análise de prevalência de microrganismos multirresistentes

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JOSAPHAT S. NASCIMENTO
IVANA MARIA FRÓIO
ANÁLISE DE PREVALÊNCIA DE MICRORGANISMOS
MULTIRRESISTENTES NO HOSPITAL DO SERVIDOR
PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO (HSPE) NO ANO DE
2012.
FACULDADE FAMESP
MBA GESTÃO EM SAÚDE E CONTROLE DE INFECÇÃO
SÃO PAULO
2013
JOSAPHAT S. NASCIMENTO
IVANA MARIA FRÓIO
ANÁLISE DE PREVALÊNCIA DE MICRORGANISMOS
MULTIRRESISTENTES NO HOSPITAL DO SERVIDOR
PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO (HSPE) NO ANO DE
2012.
Monografia de Conclusão de Curso apresentada
à Faculdade Famesp, como parte dos requisitos
para obtenção do título de MBA Gestão em
Saúde e controle de Infecção.
Orientadora: Profa. Dra. Thais Guimarães
São Paulo
2013
Nascimento, Josaphat S.
N193a
Análise de prevalência de microrganismos multirresistentes no hospital do
servidor público estadual de São Paulo (HSPE) no ano de 2012. [manuscrito] /
Josaphat S. Nascimento; Ivana Maria Fróio.
26f.,enc.
Orientadora: Profa. Dra. Thais Guimarães
Monografia: Faculdade Método de São Paulo
Bibliografia: f. 26
1. Microrganimos multirresistentes 2. Antimicrobianos 3. Exames
microbiológicos 4. Infecção hospitalar I. Título. II. Fróio, Ivana Maria
CDU: (043.2)
AGRADECIMENTOS
Após superação das dificuldades enfrentadas, coisas que fazem parte da rotina de todos os
seres humanos principalmente de profissionais que buscam aprimorar seus conhecimentos
na busca de melhorias no cotidiano da existência humana, principalmente na qualidade de
suas vidas, seja na saúde ou na ausência desta, promovendo trocas e formando grupos e/
ou equipes de atuação com intenções e afinidades comuns o bem estar. Acima de tudo e de
todos a Deus por sua infinita bondade e intervenção em nossas vidas sobremaneira dando
saúde, determinação e colocando as pessoas certas em nosso caminho para nos ajudar, daí
a importância da prevenção o que nos motivou a realizar esta pesquisa. Gostaríamos de
agradecer a todos que de diversas formas colaboraram para esta proposta já que de certa
maneira às vezes nos incentivaram a persistir até a conclusão, muito em especial à Profa.
Dra. Thais Guimarães que abriu mão de seu tempo e afazeres em diversas ocasiões
compartilhando seu conhecimento com explicações e em orientações de como proceder
neste estudo, à Sra. Maria dos Anjos Calazans que muito colaborou na formatação, tarefa
que não é tão simples como se apresenta, que graças ao seu conhecimento nesta área
facilitou a finalização. Gostaríamos de expressar a nossa gratidão também aos nossos
familiares pela paciência neste período durante todo o curso e pelo apoio devido as nossas
ausências quando contavam com nossas presenças em momentos que talvez nunca se
repitam de forma igual.
Que todos estes tenham a certeza que os amamos muito, que mesmo diante da ausência
física sempre morarão em nossos corações mesmo nos momentos mais difíceis e
atarefados como estes que vivenciamos neste período. O nosso muito obrigado.
"Boa parte do conhecimento humano inicia de
maneira empírica, cabendo aos profissionais
torná-lo verdade científica, por meio de
persistências
em
pesquisas
e
ensaios,
comprovando
os
fatos,
dando
a
este
conhecimento fortalecimento a fim de transformálo em referência para as comunidades de
pesquisadores..."
Josaphat Nascimento
“O segredo do sucesso é a constância do
propósito” Benjamin Disraeli
RESUMO
As infecções relacionadas à assistência a saúde (IRAS) atingem aproximadamente 10% dos
pacientes hospitalizados, podendo gerar morbidades e mortalidade. Além disso, a aquisição
de IRAS gera aumento do tempo de internação. Quando há um aumento dos custos diretos
e indiretos, muitas destas IRAS são causadas por microorganismos multi R.
O objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência de microorganismos multirresistentes
(MR) em pacientes internados no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) no ano de
2012, analisando-se os dados recebidos do setor de microbiologia e registrados pelo
Gerência Executiva – Comissão de Infecção Hospitalar (GE- CIH).
Analisamos 1422 cepas, onde foi constatado que a Klebsiella sp é a bactéria de maior
prevalência, sendo responsável por 455 casos (32%), sendo 214 casos de infecções e 241
casos de colonizações, seguida pelo Acinetobacter sp que foi isolado em 370 casos (26%),
sendo 167 casos de infecções e 203 caso de colonizações.
Este estudo demonstrou a prevalência de bactérias MR no HSPE no ano de 2012, onde
pudemos notar uma tendência de aumento do número de casos de Acinetobacter, Klebsiella
e Enterococos e uma estabilidade nos casos de Pseudomonas e despertar para ações
educativas, intervenção de prevenção e controle de situações problemas.
Palavras-chave:
Microrganismos
microbiológicos, infecção hospitalar.
