UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MARKETING AMBIENTAL ESTUDO DE CASO – GOÓC Por: Telma Soares de Abreu 2 Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2009 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MARKETING AMBIENTAL ESTUDO DE CASO - GOÓC 3 Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do especialista em Comunicação Empresarial. Por: Telma Soares de Abreu grau de 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus a que é a minha fortaleza e a quem confio. Ao meu namorado Jorge Fernandes que sempre esteve ao meu lado e acreditou, motivou e ajudou a tornar meu sonho realidade. A meus pais, que cuidaram do meu filho para que eu pudesse me dedicar aos estudos. Ao Luiz Gustavo, meu filho, que mesmo tão criança sempre me apoiou a estudar. As minhas amigas que tanto me ajudaram especialmente: Patrícia Bruzzi e Monique Oliveira. A todos os professores com quem eu tive aula e que foram importantes para a minha formação, especialmente a professora Ângela Lopes que teve muita didática e a professora Isabel. 5 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia a minha amiga Patrícia Bruzzi que acompanhou minha trajetória e que tanto admiro. 6 RESUMO A questão central desta monografia é avaliar importância e o espaço que o Marketing ambiental vem ganhando no mercado. Impacto ambiental, aquecimento global e meio ambiente se transformaram em uma preocupação mundial. E a cobrança dos consumidores aumenta, tornando-os mais simpáticos às empresas que demonstrem responsabilidade ambiental. Para fazer esta análise, foi abordado inicialmente o histórico do Marketing ambiental, pontuando momentos de maior destaque durantes as últimas cinco décadas. Em seguida, exemplos de casos bem sucedidos serão abordados, com ênfase, na empresa Goóc que já nasceu com o conceito de responsabilidade ambiental. Mas, também serão citados casos de outras grandes empresas que tiveram que aderir uma nova estratégia de marketing, por conta das questões ambientais que tomaram força e cada vez mais ênfase no dia-a-dia de toda a sociedade. 7 METODOLOGIA A Consciência ambiental chegou aos poucos e hoje invadiu a rotina das pessoas, seja através da mídia que chega todos os dias através de telejornais, novelas e comerciais, ou da escola dos filhos que abordam cada vez mais temas ambientais ou do convívio com pessoas ligadas a movimentos ambientais. Quero dizer que, a pesquisa de campo começou antes de definir o tema do projeto. Uma observação diária que mostra a mudança de hábitos e a preocupação global com a situação ambiental do planeta. Para realizar o projeto primeiramente foi uma pesquisa de campo. Uma visita a algumas lojas para observar os produtos e o local, coletar algumas informações básicas sobre os produtos vendidos, como exemplo empresas como a Goóc e a O Boticário. Como fonte foram utilizados livros de marketing, sites relacionados, artigos publicados em revistas e material didático do curso. 8 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I -Marketing Ambiental 11 CAPÍTULO II - Goóc Empresa 22 CONCLUSÃO 28 BIBLIOGRAFIA 29 ÍNDICE 30 FOLHA DE AVALIAÇÃO 32 10 INTRODUÇÃO Parece óbvio dizer que toda empresa dedica-se à produção de bens e serviços que satisfazem necessidades humanas, visando o lucro. Na década de 70, também parecia obvio dizer que seguir as ideologias ambientalistas era sinônimo de prejuízo. Mas o impacto ambiental causado pelo descompromissado desenvolvimento industrial trouxe à tona a preocupação em se produzir sem causar danos ecológicos. No início dos anos 90 experimentou um espetacular crescimento do segmento dos consumidores que se preocupam com a proteção e preservação do meio ambiente. Hoje, algumas empresas provaram que é possível produzir bens e serviços