Capítulo 11 O processo terapêutico: o papel do terapeuta O papel e a atividade do terapeuta são ditados pela estratégia total e pelos objetivos do tratamento, ainda que as táticas individuais sejam influenciadas pelas vicissitudes do relacionamento terapêutico específico. O alcance da atividade do terapeuta percorre um espectro que vai desde o escutar tranqüilamente até intervir e controlar de maneira vigorosa e enérgica o comportamento do paciente. A atividade do terapeuta pode ocorrer de variadas formas, tanto no tratamento dirigido ao insight, quanto na terapia de apoio. A natureza e o nível de atividades do terapeuta podem sofrer diferentes alterações durante uma única sessão; igualmente, a atividade pode sofrer alterações gerais mais duradouras durante as diferentes fases da terapia ou em resposta às suas vicissitudes específicas. Considerando esse espectro da atividade, é conveniente descrever as várias formas, começando pela menos ativa, reconhecendo contudo que, na colocação terapêutica natural, tal divisão em categorias não é estática nem nitidamente delimitada. O escutar A primeira categoria a considerar é a de escutar tranqüilamente o paciente, dando-lhe oportunidade para falar. O terapeuta proporciona uma situação na qual o paciente pode sentir-se livre para conversar com outra pessoa, certo de seu 197 interesse, atenção e preocupação, sem a exigência de retribuição. Desse modo o terapeuta está lhe oferecendo expe- riência sem paralelo, que pode ter o maior significado e valor. A maioria das relações não-terapêuticas baseia-se em um dar e receber em que é esperado que cada participante deva interessar-se pelo bem-estar e pelas preocupações do outro, e a nenhum é permitido explorar ou exigir, por muito tempo, atenção exclusiva para seus próprios problemas ou desejos. A situação psicoterapêutica, contudo, é diferente em virtude do acordo mútuo, estabelecido no contrato e na relação terapêutica, de que a maior (se não exclusiva) área de interesse é o paciente, suas dificuldades e problemas; excetuando o compromisso financeiro, o terapeuta não lhe faz exigências nem demandas. O privilégio de ter alguém que nos escute e trate com atenção, respeito e interesse é um fenômeno relativamente raro e muito gratificante, pois acontece muito poucas vezes em outro relacionamento humano, Contudo, a atividade do terapeuta em escutar representa muito mais que a simples recepção passiva e compilação do material verbalizado pelo paciente. Ele deve observar também o comportamento não-verbal do paciente para ampliar sua compreensão do significado latente do material. Fatos como a expressão facial, o tom de voz, a postura, a mani- festação de afeto como ansiedade, a depressão ou culpa, o cerrar dos punhos ou dos maxilares, etc., tudo servirá para maior compreensão do significado da experiência do paciente. O método e a maneira pela qual o paciente apresenta, discute ou descreve seus pensamentos e sentimentos vai auxiliar a compreensão do terapeuta, e fatos com hesitação, constrangimento, vergonha, bloqueio, fluência, etc, devem ser notados. De acordo com o conceito do determinismo psíquico, o padro e a seqüência do material serão de importância e devem ser notados, visto que as idéias, ocorrendo em justaposição temporal, freqüentemente terão outras conexões associativas. Outra série de observações que devem ser feitas são aquelas relativas ao material omitido pelo paciente. Se este deixa de mencionar uma área particular, como o relacionamento, a reação ou a parte principal do material que poderia ser antecipada, normalmente, como importante na vida emocional do paciente, tal omissão pode ter vários significados. Outros dados importantes que o terapeuta deve observar enquanto escuta são suas reações pessoais ao paciente e ao seu material. O terapeuta usa a si próprio como instrumento de exploração, fundamentado em que suas próprias reações ante o paciente podem indicar alguns dos efeitos que este provoca em outras pessoas com quem interage. Isto pode fazer com que o terapeuta tenha melhor compreensão das inter-relações do paciente fora do tratamento. 198 Ao mesmo tempo que observa os vários componentes dos principais dados apresentados pelo paciente, a atitude do terapeuta nesse processo de escuta é deixar a “atenção flutuando livremente”. O terapeuta não se limita às idéias, pensamentos ou sentimentos específicos apresentados pelo paciente naquele determinado momento, examina também todos os possíveis significados, implicações e conexões que tal material possa trazer à sua própria mente. Permite que seus pensamentos e associações explorem livremente esse material, sem idéias rigidamente pré-concebidas sobre seu significado e importância, procurando conexões ou associações que possam ter estado conscientes ou não para o paciente. Como o terapeuta escuta e observa, pode recordar-se às vezes de fenômenos, experiências ou comportamentos semelhantes na vida humana em geral, ou de outras pessoas em particular, sugerindo-lhe significados e implicações para aquilo que o paciente está dizendo. Pode recordar-se também de acontecimentos, experiências ou reações descritas anteriormente pelo paciente, o que poderia ou não ter relação com o material corrente. Outro elemento do processo