FATORES QUE INTERFEREM NO TRATAMENTO DE HIPERTENSOS CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA NO MUNICÍPIO DE GUANAMBI-BA Gessilei da Costa Castro1, Hérmerson Sales Guimarães1, Iana Ribeiro Ladeia1, Izamiro de Brito Fernandes Júnior1, Lílian Flávia Souza dos Santos1, Rafael Martins Reis1, Alzira Stela Boa Sorte Moraes2 1 Graduando (a) do Curso de Enfermagem, Faculdade Guanambi, FG, Guanambi – BA. 2 Enfermeira, Especialista em Gestão e Sistemas de Saúde e docente da Faculdade Guanambi, FG, Guanambi – BA. RESUMO: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença silenciosa causadora de um grave problema de saúde pública mundial e apresenta alta prevalência no Brasil. A realização desta pesquisa teve o objetivo de identificar os fatores que interferem no tratamento de hipertensos, sendo feita a coleta de dados através de entrevista no mês de outubro de 2012, na Unidade de Saúde da Família (USF) correspondente aos bairros Brasília e Santo Antônio no Município de Guanambi, estado da Bahia. Apesar do nível de escolaridade ser relativamente baixo, as orientações dos profissionais de saúde da USF estão sendo bem compreendidas pelos pacientes, podendo se justificar pelo alto índice de adesão a terapia medicamentosa. Fatores ambientais como o estresse, sedentarismo e o estilo de vida inadequado fazem parte do cotidiano de boa parte dos hipertensos, o que representa um perigo a estabilidade da pressão arterial. Palavras-chave: Fatores que Interferem. Hipertensão Arterial. Saúde pública. Tratamento. ABSTRACT: The Systemic Arterial hypertension is a silent disease that causes a serious public health problem worldwide and it’s highly prevalent in Brazil. The aim of this research is to indentify the sources that are involved in the hypertensive people, being made the collection of data through the interview on october 2012, in the family health unit related to the Brasília and Santo Antônio Neighborhoods, Guanambi city, State of Bahia. Although the education degree is relatively low, the guidelines of the healthcare professionals from USF are being well understood by the patients, it can be justified by the high rate of adherence of the drug therapy. Environmental sources such as stress, sedentary and an inappropriate life style is part the daily life of most of the hypertensive people, it represents a danger for the blood pressure. Keywords: Arterial Hypertension. Public health. Stray Factors. Treatment. INTRODUÇÃO A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública mundial e apresenta alta prevalência no Brasil de 22 a 44% sendo que o controle está longe de atingir os níveis necessários, mesmo com os diversos tratamentos medicamentosos disponíveis. Anualmente no Brasil gasta-se em média 400 milhões de dólares em hospitalizações por consequência da HAS e seus agravos (LOPES & DRAGER, 2009). O fato de a hipertensão ser uma patologia silenciosa a torna ainda mais nociva, pois, muitos casos são diagnosticados tardiamente resultando em graves complicações. De acordo com Smelzer & Bare (2005) é caracterizada pelo aumento das pressões sistólica e diastólica ultrapassando os limites considerados normais 139x89 mmHg segundo o Conselho Internacional de Hipertensão, classifica-se em primária onde é desconhecida a causa que desencadeou esta condição e secundária sendo conhecida a causa para tal. As mudanças no estilo de vida são indispensáveis no sucesso terapêutico e na prevenção de complicações provindas da hipertensão devendo estar associada à terapia medicamentosa, apoio familiar e boa orientação da equipe multiprofissional que deve ser acessível e receptiva aos usuários da rede básica de saúde. Os estudos de Brasil (2006) descrevem a HAS como a mais frequente das doenças cardiovasculares e também o principal fator de risco para as complicações como acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica terminal, o que causa um impacto elevado na morbimortalidade no Brasil. Diante do número crescente de pessoas acometidas pela HAS e Diabetes Mellitus (DM), o Ministério da Saúde (MS), criou há alguns anos o Programa HIPERDIA com o intuito de reorganizar e prestar uma assistência continuada aos portadores dessas doenças (CARVALHO et al., 2012). Para tanto foi preciso disponibilizar os insumos necessários