fatores que interferem no tratamento de hipertensos

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FATORES QUE INTERFEREM NO TRATAMENTO DE HIPERTENSOS
CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA NO MUNICÍPIO DE GUANAMBI-BA
Gessilei da Costa Castro1, Hérmerson Sales Guimarães1, Iana Ribeiro Ladeia1,
Izamiro de Brito Fernandes Júnior1, Lílian Flávia Souza dos Santos1, Rafael Martins
Reis1, Alzira Stela Boa Sorte Moraes2
1
Graduando (a) do Curso de Enfermagem, Faculdade Guanambi, FG, Guanambi – BA.
2
Enfermeira, Especialista em Gestão e Sistemas de Saúde e docente da Faculdade Guanambi, FG,
Guanambi – BA.
RESUMO: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença silenciosa
causadora de um grave problema de saúde pública mundial e apresenta alta
prevalência no Brasil. A realização desta pesquisa teve o objetivo de identificar os
fatores que interferem no tratamento de hipertensos, sendo feita a coleta de dados
através de entrevista no mês de outubro de 2012, na Unidade de Saúde da Família
(USF) correspondente aos bairros Brasília e Santo Antônio no Município de
Guanambi, estado da Bahia. Apesar do nível de escolaridade ser relativamente
baixo, as orientações dos profissionais de saúde da USF estão sendo bem
compreendidas pelos pacientes, podendo se justificar pelo alto índice de adesão a
terapia medicamentosa. Fatores ambientais como o estresse, sedentarismo e o
estilo de vida inadequado fazem parte do cotidiano de boa parte dos hipertensos, o
que representa um perigo a estabilidade da pressão arterial.
Palavras-chave: Fatores que Interferem. Hipertensão Arterial. Saúde pública.
Tratamento.
ABSTRACT: The Systemic Arterial hypertension is a silent disease that causes a
serious public health problem worldwide and it’s highly prevalent in Brazil. The aim of
this research is to indentify the sources that are involved in the hypertensive people,
being made the collection of data through the interview on october 2012, in the family
health unit related to the Brasília and Santo Antônio Neighborhoods, Guanambi city,
State of Bahia. Although the education degree is relatively low, the guidelines of the
healthcare professionals from USF are being well understood by the patients, it can
be justified by the high rate of adherence of the drug therapy. Environmental sources
such as stress, sedentary and an inappropriate life style is part the daily life of most
of the hypertensive people, it represents a danger for the blood pressure.
Keywords: Arterial Hypertension. Public health. Stray Factors. Treatment.
INTRODUÇÃO
A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública
mundial e apresenta alta prevalência no Brasil de 22 a 44% sendo que o controle
está longe de atingir os níveis necessários, mesmo com os diversos tratamentos
medicamentosos disponíveis. Anualmente no Brasil gasta-se em média 400 milhões
de dólares em hospitalizações por consequência da HAS e seus agravos (LOPES &
DRAGER, 2009).
O fato de a hipertensão ser uma patologia silenciosa a torna ainda mais
nociva, pois, muitos casos são diagnosticados tardiamente resultando em graves
complicações. De acordo com Smelzer & Bare (2005) é caracterizada pelo aumento
das pressões sistólica e diastólica ultrapassando os limites considerados normais
139x89 mmHg segundo o Conselho Internacional de Hipertensão, classifica-se em
primária onde é desconhecida a causa que desencadeou esta condição e
secundária sendo conhecida a causa para tal.
As mudanças no estilo de vida são indispensáveis no sucesso terapêutico e
na prevenção de complicações provindas da hipertensão devendo estar associada à
terapia medicamentosa, apoio familiar e boa orientação da equipe multiprofissional
que deve ser acessível e receptiva aos usuários da rede básica de saúde. Os
estudos de Brasil (2006) descrevem a HAS como a mais frequente das doenças
cardiovasculares e também o principal fator de risco para as complicações como
acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica
terminal, o que causa um impacto elevado na morbimortalidade no Brasil.
Diante do número crescente de pessoas acometidas pela HAS e Diabetes
Mellitus (DM), o Ministério da Saúde (MS), criou há alguns anos o Programa
HIPERDIA com o intuito de reorganizar e prestar uma assistência continuada aos
portadores dessas doenças (CARVALHO et al., 2012). Para tanto foi preciso
disponibilizar os insumos necessários para que a rede de atenção básica de todo o
país pudesse diagnosticar precocemente e acompanhar os usuários, prevenindo as
futuras complicações.