de escuta é a faculdade de empatia do terapeuta com o paciente, quando este expressa seus pensamentos ou descreve sua experiência. Essa empatia implica, por parte do terapeuta, identificação parcial e temporária com o paciente, maneira pela qual tenciona, de modo controlado, partilhar das experiências que estão sendo descritas. Colocando-se no lugar do paciente, sua intenção é reagir, no momento, como se fosse o próprio paciente sofrendo aquela determinada experiência. Nesse momento o terapeuta tenta pensar e sentir como o próprio paciente e, desse modo, ter acesso à vida emocional mais íntima e à experiência daquele que está à sua frente. Isto significa que o terapeuta utiliza a si próprio como instrumento de registro e exploração. Sua intenção é induzir-se um estado de regressão a serviço do ego, com o objetivo de compreender o significado latente ou inconsciente por detrás do material manifestado. Esse processo requer que o terapeuta seja capaz de renunciar à própria identidade e aos limites do ego e, de modo regressivo, intentar identificar-se parcialmente com a imagem do paciente segundo sua evolução durante os contatos terapêuticos e experimentar o que está sendo descrito como se fora o próprio paciente. O terapeuta, nesse processo, também terá acesso às suas próprias associações, experiências e reações, podendo guiar-se por elas ou utilizá-las como ponto de comparação ao avaliar possíveis omissões, exageros ou distorções no material do paciente. Contudo, ainda que ele, terapeuta, possa reagir ou responder de maneira particular a certo conjunto de circunstâncias, deve reconhecer que o paciente pode reagir de maneira diferente, pois o conhecimento, a experiência e a organização intrapsíquica de ambos são diferentes. 199 Como em outras regressões a serviço do ego, tal regressão do terapeuta deve ser controlada e reversível à sua vontade consciente. A identificação parcial e a compreensão empática devem ser alternadas com inversão do processo regressivo e retorno aos processos secundários do ego, apropriados a um indivíduo que arca com as responsabilidades e obrigações de um terapeuta, de quem o paciente espera uma forma de auxílio específica. Em outras palavras, após o terapeuta haver tentado desenvolver compreensão emocional empática das relações do paciente, deve retornar psicologicamente à sua própria identidade de terapeuta e, então, avaliar essa compreensão do seu ponto de vista intelectual e teórico e do seu conhecimento da psicopatologia e dos fenômenos humanos. Só então estará apto para apreciar o significado completo do material produzido e a parte que desempenha no funcionamento e na experiência psíquica total do paciente. No arcabouço da teoria geral e no material específico previamente produzido pelo paciente, o terapeuta deve determinar se a compreensão empática obtida foi acurada ou se reflete qualquer forma de distorção pessoal. Deve procurar, também, outras evidências específicas que provem ou neguem tal compreensão, organizando-as no contexto de suas formulações, tendo em vista o paciente e seus problemas. Ainda mais, o terapeuta deve decidir de que modo este pouco de compreensão vai se ajustar na estratégia total da terapia e, também, como será influenciada pela situação tática imediata. Algumas vezes o terapeuta pode alcançar expressiva compreensão do significado de um sintoma ou perturbação em particular, mas a estratégia total poderá exigir que isto nunca seja apresentado diretamente ao paciente. Muitas vezes o terapeuta poderá ter alcançado expressivo insight e conhecimento do significado dinâmico subjacente de determinados conflitos ou sintomas, porém vários meses poderão se passar antes de o paciente estar pronto para desenvolver e compreender tal significado. Submetendo este novo insight ao processo secundário, o terapeuta pode achar necessário preparar o paciente, passo a passo, para que chegue à mesma compreensão. Também a situação terapêutica imediata pode influenciar a decisão do terapeuta de apresentar ou não sua interpretação ao paciente. Por exemplo, se a sessão está chegando ao fim, pode ser taticamente mais prudente esperar por outra ocasião, tendo em vista que esse não é o melhor momento para apresentar uma nova idéia ao paciente. A intensidade da regressão intermitente a serviço do ego e a identificação empática com o paciente deve ser contro- lada a ótimos níveis pelo terapeuta. Se a regressão se torna fixa, ou apresenta dificuldade de reversão, o terapeuta perde muito de sua eficiência em virtude de tal sobre-identificação. Torna-se menos objetivo e perde-se no papel de amigo ou objeto real na vida do paciente. Contudo, se o terapeuta for incapaz de tal regressão e empatia com o paciente, se não pu200 der experimentar ou compreender o material do paciente, exceto em seu próprio nível de desenvolvimento e experi- ência emocional, será, neste sentido, um indivíduo terapeuticamente menos sensível, ficando por este motivo embara- çado no tratamento. Resumindo, o escutar, em sentido terapêutico, implica processo extremamente ativo, ocorrendo silenciosamente no íntimo do terapeuta, por meio do qual ele observa com grande amplitude todo o comportamento do paciente, mais suas próprias associações e reações emocionais ao