valeria brega alvares taborda terapia fotodinâmica com metil

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UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO
VALERIA BREGA ALVARES TABORDA
TERAPIA
FOTODINÂMICA
COM
METIL
AMINO-
LEVULINATO NO TRATAMENTO DE 84 PACIENTES COM
CARCINOMA BASOCELULAR
BAURU
2013
VALERIA BREGA ALVARES TABORDA
TERAPIA
FOTODINÂMICA
COM
METIL
AMINO-
LEVULINATO NO TRATAMENTO DE 84 PACIENTES COM
CARCINOMA BASOCELULAR
Tese apresentada a Pró-reitoria de Pesquisa e
Pós-graduação da Universidade Sagrado
Coração como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutor em Biologia Oral,
área de concentração: Biologia Oral, sob
orientação do Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes
Virmond
BAURU
2013
VALERIA BREGA ALVARES TABORDA
TERAPIA
FOTODINÂMICA
COM
METIL
AMINO-
LEVULINATO NO TRATAMENTO DE 84 PACIENTES COM
CARCINOMA BASOCELULAR
Tese apresentada a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade
Sagrado Coração como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em
Biologia Oral, área de concentração: Biologia Oral, sob orientação do Prof. Dr. Marcos
da Cunha Lopes Virmond.
Banca examinadora:
__________________________________
Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes Virmond
Universidade Sagrado Coração - USC
_______________________________
Profa. Dra. Angela Mitie Otta Kinochita
Universidade Sagrado Coração - USC
____________________________
Profa. Dra. Stela Daré de Almeida
Universidade Sagrado Coração - USC
__________________________
Prof. Dr. José Antônio Garbino
Instituto “Lauro de Souza Lima” - ILSL
_______________________________
Profa. Dra. Luciana Patrícia F. Abbade
Universidade Estadual Paulista - UNESP
Bauru, 16 de dezembro de 2013.
Dedicatória
Este trabalho é dedicado, in memoriam, ao Prof.
Dr. Diltor Vladimir Araújo Opromolla, mestre
inesquecível, cuja sabedoria, amizade e
profissionalismo influenciaram profundamente a
vida de todos os que tiveram o privilégio de
desfrutar de seu convívio...
AGRADECIMENTOS
E m p r i me i r o l u g a r , a g r a d e ç o a o m e u ma r i d o P a u l o , p e l o
g r a n d i o s o s u p o r t e e p o r t a n t o c a r i n h o , a p o i o e c o mp r e e n s ã o
p e l a s l o n g a s h o r a s e d i a s , i n c l u s i v e d o mi n g o s e f e r i a d o s , e m
q u e f i c a mo s a f a s t a d o s d u r a n t e a e l a b o r a ç ã o d e s t e t r a b a l h o . E
aos meus fi l hos que co mparti l hara m mi nha dedi cação nesse
p e r í o d o . V o c ê s s e m p r e f o r a m e s e r ã o mo t i v o d e a l e g r i a e m t o d o s
o s mi n u t o s d a mi n h a v i d a !
Aos queridos pais, Joel e Valdette, pelo apoio e suporte
i r r e s t r i t o d u r a n t e t o d o s o s mo m e n t o s d a mi n h a v i d a a c a d ê mi c a e
e m ma i s e s t a e t a p a d a mi n h a jo r n a d a p r o f i s s i o n a l . V o c ê s
d e mo n s t r a m e s t a r s e m p r e d i s p o n í v e i s e e n g r a n d e c e m t u d o c o m
s u a ma r a v i l h o s a p r e s e n ç a !
A mi n h a a v ó c e n t e n á r i a , C a r l o t a , d e mo n s t r a r q u e a v i d a me r e c e
ser vi vi da co m e xpl endor. Le mbro- me da s enhora, di zendo que o
“ e s t u d o d e v e s e mp r e v i r e m p r i m e i r o l u g a r ” , d e s d e mi n h a
i n f â n c i a f a l a n d o d a i mp o r t â n c i a d a e d u c a ç ã o e n q u a n t o me
l evava para a escol a, apanhando fl ores nas cal çadas. Seu
e x e m p l o m a r a v i l h o s o d e v i d a n o s i l u mi n a e c o n t a g i a a t o d o s !
A s mi n h a s i r mã s e s o b r i n h a s p o r c o mp a r t i l h a r e m c o mi g o a v i s ã o
d e q u e a f a mí l i a e s t á a c i ma d e t u d o n a T e r r a e d e q u e D e u s é o
nosso grande al i ado e fonte de real i zação espi ri tual . Vocês
estão no meu cora ção!
A o s p a c i e n t e s s u b m e t i d o s a o t r a t a me n t o , p e l a c o n f i a n ç a
d e mo n s t r a d a . E a t o d o s o s q u e c o n t r i b u í r a m p a r a e s t a p e s q u i s a ,
e m e s p e c i a l mi n h a i r mã D e n i s e e mi n h a s e c r e t á r i a R a q u e l , q u e
m u i t o me a ju d a r a m n o r e c r u t a m e n t o e s e g u i me n t o s d o s
pacientes, be m co mo nos c uidados para co m eles. E ao Sérgio
pel os cui dados aos pacientes au xi l i ando durantes real i zação das
biópsias.
Ao meu orientador Dr. Marcos d a Cunha Vir mond por partilhar
p a r t e e s s e n c i a l d o s e u v a l i o s o t e mp o e m d i s c u s s õ e s e l u c i d a t i v a s
s o b r e e s s e e s t u d o e p e l o i n e s t i má v e l e n v o l v i me n t o n a r e a l i z a ç ã o
de todo o trabalho.
E m e s p e c i a l a D e u s e v o l t o a p e d i r q u e E l e p e r mi t a q u e e s t e
trabal ho possa i nfl uenci ar outros profi ssi onai s e auxi l i ar no
t r a t a me n t o d e mu i t o s o u t r o s p a c i e n t e s , d i mi n u i n d o- l h e s o
s o f r i me n t o e p r o p o r c i o n a n d o - l h e s a c u r a . . .
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo
para todo o propósito debaixo do céu”.
(Ecl 3,1)
RESUMO
Introdução: A terapia fotodinâmica tópica (PDT) com metil-5-aminolevulinato
(MAL), é atualmente a única forma de PDT aprovada no tratamento do carcinoma
basocelular (CBC). Estudos clínicos descrevem a eficácia elevada da MAL-PDT
no CBC superficial e moderada no CBC nodular e demonstram resultado estético
equivalente a cirurgia, criocirurgia e eletrocirurgia. Estudos sugerem que a MALPDT tem taxas de recidiva equivalentes a outras terapias no CBC superficial,
porém no CBC nodular a MAL-PDT tem eficácia menor que a cirurgia
convencional e micrográfica. Objetivo: Avaliar clínica e cronologicamente o
resultado do emprego da técnica de PDT no tratamento de pacientes portadores
de CBC. Material e Métodos: O presente estudo prospectivo e observacional
envolveu pacientes com diagnóstico clínico e histopatológico de CBC superficial
ou nodular fino. Foram recrutados 84 pacientes portadores de 112 lesões de CBC,
que foram submetidos a MAL-PDT e acompanhados entre 2007 e 2013. O
seguimento variou de 1 a 5 anos. Resultados: Dos 84 pacientes (47 mulheres e
37 homens), com idades entre 31 a 87 anos, 63 eram portadores de lesões únicas
de CBC (63/84=75%) e 21 eram portadores de lesões múltiplas de CBC
(21/84=25%). Não apresentaram boa resposta a MAL-PDT 11 pacientes (11/84:
13,09%), cujas recidivas somaram 9,82% (11/112) das lesões de CBC.
Discussão: O índice de cura das lesões de CBC foi de 90,18% (101/112) após 2
sessões (57/84; 67,86%) ou 3 sessões (27/84; 32,14%) de MAL-PDT, similar aos
resultados da literatura (86-93%). Entre os 11 pacientes com recidiva houve 9,52%
(6/63) entre portadores de lesões únicas de CBC e 23,8% (5/21) entre portadores
de lesões múltiplas, sugerindo que portadores de lesões múltiplas de CBC são
mais propensos às recidivas após MAL-PDT. A dor foi o efeito adverso mais
comum (84/84;100%). Conclusão: Apesar a dor ainda representar um desafio, a
MAL-PDT permanece como opção terapêutica válida no manejo do CBC pela
resposta clínica favorável, com bons resultados estéticos e elevados índices de
cura.
Palavras-chave:
Fotoquimioterapia.
Carcinoma
Basocelular.
Terapia
Fotodinâmica.
ABSTRACT
Introduction: Topical photodynamic therapy (PDT) using methyl 5-aminolevulinate
(MAL), also known as MAL-PDT, is currently the only licensed form of PDT for the
treatment of basal cell carcinoma (BCC). Long-term follow-up studies are also now
available, indicating that MAL-PDT has recurrence rates equivalent to other
standard therapies in superficial BCC, such as surgery, cryosurgery and
electrosurgery. Studies suggested otherwise lower sustained efficacy than surgery
and Mohs micrographic surgery in nodular BCC. Objective: To evaluate the
clinical and cronological results of topical photodynamic therapy in the treatment of
BCC patients. Methodology: This work was a prospective and observational study
conducted on 84 Brazilian patients with 112 skin lesions clinical and
histopathologically diagnosed as either superficial BCC or thin nodular BCC who
thereafter undergone PDT treatments between 2007 and 2013. There was a 1 to 5
years follow-up period. Results: The 84 patients (47 females and 37 males) with
ages ranging from 31 to 87 years (mean age of 62.7) 63 had BCC single-lesions
(63/84; 75%) and 21 had CBC multiple-lesions (21/84; 25%). To this treatment 11
patients (11/84: 13.09%) had relapsed, representing 9.82% (11/112) of the total
BCC lesions. Discussion: The clearance rate was 90,18% (101/112 lesions) after
2 sessions (57/84; 67,86%) or 3 sessions (27/84; 32,14%) of MAL-PDT, similarly to
the literature results (86-93%). Among the 11 patients with recurrence there was
9,52% (6/63) single-lesion patients and 23,8% (5/21) multiple-lesion patients,
suggesting the patients with multiple lesions may be more likely to relapse after
MAL-PDT. Pain was the most common adverse effect being claimed by all patients
and there was no significant difference found in the literature. Conclusion: Despite
its challenging treatment-related pain discomfort, MAL-PDT remains as a well
tolerated treatment modality for BCC, with good aesthetic results and high
clearance rates.
Keywords: Basal Cell Carcinoma. Photodynamic Therapy.Photochemotherapy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Efeito fotodinâmico: os três componentes da reação de fotooxidação. ....................................................................................... 18
Figura 2
Esquema representativo do mecanismo de ação e efeitos da PDT.
...................................................................................................... 19
Figura 3
Comparação de várias classificações de carcinoma basocelular.. 32
Figura 4
Fatores que influenciam no prognóstico do carcinoma basocelular.
...................................................................................................... 39
Figura 5
Força de recomendação e qualidade de evidência das indicações
clínicas da terapia fotodinâmica tópica em Dermatologia5 ............ 51
Figura 6
Estrutura química 5-metil aminolevulinato.................................... 57
Figura 7
Classificação etiológica de 184 pacientes portadores de 228 lesões
neoplásicas de pele submetidas a MAL-PDT. ............................... 62
Figura 8
Seta: protocolo de tratamento com realização da biópsia de pele,
seguida por 2 sessões de MAL-PDT com intervalo de 7-15 dias.
Círculo: protocolo de seguimento: 3, 6 e 9 meses e uma vez por
ano até completar 5 anos. ............................................................. 63
Figura 9
Descrição dos 84 pacientes portadores de 112 lesões de CBC com
resumo dos dados clínicos, localização das lesões e subtipos
histológicos.................................................................................... 76
Figura 10
Fotos da paciente RAMM (Caso 66) ............................................. 78
Figura 11
Fotos do paciente DV (Caso 69) durante MAL-PDT. .................... 79
Figura 12
Fotos da paciente JOGM (Caso 31) .............................................. 80
Figura 13
Proteção ocular durante sessão de MAL-PDT. ............................. 81
Figura 14
Fotos da paciente SB - sequência da técnica.................................82
Figura 15
Fotos do paciente LFS (Caso 81)....................................................83
Figura 16
Fotos do paciente MLOS (Caso 80)................................................84
Figura 17
Fotos do paciente MDB (Caso 70)..................................................85
Figura 18
Fotos do paciente GF (Caso 41).....................................................86
Figura 19
Fotos do paciente JXN (Caso 36)....................................................87
Figura 20
Fotos do paciente APF (Caso 16)...................................................88
Figura 21
Distribuição da intensidade da dor ao longo dos diferentes
momentos de avaliação................................................................. 92
Figura 22
Dor durante a fase de iluminação de cada sessão da MAL-PDT no
tratamento do carcinoma basocelular............................................ 92
Figura 23
Gráficos de ocorrência da dor durante a MAL-PDT para cada um
dos momentos de avaliação. ......................................................... 93
Figura 24
Distribuição dos graus de ocorrência de prurido ao longo dos
diferentes momentos de avaliação. .............................................. 94
Figura 25
Números total de casos avaliados em cada um dos diferentes
momentos no período de 5 anos (07/2007 a 07/2013). Legendas:
M1=mês 1; M3=mês 3; M6=mês 6; M12=mês 12; A2=ano 2;
A3=ano 3; A4=ano 4; A5=ano 5. ................................................... 95
Figura 26 Números total de casos avaliados em cada um dos diferentes
momentos (mês 1, mês 3, mês 6, mês 12, ano 2) durante os 2
primeiros anos do estudo. ............................................................. 96
Figura 27
Distribuição do resultado do exame clínico e videodermatoscopia
(em % de casos) nos diferentes momentos (mês 1, mês 3, mês 6,
mês 12 e ano 2). Em destaque a recidiva começou a surgir após o
mês M9.......................................................................................... 97
Figura 28
Distribuição dos 11 pacientes com recidiva de CBC após MAL-PDT
entre os pacientes com lesões únicas ou múltiplas....................... 98
Figura 29
Detalhe das recidivas pós MAL-PDT de acordo com a localizaçãoo
das lesões de CBC........................................................................ 98
Figura 30 Localização e evolução dos 11 casos de recidiva de CBC após MALPDT. .............................................................................................. 99
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Guias e consensos internacionais de tratamento do carcinoma
basocelular com PDT ...........................................................................40
Tabela 2 Estudos de terapia fotodinâmica no tratamento do carcinoma
basocelular ...........................................................................................48
Tabela 3 Força (Grau) de recomendação e qualidade (Nível) de evidência .......52
ABREVIATURAS E SIGLAS
ALA: ácido 5-aminolevulínico (5-aminolevulinic acid)
Anvisa: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BAD: Brithish Association of Dermatology
Cm: centímetro(s)
CBC: carcinoma basocelular
CEC: carcinoma espinocelular
CEP-USC: Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Sagrado Coração
DNA: ácido desoxirribonucleico
EMEA: European Medicines Agency
FDA: Food and Drug Administration
FS: fotossensibilizante
IUPAC: International Union of Pure and Applied Chemistry
LED: diodos emissores de luz
MAL: metil 5-aminolevulinato (ou ALA-éster)
PDT: terapia fotodinâmica (do inglês, photodynamic therapy)
PVC: inglês polyvinyl chloride, polivinilclorida, policloroeteno (IUPAC), policloreto
de polivinila, policloreto de vinil, policloroetano de vinila, (C2H3Cl)x.
RCT: randomized controlled trial
INCA: Instituto Nacional do Câncer de Pele
PTCH: do inglês: the transmembrane receptor protein; receptor proteico
transmembrana
SNBC: Síndrome do Nevus (Nevo) Basocelular
SMO: proteína transmembrana Smoothened
SUFU: supressor of fused
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS....................................................................................................................
RESUMO........................................................................................................................................
ABSTRACT ...................................................................................................................................
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...........................................................................................................
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................
ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................................................
SUMÁRIO ......................................................................................................................................
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 21
2.1 CARCINOMA BASOCELULAR ................................................................................................. 21
2.1.1 Definição ...........................................................................................................................................................21
2.1.2 Epidemiologia, incidência e etiopatogenia .....................................................................................23
2.1.2.1 Genética do Carcinoma Basocelular Esporádico........................................................................... 26
2.1.2.2 Genética da Síndrome do Nevus Basocelular (Síndrome Gorlin-Goltz) ................................ 28
2.1.2.3 Detecção (Screening), Prevenção Primária e Quimioprevenção............................................. 28
2.1.3 Diagnóstico e Classificação .....................................................................................................................30
2.1.4 Fatores de risco ................................................................................................................................................. 34
2.1.4.1 Exposição solar ................................................................................................................................... 34
2.1.4.2 Outros Fatores ambientais.............................................................................................................. 35
2.1.4.3 Imunossupressão ............................................................................................................................... 36
2.1.4.4 Histórico Familiar e Pessoal ........................................................................................................... 36
2.1.4.5 Tipo e Cor de Pele .............................................................................................................................. 37
2.1.5 Tratamento.....................................................................................................................................................38
2.2 TERAPIA FOTODINÂMICA ..................................................................................................... 40
2.2.1 Histórico ...........................................................................................................................................................40
2.2.1.1 A origem da PDT ...................................................................................................................................... 41
2.2.1.2 O termo “Fotodinâmica”........................................................................................................................ 42
2.2.1.3 O termo “Fototerapia”............................................................................................................................ 42
2.2.1.4 A Fotoquimioterapia .............................................................................................................................. 43
2.2.2 Definição ...........................................................................................................................................................44
2.2.3 Embasamento ................................................................................................................................................44
2.2.4 Técnica de aplicação ...................................................................................................................................46
2.2.5 Regulamentação ...........................................................................................................................................48
2.2.6 Indicações e contra-indicações .............................................................................................................49
2.2.7 Efeitos adversos............................................................................................................................................49
2.2.8 Medicina baseada em evidências.........................................................................................................51
2.3 METIL 5-AMINOLEVULINATO .............................................................................................. 55
2.3.1 Definição ...........................................................................................................................................................55
2.3.2 Mecanismo de ação .....................................................................................................................................55
2.3.3. Nomenclatura e farmacologia ..............................................................................................................56
2.3.4 Histórico do desenvolvimento do fármaco.....................................................................................57
2.3.4.1 Histórico da Photocure .......................................................................................................................... 57
2.3.4.2 Produtos da Photocure .......................................................................................................................... 58
2.4 AS FONTES LUMINOSAS ......................................................................................................... 59
3 OBJETIVO............................................................................................................................. 59
3.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 59
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................................... 59
4 CASUÍSTICA E METODOLOGIA ....................................................................................... 61
4.1 DESENHO DO ESTUDO ............................................................................................................ 61
4.1.1 Casuística (Pacientes e lesões)..............................................................................................................61
4.1.2 Critérios de seleção dos pacientes (inclusão e exclusão)........................................................63
4.1.2.1 Recrutamento ........................................................................................................................................... 63
4.1.2.2 Critérios de inclusão............................................................................................................................... 64
4.1.2.2. Critérios de exclusão ............................................................................................................................. 64