agregados ao compromisso ambiental, e o melhor, lucrando mais que antes. O presente estudo pretende mostrar que o marketing ambiental é uma tendência mundial altamente lucrativa. A empresa Goóc será usada como objeto de pesquisa por ter como base de produção produtos reciclados. CAPÍTULO I – MARKETING AMBIENTAL 11 Para iniciar o estudo sobre Marketing Ambiental é fundamental saber quando ele surgiu, quais são suas funções e como as empresas se adaptaram a esse novo conceito e como aconteceu sua evolução. Por tanto, neste primeiro capítulo será tratado os seguintes itens: Definição de Marketing Ambiental , Histórico e Marketing Verde. 1.1 DEFINIÇÃO DE MARKETING AMBIENTAL Segundo Wikipédia MARKETING AMBIENTAL: é a estratégia voltada direto para ações ligadas ao meio ambiente. Tem como principal objetivo passar uma imagem positiva para seu público alvo, afim de que possa insentivá-los a compra de um bem , produto ou serviço. Trata-se de uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa, difundindo-a com uma visão de mercado, tendo diferenciação ecologicamente correta junto à sociedade, fornecedores, funcionários e ao mercado. Para tanto, a empresa tem de conhecer o ciclo de vida de um produto integralmente, ou seja: sua criação, passando pelo planejamento, produção, distribuição, consumo, até o seu descarte. Segundo Roberto Conti (2000) “o respeito pela natureza começa pela fábrica, passa pelos escritórios e vai além dos limites externos da empresa”. Essa afirmação é um alerta que mostra a necessidade de conscientização do consumidor, que detêm o poder de compra e que, se o fizer de forma responsável estará direcionando o desenvolvimento do mercado 12 e determinando mudanças em todo o ciclo produtivo, somando a qualidade ambiental à qualidade dos produtos que vão sendo lançados no mercado. Para conquistar este consumir consciente é preciso investir em campanhas que demonstre a preocupação que a empresa tem a respeito do meio ambiente. As embalagens dos produtos são usadas freqüentemente para isso. O consumidor que percorrer atentamente pelas gôndolas dos supermercados facilmente percebera um aumento de embalagens que mostram vantagens de se utilizar produtos ecologicamente corretos, informando o processo produtivo segundo os impactos que provocam ao ambiente, aos recursos naturais e ao ser humano. Uma empresa que vem se destacando neste sentido é a Natura, que vinculou sua imagem à natureza. A empresa usa sacolas recicladas, produtos com refil e no próprio encarte de venda seguem com explicações de etapas da produção ecologicamente correta. Moura (1998)chama a atenção para o fato de que o setor de mineração é altamente visado pelos ambientalistas, principalmente no caso da Vale do Rio Doce, que tem sua principa mina em uma região de florestas troipicais da Amazônia, a mina de Carajás, que é a única no mundo que apresenta um teor de ferro na ordem de 68 por cento Isso tudo ocasiona enorme pressões internacionais, e até mesmo tentativas de boicote por parte dos concorrentes internacionais. Em função do que foi exposto a empresa investiu pesadamente na estruturação de um setor ambiental o que levou Carajás a ser reconhecida como um modelo de referência e respeito e cuidado com o meio ambiente. A Vale investe na reabilitação de espécies nativas dos ecossistemas da Mata 13 Atlântica, do Serrado e da Amazônia. Utiliza também alta tecnologia de reflorestamento e renovação do ciclo florestal e atua em cinco dos sete biomas brasileiros. A empresa de cosméticos O Boticário também é citada como uma empresa ecologicamente correta. Moura (1998) afirma que seguindo uma tendência internacional das empresas de cosméticos, o Boticário tem promovido programas relacionados a causa do meio ambiente. Criou a fundação – O Boticário de Proteção à Natureza - que entre outras atividades, mantém a reserva de proteção à natureza de Salto Morato, no Paraná, que demanda 4 milhões de reais por ano. Cohen (1999) complementa dizendo que esta reserva tem 1700 hectares e estimula os 1600 franqueados da empresa a adotar medidas ambientalmente corretas. A empresa troca sobras de papel, plástico e vidro com empresas de reciclagem, que em troca, produzem cadernos para crianças carentes. Outro exemplo ocorreu em março de 2009, para comemorar o aniversário da empresa, a rede de franqueados fez parte de uma ação que atingiu escolas de todo o Brasil Educação promovendo a semana “O Boticário de Ambiental”. Como parte da iniciativa, cada franqueado recebeu kits com materiais para ações de Educação Ambiental, com a missão de ajudar a distribuí-los a escolas estaduais e municipais, em conjunto com Secretarias de Educação. O Mac Donald’s também entrou na onda do marketing verde. A empresa costumava comprar o xarope da coca-cola em sacos plásticos embalados em caixas 14 de papelão, mas agora ele é entregue do mesmo modo que a gasolina: bombeado de caminhões tanque diretamente para os barris de armazenagens dos restaurantes. Essa mudança economizou 31 milhões de quilogramas de embalagens por ano. Todos os guardanapos, sacolas e toalhas de bandejas dos restaurantes do Mac Donald’s são fabricados com papel reciclado, o mesmo acontecendo com as bandejas para carregar copos de bebida e até mesmo a papelaria usada na sede. Para uma empresa o porte do Mac Donald’s mesmo pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença. Por exemplo: com a redução de apenas 20 por cento no peso dos canudinhos, a empresa economiza 500 mil quilogramas de resíduos por ano. Além de transformar seus próprios produtos em “verdes”, o Mac Donald’s compra materiais reciclados para construir ou remodelar seus restaurantes e desafia seus fornecedores a utilizar reciclados. (KOTLER, 2004, p.546) produtos --- Esses exemplos mostram que a preocupação com o meio ambiente se torna cada vez mais uma tendência mundial. Certamente, a questão ambiental nunca foi tão debatida como nos dias de hoje. A sociedade possui diversas formas de se informar sobre os problemas ambientais. O tema é fortemente mostrado na mídia jornalística e cada vez mais, inseridos em planos de governos, sejam eles federal, estadual ou municipal. 15 1.2 - HISTÓRICO Para Schiffman (2000 pg 442.) desde que Rachel Carson escreveu The Silent Spring, em 1962, cresce nos Estados Unidos e países industrializados , a consciência quanto a fragilidade do meio ambiente e a necessidade de preservar os recursos naturais como: ar puro, água limpa e um ecossistema que se auto renove. Segundo Kotler (2004 pg 546) A primeira comemoração da Terra no dia 22 de Abril de 1970 surgiu um movimento ambientalista que fez seu primeiro esforço para conscientizar a população sobre os perigos da poluição. A partir desta data as pessoas começaram a entender os conceitos de “degradável”, “reciclável”, ”reutilizável” e “favorável ao meio ambiente” Foi uma tarefa difícil pois na época a maioria do povo não tinha interesse nos problemas ambientais. Após esse lento início de duas décadas nos anos 1990 houve um novo boom sobre as questões do aquecimento global como: a destruição da camada de ozônio, poluição da água e do ar, descarte de resíduos perigosos, acúmulo de resíduos sólidos. Foi o ponto de partida onde os consumidores desse segmento criaram forças, e adotaram práticas mais seguras quanto ao meio ambiente. 