material por este apresentado. Induz em si próprio uma regressão parcial a serviço do ego, procurando, por este meio, conexões, associações, significados e uma compreensão empática através de identificação parcial e reversível com o paciente. Tendo chegado a tal compreensão, inverte, então, seu próprio processo regressivo e volta à posição objetiva e ao pensamento de processo secundário de um terapeuta interagindo com um paciente. Avalia e organiza a compreensão assim adquirida, à luz de todo o seu conhecimento clínico e teórico e, também, da estratégia e táticas imediatas do processo terapêutico particular. A maneira pela qual o terapeuta utiliza tal compreensão e conhecimento faz parte da estratégia e dos objetivos terapêuticos. O esclarecimento A próxima forma de intervenção do terapeuta é mais ativa e seu objetivo tático imediato é favorecer a elaboração ou o esclarecimento de algum aspecto da experiência, do comportamento ou do pensamento do paciente. As idéias, pensamentos, sentimentos ou memórias parciais, vagas ou malformadas, são mais difíceis de serem integradas conscientemente pelo paciente. Quanto mais claramente verbalizados forem estes problemas, mais rapidámente serão submetidos ao processo secundário. O esclarecimento é concentrado nos processos mentais conscientes e pré- conscientes e essas intervenções presumem que o paciente tenha acesso ao material, ainda que não possa manifestá-lo a si próprio nem ter pleno conhecimento dele. O esclarecimento é ineficaz quando o material é inconsciente, já que estes processos não são facilmente utilizáveis pela atenção consciente do paciente. O propósito do esclarecimento pode ser dar ao terapeuta uma idéia mais clara ou evidente do material apresentado. Outras vezes, o terapeuta pode ter uma compreensão razoável do processo, mas sente que o paciente necessita reconhecer mais claramente aquilo que está manifestando. Isto, algumas vezes, implica re-expressar o material do paciente, porém sob um ponto de vista ligeiramente diferente, a fim de torná-lo mais claro ou exato. Implica, outras vezes, pedir ao próprio paciente que torne a exprimir alguma idéia de modo que na forma de fa201 zê-lo este compreenda melhor seu pensamento. Tais intervenções podem, também, incluir pedidos para maiores detalhes, maior elaboração, para que o paciente complete o que foi omitido ou, apenas, parcialmente manifestado. A confrontação Outra forma de intervenção, mais ativa, é a confrontação, pela qual o terapeuta dirige a atenção do paciente para algo, consciente ou préconsciente, que este já havia manifestado, mas para o qual náo havia ainda dirigido sua atenção. A confrontação implica, às vezes, apontar semelhanças, ou diferenças, em certas partes do material, ou em mostrar ao paciente padrões repetitivos derivados das experiências, sentimentos e pensamentos já apresentados. Pode consistir, também, em chamar a atenção do paciente para comportamentos ou reações das quais ele pode tornar-se facilmente consciente ou em fazê-lo recordar material ou experiência anteriormente manifestados. Em resumo, a confrontação implica dirigir a atenção do paciente para elementos da experiência ou comportamento nele observados pelo terapeuta, mas sem retirar qualquer inferência dos seus possíveis significados. A interpretação O esclarecimento e a confrontação são muitas vezes considerados como preparações para a interpretação, que é a forma seguinte, mais ativa, de intervenção do terapeuta. O papel do terapeuta como ouvinte e observador já foi descrito e à medida que ocorrem esses processos, ele continua a retirar, para si próprio, uma variedade de inferências do significado latente das comunicações e do comportamento do paciente. Essas inferências são por ele submetidas a um escrutínio crítico, para determinar sua precisão e validade e para ordenar evidências que as sustentem. Quando o terapeuta comunica ao paciente algum elemento ou aspecto dessas inferências, isto é conhecido como uma interpretação. O objetivo tático de uma interpretação é auxiliar o paciente a conhecer, conscientemente, o significado de algum elemento de sua vida mental. Implica, estrategicamente, o reconhecimento, pelo paciente, de conteúdos mentais anteriormente inconscientes e contra os quais se defendia. Conseqüentemente, a interpretação é o principal instrumento do tratamento dirigido ao insight e menos usada na terapia de apoio. A técnica e os detalhes da interpretação são assunto extenso e complexo, não podendo ser completamente elaborado nesta explana202 ção. Apenas alguns dos pontos mais importantes serão aqui descritos, reconhecendo-se que a interpretação é uma arte que se desenvolve à medida que aumenta a experiência clínica e a sofisticação do terapeuta. As interpretações podem ser classificadas segundo incluam o conteúdo ou a resistência. Quando a hipótese topográfica servia de base à terapia, o trabalho terapêutico era visto “tornando o inconsciente, consciente”. Como resultado, o terapeuta era extremamente ativo e direto ao fazer interpretações do conteúdo dos impulsos inconscientes, e se o paciente não podia aceitá-las ou compreendêlas, pensava-se que isto era reflexo do estado de resistência do paciente e falta de cooperação. Com o desenvolvimento da hipótese