4.1.3 Critérios diagnósticos e de avaliação clínica..................................................................................64
4.1.4 Critérios de avaliação da efeitos adversos do tratamento......................................................66
4.1.4.1 Segurança e critérios de exclusão ...................................................................................................... 67
4.1.5.2 Segurança e histórico pessoal ............................................................................................................. 67
4.1.5.3 Segurança e recidiva............................................................................................................................... 67
4.1.5.4 Segurança e histórico familiar............................................................................................................. 67
4.1.5.5 Segurança e nível de recomendação ................................................................................................. 68
4.1.5 Estudo da casuística....................................................................................................................................68
4.1.5.1 Parâmetros da análise............................................................................................................................ 68
4.1.6 Sítio de estudo ...............................................................................................................................................68
4.2 MÉTODOS................................................................................................................................... 69
4.2.1 Protocolo de tratamento ..........................................................................................................................69
4.2.2 Grupo com carcinoma basocelular......................................................................................................69
4.2.3 Curetagem e shaving ..................................................................................................................................70
4.2.4 Aplicação do fotossensibilizante..........................................................................................................70
4.2.5 Aplicação do curativo oclusivo e período de incubação ..........................................................71
4.2.6 Período de incubação e fluorescência pré-tratamento ............................................................71
4.2.7 Irradiação da lesão ......................................................................................................................................71
4.2.8 Sessões de tratamento...............................................................................................................................72
4.2.9 Cuidados pós-tratamento ........................................................................................................................72
4.3 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ....................................................................................................... 73
4.3.1 Consentimento ..............................................................................................................................................73
4.3.2 Riscos e desconfortos.................................................................................................................................73
4.3.3 Compensação terapêutica e custos .....................................................................................................74
4.3.4 Alternativas .....................................................................................................................................................75
4.3.5 Confidencialidade dos registros ...........................................................................................................75
5 RESULTADOS ...................................................................................................................... 76
5.1 ACHADOS CLÍNICOS E HISTOPATOLÓGICOS .................................................................... 77
5.1.1 Idade ...................................................................................................................................................................81
5.1.2 Sexo .....................................................................................................................................................................89
5.1.3 Fototipo .............................................................................................................................................................89
5.1.4 Número de lesões.........................................................................................................................................89
5.1.5 Localização ......................................................................................................................................................90
5.2 TÉCNICA ..................................................................................................................................... 90
5.2.1 Primeira sessão e segunda sessão.......................................................................................................90
5.2.2 Terceira sessão ..............................................................................................................................................91
5.3 TOLERABILIDADE ................................................................................................................... 91
5.4. SEGUIMENTO CLÍNICO (FOLLOW UP) ............................................................................... 95
5.5. EVOLUÇÃO CLÍNICA (RECIDIVAS E NOVOS CARCINOMAS PRIMÁRIOS)................... 97
5.5.1 Recidivas...........................................................................................................................................................97
5.5.2. Novos carcinomas primários ................................................................................................................99
6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 100
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 109
8 CONSIDERAÇÃO FINAL................................................................................................... 110
GLOSSÁRIO ........................................................................................................................... 111
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 112
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:.................................................................................. 121
ANEXOS ................................................................................................................................. 124
Apêndice ............................................................................................................................... 131
17
1 INTRODUÇÃO
O carcinoma basocelular (CBC) é uma neoplasia maligna de origem
epidérmica que cresce lenta e persistentemente na pele, com invasividade
predominantemente local, que afeta com mais frequência indivíduos caucasianos
(fototipos 1 a 3 de Fitzpatrick) após os 40 anos, com predileção evidente por áreas
fotoexpostas como cabeça e pescoço, devido a ação danosa crônica e cumulativa
dos danos produzidos pela radiação ultravioleta (UV) sobre a pele causando
fotoenvelhecimento solar.1,2 O objetivo do tratamento é remover o câncer
completamente da pele com margem de segurança provocando o menor dano
estético possível, examinar e comparar criticamente o sucesso terapêutico de
cada modalidade avaliando, o índice de cura, taxa de recorrência, custo de
tratamento, efeitos adversos, intensidade da dor e grau de desconforto. Múltiplas
modalidades terapêuticas cirúrgicas e não cirúrgicas confiáveis estão disponíveis
no tratamento do CBC, incluindo
tratamento clínico medicamentoso com
imiquimod ou 5-fluorouracil, quimiocirugia (cauterização química), eletrocirugia,
criocirurgia (CO2 ou N2), radioterapia,
cirurgia convencional e micrográfica de
Mohs, assim como, mais recentemente, a terapia fotodinâmica e o laser.3,4 As
diversas opções terapêuticas do CBC raramente foram comparadas em estudos
controlados e randomizados, mas em pacientes selecionados apropriadamente e
previamente não tratados o índice de cura de cada modalidade foi de
aproximadamente 90%.1,2,3,4
A terapia fotodinâmica (PDT, do inglês photodynamic therapy) é um
procedimento minimamente invasivo, que consiste em provocar uma reação de
foto-oxidação controlada, cujo efeito fotodinâmico tem finalidade terapêutica.5 Esta
reação envolve 3 componentes essenciais: o oxigênio, o fotossensibilizante e a luz
(Figura 1 e Figura 2).
18
O2
FS
LUZ
Efeito Fotodinâmico (PDT)
Figura 1- Efeito fotodinâmico: resultado da reação de foto-oxidação que é dependente dos
três componentes essenciais demonstrados: o oxigênio (O2), o agente fotossensibilizante
(FS) e a fonte de energia luminosa (Luz).
Na reação de foto-oxidação da PDT o agente fotossensibilizante (FS) é um
precursor da protoporfirina IX (PpIX), que penetra e acumula-se preferencialmente
nos tecidos pré-malignos e malignos, cujas células alteradas exibem metabolismo
mais “acelerado”. Ao serem irradiados pela fonte de energia luminosa (luz)
acumulam PpIX, uma porfirina excitada, fluorescente e fotodinamicamente reativa
(Figura 2), através do efeito fotodinâmico induz à liberação de oxigênio singleto
(ou singlet, conforme Glossário, página 100) e, por conseguinte, ao acúmulo
acentuado de radicais livres danosos no interior das células pré-malignas e
malignas (metabolicamente mais ativas), o que resulta em intensa atividade
citotóxica que, a seguir, irá destruir seletivamente o tecido previamente alterado.
Há evidências de a PDT estimular tanto respostas imunossupressoras
como imunoestimulantes.6 Estudos demonstram que durante a fase inflamatória
aguda de resposta à PDT são liberados mediadores pró-inflamatórios que atraem
polimorfonucleares circulantes e células mononucleares para a área tratada. O
mecanismo complexo pelo qual a PDT induz resposta imunoestimulantes para
19
destruir células neoplásicas permanece sob investigação e incluem a geração de
espécies reativas ao oxigênio (radicais livres), a infiltração de células neutrofílicas
e a alteração da resposta imune de expressão celular as várias citocinas
imunomodulatórias.6,56 Um esquema simplificado do mecanismo de ação e dos
efeitos principais da PDT está representado na Figura 2.
O2
OXIGÊNIO
SINGLETO
Efeito
citotóxico
Porfirina
(FS)
PORFIRINA
ATIVADA
LUZ
Efeito
antivascular
Efeito próinflamatório
Figura 2 - Esquema representativo (à esquerda) do mecanismo de ação da PDT (efeito
fotodinâmico): reação de foto-oxidação na presença de luz e o oxigênio que agem sobre o
agente fotossensibilizante (porfirina, FS) e (à direita) dos efeitos antineoplásicos da PDT:
citotóxico, antivascular e pró-inflamatório.
Em essência, a PDT consta de dois estágios principais: 1) aplicação prévia
(3 a 6 horas antes) do agente FS tópico sobre a área a ser tratada e previamente
preparada; 2) exposição a fonte adequada de energia luminosa, cujo comprimento
20
de onda corresponde ao equivalente pico de absorção do FS (banda de
absorbância do FS) e que, portanto, ao ativar o FS acumulado na lesão préneoplásica ou neoplásica, durante o estágio anterior, resulta na intensa atividade
destrutiva (citotóxica) antitumoral seletiva. Em essência, conforme demonstrado
na Figura 2, admite-se que a PDT atue através dos seguintes mecanismos: 1)
efeito citotóxico direto (produção de oxigênio singleto e acúmulo de radicais livres
no interior das células pré-malignas e malignas); 2) efeito antivascular (com
microtromboses na microvasculatura tecidual e necrose tecidual); 3) efeito próinflamatório (indução da imunidade antitumoral e apoptose).6 Somados, tais danos
irreparáveis às macromoléculas celulares levam à morte das células pré-malignas
e malignas (tumorais) através de mecanismos apoptótico, necrótico ou autofágico
e reação inflamatória aguda, com participação na remoção das células mortas e
restauração da homeostasia tecidual, conservando a integridade anatômica e
funcional das áreas tratadas e com resultados cosméticos superiores.7
O quadro clínico global do paciente, sua história clínica, sua idade e suas
expectativas podem influenciar na escolha da opção terapêutica ideal. Acredita-se
que o CBC superficial e nodular fino passou a ser mais frequentemente tratado
com PDT devido à resposta favorável ao tratamento com elevada eficácia e ao
ótimo resultado cosmético propiciado por esta técnica.1-8 A PDT pode ser
alternativamente indicada antes ou depois das demais modalidades terapêuticas
para o CBC, sem prejuízo considerável dos resultados.
Por essa razão, pretende-se com esse estudo prospectivo, avaliar clínica e
cronologicamente os resultados da utilização da técnica de PDT com a incubação
do fotossensibilizante metil 5-aminolevulinato (MAL-PDT) seguido pela exposição
a luz vermelha de 633nm com o objetivo de tratar pacientes portadores de CBC.
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CARCINOMA BASOCELULAR
2.1.1 DEFINIÇÃO
Neoplasia é a proliferação celular autônoma, anormal, exagerada (tumoral)
e irreversível que persiste mesmo depois de cessada a causa que a iniciou. O
carcinoma basocelular (CBC), ou basalioma ou epitelioma basocelular, é uma
neoplasia epitelial maligna que se origina nas células basais da epiderme e nos
apêndices cutâneos, devido a deficiência na maturação e ceratinização celular, e
que progride lentamente com crescimento indolente e persistente a partir da
camada basal da epiderme, formando uma massa nodular de células basalóides,
que ao invadir por contiguidade a derme papilar e reticular gera projeções
digitiformes tridimensionais9 (microtumores irregulares), progressivamente maiores
e mais profundos. Admite-se que o CBC seja composto por células germinativas
foliculares aberrantes, chamadas de tricoblastos, pois apresenta similaridade
morfológica e imunoistoquímica com as estruturas do folículo piloso.
O CBC ao crescer pode causar localmente a destruição significativa dos
tecidos, principalmente na cabeça e no pescoço, inclusive com a invasão de
cartilagens e ossos, com desfiguramento ou perda da função de estruturas
anatômicas importantes, mas que dificilmente gera metástase.10,11 Ainda que as
metástases para linfonodos ou órgãos internos sejam extremamente raras, com
incidência variável entre 0,0028% e 0,1%, se não tratadas podem ser fatais.12,13,14
Várias classificações morfológicas foram adotadas por diferentes autores e
organizações para descrever os tipos clínicos e subtipos histopatológicos do CBC,
22
com ênfase especial para o fato de que os CBCs classificados como tipos
superficial e nodular geralmente apresentam um curso clínico menos agressivo e
de evolução indolente ou lenta (Por favor, veja detalhes no item 2.1.3 e Figura 3).
Quanto à topografia, os CBCs nodulares e morfeiformes afetam a cabeça e
o pescoço em 90-95% dos casos, enquanto 46% das lesões de CBC do tipo
superficial atingem o tronco.13-16 O CBC afeta mais frequentemente as áreas de
pele crônica ou intensamente expostas à radiação ultravioleta (UV) em indivíduos
caucasianos (fototipos 1 a 3) após os 40 anos, com predileção evidente por áreas
fotoexpostas devido ao dano solar cumulativo, como ocorre na cabeça e no
pescoço (70%-83% dos casos, independentemente do tipo ou subtipo do tumor),
mais especificamente no nariz (37%), com predomínio no ápice nasal e nas asas
nasais. As demais áreas da face podem representar até 46% dos casos. Outras
áreas do corpo são menos comumente afetadas (em torno de 18%), embora haja
variação no percentual de acometimento de regiões como no tronco, o que pode
corresponder a até 25% dos casos. As áreas genitais costumam ser menos
comumente atingidas, mas podem ser responsáveis até por 5% dos casos de
CBC.13,14
Como observado acima, o fator etiológico e de risco mais significativo para
CBC é a exposição solar crônica a radiação UV, evidenciado pelo predominante
envolvimento de áreas expostas da pele. Outros fatores de risco incluem idade
avançada, sexo masculino, pele clara, olhos claros e outras características étnicas
e genéticas, antecedentes pessoais e familiares de CBC, coexistência de
imunossupressão e exposição a outros fatores ambientais nocivos (Vide detalhes
no item 2.1.2).
O CBC é a neoplasia mais comum entre os seres humanos e nas últimas
décadas a sua incidência vem aumentado gradativa e continuamente entre a
população de pele clara de diversos países, inclusive no Brasil, enquanto entre os
afro-descendentes e orientais a ocorrência seja considerada rara e a incidência do
CBC permaneça muito baixa.15,16,17
23
2.1.2 EPIDEMIOLOGIA, INCIDÊNCIA E ETIOPATOGENIA
O câncer de pele é o câncer mais comum do organismo humano. Dentre os
cânceres de pele o CBC é indubitavelmente o mais comum e corresponde a cerca
de 80% de todos os cânceres de pele, notadamente entre caucasianos da Europa,
América do Norte e Austrália. A incidência do CBC aumenta em média 10% ao
ano em todo o mundo, sugerindo que a prevalência deste câncer logo irá igualar a
de todos os outros tipos de câncer combinados. A exata incidência, contudo, é
difícil de ser medida, haja vista que os muitos cânceres de pele não melanoma
são subnotificados (não notificados) ou tem os dados usualmente excluídos dos
registros.
Estima-se que nos Estados Unidos sejam diagnosticados anualmente cerca
de 3,5 milhões de lesões de câncer de pele que ocorrem em mais de 2 milhões de
pessoas1, sendo 2,8 milhões de casos novos de CBC18 e outros 700.000 casos de
CEC, com cerca de 3.170 mortes por estes tipos de câncer de pele em 2013
somente nos Estados Unidos.18,19 Durante a vida, provavelmente 1 em cada 5
americanos deverá desenvolver pelo menos uma lesão de câncer de pele nãomelanoma.19
O risco médio estimado para CBC durante toda a vida entre caucasianos é
de 30%. No Brasil as estimativas para 2012 foram de 134.170 casos novos de
câncer de pele e a estimativa do Ministério da Saúde para 2014 é de mais de
182.000 casos novos. Sobrepondo-se a outros tipos de câncer, tornou-se
alarmante o aumento das taxas de incidência do câncer de pele, inclusive
dobrando a frequência nos últimos 30 anos entre mulheres com menos de 40 anos
de idade, embora continue predominando em homens de idade avançada. Os
custos com tratamentos para o câncer de pele não-melanoma só nos Estados
Unidos somam aproximadamente US$ 1,5 bilhão (de dólares americanos). Se
24
forem computados os custos com os tratamentos de pacientes com ceratoses
actínicas os custos de tratamento sobem para US$ 2,3 bilhões.20
A ceratose actínica é a forma de pré-câncer de pele mais comum e afeta
mais de 58 milhões de norte-americanos. Aproximadamente 65% dos CECs e
36% dos CBCs desenvolvem-se a partir de lesões diagnosticadas previamente
como ceratoses actínicas.21 Cerca de 90% dos cânceres de pele não melanoma
estão associados a exposição solar. 22
Nos Estados Unidos estima-se que 40-50% dos indivíduos com mais de 65
anos terão CBC ou CEC pelo menos 1 vez.23 Estima-se que no Reino Unido em
2010 ocorreram cerca de 100.000 casos de câncer de pele não-melanoma com
546 óbitos; em contraste, no mesmo ano ocorreram 12.818 casos de melanoma
com 2.203 óbitos. No Canadá em 2013 estima-se que ocorram 81.700 novos
casos de câncer de pele não melanoma. A incidência de câncer de pele na
Austrália é das mais elevadas do mundo, com 434.000 casos tratados por ano,
sendo 3 vezes maior que no Canadá, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Em
2011, 543 pessoas morreram de câncer de pele não melanoma na Austrália,
enquanto no mesmo ano 1.544 pessoas morreram devido a melanoma. Na Nova
Zelândia ocorreram 67.000 casos de câncer de pele (em contraste com 16.000
casos de outros cânceres), gerando um custo de tratamento de US$ 33 milhões
por ano.23
Mais
de
90%
das
alterações
visíveis
comumente
atribuídas
ao
envelhecimento da pele são causadas pelo sol.24 A exposição solar é o fator de
risco conhecido que mais se correlaciona com o desenvolvimento de todos os
tipos do câncer de pele. Podemos classificar a exposição solar em (1) intermitente
intensa e (2) cumulativa crônica. A literatura aponta que o tipo de exposição solar
intermitente é a comumente relacionada a incidência de CBC, da mesma forma
que no melanoma. Portanto, o CBC está relacionado a exposição solar
recreacional
e
a
exposição
solar
ocupacional
(também relacionada
ao
desenvolvimento de CEC).25
Outros fatores ambientais podem contribuir para a formação do câncer de
pele: produtos derivados do petróleo (como por exemplo: asfalto, alcatrão, fuligem,
25
parafina), compostos organofosforados e arsênio.26,27 Os imunossupressores
também contribuem para o aparecimento do câncer de pele não-melanoma, pois
pacientes órgão-transplantados apresentam um risco 65 a 250 vezes maior do que
a população geral de desenvolver CEC e um risco 10 vezes maior para o CBC.28
Câncer de pele não-melanoma em pacientes imunossuprimidos ocorre em
pacientes mais jovens, geralmente mais agressivos e com maior risco de
metástases e disseminação quando comparados com a população geral. Nessa
população o risco ainda aumenta em áreas com maior incidência de irradiação
solar.28
As características fenotípicas associadas a maior risco de CBC incluem a
presença de sardas antes dos 15 anos de idade, pele clara com dificuldade de
bronzear e que queima com facilidade, olhos azuis e cabelos loiros ou ruivos. Ao
que tudo indica, é a queimadura solar aguda que tem maior impacto na incidência
do CBC. O período cumulativo dos efeitos da exposição solar depois dos 60 anos
de idade, isoladamente, também é um fator de relevância no risco de CBCs
múltiplos. Estima-se que uma história pregressa de períodos de férias de sete
semanas ou mais passadas na praia anualmente, durante toda a vida, esteja
relacionada à maior incidência do CBC.25,26,27 Em 2009, demonstrou-se que
somente 23% da exposição solar acumulada durante a vida ocorre até os 18 anos,
contrariando o conceito, então vigente, de que 80% da exposição solar cumulativa
durante a vida ocorre antes dos 18 anos.29
Em indivíduos de pele negra (afro-descendentes) e nos asiáticos (orientais)
o CBC é raro e sua incidência pode estar diminuída em pessoas com história
pregressa de acne. Por outro lado, história prévia de tratamentos radioterápicos,
puvaterapia, assim como exposição a substâncias carcinogênicas, como arsênio,
organofosfatados e coaltar, constituem fatores de risco. Também tem sido
observada uma incidência aumentada de CBC em fumantes, portadores de AIDS
e pacientes em uso de imunossupressores.28
