Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 O CONTEXTO HISTÓRICO DAS DISCUSSÕES SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O AQUECIMENTO GLOBAL: A LITERATURA DE CORDEL COMO POSSIBILIDADE DIDÁTICA Silvana Maria Lima dos Santos (Programa de Pós Graduação em Ensino Filosofia e História da Ciência – UFBA/ Bolsista FAPESB) Rosiléia Oliveira de Almeida (Faculdade de Educação – UFBA) RESUMO Este artigo tem por objetivo ressaltar a relevância das discussões sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global no contexto escolar, situando-as no panorama histórico das conferências e documentos oficiais nacionais e internacionais sobre o tema. A partir de um referencial teórico ancorado numa abordagem multicultural, propomos o uso da Literatura de Cordel como mediadora da aprendizagem de conceitos científicos, sob a perspectiva sóciohistórica, sendo adotado o método da pesquisa-ação, pela sua dupla abordagem de pesquisa e intervenção. Apresentamos resultados preliminares da análise de cordéis, visando tomá-los, nas etapas subsequentes da pesquisa, como ponto de partida e de chegada para a aprendizagem dos estudantes de uma escola pública de Salvador, oriundos da comunidade quilombola da Ilha de Maré. Palavras-chave: Aquecimento Global, Literatura de Cordel, Ensino de Ciências Multicultural. INTRODUÇÃO Diante da necessidade de discussões sobre as mudanças climáticas e aquecimento anormal da temperatura do planeta, abre-se um leque de conferências, encontros e eventos nacionais e internacionais que se dispõem a elucidar os caminhos que foram e que devem ser seguidos pelas populações, governos e setores privados sobre o tema. Mas quando esse tópico se tornou foco dos pesquisadores brasileiros? Diante de que condições ambientais esse tipo de discussão de tornou necessário? Acerca desses e de outros pontos relevantes ao ensino das ciências e da necessidade de novas abordagensdo tema é que iremos conduzir este artigo. 6889 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Partindo de um contexto internacional órgãos de regulação como a ONU 1e o IPCC 2 têm se dedicado a direcionar as discussões entre os governos e a instituir diretrizes e tópicos a serem debatidos e ações a serem avaliadas. Dentre os pontos mais evidentes há um relativo consenso sobre a concretude do aumento das temperaturas no planeta, e que suas causas devem ser apontadas e utilizadas para tentar predizer consequências globais futuras. [...] as Nações Unidas têm apresentado um papel importante ao colocar em pauta o tema ambiental e se deve considerar como um caso de sucesso o fato de atualmente existir um quase consenso internacional de que, quaisquer que sejam os fatores, existe uma diferença significativa na variação da temperatura, na frequência e na intensidade (para maior ou menor) das estiagens e das chuvas, dentre vários fenômenos que estão alterando a percepção sobre o meio ambiente e a relação do homem com a natureza (SMID, 2013). A primeira Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano foi realizada na cidade de Estocolmo, em junho de 1972, convocada na Assembleia Geral da UNU, em 1968, por causa dos sérios problemas ambientais que afetavam o mundo. Durante o evento as discussões se polarizaram em torno das perspectivas dos países desenvolvidos versus países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos estavam preocupados com os efeitos da devastação ambiental sobre a Terra, propondo um programa internacional voltado para a Conservação dos recursos naturais e genéticos do planeta, pregando que medidas preventivas teriam que ser encontradas imediatamente, para que se evitasse um grande desastre. Por outro lado, [os países em desenvolvimento] questionavam a legitimidade das recomendações dos países ricos que já haviam atingido o poderio industrial com o uso predatório de recursos naturais e que queriam impor a eles complexas exigências de controle ambiental, que poderiam encarecer e retardar a industrialização dos países em desenvolvimento (BURSZTYN; PERSEGONA, 2008, p. 150). A conferência de Estocolmo foi o pontapé inicial na corrida dos países pelo desenvolvimento de documentos reguladores e conscientização mundial sobre a importância de se adotar medidas diante do aquecimento do planeta. 