estrutural e a elaboração da psicologia do ego, houve alteração na técnica terapêutica e o reconhecimento de que as resistências inconscientes e as defesas contra o conhecimento deveriam ser primeiro diminuídas, a fim de que a interpretação do conteúdo dos impulsos pudesse ser plenamente eficaz. A simples interpretação desse conteúdo, sem levar em consideração as resistências mantidas contra seu conhecimento, resultará em pouca ou nenhuma alteração terapêutica. No capítulo IV foi desenvolvido o conceito básico na psicopatologia de serem os mecanismos de defesa métodos pelos quais o ego evita a ansiedade ocorrida quando há ameaçador retorno à consciência de um impulso ou derivado inaceitável. A redução de uma defesa por meio da interpretação modifica a homeostase dinâmica, permitindo que os derivados do impulso cheguem mais perto da consciência. A predição teórica seria, conseqüentemente, que uma interpretação bem sucedida de uma resistência ou defesa tenderia a aumentar, temporariamente, a ansiedade do paciente. Na clínica isto costuma ocorrer. Quando um derivado do impulso inconsciente torna-se plenamente consciente, pode ser submetido ao processo secundário e ser mais prontamente integrado e dominado pelo ego. O teoricamente esperado seriam as interpretações corretas do conteúdo dos derivados diminuírem a intensidade da ansiedade. Em geral é o que acontece na prática. Assim, o procedimento comum no tratamento dirigido ao insight é interpretar primeiro as resistências, pois, desde que estejam conscientes, o ego do paciente pode tentar diminuir sua intensa utiIização. A isto segue-se, geralmente, uma interpretação do conteúdo dos impulsos antes defendidos por essas resistências. Uma característica da interpretação eficaz é a necessidade de trabalhar da superfície da mente para o seu interior. Em outras palavras, as interpretações devem começar de algum processo mental consciente e prosseguir em direção à exploração mais profunda do material que ainda não é consciente, mas está relativamente perto da consciência. O processo da interpretação implica um aprofun203 damento gradual do conhecimento do paciente. À medida que este aumenta, o ponto de partida consciente para ulterior interpretação vai se aprofundando. As interpretações que representam loriga distância entre o conhecimento consciente do paciente e a inferência do terapeuta terão tendência a serem menos específicas e menos exatas, em virtude do nível da inferência e da extensão transposta pelo terapeuta. Deixam também o paciente sem um sentido de experiência e convicção pessoal e, geralmente, conduzem a uma compreensão intelectualizada. Outro fator na técnica de interpretação é o momento oportuno para comunicar ao paciente a inferência retirada. Uma interpretação feita antes de serem reduzidas as resistências do paciente, ou antes de os processos do seu ego serem capazes de integrar o material a ser interpretado, pode causar diferentes coriseqüências. Algumas vezes terão pouco ou nenhum significado para o paciente. Outras vezes, interpretações prematuras, principalmente quando corretas, podem mobilizar mais ansiedade e conflito, maiores que a capacidade do paciente para tolerá-los, ou podem provocar maior regressâo. A interpretação prematura pode também provocar mobilização de novas resistências contra o material interpretado, atrasando o processo terapêutico. Uma interpretação demasiado tardia, feita após o paciente ter-se tornado consciente do material interpretado, tem pouco impacto terapêutico e significa o terapeuta ter perdido oportunidade de acelerar o processo terapêutico. Uma interpretação do conteúdo é feita no momento adequado, quando as resistências do paciente foram reduzidas o bastante para que o material fique relati amente próximo de sua consciência, embora não tenha sido ainda verbalizado ou conceptualizado. O mesmo princípio geral serve para a interpretação das resistências. Quando a defesa particular, ou a resistência em questão, são extremamente intensas ou quando ainda servem a uma função psíquica principal, uma interpretação de sua existência seria relativamente inútil. O melhor momento para interpretar tal resistência será ao tornar-se evidente que sua importância ou uso está começando a diminuir, ou quando os derivados do impulso contra os quais essas resistências estavam sendo mantidas estão mais próximos da consciência. Em outras palavras, o momento correto para uma interpretação implica juízo do terapeuta sobre a disposição do paciente para aceitar e compreender o que está sendo interpretado. Outro problema, tendo em vista o momento da interpretação, é o ponto em que se encontra a sessão ou o horário do tratamento. Por exemplo, se o terapeuta chega a uma inferência no fim da sessâo, talvez seja mais prudente adiar a in- terpretação para outro momento, principalmente se houver possibilidade de que provoque muita ansiedade. Uma inter- pretação nesse momento deixaria o paciente a debater-se com o material e a ansiedade mobilizada, sem o apoio e o 204 auxílio do terapeuta, no intervalo imediato ao material tornado consciente. Pode, também, levar o paciente a solidificar antigas resistências, ou a desenvolver outras novas no intervalo entre as sessões. O mesmo se aplicaria às