para que a rede de atenção básica de todo o país pudesse diagnosticar precocemente e acompanhar os usuários, prevenindo as futuras complicações. A realização de pesquisas com esta finalidade é relevante para que se obtenha uma visão mais ampla do problema, visto que pessoas com variadas características são acometidas pela HAS. A coleta de informações a respeito dos fatores socioeconômicos, hábitos diários, nível de adesão ao tratamento e disciplina com relação às recomendações dos profissionais de saúde, possibilitou conhecer intimamente a problemática que cerca a continuidade da terapia anti-hipertensiva dos usuários. Tendo em vista a complexidade da HAS e que o diagnóstico e continuidade do tratamento representam um problema grave de saúde pública, o presente estudo teve como objetivo identificar os fatores que interferem no tratamento de hipertensos e mostrou-se relevante por se tratar de uma patologia comum as diversas camadas sociais. MATERIAL E MÉTODOS Tratou-se de um estudo descritivo, exploratório, de corte transversal, visando conhecer os fatores que interferem no tratamento dos pacientes portadores da hipertensão arterial, realizado na Unidade de Saúde da Família (USF) localizada no Bairro Brasília e que atende também ao Bairro Santo Antônio, no município de Guanambi no estado da Bahia. Para tal foi necessária a participação de 60 (20,5%) dos Clientes hipertensos cadastrados e acompanhados no Programa Hiperdia da referida (USF) com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, sendo escolhidos de forma aleatória. A entrevista foi realizada através de um questionário composto por 14 questões abertas e fechadas sendo algumas de múltipla escolha. Para confirmar a participação de cada entrevistado foi realizada a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e solicitada à assinatura do participante. Quando o mesmo se mostrou incapaz de assinar por razões justificáveis foi solicitada a uma testemunha que o fizesse, desse modo, respeitando os princípios éticos cabíveis a pesquisas envolvendo seres humanos. A coleta de dados foi realizada entre os dias 03 e 17 de outubro de 2012, contando com a participação dos usuários que compareceram as consultas agendadas e ainda através de visita domiciliar, tendo a colaboração dos Agentes comunitários de saúde (ACS) e suas respectivas áreas de cobertura. O tratamento estatístico dos dados bem como a elaboração gráfica e tabulação foram realizados utilizando os softwares da Microsoft Excel e Word. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 demonstrou que do total entrevistados, 40% encontra-se entre 30 e 59 anos de idade e 60% entre 60 e 89 anos de idade. De acordo com Rosa et al. (2009) entre os clientes idosos atingir os níveis pressóricos adequados é ainda mais difícil, pois, os efeitos colaterais das medicações e a dificuldade de adesão ao tratamento são empecilhos significativos. O fator etário é obviamente dificultador terapêutico não só pelos itens citados anteriormente, mas, pelo processo de senilidade que traz limitações físicas que incluem a redução da acuidade visual e motora limitando o auto cuidado inclusive a adesão de práticas saudáveis. Um estudo feito por Artioli et al. (2010) demonstrou que os usuários com 60 anos de idade ou mais representam uma faixa etária onde a aderência a terapia medicamentosa é menor em relação a usuários com idade inferior a 60 anos. De acordo com a Tabela 1, contatou-se que, 28% dos entrevistados são do sexo masculino e 72% são do sexo feminino. Corroborando com estudos de Mousinho & Moura (2008) as mulheres são mais atentas aos seus problemas de saúde e buscam os serviços de saúde mais frequentemente que os homens. Desse modo, o número de hipertensos do sexo masculino poderia ser maior, demonstrando assim que o sexo é um fator decisivo para o diagnóstico e tratamento adequados da HAS. O estudo realizado por Giorgi (2006) mostrou que o sexo masculino representou um número superior com relação ao abandono do tratamento antihipertensivo sendo a faixa etária entre 20 e 40 anos de idade. Sendo assim, os homens parecem estar estão menos preocupados com sua saúde e estão mais susceptíveis as complicações provindas da HAS. Os dados obtidos quanto ao nível de escolaridade mostram que: 40% das pessoas são