UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ-UNOCHAPECÓ Área das Ciências da Saúde Curso de Graduação em Farmácia Eron Sampaio AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BACTERIOCINAS POR BACTÉRIAS ISOLADAS DO INTESTINO DO PEIXE DA ESPECIE DE CARPA (CYPRINUS CARPIO) COMERCIALIZADOS EM PESQUE-PAGUE DO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC CHAPECÓ-SC, 2010. 2 ERON SAMPAIO AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BACTERIOCINAS POR BACTÉRIAS ISOLADAS DO INTESTINO DO PEIXE DA ESPECIE DE CARPA (CYPRINUS CARPIO) COMERCIALIZADOS EM PESQUE-PAGUE DO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC Monografia de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Raquel Zeni Ternus Co-orientador: Mário Lettieri Teixeira Chapecó-SC, Maio de 2010. 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, por me dar sabedoria, entendimento, paciência para terminar esse trabalho. Agradeço aos meus pais, Luiz e Claudete, pois sempre me deram o apoio necessário nessa jornada tão difícil e trabalhosa. Obrigado a minha orientadora, pela competência, confiança e dedicação ao ensinar. Agradeço também as técnicas do laboratório de Microbiologia UNOCHAPECÓ/SC, pela dedicação e auxilio em todas as partes que foram necessárias. Não posso deixar de agradecer também a todos os professores e pessoas que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho e também durante toda a jornada acadêmica. 4 Cada um é forjador do seu próprio sucesso. Cayo Salústio. 5 BANCA EXAMINADORA _________________________________________ RAQUEL ZENI TERNUS Bióloga, Mestre em Ciências Ambientais Professora Orientadora _________________________________________ ROSE MARIA DE OLIVEIRA MENDES Química, Mestre em Engenharia Química Professora UNOCHAPECÓ _________________________________________ SCHEILA MARCON Farmacêutica-Bioquímica, Especialista em Farmácia Clínica e Farmacoterapia Professora UNOCHAPECÓ Chapecó-SC, Maio de 2010. 6 RESUMO Cada ser vivo possui microrganismos em vários setores biológicos do corpo; são bactérias, parasitas, fungos e vírus que convivem em harmonia e muitos auxiliam na digestão e absorção dos alimentos (intestino), proteção e digestão (nasofaringe e boca), limpeza e controle de outros microrganismos (pele e cavidades). Os peixes possuem em sua flora normal uma grande população de microrganismos, e convivem em um mutualismo, onde não há infecções ou doenças. Mas esses diferem de espécie para espécie, e de gênero para gênero e aqueles que são comuns aos peixes não são comuns aos humanos. Levando em conta essas bactérias produzidas pelos peixes e o constante avanço da biotecnologia, já se utilizam bactérias produtoras de bacteriocinas para diversos fins, como conservante em alimentos e laticínios. As bacteriocinas são caracterizadas pelo seu alto poder antimicrobiano, e tornando os alimentos como uma vida de prateleira mais longa, chamando assim a atenção da indústria alimentícia. Este trabalho teve como objetivo a avaliação da produção de bacteriocinas por bactérias isoladas do intestino do peixe da espécie de carpa (Cyprinus carpio) comercializadas em pesque-pague de Chapecó-Sc, avaliando também a atividade bacteriocinogênica, de colônias isoladas. Foram obtidas cinco amostras de peixes, todas elas no município de Chapecó/SC. As amostras foram encaminhadas ao laboratório de Microbiologia de Alimentos da Unochapecó, para a realização dos experimentos. No presente trabalho verificou-se resistência da Listeria monocytogenes, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Salmonella sp a substancias antagonistas produzidas pelas bactérias presentes no intestino e nas brânquias da carpa (Cyprinus carpio) comercializados em pesque-pagues de Chapecó. Palavras-chave: bacteriocina, peixes, microbiologia. 7 ABSTRACT Every living being has biological microorganisms in various sectors of the body, are bacteria, parasites, fungi and viruses that live in harmony and many aid digestion and absorption of food (gut), protection and digestion (nasopharynx and mouth), cleaning and control other microorganisms (skin and sinuses). The fish have in their normal flora a large population of microorganisms, and live in a mutualistic, where no infections or diseases. But these differ from species to species and genus to genus and those that are common to fish are not common to humans. Taking into account these bacteria produced by the fish and the constant advancement of biotechnology, already use bacteria producing bacteriocins for various purposes, as a preservative in food and dairy. The bacteriocins are characterized by high antimicrobial and making food as a longer shelf life, thus drawing the attention of food industry. This study aimed to evaluate production of bacteriocins by bacteria isolated from the intestine of fish species of carp (Cyprinus carpio) marketed in feefishing Chapecó-Sc, also evaluating the bacteriocin activity of isolated colonies. We obtained five samples of fish, all in Chapecó / SC. The samples were sent to the laboratory of Food Microbiology Unochapecó for the conduct of experiments. In the present study was the resistance of Listeria monocytogenes, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus and Salmonella sp. antagonists to substances produced by bacteria in the intestine and gills of carp (Cyprinus carpio) sold in fishpay enterprises Chapecó. Key words: bacteriocin, fish, microbiology. 