situações em que o terapeuta espera um cancelamento da sessão, um feriado ou férias interrompendo a continuidade terapêutica. Por esse motivo, não seria prudente confrontar o paciente com uma quantidade de material novo ou angustiante para ser manejado durante a separação. Outro aspecto da interpretação é o fator dosagem, isto é, a quantidade a ser interpretada de cada vez. Uma interpre- tação completa deve incluir tanto os derivados do impulso presentes quanto suas defesas e as origens genéticas de ambos. Deve incluir, também, as manifestações do conflito na interação transferencial com o terapeuta e a comparação destas manifestações com outras atitudes e relações. Mesmo no tratamento dirigido ao insight, a maior parte das interpretações são incompletas e parciais, feitas com a intenção de serem aperfeiçoadas ou completadas mais tarde. É importante que o paciente não seja sobrecarregado com material ou com a interpretação simultânea de grande número de resistências ou, ainda, com uma interpretação passível de mobilizar mais ansiedade ou conflito do que seria tolerável. O objetivo tático imediato é auxiliar o paciente a obter determinada parte de compreensão, completando-a depois, quando a primeira parte tiver sido resolvida e aceita. No tratamento de apoio, o terapeuta pode ficar especialmente inclinado a fazer interpretações parciais ou, até mesmo, parcialmente incorretas, com a intenção de conseguir reação sintomática específica. Desse modo, oferece ao paciente oportunidade para usar os mecanismos de deslocamento ou de racionalização e continuar a repressão, centralizando sua atenção num aspecto do problema que provoque menos ansiedade e seja mais aceitável. O mesmo pode acontecer utilizando-se a interpretação para reforçar a intelectualização, proporcionando ao paciente explicação do conteúdo de um conflito, enquanto reforçar as defesas contra seu impacto emocional e favorece o uso de mais isolamento e afeto. Outro aspecto da interpretação é a maneira de expressar-se. O terapeuta está tentando mostrar ao paciente algum aspecto de seu processo mental que, inconscientemente, ele não deseja reconhecer ou compreender. É, portanto, essencial que a interpretação seja apresentada com muito tato e que o terapeuta evite fazê-la em forma de crítica, direta ou velada. Este conceito de tato implica enfatizar ao paciente que o aspecto desagradável do material no é sua reação ou deseio total e sim, que está num estado de conflito entre duas tendências opostas. Por exemplo, se o terapeuta quer interpretar a hostilidade inconsciente do paciente para com seus filhos, é importante mostrar que, embora implicadas com impulsos hostis ou agressivos inconscientes, ele também tem atitudes conscientes de ternura, amor e desejo de segurança pelas crianças. Desta maneira, o paciente 205 pode começar a explorar com mais facilidade a hostilidade inconsciente, já que não é apresentada como sua única atitude ou desejo, e o terapeuta está também reconhecendo seus desejos de lutar contra tais impulsos. Quanto à maneira de exprimir uma interpretação, é conveniente usar a linguagem e o vocabulário do paciente e há ocasiões em que, entre paciente e terapeuta, desenvolve-se vocabulário privado, pessoal e específico. Neste particular, é conveniente que se evitem os termos técnicos ou teóricos, principalmente no tratamento dirigido ao insight, a fim de que a interpretação tenha um impacto pessoal e emocional, não seja puramente intelectual. No tratamento de apoio, ao contrário, se estáo sendo reforçados o isolamento e a intelectualização, o uso de termos técnicos pode ser muito apropriado. Algumas vezes pode ser necessário modificar-se a maneira de formular uma interpretação, utilizando-se palavras diferentes ou modificando, de algum modo, uma perspectiva ou ênfase, com a intensão de tornar o material tão significativo quanto possível para o paciente em particular e, neste sentido, será conveniente manter-se afastado de estereótipos. Quanto ao tato e à maneira de formular as interpretações, é importante também que o terapeuta mantenha a atmosfera terapêutica. Se a atitude for de condescendência, presunçâo, superioridade, criticismo ou sentimento de triunfo sobre o paciente, ao apresentar-lhe inferência sobre seu comportamento, irá interferir, de modo especial, com a capacidade efetiva do paciente para tolerar e integrar o novo insight. Convém lembrar que, sem a cooperação e os esforços do paciente, tal insight ou inferência seriam impossíveis para o terapeuta; portanto, o sucesso pertence tanto ao paciente quanto ao terapeuta. Tal atitude de sobriedade ajuda a diminuir as reações do paciente, que pode sentir a interpretação como um ataque. A despeito disto, há pessoas que reagem a todas as interpretações como a um ataque ou crítica. Quando o terapeuta toma conhecimento disso é importante que trabalhe com essas reações generalizadas antes de fazer novas intervenções semelhantes. Depois de cada interpretação é importante que o terapeuta determine se a mesma foi ou não correta. Uma variedade de reações pode ocorrer a uma interpretação correta. Pode haver produção de novo material, confir- mando o conteúdo da interpretação oferecida. Também pode provocar alteração no comportamento do paciente na ses- são ou na sua vida exterior. A interpretação de uma resistência pode causar intensificação da ansiedade do paciente e a interpretação correta do conteúdo será, freqüentemente, seguida por diminuição da ansiedade. Outras vezes o paciente terá um sentimento subjetivo de que “aquilo está certo” ou pode evidenciar sentimento de que a interpretação agora parece óbvia, sentindo mesmo certo desapontamento por ter sido incapaz de reconhecê-la por si próprio. 