que as pessoas querem”. Mas o processo eleitoral requer muito além da conquista, requer um planejamento estratégico ao nível de uma guerra, sem sangue. Envolve vários fatores primários e o desdobramento das etapas secundárias para o desenvolvimento da candidatura. Um exemplo disso é a formação da equipe de campanha, que envolve políticos, assessores, consultores, cabos eleitorais e militantes. Algo muito complexo para o dia a dia da empresa e para uma organização de campanha é algo quase impossível de gerenciar. Para o sucesso de uma campanha eleitoral o candidato deve delegar aos principais assessores de campanha o trabalho de gestão gerencial e estratégica da campanha, cabendo-lhe o acompanhamento e a palavra final de cada etapa. Ao candidato é intransferível o papel de fazer política, algo que de melhor ele sabe fazer. Pois nenhum candidato obterá êxito nas urnas trabalhando isoladamente no planejamento, controle e execução da campanha eleitoral. Como foi apresentado, tal processo demanda esforços extraordinários e uma habilidade excepcional para qualquer profissional envolvido numa campanha, que, repetimos, torna impossível o exercício centralizado pelo candidato. 79 REFERÊNCIAS ANDRADE, M. M. de. 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