16 “O homem passou a usar cada vez mais os recursos naturais do planeta, degradando o meio ambiente. A questão ambiental deixou de ser idealismo dos ecologistas, sendo preocupação de governos, organizações e sociedade” ( Saber Acadêmico, 2007.) Foi também na década de 90, que aconteceu no Rio de Janeiro um importante evento em prol do meio ambiente, a Eco 92. Essa conferência contou com a participação de 170 países, e demonstrou a mudança de mentalidade que estava ocorrendo, e a partir daí, passou a ser entendida a mutua dependência entre o desenvolvimento e o equilíbrio do meio ambiente, com a conservação de recursos para gerações futuras. A Conferência do Rio consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável e contribuiu para a mais ampla conscientização de que os danos ao meio ambiente eram majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. Reconheceu-se, ao mesmo tempo, a necessidade desenvolvimento tecnológico de receberem para os apoio avançarem na países em financeiro e direção do desenvolvimento sustentável. Naquele momento, a posição dos países em desenvolvimento tornou-se mais bem estruturada e o ambiente político internacional favoreceu a aceitação pelos países desenvolvidos de responsabilidades princípios comuns, mas como o diferenciadas. das A mudança de percepção com relação à complexidade do tema deu-se de forma muito clara nas negociações diplomáticas, apesar de seu impacto ter sido menor do ponto de vista da opinião pública. 17 (http://pt.wikipedia.org/wiki/ECO-92, acessado em 01/04/09) Essa conferência deu início a um novo modelo de pensamento nos consumidores. Não se tratava mais de anúncio apenas atrativos, agora o público que saber se as empresas estão incorporando valores ambientais aos seus processos de fabricação. A partir daí, o marketing verde veio se fortalecendo e ganhando espaço no mercado. 1.2.1 O MARKETING VERDE NAS EMPRESAS. Schiffman (2000) fala que os profissionais do Marketing e as empresas perceberam o interesse do consumidor em relação ao meio ambiente e aproveitaram a oportunidade para conquistar os consumidores preocupados com o meio ambiente que em conseqüência acabaram ficando mais exigentes com estas questões. As empresas foram impulsionadas a lançarem produtos e embalagens politicamente corretos com a natureza e trataram logo de anunciarem nos rótulos e propagandas a mudança de comportamento. “ Empresas que não responderem às questões ambientais com produtos mais seguros e ambientalmente mais saudáveis estão se arriscando a perder a sintonia com o consumidor”. (VALÉRIA, Adriana, resumonline 25/03/09). 18 Essa mudança de comportamento foi nomeada de “Movimento Verde” e os consumidores passaram a ser chamados de “consumidores verdes”. Segundo Schiffman, nos Estados Unidos, por exemplo, muitas organizações sem fins lucrativos buscaram instituir programas de certificação de produtos com aprovação ambiental. No Brasil, algumas ações desse tipo também estão sendo implantadas. No Rio de Janeiro, em outubro de 2007, o governador Sérgio Cabral combinou interesses de desenvolvimento econômico, com a preservação ambiental criando o primeiro escritório de carbono do país que visa atender empresas, sindicatos, investidores e prefeituras, entre outros, que queiram adotar ações que resultem em benefícios climáticos. Essas ações demonstram uma difusão de ações voltadas para questões ambientais. 2CTC RQUKEKQPCT UG EQOQ CODKGPVCNOGPVG TGURQPU¶XGN C GORTGUC FGXG CPVGU FG OCKU PCFC QTICPK\CT UG RCTC UGT WOC GORTGUC CODKGPVCNOGPVG TGURQPU¶XGN GO VQFCU CU UWCU CVKXKFCFGU 2CTC KUUQ VQFQU QU HWPEKQP¶TKQU FGXGO GUVCT EQPUEKGPVGU FG SWG C GORTGUC PºQ RQFG VGT PGPJWOC HCNJC GO UGW EQORQTVCOGPVQ CODKGPVCN RQKU à OWKVQ FKHÈEKN G FGOQTCFQ Q RTQEGUUQ FG TGEQPUVTWÁºQ FC KOCIGO FG WOC GORTGUC RTGXKCOGPVG TGVTCVCFC PC OÈFKC EQOQ CODKGPVCNOGPVG KTTGURQPU¶XGN #NÃO FKUUQ C GORTGUC FGXG CFQVCT WO EQORQTVCOGPVQ RTÎ CVKXQ QW UGLC FGXG GUVCT 19 UGORTG CRGTHGKÁQCPFQ UGW EQORQTVCOGPVQ CODKGPVCN RQKU CU