206 Outra reação à interpretação correta pode ser o paciente achar graça, sem saber do quê. É o resultado de alteração na dinâmica da economia psíquica naquele momento em particular, quando a energia psíquica, anteriormente utilizada na defesa contra o material recém-interpretado é subitamente abandonada, já que a defesa não é mais necessária. O riso súbito se assemelha à dinâmica do humor e do chiste. Outra indicação freqüente de interpretação correta é uma imediata e vigorosa negativa, fortemente emocional, seguida por uma confirmação direta ou indireta. A dinâmica desta reação implica a ruptura de uma defesa que é imediatamente restabelecida. Se a interpretação no fosse correta e não influenciasse o paciente de maneira afetiva, não haveria necessidade de negativa emocional ou violenta; pelo contrário, resultaria em opinião mais controlada ou refletida. Como foi mencionado antes, quando uma interpretação é correta no conteúdo, porém prematura, pode haver incremento da ansiedade. Outras vezes pode provocar aceitação intelectual mas não emocional e, algumas vezes, pode alterar temporariamente o relacionamento entre o terapeuta e o paciente. Se uma interpretação é incorreta, muitas vezes não há reação particular nem evidência de que tenha provocado atraso no tratamento. Com os pacientes passivos e dependentes, cujo maior objetivo é agradar o terapeuta, aceitando tudo que lhes é oferecido, há muitas vezes fluente resposta, carecendo do impacto emocional provocado por uma interpretação correta. Outras vezes o paciente pode ignorar a interpretação, continuando como se nem tivesse sido feita ou evitando completamente sua discussão. Freqüentemente o paciente pode discordar de maneira tranqüila e controlada, de modo muito diferente da negativa emocional e intensa que pode seguir uma interpretação correta. Para certificar-se mais facilmente de a interpretação ter sido correta, o terapeuta, antes de fazê-la, deve prever consigo mesmo o efeito que espera. Pode então comparar, pelo menos em termos gerais, a resposta do paciente com sua própria previsão. Se esta foi incorreta, o terapeuta estará em posição de examinar novamente a situação total para tentar encontrar a causa do erro. Sugestão e proibição Outra forma ativa de intervenção é a introdução de sugestões definidas, positivas ou negativas, instruções ou proibições dentro da relação terapêutica, com a intenção de influenciar, de modo direto e imediato, os pensamentos, sentimentos ou o comportamento. Já que essas intervenções implicam considerável atividade do terapeuta e o aban- dono do seu papel de observador-participante neutro, são mais comuns e indicadas nos casos tratados pela terapia de apoio. O terapeu207 ta pode prontamente fazer uso de sua posição na vida corrente do paciente e em sua economia psíquica, acentuando suas próprias reações ante o comportamento do paciente e, com alguma freqüência, sugerindo a mudança pelo seu interesse pessoal pelo paciente e seu bem-estar. Em outras palavras, em virtude das dinâmicas implícitas na relação terapêutica, o terapeuta utiliza a si próprio e ao desejo que tem o paciente de agradálo como forças motivadoras. Tendo tentado, ou executado com sucesso o que foi determinado pelo terapeuta, o paciente antecipará algum sinal de reconhecimento ou recompensa pelos seus esforços. Assim, é importante que o terapeuta encontre um meio de gratificar essas demandas, escolhendo recompensa apropriada para cada paciente, tendo em vista sua psicodinâmica e psicopatologia específicas. Por meio dessas intervenções, o terapeuta influi no equilíbrio dinâmico do paciente, levando em consideração — algumas vezes — os componentes intrapsíquicos e em outras, as interações do paciente com seu meio ambiente. Essas atividades podem ser dirigidas ao reforço dos controles conscientes do paciente ou das defesas inconscientes do ego. Como exemplo podemos citar: “Deixe estes pensamentos de fado e pense em algo mais agradável”; “aprenda a pensar mais, conte até 10 antes de falar ou agir; “se tem medo de ficar só, consiga alguém que lhe faça companhia”; “quando se sentir desse modo, saia até que consiga controlar-se”, etc. Outras vezes, essas intervenções so destinadas a gratificar algum componente dos impulsos inconscientes ou de seus derivativos. Como exemplo poderíamos citar: “Você poderia tentar mais encontros”; “Tire férias e afaste-se um pouco de seus problemas”; “Sentimentos de raiva sâ’o normais. Quando se sentir assim, manifeste e nâó reprima tanto seus sentimentos”; “Sendo agradável aos dois parceiros, qualquer coisa que se queira fazer sexualmente está certa”; “Aprenda a ser mais egoísta”; etc. Quando possível, o terapeuta pode tentar ajudar ativamente o paciente a encontrar compromisso mais eficaz e estável, que permita a expressão não só