analfabetas, 48% cursaram apenas o ensino básico, 5% concluíram o ensino fundamental, 7% tem o ensino médio e 0% fizeram nível superior. Brasil (2006) descreveu entre outros fatores psicossociais o grau de escolaridade como um dado relevante da história dirigida ao paciente. Indiscutivelmente o nível educacional é um entrave considerável no que concerne a continuidade terapêutica farmacológica e não farmacológica da HAS, sendo assim, as orientações voltadas para a clientela hipertensa devem ser claras e objetivas visando uma melhor compreensão para os mesmos. Pedrinho et al. (2006) citaram o nível de escolaridade como um fator de grande importância relacionado ao planejamento de estratégias de ação em saúde, pois, baseado no mesmo é possível direcionar as atividades de acordo com as limitações de compreensão individuais e coletivas. Quanto aos resultados obtidos por renda mensal observou-se que 57% dos clientes pesquisados ganham até 1 salário mínimo, 28% recebem entre 1 a 2 salários, 15% recebem entre 3 a 4 salários e 0% recebem 5 salários ou mais. O aumento das complicações provindas da HAS nas camadas sociais menos favorecidas, pode ser justificada pela alimentação pobre em vegetais, grãos, cereais e alimentos saudáveis e fatores ambientais de uma forma geral. De acordo com Falcão & Durante (2010) o baixo nível socioeconômico está relacionado a uma prevalência maior de clientes hipertensos e ainda há um risco elevado de lesões em órgãos nobres como coração, rins, olhos e cérebro. Para Barbosa & Lima (2006) a magnitude e o impacto do baixo índice de adesão ao tratamento em países emergentes também pode ser resultante da escassez e ainda a desigualdade na acessibilidade aos serviços de saúde. Sendo o Brasil um país com proporções territoriais de continente, oferecer a todos seus habitantes os serviços de forma igualitária representa um desafio a ser vencido. Nos resultados quanto a Etnia/cor demonstrou-se que dos pesquisados 33% são da cor branca, 55% são de cor parda, 10% são da cor preta, 0% são da cor amarela e 2% são indígenas. As pessoas de cor preta representam uma pequena parcela deste estudo, no entanto, devem ser tratadas com cautela. Para Falcão & Durante (2010) os negros possuem uma maior possibilidade de ser acometidos pela hipertensão e estão mais vulneráveis as complicações provindas da doença. Giorgi et al. (2009) afirmam que o fato de o Brasil ter uma população altamente miscigenada torna os fatores étnicos controversos com relação à gênese da HAS e o estudo realizado em Salvador (BA) demonstrou maior chance de hipertensão ligada a raça em mulheres pardas e negras respectivamente. Sendo a HAS de gênese multifatorial, não parece que a questão raça seja um fator isolado para o surgimento da HAS. Tabela 1 - Distribuição dos usuários assistidos pelo Programa HIPERDIA de acordo com as variáveis socioeconômicas e demográficas. Idade (anos) % 30 a 59 40 60 a 89 60 Sexo % Masculino 28 Feminino 72 Nível de Escolaridade % Analfabeto 40 Ensino Médio 48 Ensino Fundamental 5 Ensino Médio 7 Ensino Superior 0 Renda % ≤ 1 salário 57 1 a 2 salários 28 3 a 4 salários ≥ 5 salários 15 0 Etnia/ Cor % Branca 33 Parda 55 Negra 10 Amarela 0 Indígena 2 Entre os pacientes entrevistados que afirmaram ser hipertensos há menos de 1 ano somam 5%, os que alegam a hipertensão entre 1 e 10 anos são 55%, os que portam a doença entre 11 e 20 anos correspondem a um total de 28,3% e entre 21 e 30 anos somam 11,7%. (Figura 1) Corroborando com Smelzer & Bare (2005) o desvio terapêutico de doenças crônicas como a HAS constitui um problema considerável e estima-se que o abandono da terapia atinja 50% ainda no primeiro ano. Os clientes que são portadores da HAS há muito tempo e que já conhecem bem os efeitos da medicação oferecem menos riscos de abandonar o tratamento, pois, se adaptaram à sua condição patológica, deste modo, os ajustes medicamentosos possíveis já foram feitos pelo médico. De acordo com Rosa et al. (2007) muitos pacientes não toleram bem alguns fármacos de primeira escolha ou as metas terapêuticas não são alcançadas, gerando a necessidade de mudar a medicação. Figura 1 - Tempo de acometimento pela hipertensão 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Menos de 1 ano 55% 1 a 10 anos 11 a 20 anos 28,3% 5% 11,7% 21 a 