Multirresistentes,
antimicrobianos,
exames
ABSTRACT
Hospital infection affects approximately 10% of hospitalized patients, and can cause major
and costly epidemic infection, becoming an economic problem and risks the health of those
who are hospitalized.
In this work we have analyzed the prevalence of multiresistant microorganisms (MR) in
patients treated at the HSPE in 2012, analyzing data received from industry microbiology and
recorded in CCIH.
Analysis in 1393 specimens, where it was found that the bacterium Klebsiella is most
prevalent 455 cases (32%), 214 and 241 infection colonization, followed by Acinetobacter
MR 370 cases ( 26%), and 166.5 infections 205.5 and colonization.
This study contributed to the knowledge of the bacteria isolated in MR HSPE, enabling reflect
on the issue of MR, is virulence, and through culture distinguish whether colonization or
infection is considered, according to the criteria of CCIH, awakening to educational and
intervention prevention and control of problem situations.
Key words: multidrug-resistant Microorganisms, antimicrobial, microbiological tests,
hospital infection.
Sumário
2 - INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 8
2.1 Microrganismos Multirresistentes no âmbito dos Serviços de Saúde...........................................8
2.2 Infecção Hospitalar........................................................................................................................8
3 - DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................... 9
3.1 Cocos Gram-Positivos ..................................................................................................................... 9
3.1.2 Cocos Gram-Positivos .................................................................................................................. 9
3.2 Enterococcus spp............................................................................................................................ 9
3.2 Pacientes de risco para infecção ou colonização por Enterococcus multirresistente ................... 9
3.2.1 Reservatório de Enterococcus.................................................................................................10
3.2.2 Staphylococcus aureus............................................................................................................. 10
3.2.3 Pacientes de risco para infecção ou colonização por MARSA ................................................. ..10
3.2.1 Reservatório do MARSA ............................................................................................................ 11
4 - BACILOS GRAM-NEGATIVOS ................................................................................................... 11
4.1 Bacilos Gram-negativos fermentadores de glicose (Família Enterobacteriacea) ........................... 12
4.2 Os principais agentes ................................................................................................................... 12
4.3 Pacientes de risco para infecção ou colonização por Bacilos Gram-negativos ........................... 13
4.4 Reservatórios de bacilos Gram-negativos ................................................................................... 13
4.5 Meios de transmissão dos bacilos Gram-negativos .................................................................... 13
4.5.1 Contato direto .......................................................................................................................... 13
4.5.2 Contato indireto ....................................................................................................................... 13
5 - FATORES DE COLONIZAÇÃO...................................................................................................... 14
5.1 Fimbrias ....................................................................................................................................... 15
5.2 Adesinas não Fibrilares ................................................................................................................ 15
5.3 Cápsulas ....................................................................................................................................... 16
5.4 Biofilmes......................................................................................................................................17
6 – TRANSMISSÃO CRUZADA......................................................................................................... 17
6 – OBJETIVO................................................................................................................................ 17
8 – MATERIAL E METÓDO...............................................................................................................19
9 – RESULTADOS............................................................................................................................20
9.1 Gráficos e Tabelas ........................................................................................................................ 20
10 – DISCUSSÃO.............................................................................................................................25
11 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................27
8
INTRODUÇÃO
Embora o controle do fenômeno da resistência microbiana tenha aspectos
que envolvem ações intersetoriais que não se restringem ao âmbito do sistema de
saúde, as medidas de prevenção aqui elencadas são dirigidas à prevenção e
contenção de microrganismos multirresistentes no âmbito dos Serviços de Saúde.
Microrganismos
multirresistentes
são
microrganismos
resistentes
a
diferentes classes de antimicrobianos testados em exames microbiológicos. Alguns
pesquisadores também definem microrganismos pan-resistentes, como aqueles com
resistência comprovada in vitro a todos os antimicrobianos testados em exame
microbiológico. (Agência Nacional de Vigilância Sanitária. NOTA TÉCNICA No 1/2010)
Bactérias Gram-negativas da família Enterobacteriaceae representam
importante causa de infecções do trato urinário, sepses, abscessos abdominais e
pneumonias nosocomiais (PATERSON, 2006). Dentro da família, Klebsiella pneumoniae
destaca-se como patógeno oportunista responsável por surtos nosocomiais, sendo
geralmente associado à elevada morbi-letalidade (VERNET et al, 1995). Além disso, a
espécie tem se tornado um dos maiores problemas de saúde pública nas últimas
décadas, dada a emergência de resistência antimicrobiana devido, principalmente a
pressão seletiva proporcionada pelo aumento expressivo na utilização de agentes
antimicrobianos em unidades de terapia intensiva (UTI), além de outros setores
hospitalares especializados (FONTANA et al, 2002).
Aproximadamente
freqüentemente
em
10%
dos
conseqüência
de
pacientes
hospitalizados
procedimentos
invasivos
infectam-se
ou
terapia
imunossupressora. Considera-se infecção hospitalar (IH): quando se desconhecer o
período de incubação do microrganismo e não houver evidência clinica e dado
laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se infecção
hospitalar toda manifestação clinica de infecção que se apresentar a partir de 72h
após a admissão. São também convencionadas IH: aquelas manifestadas antes de
72 h da internação, quando associadas aos procedimentos diagnósticos e
terapêuticos, realizados durante este período ou quando na mesma topografia em
que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe diferente, seguido
do agravamento das condições clinicas do paciente, o caso deverá ser considerado
como infecção hospitalar.
