Demanda individual e demanda de mercado – Parte 1 1. Demanda Individual 2. Efeito Renda e Efeito Substituição 1 Demanda Individual • Efeitos de variações nos preços: – A curva de demanda individual mostra a quantidade de uma mercadoria que um consumidor irá adquirir em função do seu preço. – Obs.: Não confundam curva de demanda com curva de utilidade! – A curva de preço-consumo é formada pelas cestas de mercado que maximizam a utilidade para os vários preços do alimento. 1.1 Demanda Individual – Modificações nos preços • A curva de preço-consumo mostra as mudanças nas quantidades de cada bem, quando há alterações nos preços. 1.2 Demanda Individual - Propriedades 1. O nível de utilidade que pode ser obtido varia à medida que nos movemos ao longo da curva. – À medida que o preço de uma mercadora cai, atinge uma curva de indiferença mais elevada. 2. Em cada ponto da curva de demanda, o consumidor estará maximizando a utilidade ao satisfazer a condição de que a TMS do alimento por vestuário seja igual à razão entre os preços desses bens. – À medida que nos deslocamos para baixo na curva de demanda individual, a TMS vai diminuindo. 1.3 Demanda Individual – Modificações na renda • A curva renda-consumo especifica as combinações de alimento e vestuário maximizadoras da utilidade, associadas a cada um dos possíveis níveis de renda. – Um aumento da renda desloca a linha de orçamento para a direita, aumentando o consumo ao longo da curva rendaconsumo. – Simultaneamente, o aumento da renda desloca a curva de demanda para a direita. 1.3 Demanda Individual – Modificações na renda • Deslocamento em função de aumento na renda. 1.4 Demanda Individual – Bens inferiores versus normais • Quando a curva de renda-consumo apresenta uma inclinação positiva: – A quantidade demandada aumenta com a renda. – A elasticidade-renda da demanda é positiva. – O bem é um bem normal. • Quando a curva de renda-consumo apresenta uma inclinação negativa: – A quantidade demandada diminui com a renda. – A elasticidade-renda da demanda é negativa. – O bem é um bem inferior. 1.4.1 Bens inferiores – Exemplo • Tanto o hambúrguer quanto o bife se comportam como um bem normal, entre A e B mas o hambúrguer se torna um bem inferior quando a curva renda-consumo se inclina negativamente entre B e C. 1.5 Demanda Individual – Curvas de Engel • As curvas de Engel relacionam a quantidade consumida de uma mercadoria ao nível de renda. – Para um bem normal, a inclinação da curva de Engel é ascendente, já para um bem inferior, ela é descendente. 1.5.1 Curvas de Engel – Exemplo de dispêndio anual em consumo • Avaliação de um grupo de consumidores, em uma análise pela média. 1.6 Demanda Individual – Substitutos e Complementos • Dois bens são considerados substitutos se um aumento (ou redução) no preço de um deles ocasiona um aumento (ou redução) na quantidade demandada do outro. – Ex.: Aluguel de DVDs de filmes ou assistir em canais fechados de TV. • Dois bens são considerados complementos se um aumento (diminuição) no preço de um deles ocasiona uma redução (aumento) na quantidade demandada do outro. – Ex.: gasolina e óleos lubrificantes para motores. • Independentes: A variação no preço de um bem não tem efeito algum sobre a quantidade demandada do outro. 1.6 Demanda Individual – Substitutos e Complementos • Se a curva preço-consumo tem inclinação descendente, os dois bens são considerados substitutos. – No exemplo de alimento e vestuário, a parte descendente mostra que quando os gastos com alimento crescem há menos renda disponível pra gastar com vestuário. • Se a curva preço-consumo tem inclinação ascendente, os dois bens são considerados complementos. – Pode ser causado, por exemplo, pelo fato de o consumidor passar a frequentar restaurantes mais refinados quando há um aumento na renda, e neste caso precise andar mais bem vestido. 1.6 Demanda Individual – Substitutos e Complementos • De A até B substitutos e de B até D complementos. 2. Efeito Renda e Efeito Substituição • O efeito substituição corresponde à modificação no consumo de um item associada a uma variação no seu preço, mantido constante o nível de utilidade . – Quando o preço de um item diminui, o efeito substituição sempre leva a um aumento na quantidade demandada do item. • O efeito renda é a variação no consumo de um item ocasionada pelo aumento do poder aquisitivo, mantido constante o preço do item. – Quando a renda de uma pessoa aumenta, a quantidade demandada de um produto pode aumentar ou diminuir. 