Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF Pró-Reitoria de Integração aos Setores Comunitários e Produtivos - PROIN Programa Institucional de Bolsas de Integração – PIBIN 2012/2013 ANEXO II – Modelo de Proposta Título: Elaboração de um guia Ilustrado de pragas e inimigos naturais comumente encontrados em hortas urbanas do município de Petrolina-PE Colegiado Proponente: Colegiado de Engenharia Agronômica Coordenador: Rita de Cássia Rodrigues Gonçalves Gervásio Equipe Nome Unidade Categoria Profissional Rita de Cássia R. G. Gervásio CEAGRO Professor Função no Projeto Coordenador Helder Ribeiro Freitas CEAGRO Professor Membro Cristiane Pereira de Assis CEAGRO Professor Membro Paulo Vitor Pereira do Nascimento CEAGRO Discente Bolsista Marilia Mickaele Pinheiro Carvalho CEAGRO Discente Membro Luirick Felix Silva Barbosa CEAGRO Discente Membro Área temática: Educação Linha de Extensão: Desenvolvimento rural e questão agrária Fundamentação Teórica Apresentação: As experiências urbanas com agricultura se dirigem à valorização de espaços limitados, onde residem populações socialmente marginalizadas, para uma produção voltada ao autoconsumo, possibilitando o aumento da disponibilidade de alimentos e a diversificação da dieta das famílias. Além disso, o exercício da agricultura urbana vem permitindo que as famílias envolvidas fortaleçam seus laços de vida comunitária, condição indispensável para a emergência de estratégias coletivas para fazer frente aos riscos de insegurança alimentar 1 e nutricional (Weid, 2004). A produção urbana de alimentos tem sido praticada por ampla parcela da população em países em desenvolvimento, e envolvem cultivo de hortas, pomares, plantas medicinais, aromáticas e ornamentais. A implantação de hortas comunitárias, principalmente em ambientes escolares, é um bom exemplo de aproveitamento de áreas urbanas e periurbanas para a produção de alimentos de qualidade. Esse tipo de horta possibilita o enriquecimento da merenda escolar com a inclusão de produtos naturais, favorecem a suplementação das necessidades vitamínicas e minerais, além de promoverem mudanças de hábitos alimentares de alunos e da comunidade escolar. (Gallo ET AL. 2004; Morgado e Santos, 2008). Um dos grandes problemas enfrentados por agricultores urbanos está relacionado com o controle fitossanitário de pragas e doenças. Nesse aspecto a produção agrícola encontra um dos principais limitantes ao seu desenvolvimento. Ao longo das últimas décadas, a utilização de agrotóxicos no Brasil tem sido a base através da qual o setor agrícola vem enfrentando a questão. O consumo de agrotóxicos no país tem sido crescente, alcançando vendas anuais que superam U$ 2,5 bilhões. Esse aspecto é muito sério em áreas urbanas, não somente pelo elevado custo, mas também pela proximidade das residências, aumentando o risco de contaminação. A solução que se vislumbra é a utilização de defensivos alternativos que incluem: agentes de biocontrole, fertilizantes líquidos, diferentes tipos de caldas, feromônios, extratos de plantas, entre outros (Aquino e Assis, 2007). Watanabe e Melo (2007) destacam como pragas mais importantes das hortaliças: lagartas que perfuram as folhas, cortam o caule e broqueiam frutos e ramos; pequenos coleópteros (vaquinhas), cujos adultos se alimentam das folhas e as larvas causam danos às raízes; formigas que cortam as folhas e as carregam para seus ninhos; cochonilhas que sugam a seiva das plantas, além de lesmas e caramujos que atacam as partes tenras das hortaliças. Os autores também destacam a importância de pulgões, trips e moscas-brancas como insetos vetores de vírus capazes de provocar doenças nas plantas. Os insetos, juntamente com ácaros constituem um importante fator de perdas em hortaliças, reduzindo a produtividade dos cultivos em 10 a 30% em média. Essas perdas são variáveis de acordo com a cultivar utilizada, o estádio de desenvolvimento da planta, a época do ano e os fatores relacionados à praga, como: hábitos, tipo de injúria, bioecologia e comportamento. Em condições favoráveis ao crescimento populacional alguns insetos podem comprometer até 100% da produtividade das hortaliças (Bacci et al, 2007). Em função dos grandes problemas causados pelas pragas e doenças, a atividade olerícola envolve um uso considerável de insumos, sobretudo de defensivos agrícolas. Dessa forma, os produtores chegam a executar até