Indivíduos com CBCs relatam com grande frequência outros familiares com
lesões do mesmo tipo. A importância desse achado ainda não está esclarecida.
Além da ocorrência familiar de outro câncer de pele ser importante na incidência
26
do CBC, alguns artigos científicos chamam a atenção para a maior frequência de
outros tumores malignos em pacientes portadores de CBC em comparação a
população geral.
Uma revisão com metanálise reuniu 7 estudos sobre o risco de ocorrência
de novos CBCs e concluiu que o risco cumulativo em 3 anos de um paciente
portador de CBC apresentar um outro CBC varia entre 33% e 70%, com média, de
44%, ou seja, 10 vezes maior do que o esperado para a população geral.4,16,18
Logo, parece imprescindível que todo o paciente diagnosticado com CBC
continue sob acompanhamento periódico para detectar-se precocemente a
possível ocorrência de novas lesões. Quanto maior o número de CBCs maior o
risco de novas lesões. Em contraste, pacientes que permacem livres de doença
por mais de 3 anos aparentam ter uma redução do risco de novos CBCs.4,16,18
2.1.2.1 Genética do Carcinoma Basocelular Esporádico
Os CBCs podem ocorrer de forma isolada (CBC esporádico) ou associados
a síndromes. Dentre as síndromes com predisposição ao CBC estão: síndrome do
CBC nevoide (Síndrome de Gorlin-Goltz), síndrome de Rombo, síndrome de
Bazex-Dupré-Christol, síndrome de Brooke-Spiegler, síndrome de Schopf-ScultzPassarge, síndrome de Dowling-Meara (epidermólise bolhosa simples), carcinoma
basocelular infundibulocístico múltiplo hereditário.30
Há evidências de que mutações genéticas influenciam na patogênese e
aumentam o risco de ocorrência de CBCs, como mutações nos genes do PTCH1,
PTCH2, SMO e SUFU.
Em 30-70% dos CBCs esporádicos foi identificada a
presença de mutações na proteína do receptor transmembrana PTCH resultante
da exposição acentuada à radiação ultravioleta. Em 10-20% dos CBCs
esporádicos foi identificada a presença de mutações no gen da proteína
transmembrana Smoothened (SMO), que desregula o bloqueio de fatores de
27
crescimento tumoral. A proteína SMO ativa os fatores de transcrição (GLI1, GLI2),
os gens de proliferação celular (ciclina D, ciclina E, myc) e os reguladores da
angiogênese.
Assim, o balanço entre o PTCH (inibidor) e o SMO (ativador) resulta no
manejo essencial dos sinais de transcrição. A perda de função por mutações do
PTCH ou o ganho de função por mutações do SMO pode desequilibrar este
sistema e ativar mecanismos necessários para uma potencial transformação
neoplásica.30 PTCH 1: Mutações com deleção fina no braço longo do cromossoma
9 (9q22), que codifica a proteína do receptor transmembrana humano (PTCH1),
sugerem a potencial presença de um gen supressor tumoral e cujas alterações
(mutações) levam a diminuição da função inibitória (antineoplásica) da PTCH,
demonstrando associação no carcinoma basocelular esporádico e na síndrome do
carcinoma basocelular nevóide de Gorlin-Goltz. PTCH2: Mutações no cromossoma
1 (1p32.1-32.3) que codifica a proteína do receptor transmembrana humano 2
(PTCH2), que possui 57% de homologia com a PTCH1, foram demonstradas no
carcinoma basocelular e no meduloblastoma.31 Um pequeno número de CBCs
esporádicos exibem mutações do gen do PTCH2 e do gen do “supressor of fused”
(SUFU).30
Há outros gens de importância no risco do CBC: Gen P53 que codifica a
proteína 53, conhecida como o “guardião do genoma”; detecta injúrias genotóxicas
e impede a divisão celular para permitir que o reparo do DNA ocorra antes da
replicação celular. No caso de dano severo ao DNA, a P53 induz a apoptose para
eliminar células defeituosas e potencialmente malignas. As mutações no P53
ocorrem em vários tipos de câncer, mas destaca-se que 44-100% dos pacientes
com CBC apresentaram mutações da P53, provavelmente resultantes da
exposição a radiação UV ou, mais raramente, a exposição arsênica, que induz a
metilação do DNA pela via da P53, contribuindo para a formação de CBCs.30,31
O gen do receptor de Melanocortina-1 (MC1R) expressa a proteína
homônima MC1R na superfície do melanócito. Sob estímulo do hormônio
estimulante de melanócito-alfa (aMSH), ocorre a produção de melanina na pele e
nos cabelos. O gen MC1R leva a produção de eumelanina, contudo variantes de
28
MC1R podem levar a produção de feomelanina resultando em pele e cabelos
ruivos, sardas e maior susceptibilidade a melanoma e câncer de pele nãomelanoma.33
Há ainda outros gens que podem predispor ao CBC esporádico:
Glutathione-S-transferase gene, P 450 CYP enzyme gen, DNA repair gene
XRCC3, Cyclin-dependent kinase inhibitor genes CDKN2A, CDKN2B, Basal
keratinocyte K5 gene, BRM gene.31
2.1.2.2 Genética da Síndrome do Nevus Basocelular (Síndrome Gorlin-Goltz)
A síndrome do nevus basocelular (SNBC) ou síndrome do carcinoma
basocelular nevóide ou síndrome Gorlin-Goltz é uma manifestação sindrômica de
herança autossômica dominante, de penetrância completa e expressividade
extremamente variável, cuja prevalência foi estimada de 1:57.000 indivíduos.
As mutações na SNBC estão localizadas no cromossomo 9q22.3-q31, com
máxima score de 3.597 e 6.457 nos marcadores D9S12 e D9S53.31 O diagnóstico
da SNBC é tipicamente baseado nos achados clínicos e radiológicos. Em 60-85%
dos pacientes com os critérios diagnósticos clínicos são encontradas mutações do
PTCH1.32
2.1.2.3 Detecção (Screening), Prevenção Primária e Quimioprevenção
Não há recomendação para screening regular para detecção precoce de
cânceres de pele, segundo a US Preventive Services Task Force. Contudo, após
um CBC ser diagnosticado, a National Comprehensive Cancer Network
29
recomenda exames físicos de pele a cada 6-12 meses para o resto da vida.
(NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology: Basal cell and squamous cell skin
câncer, 2012).33
A prevenção primária envolve evitar a exposição solar excessiva esporádica
e/ou cumulativa para reduzir o risco de CBC e outras neoplasias cutâneas.34 Evitar
atividades ao ar livre nas horas de pico da radiação UV, usar roupas com proteção
solar (preferencialmente superior a FPS 30), chapéus, bonés, guarda-sóis e
fotoprotetores. Evitar o bronzeamento deliberado, os banhos de sol (e as câmaras
de bronzeamento são medidas razoáveis) para minimizar o risco futuro do câncer
de pele. Para pacientes com susceptibilidade genética evitar as radiações
ionizantes é essencial para prevenir futuro surgimento de tumores.
A quimioprevenção com o uso de isotretinoína tem sido descrita para
prevenir o surgimento de CBCs múltiplos em portadores da síndrome do CBC
nevóide de Gorlin-Goltz.34,35
Tratamentos experimentais baseados na genética do CBC estão no estágio
inicial de desenvolvimento: 1.) cyclopamine: um derivado vegetal alcaloide que
reverte os efeitos das mutações gênicas do PTCH1 e SMO; 2.) GDC 0449:
bloqueador da proteína SMO em pacientes com mutações de PTCH1. Estudos de
fase 1 foram realizados em portadores de CBCs metastáticos ou localmente
avançados; 3.) CUR 61414: molécula sintética inibidora da proteína SMO em
pacientes com mutações de PTCH1, cuja penetração percutânea deverá melhorar.
O quimioterápico vismodegib (Erivedge, Genentech, Estados Unidos) é um
novo medicamento indicado em CBCs múltiplos e principalmente para os CBCs
metastáticos na dose diária de 150mg. Pacientes tratados com esse medicamento
tiveram regressão visível dos tumores, mas, a análise das biópsias de controle
demonstraram células malignas residuais ao exame microscópico e os tumores
novamente progrediam após interrupção do tratamento.36
30
2.1.3 DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO
Em busca de definir a opção terapêutica ideal para o CBC deve-se
considerar 4 fatores: (1) diâmetro do tumor (baixo risco: <1cm na face e <2cm no
corpo); (2) localização do tumor; (3) subtipo histopatológico do tumor; (4) histórico
do tumor (recorrente vs. primário). Ao confrontar-se com um CBC, o clínico deve
considerar essas 4 variáveis no contexto de cada paciente individualizadamente.37
Os CBCs são diagnosticados, em sua maioria, como tumores primários, e
ainda medem menos de 1 cm de diâmetro; em geral, tumores com menos de 1 cm
na face e 2 cm no corpo são considerados de baixo risco. A citologia do CBC não
varia, ou seja, todos os CBCs possuem populações celulares relativamente
monomórficas e bem diferenciadas e, portanto, os CBCs não são classificadas da
mesma forma que outras neoplasias. Entretanto, o padrão de crescimento
histológico dos CBCs é variável e, como fator distinto, faz grande diferença na
escolha do tratamento.
O exame histopatológico permite a distinção entre o tumor que apresenta
um padrão de crescimento localizado (ou circunscrito) do padrão de crescimento
não-localizado (multicênctrico ou difuso).38
Tipicamente o CBC exibe um padrão de crescimento histológico nodular,
caracterizado como circunscrito e coesivo, embora o CBC nodular possa exibir
diferenciação parcial com relação às demais estruturas, como por exemplo, no
CBC cístico ou CBC ceratósico, mas essas variantes não possuem significado
terapêutico, porque o padrão de crescimento ainda é nodular.
Há variantes de CBC que exibem o padrão de crescimento difuso,
caracterizado como não coesivo e multicêntrico, tal como observado no CBC
esclerosante (esclerodermiforme ou morfeiforme), CBC micronodular, CBC
infiltrativo e CBC de disseminação superficial.39 Assim, torna-se mais provável que
estas lesões com padrão de crescimento difuso sejam recorrentes devido a
extensão subclínica de seu crescimento e ao seu comportamento tumoral mais
31
agressivo. Apesar da importância do padrão de crescimento neoplásico do CBC,
anteriormente era frequente o laudo histopatológico da biópsia de pele limitar-se
simplesmente a relatar “carcinoma basocelular”, sem maiores informações
acerca do referido padrão de crescimento tumoral, quer seja nodular ou difuso
(multicêntrico), bem como ausência da profundidade ou espessura tumoral.
Atualmente tornou-se mais frequente a descrição do tipo de diferenciação
(caracterizado pela presença de componente escamoso muito atípico ou maligno),
da presença de invasão perineural, da medida da espessura do tumor (distância
das margens de excisão até a periferia ou “margens laterais”), bem como da
profundidade do tumor (“margem profunda”).
A aparência clínica e a apresentação morfológica do tumor pode ser
diversificada, permitindo a classificação do CBC em variantes clínicas distintas:
1. Nodular: é o tipo mais comum e normalmente manifesta-se como uma pápula
hemisférica, rósea, com telangiectasias na superfície.
2. Cístico: é uma variação do nodular, cujo centro é cístico.
3. Ulcerativo: também denominado ulcerado ou mais remotamente ulcus rodens
(úlcera roedora), é uma variante do nodular que, tendo crescido, ulcera-se no
centro e mantém suas bordas elevadas.
4. Pigmentado: é uma variante do nodular que apresenta pigmentação negra.
5. Esclerosante: também chamado esclerodermiforme, morfeiforme ou morfeico,
aparenta ser uma cicatriz devido à deposição de grande quantidade de colágeno.
6. Superficial: é uma placa eritematosa fina, bem delimitada e descamativa.
As apresentações histopatológicas mais comuns do CBC, que refletem o
padrão de crescimento do tumor, envolvem os seguintes subtipos:
1. Nodular-ulcerativo: é o mais comum e consiste de blocos ou ilhas tumorais
redondas ou ovais que invadem e distribuem-se na derme.
2. Cístico: blocos tumorais e cavidades císticas preenchidas por glicoproteínas.
3. Micronodular: semelhante ao nodular, porém as ilhas tumorais são muito
menores. É uma forma considerada agressiva pela facilidade de disseminação.
4. Pigmentado: possuem ilhas tumorais redondas ou ovais com grandes
depósitos de melanina.
32
5. Morfeico (esclerodermiforme, esclerosante, morfeiforme): formado por células
basaloides alongadas com tecido conjuntivo denso e rico em fibras colágenas.
6. Superficial: formado por células basaloides na derma papilar ou reticular
superficial aderidas à epiderme.
7. Infiltrativo: é um tipo comum e agressivo, considerado uma variante
esclerodermiforme, cujas células basalóides infiltram-se entre o colágeno dérmico.
O quadro abaixo (Figura 3) apresenta uma comparação de várias
classificações morfológicas de subtipos histológicos de CBC, segundo Vantucha e
Curik.3
Classificação por Autores de Subtipos Histológicos de Carcinoma Basocelular
Sloan,
Sexton,
Rippey,
Weedon,
Rosai,
WHO,
Patterson,
1977
1990
1998
2002
2004
2006
2006
Nodular
Nodular
Nodular
Nodular
Nodular
Nodular
Nodular
Superficial
Superficial
Superficial
Superficial
Superficial
Superficial
Superficial
Infiltrativo
Infiltrativo
Infiltrativo
Infiltrativo
Infiltrativo
Infiltrativo
Infiltrativo
Micronodular
Micronodular
Micronodular
Micronodular
Micronodular
Fibroepitelial
Fibroepitelial
Fibroepitelial
Fibroepitelial
Baso-
Baso-
Baso-
Baso-
escamoso
escamoso
escamoso
escamoso
Ceratósico
Ceratósico
Ceratósico
Ceratósico
Pigmentado
Pigmentado
Infundibulo-
Infundibulo-
Diferenciação
Cístico
Cístico
Anexial
Adenoide
Adenoide
Cístico
Cístico
Esclerosante
Esclerosante
Esclerosante
Metatípico
“clear cell”
Metatípico
Nodular, com
margem
infiltrative
Esclerosante
Misto
Misto
Pigmentado
Adenoide
Misto
Figura 3 – Quadro comparativo das principais propostas de classificação dos
subtipos histopatológicos de carcinoma basocelular, segundo diferentes autores e
entidades, conforme proposto por Vantucha e Curik.3
33
Nos CBCs mistos, que se compõem de dois ou mais tipos histológicos,
procura-se determinar o tipo histológico predominante em mais de 50% do tumor.
Outras variantes incomuns incluem o CBC ceratósico, CBC basoescamoso, CBC
adamantoide, CBC de células granulosas (granular-cell), CBC de células claras
(clear-cell), CBC com diferenciação matrical e fibroepitelioma de Pinkus.1
Em contraposição, um estudo com 47 pacientes asiáticos, fototipos 4 e 5,
portadores de 95 lesões de CBC demonstrou que a espessura do tumor,
independentemente do subtipo analisado, é o fator mais importante para predizer
a resposta terapêutica à PDT.40 Foram propostos 3 tipos de resposta de acordo
com a profundidade: resposta absoluta (<1,3mm), resposta relativa (1,3 - 1,8mm)
e sem resposta (>1,8mm). Embora o índice de recorrência (24%) tenha sido mais
alto na PDT do que na excisão cirúrgica convencional, a superioridade cosmética
foi muito maior na PDT, com 90,3% dos pacientes satisfeitos com o resultado
cosmético.40
A localização também é uma variável importante na escolha da estratégia
terapêutica. O CBC tende a ocorrer em locais cronicamente expostos à luz solar,
especialmente, cabeça e pescoço. A área centro-facial tem a mais elevada
incidência de CBCs, com estruturas anatômicas de importância tanto funcionais e
estéticas, como olhos, nariz e boca, altamente vulneráveis aos efeitos destrutivos
do CBC ou do tratamento indicado ao tumor. Aproximadamente 37% dos CBCs
ocorrem no nariz, enquanto 46% afetam as demais áreas da face, cabeça e
pescoço; as demais áreas do corpo somam 18% dos CBCs.14 Tumores na área
conhecida como “zona H” (região centro-facial e dos pavilhões auriculares em
forma de H) têm maior incidência de CBC, contêm estruturas mais vulneráveis e
apresentam alto percentual de recorrência, portanto merecem atenção especial na
estratégia terapêutica.
Tumores situados na zona H e próximos do conduto (canal) auditivo externo
são particularmente preocupantes pelo risco de que tais tumores possam ter
acesso facilitado às estruturas intracranianas e ao cérebro, justificando-se,
portanto, para estes casos, uma terapia particularmente mais agressiva. Como a
34
distribuição anatômica do CBC parece correlacionar-se com os planos de fusão
embrionária, cuja ocorrência é 4 vezes mais provável em tais planos de fusão
embrionários do que em outras áreas da face, aventou-se a possibilidade de um
componente embriônico entre os fatores envolvidos na patogênese do CBC.
Finalmente, a história do tumor é muito importante, pois devido ao
comportamento tumoral com tendência de crescimento mais acelerado, parece ser
mais difícil e complexo tratar os CBCs recorrentes e os CBCs múltiplos (mesmo
que primários) dada a subsequente necessidade de optar-se por escolher aqueles
métodos terapêuticos que sejam também mais abrangentes e complexos, em
relação aos métodos terapêuticos disponíveis para os CBCs primários.
2.1.4 Fatores de risco
Embora a exata etiologia do CBC seja ainda desconhecida, existem vários
fatores de risco bem estabelecidos, com ênfase aos fatores ambientais,
principalmente
a
exposição
solar,
histórico
pessoal,
tipo
de
pele,
imunossupressão, mais detalhadamente descritos abaixo.
2.1.4.1 Exposição solar
Os CBCs desenvolvem-se predominantemente em áreas de pele expostas.
O DNA de certos genes geralmente está danificado em pacientes com CBC.
Fatores hereditários podem influenciar, mas muitas das alterações de DNA
resultam de danos causados pela radiação da luz solar.
35
A radiação UV promove alterações principalmente em 2 genes supressores
de tumores (P 53 e PTCH) que estão implicados no aparecimento precoce dos
CBCs.41 Estudos demonstraram forte associação entre o consumo abusivo de
álcool e a maior incidência de queimaduras solares com a ocorrência de câncer de
pele.
2.1.4.2 Outros Fatores ambientais
Em alguns pacientes há fatores ambientais de risco para CBC, como
contato prévio com arsênio, parafina, alcatrão (“tar”, proveniente de carvão,
madeira ou petróleo), carvão (“coal”, proveniente de antracite ou carvão mineral e
de carvão betuminoso), certos tipos de óleos industriais e exposições a
radiações.26,27 O CBC pode ocorrer em áreas de cicatrizes de queimaduras,
traumas prévios, vacinações e tatuagens.42 Estão associados a formação de
CBCs, as radiações ionizantes utilizadas no tratamento da psoríase e eczemas, os
raios-X e os raios-grenz. Estão historicamente associadosao CBC a ingestão de
arsênio na água contaminada e antigos agentes medicinais (com arsenito de
potássio) usados para asma e psoríase.26,27
A prevalência de CBCs aumenta em áreas de altitude muito alta ou muito
baixas e está crescendo, potencialmente devido a alterações atmosféricas, bem
como pela popularização da exposição solar (“banhos de sol”) e das câmeras de
bronzeamento artificial. O uso de protetores solares de “amplo espectro” (UVA,
UVB) com FPS de pelo menos 15 (preferencialmente 30) regularmente após os 18
anos reduz em 40% a incidência de câncer de pele comparado aos casos que não
usam protetor solar.18,22,25
A aplicação regular diária e várias reaplicações é recomendada, em
particular antes de exposição solar intencional prolongada. Acredita-se que os
indivíduos apliquem apenas ¼ da dose ideal do protetor solar, a qual corretamente
aplicada seria: 1 colher de sopa para a face e o pescoço; 1 colher de sopa para
36
cada braço, 1-3 colheres para o tronco e 1 colher para cada perna. A aplicação
deve ocorrer 15 a 30 minutos antes da exposição solar. Mesmo com protetor solar,
o bronzeamento deve ser evitado. Estima-se que a utilização intensiva de
protetores solares antes dos 18 anos pode reduzir em 78% a ocorrência de
cânceres de pele não-melanoma. O uso de roupas e óculos com proteção UV é
recomendado como estratégia primária para trabalhadores em ambiente externo e
para a população geral, assim como evitar exposição solar entre 10 e 15 horas.43
O autoexame mensal de pele em busca de mudanças inexplicáveis nas
últimas 4 semanas faz parte da educação dos pacientes para detecção precoce de
lesões suspeitas. Para aqueles sem história prévia de cânceres de pele, exames
dermatológicos são recomendados a cada 3 anos em pessoas entre 20 e 40 anos.
Após os 40 anos, recomenda-se o exame anual da pele.
Anualmente, a partir do dia 27 de novembro (Dia Nacional de Controle do
Câncer), a Sociedade Brasileira de Dermatologia promove a “Campanha do
Câncer de Pele” visando a educar a população e a promover a necessidade de
detecção precoce de cânceres de pele.
2.1.4.3 Imunossupressão
Aumento no risco de CBC foi observado em pacientes cronicamente
imunossuprimidos, como receptores de órgãos, transplantados de medula óssea
(“steem cells”) e pacientes com AIDS. A incidência de câncer de pele em
transplantados renais aumentou 10 vezes. Estima-se que 16% dos transplantados
renais desenvolvem CBC. Até 75%dos pacientes cronicamente imunossuprimidos
desenvolvem câncer de pele e alguns deles podem desenvolver até 100 lesões de
câncer de pele por ano.28,29
2.1.4.4 Histórico Familiar e Pessoal
37
Indivíduos previamente diagnosticados com câncer de pele não-melanoma
tem risco aumentado para outros tumores no futuro. O risco de desenvolvimento
de outro câncer de pele não-melanoma após diagnóstico inicial é de 35% em 3
anos e de 50% em 5 anos.43 Segundo uma revisão com metanálise de 7 estudos
um portador prévio de CBC terá, após 3 anos, um risco cumulativo para ocorrência
de novos CBCs entre 33% e 70% (média: 44%).4,16,18
Os pacientes portadores de algumas síndromes também aumentam seu
risco para CBCs, como demonstrado nos casos a seguir: a) Xeroderma
Pigmentoso: esta doença autossômica recessiva resulta na incapacidade de
reparar o DNA danificado pela radiação ultravioleta, facilitando o desenvolvimento
de carcinomas e melanomas; b) Epidermodisplasia Verruciforme: esta doença
autossômica recessiva caracteriza-se pelo desenvolvimento de carcinomas (CBC
e CEC) a partir de lesões verrucosas virais (HPV, Human Pappillomavirus); c)
Síndrome Bazex: esta síndrome inclui atrofoderma folicular, múltiplos CBCs e
anidrose; d) Síndrome Rombo: esta síndrome autossômica dominante caracterizase
por
atrofoderma
vermiculado,
tricoepiteliomas,
milia,
hipotricose
e
vasodilatação periférica com cianose e CBCs; e) Síndrome do nevo basocelular
múltiplo, síndrome do carcinoma basocelular nevóide ou síndrome de Gorlin
(Gorlin-Goltz): esta síndrome autossômica dominante (mutação: patched gene)
resulta na formação precoce de múltiplos cistos odontogênicos, depressões
(pittings) palmoplantares, calcificações intracranianas, costelas anormais e CBCs
múltiplos.
2.1.4.5 Tipo e Cor de Pele
A radiação UV eleva o risco dos 3 principais tipos de câncer de pele. O
CBC é o câncer de pele mais comum na população de pele clara (branca) e ocorre
38
infrequentemente na pele escura. A ocorrência de CBC em africanos e indianos
com albinismo é aumentada, devido a falta de pigmento protetor, a melanina. A
pele pode ser classificada em categorias cutâneas de acordo com a sensibilidade
a radiação ultravioleta.
A escala de 6 tipos de pele de Fitzpatrick (1974) varia de muito clara (tipo I)
até muito escura (tipo 6) e está baseada na tendência dos indivíduos em queimar
ou bronzear após 15 a 30 minutos de exposição ao sol do meio-dia. A escala de
Fitzpatrick é considerada um fator preditivo do risco relativo de CBC entre
indivíduos de pele clara (tipos 1, 2 e 3); e o albinismo parece estar particularmente
implicado no CBC.
Em albinos, há um defeito na síntese da tirosinase, que catalisa a