9
As infecções no recém-nascido também são consideradas hospitalares, com
exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas à bolsa
rota superiores há 24 horas.
Os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são
considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem.
DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Cocos Gram-Positivos
•
Enterococcus spp
O Gênero Enterococcus é representado por nove espécies, sendo as duas espécies
principais e que causam a maioria das infecções: E.faecalis (mais frequente no
Brasil 90%) e E.faecium com 5% a 10%.
São de natureza saprófita e habitam o solo, os alimentos o trato
gastrointestinal e o trato geniturinário. , crescem em soluções salinas e em
detergentes, e coloração do gram, são gram positivos aeróbicos e facultativos
anaeróbicos. SEGUNDO Neumam, 1998 e Noskin, 1995, os Enterococcus podem
sobreviver até sete dias em superfícies. São naturalmente resistentes a vários
antimicrobianos e, em diversas situações clínicas, os pacientes com infecção
necessitam de dois antimicrobianos para o tratamento.
Os antimicrobianos que agem na parede celular – como penicilina,
ampicilina e glicoptídeos – são bacteriostáticos e alteram a permeabilidade da
parede celular, permitindo a ação de medicamentos que atuam na síntese de
proteínas – como aminoglicosídeos. (Gerencia de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos
Adversos (Gipea) Controle de Bactérias Multirresistente).
Pacientes de risco para infecção ou colonização por Enterococcus multirresistente:







Uso prévio de antimicrobianos de amplo espectro;
Longa permanência hospitalar;
Internação em UTI ou Unidade de Queimados;
Ter infecção de sítio cirúrgico;
Leito próximo ao de um paciente colonizado ou infectado por MARSA;
Insuficiência Renal;
Cateterismo vesical e cateterismo vascular
10
Reservatório de Enterococcus:




Pacientes colonizados e infectados, internados em UTI, berçário unidade de
queimados;
Profissionais de saúde colonizados e infectados;
Grupos especiais: hemodialisados, pacientes com eczemas externos, usuário de
drogas, DM;
Artigos hospitalares contaminados (estetoscópios, termômetros, torniquetes etc.).
A preocupação atual em relação aos Enterococos é a resistência à
vancomicina, medicamento tradicionalmente empregado para o tratamento de
infecções por cepas resistentes a penicilina / ampicilina.
•
Staphylococcus aureus
Agente que causa principalmente infecções de corrente sanguínea – relacionada a
cateteres e infecções de pele e partes moles – mas é também um dos agentes mais
freqüentes de pneumonias associadas à ventilação mecânica.
O Staphylococcus aureus resistente a oxicilina (MRSA), embora não seja mais
patogênico que os isolados sensíveis a oxicilina, pode causar grandes e
dispendiosas infecções epidêmicas, de difícil tratamento e controle.
MRSA é o termo utilizado como referência a S.aureus com resistência intrínseca a
meticilina, oxacilina, cefalosporinas, imipenem e aos aminoglicosídeos. (Gerencia de
Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (Gipea) Controle de Bactérias Multirresistente).
Pacientes de risco para infecção ou colonização por MARSA:





Longa permanência hospitalar;
Uso prévio de antimicrobianos de amplo espectro;
Internação em UTI ou Unidade de Queimados;
Ter infecção de sítio cirúrgico;
Leito próximo ao de um paciente colonizado ou infectado por MARSA;
11
Reservatório do MARSA:




Pacientes colonizados e infectados, internados em UTIs, berçários, unidade de
queimados;
Profissionais de saúde colonizados e infectados;
Grupos especiais: hemodialisados, pacientes com eczemas extensos, usuário de
drogas, DM;
Artigos hospitalares contaminados (estetoscópio, termômetro, torniquetes etc.)
Bacilos Gram-Negativos
Constituem o principal problema em UTIs brasileira, em função das altas
taxas de resistência de antimicrobianos de última geração disponíveis. Podemos
classificar os bacilos Gram-negativos multirresistentes em dois grandes grupos. São
agentes de quase todas as infecções adquiridas na UTI – em particular, infecções do
trato respiratório. São representados, principalmente por cepas de Pseudomonas
aeruginosa e Acinetobacter spp. Sua sobrevivência em água e outros ambientes
com requisição de nutrientes favorecem sua presença no trato respiratório – por
colonizarem coleções de água relacionada ao aparato de ventilação mecânica. As
Stenotrophomonas maltophylia e Burkholderia cepacea são também bactérias não
fermentadoras de glicose, embora sua importância como agentes etiológicos de
infecções em UTI seja menor – mais importantes em infecções nas unidades de
hemodiálise e de imunodeprimidos. S. maltophylia são naturalmente resistentes aos
carbapenens, mas podem ser sensíveis aa quinolonas, sulfas, aminoglicosídeos e
ticarcilina/ clavunato. Muitas UTIs brasileiras convivem com cepas de Pseudomonas
e Acinetobacter resistentes a todos os antimicrobianos disponíveis representando
um alto custo no tratamento dos pacientes infectados.