8 LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA: Agencia Nacional de Vigilância Sanitária BAL: Bactérias ácido-láticas BLI: Bactérias Láticas Iniciadoras BLNI: Bactérias Láticas Não-Iniciadoras DETEM: Departamento de Técnicas Normativas DNA: Acido desoxirribonucléico DINAL: Divisão Nacional de Alimentos FAO: Food and Agriculture Organization FDA: Food and Drug Administration GRAS: Generally Regarded as Safe INS: Numero de identificação internacional KDa: Quilodaltons Kg: Quilogramas Mg: Miligrama mL: Mililitro pH: Logaritmo decimal do inverso da atividade de íons hidrogênio numa solução rpm: Rotações por minuto TSA: Agar tríptona de soja TSB: Caldo UFC: Unidades formadoras de colônias µg: Micrograma µL: Microlitro 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Placa com o meio TSA ilustrando o crescimento de bactérias após a duplicata das 5 amostras diferentes das vísceras do peixe.....................................24 Figura 2: Placa com o meio TSA ilustrando o crescimento de bactérias após a triplicatas das 5 amostras diferentes das vísceras do peixe.....................................24 Figura 3: Mostra o esgotamento de 4 amostras que apresentaram um maior crescimento de bactérias: 1A, 1B, 6E, 7E.................................................................25 Figura 4: Lâmina ilustrando coloração de Gram, com presença de a) cocos Grampositivo nas amostras 1A e 6 e b) com presença de cocos Gram-negativo na amostra 7..................................................................................................................27 Figura 5: Lâmina ilustrando coloração de Gram, com presença de cocos Grampositivo na amostra 1 B............................................................................................27 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Expõe o crescimento de colônias das bactérias do intestino dos peixes em placas de petry com meio TSA. (+): 1 a 5 UFC /mL. (++): 6 a 10 UFC/ml. (+++): 11 a 20 UFC/ml.......................................................................................... 26 11 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO......................................................................................................12 2.OBJETIVOS..........................................................................................................14 2.1 Objetivo geral..................................................................................................14 2.2 Objetivo específico.........................................................................................14 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................15 3.1 Peixes................................................................................................................15 3.1.1. Carpa.............................................................................................................15 3.2 Bactérias...........................................................................................................15 3.3 Bacteriocinas ...................................................................................................18 3.3.1 História e definição .........................................................................................18 3.3.2 Mecanismo de ação das bacteriocinas ..........................................................19 3.3.3 Classificação ..................................................................................................19 3.3.4 Imunidade do produtor de bacteriocina...........................................................19 3.3.5 Utilização das bacteriocinas nos alimentos....................................................20 4. MÉTODOS ..........................................................................................................22 4.1 Amostragem ....................................................................................................22 4.2 Local de análises ............................................................................................22 4.3 Isolamento da cultura bacteriana ..................................................................22 4.4 identificação e produção de bacteriocinas...................................................23 4.5 Determinação da atividade bacteriocinogênica ...........................................23 5. RESULTADOS ...................................................................................................24 6. DISCUSSÕES .....................................................................................................29 7. CONCLUSÃO......................................................................................................34 