FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL Comunicado de Imprensa n.º 15/179 (P) PARA DIVULGAÇÃO IMEDIATA 28 de abril de 2015 DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Fundo Monetário Internacional Washington, D.C. 20431 EUA FMI projeta crescimento sólido na África Subsariana face aos ventos contrários Ao apresentar hoje a edição de abril de 2015 do relatório do FMI Perspetivas Económicas Regionais para a África Subsariana, Antoinette Sayeh, Diretora do Departamento de África do FMI, fez os seguintes comentários: “A economia da África Subsariana deve registar mais um ano de desempenho económico sólido, com a expetativa de que o crescimento ascenda a 4,5% em 2015. A região continuará a ser uma das de mais rápido crescimento no mundo — atrás, apenas, da Ásia emergente e em desenvolvimento. Dito isto, a expansão económica ficará no limite inferior do intervalo verificado nos últimos anos, sobretudo devido ao impacto da queda acentuada dos preços do petróleo e das matérias-primas nos últimos seis meses. Mas o impacto desse choque será altamente diferenciado em toda a região. Os oito exportadores de petróleo da África Subsariana foram profundamente afetados pela descida dos preços, e a expetativa é que o seu crescimento médio em 2015 situe-se cerca de 1,25 pontos percentuais abaixo da cifra de 2014 em razão desse choque. Para grande parte do resto da região, porém, as perspetivas de crescimento permanecem favoráveis. Esses países estão a beneficiar da redução dos custos de importação de petróleo, embora alguns estejam também a sentir o impacto da baixa dos preços das matérias-primas não petrolíferas que exportam. As projeções indicam um crescimento especialmente vigoroso na maioria dos países de baixo rendimento e países mais frágeis, o que contribuirá para a redução dos níveis de pobreza. Na Guiné, Libéria e Serra Leoa, o surto de Ébola começa a ser controlado, com um declínio acentuado no número de novos casos. Contudo, 2015 será mais um ano difícil, em que se espera que a atividade económica sofra uma contração significativa. O FMI disponibilizou USD 390 milhões em assistência a esses países, dos quais USD 100 milhões foram concedidos na forma de donativos para alívio da dívida — a primeira ajuda dessa natureza por um parceiro de desenvolvimento. Embora o cenário de base seja de crescimento sólido, as autoridades terão de permanecer atentas aos riscos que ainda poderiam complicar o panorama. De referir, em especial, que as 2 condições financeiras mundiais estão a se tornar mais restritivas justamente numa altura em que os mercados fronteiriços da região começam a intensificar o uso de euro-obrigações para financiar as suas vastas necessidades infraestruturais. A deterioração das condições de segurança nalgumas áreas poderia também pressionar os orçamentos e gerar um impacto adverso sobre as perspetivas de crescimento a curto prazo, sobretudo na agricultura, para além de enfraquecer as perspetivas de investimento direto estrangeiro. Para os oito exportadores de petróleo da região, o ajustamento orçamental é uma prioridade; as autoridades devem apoiar o esforço de ajustamento ao permitir a depreciação das taxas de câmbio, sempre que existirem mecanismos de flexibilidade cambial. A maioria dos países já iniciou a adoção de políticas de ajustamento. Devem estar preparados para tomar medidas adicionais se as condições assim o justificarem, tendo em conta a necessidade de evitar cortes nas despesas de capital. Da mesma forma, os mercados fronteiriços devem se manter vigilantes par evitar o risco de movimentos de capital desordenados, especialmente como reação a alterações na política monetária norte-americana. De modo mais geral, os países da região devem tirar proveito da baixa dos preços do petróleo para eliminar os subsídios aos combustíveis e instituir mecanismos flexíveis de fixação dos preços da energia (e, em simultâneo, assegurar a proteção social dos mais vulneráveis). Isso não somente promoveria o uso eficiente da energia, como também abriria espaço para o alargamento das despesas com educação e infraestruturas. As atuais circunstâncias salientam também a necessidade urgente de políticas que favoreçam a transformação estrutural para diversificar a base de produção da África Subsariana e promover a maior inserção nas redes de comércio internacional. Isso ajudará a região a criar empregos para uma população jovem em rápida expansão, visto que a região deve passar por uma transformação demográfica significativa nas próximas décadas. Por volta de 2030, o número de pessoas que chegarão à idade ativa na região será superior à soma do resto do mundo. Para a África Subsariana, trata-se de uma oportunidade incrível que, se bem aproveitada, poderá ser um poderoso motor do crescimento a longo prazo.”