estudo sobre interações medicamentosas de um paciente

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CONEXÃO FAMETRO:
ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE
XII SEMANA ACADÊMICA
ISSN: 2357-8645
ESTUDO SOBRE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DE UM
PACIENTE DIAGNOSTICADO COM DEPENDENCIA QUÍMICA: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Juliana Silva de Farias
FAMETRO – Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza
[email protected]
Maira Maria Leite de Freitas
FAMETRO – Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza
[email protected]
APRESENTAÇÃO
Na sociedade contemporânea, o consumo de substâncias químicas, sejam elas lícitas (ex.: álcool) ou não (ex.: crack), está se tornando cada vez mais comum. Atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o uso abusivo de drogas
como uma doença crônica e recorrente. O presente trabalho tem como propósito relatar a nossa primeira experiência na elaboração de um trabalho científico do tipo es tudo de caso sobre interações farmacológicas. Estudo realizado na disciplina de Farmacologia Aplicada da turma do quarto semestre do Curso de Enfermagem da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza- FAMETRO, visando expor as possíveis
interações farmacológicas que podem ocorrer durante o tratamento do dependente
químico. Além disso, houve o intuito de sensibilizar os profissionais responsáveis
pela prescrição e aprazamento destas drogas, e a realizar essas ações da maneira
mais segura possível, a fim de garantir a eficácia do tratamento, para que esses indi víduos possam ser reinseridos na sociedade com uma maior qualidade de vida.
A administração de medicamentos é um procedimento que pode ser realizado por alguns profissionais de saúde, no entanto é uma prática realizada co tidianamente pela equipe de enfermagem e que requer conhecimentos de
farmacologia relacionados ao tipo da droga, mecanismos de ação, excreção, atuação nos sistemas orgânicos. (Lopes, Chaves e Jorge 2006).
Devido à grande importância do estudo da Farmacologia e à dificuldade de com preensão, além do prévio preconceito pela disciplina, verificado em boa parte dos
discentes do curso de Enfermagem, algumas estratégias têm sido propostas para
melhorar o ensino dessa matéria, dentre elas a elaboração de trabalhos científicos
por parte dos estudantes. Esta prática vem sendo bastante utilizada pelos docentes
como um instrumento de apoio pedagógico oferecido aos alunos a fim facilitar a
compreensão em relação à matéria trabalhada em aula, pois a disciplina de farma cologia é um pré-requisito para a boa prática do enfermeiro em suas funções básicas, e é essencial para um bom entendimento de outras matéria do curso de enfermagem, tais como: Exames complementares, Processo do Cuidar, Saúde Coletiva I
e II. Diante do grande número de casos de dependência química, conhecer o tratamento farmacológico destes pacientes é de grande relevância para os profissionais
da aera da saúde, já que as práticas usadas para trata-los consiste tanto em cuidar
psicologicamente como fisicamente dos danos causados pelo uso da droga no organismo do indivíduo. Por este motivo foi escolhido este tema para realizarmos nosso
primeiro trabalho cientifico, a fim de vivenciarmos na prática a matéria abordada pela
professora em sala de aula mesmo que como pesquisadores. Pois segundo Pedroso
(2009), na expectativa de reverter os problemas que afligem a área de educação,
acredita-se que a implementação de novas práticas educativas, dentre as quais se
destaca o uso de estratégias de ensino diversificadas, pode-se auxiliar na superação
dos obstáculos.
PERCURSO METODOLÓGICO
Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, executado a
partir da nossa vivência como autoras de um trabalho cientifico do tipo estudo de
caso sobre interações farmacológicas em pacientes dependentes químicos, na
disciplina de Farmacologia, do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade
Metropolitana da Grande Fortaleza- FAMETRO, na turmas ENF4M1 no turno da
manhã, sendo essa disciplina ministrada pela professora Camila Nayane.
Para o desenvolvimento do trabalho foi realizado a análise do prontuário de
um paciente diagnosticado com dependência química internado em um Hospital
Psiquiátrico na Unidade de Desintoxicação, onde foi avaliado a prescrição
medicamentosa, procurando as possíveis interações entre os fármacos utilizados
pelo paciente, para evitar possíveis complicações no tratamento. Realizamos
também um levantamento bibliográfico através de artigos científicos sobre os temas
abordados no estudo, tais como o que é a dependência química, e qual tratamento
farmacológico utilizado.