três aplicações semanais de defensivos com o objetivo de garantir a produção das culturas. Entretanto, o uso, muitas vezes 2 inadequado e excessivo de inseticidas tem elevado os custos de produção, poluído o ambiente, causando problemas ecotoxicológicos aos aplicadores de defensivos, inimigos naturais e consumidores (Picanço et al, 2007). Os autores destacam, ainda, que nesses agroecossistemas, os inimigos naturais (parasitóides, predadores e patógenos) exercem papel fundamental na regulação das populações de insetos e ácaros nocivos. A ocorrência natural dos agentes de controle nos agroecossistemas é fator de grande importância para a redução da infestação de pragas. Nesse sentido, o controle biológico por conservação ou natural implica na manutenção dos inimigos naturais nos agroecossistemas pela conservação e manipulação do ambiente de modo a fornecer condições de sobrevivência e reprodução para os mesmos (Menezes 2005). Watanabe e Melo (2007) afirmam que o agricultor pode proteger os inimigos naturais, tornando o ambiente favorável à sobrevivência e reprodução desses organismos. Assim, deve-se conservar a vegetação espontânea (“mato”) em volta das hortas, uma vez que a mesma fornece abrigo e locais de reprodução para os inimigos naturais. Adultos de muitos parasitóides se alimentam de pólen e néctar das flores, dessa forma, é muito aconselhável manter em torno das hortas, plantas que produzem muitas flores, pois estas são procuradas por insetos úteis que as utilizam como substrato para alimentação. Outra medida é tomar cuidado com as aplicações de inseticidas químicos, procurando, sempre que possível, a utilização de produtos seletivos que causem o mínimo risco aos organismos benéficos. Uma forma de reduzir as perdas provocadas por pragas em hortaliças é implementar o manejo integrado de pragas (MIP) nessas culturas. Esse sistema objetiva a preservação e/ou o incremento dos fatores de mortalidade natural das pragas por meio da utilização integrada de táticas de controle selecionadas com base em estratégias delineadas para cada cultura (Bacci et al., 2007). Entretanto, para que haja sucesso deste tipo de manejo é imprescindível o conhecimento da composição e comportamento da fauna de pragas e inimigos naturais nos ambientes em que ocorrem. Para Santos et al (2002) o reconhecimento de inimigos naturais em um agroecossistema é de extrema importância, pois pode possibilitar a redução ou exclusão do emprego de inseticidas convencionais. Justificativa: Na área urbana do município de Petrolina-PE é possível encontrar algumas hortas comunitárias que utilizam mão de obra familiar na condução de diversas hortaliças. A comercialização desses produtos agrícolas garante o sustento da própria família, além de contribuir para a geração de inúmeros empregos diretos e indiretos. Dentre as principais atividades da agricultura familiar no submédio São Francisco destaca-se a produção de fruteiras e de hortaliças, sendo as culturas temporárias a opção mais praticada por agricultores familiares, principalmente, melancia, cebola e melão, e em menores proporções, os cultivos de tomate, abóbora, pimentão, cebola, pimenta, coentro e alface. As condições climáticas com altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar, 3 principalmente no segundo semestre, somada à irrigação favorece uma diversidade de hortaliças na região (Farfan, 2008). De acordo com Lima (2001) essas mesmas condições climáticas são favoráveis ao surgimento de problemas fitossanitários, principalmente aqueles provocados por insetos, os quais, muitas vezes atuam como vetores de microorganismos fitopatogênicos. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma importante ferramenta na luta contra pragas em qualquer tipo de cultura e pode ser caracterizado pela utilização de métodos de controle com princípios ecológicos, econômicos e sociais, visando interferir o mínimo possível no agroecossistema. Para sua implantação, três etapas são fundamentais: avaliação do ecossistema, tomada de decisão e escolha da estratégia de controle a ser adotada. A avaliação do agroecossistema, no sentido de conhecer as pragas-chave e os períodos críticos da cultura em relação ao ataque das mesmas, bem como a existência de agentes de controle natural é fundamental. Para que isso ocorra os agricultores precisam saber reconhecer e diferenciar os insetos nocivos daqueles benéficos