8.REFERÊNCIAS....................................................................................................35 12 1.INTRODUÇÃO Na avaliação da atividade das bacteriocinas, a sua ação farmacológica é uma das mais importantes funções de estudo. Ela poderá ser utilizada futuramente como forma ativa contra importantes bactérias patogênicas e deteriorantes de alimentos, e também contra patógenos diversos. É importante destacar também que, no entanto, a velocidade de reprodução e seu maior efeito ativo é um dos fatores que determina a intensidade de utilização da bactéria. Portanto, à medida que a velocidade de reprodução das bactérias aumenta, a produção de bactérias consequentemente também irá aumentar e novas bacteriocinas serão geradas (BRUNO ; MONTVILLE, 1993). No entanto, esta atividade farmacológica é pouco estudada, e possui uma relação mínima evidenciada sobre as bacteriocinas na produção de alimentos. A detecção de bactérias contendo plasmídios, inclusive bacteriocinogênicos, tornou-se extremamente importante, pois, sendo eles potenciais veículos ou vetores de genes, a descoberta e posterior isolamento desses plasmídios em bactérias pouco exploradas geneticamente, poderiam permitir um estudo mais aprofundado das mesmas por novas tecnologias. Revisões sobre a importância de plasmídios como vetores em Engenharia Genética, são encontrados em Azevedo (1985). Além disso, tem-se também preconizado o uso de bactérias produtoras de bacteriocinas, no controle de bactérias patogênicas, desde que sua patogenicidade seja atenuada. Finalmente, com a possibilidade de manipulação genética em microrganismos endofíticos, genes para produção de bacteriocinas têm possibilidade de serem introduzidos no mesmo ou nas plantas, conferindo uma proteção contra outros microrganismos patogênicos (EIJSINK, 2002). Assim, não só do ponto de vista acadêmico como também aplicado, linhagens produtoras de bacteriocinas têm recebido especial atenção, e sua detecção das mesmas vem adquirindo importância cada vez maior. Sabe-se que a produção e liberação dessas substâncias podem ser influenciadas em diferentes espécies por fatores como: tipo de meio de cultivo, aeração, ciclo de crescimento e fatores físicos como luz ultravioleta, entre outros. 13 As bacteriocinas também fazem parte da Biotecnologia, que tenta descobrir um novo conservante ou um novo antibiótico. Tendo em vista que a todo o momento surgem novos tipos de microorganismos, bactérias e vírus que atingem a população em geral, percebe-se a necessidade de elaboração de uma pesquisa a fim de identificar bactérias produtoras de bacteriocinas que são maléficas para a população em geral. Com a descoberta dessas bactérias será possível isolar as bacteriocinas que elas produzem e assim produzir novas vacinas, fármacos, conservantes para a indústria ou melhoramento genético para plantas (HUGAS, 2003). 14 2.OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Identificar bactérias presentes no intestino e brânquias do peixe (Cyprinus carpio L) comercializados em pesque-pagues no município de Chapecó-SC e as possíveis bacteriocinas produzidas por essas, que poderão inibir o crescimento de bactérias patogênicas. 2.2 Objetivos específicos Identificar a produção de bacteriocinas a partir de bactérias presentes no intestino e nas brânquias do peixe (Cyprinus carpio L), que sejam capazes de inibir o crescimento de outras bactérias patogênicas para o homem ou deteriorantes. 15 3.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Peixes 3.1.1 Carpa As carpas encontram-se hoje com uma área de criação amplamente distribuída por todo o mundo, devido à sua rusticidade, ao seu rápido crescimento, ao regime alimentar onívoro (detritófago), à propagação natural e fácil adaptação em tanques e viveiros, além de outras qualidades desejáveis (FAO, 2005). As carpas são atualmente consideradas como o grupo de peixes mais cultivados em todo o mundo, representando cerca de 40% da produção. Dentre elas, destaca-se a carpa húngara (Cyprinus carpio), espécie de acelerado crescimento e fácil adaptação às condições de cativeiro (POLI , 2004). Já se cultivam carpas há mais de 3000 anos, na Ásia e no Oriente Médio, e há cerca de 600 anos na Europa (BARRETO, 2004). No Brasil, a carpa foi introduzida por volta de 1882, e foi trazida dos Estados Unidos para o Rio de Janeiro. Chegou a São Paulo por volta de 1904 E no ano de 1934, implantou-se o sistema de produção de alevinos de carpa e sua distribuição para interessados, dando início à criação da carpa em água parada no Brasil (MAKINOUCHI, 2006). 