hidroxilação
da
tirosina
em
dioxifenilalanina,
precursor
da
melanina.
Consequentemente com a falta da melanina perde-se a proteção essencial contra
os danos causados pela radiação UV na pele, aumentando o risco de câncer
cutâneo.44
2.1.5 TRATAMENTO
Muitas técnicas foram propostas para o tratamento do CBC, abrangendo
tratamentos clínicos com imiquimod ou 5-fluoruracil, cirurgia convencional e
cirurgia
micrográfica
de
Mohs,
eletrocirurgia
(em
suas
modalidades:
eletrocoagulação, eletrofulguração, eletrodessecação), criocirurgia (crioterapia
com dióxido de carbono ou nitrogênio líquido), lasercirurgia, radioterapia e terapia
fotodinâmica. A escolha terapêutica depende do tipo, tamanho e topografia da
lesão, do quadro clínico global do paciente, sua história clínica e sua idade,
influenciados pelas preferencias pessoais de cada profissional.45
Classicamente, a decisão sobre a melhor opção terapêutica para o CBC
deveria considerar 4 fatores: (1) diâmetro do tumor (baixo risco: <1cm na face e
<2cm no corpo); (2) localização do tumor; (3) subtipo histopatológico do tumor; (4)
39
histórico do tumor (recorrente vs. primário). Estes e outros fatores importantes
para o prognóstico do CBC encontram-se reunidos na Figura 4.
Fatores Prognósticos do CBC
Interpretação do Fator de Risco
1. Tamanho
Face: lesão >1cm
Corpo: lesão >2cm
2. Localização
Área periorificial, nasal, orbicular ou auricular
3. Idade
Ocorrência de câncer abaixo de 40 anos
4. Margens de segurança
Margens comprometidas ou exíguas
5. Morfologia - Subtipo histológico
Tipo esclerosante
6. Padrão de crescimento
Tipo Infiltrativo
7. Falha de tratamento prévio
Recorrência ou recidiva do tumor prévio
8. Imunossupressão crônica
Transplantados e imunossuprimidos
9. Imunocomprometimento prolongado
Glicocorticóides orais a longo prazo
10. Antecedente de câncer de pele
Qualquer câncer de pele anteriormente
11. Fototipo
Pior na pele clara (olhos claros)
12. Radiação ionizante
Tratamento prévio para psoríase ou eczema
Figura 4 - Fatores que influenciam negativamente o prognóstico do CBC.
A curetagem e o dimetil sulfóxido (DMSO) são para ajudar a melhorar a
penetração do agente fotossensibilizante. Em estudo com preparação por
curetagem e desbastamento (citorredução) de 119 CBCs nodulares e tratamento
tópico, primeiro com DMSO e em seguida ALA a 20% houve apenas 5% de
recorrência durante um acompanhamento médio de 17 meses. Contudo,
argumenta-se que o objetivo evidente da PDT é evitar a cirurgia; assim, se o tumor
já foi submetido à curetagem ou citorredução para alguns autores não fica claro
como a técnica pode constituir-se em avanço importante em relação à cirurgia
convencional. Do mesmo modo, também devemos avaliar a porcentagem de
recorrência depois de 5 anos, quando esse dado estiver disponível.46
Várias revisões sistemáticas, consensos e guias (guidelines) abrangentes e
bem elaborados compilam os estudos mais relevantes sobre o tratamento do CBC
40
com PDT e representam importante fonte de conhecimento e atualização. A tabela
1 reúne os principais guias e consensos internacionais da literatura sobre o
emprego da PDT no tratamento do CBC.
Tabela 1 – Consensos internacionais de tratamento do CBC com PDT.
Autor Principal
Ano
Entidade Patrocinadora do Consenso
Telfer
1999 Associação Britânica de Dermatologia
Br J Dermatol1
Morton
2002 Grupo Britânico de Fotodermatologia
Br J Dermatol2
Braathen
2007 Consenso Internacional
JAAD3
Telfer
2008 Associação Britânica de Dermatologia
Br J Dermatol4
Morton
2008 Grupo Britânico de Fotodermatologia
Br J Dermatol5
Christensen
2010 Consenso Europeu
JEAVD47
Braathen
2012 Consenso Internacional
JEAVD44
Skaria
2013 Consenso Europeu
JEADV82
CBC= carcinoma basocelular
Referência
PDT= terapia fotodinâmica
2.2 TERAPIA FOTODINÂMICA
2.2.1 HISTÓRICO
Uma das mais recentes opções terapêuticas do CBC aprovadas no Brasil
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 200748 é a terapia
fotodinâmica (photodynamic therapy - PDT - ou quimioterapia fotodinâmica tópica),
indicada para o tratamento de carcinoma basocelular e espinocelular, chamados
41
de câncer de pele não melanoma. O estudo-piloto de PDT data de 1978, no
Instituto de Câncer Roswell Park, em Bufallo, NY, nos Estados Unidos com 113
lesões malignas de pele tratadas obtendo-se sucesso (parcial ou total) em 111
delas com PDT por derivados benzoporfirínicos.49 Desde então foram publicados
mais de 200 ensaios clínicos de PDT para diferentes tipos de câncer que
demonstram que a PDT pode ser curativa, principalmente nos estágios iniciais de
vários tipos de câncer.6
2.2.1.1 A origem da PDT
O começo do grupo alemão que iniciou os estudos com a PDT deve-se ao
estudante Oscar Raab que, em 1900, acidentalmente detectou a importância da
luz na atividade fotodinâmica durante uma tempestade com relâmpagos em que
realizava seus experimentos com Paramecium sp e acridina, cujo resultado
alterado deveu-se a energia luminosa dos relâmpagos sobre o seu material de
pesquisa. Hermann von Tappeiner, seu professor, publicou os achados do estudo
e o grupo realizou, então, as primeiras tentativas da aplicação da PDT no
tratamento de tumores e outras doenças de pele entre 1903 e 1905.
Este grupo alemão descobriu a importância do oxigênio na PDT e
sumarizou
os
resultados
em
um
livro
publicado
em
1907
chamado
“Untersuchungen Uber die photodynamische Erscheinung”. Eles experimentaram
vários corantes, incluindo eosina, fluoresceína, dicloroantraceno e magdalene
vermelho. Estes corantes geralmente eram aplicados topicamente, mas injeções
intratumorais também foram descritas. Resultados favoráveis foram publicados e
logo esquecidos devido ao surgimento da radioterapia para o tratamento de
câncer.
42
2.2.1.2. O termo “Fotodinâmica”
O termo ação fotodinâmica (“photodynamische wirkung”) foi introduzido por
Tappeiner, em 1904, um dos pioneiros da fotobiologia, aparentemente com a
intenção de distinguir o fenômeno biológico do fotográfico, descoberto poucos
anos antes. Tappeiner, em artigo de 60 páginas (“Uber die wirkung der
photodynamischen
(fluorescierenden)
stoffe
auf
protozoen
und
enzyme”),
50
descreve reações fotossensibilizantes que requerem oxigênio. Em busca de um
termo mais descritivo e mais adequado, em 1992 propos-se a substituição do
termo PDT por fotoquimioterapia.51 A proposta, bem sustentada e articulada, ainda
não teve sucesso por receber pouca adesão e o termo antigo persiste.
2.2.1.3. O termo “Fototerapia”
Fototerapia pode ser definida como o “uso da luz (isoladamente) com
finalidades terapêuticas”. Contudo, acredita-se que a fototerapia envolve
sensibilizantes endógenos e, portanto, baseia-se em processos fotodinâmicos
(endógenos). A fototerapia tem sido usada há 3 milênios, sendo conhecida pelos
egípcios, indianos e gregos. O grego Herodotes a denominava de helioterapia. O
fundador da fototerapia moderna é Niels Finsen, que tratou varíola (“smallpox”)
com luz vermelha e recebeu o prêmio Nobel de 1903 pela cura da tuberculose
cutânea (“lupus vulgaris”) com luz de arco carbônico ou arco voltaico de Davy, que
infelizmente também emitia UV-C. A disseminação da fototerapia ocorreu quando,
em 1950, o médico inglês Richard Cremer, considerando as observações de uma
enfermeira, introduziu a fototerapia para o tratamento da icterícia neonatal.
43
2.2.1.4. A Fotoquimioterapia
Atualmente o termo fotoquimioterapia é empregado para descrever
diferentes situações de tratamento tal como: a) na fotoforese extracorpórea
indicada no linfoma cutâneo de células T helper (CTCL ou linfoma não-Hodgkin
tipo “micose fungoide”); b) na fototerapia com uso de substâncias psoralênicas
fotossensíveis conhecidas há milênios e já descritas no livro indiano sagrado
Atharava-veda (1400 a.C.) sobre o tratamento de vitiligo com sementes de
Psoralea corylifolia.
Próximo do rio Nilo, egípcios usavam, também no tratamento do vitiligo,
extratos de uma planta umbelífera posteriormente denominada Ammi majus, por
Giovanni Gussone (1753), pertencente a família das apiáceas, ricas em
furocumarínicos (especialmente a xantotoxina metoxaleno), que é cosmopolita no
mundo todo e, portanto, conhecida por vários nomes locais, tais como espuma del
mar, aneo bastardo, bishop’s flower, false queen Anne’s lace.
No Brasil a utilização de uma planta umbelífera da família Moraceae, rica
em furocumarínicos (metoxaleno e bergapteno), o Brosimum gaudichaudii,
regionalmente conhecido como mama-cadela, mamica-de-cadela, amoreira-domato ou ipê-do-sertão, que pode ser utilizado em infusão ou decocção da casca
das raízes e folhas em banhos a cada 2 dias para vitiligo ou em apresentações
comerciais (Viticromin, Sauad Industria Farmaceutica Ltda) disponíveis em
comprimidos (caixa com 30 cp de 400mg cada), pomada (bisnaga de 30g) e
solução tópica (frasco de 60ml).52
Em 1925 o dermatologista americano William Goeckerman (1884-1954)
descreveu um regime terapêutico tópico para psoríase combinando coaltar
(alcatrão de hulha) com radiação ultravioleta artificial (UV-B), que continua a ser
utilizado pela sua eficácia e segurança, embora atualmente receba atualizações
tecnológicas como o uso de UVB narrowband (311nm) e a denominação de
terapia “ultra Goeckerman moderna modificada”.53,54
44
Em 1953 o dermatologista inglês John Ingram acrescentou a pasta de
antralina tópica (ditranol) ao regime de Goeckerman, tornando-o conhecido como
método de Ingram. Em 1974, foi descrita a PUVA (com psoralênico metoxalen e
radiação UVA) para o tratamento da psoríase.55
Foram descritos há mais de 3.500 atrás, o uso da radiação da luz natural do
sol para obter benefícios terapêuticos, conhecido como helioterapia, assim como a
climatoterapia (explora os benefícios da luz solar e também da temperatura,
umidade e pressão barométrica), a balneoterapia, aquaterapia ou hidroterapia
(que explora os benefícios terapêuticos dos banhos de água). Particularmente os
banhos nas águas hipersalinas (salinidade de 33.7%) do Mar Morto, conhecida
como talassoterapia.
2.2.2 DEFINIÇÃO
A PDT é um procedimento terapêutico, clinicamente aprovado e
minimamente invasivo, baseado numa reação de foto-oxidação de materiais
biológicos, induzida por um agente fotossensibilizante (FS) precursor da
protoporfirina IX (PpIX) que penetra e acumula-se mais rápida e preferencialmente
nas células alteradas (displásicas e neoplásicas) e nos tecidos pré-malignos e
malignos, de forma que, ao serem irradiados na dose suficiente por uma luz de
comprimento de onda adequado (equivalente ao pico de absorção do agente
fotossensibilizante), induz ao acúmulo de uma substância altamente fluorescente e
fotodinamicamente muito reativa, a PpIX, que exerce intensa atividade citotóxica e
resulta na destruição seletiva do tumor ou do “tecido alterado”, em prolifereção.
2.2.3 EMBASAMENTO
45
A PDT baseia-se no efeito fotodinâmico de uma reação de foto-oxidação
(Figura 1) que requer a presença de 3 elementos: o oxigênio, o fotossensibilizante
e a luz. O procedimento de PDT envolve dois estágios principais:
1) o primeiro estágio consiste na aplicação do agente FS tópico por 3 a 6
horas sobre a lesão de pele previamente submetida a citorredução cirúrgica (em
inglês, debulking ou cytoreduction surgery), por curetagem ou afinamento
(aplanamento) por corte rente a pele com lâmina de bisturi ou lâmina de barbear
(em português denominada barbirese; em inglês shaving; em espanhol afeitado).
Pode-se intensificar a curetagem da lesão na segunda sessão porque o
sangramento é menor.
2) o segundo estágio consiste na exposição a uma dosagem calculada de
energia luminosa, cujo comprimento de onda corresponde a uma banda de
absorbância do FS, que ao ativar o FS absorvido e acumulado na lesão (“tumor”),
foram descritos há mais de 3.500 atrás durante o estágio anterior, produz sua
atividade citotóxica seletiva, ou seja, um efeito antitumoral por destruição tecidual
“tumoral” seletiva.6,56 Não ocorre acúmulo do agente FS no núcleo das células,
limitando o dano ao DNA que poderia ser carcinogênico ou levar ao
desenvolvimento de clones resistentes.
A PDT pode ser usada antes ou depois de quimioterapia, radioterapia ou
cirurgia sem comprometer quaisquer destas modalidades terapêuticas. Assim, a
preexistência de radiorresistência ou quimiorresistência não afetam a sensibilidade
da PDT. Os excelentes resultados cosméticos, com insignificantes alterações na
temperatura tecidual e a preservação do tecido conectivo, com mínima fibrose e
manutenção da anatomia funcional e integridade mecânica das áreas submetidas
a PDT, fazem desta uma técnica de destaque no tratamento de cânceres de pele
não melanoma, em particular o CBC.
Atribui-se à PDT os seguintes mecanismos de ação (Figura 2): (I); efeito
citotóxico direto pela produção e acúmulo de radicais livres no interior das células
malignas (formação de oxigênio singlet), (II): efeito antivascular, danoso a
microvasculatura (formação de microtrombos), (III): efeito pró-inflamatório (indução
da
imunidade
antitumoral
e
de
apoptose).6
Os
danos
irreparáveis
às
46
macromoléculas celulares levam à morte das células tumorais através de
mecanismo apoptótico, necrótico ou autofágico, acompanhado de indução à
reação inflamatória aguda, que participa da remoção das células mortas,
restauração da homeostasia do tecido normal e, algumas vezes, na melhoria da
imunidade sistêmica.7
2.2.4 TÉCNICA DE APLICAÇÃO
A PDT pode ser indicada para tratar queratoses actínicas, carcinoma “in
situ” (doença de Bowen), CBCs superficiais e CBCs nodulares finos, seguindo os
protocolos
internacionais
de
tratamento
fornecidos
pelos
fabricantes
do
medicamento fotossensibilizantes. São indicados para o tratamento destas lesões
2 sessões de PDT com intervalo de 7 a 14 dias. Devido a grande vantagem de
possuir mais seletividade pelas células tumorais e maior lipofilia, o agente
fotossensibilizante mais utilizado atualmente na PDT é o metil 5-aminolevulinato –
MAL (Metvix creme, cloridrato de aminolevulinato de metila 16%, 2g, Penn
Pharmaceutical, Reino Unido; distribuído por Galderma, Brasil) cujo procedimento
é denominado MAL-PDT.
Após a aplicação tópica do creme Metvix, com espessura média de 1mm e
margem de segurança de 5-10mm, este deve permanecer incubado durante 3
horas sob curativo de tríplice camada: 1) plástico oclusivo (filme de PVC Wyda
Indústria de Embalagens, Sorocaba, SP, Brasil; largura 28cm, comprimento 15m,
esterilizado 220oC por 24h, norma ABNT NBR 14.761); 2) papel alumínio laminado
(folha de alumínio em rolo, Rollominio, Mult Usos Indústria e Comércio de
Embalagens, Colombo, PR, Brasil; largura 30cm, comprimento 7,5m) para
proteção contra a luz ambiental; 3) fita hipoalergênica de micropore bege
(micropore Nexcare 3M bege; largura 25mm, comprimento 4,5m).
Após a retirada do curativo, observa-se a lesão com lâmpada de Wood
(Spectroline E-series Hand-Held UV Lamp, Model EA-240, 365nm, Spectronics
47
Corporation, Westbury, NY, Estados Unidos), para detectar a fluorescência
alaranjada das áreas acometidas (fotodiagnóstico), o que pode se tornar ainda
mais relevante por permitir a detecção mais precisa da extensão das lesões
iniciais não diagnosticadas previamente durante o exame clínico.
Consequentemente, o tratamento precoce destas lesões aumenta a eficácia
e diminui potencialmente os riscos de complicações do câncer de pele. A luz de
Wood, conhecida popularmente como luz negra, está na região do espectro
ultravioleta A (UV-A, 320-400nm; UV de ondas longas). As fontes artificiais de
radiação UV-A são lâmpadas de vapor de mercúrio de baixa pressão úteis em
análise de fluorescência, inspeção e controle de qualidade (vazamentos),
diagnósticos dermatológicos (fotodiagnóstico) e tratamentos médicos (fototerapia).
Portanto, após a remoção do curativo oclusivo e do fotodiagnóstico com
lâmpada de Wood, deve-se proceder ao tratamento propriamente dito, cuja
irradiação ou iluminação utiliza superLEDs vermelhos (633 nm, Multiwaves,
Industra, São Carlos, Brasil) com fluência (dose total de energia) de 37,8 J/cm2,
com distância de aproximadamente 8 cm durante 7 minutos. Caso após este
período, ao repetir-se a técnica de fotodiagnóstico com lâmpada de Wood, houver
fluorescência residual detectável, procede-se a irradiação luminosa complementar
até atingir a eliminação total da fluorescência. As luzes vermelhas não coerentes
de LEDs e super LEDs são mais estáveis e mais fáceis de operar, menos
onerosas, requerem menos manutenção e permitem uma área mais extensa de
iluminação do que os laseres. Estudos demostram que a luz não coerente dos
LEDs é mais efetiva, menos dolorosa e melhor tolerada que a luz coerente dos
lasers. Em 2012 um pequeno estudo piloto (tipo metade-metade) com 6 casos de
CBC superficial demonstrou a luz vermelha de LED como mais eficaz que o laser
(pulsed dye laser 595nm).57
A seguir confecciona-se o curativo oclusivo para fotoproteção, que deve
permanecer por 48 horas. Reforça-se enfaticamente a necessidade de uso diário e
contínuo do fotoprotetor após o tratamento, preferindo-se aqueles de amplo
espectro e com FPS superior a 30.
48
Por se tratar de uma técnica sem incisões cirúrgicas, a PDT é muito bem
indicada para áreas de difícil tratamento cirúrgico, como o centro da face, nariz e
pavilhões auriculares, podendo a aplicação estender-se mais facilmente para
áreas maiores quando comparada às margens cirúrgicas recomendadas para os
carcinomas basocelulares.1-5 A tabela abaixo destaca os principais estudos de
PDT no tratamento do CBC superficial e nodular (Tabela 2).
Tabela 2 - Estudos de terapia fotodinâmica no tratamento do carcinoma basocelular.5
Autor
Amostra
Incubação
Luz (nm)
Sessões
Cura (%)
Seguimento
CBC Superficial
Basset-Seguin
103
3h
570-670
1-3
78,0
5 anos
Soler et al
131
3-24h
570-670
1-4
91,0
2-4 anos
Surrandi et al
94
3h
634
>8
87,2
1 ano
CBC Nodular
Foley et al
75
3h
570-670
2-4
73,0
3-9meses
Soler et el
168
3-24h
570-670
1-4
89,0
2-4 a
Surrandi et el
24
3h
634
>8
52,5
1 ano
Soler et el
350
3-24h
570-670
1-4
79,0
2-4 a
2.2.5 REGULAMENTAÇÃO
O uso da PDT é regulamentado e aprovado para o tratamento de
carcinomas
não-melanocíticos
por
entidades
reguladoras
nacionais
e
internacionais, tais como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
Brasil), EMEA (European Medicines Agency, União Europeia), FDA (Food and
Drug Administration, Estados Unidos), FMBA (Federal Medical-Biological Agency,
Rússia) e HSA (Health Sciences Authority, China). Considera-se que a PDT
49
apresenta resultados estéticos excelentes e seus índices de cura mostram-se
promissores principalmente para casos de CBCs primários, superficiais, pequenos
ou iniciais. No tratamento de CBCs com MAL-PDT a recidiva varia (de acordo com
o tempo de seguimento) entre 8 a 10%. Por outro lado, no tratamento cirúrgico de
CBCs a recidiva alcança 10%, embora atualmente resultados muito melhores
sejam obtidos com cirurgias mais complexas, como a cirurgia micrográfica de
Mohs (1%).
2.2.6 INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES
Como vantagem, a indicação da PDT pode extender-se a casos de
pacientes com contra-indicações cirúrgicas, como cardiopatas, hipertensos,
portadores de marcapasso cardíaco, diabéticos (diabetes mellitus), idosos,
portadores de múltiplas neoplasias, pacientes em uso de anticoagulante e
imunocomprometidos. O diagnóstico prévio e o controle pós-procedimento podem
ser feitos mediante a realização de curetagens ou biópsias de pele e de exames
citológicos ou histopatológicos. Como desvantagem, a PDT ainda é considerada
terapia de alto custo de execução em nosso país e como qualquer outro método
de tratamento para lesões malignas, requer acompanhamento periódico dos
pacientes durante os 3 a 5 anos subsequentes ao tratamento.
Até o momento, a PDT é geralmente descrita como uma técnica
amplamente empregada no tratamento de carcinomas (CBC e CEC), chamados
cânceres de pele não-melanocíticos (NMSC, do inglês non melanoma skin cancer)
e cuja indicação permanece continuamente aumentando, devido a boa tolerância,
fácil aplicação e aos resultados estéticos favoráveis, na qual o principal efeito
adverso consiste em dor.
2.2.7 EFEITOS ADVERSOS
50
Ibbotson58,60, em 2011, revisou o perfil de segurança da PDT e classificou
os efeitos adversos em 4 grupos: (1) efeitos adversos agudos (dor, prurido,
desconforto, eritema, edema, urticária, exsudação, crostas); (2) efeitos adversos
de curto prazo (infecção, celulite, pústulas estéreis, púrpura, equimose,
imunodepressão,
dermatite
de
contato
fototóxica,
dermatite
de
contato
fotoalérgica, dermatite de contato irritativa, dermatose pustular erosiva, penfigóide
bolhoso adquirido); (3) efeitos adversos de médio prazo (cicatriz hipertrófica,
cicatriz atrófica, milia e cistos epidérmicos, foto-onicólise, hiperpigmentação,
hipopigmentação, hipertricose, hipotricose); (4) Risco carcinogênico (improvável).
Atualmente não existem dados na literatura para sugerir alguma participação a
longo prazo da PDT como efeito causal, aditivo ou sinérgico da PDT sobre futuro
aumento da incidência de câncer de pele em indivíduos previamente submetidos a
este tratamento, embora isto requeira observação continua e prolongada.58,59,60
Também são citados outros efeitos agudos da PDT-MAL que cessam
imediatamente após o término da sessão, como: coriza, lacrimejamento, cefaléia,
fadiga, sudorese, náuseas e parestesias.47 Em geral a PDT é bem tolerada e
realizada em nível ambulatorial (OB, do inglês, outpatient basis), embora a dor
possa ser um fator significante e, às vezes, limitante para a continuidade do
tratamento. Isto pode ser contornado com o uso de jatos ou “sprays” de água ou
uso de aparelhos de resfriamento (e.g., Siberian e Freddo), regimes de baixa
irradiância, analgesia prévia, anestesia local ou bloqueio nervoso. Outro efeito
adverso agudo, geralmente esperado, resulta da ação fototóxica imediata da PDT.
Não obstante, em pacientes que recebem repetidos tratamentos deve-se atentar
para o potencial efeito fotoalérgico tardio. Este risco foi calculado na ordem de 1%
após uma média de 7 sessões em um grupo de 9 pacientes submetidos a testes
epicutâneos de contato (em inglês, patch testing) com o creme de MAL a 16%
(Metvix, Galderma).61,62,63
51
2.2.8 MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
Várias
revisões
sistemáticas,
consensos,
guias
(guidelines)
estão
disponíveis na literatura médica (Tabela 1). Baseados nos conceitos atuais de
força de recomendação e qualidade dos níveis de evidência de pesquisas em
ciências médicas (Tabela 3) posiciona-se a PDT frente aos demais tratamentos
disponíveis (Figura 5), como a seguir: 1) A PDT é um tratamento bom para o CBC
superficial (força de recomendação A, qualidade de evidência I); 2) A PDT é um
tratamento razoável para o CBC nodular primário de baixo risco (força de
recomendação B, qualidade de evidência I).
Força da
Qualidade da Indicação
Recomendação Evidência
A
B
I
I