GZRGEVCVKXCU FC RQRWNCÁºQ SWCPVQ CQ XGTFG GUV¶ GO EQPUVCPVG OWFCPÁC G QU QDLGVKXQU SWG CU GORTGUCU FGXGO DWUECT CVKPIKT GO VGTOQU FG GOKUUÐGU CVOQUHÃTKECU RQT GZGORNQ UºQ KFGCKU GOKUUºQ \GTQ FG RCTVÈEWNCU RQNWGPVGU 2QT KUUQ RCTC CVKPIKT VCKU QDLGVKXQU CU GORTGUCU FGXGO VTCÁCT OGVCU ECFC XG\ OCKU TÈIKFCU 5CDGT CECFÄOKEQ 1.2.2 – CONSUMIDOR VERDE Layrargues (2000) define consumidor verde como aquele cujo escolha do protudo se baseia não somente na questão qualidade/preço, mas também no quanto esse produto é ambientalmente correto, ou seja, não prejudicial ao meio ambiente em nenhuma etapa do seu ciclo de vida. O autor diz ainda que até o simples ato da compra determina um ato de preservação do meio ambiente, ou seja, o ônus da responsabilidade ambiental passa dos fabricantes para a sociedade. O consumidor verde tem o efeito regulador, funcionando através da lei da oferta e da procura. 20 O autor citado aponta o consumidor verde como um dos elementos mais importantes no processo da ISSO 14000, apesar de ser também o mais frágil. O problema maior é que em países em desenvolvimento, como o Brasil, esse tipo de consumidor é ainda muito inespressivo no conjunto dos cidadãos consumidores, Para que funcionem como estímulo as empresas para se tornarem ecologicamente corretas. Dados de 1992, período em que muito se falou na questão ambiental no país, por conta da Eco 92, indicam que apenas 18 por cento dos brasileiros deixariam de consumir produtos que agredissem o meio ambiente, contra um percentual de 50 por cento da Alemanha. Layrargues (2000) afirma que a baixa porcentagem de consumidores verdes na sociedade brasileira reflete-se no perfil empresarial que se manifesta favorável e toma atitudes a favor da causa ambiental. O ator cita uma pesquisa realizada (Gutberlet e Segura, 1996/7), que constatou que apenas as empresas exportadoras encontravam motivos para se preocupar com a certificação ambiental, uma vez que o mercado interno ainda carecia da pressão do consumidor verde. Porém, Layrargues (2000) diz que, o mercado sozinho é insuficiente para alterar o comportamento das empresas com relação ao meio ambiente. Sendo assim, uma política pública de controle da questão é fundamental. Por outro lado Ottman (1994) afirma que os valores ambientais passaram a ocupar lugar de destaque na vida das pessoas, que estão 21 preocupadas em proteger suas vidas e suas subsistências. Estas pessoas resolveram eleger produtos nas prateleiras dos supermercados e distinguir aqueles ambientalmente corretos dos que não são. Isso é o que ela chama de consumeirismo ambiental. A tendência ambiental do consumidor está se movendo rapidamente, e as empresas já respondem com consistência. Um fator crucial para esta mudança de mentalidade por parte das pessoas é o fato de os problemas ambientais deixaram de ser um problema distante e começaram a atingir os lares. Começaram a tornar poluídas as praias, os rios, o que trouxe o problema para muito perto. Isto pode ser constatado nos noticiários de TV com enorme freqüência, e estatísticas assustadoras sobre destruição de florestas, o excesso de lixo gerado pelas grandes cidades, doenças como câncer de pele, defeitos congênitos, alergias e outras doenças causadas por água contaminada. Com isso, este problema passou a afetar diretamente a saúde e o bolso da população. 