para que estratégias de manutenção de inimigos naturais sejam implementadas. Atualmente, um grupo de alunos do Curso de Engenharia Agronômica desenvolve um trabalho de levantamento da entomofauna presente em uma horta localizada no perímetro urbano de Petrolina. De acordo com observações desses estudantes, verificou-se que existe um desconhecimento por parte dos agricultores da maioria dos organismos comumente encontrados nos cultivos de hortaliças. Além do mais, a maioria não tem conhecimento dos benefícios que alguns insetos podem trazer para as culturas por se tratarem de eficientes predadores de diversas pragas importantes. A falta de conhecimento pode levar ao extermínio de várias espécies que muitas vezes são confundidas com insetos nocivos. Diante do exposto, pretende-se elaborar um guia informativo, ricamente ilustrado, o qual será distribuído entre os produtores de hortaliças para que os mesmos possam identificar com facilidade os organismos associados aos cultivos e dessa forma elaborar estratégias mais eficientes de manejo da fauna. Objetivo geral: Disponibilizar para os agricultores um guia ilustrado de pragas e inimigos naturais associados ao plantio de hortaliças com linguagem acessível e imagens que possam facilitar o reconhecimento da entomofauna presente nesses ambientes. Objetivo específicos: 1. Incentivar os agricultores a adotarem sistema de monitoramento das pragas para que as medidas de controle somente sejam adotadas quando realmente necessário; 2. Conscientizar os produtores da importância da adoção de práticas que mantenham os inimigos naturais nas áreas de cultivo; 4 3. Estimular a produção de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos; 4. Divulgar a linguagem científica entre os produtores de hortaliças da região; 5. Possibilitar uma maior aproximação dos professores e estudantes da UNIVASF com os produtores de hortaliças em hortas urbanas. Metas: 1. Promover conversas com produtores para verificar quais suas principais dificuldades com relação ao controle de pragas nas culturas. 2. Realizar levantamento das principais pragas e inimigos naturais associados a plantios de hortaliças na região; 3. Proceder a identificação das espécies encontradas; 4. Realizar pesquisa bibliográfica a respeito de aspectos bioecológicos das espécies encontradas; 5. Elaborar guia ilustrado com imagens e informações que possam interessar aos produtores; 6. Divulgar, por meio de palestras e dias de campo o conteúdo do guia entre os produtores; 7. Promover ampla distribuição do guia entre os produtores; Resultados Esperados: Com a realização desse projeto, pretende-se conscientizar os produtores de hortaliças a adotarem sistemas de manejo integrado de pragas por meio da identificação correta das espécies nocivas e conservação de inimigos naturais com o uso de técnicas ambientalmente corretas. Metodologia: O presente trabalho utilizará dados do projeto de iniciação científica, intitulado “Levantamento de pragas e inimigos naturais em horta urbana no município de Petrolina” em desenvolvimento desde agosto/2011. Os insetos coletados no referido projeto serão encaminhados ao Laboratório de Zoologia e Entomologia Agrícola da UNIVASF, onde será feita triagem, quantificação e identificação. Na impossibilidade de identificação de algumas espécies, as mesmas serão encaminhadas a especialistas para confirmação da espécie. Após identificação das espécies, será realizada pesquisa bibliográfica para se obter informações que possam esclarecer dúvidas levantadas pelos produtores. Considerando que a equipe de trabalho faz visitas semanais à horta para coleta de insetos, haverá a possibilidade de um contato mais estreito com os produtores para que os mesmos possam apresentar suas principais demandas. Após coleta dos insetos, os mesmos serão fotografados e as imagens serão incluídas no guia. Pretende-se realizar fotos de alta qualidade, tentando destacar detalhes que possam facilitar sua identificação por parte dos produtores. Além de indivíduos adultos, 5 serão incluídas imagens de todas as fases de desenvolvimento do inseto, uma vez que normalmente é o que o produtor encontra com mais facilidade nos cultivos. Além das imagens, o guia conterá informações básicas sobre biologia e comportamento dos insetos. No caso de insetos nocivos, serão incluídos métodos alternativos de controle e no caso de inimigos naturais, serão informadas técnicas que permitam sua conservação nas áreas de plantio. Referência Bibliográfica: AQUINO, A. M. de; ASSIS, R.L.de. Agricultura orgânica em áreas urbanas e periurbanas com base na agroecologia. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. 10, n. 1, p. 137-150, 2007. BACCI, L.; PICANÇO, M.C.; QUEIROZ, R.B.; SILVA, E.M. Sistemas de Tomada de Decisão de Controle dos Principais Grupos de Ácaros e Insetos-Praga em Hortaliças no Brasil. In: ZAMBOLIM, L.; LOPES, C.A.; PICANÇO, M.C.; COSTA, H. Manejo Integrado de Pragas em Hortaliças. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Fitopatologia, 2007. cap.12, p.423-462. FARFAN, S. J. A. Diagnóstico de hortas comunitárias no dipolo Juazeiro–Ba e Petrolina–Pe: perfil e demandas de pesquisas. Dissertação – mestrado, UNEB, 2008, 117 p. GALLO, Z.; SPAVOREK, R. B. M.; MARTINS, F. P. L. Das Hortas Domésticas para a Horta Comunitária: Estudo de Caso no Bairro Jardim Oriente em Piracicaba, SP. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2. Anais. Belo Horizonte, 2004. LIMA, M. F. Viroses em hortaliças. Revista Cultivar, p. 16-21, 2001. MENEZES, E.L.A. 2005. Inseticidas botânicos: seus princípios ativos, modo de ação e uso agrícola. Embrapa Agrobiologia, Seropédica. Documentos, 2005. MORGADO, F. da S; SANTOS, M. A. A. dos. A horta escolar na educação ambiental e alimentar: experiência do projeto horta viva nas escolas municipais de Florianópolis. EXTENSIO – Revista Eletrônica de Extensão, n. 6, p. 1-10, 2008. PICANÇO, M. C.; GIRALDO, A. S.; BACCI, L.; MORAIS, E. G. F. de; SILVA, G. A.; SENA, M. E. Controle biológico das principais pragas de hortaliças no Brasil. In: ZAMBOLIM, L.; LOPES, C.A.; PICANÇO, M.C.; COSTA, H. Manejo Integrado de Pragas em Hortaliças. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Fitopatologia, 2007. cap.14, p.505-537. 6 SANTOS, S. P.; WANDERLEY, P. A.; MORAES – FILHO, JR.; WANDERLEY, M. A. Conscientização de agricultores e avaliação do conhecimento do potencial de inimigos naturais de pragas em pequenas áreas produtoras de erva-doce. In: I Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. João Pessoa: UFPB, 2002, v. 01. WATANABE, M. A.; MELO, L. A. da S. Controle biológico de pragas de hortaliças é essencial. Campo e Negócios, Uberlândia, v.2, n.30, p.42, 2007. WEID, J. M von der. Agroecologia: condição para a segurança alimentar. Agriculturas – Experiências em Agroecologia. Rio de Janeiro, v. 1, n. 0, p. 4-7, 2004. Público-Alvo: O trabalho será voltado para produtores de hortaliças, principalmente aqueles que desenvolvem plantios em áreas urbanas. Nº de Pessoas Beneficiadas 30 Cronograma de Execução Evento Coleta e identificação dos insetos Período 08/2011 a 03/2012 Observações Encontros com agricultores para verificação das 03/2012 a 08/2012 demandas Revisão de literatura a respeito dos insetos 03/2012 a 08/2012 coletados Registro de imagem dos insetos 03/2012 a 08/2012 Confecção do Guia Ilustrado 05/2012 a 09/2012 Encontros com agricultores para divulgação e 09/2012 a 11/2012 revisão do manuscrito Envio para publicação do Guia 12/2012 a 02/2013 Distribuição do guia entre os agricultores 03/2013 Acompanhamento e Avaliação Indicadores: Participação dos agricultores na elaboração do guia; Mudança de comportamento dos agricultores com relação às práticas empregadas no cultivo das hortaliças. Sistemática: Registro de freqüência nas reuniões e dias de campo; Verificação dos tratos culturais empregados por meio de avaliações em campo. 7 Observação: Mesmo o Programa financiando apenas as bolsas para os estudantes, é imprescindível a apresentação do orçamento. Proposta Orçamentária Justificativa Rubrica Valor (R$) Custeio O bolsista ficará responsável pela organização do material, contato com os agricultores, registro de imagens e participará da elaboração do guia. Material para suporte ao trabalho como papel ofício, canetas, envelopes etc. Bolsa de Extensão Material de Consumo Outros Serviços de Terceiros – Serviços gráficos: Confecção do guia ilustrado em Pessoa Jurídica cores Total 4.320,00 30,00 750,00 5.100,00 Co-Financiamento (Informe se o Projeto terá outro financiamento além do PIBIN – 2012/2013) Agências de Fomento Quais: Outros Quais: MEC/ PROEXT/20111 ______________________________________ Coordenador do Projeto (assinar e datar) ______________________________________ Coordenador do Colegiado (assinar e datar) 8