Os principais mecanismos de resistência estão relacionados à produção de
enzimas – em particular as beta-lactamases, que conferem resistência à
cefalosporinas e penicilinas de amplo espectro. Um subgrupo particularmente de
beta-lactamases, produzidas principalmente por Pseudomonas e Acinetobacter
conferem resistência aos carbapenens (imipenem e meropenem), os quais
constituem
as
principais
armas
para
o
tratamento
de
Gram-negativos
multirresistentes.
Conceitualmente, são definidas como multirresistentes as cepas de A. baumannii
que são resistentes aos carbapenens, amicacina e sulbactam; e como panresistentes que são inclusive as polimixinas. No entanto, já podem ser encontrados
12
relatos sobre resistência a esta última. Outros mecanismos de resistência estão
associados à perda de porinas da parede bacteriana, mecanismo de efluxo a partir
do ambiente intracelular e modificação do sítio de ligação dos antibióticos.
Felizmente, as taxas de resistência a polimixinas são muito baixas (<5%) – único
antimicrobiano disponível para esta situação. Os problemas relacionados ao uso de
polimixinas estão na toxicidade (nefrotoxicidade, principalmente), no pouco
conhecimento sobre aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos e na pouca
disponibilidade do medicamento no mercado brasileiros. Diferentemente do que
ocorre com os estafilococos – nos quais a transmissão entre pacientes por
profissionais de saúde é um componente de destaque – para P.aeruginosa e
Acinetobacter spp o uso excessivo antimicrobianos é um fator muito importante.
Bacilos Gram-negativos fermentadores de glicose (Família Enterobacteriacea)
Estão envolvidos em quase todas as infecções adquiridas na UTIs, particularmente
infecções respiratórias e infecções urinárias. São relatadas em muitos hospitais
taxas de resistências elevada quinolonas, beta-lactâmicos e aminoglicosídeos, em
geral por produção de beta-lactamases.
Os principais agentes deste grupo são:






Enterobacter spp,
E.coli,
Klebsiella spp,
Serratia spp,
Citrobacter spp,
Proteus spp e outros.
Têm particular importância os agentes que produzem beta-lactamases de espectro
ampliado EBSL, principalmente Klebsiella spp e E.coli – 40% a 50% e 10%
respectivamente – em cepas isoladas nos hospitais brasileiros. Quando da produção
destas enzimas, muitas vezes apenas os carbapenens permanecem como
alternativa terapêutica eficaz.
Pacientes de risco para infecção ou colonização por bacilos Gram-negativos:






Longa permanência hospitalar;
Uso prévio de antimicrobianos;
Internação em UTI;
Severidade das doenças de base e deficiência imunológica;
Queimaduras graves ou cirurgia extensa;
Uso de procedimentos invasivos.
13
Reservatório dos bacilos Gram-negativos:



Pacientes e profissionais de saúde colonizados ou infectados,
Artigos hospitalares contaminados (estetoscópio, termômetro, torniquetes,
nebulizadores, umidificadores, circuito de respiradores e outros),
As bactérias têm predileção pelos locais úmidos, pias, panos de chão,
medicamentos abertos, vegetais e são altamente resistentes a variações de
temperatura.
Meios de transmissão dos bacilos Gram-negativos:

Contato direto, através das mãos dos profissionais de saúde.

Contato indireto, através de artigos contaminados.
NOTA: Conceitualmente, são definidas como multirresistentes as cepas de A. baumannii que
são susceptíveis aos carbapenens. Amicacina, sulbactam e minociclina; e como panresistentes que são resistentes inclusive aos Carbapenêmicos e usualmente, sensíveis às
polimixinas, como a colistina. No entanto, já podem ser encontrados relatos sobre resistência
a esta última.
IMPORTÂNCIA
Não há dúvida de que as bactérias que causam as infecções hospitalares,
ou que colonizam os pacientes e os profissionais que lá trabalham, são mais
resistentes aos antibióticos do que as oriundas da comunidade, pois a resistência a
antibiótico é característica mais ligada ao hospital do que à comunidade, muito
embora não seja exclusiva do primeiro.
A resistência bacteriana ocorre devido à dependência da pressão seletiva imposta a
estas populações bacterianas. Embora possa ser considerada como uma
conseqüência natural do uso de antibióticos na realidade, a resistência tem sido bem
mais exteriorizada em função do uso intenso e extenso dos antibióticos, muitas
vezes inadequado e abusivo. Atualmente não são tão excepcionais os pacientes
acometidos por infecções para as quais existam poucas, ou, por vezes, nenhuma
alternativa terapêutica (RODRIGUES et al, 1997).
Em algumas circunstâncias, a expressão da resistência aos antibióticos esta
acompanhada de alteração da virulência do patógeno, podendo, por vezes, a
expressão de certos fenótipos de resistências estarem associadas a uma virulência
aumentada, com sugestão epidemiológica de morbidade e mortalidade aumentada,
comparativamente à observada para as cepas sensíveis, mesmo após correção para
o possível “confouding effect” das doenças subjacentes (CHOW etal. 1991).