Ceratose actínica fina a moderada

Doença de Bowen

Carcinoma basocelular superficial

Carcinoma basocelular nodular fino

Epidermodisplasia verruciforme em
transplantados

Acne inflamatória na face ou dorso

Verrugas virais, principalmente em mãos e
pés

B
II-iii
C
II- iii
Leishmaniose cutânea
Fotorejuvenescimento

Linfoma cutâneo de células T localizado

Neoplasia intraepitelial vaginal
C
III
Doença de Paget extramamária
C
IV
Prevenção do câncer de pele
52
Força da
Qualidade da Indicação
Recomendação Evidência
D
I
Psoríase
D
II- iii
CEC invasivo
Figura 5 - Força de recomendação e qualidade de evidência das indicações
clínicas da terapia fotodinâmica tópica em Dermatologia5
Tabela 3 - Força (grau) de recomendação e qualidade (nível) de evidência
Força (Grau) de Recomendação
A
Há boa evidência para apoiar o uso do procedimento
B
Há evidência limitada para apoiar o uso do procedimento
C
Há evidência pobre para apoiar o uso do procedimento
D
Há evidência limitada para apoiar a rejeição do procedimento
E
Há boa evidência para apoiar a rejeição do procedimento
Qualidade (Nível) de Evidência
I
Evidência
obtida
de
pelo
menos
1
estudo
randomizado
controlado
adequadamente desenhado (RCT, do inglês randomized controlled trial)
II-i
Evidência obtida de pelo menos 1 estudo
controlado bem desenhado sem
randomização
II-ii
Evidência obitida de um estudo de coorte bem desenhado ou um estudo analítico
caso-controlado or caso–controlado, preferencialmente multicêntrico ou de um
grupo de pesquisa.
II-iii
Evidência obitida de várias séries temporais com ou sem intervenção. Resultados
dramáticos em experimentos não-controlados também podem fazer parte desse
tipo de evidência.
III
Opiniões de autoridades respeitadas baseada em experiência clínica, descritas
em estudos ou comunicados de comitês especializados.
IV
Evidência inadequada devido a problemas de metodologia (tamanho da amostra,
tempo de seguimento ou conflitos em evidência)
53
Desde os primeiros protocolos de PDT publicados usando o ácido 5aminolevulínico (ALA)1 os estudos evoluíram e demostraram que o seu derivado
éster (MAL) é mais lipofílico e apresenta maior penetração na pele (2-3mm) e
maior seletividade tumoral, com mais alta especificidade pelas células do CBC em
comparação com as células sadias.64 Até 2008 poucos trabalhos comparavam os
dois fotossensibilizantes e não demostravam diferença quanto a resposta tumoral.
Em um estudo de pacientes com CBCs nodulares, 22 receberam ALA-PDT
e 21 com MAL-PDT, todos com mesma preparação prévia com desbastamento
cirúrgico da metade do tumor.4,5 MAL-PDT é a única PDT tópica aprovada no
tratamento de CBCs superficiais e nodulares (Tabela 1 e Tabela 2).
O uso da MAL-PDT foi comparado com crioterapia e cirurgia convencional
para o tratamento de CBC. A cura clínica com 3 meses é de 97% dos 102 CBCs
supercificiais tratados com MAL-PDT comparado com 95% das 98 lesões tratadas
com crioterapia em um estudo randomizado multicêntrico, descrito num consenso
internacional de 2007.3 Os resultados cosméticos eram superiores no grupo
tratado com PDT, com resultados de ótimo a excelente em 89% dos casos
tratados com PDT e 50% dos casos com crioterapia. Durante um seguimento de
48 meses, as recorrências foram 22% no grupo PDT e 19% com crioterapia.
Em outro estudo, 91% de 131 CBCs superficiais fora curados com MALPDT, com 9% de recorrência em 35 meses de seguimento.64 Esse mesmo estudo
demonstra em CBCs nodulares previamente preparados com curetagem, com
cura inicial de 89% de 168 lesões. Subsequentemente, 12 tumores espessos e 6
tumores finos (14 e 7%, respectivamente) recorreram durante 35 meses de
seguimento. O tratamento com MAL-PDT (precedida por curetagem superficial
não dolorosa ou preparação da superfície com bisturi) comparada com a excisão
cirúrgica (margem > 5mm), no tratamento de 105 CBCs nodulares não faciais, em
estudo randomizado multicêntrico, demonstrou que o índice de cura após 3 meses
foi de 91% (PDT) e 98% (cirurgia) e o índice de resultado cosmético foi
bom/excelente em 83% (PDT) e 33% (cirurgia). Os mesmos pesquisadores
54
relataram seus resultados de longo prazo (60 meses) com índice de recorrência
14% (PDT) e 4% (cirurgia).65
Um estudo multicêntrico com MAL-PDT para pacientes considerados de
alto risco de complicações, resultado cosmético pobre e desfiguração e/ou
recorrência relatou índice de cura inicial (3 meses) histologicamente confirmado de
85% (40/47) para CBCs superficiais e 75% (38/51) para CBCs nodulares, com
índice
de
recorrência
de
longo
prazo
(24
meses)
de
22%
e
18%,
respectivamente.65
Em um estudo multicêntrico similar, 148 CBCs superficiais e CBCs
nodulares descritos pelos autores como “difficult-to-treat” (definido como lesões
grandes e/ou centro facial, ou pacientes com alto risco de complicações cirúrgicas)
receberam MAL-PDT.66 Índice de cura histologicamente confirmado após 3 meses
foi de 93% (CBCs superficiais) e 82% (CBCs nodulares). Os autores estimaram
índices sustentados de cura da lesão de 82% (CBCs superficiais) e 67% (CBCs
nodulares) após 24 meses. Tais dados sugerem que a MAL-PDT pode ser uma
opção para doença de alto risco quando outros tratamentos mais eficazes estão
pcontra-indicados ou são inaceitáveis pelo paciente.
Alguns pacientes com síndrome do nevo basocelular múltiplo de Gorlin
responderam a PDT usando fonte de luz vermelha (630nm) ou azul (417nm), mas
essa experiência está limitada a relatos de caso.67,68 Convém observar que a PDT
nesta síndrome, devido ao elevado número de lesões, pode ser um procedimento
mais prolongado, especialmente se realizado em múltiplas ocasiões. O guia BAD
(British Association of Dermatology guideline 2008),4 afirma que não há boa
evidência para apoiar o uso da PDT para CBC infiltrativo ou recorrente.
A dor durante a fase de iluminação é significante para alguns pacientes e
varia de uma sensação de pinicação ou queimação até ocasionalmente ao severo
desconforto.59,60 As medidas para reduzir essa dor incluem resfriamento
(ventiladores e ar condicionado direcionado), analgesia simples (analgésico 1 hora
antes da irradiação), anestésico local infiltrativa ou bloqueio anestésico. Manter
uma conversação durante o tratamento com o paciente oferece uma distração que
acalma. Água termal e gel calmante também podem ser usados após a
55
irradiação.47 Após a PDT a área tende a edemaciar e formar crostas que demoram
poucas semanas para se destacar.
2.3 METIL 5-AMINOLEVULINATO
2.3.1 DEFINIÇÃO
Metil
5-aminolevulinato
(MAL)
usado
na
PDT
é
uma
pró-droga
antineoplásica de uso tópico, aprovada e licenciada em muitos países para o
tratamento do carcinoma basocelular, inclusive no Brasil, pela Anvisa. Está
comercialmente disponível com o nome de Metvix (cloridrato de aminolevulinato
de metila (16%, 2g, Penn Pharmaceutical, Reino Unido; distribuído por Galderma,
Brasil), sob a forma de creme a 16%, em tubos de 2 gramas. O MAL é um éster do
ALA e considerado mais lipofílico que o ALA, portanto com melhor e mais rápida
penetração na pele, permitindo o encurtamento do tempo de incubação. Admite-se
que a dor no momento da iluminação tornou-se menor com o MAL, em
comparação com o ALA.13
Estudos mostram que a luz não-coerente dos LEDs é mais efetiva, menos
dolorosa e melhor tolerada do que a luz coerente dos lasers. Em 2012 um
pequeno estudo-piloto (tipo metade-metade) com 6 casos de CBC superficial
demonstrou a luz vermelha de LED como mais eficaz que o pulsed dye laser
(595nm) ao tratar metade das mesmas lesões com cada um destes tipos de luzes
e lasers.57
2.3.2 MECANISMO DE AÇÃO
56
Ao ser aplicado na lesão e na pele normal ao redor (5 mm) o MAL é
preferencial ou seletivamente absorvida pelas células anormais (neoplásicas e
displásicas “pré-malignas”). O MAL é incorporado diretamente na via sintética das
porfirinas, portanto metabolizado e convertido a protoforfirina IX, que possui
propriedade fotossensibilizante, quando irradiada por luz vermelha com pico de
absorção em 630nm (e.g., Aktilite Photocure) ou 633nm (e.g., MultiWaves
Industra).
2.3.3. NOMENCLATURA E FARMACOLOGIA
A empresa norueguesa Photocure desenvolveu a apresentação comercial
do MAL denominada Metvix. Metvix e Aktilite tiveram seus direitos adquiridos pela
Galderma, uma “joint-venture” entre Nestlé e L’Oreal (*Observe-se a ausência de
conflito de interesse da autora).
Nome IUPAC: metil 5-amino-4-oxo-pentanoato (segundo a sistemática
IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry)
Sigla: MAL (metil 5-aminolevulinato)
Sinônimos: metil 5-amino-4-oxovalerato. Metil delta-aminolevulinato. Éster
do ácido metil 5-aminolevulínico. ALA metil éster.
Massa molecular: 145,156 g/mol.
Fórmula: C6H11NO3 (Figura 6)
Nome da apresentacao comercial: Metvix.
Nome em inglês: methyl aminolevulinate (hydrocloride).
Concentração
da
apresentação
comercial:
16%
(cloridrato
aminolevulinato de metila).
Forma da apresentação comercial: tubo de 2g de creme.
Fabricante: Photocure, Galderma.
Aprovação no Brasil: ANVISA (09/2010), Galderma do Brasil.
de
57
Temperatura de estocagem: 2 a 8oC.
Sensibilidade: sensível a luz; higroscópico.
Validade: 12 meses
Composição (ingredientes): Água, Caprylic/Capric Triglyceride, Cetyl
Alcohool, Ceteryl Alcohool e Ceteareth-20, Behentrimonium Methosulfate
(e) Cetyl Alcohool (e) Butylene glycol, 1.2 Hexanediol (e) Caprylyl glycol,
Phenoxyethanol, Hexyl Aminolevulinate, HCl, Sclerotium gum.
Figura 6 – Estrutura química 5-metil aminolevulinato
2.3.4 HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DO FÁRMACO
2.3.4.1 Histórico da Photocure
Photocure foi fundada em 1993 pela Norwegian Radium Hospital Research
Foundation, de Olso, Noruega, com o objetivo de comercializar as tecnologias
fotodinâmicas desenvolvidas pelo Radiumhospitalet-Norwegian Radium Hospital, o
maior centro de tratamento de câncer do norte da Europa, que tem o seu próprio
centros de pesquisa. O Radiumhospitalet-Norwegian Radium Hospital uniu-se em
2005
ao
Rikshospitalet-National
Hospital
para
criar
o
Rikshospitalet-
58
Radiumhospitalet HF. Em 2009, o Rikshospitalet-Radiumhospitalet HF uniu-se a
outros 12 hospitais para criar o Oslo University Hospital.
2.3.4.2 Produtos da Photocure
A companhia Photocure dedica-se ao desenvolvimento de produtos (pródrogas) precursoras do potente agente fotossensibilizante PpIX.
1) Metvix: em 1997 a Photocure concentrou-se em estudos clínicos com
Metvix. Em 2001 obteve a autorização para comercializar o Metvix e Aktilite e em
2009 os direitos de comercialização foram vendidos a Galderma.
2) Hexvix e Cysview: em 2000 a Photocure iniciou os estudos clínicos com
o hexil 5-aminolevulinato (sinônimos: hexaminolevulinato, hexil aminolevulinato, 5ALA hexilester, Hexvix, Hexvix PDT. Em inglês: Hexyl aminolevulinate,
aminolevulinic acid hexyl ester) indicado para o diagnóstico de câncer e
tratamento de bexiga durante o exame de cistoscopia, combinado a biópsia e ao
exame de urina. Na Europa é comercializado como Hexvix (desde 2006) e nos
EUA como Cysview (desde 2010). Os direitos de comercialização foram
inicialmente licenciados a GE Healthcare, contudo em 2011 a Photocure iniciou
uma nova estratégia comercial: a Photocure continuará a comercializar o Hexvix
nos países nórdicos, porém assume diretamente comercialização do Cysview no
mercado dos EUA e amplia o comércio para os demais países através da
companhia francesa Ipsen.67
3) Lumacan: em 2010 o Lumacan (hexil 5-aminolevulinato, HAL),
desenvolvido pela Photocure para a detecção, durante a colonoscopia, de câncer
colorretal e lesões pré-malignas, licenciado a Salix Pharmaceuticals Inc. em todo o
mundo, exceto nos países nórdicos.68
4) Visonac: metil 5-aminolevulinato (MAL) em desenvolvimento para o
tratamento de acne moderada a severa. Os estudos clínicos de fase 3 foram
iniciados em 2013.
59
5) Cevira: hexil 5-aminolevulinato (HAL) ainda está na fase de
desenvolvimento para tratamento do vírus do papiloma humano (HPV, human
papilloma virus) e lesões pré-cancerosas (displasia) do colo uterino pela PDT.69
6) Allumera: metil 5-aminolevulinato indicado para fotorejuvenescimento
cutâneo (HAL-PDT e IPL), mas que foi retirado do mercado.
2.4 AS FONTES LUMINOSAS
Múltiplas fontes luminosas podem ser usadas na PDT com bons
resultados.70 Comparadas aos laser, as luzes vermelhas não-coerentes de diodos
emissores de luz (LEDs e superLEDs) são mais fáceis de operar, mais estáveis,
menos onerosas, mais simples, requerem menor manutenção e comportam uma
área de iluminação mais ampla.71-79
3 OBJETIVO
3.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral do presente estudo foi avaliar clínica e cronologicamente o
resultado do emprego da técnica de PDT com metil 5-aminolevulinato (MAL-PDT)
e luz vermelha de 633nm, no tratamento de pacientes portadores de carcinomas
basocelulares, cujas lesões de pele foram confirmadas previamente por exame
histopatológico.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
60

Apresentar os estudos mais recentes no diagnóstico e tratamento do
carcinoma basocelular (CBC);

Identificar e analisar novos e mais importantes estudos sobre o tratamento
do CBC com terapia fotodinâmica (PDT);

Avaliar a importância, as vantagens e as desvantagens do tratamento com
MAL-PDT; e

Discutir os resultados (eficácia e segurança) dos estudos nacionais e
internacionais do tratamento de CBC com PDT aos resultados da avaliação
clínica do tratamento MAL-PDT obtidos no seguimento temporal pelo
presente estudo.
61
4 CASUÍSTICA E METODOLOGIA
4.1 DESENHO DO ESTUDO
Característica do presente estudo: trata-se de um estudo clínico
terapêutico, prospectivo, aberto, observacional, não-comparativo (sem grupo
controle), não aleatório e com amostra de conveniência.
4.1.1 CASUÍSTICA (PACIENTES E LESÕES)
Pacientes com indicação para tratamento com terapia fotodinâmica (MALPDT), foram consecutivamente recrutados no período de julho de 2007 a julho de
2013 na Unidade de Terapia Fotodinâmica do Centro de Dermatologia e Laser, em
Bauru, noroeste de São Paulo, Brasil. Dentre os 184 pacientes portadores de 228
lesões de pele com suspeita de algum tipo de neoplasia de pele (Figura 7) e em
que havia indicação de MAL-PDT, foram incluídos neste estudo, 84 pacientes
portadores de 112 lesões de CBC superficial ou CBC nodular fino, após
fornecerem o consentimento previamente informado por escrito e terem sido
confirmados clinicamente por exame dermatológico e depois comprovados por
exame histopatológico de biópsia de pele retirada preferencialmente da parte mais
espessa da lesão ou incluindo toda a superfície da lesão, no caso das lesões
menores que 1cm de diâmetro (Figura 8).
Todos os 84 pacientes portadores de CBC foram entrevistados,
examinados, analisados, fotografados (lesões pré e pós-tratamento; exame de
fluorescência pré e pós-tratamento), tratados e acompanhados quanto a presença
de efeitos adversos (biossegurança), quanto a resposta de cura (eficácia
62
terapêutica) e ao possível surgimento de novas lesões ou mesmo de eventuais
recorrências (falha terapêutica), com seguimento durante todo o período de
duração do estudo (por até 5 anos) pela mesma dermatologista (VBAT), segundo
o protocolo do estudo (Figura 8).
Diagnóstico
Número de pacientes (N=184)
Carcinoma basocelular
84 (incluídos)
Queratose actínica*
66 (excluídos)
Carcinoma espinocelular
14 (excluídos)
Queilite actínica
9 (excluídos)
Queratoacantoma
8 (excluídos)
Doença de Bowen
3 (excluídos)
Figura 7 - Classificação etiológica de 184 pacientes portadores de 228 lesões
neoplásicas de pele submetidas a MAL-PDT e seleção da casuística do estudo.
É importante salientar que na Figura 7 demonstram-se 66 pacientes
portadores de queratoses actínicas exclusivamente (marcadas com asterisco [*]).
Contudo se considerarmos os casos que envolviam lesões combinadas de
queratoses actínicas assiciadas a outras lesões pré-malignas ou malignas, iríamos
totalizar, então, 91 pacientes.
Para maiores detalhes da classificação das lesões deve-se recorrer a Figura
9 (item 5), que sumariza os dados dos 84 pacientes (n=84) portadores de 112
lesões de CBC que foram submetidos a tratamento com MAL-PDT, e incluídos ou
excluídos do estudo, conforme estabelecido em protocolo (item 4.1.2 e item 5).
63
V
1,2,3,4,5 ANOS
BIOPSIA
DE
PELE
PDT
SESSÃO
(1a.)
PDT
SESSÃO
(2a.)
IV
12 MESES
III
9 MESES
I
3 MESES
II
6 MESES
Figura 8 – Na seta maior: fases do protocolo de estudo que se inicia com a
realização da biópsia de pele para confirmação de CBC, seguido-se o tratamento
constituído de 2 sessões de MAL-PDT com intervalo de 7-15 dias. No círculo:
protocolo de seguimento: 3, 6 e 9 meses e uma vez por ano até completar 5 anos.
4.1.2 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS PACIENTES (INCLUSÃO E EXCLUSÃO)
Os critérios de inclusão e exclusão empregados na seleção dos pacientes
recrutados para este estudo prospectivo estão definidos a seguir:
4.1.2.1 Recrutamento
64
Foram recrutados consecutivamente pacientes (n=84) por busca indireta
para tratamento no Centro de Dermatologia e Laser, em Bauru, SP.
4.1.2.2 Critérios de inclusão
Os critérios para inclusão dos pacientes foram:
a)
idade superior a 18 anos;
b)
fornecer consentimento pré-informado por escrito;
c)
confirmação diagnóstica histopatológica de CBC;
d)
ausência de tratamento prévio ou
e)
tratamento anterior há mais de 3 meses, sem sucesso.
4.1.2.3. Critérios de exclusão
Os critérios para exclusão de pacientes foram:
a)
ser portador de qualquer doença com hipersensibilidade à luz;
b)
uso de medicamentos fotossensibilizantes nas 4 semanas antes;
c)
doença neurológica concomitante ou ser muito sensíveis à dor;
d)
necessidade de terapia antineoplásica concomitante;
e)
ser incapaz de cooperar com as exigências deste estudo;
f)
estar gestante ou lactante.
4.1.3 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS E DE AVALIAÇÃO CLÍNICA
65
Na avaliação clínica e histopatológica dos pacientes antes e depois do
tratamento procedeu-se como descrito abaixo:
a) A história e o exame clínico foram anotados antes do tratamento conforme
o protocolo de inclusão no formulário anexo (Anexo 2) visando a definir o
perfil dos indivíduos recrutados, incluindo idade, sexo, fototipo, forma
clínica, localização, tempo de evolução e tratamentos anteriores.
b) Exame vídeodermatoscópico (convencional 2D ou tridimensional 3D) em
todos os pacientes envolvidos no estudo (Videodermatoscópio polarizado,
Firefly DE 350, Zoom 200x, wireless, EUA, Brightwell, China).
c) Fotografias das lesões de todos os pacientes antes e após o tratamento
(Sony 14.1mpx, 7x oz, China).
d) Coleta de amostras (biópsias) das lesões para exames histopatológicos.
e) Os pacientes foram orientados a evitar exposição solar por 48 horas após
cada sessão de PDT.
f) A tolerabilidade ao tratamento com PDT e os efeitos adversos foram
documentados.
g) Na avaliação imediata ao procedimento e nos retornos após 48 horas, 1
semana, 2 semanas e 4 semanas após o procedimento foram avaliados os
graus
de
eritema,
descamação,
dor,
pustulização
ou
exulceração/exsudação.
h) A cada retorno, uma avaliação do quadro neoplásico foi efetuada (0:
ausente, 1: suspeito, 2: evidente e 3: acentuado).
i) Uma avaliação da tolerabilidade à terapia (PDT) foi realizada a cada
retorno: 1 para pobre, isto é, efeitos adversos severos, 2 para efeitos
adversos moderados, 3 para efeitos adversos leves e 4 para muito boa
(sem efeitos adversos).
66
j) Agruparam-se prospectivamente todos os pacientes (n=184) submetidos a
tratamento com terapia fotodinâmica (MAL-PDT) em clínica privada (Centro
de Dermatologia e Laser) e desse total foram incluídos no estudo os 84
pacientes com diagnóstico clínico e histopatológico de carcinoma
basocelular (Tabela 4) que foram submetidos a realização da terapia
fotodinâmica (PDT) com a aplicação do metil 5-aminolevulonato (MAL-PDT,
Metvix, Penn Pharmaceutical, Reino Unido; distribuído por Galderma,
Brasil) sob oclusão por 3 horas e iluminação com um aparelho nacional de
superLED de luz vermelha de 633nm (Multiwaves, Industra, Brasil) com
energia de 37,8 J/cm2 durante 7 minutos ou extendido até a eliminação da
fluorescência à lâmpada de Wood.
k) Para avaliação de efeitos adversos e eficácia imediata os pacientes foram
acompanhados até um mês da segunda sessão. Terapia (D0), após 2 dias
(D2), 1 semana (S1), 2 semanas (S2) e 4 semanas (M1) após cada uma
das 2 sessões.
l) Para avaliação clínica dos resultados do tratamento com PDT os pacientes
foram acompanhados e o período de seguimento (follow up) para cura
oncológica foi dividido em 2 etapas: 1) primeiro período ou recente: após 3
meses (M3), 6 meses (M6) e 12 meses (M12). No segundo período ou
tardio:
uma vez ao ano até completar 3 anos (A2, A3), podendo ser
extendido até 5 anos (A4, A5).
4.1.4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA EFEITOS ADVERSOS DO TRATAMENTO
Para avaliação de efeitos adversos da PDT os pacientes foram avaliados
imediatamente após a terapia (D0), após 2 dias (D2), 1 semana (S1), 2 semanas
(S2) e 4 semanas (S4) após cada uma das 2 sessões.
67
4.1.4.1 Segurança e critérios de exclusão
Para maior segurança, pacientes tinham pelo menos 18 anos de idade e
obedeciam a outros critérios de exclusão como: gravidez, lactância, síndrome de
Gorlin-Goltz, estado de sáude debilitado, antecedente de outro tratamento para
CBC a menos de 6 meses, não cooperação com o estudo ou pouca assiduidade
aos retornos.
4.1.5.2 Segurança e histórico pessoal
Como a probabilidade de um doente ter outro CBC dentro de 3 anos é de
44% e a história pessoal de CBC aumenta em 10 vezes o risco de nova lesão de
CBC71, os pacientes foram acompanhados até um mês da segunda sessão e o
seguimento para cura oncológica com 3 meses, 6 meses e uma vez ao ano até
completarem 3 ou 5 anos.
4.1.5.3 Segurança e recidiva
A recidiva de carcinomas basocelulares tratados com MAL-PDT pode atingir
10% o equivalente a recidiva de carcinomas basocelulares tratados cirurgicamente
que também pode alcançar os 10%.72,73
4.1.5.4 Segurança e histórico familiar
68
A história familiar positiva para câncer de pele aumenta o risco de
desenvolver um CBC em 2,2 vezes, enquanto a história pessoal positiva aumenta
o risco em 10 vezes.
4.1.5.5 Segurança e nível de recomendação
A aplicação tópica com ALA e MAL é eficaz em PDT cutânea com nível de
recomendação A e com qualidade de evidência I.5 Enquanto para o CBC
superficial primário a PDT foi um bom tratamento (Nível de recomendação A;
qualidade da evidência I), para o CBC nodular primário a PDT foi considerada um
tratamento razoável (Nível de recomendação B; qualidade da evidência I)4,
exigindo criteriosa avaliação de eficácia e segurança (Figura 5 e Tabela 3).
4.1.5 ESTUDO DA CASUÍSTICA
4.1.5.1 Parâmetros da análise
Os resultados foram apresentados com estatística descritiva observacional
em números absolutos (n) ou percentagens (%). Devido ao tipo de estudo, as
análises estatísticas descritivas utilizaram apenas os percentuais e forma
construídos gráficos para melhor vizualização de resultados e discussões.
4.1.6 SÍTIO DE ESTUDO
69
Este estudo foi conduzido numa clínica privada (Centro de Dermatologia e
Laser), na cidade de Bauru, São Paulo, sudeste do Brasil, cuja investigadora
responsável é a Dra Valeria B. A. Taborda, que contou com o auxílio do Dr. Paulo
Taborda no momento da coleta das biópsias de 112 lesões de pele dos 84
pacientes (n=84; 112 lesões) que foram incluídos prospectivamente neste estudo.
4.2 MÉTODOS
Este foi um estudo clínico, observacional, prospectivo, aberto, nãocomparativo (sem grupo controle), não aleatório (não randomizado), unicêntrico.
4.2.1 PROTOCOLO DE TRATAMENTO
A técnica de aplicação ou procedimento de tratamento dos pacientes que
aderiram ao protocolo de inclusão (item 4.1.2.2), após consentimento préinformado e preenchimento do formulário anexo (Anexo 2), obedeceu à técnica de
aplicação da terapia fotodinâmica tópica convencional (MAL-PDT) adotada na
Unidade de Terapia Fotodinâmica do Centro de Dermatologia e Laser, em Bauru,
noroeste de São Paulo, Brasil, de acordo com a técnica descrita em detalhes no
item 2.2.4 e conforme os objetivos estabelecidos (nos itens 3.2.3 até 3.2.9).
4.2.2 GRUPO COM CARCINOMA BASOCELULAR
70
Um
grupo
de
84
pacientes
adultos
com
confirmação
clínica
e
histopatológica de carcinoma basocelular (superficial ou nodular fino), não tratados
(primários) ou cujo tratamento anterior ocorreu há mais de 3 meses, sem sucesso.
Estes 84 pacientes eram portadores de CBC e foram selecionados (conforme
critérios do item 4.1.2) entre um total de 184 pacientes portadores de 228 lesões
neoplásicas de pele (Figura 7) que foram consecutivamente submetidos a MALPDT na Unidade de Terapia Fotodinâmica do Centro de Dermatologia e Laser,
Bauru, São Paulo, no período compreendido entre julho de 2007 (07/2007) e julho
de
2013
(07/2013),
obedecendo
ao
fluxograma/cronograma
estabelecido
(Apêndice 1).
4.2.3 CURETAGEM E SHAVING
As lesões previamente diagnosticadas como CBC através de exames
histopatológicos foram preparadas e superficializadas por curetagem ou
aplanamento e saucerização (shaving ou debulking), conforme seu tamanho e
estimativa clínica de profundidade.
4.2.4 APLICAÇÃO DO FOTOSSENSIBILIZANTE
Após a curetagem ou aplanamento e saucerização das lesões de CBC de
pele,
seguiu-se
a
aplicação
do
creme
fotossensibilizante
de
metil
5-
aminolevulonato (Metvix, Penn Pharmaceutical, Reino Unido; Galderma, Brasil)
sobre a lesão com cuidado para que a espessura seja de pelo menos 1mm e cujo
diâmetro envolva aproximadamente 2 cm ao redor dessa, compatível com uma
margem de segurança.
71
4.2.5 APLICAÇÃO DO CURATIVO OCLUSIVO E PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Para melhor penetração e para proteção contra a luz ambiental, na etapa
seguinte a lesão foi ocluída durante 3 horas (período de incubação) por uma
camada tríplice de curativo oclusivo, constituída de: (1) plástico oclusivo (filme de
PVC Wyda Indústria de Embalagens, Sorocaba, SP, Brasil; largura 28cm,
comprimento 15m, esterilizado 220oC por 24h, norma ABNT NBR 14.761); (2)
papel alumínio laminado (folha de alumínio em rolo, Rollominio, Mult Usos
Indústria e Comércio de Embalagens, Colombo, PR, Brasil; largura 30cm,
comprimento 7,5m); (3) fita hipoalergênica de micropore bege (micropore Nexcare
3M bege; largura 25mm, comprimento 4,5m).
4.2.6 PERÍODO DE INCUBAÇÃO E FLUORESCÊNCIA PRÉ-TRATAMENTO
Após 3 horas da incubação procedeu-se a retirada do curativo e observouse a lesão com lâmpada de Wood (Spectroline E-series Hand-Held UV Lamp,
Model EA-240, 365nm, Spectronics Corporation, Westbury, NY, Estados Unidos),
detectou-se a presença e o grau da intensidade da fluorescência alaranjada. A
fluorescência pré-tratamento sempre era positiva. Se após a irradiação com luz
vermelha o teste de Wood ainda registrasse alguma fluorescência, a irradiação da
lesão teria de ser repetida até o desaparecimento completo da fluorescência
anteriormente detectada.
4.2.7 IRRADIAÇÃO DA LESÃO
72
Procedeu-se a irradiação da área a ser tratada com luz vermelha de LED
(superLEDs de 633 nm, “head” PDT, Multiwaves, Industra, São Carlos, Brasil),
com fluência de 37,8 J/cm2, durante 7 minutos, verificando-se sempre o
desaparecimento da fluorescência com auxílio da lâmpada de Wood. Durante a
iluminação (irradiação) todos os pacientes usaram óculo de proteção (da Kentek
Co., Estados Unidos) ou protetor para os olhos adesivo e descartável (Sperian,
disposable eye shield non laser, Germany) adequados ao tratamento MAL-PDT
com superLEDs.
4.2.8 SESSÕES DE TRATAMENTO
Após 1 semana (preferencialmente) ou até 2 semanas após a primeira
sessão de MAL-PDT, realizou-se uma nova sessão de tratamento (segunda
sessão), cuja técnica de aplicação é similar a primeira (item 2.2.4. e 4.2.1). Nos
pacientes cujas lesões tinham diâmetro superior a 3cm ou com histórico de lesão
recidivada cujo tratamento anterior ocorreu há 3 meses ou mais, padronizou-se a
indicação de realização da 3a sessão, com intervalo de 15 dias da 2a sessão.
Para o tratamento do CBC a maioria dos pacientes (n=57/84; 67,86%)
recebeu 2 sessões de MAL-PDT, enquanto 27 (n=27/84; 32,14%) pacientes
completaram 3 sessões.
Aos 11 (11/84; 13,08%) pacientes que apresentaram falha terapêutica
(resposta parcial ou recidiva) foi indicada a complementação com um grupo de
mais 3 sessões ou permitiu-se que optassem por uma nova modalidade de
tratamento.
4.2.9 CUIDADOS PÓS-TRATAMENTO
73
Os pacientes receberam as orientações pós-procedimento verbais e
impressas (Ficha de Orientação ao Paciente [Anexo 3]; Ficha de Dicas e Cuidados
[Anexo 4]), com ênfase ao cuidado de preservar intacto o curativo local e para
evitar a exposição solar direta por 48 horas, quando retornaram para remoção do
curativo.
4.3 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
4.3.1 CONSENTIMENTO
O projeto desse estudo foi previamente aprovado pela Comissão de Ética
em Pesquisa da USC, conforme pareceres em anexo (Anexo 1). Todos os
indivíduos do estudo receberam a Ficha de Consentimento Pré-informado e
assinaram o Termo de Consentimento Pós-informado (Anexo 3).
4.3.2 RISCOS E DESCONFORTOS
Todos os indivíduos do estudo receberam a Ficha de Orientação ao
Paciente (Anexo 3) e a Ficha de Dicas e Cuidados (Anexo 4).
Não havia riscos detectáveis. A PDT é considerada um procedimento
simples por não necessitar de anestesia, sedação, ventilação mecânica ou incisão
cirúrgica. No caso da biópsia prévia da lesão de pele empregou-se anestesia local
infiltrativa com pequenas quantidades (1 a 2 mL) de lidocaína 2%, sem
vasoconstritor (porte anestésico zero), eventualmente com uso de dispositivo
vibratório para minimizar a dor da punctura e da infiltração anestésica.
74
O desconforto restringiu-se a dor durante a irradiação da fonte de
iluminação (Multiwaves, Industra, Brasil), a qual foi sistematicamente amenizada
com um aparelho de analgesia temporária por resfriamento (Siberian, Industra,
Brasil), associado à administração oral subsequente de analgésico (paracetamol,
750mg). A tolerância a dor foi avaliada pelos pacientes por uma escala de 0 a 3,
sendo zero inexistente, 1 leve, 2 moderada e 3 intensa.
Quanto à fluorescência: houve o desaparecimento da fluorescência ao final
de todas as sessões, sendo inclusive o critério para aumento do tempo de
iluminação, caso a fluorescência permanescesse visível à luz de Wood após os 7
minutos da irradiação luminosa.
Os sinais e sintomas pós-procedimento envolveram: eritema, edema,
vesiculação, pustulização (pústulas assépticas), descamação, prurido e dor.
Posteriormente a área tratada desenvolveu temporariamente alterações de cor
(discromia cutânea: hipocromia ou hipercromia).
Todos os procedimentos de tratamento, documentação fotográfica e
seguimento foram realizados pela dermatologista responsável Dra. Valeria
Taborda, com o auxílio do Dr. Paulo Taborda para a coleta das biópsias de lesões
de pele antes da 1a sessão de PDT.
4.3.3 COMPENSAÇÃO TERAPÊUTICA E CUSTOS
Não houve compensação financeira para os participantes do estudo.
A PDT é considerada um procedimento de alto custo, porém a participação
no estudo não excluiu e nem adicionou quaisquer custos extras aos participantes,
em função da sua concordância ou discordância de inclusão no presente estudo,
comparativamente aos demais pacientes não participantes do estudo que foram
tratados com MAL-PDT no Centro de Dermatologia e Laser de Bauru pela autora.
75
4.3.4 ALTERNATIVAS
Qualquer paciente poderia optar por não ingressar no estudo. Ademais, ele
poderia retirar-se do estudo a qualquer tempo, sem com isso afetar a continuidade
dos cuidados médicos oferecidos.
4.3.5 CONFIDENCIALIDADE DOS REGISTROS
Todos os documentos materiais e digitais referentes ao estudo (incluindo
prontuários, termos, autorizações e fotografias) estão protegidos e conservados
em arquivo organizado pela investigadora (VBAT). O anonimato dos pacientes foi
garantido e está preservado, conforme os princípios de ética em pesquisa e os
preceitos estabelecidos no Código de Ética Médica.
76
5 RESULTADOS
Baseados nos critérios de avaliação da casuística (item 3.1.1), os dados
mais relevantes obtidos na história clínica dos 84 indivíduos portadores de 112
lesões de CBCs foram descritos e compilados como parte dos resultados na
Figura 9.
Número de pacientes
84
Masculino (%) X Feminino (%)
Idade média (variação) em anos
Fototipos
Número de lesões
37 (44%) X 47 (56%)
62,7 anos (31-87 anos)
Fototipo 1-3 = 83/84 (98,80%)
Fototipo 4 = 1/84 ( 1,20%)
112
Localização das lesões
Frontal
11
Nasal
34
Zigomático, malar, mento
21
Pescoço
3
Couro cabeludo
4
Auricular, pré-auricular, retroauricular
11
Periorbital
7
Peribucal
2
Tórax
11
Membros superiors
5
Membros inferiors
3
Subtipos histológicos
CBC superficial
38 (45,24%)
CBC nodular
42 (50%)
CBC pigmentado
2 (2,38%)
CBC multicêntrico não especificado
2 (2,38%)
Figura 9 - Descrição dos 84 pacientes portadores de 112 lesões de CBC com
resumo dos dados clínicos, localização das lesões e subtipos histológicos.
77
5.1 ACHADOS CLÍNICOS E HISTOPATOLÓGICOS
No período de julho de 2007 a julho de 2013 um total de 228 lesões
neoplásicas pré-malignas e malignas de pele de 184 pacientes foram submetidos
a MAL-PDT na Unidade de Fototerapia do Centro de Dermatologia e Laser de
Bauru, São Paulo. Foram incluídos no presente estudo apenas os 84 pacientes
adultos com confirmação clínica e histopatológica de CBC, não tratados
previamente (primários) ou cujo tratamento anterior ocorreu sem sucesso há mais
de 3 meses. Estes 84 pacientes formaram a casuística deste estudo (n=84) ao
preencherem adequadamente os critérios de inclusão para ingressar neste estudo
terapêutico prospectivo, observacional, não-comparativo, unicêntrico. No protocolo
do estudo prospectivo, os demais 100 pacientes (184 total – 84 com CBCs = 100
pacientes
com outros
diagnósticos)
que
não
preencheram os
critérios
estabelecidos e que, portanto fizeram a MAL-PDT por outras indicações e tiveram
que ser excluídos, pois eram portadores de outras lesões que não CBCs, como
pode ser observado no item 4.11 – Casuística.
A Figura 10 (Caso 66) demonstra as fases do preparo de um CBC
paranasal esquerdo para ser submetido a MAL-PDT que resultou em sucesso
terapêutico após 2 anos de seguimento.
A Figura 11 (Caso 69) evidencia a fluorescência intensa de um CBC frontal
após 3 horas de incubação com MAL, seguido da irradiação luminosa dom
superLEDs e concomitante analgesia por resfriamento. Este caso tratado com
MAL-PDT mantém sucesso terapêutico após 2 anos de seguimento.
A Figura 12 (Caso 31) comprova o sucesso terapêutico da MAL-PDT com o
exames histopatológicos da lesão prévia e da cicatriz 3 anos após o tratamento.
A Figura 13 enfatiza a necessidade de proteção ocular adequada durante
as sessões de terapia fotodinâmica, em especial para lesões perioculares.
As Figuras 14 a 20 demonstram outros casos anedóticos de pacientes
pertencentes ao grupo de portadores de CBC tratados com MAL-PDT.
78
1. Lesão prévia
2. Lesão pós
curetagem
3. Fluorescência préirradiação luminosa
4. Após 15 dias da
MAL-PDT
Figura 10 - Fotos da paciente RAMM (Caso 66): 1. Vista da lesão de CBC
paranasal esquerda previamente ao tratamento. 2. Preparo da lesão por
curetagem. 3. Fluorescência da lesão com lâmpada de Wood imediatamente após
79
3 horas de aplicação do MAL e antes da irradiação luminosa com LEDs. 4.
Resultado clínico após 15 dias do tratamento com MAL-PDT (2 sessões).
1. Fluorescência
após 3horas
2. Aplicação da
luz e resfriamento
3. Pós irradiação
luminosa
Figura 11 - Fotos do paciente DV (Caso 69) durante MAL-PDT de CBC frontal: 1.
Fluorescência após 3 horas de incubação oclusiva por MAL. 2. Fase de irradiação
80
luminosa (aplicação da luz e concomitante resfriamento para analgesia). 3.
Aspecto da lesão após a irradiação luminosa.
1. CBC pré-PDT
3. Cicatriz pós-PDT
(3anos)
2. Fotomicrografia
de CBC
4. Fotomicrografia
de cicatriz
Figura 12 - Fotos da paciente JOGM (Caso 31): 1. Lesão de CBC de couro
cabeludo pré-tratamento. 2. Fotomicrografia de CBC: Coloração clássica pela
hematoxilina e eosina demonstrando o aspecto típico de distribuição das células
81
basaloides com núcleos em paliçada. 3. Resultado clínico após 3 anos (cicatriz). 4.
Fotomicrografia da cicatriz 3 anos após MAL-PDT.
1. Lesão
periorbital
2. Proteção
ocular
3. Destruição
tecidual
4. Cicatrização
após 1 mês
Figura 13 – Proteção ocular durante sessão de MAL-PDT: 1. Lesão periorbital
de canto interno de olho direito. 2. Colocação e posicionamento do protetor
82
ocular. 3. Remoção do protetor ocular após a sessão de MAL-PDT, com ênfase
para a destruição tecidual de lesão de CBC sem dano ocular. 4. Aspecto da
cicatriz periorbital após 1 mês.
1. Paciente SB – M6
3. Fluorescência
2. Preparo da lesão:
shaving (biópsia)
4. Cicatrização em M6
Figura 14: Fotos da paciente SB - sequência da técnica: 1. Demarcação da
lesão de CBC de asa nasal direita. 2. Preparo da lesão após biópsia (“shaving”). 3.
Demonstração da extensa área de comprometimento através da fluorescência
83
com lâmpada de Wood. 4. Aspecto da lesão 6 meses após 2 sessões de MALPDT (cura).
1. PRÉ-PDT Jan
2013
2. 2a sessão
3. 1 mês após
4. Cura - Nov 2013
- 10 mesesM11
Figura 15 – Fotos do paciente LFS (Caso 81): 1. Demarcação de CBC nasal
para biósia pré-tratamento da MAL-pdt 01/2013. 2. Aspecto da lesão ulcerada
84
após 2a. sessão de MAL-PDT. 3. Aspecto em cicatrização após 1 mês do
tratamento. 4. Cicatriz nasal 10 meses após mal-pdt (11/2013).
1. CBC antes
2. pós-curetagem
3. Cura após 18
meses
Figura 16 – Fotos da paciente MLOS (Caso 80): 1. Demarcação de CBC de
ápice nasal antes da biópsia. 2. Aspecto da lesão após curetagem.
3. Aspecto da cicatriz 18 meses após MAL-PDT (cura clínica).
85
1. Caso 70: 23 Meses de
Seguimento – Cura (M23)
2. 2a sessão - Fluorescência
3. Semana 4
Figura 17 – Fotos do paciente MDB (Caso 70): 1. Lesão ulcerada de ápice
nasal submetida a biópsia. 2. Área de comprometimento neoplásico extensa
demonstrada pela fluorescência com lâmpada de Wood antes da 2a. sessão de
MAL-PDT. 3. Aspecto cicatricial 4 semanas após MAL-PDT. 4. Aspecto cicatricial
23 meses após MAL-PDT (cura clínica).
4. 23 meses
86
1. Segunda sessão: Março 2010
3. Abril 2010 : após 3 sessões
2. Segunda sessão
4. Maio 2010
Figura 18 – Fotos da paciente GF (Caso 41): 1. Lesão nasal ulcerada extensa
de CBC imediatamente antes da 2a. sessão de MAL-PDT (06/03/2010). 2. Aspecto
imediatamente após a 2a. sessão de MAL-PDT. 3. Cicatrização após a 3a. sessão
de MAL-PDT (26/04/2010) 4. Cicatrização completa após 8 semanas (19/5/2010).
Mantém-se curada após 3 anos de seguimento.
87
1. PRÉ-PDT - Dez 2009
2. Nov 2013 - M58 Cura
Figura 19 – Paciente JXN (Caso 36): 1. CBC nodular ulcerado de ápice nasal
antes do tratamento (dezembro 2009). 2. Cicatriz hipocrômica levemente atrófica
em novembro de 2013 (cura clínica – 5 anos de seguimento).
88
2008
1. CBC antes
2013
2. Após 1a sessão
2008
4. CBC pré-tratamento
3. Nov 2013 - A5 - Cura
2013
5. Após 1a sessão
6. Nov 2013 – A5 - Cura
Figura 20 – Fotos do paciente APF (Caso 16): 1. Paciente portador de CBCs
múltiplos, com evidência para CBC ulcerado malar direito (primário) e malar
esquerdo (recidiva de cirurgia) 2. Aspecto imediatamente após a 1a. sessão de
MAL-PDT. 3. Aspecto da cicatriz hipocrômica e atrófica malar esquerda (cura
clínica) após 5 anos da MAL-PDT. 4. Lesão de CBC malar direita antes da 1a.
sessão de MAL-PDT. 5. Aspecto da lesão malar direita imediatamente após a 1a.
sessão de MAL-PDT. 6. Cicatriz hipocrômica (cura clínica) após 5 anos (11/2013).
89
5.1.1 IDADE
A idade dos 84 pacientes portadores de CBC incluídos neste estudo variou
entre 31 e 87 anos de idade, com média de 62,7 anos (Figura 9).
5.1.2 SEXO
Entre os 84 pacientes com CBC houve predomínio do sexo feminino, com
47 mulheres (56%) e 37 homens (44%), conforme demonstra a Figura 9.
5.1.3 FOTOTIPO
Os indivíduos caucasianos de pele clara, com fototipos de 1 a 3
prevaleceram, exceto pelo único indivíduo amarelo com fototipo 4 (Figura 9).
5.1.4 NÚMERO DE LESÕES
Os 84 pacientes eram portadores de 112 lesões de CBC. Quanto ao
número de lesões presentes em cada indivíduo formavam-se 2 grupos: portadores
de lesões únicas (63/84; 75%) e portadores de lesões múltiplas (21/84; 25%).
90
5.1.5 LOCALIZAÇÃO
Previamente, durante e após o tratamento com MAL-PDT, fotografias
clínicas e da fluorescência dos 84 pacientes foram tomadas. A Figura 9 mostra
detalhes da distribuição das lesões de acordo com a localização, com predomínio
na cabeça (90/112), seguido pelo tórax (11/112), membros superiores (8) e
pescoço (3).
5.2 TÉCNICA
Os 84 pacientes foram submetidos a MAL-PDT de acordo com a técnica
descrita no item 2.2.4 e a metodologia detalhada nos itens 4.2.1 a 4.2.9. As
Figuras de números 10 a 20 incluem alguns casos representativos de sequências
de tratamento de CBC com PDT com sucesso terapêutico. Embora a técnica de
aplicação utilizada em todas as sessões de MAL-PDT não tenha sofrido variação,
houve diferença no tempo de intervalo entre a realização das sessões como
descrito abaixo:
5.2.1 PRIMEIRA SESSÃO E SEGUNDA SESSÃO
Submeteram-se a 2 sessões 57 (57/84; 67,85%) pacientes. O intervalo
entre as sessões foi exatamente de 7 dias em 37 (37/84; 44,05%) pacientes; nos
demais 47 (47/84; 55,95%) pacientes o intervalo de tempo foi superior a 1
semana, com variação entre 8 e 14 dias.
91
5.2.2 TERCEIRA SESSÃO
A terceira sessão foi indicada para 27 (27/84; 32,14%) pacientes, cujas
lesões possuíam diâmetro superior a 2 cm ou que para aqueles com antecedentes
de recidivas tratadas anteriormente sem sucesso pelo menos 3 meses antes.
5.3 TOLERABILIDADE
Os efeitos adversos da MAL-PDT no tratamento do CBC, especificamente
para a amostra estudada, foram constatados através dos resultados e anotados
em diferentes momentos ao longo do período de seguimento imediato e tardio,
como observados na sequência de figuras abaixo (Figuras 21 a 24).
92
90
80
70
60
0
50
1
40
2
3
30
20
10
0
s1
s2
s3
2s
4s
Figura 21 - Distribuição da intensidade da dor ao longo dos diferentes momentos
de avaliação.Legendas:
- S1= 1a sessão, S2= 2a sessão, S3= 3a sessão, 2s=2 semanas, 4S= 4a
semana.
- 0=ausente, 1=leve, 2=moderada, 3=intensa
INTENSIDADE DA
1a sessão (n=84)
2a sessão (n=84)
3a sessão (n=27)
DOR
LEVE (1)
14 CASOS (16,67%) 11 CASOS (13,09%)
5 CASOS (18,52%)
MODERADA (2)
57 CASOS (67,86%) 34 CASOS (40,47%)
20 CASOS (74,07%)
INTENSA (3)
13 CASOS (15,48%) 39 CASOS (46,43%)
2 CASOS (7,41%)
Figura 22 - Dor durante a fase de iluminação de cada sessão da MAL-PDT no
tratamento do carcinoma basocelular.
93
dor - s1
dor - s2
0%
19%
0%
13%
15%
grau 0
grau 1
grau 0
grau 1
48%
grau 2
grau 2
39%
grau 3
grau 3
66%
dor - 4s
dor - 2s
1%
0%
0%
1%0%
0%
99%
grau 0
grau 0
grau 1
grau 1
grau 2
grau 2
grau 3
99%
grau 3
Figura 23 – Gráficos de ocorrência da dor durante a MAL-PDT para cada um dos
momentos de avaliação.
Legendas:
- S1= 1a sessão, S2= 2a sessão, S3= 3a sessão, 2s=2 semanas, 4S= 4a
semana.
- 0=ausente, 1=leve, 2=moderada, 3=intensa.
94
90
80
70
60
o
50
1
40
2
3
30
20
10
0
s1
s2
s3
2s
4s
Figura 24 - Distribuição dos graus de ocorrência de prurido ao longo dos
diferentes momentos de avaliação.
Legendas:
- S1= 1a sessão, S2= 2a sessão, S3= 3a sessão, 2s=2 semanas, 4S= 4a
semana.
- 0=ausente, 1=leve, 2=moderada, 3=intensa.
Não houve relato de efeitos adversos sérios, além de efeitos de fase aguda
como dor, eritema e pustulização na área tratada. Nenhum efeito adverso local ou
sistêmico grave relacionado a PDT foi observado ou relatado pelos pacientes nos
períodos de seguimento imediato ou tardio. No período de 5 anos do estudo 4
pacientes foram à óbito por condições não relacionadas a pele ou ao tratamento
dermatológico realizado (casos números 5, 20, 22 e 29).
95
5.4. SEGUIMENTO CLÍNICO (FOLLOW UP)
A adesão dos pacientes e acompanhamento durante o longo tempo
seguimento deste estudo representou uma preocupação constante. No decorrer
deste estudo o período de seguimento dos 84 pacientes com CBC submetidos a
MAL-PDT permitiu avaliações em diferentes momentos, desde o 1o mês (M1) até
o 24o mês (A2), conforme observado nos gráficos de coluna das figuras a seguir
(Figuras 25, 26 e 27).
90
84
82
80
66
70
57
60
46
50
40
28
30
19
20
11
10
0
M1
M3
M6
M12
A2
A3
A4
A5
Figura 25- Números total de casos avaliados em cada um dos diferentes
momentos no período de 5 anos (07/2007 a 07/2013). Legendas: M1=mês 1;
M3=mês 3; M6=mês 6; M12=mês 12; A2=ano 2; A3=ano 3; A4=ano 4; A5=ano 5.
96
90
84
82
80
66
70
57
60
46
50
40
30
20
10
0
M1
M3
M6
M12
A2
Figura 26 - Números total de casos avaliados em cada um dos diferentes
momentos (mês 1, mês 3, mês 6, mês 12, ano 2) durante os 2 primeiros anos do
estudo.
Aparentemente, o tratamento é muito efeitivo até M3. Porém após M12
constata-se a recidiva 3,5% (2/57), que com o passar do tempo vai crescendo, e
atinge 13,04% (6/46) no A2. Os percentuais foram calculados com a amostra (n)
disponível em cada periodo de seguimento (Figura 20).
Os pacientes foram incluídos prospectivamente e o estudo terapêutico
permaneceu aberto para novas entradas (“in takes”) durante todo o longo período
do estudo, o que explica a queda no número de pacientes seguidos conforme os
momentos mais tardios são atingidos, portanto, a queda não se deve
predominantemente a desistências ou abandonos (“drop offs”). Se houver maior
período de acompanhamento individualmente o número de casos a atingir os
momentos mais tardios irá provavelmente elevar-se substancialmente.
97
100
100
100
100
96,5
90
86,96
80
70
60
50
40
30
20
13,04
10
0
0
M1
3,5
0
M3
M6
M12
A2
Figura 27 - Distribuição do resultado do exame clínico e videodermatoscopia
(em % de casos) nos diferentes momentos (mês 1, mês 3, mês 6, mês 12 e ano
2). Em destaque a recidiva começou a surgir após o mês M9.
5.5. EVOLUÇÃO CLÍNICA (RECIDIVAS E NOVOS CARCINOMAS PRIMÁRIOS)
5.5.1 RECIDIVAS
Foram observadas recidivas de CBC em 11 pacientes (11/84: 13,09%),
envolvendo os casos (pacientes) identificados pelos números 1, 6, 7, 14, 29, 42,
44, 46, 50, 52 e 57. Estes 11 casos que não tiveram boa resposta ao tratamento e
que tiveram as suas lesões recidivadas foram detectadas durante o seguimento
após os meses M9 (1%), M12 (3,5%) e após o 2o ano (A2=15,2%). O quadro da
Figura 28, sumariza as recidivas de acordo com o número de lesões de cada
98
paciente (única ou múltiplas) e o quadro da Figura 29 detalha as recidivas de
acordo com a localização das lesões de CBC.
Pacientes com Lesão Única
Pacientes com Lesões
Múltiplas
Número de pacientes
63
21
Número de recidivas
6 (9,52%)
5 (23,81%)
Figura 28 - Distribuição dos 11 pacientes com recidiva de CBC após MALPDT entre os pacientes com lesões únicas ou múltiplas.
LESÃO
ÚNICA
Localização
CURA
MÚLTIPLA
RECIDIVA
CURA
Total=112
RECIDIVA
Total por
área
Frontal
4
-
5
2
11
Nasal,paranasal
21
7
4
2
34
Malar,
11
-
10
-
21
7
-
3
1
11
Periorbital
3
-
4
-
7
Perioral
1
-
1
-
2
Couro cabeludo
3
-
1
-
4
Pescoço
-
-
2
1
3
Membro superior
1
-
4
-
5
Membro inferior
-
-
3
-
3
Tórax
3
-
8
-
11
zigomática,
mento
Auricular,
pré-
auric,retroauric
Figura 29 – Detalhe das recidivas pós MAL-PDT de acordo com a localização
das lesões de CBC.
99
Paciente #
Local / recidiva*
(meses)
Retratamento
Resposta
Novo
instituído
terapêutica
retratamento
1 – ASG
Nariz
33
PDT
Positiva
-----
6 – RFA
Paranasal
21
PDT
Nova recidiva
PDT
7 – HSD
Auricular
10
PDT
Nova recidiva
Mohs
14-GGS
Frontal
14
PDT
Positiva
------
29-MAOB
Nariz
24
Eletrocoagulação Positiva
Óbito***
42-MLL
Nariz
18
ND**
------
------
43-LAMG
Nariz
9
PDT
ND**
------
46-CP
Nariz
32
Cirurgia
Recente
------
50-RSV
Paranasal 31
Cirurgia
Recente
------
52-RLS
Nasal
18
PDT
Nova recidiva
Cirurgia
57-MSS
Frontal
17
PDT
Nova recidiva
Gravidez***
Figura 30 – Localização e evolução dos 11 casos de recidiva de CBC após
MAL-PDT.
*Mês da recidiva calculado conforme referido pelo paciente, portanto não
corresponde ao momento do seguimento em que o paciente foi avaliado.
**ND: dado não disponível (perda de seguimento clínico, abandono do estudo)
***Exclusão do estudo (#29: por óbito e #57: por gravidez)
5.5.2. NOVOS CARCINOMAS PRIMÁRIOS
Observaram-se 16 pacientes com novas lesões de CBC, chamados de
CBCs primários, em outras locais da pele (16/84; 19,05%) em até 5 anos de
seguimento clínico após MAL-PDT.
100
6. DISCUSSÃO
Estudar e entender o câncer de pele possui significância prática e
relevância estatística, pois o câncer de pele é o tipo de câncer de maior incidência
no mundo, estimando-se para 2014, no Brasil, 182.000 casos novos, com 134.170
casos novos no Brasil em 2012 (62.680 em homens e 71.490 em mulheres,
segundo dados do Instituto Nacional do Câncer -INCA) e com até 3,5 milhões de
casos estimados anualmente nos Estados Unidos. Significativamente o CBC
representa 70% deste total de casos de câncer de pele, portanto o tipo de câncer
de pele mais frequente em humanos (ou seja, cerca de 2,8 milhões de casos
estimados de CBC nos EUA anualmente). Apesar desta incidência elevada, a
mortalidade do CBC é extremamente baixa, girando entre 0,0028% e 0,1%. Em
contraste com o CBC, o melanoma é um câncer de pele com baixa incidência (4 a
5% dos casos ou 76.690), mas que responde pela maioria dos óbitos (estimativa
de 9.480 óbitos em 2013).18
O presente estudo terapêutico prospectivo, monocêntrico, com 84 casos
brasileiros de CBC justifica-se para avaliar cronologicamente a resposta clínica à
PDT de luz vermelha (633nm) com o fotossensibilizante MAL (metil 5aminolevulinato),
um tratamento
não
cirúrgico
devidamente
aprovado
e
comercialmente disponível para uso médico no Brasil. Para o seguimento (followup), os pacientes são acompanhados e fotografados com agendamentos
periódicos pela mesma dermatologista como segue: após 1 mês do procedimento,
após 3, 6 e 12 meses (M1, M3, M6 e M12) e uma vez por ano até completarem 2
anos, podendo estender-se a uma visita anual até completar 5 anos (A2, A3, A4 e
A5).
Portanto, com o objetivo de avaliar clínica e cronologicamente o resultado
da PDT com metil 5-aminolevulinato (MAL-PDT) e luz vermelha no tratamento do
CBC, envolveu consecutivamente 84 pacientes portadores de carcinoma
basocelular em um estudo terapêutico prospectivo, monocêntrico, realizado por
101
uma dermatologista (a autora VBAT) em uma Unidade de Terapia Fotodinâmica
de Bauru, noroeste de São Paulo, sudeste do Brasil, entre julho de 2007 e julho de
2013, com seguimento imediato e tardio (de curto, médio e longo prazos),
variando de 3 meses até 5 anos.
Os 84 pacientes portadores de CBC atendidos prospectivamente eram
procedentes de Bauru e regiões próximas, do noroeste de São Paulo, com
indicação de tratamento na Unidade de Fototerapia do Centro de Dermatologia e
Laser de Bauru, que a seguir foram submetidos a PDT com creme a 16% de metil
5-aminolevulinato (MAL-PDT), cujas lesões neoplásicas foram mantidas sob
oclusão por 3 horas, seguindo-se a irradiação por fonte luminosa de luz vermelha
durante 7 minutos (superLEDs 633nm, 37,8 J/cm2, 7min). Os pacientes realizaram
2 sessões de PDT, com intervalo de 1 a 2 semanas, com avaliação da resposta
clínica imediata. Subsequente avaliação da resposta clínica e do índice de cura
nos meses 1, 3, 6 e 12 (M1, M3, M6 e M12) e anualmente até completarem 2 anos
a 5 anos de seguimento após o tratamento (A2, A3, A4 e A5).
Previamente ao tratamento, foram tomadas fotografias das lesões e da
fluorescência emitida sob luz de Wood (365nm) após o período de incubação (3h).
Durante a fase de irradiação luminosa com luz vermelha (superLEDs 633nm, 7
minutos), a área foi resfriada por um dispositivo de analgesia temporária por
resfriamento intenso, com a finalidade de diminuir o desconforto térmico e a dor
causados pela PDT.
Após as sessões os pacientes recebiam as orientações por escrito, sendo
primordial evitar exposição da área tratada à luz solar ou artificial; para isso davase a preferência por manter o curativo oclusivo durante as 48 horas subsequentes
a cada sessão. Outras medidas incluíam: elevar a cabeça para evitar edema
matutino (quando as lesões estavam localizadas próximas a órbita ocular),
analgésicos sob demanda, antibióticos tópicos e sistêmicos via oral (no caso de
haver exulcerações na pele), uso de sabonetes suaves e indispensavelmente o
uso de protetores solares (FPS>50).
No pré-tratamento a fluorescência pela luz de Wood era sempre positiva.
Se após os 7 minutos de irradiação com a luz de superLEDs vermelha um novo
102
exame da área da lesão com a lâmpada de Wood detectasse fluorescência
residual, a aplicação era extendida até ocorrer o completo desaparecimento da
fluorescência.
Dos 84 pacientes portadores de CBC superficial e nodular, 81 eram
primários, isto é, previamente não tratados (81/84). Três pacientes tinham
recidivado nos últimos meses, (3/84), porém sem tratamento nos últimos 3 meses.
Todos pacientes com diagnóstico histopatológico comprovado por biópsia
incisional de pele foram incluídos neste estudo terapêutico prospectivo, não
comparativo, observacional de avaliação clínica do tratamento com MAL-PDT.
Oitenta e três pacientes foram classificados como caucasianos (fototipos 1 e 3) e 1
como amarelo (fototipo 4). A idade variou de 31 a 87 anos (média de 62,37 anos),
sendo
47
mulheres
(55,95%)
e
37
homens
(44,05%),
cujos
exames
histopatológicos confirmaram 112 lesões de CBC. Os detalhes clínicos relevantes
(como número de lesões, localização) encontram-se reunidos na Figura 9.
Dos 84 pacientes, 80 (80/84; 95,24%) mantiveram assiduidade de
comparecimento pelo menos uma vez ao ano, e o índice de resposta completaIRC (cura clínica e videodermatoscópica) em todo o período do estudo foi de
86,91%, ou seja, dos 84 pacientes com CBC houve 18 casos de recorrência
(18/84; 21,41%). No mês 12, dois pacientes apresentaram recorrência, sendo que
as formas foram nodulares e de localização nasal e outra pavilhão auricular.
Aparentemente, essas recorrências tendem a aparecer com mais frequência nas
áreas faciais. Resultados similares foram observados nos demais meses até A2.
Aos casos de recorrência foi-lhes oferecida a possibilidade de novo tratamento
com PDT ou terapias alternativas.
Não houve relato de efeitos adversos sérios, além de efeitos de fase aguda
como dor, eritema e pustulização na área tratada. Lesões primárias novas de
CBC em outras regiões não contíguas de pele foram relatadas em 18 casos
(78/18; 18,75%) no período de 3 a 24 meses. Em 78 casos tratados o índice de
cura para os meses de seguimento M6, M12, A2 foram respectivamente de 100%,
96,5% e 84,8% (Figura 27).
103
Enquanto 37 pacientes receberam as 2 sessões com intervalo exato de 7
dias, para outros 47 o intervalo variou de 8 a 15 dias. Outros 27 pacientes foram
tratados com 3 sessões, sendo que da 2a para a 3a sessão o intervalo
estabelecido era de 15 dias. A taxa de cura não mostrou variação entre os
pacientes cujas sessões tiveram diferentes intervalos (7 a 15 dias de intervalo).
Entre os 84 pacientes com CBC, 63 eram portadores de lesões únicas
(63/84=75%) e 21 eram portadores de lesões múltiplas de CBC (21/84=25%). Ao
longo do período de seguimento, 11 pacientes (11/84: 13,08%) não apresentaram
boa resposta ao tratamento, portanto com recidiva de CBC em 11 lesões dentre as
112 lesões tratadas (11/102: 10,72%). Dentre os pacientes com recidiva
(11/84=13,08%) observamos que 6 casos (6/84=7.14%) apresentavam lesões
únicas de CBC e 5 casos (5/84=5,94%) possuíam múltiplas lesões de CBC de
pele.
Ao analisarmos os 11 casos de recidiva constatamos que ocorreram em
9,52% (6/63) em portadores de lesões únicas e em contraste, ocorreram em
23,8% (5/21) dos portadores de lesões múltiplas. Portanto, pacientes com lesões
múltiplas de CBC parecem ser mais propensos às recidivas após MAL-PDT.
Pacientes com lesões múltiplas de CBC ou com CBC associado a
ceratoses actínicas e a outras lesões neoplásicas actínicas mostraram-se mais
propensos a buscar tratamento através de MAL-PDT, embora possam não ser
candidatos ideiais para inclusão em estudos clínicos.
Lesões recorrentes (recidivas) ou resistentes ao tratamento com 2 sessões
de PDT, tiveram indicação de retratamento com PDT ou mudança para outra
modalidade cirúrgica de tratamento (excisão cirúrgica e cirurgia micrográfica de
Mohs).
Quanto ao resultado cosmético (cosmesis) a maioria dos pacientes (73/84;
86,91%) com cura complete estavam satisfeitos com o resultado cosmético a partir
do mês 2 (M2) até o momento de seguimento clínico atual. Os resultados das
avaliações objetiva pelo dermatologista e subjetiva pelo paciente foi semelhante e
os resultados foram classificados entre ótimos e excelentes.
104
As áreas anatômicas mais comumente afetada foram a cabeça e o
pescoço, que juntos totalizaram 83 lesões (83 /112; 74,10%), sendo a área nasal
acometida em 34 pacientes, totalizando 37 lesões (37/112; 33,03%) (Figura 9)
A duração do período de seguimento pós-tratamento com PDT variou de 6
meses a 60 meses. Como não houve seguimento equânime dos 84 casos, em
termos temporais, apenas podemos verificar que a taxa de cura foi de 100% aos 3
e 6 meses (84 /84).
Foram observadas falhas terapêuticas ou recorrência em 11 pacientes. As
recorrências foram em média detectadas após 20 meses de tratamento, sendo o
período mais curto após os 6 meses da MAL-PDT e o mais longo entre 24 e 48
meses (calculado em 33 meses), após a MAL-PDT.
Dos 57 pacientes avaliados aos 12 meses somente 2 pacientes (2/57;
3,50%) apresentaram recidiva. No seguimento de 2 anos, foram encontrados 6
pacientes com recidiva (6/46; 13,04%). E no seguimento de 3 anos mais 3
pacientes (3/28; 10,71%) apresentaram recidiva, completando o total de 11
pacientes com recidiva durante o seguimento clínico de até 5 anos. A mais
frequente localização das recorrências após 9 meses foram o nariz (n= 8), seguido
da região frontal (n=2) e um pavilhão auricular. A taxa de recidiva a longo prazo foi
de 13,09% (11/84).
Estudos internacionais de longo prazo reforçam os conhecimentos e as
“garantias” sobre a segurança do uso repetido da PDT. Essa técnica pode ainda
reduzir o número de novas lesões em desenvolvimento nos doentes com risco
elevado de câncer da pele e pode ter importante função como terapia preventiva
na pele propensa ao desenvolvimento de câncer de pele, o chamado “campo
cancerizável”.
Todos os tratamentos para o CBC tem suas vantagens e desvantagens e a
escolha terapêutica geralmente depende de fatores como localização, tamanho e
número de lesões, capacidade de cicatrização do indivíduo, risco de alteração
funcional, resultado cosmético e qualidade estética.
Atualmente o tratamento mais efetivo para o CBC é a cirurgia micrográfica
de Mohs. O índice de recidiva da técnica está em torno de 1%. Esta técnica
105
cirúrgica, porém, exige treinamento de capacitação mais rigoroso e prolongado,
bem como, equipamentos mais sofisticados para a cirurgia e avaliação
histopatológica per operatória do espécimen removido. Isto pode tornar mais difícil
a sua execução atualmente, principalmente no Brasil.
Estudos clínicos randomizados e consensos descrevem a alta eficácia da
MAL-PDT no CBC superficial e moderada eficácia no CBC nodular, confirmando a
superioridade do resultado estético quando comparado com a criocirurgia,
eletrocirurgia e cirurgia convencional. Estudos sugerem que a longo prazo a MALPDT tem taxas de recorrência equivalentes a outras terapias no CBC superficial,
porém no CBC nodular a MAL-PDT demonstrou menor eficácia que a cirurgia
convencional e micrográfica.
Os índices de cura clínica de CBC publicados para MAL-PDT são de 87%
com 3 meses e a cura histológica cai para 77% nesse período. Após 2 anos, a
taxa de recorrência foi de 22%, sendo que 84% dos pacientes consideraram a
resposta cosmética (resultado estético) de ótima a excelente.5 O Consenso
Britânico de 2008 (British Guideline) lista as evidências para o manejo do CBC
com opções de tratamento que envolvem imiquimod tópico, criocirurgia,
curetagem e eletrocoagulação, excisão cirúrgica, radioterapia, lasercirurgia e PDT
com ALA ou MAL. Múltiplos estudos demostraram que a eficácia da MAL-PDT no
tratamento do CBC é equivalente ou superior a crioterapia com nitrogênio líquido.4
Neste estudo o índice de cura clínica e videodermatoscópica aos 3 meses
foi de 100,0% (82/82 casos), diferindo da literatura. Com 12 meses de seguimento,
caiu para 96,5% (55/57 casos) (na literatura 84,0%). A pior resposta clínica
ocorreu com pacientes portadores de lesões múltiplas de CBC nodulares finos ou
com antecedentes de recidivas após tratamentos cirúrgicos anteriores (pacientes
número: 7, 14 e 43). Aparentemente houve menor índice de cura com as lesões
de maior diâmetro (maior ou igual a 2 cm) quando comparadas as de diâmetro de
até 1,9cm. Por isso, se fez importante a indicação de pelo menos uma terceira
sessão nas lesões de maior diâmetro. Estes casos, portanto, não parecem
constituir, do ponto de vista clínico, os pacientes ideais para a indicação de MALPDT.
106
A cidade de Bauru, no noroeste de São Paulo, recebeu no final do século
19 e início do século 20 muitos imigrantes europeus, principalmente portugueses,
espanhóis e italianos, que se dedicaram a atividades agrícolas e a pecuária, com
intensa e extensa exposição a radiação solar, justificando o predomínio de
caucasianos na casuística deste estudo (fototipo n=83 de pele tipos 2 e 3 de
Fitzpatrick). Posteriormente ocorreu a imigração japonesa que se concentrou em
outras cidades da região, inicialmente dedicadas a avicultura e agricultura.
A MAL-PDT é geralmente bem tolerada. O principal efeito adverso
associado a MAL-PDT é a dor, que é tipicamente em queimação, ardência,
latejante ou com sensação de pinicação, predominantemente durante a fase de
iluminação, com duração média de 7 minutos, cujo efeito residual habitualmente
se extinge totalmente após cerca de 4 horas. Assim, os pacientes experimentaram
sintomas dolorosos durante o tratamento e em grau muito menor nas 4 horas
seguintes. Para diminuição da dor o uso de equipamento resfriador cujo ar frio
expelido demonstrou ser suficiente para a maioria dos pacientes. Em nenhum
caso o paciente precisou interromper indefinidamente ou desistiu e não completou
o tratamento devido a dor. Todos os pacientes receberam analgésico previamente
ao tratamento e orientação pós-operatória.
Quando a sessão era finalizada, a maioria dos pacientes apresentavam
transitoriamente a pressão arterial aumentada e que se reduzia rápida ou
gradualmente sem nenhuma intervenção. Acredita-se, portanto, que seja
relacionada a intensidade da dor e a ansiedade.
A ardência e a dor em grau variável de intensidade foram os efeitos
adversos observados em 100% dos casos, durante e imediatamente após a
irradiação da luz (Figuras 21, 22 e 23). Após o tratamento com a MAL-PDT os
principais efeitos adversos observados foram prurido (Figura 24), edema e eritema
leves
ou
moderados
que
normalmente
evoluíram
para
descamação
e
ressecamento discreto. A dor em queimação e ardência foram as queixas
predominantes e considerados toleráveis geralmente.
A dor foi relatada na maioria dos pacientes como sendo mais acentuada na
segunda sessão da PDT (Figura 21). Isto poderia ser explicado pela anestesia
107
local aplicada para a biópsia na primeira sessão e pela maior penetração do
fotossensibilizante na segunda sessão. Nos casos submetidos à terceira sessão a
dor foi menos intensa que nas anteriores, provavelmente devido a existência de
um número reduzido de células neoplásicas (“alvo” da PDT) residuais e ao efeito
imunoestimulante promovido pelas sessões anteriores.
Em 8 pacientes com tratamento realizado na região nasal e uma paciente
com sessões realizadas na região esternal foram observadas vesículas e pústulas
assépticas. Após a introdução do método de resfriamento com equipamento
resfriador (Siberian) na rotina da aplicação da irradiação luminosa, esses sintomas
não foram mais observados. Os sintomas dolorosos foram mais intensos nos
portadores de lesões localizadas na face, particularmente no nariz, com ocorrência
concomitante de lacrimejamento, limitado ao período da irradiação, como melhora
acentuada após o término da sessão da MAL-PDT.
A ocorrência de hipercromia pós-tratamento mostrou-se transitória e
geralmente foi observada nos pacientes com fototipo 3 ou 4. Em outros casos, foi
observada a formação cicatriz hipocrômica ou acrômica que pareceu relacionada
ao sítio de realização da biópsia de pele.
Atualmente recomenda-se a PDT (com MAL ou ALA) com força de
remendação A e qualidade de evidência I para o tratamento do CBC.
A PDT é particularmente vantajosa para casos com lesões múltiplas ou
extensas de CBC superficial e para lesões localizadas em áreas cosmeticamente
difíceis ou de difícil cicatrização. Os benefícios da PDT a tornaram uma boa
alternativa nas áreas anatomicamente difíceis, ocasionando rápida cicatrização,
com bons a ótimos resultados cosméticos e poucos efeitos adversos locais
comparados aos da excisão cirúrgica e da crioterapia/criocirurgia.
O futuro da PDT na prática clínica e rotina dermatológica dependerá de
quando e o quanto será possível minimizar a dor induzida durante a fase de
iluminação do tratamento e de como serão disponibilizados os agentes
fotossensibilizantes que permitam reduzir o tempo de incubação, tornando-os
cada vez mais efetivos, para que os índices de cura demonstrem ser
inequivocamente elevados nos seguimentos de longo prazo, o que deverá aliar-se
108
a necessidade sempre imperativa de redução de custos do tratamento, podendo
resultar em novas estratégias e abordagens versáteis para a indicação da PDT no
futuro.56
109
7 CONCLUSÃO
Frente a uma variedade de modalidades terapêuticas disponíveis para o
seu tratamento, o CBC atualmente é frequentemente tratado com PDT devido a
resposta favorável, com elevados índices de cura, e ao excelente resultado
cosmético.5,8
O objetivo deste estudo foi avaliar a evolução clínica, cronologicamente da
MAL-PDT no tratamento de lesões de CBC em um grupo de 84 pacientes
pertencentes a população do noroeste de São Paulo, Brasil. As lesões foram
tratadas com MAL-PDT convencional, com creme de MAL a 16% ocluído por 3
horas e irradiado por luz vermelha (LEDs de 633 nm, 37,8 J/cm2, 7 minutos),
repetidas em 2 sessões (n=57) ou 3 sessões (n=27), com intervalos de 1-2
semanas. A resposta de clínica foi avaliada nos 3 a 60 meses após o tratamento
(M3, M6, M12, A2, A3, A4 e A5).
Em conclusão, o estudo constatou a resposta clínica favorável e boa
tolerabilidade da PDT tópica (MAL-PDT) no tratamento do CBC em um grupo de
84 pacientes do interior paulista. O índice de cura de 96,5% (55/57) observado aos
12 meses de seguimento de 57 casos do grupo de pacientes deste estudo, ainda
que superior, assemelha-se ao descrito na literatura internacional.5
110
8 CONSIDERAÇÃO FINAL
A MAL-PDT reafirma-se como uma modalidade de tratamento útil para
CBCs superficiais e nodulares finos, sendo geralmente bem tolerada, cujo
principal efeito adverso é a dor em queimação na área tratada predominantemente
durante o curto período de irradiação luminosa.
Estudos prospectivos controlados e randomizados, com grupos maiores de
pacientes com longo prazo de seguimento são esperados no tratamento de CBC
com MAL-PDT.
A MAL-PDT é considerada uma opção terapêutica não-invasiva, segura,
eficaz ou moderadamente eficaz, muito bem tolerada e aceita para tratar CBCs em
áreas esteticamente vulneráveis como a face. Embora não seja recomendada
como a primeira opção para muitos pacientes, a MAL-PDT é bastante adequada
aos pacientes com elevado grau de exigência estética e qualidade de vida ou
quando as condições clínicas restringem a indicação cirúrgica.
111
GLOSSÁRIO
DEFINIÇÃO DE TERMOS ESPECIALIZADOS
Índice de fluorescência (fluorescence rate): número de partículas que
interceptam a unidade de área em dado tempo, expresso tipicamente em Watts
por m2 (W/m2).
Fotossensibilizante: composto que absorve luz e inicia uma reação fotoquímica
ou fotofísica.
Oxigênio singleto (singlet oxygen): forma energizada ou excitada do oxigênio
molecular caracterizada pelo spin oposto de um par de elétrons o qual é menos
estável e mais reativo que o oxigênio triplet normal (O2).
Estado tripleto (triplet state): estado da molécula ou radical livre com 2 elétrons
não pareados.
Estado ground (ground state): estado de partícula elementar com menor
energia em um sistema físico, usualmente dito estado singlet. Há exceções como
o oxigênio, cujo estado ground (triplet) pode ser convertido em singlet de alta
energia durante a terapia fotodinâmica.
Irradiância: é a potência óptica útil do laser/luz, expressa em W/cm2.
Fluência: é a taxa de energia que está sendo aplicada no tecido biológico,
expressa em J/cm2.
112
REFERÊNCIAS
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cell carcinoma. Br J Dermatol 1999;141:415-23.
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Photodermatology Group. Br J Dermatol 2002;146:552-67.
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cancer: an international consensus. J Am Acad Dermatol 2007;56:125-43.
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basocelulares?
An
Bras
Dermtol.
124
ANEXOS
ANEXO 1 – PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA (APROVAÇÃO)
125
126
ANEXO 2 - PROTOCOLO DE INCLUSÃO (FORMULÁRIO)
FICHA DE ATENDIMENTO DERMATOLÓGICO
DADOS PESSOAIS
Cadastr
Particul
o
ar
Nome do Paciente
Data de Nascimento
/
Convêni
o
Data
Idade
/
Sexo
Estado Civil
Local de Nascimento
/
Etnia
N.º de Filhos
/
Endereço (rua, número e
bairro)
Cidade
Local de
Peso
Altura
UF
CEP
Profissão
_
Tel.
Residencial
Em Emergência Contatar
(Nome/Telefone)
Tel.
Celular
E-mail
HISTÓRIA MÉDICA
(Alguma vez apresentou algum dos seguintes problemas de saúde)
1 – Pressão alta?
Sim
Não
9 – Inchaço nas pernas? Varizes?
2 – Problema de coração?
10 – Ovários policísticos (mulheres)?
Marcapasso?
11 – Algum outro problema médico?
Sim
Não
3 – Diabetes?
4 – Asma, rinite, ou outras alergias?
Qual?__________________________
5 – Tem alergia a algum
12 – Problemas de estômago ou
medicamento?
intestino?
13 – Tratamento anterior com laser,
Qual?_______________________
peelings ou dermabrasão?
Medicações utilizadas atualmente (favor citar nomes)
6 – Herpes ?
14 – Tratamento anterior por cirurgia
Anticoncepcional:____________________Analgésicos:______________________Supl.
plástica?
Antihipertensivo: ____________________Antiinflamatórios: __________________Dietéticos:_________________
Antidiabético:_______________________Vitaminas:________________________Fitoterápicos:________________
Outros:
___
Por favor, resuma o seu problema dermatológico atual:
______________________________________________________________
* No caso de dúvida sobre alguma das questões acima, por favor, deixe em branco e/ou pergunte ao médico ao
consultar-se.
* Estou ciente de que respostas falsas podem acarretar prejuízos a minha saúde.
127
ANEXO 3 – Termo de Consentimento Pré-Informado
128
129
ANEXO 4 – FICHA DE DICAS E CUIDADOS - TERAPIA FOTODINÂMICA
Abaixo estão listadas 12 dicas e cuidados a serem observados após o tratamento
pela terapia fotodinâmica que ajudarão a acelerar a recuperação:
1. Evite ao máximo ficar no sol e sob luz artificial até 2 dias após o tratamento.
2. Evite expor-se ao calor do fogão ou forno.
3. Ao lavar a área tratada use água fria.
4. Se o local tratado estiver ardido, poderá tomar o analgésico antes de dormir.
5. Mantenha o curativo ocluído (fechado) por 2 dias. Ao retirar o primeiro curativo
(ou seja, na primeira troca), poderá antes molhar no banho para o micropore se
soltar facilmente. Pode molhar previamente com soro fisiológico.
6. Normalmente o curativo ficará coberto por micropore durante 2 dias para
proteger da luz do ambiente e do sol. Isto pode ocasionar um pouco de coceira
local. Se a coceira for moderada, não se preocupe, porque ela será temporária.
7. As áreas tratadas normalmente ficam bastante avermelhadas, devido à reação
que ocorre entre o medicamento e a luz. Portanto isto já é esperado.
8. Após retirar o curativo, lavar a área tratada com sabonete suave e aplicar o
creme antibiótico, podendo deixar aberto ou cobrir com novo curativo. Ao sair de
casa ou para dormir é aconselhável cobrir a ferida com curativo ou equivalente
comercial como “Band-Aid, para não machucar ou sangrar.
9. Importante: antes de sair de casa, SEMPRE passe o protetor (filtro) solar
sobre o local tratado (assim como no restante da pele exposta).
10. Quando o filtro solar for aplicado e a pele estiver muito sensível, poderá haver
ardência. O local, então, pode ser deixado sem o filtro solar caso esteja protegida
do sol ou da luz direta dentro da residência.
11. Quando o tratamento é realizado próximo a área dos olhos, poderá ocorrer
inchaço no dia seguinte, o que é normal. Para evitar este inchaço, recomenda-se
na primeira noite dormir com travesseiro mais alto para elevar a cabeça.
12. Na segunda sessão a área tratada ainda não estará completamente
cicatrizada. O ferimento poderá estar úmido, avermelhado, descamando ou
apresentar crostas (cascas). Isto é normal e a segunda sessão continuará
indicada e inclusive auxiliará a absorver melhor o medicamento do tratamento.
130
Para esclarecimentos de dúvidas ou orientações estarei a disposição para contato
pelos telefones ou no endereço abaixo:
Dra Valeria Taborda Tel.: (14) 3879-2021 OU (14) 99123-8770
Rua Eng. Saint Martin, 18-19 – Bauru – SP – CEP 17015-351
ANEXO 5 – INFORMAÇÕES DO ESTUDO (DIVULGAÇÃO)
DIVULGAÇÃO:
TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO PARA CÂNCER DE PELE (CARCINOMA BASOCELULAR)
COM TERAPIA FOTODINÂMICA
AGENDAMENTO NO CENTRO DE DERMATOLOGIA E LASER - UNIDADE DE TERAPIA
FOTODINÂMICA
RUA SAINT MARTIN, 18-1. BAURU - SP
TEL. (14) 3879-2021
(14) 3879-2022
131
APÊNDICE
Apêndice 1 - Cronograma do estudo.
Selecionar
Pacientes
Conduzir
Tratamentos e
Avaliações
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Processar
Resultados/
Avaliações
Finais
Relato da
Pesquisa
Inglês/Portuguê
s
X
X
X
Apêndice 2 – Efeitos adversos
Sessão
1
Data:
Dor (0 1 2 3)
Prurido (0 1 2 3)
Eritema (0 1 2 3)
Vesiculação/pústulas
(0 1 2 3)
Edema (0 1 2 3)
Exulceracao (0 1 2 3)
Crostas (0 1 2 3)
Tolerabilidade
(efeitos adversos)
Discromia (0 1 2 3)
Sessão
2
Data:
Sessão
3
Data:
Semana
2
Data:
Semana
4
Data:
132
Terapia (D0), após 2 dias (D2), 1 semana (S1), 2 semanas (S2) e 4 semanas (S4)
após cada uma das 2 sessões. Para avaliação de segurança (efeitos colaterais) e
eficácia os pacientes serão acompanhados até um mês da segunda sessão. A
seguir o seguimento (follow up) para cura oncológica será dividido em 2 períodos:
No primeiro período: após 3 meses (M3), 6 meses (M6) e 12 meses (M12). No
segundo período: uma vez ao ano até completar 3 anos (A2, A3).
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