3.2 Bactérias As bactérias são agentes importantes como indicadores de contaminação em alimentos e, em particular, em peixes, como um veículo de transmissão desta contaminação ao homem, causando diversos tipos de doenças. Considerando o grande número de bactérias existentes, podemos dizer que são poucas as utilizadas na área de alimentos. Entre essas bactérias importantes na área alimentar podemos citar: 1 ) Escherichia coli 2) Aeromonas sp 3) Staphylococcus sp 4) Renibacterium salmoninarum 5) Carnobacterium 16 piscicola. Estas são as principais bactérias que são encontradas em amostras de peixes (FRANCO, 2005). Os gêneros bacterianos que são importantes na área de alimentos também podem ser separados em sete grupos: 1- bactérias Gram-negativas, aeróbias e microaerobias; 2- bactérias Gram-negativas aeróbias estritas; 3- bactérias Gramnegativas anaeróbias facultativas; 4- cocos Gram-positivos; 5-bacilos Grampositivos produtores de esporos; 6- bacilos Gram-positivos não esporulados; 7outros (JACK et al., 1995). Escherichia: cuja principal espécie é a E.coli e esta inserida no grupo dos coliformes fecais, que indicam uma contaminação fecal nos alimentos. A E.coli pode causar reações indesejáveis nos alimentos e em conseqüência disso uma serie de doenças patogênicas ao homem (FRANCO, 2005). A E.coli atravessa a barreira gástrica e vai aderir as mucosas do intestino delgado e também do grosso, causando alterações que levam a diarréia. Esse processo se da em duas fases, a primeira ocorre apenas na superfície e a segunda nas camadas intimas do intestino (TRABULSI, 2004). Por não ajudarem no tratamento a administração de antibióticos não é indicada, pois não minimiza a duração e tão pouco os efeitos da diarréia. O tratamento mais indicado nesses casos é a hidratação o mais rápido possível que vai ajudar a reduzir o número de mortos (TRABULSI, 2004). Aeromonas são bacilos móveis e oxidase e catalase positivos, possuem características bioquímicas semelhantes às enterobactérias. São facilmente encontradas em ambientes aquáticos, sendo facilmente identificadas em intestinos de peixes, também são encontradas em muitos alimentos, principalmente em produtos frescos refrigerados (FRANCO, 2005). Para Popoff (1984), as Aeromas são classificadas como bacilo Gram negativo de anaerobiose facultativa. E para a piscicultura a espécie de maior importância é a Aeromas hidrophila. São freqüentemente isoladas de répteis, anfíbios, peixes e de alguns pássaros. As espécies Aeromonas hydrophila e Aeromonas salmonicida são agentes patológicos importantes para peixes. Apresentam boa habilidade de crescer e reproduzir exotoxinas em temperaturas baixas, o consumo de água e alimentos contaminados são a forma mais comum de adquirir uma gastroenterite. As manifestações clínicas mais comuns são diarréias aguda aquosa autolimitada e 17 de curta duração, podendo ser acompanhada de vômitos, febre e dor epigástrica em indivíduos saudáveis ou septicemia em indivíduos com sistemas imunes prejudicados (TRABULSI, 2004). A contaminação por A.hydrophila apresenta características semelhantes a da cólera, com diarréia aquosa e febre. Às vezes podem ocorrem casos severos de gastrenterites, outras infecções como septicemia, meningite e infecções em feridas e tratos respiratórios e urinários também podem ser causadas por Aeromas sp. (FRANCO, 2005). As bactérias do gênero Staphylococcus são Gram-positivas e quando são visualizadas no microscópio apresentam a forma de cachos de uva, apresentam melhor grau de crescimento em condições aeróbias. A espécie Staphylococcus aureus é a mais importante e esta associada a doenças estafilocócicas que provem de alimentos ou não (FRANCO, 2005). O quadro clínico das infecções causadas por Staphylococcus aureus pode ser dividido em quatro partes principais: infecções superficiais que são erupções cutâneas e as feridas; infecções sistêmicas como miosite, endocardite, pneumonia e septicemia; quadros tóxicos como choque tóxico e síndrome de pele escaldada e por ultimo a infecção alimentar propriamente dita (KAISER et al., 1996). A penicilina, meticilina, vancomicina e mupirocina são alguns antibióticos utilizados para o tratamento e controle do S.aureus, mas para prevenir a intoxicação é importante manter os alimentos suscetíveis sob refrigeração adequada. O resfriamento rápido dos alimentos é uma boa forma de evitar a contaminação (CLEVELAND et al., 2001). Carnobacterium era conhecida anteriormente como Lactobacillus, no entanto não pode utilizar citrato e não produz acido oléico. Pode ser encontrado em carnes diversas e seus derivados que são embalados a vácuo, destacam-se peixes e aves (CLEVELAND et al., 2001). São bacilos Gram-positivos, catalase negativa, apresentam quatro espécies reconhecidas: C. divergens, C. piscicola, C. gallinarum e C. mobile. A maioria das espécies cresce a 0°C e não há crescimento em 45°C, são heterofermentadoras e produzem gás a partir de glicose. Não são capazes de crescer e se reproduzirem em meio com acetato (BISWAS et al., 1991). Renibacterium salmoninarum é um pequeno bacilo gram positivo difteróide, que afeta os salmonideos de natureza e os cultivados em cativeiros, 18 esse pequeno bacilo pode causar Corinebacteriose, que é uma enfermidade bacteriana renal, quando ingerido (MEYER e COLLAR, 1994). Essa bactéria deixa os peixes com uma coloração escura, e presença de pequenas vesículas, localizadas em cima da espinha dorsal e que contem um material cremoso e com coloração avermelhada, com restos de tecido e grande numero de bactérias coriniformes encontradas (MEYER e COLLAR, 1994). 