14
FATORES DE COLONIZAÇÃO
Os fatores de aderência (também denominados, fatores de colonização,
adesinas ou antígenos de aderência) são componentes estruturais das células
bacterianas que as capacitam a colonizar, sobreviver e multiplicar-se em um dado
tecido. Praticamente todos os patógenos possuem estratégias de adesão aos
tecidos de seus hospedeiros. A adesão é particularmente importante em órgãos
como a boca, o intestino delgado e a bexiga.
Nestes sítios, a superfície das mucosas é constantemente banhada por
fluídos. Por exemplo, quando o intestino delgado de uma pessoa torna-se infectado
com linhagens diarregênicas de Escherichia coli, a adesão às células da mucosa
desse órgão evita que a bactéria seja removida pelos movimentos peristálticos,
sendo um evento essencial para a colonização e um dos primeiros passos para o
estabelecimento de um quadro clínico. Os fatores de colonização são produzidos por
números as bactérias e constituem um passo vital para o processo infeccioso,
aumentando as chances de sobrevivência no hospedeiro, sendo reconhecidos
fatores de virulência. Dois sistemas de aderência são bem conhecidos em bactérias
os mediados por fimbrias e os mediados por cápsulas.
FIMBRIAS
Fimbrias são filamentos protéicos delgados que se projetam da superfície da
bactéria e a adesão ocorre quando sítios de ligação em suas extremidades reagem
com receptores específicos situados na superfície das células do hospedeiro. Esses
receptores são comumente resíduos de carboidratos de glicoproteínas ou de
glicolipideos. Normalmente, tais moléculas estão envolvidas com a fixação da célula
em seu tecido específico. As bactérias fimbriadas subvertem a função normal
desses receptores para proveito próprio.
A ligação de uma fimbria a um receptor é tecido-específico e espécie-específica.
Essa especificidade irá determinar se uma bactéria poderá ou não colonizar um
dado tecido de um determinado hospedeiro. A ausência de um receptor específico
para uma fimbria particular pode tornar um hospedeiro imune à infecção por um
determinado patógeno.
Para causar uma infecção, muitas bactérias precisam primeiramente aderir à
superfície de um tecido do hospedeiro, como as superfícies das mucosas das vias
aéreas superiores ou do intestino delgado. No trato respiratório superior, as células
15
ciliadas movimentam muco e bactérias aprisionadas em direção à laringe. A mucosa
do intestino delgado, por sua vez, é continuamente limpa pela liberação de muco e
pela atividade peristáltica. Além disso, as células dos epitélios renovam rapidamente
as suas. Por exemplo, a monocamada epitelial do trato intestinal é continuamente
preenchida e novas células são movidas das criptas para as extremidades das
vilosidades em cerca de 50 horas. Para que uma bactéria estabeleça uma infecção
no intestino, esta deve aderir-se firmemente ao epitélio e multiplicar-se antes de ser
removida pelo muco e pela extrusão das células epiteliais.
Bactérias colonizando um tecido estão constantemente perdendo suas
fimbrias por quebra mecânica devido à fragilidade de suas estruturas. Por outro lado,
estas estão continuamente sintetizando e montando novas unidades. O hospedeiro
é capaz de produzir anticorpos que se aderem às pontas das fimbrias bloqueando
fisicamente a interação com seus receptores celulares e conseqüentemente,
impedindo sua aderência ao tecido. Algumas bactérias são capazes de produzir
diferentes tipos de fimbrias, tornando obsoleta a resposta imune. Algumas bactérias
que causam do trato urinário e gonorréia usam essa estratégia tornando
praticamente impossível a montagem de uma resposta imunológica que evite a
colonização.
Muitas bactérias patogênicas parecem usar fimbrias para um contato inicial, seguido
de uma anexação mais firme envolvendo proteínas de superfície que promovem um
contato íntimo de sua superfície com a célula do hospedeiro.
As fimbrias mais bem estudadas são aquelas de bactérias Gram-negativas,
especialmente as de linhagens de E.coli associadas à diarréia em humanos e
animais que aderem às células da mucosa do intestino delgado de seus hospedeiros
através de diferentes fimbrias espécie-específica. Algumas bactérias Gram-positivas
possuem estruturas de superfície semelhantes a fimbrias, mas sua função na
colonização não está clara.
ADESINAS NÃO FIBRILARES
Algumas bactérias possuem proteínas de superfície que são componentes
importantes de sistema que mediam a adesão e/ou a invasão de células de um
determinado tecido. Diferentes linhagens a mesma espécie bacteriana podem ter
sua aderência mediada por adesinas não-fibrilares ou por fimbrias. Por exemplo,
linhagens enteropatogênicas de E.coli (EPEC) aderem às células da mucosa do
16
intestino delgado através de proteína de superfície enquanto que linhagens
enterotoxigênicas de E.coli (ETEC) aderem a estas mesmas células por meio de
fimbrias.
CÁPSULAS
Cápsulas são redes de polímeros não bem estruturadas e que recobrem
frouxamente a superfície bacteriana. As cápsulas são formadas principalmente por
camadas de polissacarídeos produzidas em grande quantidade e que muitas vezes
confinam uma população de bactérias em uma massa densa e viscosa.
Por
exemplo, a placa bacteriana dos dentes, nas gengivas e na língua.