dos derivados do impulso como das defesas, encorajando-o a encontrar um habby apropriado, a interessar-se pelo atletismo ou por serviço ou atividade fora de casa ou, ainda, sugerindo maneiras socialmente aprovadas de exprimir impulsos inaceitáveis. O terapeuta também pode aconselhar sobre como se conduzir ou reagir em diferentes situações da realidade, ou como manejar ou resolver problemas particulares externos. Para utilizar essas variadas intervenções ativas, geralmente é mais prudente esperar até que a terapia e a relação terapêutica estejam bem estabelecidas, para que haja razoável probabilidade de o paciente estar apto e desejoso de cooperar com as sugestões do terapeuta. Tais intervenções são mais eficazes quando a 208 transferência e a relação terapêutica forem positivas, já que o paciente estará mais recep- tivo. Se a sugestão for feita num momento em que o relacionamento é negativo e há hostilidade consciente contra o terapeuta, o paciente tenderá a rejeitar a intervenção, por essa razão mal sucedida. Se essas intervenções são apresentadas como exigências e, por qualquer razão, o paciente não tem capacidade para cumpri-las, pode sentir-se humilhado, envergonhado ou culpado, além de ter o sentimento de o terapeuta estar zangado ou desapontado. Fazer tais exigências também pode provocar o paciente a desafiar o terapeuta. É preferível, portanto, formular este tipo de intervenção de maneira experimental, salien- tando idéias como: “Faça o melhor que puder”, ou “Ajudaria, se você tentasse isto”. Seria também conveniente que se tentasse primeiro com os sintomas ou os padrões de comportamento menos reforçados, que não provocam tanta ansiedade, já que nesses grupos a intervenção tem maior probabilidade de sucesso imediato. Este sucesso, com sintomas ou distúrbios relativamente menores, aumentará a confiança do paciente, bem como o prestígio do terapeuta e, provavelmente fará com que as sugestões subseqüentes conduzam a uma mudança proveitosa. Embora estas formas de intervenção ativa sejam mais comuns na terapia de apoio, há também ocasiões no decorrer do tratamento dirigido ao insight em que elas se tornam necessárias a fim de ajudar o movimento terapêutico. Geralmente são introduzidas após outras formas de intervenção menos ativas, que não tenham alcançado êxito. Isso acontece, particularmente, no caso em que a ampla explicação dos significados pré-conscientes e inconscientes por trás de perturbação ou sintoma particular, não tenha produzido alterações importantes persistindo por algum tempo uma situação estática. Essas intervenções são então apresentadas sob o prisma da conveniência que haveria para a compreensão e o progresso terapêutico se o paciente tentasse, conscientemente, modificar ou controlar o padrão particular envolvido e, então, se deixasse ficar ciente dos pensamen- tos e sentimentos que ocorressem à medida que o sintoma estivesse sendo conscientemente mudado. Em outras palavras, na terapia de apoio o terapeuta usa a si mesmo, eaos seus próprios desejos, como instrumento motivador durante essas intervenções. No tratamento dirigido ao insight, a ênfase está na necessidade de provocar novo material para discussão, fundamentada em que, se o paciente estiver apto, através de esforços conscientes, para modificar o sintoma ou o comportamento entgo os sentimentos e pensamentos por eles ocultos pode- rão alcançar a consciência mais rapidamente e serem submetidos ao trabalho terapêutico. Essas intervenções sã, assim, estruturadas de forma tal que o paciente faça uso daquilo que for melhor para ele e seu tratamento. Deste ponto de vista, 209 a expectativa ou demanda do paciente por recompensa direta pode ser trabalhada pelo terapeuta como manifestações da transferência, fazendo-o ver que sua motivação é mais o desejo de gratificação transferencial que o desejo de fazer o que é de seu próprio interesse. Também se o paciente recusa ou evita a mudança solicifada, isto provavelmente será considerado manifestação de resistência ou de outras implicações transferenciais. Mesmo com essas intervenções ativas, numa sítuação de tratamento dirigido ao ínsight, o terapeuta tenta manter o papel de observador participante neutro, de desenfatizar seu próprio envolvimento pessoal na sugestão. O controle ativo A forma de intervenção mais ativa é aquela em que o terapeuta assume função de ego-substituto, executando (ele mesmo ou auxiliares por ele designados) as funções do ego que o paciente é incapaz de manter na ocasião. O raio de ação dessas intervenções vai desde interceder sobre a conduta do paciente com os parentes, empregados, atividades sociais, etc., até o controle no tratamento hospitalar, com todas as regras impostas ao seu comportamento, podendo chegar à contenção física ou à segregação, à administração forçosa de terapia somática ou por medicamentos. Alguns destes controles ativos, ou manipulação, causargo impacto psicológico sobre o paciente, além das conseqüências químicas ou fisiológicas que também possam ocorrer. Essas formas de intervenção constituem modos pelos quais o paciente se torna, cada vez mais, objeto passivo para os esforços ativos ou as manipulações do terapeuta, ocorrendo quase que exclusivamente no tratamento de apoio, quando aquele tenha