3.3 Bacteriocinas 3.3.1 História e definição As bacteriocinas foram descobertas por volta de 1925, na Bélgica, quando o pesquisador Gratia percebeu que o filtrado de uma amostra de Escherichia coli inibia o crescimento de uma outra amostra da mesma espécie, demonstrando assim, a sua letalidade, sendo denominada de colicina. Porém o termo bacteriocina só foi proposto anos mais tarde por Jacob et al. (1953), para descrever a atividade inibitória exibida por certas bactérias por espécies afins (BARRETO, 2004). Bacteriocinas são proteínas produzidas por bactérias que possuem elementos chamados plasmídios bacteriogenicos. Essas proteínas atacam somente bactérias que sejam da mesma espécie ou espécies semelhantes, sendo considerada então um antibiótico de espectro muito reduzido (DAY, 1990). As bacteriocinas podem ser peptídeos ou proteínas que são sintetizadas no ribossomo e transportadas para o exterior da célula, elas apresentam ação bactericida e também bacteriostática sobre as bactérias Gram-positivas, como Listeria monocytogenes, Clostridium botulinum, Bacillus cereus e Staphylococcus aureus. São patógenos importantes e que frequentemente são encontrados em produtos alimentares (HERNÁNDEZ et al., 2003). Alguns tipos de bacteriocinas são proteínas simples, outras apresentam lipídios e açúcares em sua composição. São classificadas como lantibióticos e nãolantibióticos, de acordo com suas estruturas. As primeiras contêm deidroalanina, deidrobutirina e anéis de lantionina como aminoácidos em comum em sua 19 composição. As não-lantibióticas apresentam apenas antibióticos não modificados (FRANCO, 2005). 3.3.2 Mecanismo de ação das bacteriocinas Os seus mecanismos de ação ainda não são bem compreendidos, mas sabe-se que a porção protéica é essencial para o seu efeito. A produção de bacteriocinas depende dos plasmídios, assim também a resistência a bacteriocinas também é plasmidial. A nisina que é uma bacteriocina, é a única autorizada pelo United States Food and Drug Administration a ser utilizada em alimentos, é produzida pelo Lactobacillus lactis spp. (BRUNO ; MONTVILLE, 1993). 3.3.3 Classificação Para Klaenhammer (1993), as bacteriocinas estão distribuídas em 4 classes. Em geral, a classe I, ou lantibióticos, é representada pela nisina, e constituída por peptídeos termoestáveis de baixo peso molecular (<5 kDa), diferenciados dos demais pela presença de lantionina e derivados; a classe II é composta por pequenos peptídeos (<10 kDa) termoestáveis divididos em três subclasses: IIa (pediocina e enterocina), IIb (lactocina G) e IIc (lactocina B); a classe III é representada por peptídeos termolábeis de alto peso molecular (>30 kDa) como helveticina J; já na classe IV encontram-se os grandes complexos peptídicos contendo carboidrato ou lipídio em sua estrutura. 3.3.4 Imunidade do produtor de bacteriocina Cada bacteriocina apresenta em sua composição uma proteína que lhe confere imunidade e a mesma é expressa simultaneamente com a bacteriocina. Essas proteínas da imunidade possuem em media de 51 a 150 aminoácidos e, por incrível que pareça não apresentam uma homologia significativa entre si, enquanto as bacteriocinas apresentam de 38 a 55 % de similaridade. Essas proteínas vão se 20 ligar às proteínas de membrana da bactéria, impedindo assim a ação da sua própria bacteriocina (QUADRI et al., 1995). 3.3.5 Utilização das bacteriocinas nos alimentos Para a utilização de bacteriocinas no biocontrole de alimentos e consequentemente sua utilização na industria, segue-se dois caminhos: 1- uso de Bacterias produtoras de bacteriocinas. 2- a adição direta de preparações de bacteriocinas, sintética ou purificada de um sobrenadante de cultura da cepa produtora. A produção em grande quantidade da bacteriocina pode acarretar o aumento da competitividade da cepa produtora na matriz do alimento e contribuir para a prevenção da degradação do alimento. Vale salientar que na microbiota endógena, a fórmula e a tecnologia empregada podem influenciar diretamente no desempenho da cultura produtora (CASAUS, 1997). Com o constante avanço na tecnologia envolvendo o DNA recombinante, a identificação de bactérias que contêm plasmídios, inclusive bacteriogenicos, tem se tornado extremamente importante, pois eles são potencias veículos e vetores de genes, por isso a sua descoberta e conseqüente identificação dos plasmídios em bactérias permitem um estudo aprofundado de seus benefícios (AZEVEDO, 1985). Uma das principais funções de se aplicar bacteriocinas em produtos alimentícios e derivados de carnes é para inibir patógenos como a Listeria monocytogenes e Clostridium botulinum. Os gêneros Lactobacillus, Pediococcus e Leuconostoc, são bons produtores de bacteriocinas. O Clostridium botulinum pode ser inibido por bactérias do gênero L. plantarum, L. acidophilus e P. pentosaceus (CRANDALL; MONTVILLE, 1993). As Bactérias que produzem ácido lático e as respectivas bacteriocinas produzidas por elas têm sido aplicadas com sucesso como antimicrobianos em carnes. Essas bacteriocinas ou espécies produtoras de bacteriocinas podem ser usadas como conservantes naturais em alimentos industrializados a fim de melhorar a segurança. Outros produtos como derivados do leite e da carne também poderão ser beneficiados pela produção de bacteriocinas, enquanto que os antibióticos não são permitidos em alimentos (VIGNOLLO, 1993). 