30 anos Observou-se que 91,7% dos usuários fazem o uso da medicação conforme prescrição médica e 8,3% não seguem corretamente a prescrição médica. (Figura 2) Corroborando com o presente estudo Carvalho et al. (2012) citam o esquecimento e o atraso no uso dos medicamentos entre as principais razões para a não aderência a terapia medicamentosa. Por se tratar de uma doença crônica a assiduidade do tratamento deve ser mantida permanentemente visando um patamar adequado no controle da doença. Apesar de o número usuários comprometidos com a terapia ser satisfatório neste resultado, o percentual dos não aderentes representa preocupação, pois compromete um prognóstico favorável, resultando em possíveis complicações do estado geral de saúde. Para Mion Júnior et al. (2006) a adesão a terapia pode ser determinada pelo grau de coincidência entre a prescrição médica e o comportamento do cliente. Segundo Falcão & Durante (2010) a droga adequada deve ter boa eficácia por via oral, ser bem tolerada, apresentar posologia simplificada e ser de baixo custo. Para que se tenha uma melhor adesão ao tratamento, os itens citados anteriormente devem estar associados às orientações frequentes dos médicos e profissionais de saúde. Figura 2 - Uso da medicação conforme prescrição Médica 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 91,7% Não Sim 8,3% Os dados obtidos na tabela 2 demonstram a frequência mensal de aferição da pressão arterial (PA) onde 68,3% dos entrevistados fazem a aferição da PA de 1 a 4 vezes ao mês, 16,7% aferem a PA entre 5 e 8 vezes ao mês, 6,7% aferem a PA de 9 a 12 vezes ao mês e 8,3% aferem a PA mais de 12 vezes ao mês. Os dados demonstram que todos os usuários pesquisados, aferem a PA no mínimo 1 vez ao mês o que traz certo conforto com relação ao controle dos níveis pressóricos desta clientela, sendo que o conhecimento acerca da necessidade de aferição da PA perece estar bem difundido nesta área. De acordo com Smelzer & Bare (2005) os profissionais de enfermagem devem incentivar e ensinar os seus clientes a realizar a aferição da PA em casa se possível envolvendo-os no seu próprio cuidado. Esclarecer o que são os níveis normais da PA bem como registrar os valores obtidos da aferição é instrumento de grande valia na eficácia do auto cuidado do cliente hipertenso. Tabela 2 - Frequência mensal de aferição da *PA Aferições mensais % 1a4 68,3 5a8 16,7 9 a 12 6,7 + de 12 8,3 *Pressão Arterial Os resultados com relação à frequência dos usuários nas consultas de HIPERDIA e o apoio familiar estão expostos na Tabela 3, onde 65% dos entrevistados afirmam comparecer as consultas e 35% afirmam não comparecer as consultas. A falta de acompanhamento de parte da clientela hipertensa é algo que suscita preocupação, pois, a falha na continuidade da assistência aos menos assíduos, impede o cumprimento do papel primordial da USF que é a prevenção e promoção da saúde, deste modo, deixando os usuários em questão susceptíveis aos possíveis agravos trazidos pela hipertensão, nestes casos a busca ativa por esta clientela é essencial. De acordo com Faquinello et al. (2010) a ausência de vínculo entre os profissionais da USF e a clientela hipertensa indica a falta de apoio por parte das unidades e que os hipertensos não percebem nelas uma solução para os seus problemas. Quanto ao apoio familiar onde 92% dos entrevistados afirmam contar com apoio da família no tratamento da hipertensão enquanto que 8% não contam com este apoio. Para Artioli et al. (2010) o apoio familiar é fundamental no sucesso do tratamento da HAS, pois, a família assume parcela significativa de compromisso na prestação de cuidado à saúde de seus membros e o tornar-se participante ativo do auto cuidado aumenta as chances do paciente incorporar em sua vida cotidiana, os requisitos da terapêutica. A família é extremamente importante no sucesso terapêutico, pois, o cliente hipertenso apresenta restrições dietéticas que necessitam de adaptações, envolvendo toda a família. Para tanto, é necessária a compreensão e esforço da mesma para que haja a inserção de hábitos saudáveis. Em concordância Smelzer & Bare (2005) afirmam que o envolvimento dos familiares nos programas de educação ajuda no esforço conjunto para a melhoria nos cuidados com a hipertensão. Tabela 3 - Frequência