22 CAPÍTULO II – ESTUDO DE CASO EMPRESA GOÓC 2.1 – Goóc Empresa A Empresa Goóc foi escolhida para ser objeto de pesquisa do presente projeto por sua filosofia empresarial estar voltada inteiramente à consciência ambiental. O nascimento da marca Goóc teve início em 1978, quando o seu fundador o vietnamita Thai Quang Nghia, foi encontrado num barco de pesca em alto mar, no sul asiático, por um navio petroleiro da Petrobrás. Thai e os demais tripulantes foram trazidos para o rio de Janeiro. Com o primeiro dinheiro que conseguiu juntar, Thai investiu em aprender a língua portuguesa comprando um dicionário. Mas, foi através de seu primeiro emprego, tirando fotocópias, que conseguiu aprendê-la. Depois de três anos, ingressou na Faculdade de Matemática da USP (Universidade Federal de São Paulo). Na época teve que conciliar o trabalho com os estudos. Em 1986, por conta de um empréstimo feito a um amigo, acabou recebendo o pagamento em bolsas e se viu obrigado a vendê-las para 23 recuperar o dinheiro. Percebendo a lucratividade do “novo negócio”, Thai largou o trabalho em um primeiro momento e, logo depois a faculdade, para se dedicar à venda das bolsas e montar seu próprio negócio. Dessa forma, surgiu o grupo Domini - primeira atividade empreendedora de Thai e principal fornecedor de bolsas para a Avon Brasil. A passagem do foco em produção de bolsas para a produção de calçados levou 15 anos. O novo empreendedor costumava visitar familiares em diversos países. Mas foi numa viagem a Paris (França), que tele se inspirou e decidiu fazer algo que retratasse a sua cultura. Ao olhar um tambor exposto em um museu, Thai percebeu toda a simbologia existente por trás do instrumento, existia ali uma longa história de origem. Além disso, uma concepção artística muito forte. A partir daí Thai resolveu divulgar a sua cultura. No Vietnã as pessoas usam chinelo da época da guerra com solado de pneu. Neste momento ele percebeu que poderia pesquisar formas de produzir os “chinelos vietnamitas” no Brasil. E foi dessa forma que ele trouxe a idéia para o mercado brasileiro. Em 2004, a linha de produtos da empresa, era composta por sandálias, papetes e outros calçados com solado de borracha feitos a partir de pneus reciclados inspirados na cultura vietnamita. Houve certa resistência ao produto feito de pneus reciclados por parte dos lojistas. Mas, o público jovem se identificou com o produto e recebeu a novidade de forma positiva, a “mensagem” que os produtos de Thay levaram para o mercado era atual e moderna, o mercado percebeu que consciência 24 ambiental começava a fazer a diferença, e o resultado é o sucesso que consolidou a marca. Atualmente, a empresa possui cinco mil pontos de vendas em todo o território nacional e 10 Espaços Goóc. Emprega 960 pessoas, direta e indiretamente em duas unidades industriais - em São Mateus, na cidade de São Paulo e outra em Feira de Santana, na Bahia. Esta última é responsável pela produção de toda linha de calçados e acessórios desenvolvidos com borracha reciclada de pneu. Agora, o próximo desafio é expandir a produção no Nordeste, pois a região é responsável por 75 por cento do consumo de calçados em borracha. A idéia inovadora ultrapassou as fronteiras nacionais. A Goóc já chegou aos pés de estrelas de Hollywood, celebridades como Cameron Diaz, Al Gore, Gwen Stefani, Leonardo di Caprio e Drew Barrymore e, também, na Galeria Lafayette, em Paris. 2.2 – PLANO DE MARKETING GOÓC Apesar da idéia ter partido de divulgar a cultura Vietnamita a empresa GOÓC conquistou a simpatia do seu público alvo ( jovens ) pelo apelo do Marketing Ambiental, pois foi fundada em uma época ( 2004) em que a questão ambiental estava no seu auge, devido as questões do aquecimento global. A empresa conquistou a simpatia dos consumidores e colaboradores por estar politicamente correta, e o resultado é o sucesso não só no Brasil como 25 internacionalmente por que além da sua matéria prima ser reciclada junto com a filosofia da empresa onde é vivenciada no conceito de sustentabilidade. A empresa sempre teve a preocupação de reutilizar matéria prima para a preservação do meio ambiente. Hoje, a linha de produtos da Goóc compreende, além dos chinelos