Durante a pesquisa campal que foi realizada durante duas semanas, foi possível
observar que a grande maioria dos paciente internados na instituição por dependência química, faziam uso de várias medicações durante o dia e muitas vezes no mesmo horário. Diante disso vimos a necessidade de aprofundar a pesquisa, já que durante as aulas foi visto o risco que o uso concomitante de dois ou mais fármacos
pode interferir no tratamento, comprometendo o efeito terapêutico esperado pelo enfermeiro e pelo paciente. Segundo Yunes, Almeida e Coelho (2011)
A relação entre a demanda de fármacos e o potencial de interações entre medicamentos sugere um maior reconhecimento do problema e a criação de mecanismos
para o manejo adequado e prudente.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Durante a pesquisa foi observado que a grande maioria dos pacientes faziam uso de
alguns medicamentos simultaneamente. Diante disso analisamos o prontuário do
paciente A.A.A.N, masculino, 46 anos, etilista, internado na unidade de
desintoxicação, diagnosticado com dependência química (álcool), está representado
na tabela abaixo 1.1 os fármacos utilizados no tratamento do paciente, durante o
período que está internado. Os medicamentos normalmente usados no tratamento
da dependência química pertencem à classe dos psicofármacos, e dependendo do
estágio da doença e dos fatores associados, são prescritos em diferentes dosagens
e associações.
TABELA 1.1 PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA DO PACIENTE
O paciente em questão está utilizando na fase de abstinência o diazepam,
medicamento pertencente a classe dos benzodiazepínicos (conhecidos como
“calmantes”). O cliente apresenta um quadro de ansiedade que precisa ser
controlado, também já apresenta sintomas de depressão devido ao uso abusivo do
álcool. Por esse motivo foram associados outros medicamentos a seu tratamento,
tais como: a amitriptilina um antidepressivo utilizado para o tratamento de sintomas
de depressão devido ao uso abusivo da droga, a levomepromazina um ansiolítico, e
ao topiramato um antiepiléptico. Há portanto uma grande chance de haver
interações entre os fármacos, já que estão sendo administrados quase todos no
mesmo horário.
Vejamos adiante a tabela 1.2 que nos mostra as possíveis interações
farmacológicas.
Os achados deste estudo mostram que, os medicamentos utilizados no tratamento
do paciente, provocam um aumento do efeito adverso que é a sedação, efeito este
que já é conhecido do diazepam e da amitriptilina. Porém quando esses fármacos
foram
associados
com
a
levomepromazina
(ansiolítico),
e
ao
topiramato
(antiepiléptico) foi possível visualizar que houve interações entre eles, como é
exposto na tabela 1.2. Essas interações potencializam o efeito sedativo no paciente.
O fato de usar mais de uma droga com o mesmo efeito adverso, pode levar o
paciente a um quadro de sedação exagerada, podendo comprometer a qualidade de
vida do mesmo, já que o aumento da sedação impossibilita a realização das
atividades cotidianas, prejudicando sua rotina.
Esse estudo é de suma importância, pois serve de alerta aos profissionais
responsáveis pelo aprazamento dessas drogas, no caso o enfermeiros, pois estes
terão mais cuidado durante o aprazamento o que irá beneficiar o tratamento dos
pacientes e portanto sua recuperação. Logo, o indivíduo que buscou sua reabilitação
obterá êxito, pois foi atendido por profissionais atentos em todas as fases de seu
tratamento. Além disso podem ser evitados iatrogenias que segundo
Cortez, et al (2009) Iatrogenia é uma palavra derivada do grego, composta por
“iatro” que significa médico e gênese, origem, sendo definida ora pela ação
prejudicial dos profissionais de saúde, inclusive da equipe de enfermagem, durante a
prestação da assistência.
Ao proporcionar um tratamento eficaz para estes paciente é possível a reinserção
destes a sociedade, de maneira digna, podendo exercer novamente seu papel,
superando a dependência química, e sem ser vítimas dos efeitos adversos de um
tratamento ineficaz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados encontrados nesse estudo, mostram que existem interações entre os
fármacos escolhidos para tratar o paciente, e que essas interações comprometem a
eficácia do tratamento, sendo sugerido intervenções que visem avaliar a
possibilidade de substituir as drogas por outras que diminuam os efeitos adversos
encontrados. Afim de que pacientes internados em unidades de desintoxicação, por
dependência química como no caso clinico apresentado, não tenham a eficácia do
tratamento comprometida.
Traz a oportunidade de ter uma revisão dos conteúdos ministrados em sala de forma
pratica. Além da oportunidade de realizar um estudo pratico onde foi possível
observar o quão importante é o papel da enfermagem no tratamento dos pacientes.
Foi possível obtermos uma visão do que nós, enquanto futuras profissionais,
podemos intervir para melhora a assistência prestada aos clientes nos mais diversos
serviços de saúde.
Finalmente, concluímos que estudos como o que nos foi proposto durante a
disciplina de farmacologia, devem ser mais estimulados, pois os acadêmicos, além
de melhorarem seus conhecimentos acerca disciplina estudada, podem ter contato
com a vivencia de enfermagem e podem de alguma forma e posteriormente com a
criação desses trabalhos, estar contribuindo para a pratica da profissão que
escolheram, pois segundo Araújo, et al (2015) uma pesquisa científica proporcionará
um amadurecimento de ideias, estimulará a criticidade e promoverá uma maior
responsabilidade em relação ao ambiente onde está inserido.
REFERÊNCIAS
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