manifestado regressão tão intensa que, no momento, esteja incapaz de função autônoma. É importante que o terapeuta esteja alerta às indicações de reverso da regressão. À medida que o paciente vai sendo capaz de aumentar a participação e a atividade do ego, o terapeuta, nesse ponto, deve estar pronto a abandonar o papel de ego-substituto, reforçando e estimulando os esforços do paciente para assumir o controle de seu comportamento e de seus problemas. Há momentos, no decorrer da relação de um tratamento dirigido ao insight, em resposta a agudo conflito ou crise, em que tal intervenção torna-se necessária (quando o paciente desenvolve reação psicótica aguda ou quando há grave risco de suicídio). Deve ser reconhecido, entretanto, que essas intervenções estão em contradição com a estratégia de uma abordagem terapêutica em direção ao insight e sua necessidade pode ser razão para que se alterem os objetivos do tratamento, tornando-o mais de apoio. Ainda que a decisão seja continuar em dire210 ção aos objetivos do tratamento dirigido ao insight, deve-se prever o impacto e a repercussão dessas intervenções sobre a relação de tratamento. Sua ocorrência produzirá vários efeitos na relação de transferência, conforme sua evolução até a resolução final. A posição terapêutica Em todos os níveis de atividade, é necessário que o terapeuta conheça simultaneamente a natureza e o impacto de todas as forças envolvidas no equilíbrio dinâmico. Para que isso aconteça, sua posição de observador deve ser eqüidistante do id, do ego, do superego e dos processos ambientais. A esse respeito, o desenvolvimento ontogenético do terapeuta, de certo modo, segue o modelo do desenvolvimento filogenótico da psicanálise. Freud e seus primeiros seguidores preocupavam-se particularmente a princípio com as variadas manifestações dramáticas, insistentes e compulsivas dos impulsos e seus derivados. Somente mais tarde, com a continuação e maior sofisticação da experiência clínica, centralizaram mais sua atenção nos outros componentes da vida mental, o que trouxe como resultado o desenvolvimento da hipótese estrutural e maior enfatização na psicologia do ego e do superego. A mesma evolução acontece durante a instrução e o desenvolvimento psiquiátricos mais dinâmicos. Inicialmente sua atenção e interesse dirigem-se para os impulsos inconscientes e seus diferentes e manifestos derivativos. Somente ao aumentar sua experiência clínica é que vão desenvolver interesse correspondente pelas funções do ego e do superego e reconhecer sua importância como determinantes de psicopatologia Somente após sua evolução pessoal o terapeuta alcançará a posição ideal de observação acima descrita. A importância dessa posição origina-se do fato de ser a psicoterapia um processo altamente seletivo do qual o terapeuta é parte ativa ao influenciar e pôr em evidência o material sob discussão. Consciente e inconscientemente, o paciente é muito sensível às intervenções do terapeuta e tem sido reiteradamente demonstrado que as indicações de interesse e atenção do terapeuta influenciarão significativamen o material subseqüente. Ao prestar mais atenção ou intervindo em resposta a determinadas comunicações e no a outras, o terapeuta ajuda a delimitar o material criado, embora Seguindo a liderança do paciente. Quanto menos falte o terapeuta, maior será o impacto sobre o processo de seleção, quando, ocasionalmente tomar determinado elemento da comunicação do paciente para foco de interesse ou de intervenção. Qualquer que seja o tipo de tratamento, o terapeuta deve interessarse por todos os dife- rentes aspectos da vida mental do paciente. Em alguma sessão em 211 particular, ou num conjunto de sessões, pode focalizar um dos grupos das funções mentais. Mas se algum outro grupo de processos mentais for seguidamente omitido do trabalho terapêutico, é importante que o terapeuta o reconheça e procure compreender as razões da omissão. A habilidade do terapeuta para tomar essa posição terapêutica eqüidistante é um importante fator que permite ao paciente apresentar seu material com mínima distorção ou contaminação externa Em resumo, o papel e o raio de ação do terapeuta são consideráveis, tanto em uma sessão como na duração total do tratamento. Contudo, se o terapeut tem uma idéia clara da estratégia básica e dos objetivos do tratamento, as tática de suas várias intervenções podem ser internamente consistentes e logicamente estruturadas de acordo com a teoria básica. Leituras sugeridas FELDMAN, Sandor (1958). “Blanket interpretations”. Psychoanal Quart. 27. 205. FENICHEL, Otto (1941). Problems of Psychoanalytic Technique. The Psychoanalyt Quart. Inc. FINESINGER, Jacob E. (1948). “Psychiatric interviewing: Some principies and procedures in insight therapy”. Am J. Psychiat. 105, 187. GLOVER. Edward (1931). “The therapeutic effect of inexact interpretation”. Int. Psycho-AnaI. 12, 397. KRIS, Ernest (1951). “Ego psychology and interpretation in psychoanalytic therapy Psychoanal. Quart. 20, 1. LOWENSTIEN, Rudolph M. (1951). “The problem of interpretation”. Psychoanal. Quart.4 20, 1. PARAD, Howard J. (1958). Ego Psychology and Dynamic Casework. Family Service Assn of America. PAUL, Louis P. (1963). 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