21 Nitratos e nitritos têm sido amplamente utilizados em produtos derivados de carnes com a finalidade de manter o aspecto avermelhado e inibir o desenvolvimento do Clostridium botulinum. Mas conseqüentemente seu uso pode levar a formação de nitrosaminas que são substâncias carcinogênicas. É em razão disso que entram em cena as bactérias ácido láticas que vão atuar na redução dessas substâncias ate nitrogênio alimentar e diminuindo assim o risco de desenvolver câncer nos consumidores de produtos cárneos (GELLI, 2002) 22 4. MÉTODOS A metodologia foi modificada de acordo com Teixeira (2007). 4.1 Amostragem Foram obtidas cinco amostras diferentes de peixe e duas amostras de cada peixe, de diferentes pesque-pagues da cidade, totalizando dez amostras de peixes de pesque-pagues comercializados no município de Chapecó – SC. O estudo foi realizado em triplicata. 4.2 Local de análises Os experimentos deste trabalho foram desenvolvidos no laboratório de Microbiologia de Alimentos da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ. 4.3 Isolamento da cultura bacteriana Uma fração das víceras e brânquias de cada peixe (25g) foi cortada com faca e colocada em um saco plástico estéril que previamente continha água estéril, então foi lacrado e deixado repousar por 24 horas. 100 µl desta solução foi semeada com alça de Drigalski em placas de ágar TSA (Agar Triptona de Soja) e incupadas a temperatura de 37° C por 72 horas. 23 4.4 Identificação e produção de bacteriocinas As diversas colônias crescentes no meio TSA foram submetidas à coloração de Gram. Após as colônias foram isoladas através de duplicatas, triplicatas e diluições em meio TSA a 37 ° C por 72 horas. 4.5 Determinação da atividade bacteriocinogênica As colônias crescentes no meio TSA foram isoladas e inoculadas em placas com meio TSA previamente contendo Listeria monocytogenes, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Salmonella sp, na sequencia foram incubadas por 37 °C por 48 horas. Tanto as amostras, quanto as bactérias inoculas em TSA foram diluídas em água contendo 107 UFC/mL ( correspondente a 0,5 na escala McFarland), após a colocação das amostras nas bactérias inoculadas em TSA incubou-se por 48 horas, isso para as 5 amostras. Sendo cada inoculado identificado com numeração no fundo da placa para ter o controle de quais amostras formaria halo de inibição. Após esse período de incubação foi avaliada a presença ou ausência de halo de inibição não bactérias testadas. 24 5. RESULTADOS As Figuras 1 e 2 mostram o grande crescimento de bactérias das vísceras do peixe, com nenhuma colônia isolada. Sendo que todas as placas apresentaram crescimento, sendo identificadas pelo método de coloração de Gram. Figura 1: Placa com o meio TSA ilustrando o crescimento de bactérias após a duplicata das 5 amostras diferentes das vísceras do peixe. Figura 2: Placa com o meio TSA ilustrando o crescimento de bactérias após a triplicatas das 5 amostras diferentes das vísceras do peixe. 25 Mesmo após a triplicata ainda era grande o número de bactérias em todas as placas de TSA, então foi feito esgotamento de algumas colônias de bactérias para conseguir deixar elas isoladas (Figura 3). Figura 3: Mostra o esgotamento de 4 amostras que apresentaram um maior crescimento de bactérias: 1A, 1B, 6E, 7E. Após esgotamento foi possível isolar pequenas colônias das bactérias, em seguida foi feita diluição seriada das bactérias para podermos testar a inibição das bacteriocinas frente a outras bactérias. Na Tabela 1 pode-se observar um grande crescimento, verificado nas cinco amostras analisadas. 26 Tabela 1: Crescimento de colônias das bactérias do intestino dos peixes em placas de petry com meio TSA. (+): 1 a 5 UFC /mL. (++): 6 a 10 UFC/mL. (+++): 11 a 20 UFC/mL Crescimento de colônias em meio TSA 1 A +++ 2 A +++ 3 A +++ 4 A +++ 5 A +++ Diante do apresentado é notável a presença de crescimento de vários microrganismos em meio TSA de todas as amostras de vísceras de peixes. Todas as amostras apresentaram uma grande variedade de colônias grandes, amarelo fraco e amarelo forte que cobriram todas as placas com meio TSA. A atividade antimicrobiana das colônias que foram isoladas através de triplicatas, esgotamento e foram testadas contra Listeria monocytogenes, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Salmonella sp, não havendo formação de halos de inibição de nenhuma colônia isolada das amostras. As bactérias das vísceras da amostra número 1, apresentaram colônias amarelas e brancas nas placas de TSA, após a coloração pelo método de Gram percebe-se que uma das amostras (1 B) continha bactéria (Figura 4) e fungo (Figura 5). 