1 ONU, Organização das Nações Unidas, criada em 1945, depois da segunda guerra mundial, com a função de fornecer uma plataforma para o diálogo entre as nações do mundo inteiro. Atualmente existem 193 países membros. 2 IPCC (IntergovernmentalPanelonClimateChange), Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, estabelecido em 1988 para fornecer informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para o entendimento das mudanças climáticas. 6890 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Esse aquecimento anormal relaciona-se com as condições climáticas do planeta, que são condicionadas por diversos fatores, como nível de radiação solar, movimentos das massas de água marinhas e continentais e composição da atmosfera, sendo que qualquer desequilíbrio no sistema levará a um ajuste global desses fatores. Já é conhecido que tais ajustes aconteceram inúmeras vezes ao longo da história do planeta, de estimados 6 bilhões de anos, de maneira que o clima terrestre já se modificou muitas vezes (NUNES, 2008). Esses períodos alternam-se entre temperaturas quentes e frias, que normalmente duram milhões de anos, apresentando padrões específicos que envolvem desde a fauna até a quantidade de energia disponível e a composição atmosférica. A necessidade de descrever a realidade e reconstituir o passado torna-se difícil devido às informações desencontradas, como comenta Nunes (2008): As condições que levaram às modificações do clima do planeta ao longo de sua história são apenas parcialmente conhecidas, muitas vezes colocadas no nível de hipóteses prováveis, até porque algumas das mudanças podem ter ocorrido devido à conjugação de condicionantes de diferentes ordens, que contribuíram com magnitudes distintas para alterar o clima (NUNES, 2008, p. 67). Oliveira (2008) apresenta evidências de mudanças no clima que foram detectadas a partir de meados do século XX, favorecidas pelo número crescente de estações meteorológicas e pelos dados de satélites obtidos a partir de 1982. Diante da importância da problematização sobre o aquecimento anormal do planeta e suas implicações para a qualidade de vida de seus habitantes, há necessidade de reflexão sobre quais os caminhos que foram e que estão sendo trilhados pelo nosso país, no sentido de monitorar e mitigar as consequências desta nova realidade climática para a nossa população, com vistas à adoção de abordagens educativas contextualizadas. CAMINHOS TRILHADOS PELO BRASIL A preocupação com a conservação ambiental no Brasil não é recente, como muita gente acredita. Iniciamos esse processo de tomada de consciência desde 1797, com a criação do cargo de juiz conservador das matas pelo Regimento de Conservação das Reais Matas, estabelecido para impedir o corte indiscriminado de madeiras (LIMA, 2011). Desta forma, 6891 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 todas as matas tornavam-se propriedade da Coroa e quem fosse flagrado cortando madeira seria multado. Um avanço significativo deu-se com a publicação do Código Florestal, um documento oficial que tem entre seus objetivos centrais criar normas para a utilização sustentável das matas do país. O primeiro Código Florestal brasileiro, instituído pelo Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934, foi revogado posteriormente pela Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, que instituiu novo código florestal, o qual foi revisto em 2012 3 (SILVA et al., 2011). Em julho de 1934, seguindo o percurso da criação de normas a respeito dos recursos naturais, dá-se a publicação do decreto nº 24.643, que instituiu o código de águas, com execução de responsabilidade do Ministério da Agricultura, com a finalidade de controlar e incentivar o aproveitamento industrial dos recursos hídricos do país. Destacamos o art. 2º do documento, uma vez que este código era coerente com o ideário de se transformar o Brasil em um país moderno, industrializado, disciplinando a apropriação e o uso da água, elemento insubstituível ao processo de acumulação do capital (SILVESTRE, 2008). São águas públicas de uso comum: -os mares territoriais, nos mesmos incluídos os golfos, baías, enseadas e portos; - as correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis; -as correntes de que se façam estas águas; -as fontes e reservatórios públicos; -as nascentes quando forem de tal modo consideráveis que, por si só, constituam o "caput fluminis” 4; -os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na navegabilidade ou flutuabilidade (BRASIL, 1934). Durante esse percurso de ações voltadas ao meio ambiente, no cenário de discussões sobre as mudanças do clima, o Brasil ganha destaque há cerca de 20 anos, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida pelos brasileiros como a “Eco 92” ou a “Rio 92”5, durante a qual foram discutidos pontos como desenvolvimento sustentável, economia verde e redução de impactos ambientais, num contexto de discussão que abrangia profissionais da ecologia, organizações ambientalistas, grupos organizados da sociedade civil e até mesmo multinacionais. Buscando sistematizar os fatores que causam o problema do aquecimento do planeta os relatórios do IPCC de 2001 e 2007 apontam que a dinâmica natural do planeta, enquanto 3 O Novo Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, oriunda do Projeto de Lei nº 1.876/99) é a lei brasileira que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, tendo revogado o Código Florestal Brasileiro de 1965. 4 Nascentes de rios. 5 Realizada entre 3 e 14 de junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. 6892 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 sistema climático, está sofrendo perturbação dos seres humanos, de maneira que as mudanças dominantes nas últimas décadas teriam origem preponderantemente antropogênica (NUNES, 2008). O padrão de mudanças climáticas de 1970 a 2000 mostra aquecimento da troposfera, o que é uma característica da intensificação do efeito estufa. As consequências desse fenômeno para a população brasileira fazem-se notar na menor precipitação pluvial na região semiárida e na aceleração do processo de desertificação, o que degrada as terras e diminui sua produtividade, aumentando as desigualdades sociais. Essas alterações podem levar a mudanças no uso do solo, com instabilidades políticas decorrentes da desarticulação de práticas de cultivo e manejo tradicionais. Ressaltamos, ainda, os aspectos ambientais locais, pois estes apresentam características únicas que devem ser valorizadas e observadas atentamente a fim de manter sua biodiversidade. O Governo Federal e as instituições de fomento iniciam, assim, o desenvolvimento e orientação de projetos e iniciativas que se propõem a mapear cenários e mostrar horizontes sobre a temática no nosso país. Destaca-se, nesse contexto, a realização do 1º Simpósio Brasileiro de Mudanças Ambientais Globais, realizado em 2007, no Rio de Janeiro, que teve como objetivo principal apresentar o estado da arte das pesquisas científicas sobre mudanças climáticas globais a representantes do setor acadêmico, governamental e empresarial (CONCLIMA, 2013). No ano seguinte, 2008, novas atitudes mostraram que a preocupação dos órgãos reguladores continuava, citando-se como exemplo a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), que congrega várias instituições e grupos de pesquisa em torno de ações que cumpram os objetivos do Plano Nacional sobre Mudança do Clima. Nesse documento encontram-se as principais ações e projetos desenvolvidos pelo país no sentido de discutir e sanar problemas ligados às mudanças climáticas globais (BRASIL, 2008). Um caminho para a conscientização da sociedade tem se concretizado por meio de encontros e conferências que avaliam as atitudes que já vêm sendo tomadas e discutem outras que se efetivem no futuro. Em 2012 foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, tendo como objetivo a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas emergentes (RIO+20, 2012). Em 2013 o IPCC liberou o mais recente relatório com os dados e estimativas acerca do clima e suas mudanças, além dos principais resultados de pesquisas feitas sobre o tema. Entre 6893 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 os tópicos que aparecem nos documentos podemos citar a presença de descrições sobre a atmosfera, as geleiras, a temperatura, os oceanos e fenômenos climáticos recentes. Esse documento poderá ser utilizado como base para a criação de políticas públicas nacionais ou internacionais para a mitigação das causas ou redução dos efeitos do aquecimento incomum do globo para os seres vivos. O CORDEL PARA UM ENSINO MULTICULTURAL Para trabalhar com estudantes oriundos de comunidades tradicionais percebemos a necessidade de uma abordagem que respeite sua identidade cultural, mas que ao mesmo tempo torne a sala de aula um espaço onde as controvérsias, contradições e conflitos relacionados ao tema aquecimento global promovam uma cultura híbrida a partir da crítica cultural tanto dos conhecimentos científicos produzidos pela ciência climática, quanto dos saberes populares sobre o aquecimento global, traduzidos na literatura de cordel. A hibridação, nesse contexto, é entendida, conforme Canclini (2011, p. 19), como um processo sociocultural no qual estruturas, objetos ou práticas discretas se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas. Trata-se de ir além da valorização da diversidade cultural para questionar a própria construção das diferenças no seio das sociedades desiguais e excludentes (CANEN; OLIVEIRA, 2002). Silva a Arcanjo (2012) refletem sobre os subsídios da literatura de cordel para trabalhar a temática ambiental no contexto escolar, com o propósito de estimular a reflexão socioambiental e, por conseguinte, promover o desenvolvimento de uma consciência ecológico-preventiva face à natureza. Esta proposta é coerente com uma das premissas de nosso trabalho: a importância de se adotar estratégias educativas que ensejem uma mudança de paradigma rumo ao diálogo intercultural na sala de aula. Assim, nossa contribuição, no cenário atual da pesquisa na área de ensino de ciências, é o desenvolvimento de um trabalho voltado para uma perspectiva multicultural, reconhecendo a necessidade de se compreender a sociedade como constituída de identidades plurais, com base na diversidade de raças, gêneros, classes sociais, padrões culturais e linguísticos, habilidades e outros marcadores identitários (CANEN; OLIVEIRA, 2002). Desta forma, consideramos que a ciência escolar, embora constitua uma produção cultural bem demarcada do ponto de vista epistemológico, precisa abrir-se para o diálogo respeitoso e fértil com as demais produções culturais que perpassam as sociedades. 6894 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Dedicamos a etapa inicial da pesquisa à identificação e reunião de cordéis que abordassem sobre o tema meio ambiente. Dos 22 cordéis encontrados, 7 tratavam especificamente do aquecimento global, sendo estes analisados a fim de conhecer os assuntos tratados e identificar equívocos conceituais. A partir desta análise a pesquisa assumirá um cunho empírico, com a imersão do pesquisador no meio social (CLINGAN, 2008).Por ter caráter contínuo e processual, utilizaremos uma metodologia qualitativa na pesquisa, com a adoção de várias técnicas de produção de dados (LICHTMAM, 2010). Diversas abordagens teóricas e métodos caracterizam as discussões e a prática da pesquisa qualitativa (FLICK, 2009, p. 25), sendo que adotaremos a pesquisa-ação. Quanto à pesquisa-ação, para Tripp (2005) trata-se de um dentre os inúmeros tipos de investigação-ação, em que se aprimora a prática de agir em campo a partir da investigação e reflexão sobre ela. Esse tipo de abordagem usa técnicas de pesquisa consagradas para produzir a descrição dos efeitos das mudanças da prática. Segundo Dionne (2007) a pesquisaação é um instrumento prático de intervenção antes de ser uma forma de investigação. Para esse autor, a pesquisa-ação adquire um alcance singular, transversal e multirreferencial, não se reduzindo a uma simples metodologia. Ela está implicada em várias dimensões, sendo ao mesmo tempo ferramenta de pesquisa, de mudança e de formação. As principais etapas a serem desenvolvidas na pesquisa-ação e que fazem parte do planejamento da pesquisa, ainda acompanhando o pensamento de Dionne (2007), são: identificação das situações iniciais; projetação da pesquisa de ação; realização das atividades previstas; avaliação dos resultados.As técnicas adotadas serão: desenvolvimento de uma sequência didática sobre crise ambiental e mudanças climáticas globais, tendo como princípios metodológicos a ancoragem social, a crítica cultural e a hibridação. A ancoragem social será favorecida pela aproximação ao contexto de vida dos alunos e pela adoção de abordagem teórico-metodológica interacionista, que envolverá observação e descrição densa das atividades durante sua execução. O potencial educativo da hibridação ocorrerá através da análise da produção de cordéis pelos estudantes, que superem enfoques equivocados do aquecimento global tanto pela ciência quanto pelos cordéis, a partir da crítica cultural dessas produções. 6895 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 RESULTADOS PRELIMINARES A análise dos sete cordéis que abordam o tema aquecimento global foi feita a partir de uma leitura apurada de todos os textos e criação de um quadro, no qual constam o autor do cordel, o título, o conteúdo, informado pelo autor, traduzido em uma breve sinopse, os temas ligados à ciência e trechos ilustrativos desses temas. Consideramos que essa análise inicial subsidiará a comparação com o material construído pelos estudantes durante a sequência didática. Quadro 1. Exemplos de organização do conteúdo dos cordéis como subsídio para a sequência didática. AUTOR TÍTULO SINOPSE TEMAS LIGADOS À CIÊNCIA Poluição FRANCISCO RINGO STAR PINTO ANCHIETA DANTASZÉ DO JATI Aquecimento Global O desastre da Terra no Aquecimento Global O autor deixa claro que usa a poesia para falar sobre o fenômeno do Aquecimento Global, suas consequências, ressaltando a necessidade de preservação e de conscientização individual e coletiva. Representa a natureza como algo que deve ser preservado, apresenta as consequências do aquecimento global e faz uma comparação histórica entre índios e europeus. Considera o estudo científico confiável. Referese a Deus em todo o cordel. Apresenta um equívoco conceitual ao afirmar que o gás carbônico queima. Queimadas Fenômenos naturais Lixo Educação Ambiental TRECHOS “com tanta poluição as marés vão crescendo a poluição no ar a acidez no mar” “com o maltrato das queimadas sentindo só o arder suspira seu sangue verde” “Muitas velas, muitos remos a toda população tempo que navegaremos na larga imensidão maremotos que um dia vemos com prevista duração.” “Se lança a cada segundo Exatos uma tonelada De lixo a mais pelo mundo.” “Sensibilizar toda gente É a consciência ecológica Da classe empresarial” 6896 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A análise evidenciou que o tema Aquecimento Global aparece nos cordéis sempre como uma catástrofe que irá acontecer o mais breve possível e o homem genérico é quase sempre o culpado, sendo, então, sua responsabilidade pará-lo ou diminuí-lo. Não houve nenhuma menção ao fato de que o efeito estufa é algo natural e que mantém a temperatura do planeta. Além dos equívocos conceituais encontrados, em nenhum trecho é ressaltado que estamos inseridos num contexto local e que este está relacionado ao contexto global das mudanças climáticas. CONCLUSÃO Chegamos ao final desse caminho sabendo que não nos debruçamos de forma minuciosa sobre a temática das Mudanças Climáticas e do aquecimento Global, tendo em vista a amplitude e complexidade desse tema, mas conseguimos registrar aqui um panorama geral dos principais encontros e dos documentos oficiais de maior importância e sistematizar o conteúdo de cordéis que tratam do tema, servindo, assim, de base para a continuidade da pesquisa, o que cumpre nosso propósito inicial. Diante de tantas situações propícias à reflexão ensejadas pelo tema Mudanças Climáticas, consideramos que a abordagem didática intercultural proposta é uma possibilidade efetiva para promover a aprendizagem conceitual ancorada no contexto sociocultural dos estudantes, o que significa tomá-lo como ponto de partida e de chegada para as práticas escolares. Assim, os cordéis construídos pelos estudantes serão utilizados como instrumentos para ampliar, entre os moradores da Ilha de Maré, a compreensão pública da ciência climática, a vinculação de questões ambientais locais e globais e uma visão crítica e emancipatória que considere a distribuição desigual dos bens ambientais e também das responsabilidades pelos problemas ambientais na nossa sociedade. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934. Decreta o Código das Águas. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D24643.htm>. Acesso em: 15 maio 2014. BRASIL. 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