2. Efeito Renda e Efeito Substituição • Uma redução no preço de uma mercadoria tem dois efeitos: Substituição e Renda: – Efeito Substituição: Os consumidores tenderão a comprar mais de uma mercadoria que tenha ficado relativamente mais barata e menos de uma mercadoria que tenha se tornado mais cara. – Efeito Renda: Os consumidores sofrem um aumento no seu poder aquisitivo real quando o preço de uma mercadoria cai. • Mesmo no caso de bens inferiores, raramente o efeito renda é grande o suficiente para superar em valor o efeito substituição. 2. Efeito Renda e Efeito Substituição • Exemplos de redução dos preços de alimento. 2.1 Efeito Renda e Efeito Substituição – Caso Especial – Bens de Giffen • Teoricamente, o efeito renda pode ser suficientemente grande para fazer com que a curva de demanda de um bem passe a ter inclinação ascendente. – Esse caso raramente ocorre e é de pouco interesse prático. 2.2 Efeito Renda e Efeito Substituição – Tratamento Algébrico • O efeito total é dado pela soma do efeito provocado pela substituição com o efeito provocado pela renda do produto X. ∆ 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∆𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖çã𝑜 + ∆𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 Sendo que: ∆𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖çã𝑜 = 𝜕𝑋 𝜕𝑃𝑋\𝑈=𝑈 ∗ e 𝜕𝑋 𝜕𝐼 ∆𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 = ∙ 𝜕𝐼 𝜕𝑃𝑋 2.2 Efeito Renda e Efeito Substituição – Tratamento Algébrico • Ou seja: 𝑑𝑋 𝜕𝑋 𝜕𝑋 𝜕𝐼 = + ∙ 𝑑𝑃𝑋 𝜕𝑃𝑋\𝑈=𝑈 ∗ 𝜕𝐼 𝜕𝑃𝑋 • Com a restrição de orçamento 𝐼 = 𝑃𝑋 𝑋 + 𝑃𝑌 𝑌, sabemos que por diferenciação temos que: 𝜕𝐼/𝑃𝑋 = 𝑋. • Considerando que o efeito da variação do preço possa ser positivo ou negativo, o sinal da equação referente à renda pode mudar, caso o preço do produto X suba/desça. 2.2 Efeito Renda e Efeito Substituição – Tratamento Algébrico • Portanto é possível montar a seguinte equação: 𝑑𝑋 𝜕𝑋 𝜕𝑋 = −𝑋∙ 𝑑𝑃𝑋 𝜕𝑃𝑋\𝑈=𝑈 ∗ 𝜕𝐼 • A essa equação chamamos de Equação de Slutsky. • Há também na literatura uma alternativa para a equação de Slutsky para decompor alterações de preço sem utilizar curvas de indiferença também conhecida como efeito substituição de Hicks. 2.2.1 Efeito Renda e Efeito Substituição – Exemplo Utilidade de Cobb–Douglas • Temos a função de utilidade a seguir: U(X ,Y ) = a lnX + (1− a) lnY • Sabemos que: 𝐼 = 𝑃𝑋 𝑋 + 𝑃𝑌 𝑌 • Também já descobrimos que: 𝑎 𝑋= 𝐼 𝑃𝑋 𝑎−1 𝐼 𝑌= 𝑃𝑌 (𝐸1) (𝐸2) (𝐸3) 2.2.1 Efeito Renda e Efeito Substituição – Exemplo Utilidade de Cobb–Douglas • Consideremos, a= 0.5, I= 100, PX=1, PY=2, responda: A. Qual o valor do efeito total de variação em X gerado por uma variação de $1 (100%) no seu preço? B. Qual o valor do efeito substituição para um aumento de $1 no preço de X? C. Qual o valor do efeito de renda para um aumento de $1 no preço de X? • Sabemos pelas condições inicias que: – X = 50; Y = 25; U*(50,25) ≈ 3,565. 2.2.1 Efeito Renda e Efeito Substituição – Exemplo Utilidade de Cobb–Douglas • Considerando o aumento de 100% no preço de X: – X = 25; Y = 25; U*(25,25) ≈ 3,218. • Neste contexto, sabendo que: ∆ 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∆𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖çã𝑜 + ∆𝑅𝑒𝑛𝑑𝑎 • Além disso, sabemos também: ∆ 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑋𝑛𝑜𝑣𝑜 − 𝑋𝑎𝑛𝑡𝑖𝑔𝑜 = 25 − 50 = −25 2.2.1 Efeito Renda e Efeito Substituição – Exemplo Utilidade de Cobb–Douglas • Considerando a variação pelo efeito da substituição é observado na curva de utilidade do ponto ótimo antigo, e observando as características da função de Cobb-Douglas, podemos concluir que: ∆𝑆𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖çã𝑜 = 0 • Porque??? – Neste caso, como a quantidade de Y permanece constante quando se altera o preço de X, o efeito da substituição é nulo. • Portanto para esse exemplo: ∆𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 = ∆ 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = −25 Referências principais • Pindyck, Robert S.; Rubinfeld, Daniel L.; Microeconomia. 711p. 7ed. São Paulo : Pearson, 2009. – Capítulo 4: Demanda individual e demanda de mercado. – Apêndice do capítulo 4: Teoria da demanda – tratamento algébrico.