Bactérias encapsuladas são mais virulentas e mais resistentes à fagocitose que as
não-encapsuladas. Microorganismos que causam bacteremia, como Pseudomonas
aeruginosa, apresentam maior resistência sérica que outras bactérias. A resistência
sérica pode estar relacionada à quantidade e a composição dos antígenos
capsulares. A bactéria Salmonella typi possui um antígeno de superfície, o antígeno
Vi, composto de um polímero de galactosamina, que se acredita aumentar sua
virulência.
Algumas bactérias têm capacidade de sobreviver e multiplicar-se em fagócitos. Um
exemplo é a bactéria Mycobacterium tuberculosis, cuja sobrevivência parece
depender de estrutura e composição de sua superfície celular.
BIOFILMES
Biofilmes são comunidades complexas de microrganismos compostas por
densos agregados de células microbianas embebidas em uma matriz viscosa
produzida por elas mesmas a anexada a superfícies.
Biofilmes bacterianos formam-se em muitos tipos de ambientes e têm sido
observados em micrografias eletrônicas dos tratos vaginal, bucal e intestinal. A
microbiota residente nestes sítios pode estar organizada em biofilmes e os densos
tegumentos que formam podem explicar em parte sua barreira funcional na proteção
ao seu hospedeiro.
Os biofilmes têm importância clínica por constituírem um mecanismo de colonização
da superfície dos dentes, de cateteres e de implantes plásticos como válvulas
cardíacas artificiais, podendo causar doenças graves.
17
Infecções hospitalares em pacientes com cateteres urinários ou venosos são
geralmente precedidas pela formação pela formação de biofilmes nas paredes
internas dos cateteres, fragmentos liberados do biofilme podem penetrar na bexiga
ou na corrente sanguínea.
Cateteres
estão
especialmente
sujeitos
ao
desenvolvimento
de
biofilme.
Instrumentos esterilizados contaminam-se com membros da microbiota orgânica
durante sua inserção. Se o cateter permanecer no local por um período de tempo, os
biofilmes desenvolvem-se e servem de fonte de infecções duradoras por liberam
células bacterianas continuamente.
Microrganismos presentes em biofilmes são mais refratários a antibióticos que
organismos livres e são parcialmente protegidos de ação destruidora dos fagócitos.
Implantes plásticos contaminados com bactérias são removidos cirurgicamente ao
invés de se tratar o paciente com antibióticos. A capacidade de formar biofilmes
sobre superfícies plásticas deve ser considerada como um fator de virulência
bacteriana. (http://microbiologiabrasil.blogspot.com.br/2009/01/fatores-de-colonizao.html) 24/4/2013.
TRANSMISSÃO CRUZADA
Essas infecções por bactérias multirresistentes são comumente causadas por
Estafilococus resistentes à metilicina, Enterobactérias e Pseudomonas. A identidade
do microrganismo causador pode fornecer alguma indicação em relação à sua fonte,
todavia, certos patógenos têm significado especial porque pode causar grandes
surtos em todo o hospital.
As infecções que se desenvolvem nos pacientes hospitalizados podem ser causadas
por bactérias trazidas da comunidade para dentro do hospital ou pelos próprios
pacientes; por bactérias que já estavam presentes no hospital, sejam nos pacientes
(causando infecção ou como colonizantes), ou na equipe assistencial (como
colonizantes) ou no ambiente inanimado.
Então, além das resistências naturais, próprias de tais bactérias, uma importante
condição de sobrevivência destas, passa a ser a capacidade de aquisição adicional
de novos determinantes de resistência, evidentemente correlacionável com a
freqüente exposição aos antibióticos (RODRIGUES et al.,1997).
18
As infecções que se desenvolvem nos pacientes hospitalizados podem ser causadas
por bactérias trazidas da comunidade para dentro do hospital ou pelos próprios
pacientes, por bactérias que já estavam presentes no hospital, sejam nos pacientes
(causando infecção ou como colonizantes), ou na equipe assistencial (como
colonizantes) ou no ambiente inanimado.
Então além das resistências naturais
próprias de tais bactérias, uma importante condição de sobrevivência destas, passa
a ser a capacidade de aquisição de novos determinantes de resistência
evidentemente correlacionado com a freqüente exposição aos antibióticos (RODRIGUES
et al., 1997).
A Comissão/Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH/SCIH) do
estabelecimento de saúde tem suas atribuições definidas pela Portaria nº 2.616, de
12 de maio de 1998, que inclui a implantação de um Sistema de Vigilância
Epidemiológica das Infecções Hospitalares. Dentre as atribuições, a comunicação
dos indicadores aos demais entes, que compõem a organização nacional de
prevenção e controle das IRAS, por meio do formulário eletrônico conforme
orientações descritas no Manual dos Indicadores Nacionais de Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde. (Elaboração: Comissão de Assessoria Técnica em Resistência
Microbiana em Serviços de Saúde (CATREM) Grupo de Trabalho para Propor ações relativas ao seguimento de
surtos de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde
Pública (CGLAB) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde Organização Pan-Americana
de Saúde (OPAS), Organização Mundial de Saúde (OMS) Unidade de Investigação e Prevenção das Infecções e
dos Eventos Adversos (UIPEA) Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) Núcleo de Gestão
do Sistema Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária (NUVIG) Unidade de Tecnovigilância
(UTVIG) Gerência Geral de Laboratórios de Saúde Pública (GGLAS) Gerência Geral de Saneantes (GGSAN)
Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)
do Ministério da Saúde Diretoria Dirceu Brás Aparecido Barbano (DIDBB)).