27 a) b) Figura 4: Lâmina ilustrando coloração de Gram, com presença de a) cocos Gram-positivo nas amostras 1A e 6 e b) com presença de cocos Gram-negativo na amostra 7 Figura 5: Lâmina ilustrando a presença de um fungo na amostra 1 B. A inibição seria desejável para a não sobrevivência dos microorganismos em ambientes que apresentam microbiota diversificada e complexa. O presente trabalho também não avaliou a natureza das possíveis substâncias antagonistas produzidas pelas culturas produtoras. 28 6. DISCUSSÕES A indústria alimentícia vem buscando alternativas de agentes antimicrobianos natural para conservar os alimentos. A biopreservação é uma técnica utilizada para aumentar a vida útil e a segurança dos alimentos por meio do emprego de microbiota protetora e/ou seus peptídeos antimicrobianos, as bacteriocinas. Estes compostos são sintetizados no ribossomo e apresentam espectro de ação dependente da espécie alvo. Na última década, uma grande variedade de bacteriocinas foi identificada e caracterizada, o que promove uma constante variação na classificação destas. A bacteriocina mais conhecida é a Nisina, que foi aprovada para ser utilizada na conservação dos alimentos a mais de 50 anos, em vários países. As bacteriocinas da classe II mais estudadas são as pediocinas e as enterocinas, principalmente devido à sua ação anti-Listeria. A ação das bacteriocinas produzidas pelas bactérias lácticas de diferentes espécies não é uniforme e vai depender de vários fatores, entre eles: condições físicas em que se encontram os alimentos e sua composição química. Esta atividade fica reduzida devido a ação do pH, atividade das proteases e outras enzimas degradadoras, entre outros fatores (SCHILLINGER et al., 1996). Em virtude disso seu campo de ação fica reduzido, e somente algumas bacteriocinas conseguem inibir vários grupos de microorganismos (MARIGONI, KUROZAWA, 2002). As placas cultivadas com bactérias em meio TSA permitiram a observação de uma microbiota com diferentes tipos de colônias. Estas apresentaram coloração amarela, esbranquiçadas e cremosas. No método de Gram foram tanto positivo quanto negativo. As culturas que produziram substâncias antagonistas não inibiram a Listeria monocytogenes, klebsiella pneumoniae, staphylococcus aureus e Salmonella sp, as quais são as culturas indicadoras no presente trabalho. L. monocytogenes é um Gram-positivo mótil, que causa infecções em humanos por serovars I/2a, I/2b e 4b. A dose infectiva é desconhecida, mas, acredita-se, variar conforme a cepa e a susceptibilidade da vítima. Em casos contraídos através de leite pasteurizados ou crus afirma-se que em pessoas suscetíveis, menos de 1.000 organismos podem causar a doença (MITEVA et al., 1998). 29 O principal habitat do organismo é o solo, lodo, forragem e água. Alguns estudos mostram que 1-10% de humanos podem carregar no intestino a L. monocytogenes. Foram encontradas em pelo menos 37 espécies de mamíferos (domésticos e selvagens), 17 espécies de pássaros e em algumas espécies de peixes e frutos do mar. É resistente a baixas temperaturas, secagem e calor, ainda que seja uma bactéria não formadora de esporos. Infecções em raposa produzem uma encefalite simulando a raiva. Queijos em processo de maturação podem constituir meio para o crescimento de Listeria e é freqüentemente a causa de surtos (GERMANO;GERMANO, 2003). Para evitar sua entrada e contaminação em alimentos deve-se fazer um controle rigoroso na aquisição das matérias primas para que as mesmas não venham a se contaminar com esse microrganismo. A Klebsiella pneumoniae é um bacilo Gram-negativo da família Enterobacteriaceae, podendo ser encontrada em trato respiratório alto e trato gastro-intestinal e urinário, causando pneumonia lobar e infecção urinária e septicemia. O Staphylococcus aureus é um importante patógeno em virtude a sua virulência, resistência aos antimicrobianos e associação a várias doenças, incluindo enfermidades sistêmicas potencialmente fatais, infecções cutâneas, infecções oportunistas e intoxicação alimentar. Esta bactéria habita com frequência a nasofaringe do ser humano, a partir da qual pode facilmente contaminar as mãos do homem e penetrar no alimento, causando a intoxicação alimentar estafilocócicas. Em vários paises, o Staphylococcus aureus é considerado o segundo ou terceiro mais comum patógeno causador de intoxicação alimentar, perdendo em número apenas para Salmonella sp, e competindo com o Clostridium perfringens (BEAN et al., 1996). Após a contaminação dos estafilococos no alimento, em temperatura ambiente ou mais elevada, ocorrera a liberação das enterotoxinas que causam a intoxicação. Os sorotipos A e D são os mais comumente associados com a intoxicação alimentar. Estas enterotoxinas são resistentes às enzimas proteolíticas do trato intestinal humano e são proteínas termoestáveis (BALABAN; RASOOLY, 2000). A salmonela é uma bactéria comum no trato intestinal, que se mantém no ambiente passando de um animal para outro. Essa bactéria é mais comumente encontrada em aves poedeiras. Animais contaminados tornam-se propagadores da 30 bactéria. Ela é eliminada junto com as fezes, que contaminam o solo e a água por onde passam, afetando outros animais (GERMANO;GERMANO, 2003). As Salmonelas são bactérias Gram-negativas e constituem um gênero extremamente heterogêneo, composto por duas espécies, Salmonella bongori e S. enterica, essa última possuindo quase 2000 sorotipos. Dentre os de maior importância para a saúde humana destacam-se Salmonella enterica sorotipo Typhi (S. typhi), que causa infecções sistêmicas e febre tifóide – doença endêmica em muitos países em desenvolvimento – e Salmonella enterica sorotipo Typhimurium (S. typhimurium), um dos agentes causadores das gastroenterites (FRANCO, 2005). As bactérias que apresentam resistência as bacteriocinas podem estar relacionadas a uma série de fatores como: mudanças ocorridas na membrana e na parede celular, alterações do potencial elétrico, da fluidez, da composição lipídica da membrana e alterações de carga ou espessura da parede celular, ou ainda pela combinação de todos esses fatores (MONTOVANI e RUSSELL, 2001). Essas mudanças podem surgir logo após uma exposição da célula a baixas concentrações de bacteriocinas ou como parte de uma resposta adaptativa a algum outro estresse (VAN SCHAIK, GAHAN e HILL, 1999). A resistência que as bactérias tanto Gram-positivas quanto Gramnegativas, têm a sua bacteriocina ainda não é bem compreendida, mas esse mecanismo de resistência mostra-se diferente do mecanismo da imunidade apresentado pelas linhagens produtoras e sua própria bacteriocina. Supõe-se que a perda de receptores celulares confere uma resistência a bacteriocina por parte da bactéria (TAGG et al., 1995). A eficiência inibitória das bacteriocinas depende dos níveis de contaminação do alimento por parte do microrganismo-alvo. Se a contaminação inicial for de grande concentração, a atividade da bacteriocina será ineficiente, não impedindo o desenvolvimento de microorganismo. Alem das interações com componentes dos alimentos, as bacteriocinas podem ser adversamente afetadas pelas condições de processamento e estocagem, como pH e temperatura do produto (RILLA et al, 2004). O desenvolvimento de bacteriocinas em laboratório, depende de vários fatores que influenciam diretamente a sua produção como: linhagens bacterianas, 31 composição do meio de cultura utilizado, e as condições de incubação como: pH, temperatura e agitação. Em geral, a produção de bacteriocina é boa na temperatura ótima para o crescimento e desenvolvimento da linhagem produtora. Pois seu crescimento em altas temperaturas pode dificultar sua produção ou alterar sua ação antagonista. Consequentemente, para cada bacteriocina deve ser desenvolvido um protocolo especificado, ideal para o isolamento e purificação da mesma. A produção de bacteriocinas pode ser realizada tanto em meio sólido, como em liquido e semi-sólido, através da inibição do microrganismo sensível (MATARAGAS, et al., 2003). Os métodos mais utilizados são antagonismo direto ou sobrecamada, difusão em poços ou em discos de papel e pelo método de estrias cruzadas. No antagonismo direto, a linhagem produtora de bacteriocina é inoculada em meio de cultura sólida, incubada e em seguida colocada uma sobrecamada semi-sólida préincubada com a linhagem indicadora. No método de difusão, o sobrenadante da linhagem produtora é adicionado nos discos de papel ou nos poços perfurados no meio de cultura sólida, previamente semeada com o microrganismo indicador. Já no método de estrias cruzadas a linhagem produtora é inoculada com alça no meio de cultura sólido e após crescimento o microrganismo indicador é inoculado também por estria, perpendicularmente a linhagem produtora de bacteriocina (HOOVER; HARLANDER, 1993). A produção de algumas bacteriocinas também pode ser feita por tratamentos físicos ou químicos como a irradiação ultravioleta ou com micotoxica C. A atividade biológica das bacteriocinas é determinada por um componente protéico, sendo assim, a determinação de sua natureza protéica é realizada através de testes de sensibilidade com enzimas proteolíticas (ALLISON; KLAENHAMMER, 1994). 32 7. CONCLUSÃO Os resultados do presente trabalho apresentam bactérias resistentes à ação de substâncias antagonistas. Em todos os ensaios realizados, não foi obtido inibição da Listeria monocytogenes, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Salmonella sp, por substâncias antagonistas que foram produzidas por bactérias que estavam presentes nas 10 amostras de peixes. Em virtude disso, é necessário realizar estudos mais aprofundados onde se possa ver a potencialidade dessas substâncias antagonistas contra essas e outras bactérias, garantindo assim o seu poder inibitório frente às patologias. Sendo que pesquisas recentes vêm buscando identificar as possíveis alterações nas condições do meio de atuação das bacteriocinas, ampliando assim seu espectro de ação e sua futura utilização. Como não houve em momento nenhuma formação de halos de inibição contra as bactérias testadas, não se fez necessário à identificação das diversas bactérias crescentes das vísceras do peixe em meio TSA. 33 8.REFERÊNCIAS ALLISON, G.E.; KLAENHAMMER, T.R. 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