e papetes, bolsas e artigos de vestuário como calças, camisetas, cintos, pulseiras e shorts que são fabricados a partir de fibras de PET e de bambu. Toda a sua estrutura ( design ) é em cima de materiais reciclados, a estratégia de marketing é através da divulgação da história da empresa no ato da compra por seus vendedores. A Goóc também inovou ao firmar parceria com a distribuidora de pneus DPaschoal em 2007, com o intuito de promover ação a sustentabilidade ambiental. Também sempre está presente em eventos de responsabilidade ambiental ou desenvolvimento sustentável. Vale lembrar que foi como a participação na Francal em agosto de 2008, no Ceará, onde tem uma área de preservação ambiental e o Projeto LER GOÓC que a empresa conquistou a simpatia e o interesse de países como: França, Itália, Espanha, Portugal, Japão, Estados Unidos, Caribe, Austrália,Arábia Saudita. Ações como estas demonstram a importância da responsabilidade ambiental e o desenvolvimento sustentável já incorporados na marca Goóc como empresa corretamente responsável. Anualmente, o Brasil consome 30 milhões de pneus, que são despejados no meio ambiente. Desde a sua fundação, a Goóc já cresceu 26 500% e reciclou mais de 2 milhões de pneus, o que corresponde a 500 km de pneus enfileirados. Sua missão é eliminar todos os pneus inutilizáveis do país. Em 2007, a empresa produziu 5 milhões de pares e deste número, 5% foram comercializados em território internacional. Até 2014, a Goóc tem o objetivo de produzir 210 milhões de pares de sandálias – um para cada brasileiro. A empresa apresenta uma estatística interessante em seu website que informa que, em cinco anos, uma pessoa utiliza em média um jogo de pneus e depois, simplesmente, o descarta. A Goóc transforma o pneu inservível em 5 pares de sandálias de pneu reciclado. A Goóc provou que responsabilidade ambiental é um bom negócio. Após observar a trajetória de algumas empresas, é possível destacar alguns motivos para que uma empresa incorpore um programa de marketing ambiental: • Funcionários e Acionistas sentem-se melhor por estarem associados a uma empresa ambientalmente responsável, e essa satisfação pode até mesmo resultar em aumento de produtividade da empresa. • Redução de Custos - A maior parte da poluição resulta de processos ineficientes, que não aproveita completamente os materiais utilizados. Além disso, a simples auditoria ambiental pode identificar custos desnecessários que a empresa pode eliminar. 27 • Facilidades na Obtenção de Recursos - Bancos e, principalmente, organizações de desenvolvimento (como o BNDES e o BID) oferecem linhas de crédito específicas para projetos ligados ao meio ambiente com melhores condições, tais como maior prazo de carência e menores taxas de juros. Além disso, a maior parte dos bancos analisa a performance ambiental das empresas no momento de conceder financiamentos. Dessa forma, empresas mais agressivas ao meio ambiente podem precisar pagar juros mais altos ou até mesmo ver negado seu pedido de financiamento. • Pressão Governamental - Os diversos Governos no mundo, através de legislação, vêm buscando punir através de multas e proibições, práticas das empresas que tenham impactos ambientais significativos. A legislação vem sendo cada vez mais rigorosa na busca pelo "Impacto Ambiental Zero". O Governo ainda pode atuar através de suas compras, ou seja, proibindo a aquisição, por parte de suas empresas e órgãos, de produtos que afetem significativamente o ambiente físico e estimulando o consumo de produtos "ecologicamente corretos". • Pressão das ONGs - As diversas ONGs pressionam empresas através de campanhas veiculadas na imprensa e lobby junto a legisladores. Empresa sob a mira de uma das principais ONGs será bombardeada na imprensa e provavelmente passará a ser percebida pela população como ambientalmente irresponsável, o que representa forte publicidade negativa. 