nas consultas de Hiperdia e apoio familiar SIM NÃO % % Frequência nas consultas 65 35 Apoio da familiar 92 8 Os fatores considerados como agravantes do estado de hipertensão segundo os entrevistados estão expostos na figura 3. O estresse é apontado por 61,7% como fator agravante da hipertensão, 55% apontam a história familiar e antecedentes pessoais, 38,3% apontam o sedentarismo, 36,7% apontam outros fatores, 21,7% a alimentação inadequada, 13,3% o tabagismo e 1,7% o etilismo. Corroborando com o presente estudo Giorgi et al. (2009) citam o estresse, colesterol elevado, maus hábitos alimentares, excesso de peso, tabagismo sedentarismo, consumo excessivo de sal e bebida alcoólica e ainda a idade elevada são considerados como grandes causadores e/ou agravantes da pressão arterial. De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) a pressão arterial varia em virtude da interação de fatores neuro-humorais, comportamentais e ambientais, sendo assim a melhoria da qualidade de vida deve ser priorizada se tratando da clientela hipertensa. Segundo Smeltzer & Bare (2005) uma avaliação completa pode fornecer valiosas informações sobre o quanto a hipertensão tem afetado o cliente e ainda revelar possíveis fatores como pessoais, sociais ou financeiros ligados a condição atual da doença. Manter uma vida saudável é benéfico não apenas para o controle da hipertensão, mas também, para atingir a longevidade. Corroborando com o presente estudo Rosa et al. (2007) citam a anamnese como ferramenta de busca aos sintomas que possam corresponder as complicações, além de fatores que levem a piora ou desencadeiem a hipertensão. A história clínica do paciente deve conter a duração da HAS e níveis anteriores da PA, hábitos de vida não saudáveis, tipo de personalidade e antecedentes familiares de doenças cardiovasculares. Figura 3 - Fatores agravantes da hipertensão 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Estresse 61,7% História familiar e antecedentes pessoais Sedentarismo 55% Outros 38,3% 36,7% Alimentação inadequada 21,7% 13,3% 1,7% Tabagismo Etilismo Encontram-se na tabela 4 os seguintes resultados: 85% são incentivados pela USF a continuar o tratamento, 15% não recebem incentivos por parte da USF. Sobre a disponibilização de medicamentos 80% afirmam receber os medicamentos da USF e 20% não recebem. A boa atuação da equipe da USF é decisiva para o controle da HAS de seus usuários, segundo Falcão & Durante (2010) por melhor que seja a terapia prescrita, o controle dos níveis pressóricos apenas será atingido se os clientes estiverem motivados e confiantes. A necessidade de atuação efetiva e constante da Equipe de Saúde da Família (ESF) junto à comunidade abordando possíveis complicações da HAS é pertinente e de acordo com Dosse et al. (2009) um percentual de adesão maior da clientela hipertensa será atingido pelos pacientes atendidos por equipe multidisciplinar. As prescrições medicamentosas para os hipertensos quando são feitas por médicos da USF buscam uma terapia simples e disponível na unidade, no entanto, quando os usuários são diagnosticados por outros profissionais, nem sempre as medicações estão disponíveis na rede básica, pois, muitas das vezes tratam-se de associações de medicamentos patenteadas gerando um problema em relação ao custo da medicação. Para Fortes & Lopes (2004) a indisponibilidade de alguns medicamentos na rede pública pode dificultar a adesão ao tratamento. Em relação à atuação dos profissionais 27% são orientados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), 63% pela Enfermeira, 5% referem a Técnica em Enfermagem e 5% recebem orientação médica. Os profissionais de enfermagem no contexto atual são considerados como os que mais ouvem o os seus clientes, deste modo, assumem um papel de orientadores e são responsáveis diretos na mudança comportamental de sua clientela. Os estudos feitos por Giorgi (2006) demonstraram que as estratégias utilizadas por enfermeiras em pré e pós-consultas, serviram para aumentar a eficácia do atendimento ambulatorial, conduzindo a um maior índice de controle da pressão arterial. Segundo Artioli et al. (2010) os usuários orientados somente por um profissional de saúde não aderiram corretamente ao tratamento medicamentoso, com isso percebe-se que a equipe multidisciplinar pode proporcionar aos pacientes e à comunidade uma gama maior de informações subsidiando a adoção de atitudes efetivas e definitivas para o controle da HAS. De acordo com Smeltzer & Bare (2005) a meta do cuidado de enfermagem para os pacientes hipertensos tem como foco a redução e controle dos níveis pressóricos sem efeitos adversos ou custos indevidos, para tanto, a enfermagem deve ensinar e apoiar o paciente ao máximo para que ocorram as mudanças necessárias. Tabela 4 - Incentivo da Unidade de saúde da família no tratamento, disponibilização de medicamentos e orientação profissional SIM NÃO % % Incentivo da Unidade no tratamento 85 15 Disponibilização da medicação 80 20 Profissional que mais orienta na manutenção do tratamento Profissional % Agente comunitário de saúde 27 Enfermeira 63 Técnica de Enfermagem 5 Médico 5 Os resultados quanto às mudanças no estilo de vida a tabela 5 afirma: 72% mudaram o estilo de vida e 28% não houve mudança na vida cotidiana. Com relação as mudanças descritas por cada paciente 51,1% afirmam que mudaram a dieta, 32,6% passaram a praticar exercícios físicos, 7% deixaram de fumar e 9,3% mudaram completamente o estilo de vida. De acordo com a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão (2010) as mudanças no estilo de vida são recomendadas com otimismo na prevenção primária da HAS. Notadamente nos indivíduos com PA limítrofe, as mudanças de estilo de vida reduzem a PA bem como a mortalidade cardiovascular. Os maus hábitos diários impostos pela vida moderna onde as dietas são ricas em carboidratos simples conduzem a doenças cardiovasculares. As próprias condições financeiras não proporcionam uma melhor alimentação, estando ligada também a aquisição de cortes inferiores de carnes mais ricas em gorduras. Miranzi et al. (2008) destaca que o trabalho desenvolvido recentemente pelas equipes do Programa de saúde da família, visa o redirecionamento do estilo de vida e está focado no combate ao sedentarismo, tabagismo e à obesidade. De acordo com Falcão & Durante (2010) a mudança de hábito alimentar, perda de peso, prática de exercícios físicos e evitar o tabagismo são cuidados essenciais na manutenção adequada da HAS e estão entre os principais itens da terapia não farmacológica. Tabela 5 - Mudanças no estilo de vida Houve mudanças Mudanças SIM NÃO % % 72 28 % Dieta 51,1 Exercícios Físicos 32,6 Deixaram de Fumar 7 Mudaram Completamente 9,3 Quanto ao conhecimento dos clientes em relação à cronicidade da doença, 100% afirmaram que a doença é para toda a vida e 0% desconhecem a cronicidade da doença. A interação do cliente sobre o seu estado crônico de saúde possibilita a manutenção do tratamento, pois, o conhecimento sobre a doença torna os pacientes mais aderentes à terapia. De acordo com Smeltzer & Bare (2005) conscientizar o paciente acerca do processo patológico e esclarecer sobre a cronicidade da doença facilita a adesão ao tratamento. Figura 4 - Conhecimento dos clientes quanto a cronicidade da doença 100% 100% 80% Sim 60% Não 40% 20% 0% 0% CONCLUSÕES Com este estudo foi possível verificar que os fatores econômicos e etários são grandes dificultadores da continuidade do tratamento de hipertensos, com maior prevalência dos idosos entre os entrevistados. Apesar do nível de escolaridade ser relativamente baixo, as orientações dos profissionais de saúde da USF estão sendo bem compreendidas pelos usuários. A aferição mensal da PA entre a clientela hipertensa se mostrou regular, no entanto, a frequência dos mesmos nas consultas de Hiperdia é algo a ser melhorado através de trabalhos de conscientização junto à comunidade. A presença de fatores ambientais de risco entre os hipertensos pesquisados se mostrou alta, respectivamente estão o estresse, história familiar e antecedentes pessoais e o sedentarismo. O estudo permitiu conhecer intimamente caracteres importantes acerca da problemática hipertensiva, podendo ser utilizado como base para a realização de estudos similares. A atuação das Equipes de Saúde da Família (ESF’s) em especial dos profissionais de Enfermagem, vem se firmando como elemento essencial em saúde pública no contexto atual e as mudanças no estilo de vida, como medidas preventivas de complicações da HAS. 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