Objetivo:
Analisar a prevalência de microrganismos multirresistente (MR) no HSPE no ano de
2012.
Material e métodos:
O estudo foi realizado no Hospital do Servidor Publico Estadual no período de
Janeiro a Dezembro de 2012.
19
Esta análise foi realizada através do banco de dados da CCIH que recebe do
laboratório de microbiologia a notificação de todo isolado de microorganismo MR.
A CCIH do HSPE considera como microorganismo MR todo patógeno Gram positivo
resistente
a
glicopeptídeo
e
todo
patógeno
Gram
negativo
resistente
a
carbapenêmico.
Nesta prevalência foram analisadas as espécies de Enterococos resistentes a
vancomicina; Pseudomonas aeruginosa resistente a carbapenêmico, Acinetobacter
sp e Klebsiella pneumoniae resistente a imipenem e/ou meropenem pelo método
automatizado Vitek 2.
A análise foi realizada mês a mês para observar evolução temporal e linha de
tendência globalmente e por patógenos.
Também analisamos as unidades de internação e se a cultura foi considerada
colonização ou infecção segundo os critérios da CCIH.
RESULTADOS:
Durante o ano de 2012 obtivemos 1422 casos isolados de microrganismos
resistentes, sendo a Klebsiella MR o microrganismo mais prevalente conforme
demonstrado no Gráfico 1.
GRÁFICO1 – Panorama Geral dos MR em 2012 no HSPE
20
29; 2%
216; 15%
Klebsiella
455; 32%
Acinetobacter
Enterococos
352; 25%
Pseudomonas
Outros
370; 26%
GRÁFICO2: Porcentagem de colonização e infecção de Klebsiella MR – 2012
Total das colonizações e Infecções por Klebsiella MR 2012
N= 455
214; 47%
241; 53%
colonização
infecções
A Tabela 1 demonstra a distribuição dos patógenos mês a mês durante o ano de
2012.
21
Acinetobacter MR
Klebsiella MR
Pseudomonas MR
Enterococos R
Outros tipos
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Total
41 29
37 35 32 26 36 29 22 26 32 25 370
27 41
49 33 28 37 56 34 25 45 39 41 455
24 16
25 21 17 13 14 21 12 15 22 16 216
32 27
25 29 36 20 41 24 31 38 28 21 352
29
Os gráficos três a cinco demonstram a prevalência mês a mês e a linha de tendência
dos patógenos por espécie.
GRÁFICO3: Distribuição de Acinetobacter MR mês a mês no ano de 2012.
Acinetobacter MR isolados no HSPE - 2012
N=370
60
40
20
0
Acinetobacter MR
Linear (Acinetobacter MR)
GRÁFICO 4: Distribuição de Klebsiella MR mês a mês no ano de 2012.
Klebsiella MR isolados no hspe - 2012
N = 455
60
50
40
30
20
10
0
Klebsiella MR
Linear (Klebsiella MR)
22
GRÁFICO 5: Distribuição de Pseudomonas MR mês a mês no ano 2012.
Pseudomonas MR isolados no HSPE - 2012
N = 216
30
25
20
15
10
5
0
Pseudomonas MR
Linear (Pseudomonas MR)
GRÁFICO 6: Distribuição de Enterococos MR mês a mês no ano de 2012.
Enterococos R isolados no HSPE - 2012
N = 352
50
40
30
20
10
0
Enterococos R
Linear (Enterococos R)
Os gráficos sete a nove demonstram a porcentagem de colonização e infecção dos
patógenos MR isolados no HSPE no ano de 2012.
GRAFICO 7: Porcentagem de colonização e infecção de Acinetobacter MR – 2012
23
Total das colonizações e Infecções por Acinetobacter MR 2012
N= 370
Colonização
167; 45%
203; 55%
Infecção
GRAFICO 8: Porcentagem de colonização e infecção por Pseudomonas MR - 2012
Total das Colonizações e Infecções por Pseudonomas MR - 2012
N=216
83; 38%
133; 62%
colonização
infecções
GRAFICO 9: Porcentagem de colonização e infecção por Enterococos MR – 2012.
24
Total das Colonizações e Infecções por Enterococos MR - 2012
N= 352
colonização
149; 42%
203; 58%
infecção
DISCUSSÃO:
A Klebsiella MR foi à bactéria que demonstrou maior prevalência, 455 (32%)
casos sendo 214 infecções e 241 colonizações, seguidas pelo Acinetobacter MR
370 casos (26%) sendo 167 infecções e 203 colonizações. O conhecimento das
bactérias MR permitiu refletir sobre a problemática dos MR, orientar as ações
educativas e favorecer as intervenções de prevenção e controle de problema.
A emergência das bactérias multirresistente (MR) é um problema mundial.
Dados de CDC estimam que pelo menos 2.050.000 doenças, sendo estas
responsáveis por 23.000 mortes ano. (CDC.GOV)
Desde a descoberta da penicilina em 1943 convivemos com aparecimento de
bactérias resistentes com uma rápida disseminação e evolução. A partir da década
de 1990, pudemos observar o surgimento das Enterobactérias resistentes, dos
bacilos Gram negativos não fermentadores resistentes a Carbapenêmicos e dos
Enterococos resistentes a Vancomicina. Em 2009 um marco na evolução da
resistência foi o aparecimento da Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC).
(CDC.GOV)
As conseqüências da resistência são maior chance de falha no tratamento, perda de
tempo no tratamento em algumas situações preciosas, usa de antimicrobianos mais
tóxicos, mais caros ou só disponíveis por via parenteral. Não há evidências
definitivas hoje apontando maior virulência das bactérias resistentes, mas as
25
infecções causadas por elas possuem alta mortalidade por acometerem pacientes
mais graves e imunocomprometidos. Há, entretanto, um aumento de custos direto e
indiretos decorrentes destas infecções.
No Brasil, dados do estudo SENTRY, avaliando o perfil de resistência de
bactérias Gram-negativas na América Latina demonstram um aumento da
porcentagem de resistência no Acinetobacter e na Klebsiella, enquanto a
Pseudomonas aeruginosa permanece estável. (SENTRY)
Estes mesmos dados puderam ser observados no HSPE no ano de 2012, onde
notamos um aumento do número de casos de Acinetobacter, Enterococos e
Klebsiella e uma estabilidade da Pseudomonas. Não há mecanismo biológico capaz
de explicar este fenômeno, mas fato é que a disseminação horizontal das KPC
ocorre frequente em pacientes hospitalizados, sobretudo em unidades de terapia
intensiva.
Conhecer a epidemiologia local é essencial para estabelecer medidas de prevenção
e controle. Entre estas medidas, podemos citar:
a)
Colocar os pacientes colonizados e infectados em isolamento de contato e
estabelecer coorte de pacientes para impedir a transmissão cruzada de paciente
para paciente através do contato direto ou indireto;
b)
Higienizar as mãos antes e após o contato com paciente ou com superfícies
próximas a ele;
c)
Estabelecer coorte de funcionários para impedir a disseminação;
d)
Tratamento precoce dos casos infectados para diminuir a colonização e
melhorar a sobrevida dos pacientes;
e)
Uso adequado de antimicrobianos no hospital e na comunidade para tentar
minimizar a emergência da resistência;
Obviamente é o conjunto de todas estas medidas que pode proporcionar melhores
resultados.
Cabem as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar estabelecer rotinas de
prevenção e controle de bactérias Multi-resistente e propiciar dados epidemiológicos
que possam contribuir para estas medidas.
26
O presente estudo pode demonstrar a epidemiologia das bactérias multi-resistente
no HSPE em 2012 para intensificar as ações da CCIH.
Concluímos então que houve uma tendência de aumento do número de
casos de bactérias Multi-R (Acinetobacter, Enterococos e Klebsiella) e uma
estabilidade do número de casos de Pseudomonas.
As unidades de maior prevalência são as unidades de terapia intensiva, onde há
busca sistemática dos casos de colonização através das culturas de vigilância. A
KPC, assim como em outros locais, teve grande disseminação a partir de 2011,
sendo endêmica em 2012.
Referências Bibliográficas:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. NOTA TÉCNICA No 1/2010
Chow et al. 1991 www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-12082004-125
Elaboração: Comissão de Assessoria Técnica em Resistência Microbiana em Serviços de Saúde
(CATREM) Grupo de Trabalho para Propor ações relativas ao seguimento de surtos de Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública
(CGLAB) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde Organização PanAmericana de Saúde (OPAS), Organização Mundial de Saúde (OMS) Unidade de Investigação e
Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (UIPEA) Gerência Geral de Tecnologia em
Fontana et al, 2002 www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_40_02/12.pdf - Prevalência e Perfil de
Susceptibilidade antimicrobiana em cepas ...
Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (Gipea) Controle de
Bactérias Multirresistente
http://microbiologiabrasil.blogspot.com.br/2009/01/fatores-de-colonizao.html - 24/4/2013.
Paterson ... responsável por surtos nosocomiais, sendo geralmente associada- ... ductors, in the
period of January of 2002 to December of 2006.
Rodrigues et al.,1997 - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ Escola Nacional de Saúde Pública
...bvssp.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/get.php?id=1852
Sader HS, Jones RN, Gales AC, Klugler K, Pfaller MA, Doern GV, and the SENTRY Latin America
Study Group. Antimicrobial susceptibility of patterns for pathogens isolated from patients in Latin
American medical centers with a diagnosis of pneumonia: Results from the SENTRY Antimicrobial
Surveillance Program (1997). Diag Microbiol Infect Dis 1998;32:289-301.
Serviços de Saúde (GGTES) Núcleo de Gestão do Sistema Nacional de Notificação e Investigação
em Vigilância Sanitária (NUVIG) Unidade de Tecnovigilância (UTVIG) Gerência Geral de Laboratórios
de Saúde Pública (GGLAS) Gerência Geral de Saneantes (GGSAN) Centro de Informações
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Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do
Ministério da Saúde Diretoria Dirceu Brás Aparecido Barbano (DIDBB))
Vernet et al, 1995 www.sbac.org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_40_02/12.pdf -Prevalência e Perfil de
Susceptibilidade antimicrobiana em ... - SBAC
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