A realização de pesquisas com esta finalidade é relevante para que se
obtenha uma visão mais ampla do problema, visto que pessoas com variadas
características são acometidas pela HAS. A coleta de informações a respeito dos
fatores socioeconômicos, hábitos diários, nível de adesão ao tratamento e disciplina
com relação às recomendações dos profissionais de saúde, possibilitou conhecer
intimamente a problemática que cerca a continuidade da terapia anti-hipertensiva
dos usuários.
Tendo em vista a complexidade da HAS e que o diagnóstico e continuidade
do tratamento representam um problema grave de saúde pública, o presente estudo
teve como objetivo identificar os fatores que interferem no tratamento de hipertensos
e mostrou-se relevante por se tratar de uma patologia comum as diversas camadas
sociais.
MATERIAL E MÉTODOS
Tratou-se de um estudo descritivo, exploratório, de corte transversal, visando
conhecer os fatores que interferem no tratamento dos pacientes portadores da
hipertensão arterial, realizado na Unidade de Saúde da Família (USF) localizada no
Bairro Brasília e que atende também ao Bairro Santo Antônio, no município de
Guanambi no estado da Bahia.
Para tal foi necessária a participação de 60 (20,5%) dos Clientes hipertensos
cadastrados e acompanhados no Programa Hiperdia da referida (USF) com idade
igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, sendo escolhidos de forma
aleatória. A entrevista foi realizada através de um questionário composto por 14
questões abertas e fechadas sendo algumas de múltipla escolha.
Para confirmar a participação de cada entrevistado foi realizada a leitura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e solicitada à assinatura do
participante. Quando o mesmo se mostrou incapaz de assinar por razões
justificáveis foi solicitada a uma testemunha que o fizesse, desse modo, respeitando
os princípios éticos cabíveis a pesquisas envolvendo seres humanos.
A coleta de dados foi realizada entre os dias 03 e 17 de outubro de 2012,
contando com a participação dos usuários que compareceram as consultas
agendadas e ainda através de visita domiciliar, tendo a colaboração dos Agentes
comunitários de saúde (ACS) e suas respectivas áreas de cobertura. O tratamento
estatístico dos dados bem como a elaboração gráfica e tabulação foram realizados
utilizando os softwares da Microsoft Excel e Word.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 demonstrou que do total entrevistados, 40% encontra-se entre 30 e
59 anos de idade e 60% entre 60 e 89 anos de idade.
De acordo com Rosa et al. (2009) entre os clientes idosos atingir os níveis
pressóricos adequados é ainda mais difícil, pois, os efeitos colaterais das
medicações e a dificuldade de adesão ao tratamento são empecilhos significativos.
O fator etário é obviamente dificultador terapêutico não só pelos itens citados
anteriormente, mas, pelo processo de senilidade que traz limitações físicas que
incluem a redução da acuidade visual e motora limitando o auto cuidado inclusive a
adesão de práticas saudáveis.
Um estudo feito por Artioli et al. (2010) demonstrou que os usuários com 60
anos de idade ou mais representam uma faixa etária onde a aderência a terapia
medicamentosa é menor em relação a usuários com idade inferior a 60 anos.
De acordo com a Tabela 1, contatou-se que, 28% dos entrevistados são do sexo
masculino e 72% são do sexo feminino. Corroborando com estudos de Mousinho &
Moura (2008) as mulheres são mais atentas aos seus problemas de saúde e
buscam os serviços de saúde mais frequentemente que os homens. Desse modo, o
número de hipertensos do sexo masculino poderia ser maior, demonstrando assim
que o sexo é um fator decisivo para o diagnóstico e tratamento adequados da HAS.
O estudo realizado por Giorgi (2006) mostrou que o sexo masculino
representou um número superior com relação ao abandono do tratamento antihipertensivo sendo a faixa etária entre 20 e 40 anos de idade. Sendo assim, os
homens parecem estar estão menos preocupados com sua saúde e estão mais
susceptíveis as complicações provindas da HAS.
Os dados obtidos quanto ao nível de escolaridade mostram que: 40% das pessoas
são analfabetas, 48% cursaram apenas o ensino básico, 5% concluíram o ensino
fundamental, 7% tem o ensino médio e 0% fizeram nível superior.
Brasil (2006) descreveu entre outros fatores psicossociais o grau de
escolaridade
como
um
dado
relevante
da
história
dirigida
ao
paciente.
Indiscutivelmente o nível educacional é um entrave considerável no que concerne a
continuidade terapêutica farmacológica e não farmacológica da HAS, sendo assim,
as orientações voltadas para a clientela hipertensa devem ser claras e objetivas
visando uma melhor compreensão para os mesmos.
Pedrinho et al. (2006) citaram o nível de escolaridade como um fator de
grande importância relacionado ao planejamento de estratégias de ação em saúde,
pois, baseado no mesmo é possível direcionar as atividades de acordo com as
limitações de compreensão individuais e coletivas.
Quanto aos resultados obtidos por renda mensal observou-se que 57% dos clientes
pesquisados ganham até 1 salário mínimo, 28% recebem entre 1 a 2 salários, 15%
recebem entre 3 a 4 salários e 0% recebem 5 salários ou mais.
O aumento das complicações provindas da HAS nas camadas sociais menos
favorecidas, pode ser justificada pela alimentação pobre em vegetais, grãos, cereais
e alimentos saudáveis e fatores ambientais de uma forma geral. De acordo com
Falcão & Durante (2010) o baixo nível socioeconômico está relacionado a uma
prevalência maior de clientes hipertensos e ainda há um risco elevado de lesões em
órgãos nobres como coração, rins, olhos e cérebro.
Para Barbosa & Lima (2006) a magnitude e o impacto do baixo índice de
adesão ao tratamento em países emergentes também pode ser resultante da
escassez e ainda a desigualdade na acessibilidade aos serviços de saúde. Sendo o
Brasil um país com proporções territoriais de continente, oferecer a todos seus
habitantes os serviços de forma igualitária representa um desafio a ser vencido.
Nos resultados quanto a Etnia/cor demonstrou-se que dos pesquisados 33% são da
cor branca, 55% são de cor parda, 10% são da cor preta, 0% são da cor amarela e
2% são indígenas.
As pessoas de cor preta representam uma pequena parcela deste estudo, no
entanto, devem ser tratadas com cautela. Para Falcão & Durante (2010) os negros
possuem uma maior possibilidade de ser acometidos pela hipertensão e estão mais
vulneráveis as complicações provindas da doença.
Giorgi et al. (2009) afirmam que o fato de o Brasil ter uma população
altamente miscigenada torna os fatores étnicos controversos com relação à gênese
da HAS e o estudo realizado em Salvador (BA) demonstrou maior chance de
hipertensão ligada a raça em mulheres pardas e negras respectivamente. Sendo a
HAS de gênese multifatorial, não parece que a questão raça seja um fator isolado
para o surgimento da HAS.
Tabela 1 - Distribuição dos usuários assistidos pelo Programa HIPERDIA de
acordo com as variáveis socioeconômicas e demográficas.
Idade (anos)
%
30 a 59
40
60 a 89
60
Sexo
%
Masculino
28
Feminino
72
Nível de Escolaridade
%
Analfabeto
40
Ensino Médio
48
Ensino Fundamental
5
Ensino Médio
7
Ensino Superior
0
Renda
%
≤ 1 salário
57
1 a 2 salários
28
3 a 4 salários
≥ 5 salários
15
0
Etnia/ Cor
%
Branca
33
Parda
55
Negra
10
Amarela
0
Indígena
2
Entre os pacientes entrevistados que afirmaram ser hipertensos há menos de
1 ano somam 5%, os que alegam a hipertensão entre 1 e 10 anos são 55%, os que
portam a doença entre 11 e 20 anos correspondem a um total de 28,3% e entre 21 e
30 anos somam 11,7%. (Figura 1)
Corroborando com Smelzer & Bare (2005) o desvio terapêutico de doenças
crônicas como a HAS constitui um problema considerável e estima-se que o
abandono da terapia atinja 50% ainda no primeiro ano.
Os clientes que são portadores da HAS há muito tempo e que já conhecem
bem os efeitos da medicação oferecem menos riscos de abandonar o tratamento,
pois, se adaptaram à sua condição patológica, deste modo, os ajustes
medicamentosos possíveis já foram feitos pelo médico.
De acordo com Rosa et al. (2007) muitos pacientes não toleram bem alguns
fármacos de primeira escolha ou as metas terapêuticas não são alcançadas,
gerando a necessidade de mudar a medicação.
Figura 1 - Tempo de acometimento pela hipertensão
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Menos de 1 ano
55%
1 a 10 anos
11 a 20 anos
28,3%
5%
11,7%
21 a 30 anos
Observou-se que 91,7% dos usuários fazem o uso da medicação conforme
prescrição médica e 8,3% não seguem corretamente a prescrição médica. (Figura 2)
Corroborando com o presente estudo Carvalho et al. (2012) citam o esquecimento e
o atraso no uso dos medicamentos entre as principais razões para a não aderência
a terapia medicamentosa. Por se tratar de uma doença crônica a assiduidade do
tratamento deve ser mantida permanentemente visando um patamar adequado no
controle da doença.
Apesar de o número usuários comprometidos com a terapia ser satisfatório
neste resultado, o percentual dos não aderentes representa preocupação, pois
compromete um prognóstico favorável, resultando em possíveis complicações do
estado geral de saúde. Para Mion Júnior et al. (2006) a adesão a terapia pode ser
determinada pelo grau de coincidência entre a prescrição
médica e o
comportamento do cliente.
Segundo Falcão & Durante (2010) a droga adequada deve ter boa eficácia
por via oral, ser bem tolerada, apresentar posologia simplificada e ser de baixo
custo. Para que se tenha uma melhor adesão ao tratamento, os itens citados
anteriormente devem estar associados às orientações frequentes dos médicos e
profissionais de saúde.
Figura 2 - Uso da medicação conforme prescrição Médica
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
91,7%
Não
Sim
8,3%
Os dados obtidos na tabela 2 demonstram a frequência mensal de aferição da
pressão arterial (PA) onde 68,3% dos entrevistados fazem a aferição da PA de 1 a 4
vezes ao mês, 16,7% aferem a PA entre 5 e 8 vezes ao mês, 6,7% aferem a PA de
9 a 12 vezes ao mês e 8,3% aferem a PA mais de 12 vezes ao mês.
Os dados demonstram que todos os usuários pesquisados, aferem a PA no
mínimo 1 vez ao mês o que traz certo conforto com relação ao controle dos níveis
pressóricos desta clientela, sendo que o conhecimento acerca da necessidade de
aferição da PA perece estar bem difundido nesta área.
De acordo com Smelzer & Bare (2005) os profissionais de enfermagem
devem incentivar e ensinar os seus clientes a realizar a aferição da PA em casa se
possível envolvendo-os no seu próprio cuidado. Esclarecer o que são os níveis
normais da PA bem como registrar os valores obtidos da aferição é instrumento de
grande valia na eficácia do auto cuidado do cliente hipertenso.
Tabela 2 - Frequência mensal de aferição da *PA
Aferições mensais
%
1a4
68,3
5a8
16,7
9 a 12
6,7
+ de 12
8,3
*Pressão Arterial
Os resultados com relação à frequência dos usuários nas consultas de
HIPERDIA e o apoio familiar estão expostos na Tabela 3, onde 65% dos
entrevistados afirmam comparecer as consultas e 35% afirmam não comparecer as
consultas.
A falta de acompanhamento de parte da clientela hipertensa é algo que
suscita preocupação, pois, a falha na continuidade da assistência aos menos
assíduos, impede o cumprimento do papel primordial da USF que é a prevenção e
promoção da saúde, deste modo, deixando os usuários em questão susceptíveis
aos possíveis agravos trazidos pela hipertensão, nestes casos a busca ativa por
esta clientela é essencial.
De acordo com Faquinello et al. (2010) a ausência de vínculo entre os
profissionais da USF e a clientela hipertensa indica a falta de apoio por parte das
unidades e que os hipertensos não percebem nelas uma solução para os seus
problemas.
Quanto ao apoio familiar onde 92% dos entrevistados afirmam contar com
apoio da família no tratamento da hipertensão enquanto que 8% não contam com
este apoio.
Para Artioli et al. (2010) o apoio familiar é fundamental no sucesso do
tratamento da HAS, pois, a família assume parcela significativa de compromisso na
prestação de cuidado à saúde de seus membros e o tornar-se participante ativo do
auto cuidado aumenta as chances do paciente incorporar em sua vida cotidiana, os
requisitos da terapêutica.
A família é extremamente importante no sucesso terapêutico, pois, o cliente
hipertenso apresenta restrições dietéticas que necessitam de adaptações,
envolvendo toda a família. Para tanto, é necessária a compreensão e esforço da
mesma para que haja a inserção de hábitos saudáveis. Em concordância Smelzer &
Bare (2005) afirmam que o envolvimento dos familiares nos programas de educação
ajuda no esforço conjunto para a melhoria nos cuidados com a hipertensão.
Tabela 3 - Frequência nas consultas de Hiperdia e apoio familiar
SIM
NÃO
%
%
Frequência nas consultas
65
35
Apoio da familiar
92
8
Os fatores considerados como agravantes do estado de hipertensão segundo
os entrevistados estão expostos na figura 3. O estresse é apontado por 61,7% como
fator agravante da hipertensão, 55% apontam a história familiar e antecedentes
pessoais, 38,3% apontam o sedentarismo, 36,7% apontam outros fatores, 21,7% a
alimentação inadequada, 13,3% o tabagismo e 1,7% o etilismo.
Corroborando com o presente estudo Giorgi et al. (2009) citam o estresse,
colesterol elevado, maus hábitos alimentares, excesso de peso, tabagismo
sedentarismo, consumo excessivo de sal e bebida alcoólica e ainda a idade elevada
são considerados como grandes causadores e/ou agravantes da pressão arterial.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) a pressão
arterial varia em virtude da interação de fatores neuro-humorais, comportamentais e
ambientais, sendo assim a melhoria da qualidade de vida deve ser priorizada se
tratando da clientela hipertensa. Segundo Smeltzer & Bare (2005) uma avaliação
completa pode fornecer valiosas informações sobre o quanto a hipertensão tem
afetado o cliente e ainda revelar possíveis fatores como pessoais, sociais ou
financeiros ligados a condição atual da doença.
Manter uma vida saudável é benéfico não apenas para o controle da
hipertensão, mas também, para atingir a longevidade. Corroborando com o presente
estudo Rosa et al. (2007) citam a anamnese como ferramenta de busca aos
sintomas que possam corresponder as complicações, além de fatores que levem a
piora ou desencadeiem a hipertensão. A história clínica do paciente deve conter a
duração da HAS e níveis anteriores da PA, hábitos de vida não saudáveis, tipo de
personalidade e antecedentes familiares de doenças cardiovasculares.
Figura 3 - Fatores agravantes da hipertensão
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Estresse
61,7%
História familiar e
antecedentes pessoais
Sedentarismo
55%
Outros
38,3% 36,7%
Alimentação
inadequada
21,7%
13,3%
1,7%
Tabagismo
Etilismo
Encontram-se na tabela 4 os seguintes resultados: 85% são incentivados pela
USF a continuar o tratamento, 15% não recebem incentivos por parte da USF. Sobre
a disponibilização de medicamentos 80% afirmam receber os medicamentos da USF
e 20% não recebem.
A boa atuação da equipe da USF é decisiva para o controle da HAS de seus
usuários, segundo Falcão & Durante (2010) por melhor que seja a terapia prescrita,
o controle dos níveis pressóricos apenas será atingido se os clientes estiverem
motivados e confiantes.
A necessidade de atuação efetiva e constante da Equipe de Saúde da Família
(ESF) junto à comunidade abordando possíveis complicações da HAS é pertinente e
de acordo com Dosse et al. (2009) um percentual de adesão maior da clientela
hipertensa será atingido pelos pacientes atendidos por equipe multidisciplinar.
As prescrições medicamentosas para os hipertensos quando são feitas por
médicos da USF buscam uma terapia simples e disponível na unidade, no entanto,
quando os usuários são diagnosticados por outros profissionais, nem sempre as
medicações estão disponíveis na rede básica, pois, muitas das vezes tratam-se de
associações de medicamentos patenteadas gerando um problema em relação ao
custo da medicação. Para Fortes & Lopes (2004) a indisponibilidade de alguns
medicamentos na rede pública pode dificultar a adesão ao tratamento.
Em relação à atuação dos profissionais 27% são orientados pelos Agentes
Comunitários de Saúde (ACS), 63% pela Enfermeira, 5% referem a Técnica em
Enfermagem e 5% recebem orientação médica.
Os profissionais de enfermagem no contexto atual são considerados como os
que mais ouvem o os seus clientes, deste modo, assumem um papel de
orientadores e são responsáveis diretos na mudança comportamental de sua
clientela. Os estudos feitos por Giorgi (2006) demonstraram que as estratégias
utilizadas por enfermeiras em pré e pós-consultas, serviram para aumentar a eficácia
do atendimento ambulatorial, conduzindo a um maior índice de controle da pressão
arterial.
Segundo Artioli et al. (2010) os usuários orientados somente por um
profissional de saúde não aderiram corretamente ao tratamento medicamentoso,
com isso percebe-se que a equipe multidisciplinar pode proporcionar aos pacientes
e à comunidade uma gama maior de informações subsidiando a adoção de atitudes
efetivas e definitivas para o controle da HAS.
De acordo com Smeltzer & Bare (2005) a meta do cuidado de enfermagem
para os pacientes hipertensos tem como foco a redução e controle dos níveis
pressóricos sem efeitos adversos ou custos indevidos, para tanto, a enfermagem
deve ensinar e apoiar o paciente ao máximo para que ocorram as mudanças
necessárias.
Tabela 4 - Incentivo da Unidade de saúde da família no tratamento, disponibilização
de medicamentos e orientação profissional
SIM
NÃO
%
%
Incentivo da Unidade no tratamento
85
15
Disponibilização da medicação
80
20
Profissional que mais orienta na manutenção do tratamento
Profissional
%
Agente comunitário de saúde
27
Enfermeira
63
Técnica de Enfermagem
5
Médico
5
Os resultados quanto às mudanças no estilo de vida a tabela 5 afirma: 72%
mudaram o estilo de vida e 28% não houve mudança na vida cotidiana. Com relação
as mudanças descritas por cada paciente 51,1% afirmam que mudaram a dieta,
32,6% passaram a praticar exercícios físicos, 7% deixaram de fumar e 9,3%
mudaram completamente o estilo de vida.
De acordo com a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão (2010) as mudanças no
estilo de vida são recomendadas com otimismo na prevenção primária da HAS.
Notadamente nos indivíduos com PA limítrofe, as mudanças de estilo de vida
reduzem a PA bem como a mortalidade cardiovascular.
Os maus hábitos diários impostos pela vida moderna onde as dietas são ricas
em carboidratos simples conduzem a doenças cardiovasculares. As próprias
condições financeiras não proporcionam uma melhor alimentação, estando ligada
também a aquisição de cortes inferiores de carnes mais ricas em gorduras.
Miranzi et al. (2008) destaca que o trabalho desenvolvido recentemente pelas
equipes do Programa de saúde da família, visa o redirecionamento do estilo de vida
e está focado no combate ao sedentarismo, tabagismo e à obesidade. De acordo
com Falcão & Durante (2010) a mudança de hábito alimentar, perda de peso, prática
de exercícios físicos e evitar o tabagismo são cuidados essenciais na manutenção
adequada da HAS e estão entre os principais itens da terapia não farmacológica.
Tabela 5 - Mudanças no estilo de vida
Houve mudanças
Mudanças
SIM
NÃO
%
%
72
28
%
Dieta
51,1
Exercícios Físicos
32,6
Deixaram de Fumar
7
Mudaram Completamente
9,3
Quanto ao conhecimento dos clientes em relação à cronicidade da doença,
100% afirmaram que a doença é para toda a vida e 0% desconhecem a cronicidade
da doença.
A interação do cliente sobre o seu estado crônico de saúde possibilita a
manutenção do tratamento, pois, o conhecimento sobre a doença torna os pacientes
mais aderentes à terapia. De acordo com Smeltzer & Bare (2005) conscientizar o
paciente acerca do processo patológico e esclarecer sobre a cronicidade da doença
facilita a adesão ao tratamento.
Figura 4 - Conhecimento dos clientes quanto a cronicidade da
doença
100%
100%
80%
Sim
60%
Não
40%
20%
0%
0%
CONCLUSÕES
Com este estudo foi possível verificar que os fatores econômicos e etários
são grandes dificultadores da continuidade do tratamento de hipertensos, com maior
prevalência dos idosos entre os entrevistados. Apesar do nível de escolaridade ser
relativamente baixo, as orientações dos profissionais de saúde da USF estão sendo
bem compreendidas pelos usuários. A aferição mensal da PA entre a clientela
hipertensa se mostrou regular, no entanto, a frequência dos mesmos nas consultas
de Hiperdia é algo a ser melhorado através de trabalhos de conscientização junto à
comunidade.
A presença de fatores ambientais de risco entre os hipertensos pesquisados
se mostrou alta, respectivamente estão o estresse, história familiar e antecedentes
pessoais e o sedentarismo. O estudo permitiu conhecer intimamente caracteres
importantes acerca da problemática hipertensiva, podendo ser utilizado como base
para a realização de estudos similares. A atuação das Equipes de Saúde da Família
(ESF’s) em especial dos profissionais de Enfermagem, vem se firmando como
elemento essencial em saúde pública no contexto atual e as mudanças no estilo de
vida, como medidas preventivas de complicações da HAS.
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