28 Além das vantagens, como já foi dito antes, é uma tendência de mercado. Fora isso, há uma série de pressões governamentais e de ONG`s para que as empresas adotem uma postura ecológica. 29 CONCLUSÂO Está claro que a atividade econômica, apoiada pelo princípio da responsabilidade ambiental (produtos verdes), pode gerar novas oportunidades de vendas para mercados saturados e com concorrentes fortes. Porém, depende-se de uma série de fatores como mercado, empenho da empresa e investimentos em imagem para que este tipo de planejamento prospere. Porém, tendo uma visão ampla e visando o futuro, este tipo de estratégia vem se mostrando muito eficaz, pois é uma ferramenta que auxilia a empresa a entregar ao cliente um produto com um valor agregado superior a um convencional, adicionando ao conjunto de valores do produto ecologicamente correto, a contribuição do consumidor para a desaceleração dos impactos ambientais, causados por produtos tradicionais que não se preocupam com o meio ambiente. Lembrando aqui de um conceito de Kotler, que o valor real do produto é diferente do valor que ele tem pra o consumidor. No entanto, esse produto ainda não é economicamente viável para toda a população. Os produtos ecologicamente corretos ainda são muito caros para a maioria da população, o que os tornam pouco competitivos e acessíveis. Com a série de problemas que o nosso planeta vem enfrentando (efeito estufa, desmatamento, poluição de rios, buraco na camada de ozônio e outros), é preciso que haja a conscientização das empresas e de toda a sociedade para preservar e oferecer um ambiente limpo e com melhor qualidade de vida para as futuras gerações.. 30 BIBLIOGRAFIA COHEN, David .A nova ordem na relação das empresas com a sociedade e com o meio ambiente. Encarte especial – A empresa do novo milênio. Revista Exame,São Paulo, Março de 2000.25p. LAYRARGUES, Philippe Pomier. Sistemas de gerenciamento ambiental,tecnologia limpa e consumidor verde: a delicada relação empresa meio ambiente no ecocapitalismo. Revista de Administração de Empresas, São Paulo,Abril/Junho 2000.P. 80-88. MOURA, Luiz Antônio Abdalla de . Qualidade e Gestão Ambiental:Sugestão para implantação das normas ISO 14000 nas empresas. 1°ed.São Paulo: Editora Oliveira Mendes, 1998.228 p. OTTMAN, Jacquelyn A. Marketing Verde – Desafios e Oportunidades para a Nova Era do Marketing. São Paulo : Makron Books, 1994 KOTLER, Philip. “Princípios de Marketing”. A Nova Defesa Ambiental e o “Marketing Verde’. São Paulo: Pearson, 2004. 546 P. SCHIFFMAN, G Leon, Marketing Ambiental: Uma industria de Causa em Crescimento 2000 .442 P. 31 WEBGRAFIA www.gooc.com.br , Empresa. Acessado em 29/03/09. www.resumonline.com.br VALÉRIO, Adriana .Marketing Ambiental Agrega Valor ao produto. acessado em 25/03/09. www.saberacademico.com.br Gestão ambiental no setor calçadista: estudo desenvolvido nas indústrias de calçados de grande porte de Birigui – SPl, acessado em 27/03/09. www.wikpedia.org .marketing ambiental.acessado em 30/04/09 www.wikipedia.org , ECO-92, acessado em 01/04/09 32 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 4 DEDICATÓRIA 5 RESUMO 6 METODOLOGIA 7 SUMÁRIO 9 INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I (MARKETING AMBIENTAL) 11 1.1 – Definição de Marketing Ambiental 12 1.2 – Histórico 15 1.2.1 – O Marketing Verde nas Empresas 17 1.2.2 – O Consumidor Verde 19 CAPÍTULO II (Estudo de caso Empresa GOÒC) 2.1- GOÓC Empresa 22 2.2-Plano de Marketing GOÓC 24 33 CONCLUSÃO 28 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29 WEBGRAFIA ÍNDICE FOLHA DE AVALIAÇÃO 30 31 33 34 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: