ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE CIRURGIA CARDÍACA NO SERVIÇO DE REABILITAÇÃO CARDÍACA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIAREVICARDIO E SUA RELAÇÃO COM A IDADE E GÊNERO ¹ GONÇALVES, Munira Ziegler²; REAL, Amanda Albiero²; NASCIMENTO, Juliana Rosa²; MACHADO, Aline dos Santos²; ALBUQUERQUE, Isabella Martins de² ; BARBOSA Viviane Acunha²; PEREIRA, Sérgio Nunes³. ¹ Trabalho de Iniciação Científica. ² Curso de fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), RS, Brasil. ³ Curso de medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), RS, Brasil. [email protected]; amanda.albiero@hotmail. com Resumo: Introdução:As doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte no Brasil prevista para 2020. Um dos avanços do século XXI foram intervenções com cirurgias cardíacas(CC) que fazem parte da terapêutica atual das cardiopatias.Objetivo: verificar a prevalência dos tipos de CC e sua relação com a idade e gênero no Serviço de Reabilitação Cardíaca-REVICARDIO no Hospital Universitário de Santa Maria.Metodologia:Estudo longitudinal e descritivo em fichas de avaliações pré e pós operatórias, realizadas pela equipe de fisioterapia, dos pacientes submetidos a cirurgias cardíacas no HUSM,lançadas no banco de dados do REVICARDIO, entre 2007 e 2011.As variáveis incluídas foram: gênero, idade e tipo de cirurgia.Resultados:Evidenciou-se o predomínio da cirurgia de revascularização do miocárdio (74,90%) e troca valvar (18,11%).Houve maior prevalência do sexo masculino (66,9%) nas cirurgias.Conclusão: Nas CC houve maior prevalência da cirurgia de revascularização do miocárdio e predomínio do sexo masculino. Em relação à variável idade não houve diferença entre os gêneros. Palavras-chave: Cirurgia cardíaca, revascularização do miocárdio, REVICARDIO. INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares (DCV) são a primeira causa de morte no Brasil, sendo responsáveis, em 2008, por 34% dos óbitos da população adulta e por 40,8% dos óbitos de indivíduos com 60 anos ou mais. Entre seus principais subgrupos, estão as doenças cerebrovasculares e as doenças isquêmicas do coração, que totalizaram mais de 60% dos óbitos por DCV (BRASIL, 2008). Neste contexto podemos destacar a cirurgia de revascularização miocárdica por ser uma forma terapêutica que pode ser realizada com uma mortalidade de 3,7% em pacientes com insuficiência cardíaca isquêmica, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) de 29% e músculo viável para melhora da FEVE (HOVNANIAN et al, 2010) A cirurgia cardíaca pode ser considerada como um dos mais importantes avanços médicos do século XX, principalmente ocasionar um impacto na fisiologia cardiovascular, assim como dos outros sistemas (BRAILE e GODOY, 2012). No ano de 2011 foram realizadas no Brasil 100 mil operações cardíacas, sendo dessas 50 mil com circulação extracorpórea (CEC) e mais da metade para revascularização miocárdica, com resultados comparáveis àqueles da literatura internacional. As operações foram realizadas em mais de 170 centros distribuídos em todos os Estados Brasileiros com a participação de mais de 1000 cirurgiões associados à Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (BRAILE e GODOY, 2012). A cirurgia cardíaca no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) iniciou no ano de 1973, porém em dezembro de 2005 com a inauguração do Serviço de Hemodinâmica, houve o início ao processo de credenciamento junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) com o propósito de qualificação da alta complexidade em cardiologia, o que significou aptidão para a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos (hemodinâmica e cirurgia cardíaca x reabilitação cardíaca). Neste contexto foi implantado o Programa Multidisciplinar de Reabilitação Cardíaca Secundária nas Doenças Cardiovasculares (REVICARDIO) que na atualidade constitui-se o Serviço de Reabilitação Cardíaca do setor de cardiologia no HUSM. O Serviço de Reabilitação Cardíaca-REVICARDIO, envolve a participação de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros e educadores físicos com uma proposta integrada de prevenção secundária nas doenças cardiovasculares (pós-cirurgia cardíaca, angioplastias pós-infarto agudo do miocárdio), nas fases I, II e III da reabilitação cardíaca. Dentre as principais ações deste Programa apresentam-se as avaliações pré e pós, intervenção cirúrgica. A partir das avaliações pré e pós-operatórias de cirurgia cardíaca, realizadas pela equipe de fisioterapia do HUSM, surgiu à necessidade de verificar o tipo de cirurgia cardíaca mais prevalente dos integrantes desse programa de reabilitação cardíaca, bem como relacioná-las a idade e gênero dos sujeitos com o propósito de facilitar o direcionamento dos pacientes em cada fase da reabilitação. OBJETIVOS Os objetivos do presente estudo foram: analisar as fichas de avaliações pré e pósoperatórias, realizadas pela equipe de fisioterapia para verificar a prevalência dos tipos de cirurgias cardíacas e sua relação com a idade e gênero, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2011 no Serviço de Reabilitação Cardíaca- REVICARDIO no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). METODOLOGIA A presente investigação constituiu-se de um estudo de delineamento transversal, descritivo e retrospectivo, tendo como base a coleta das informações contidas nas fichas de avaliação fisioterapêutica dos pacientes submetidos a cirurgias cardíacas integrantes do banco de dados do Serviço de Reabilitação Cardíaca-REVICARDIO no HUSM, entre o período de janeiro de 2007 a dezembro de 2011. As variáveis incluídas neste estudo foram: tipo de cirurgia, idade e gênero. Constou de 287 fichas registradas e destas foram excluídas 12 por não conter as variáveis deste estudo. Para descrever as variáveis foram calculadas suas frequências absolutas através do programa Microsoft® Office Excel 2003. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na analise da variável tipo de cirurgia, evidenciou-se o predomínio da Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM), totalizando 206 (74,90%), seguida da cirurgia de troca valvar (aórtica e mitral) com 48 (18,11%) pacientes. Os outros tipos de procedimentos cirúrgicos observados, porém com baixa prevalência, foram: correção de comunicação interatrial congênita (CIA), artrosseptoplastia, plastia de mitral, aortoplastia, valvuloplastia, comissurotomia mitral, implante de válvula aórtica e cirurgia de válvula aórtica. Estes resultados estão de acordo com um levantamento realizado pelo DATASUS em 2001, onde demonstrava o crescimento no Brasil de internações pelo SUS relacionadas à CRM num total de 1.465 em 2001, representando um acréscimo de 27% em relação aos dados de 1996 (1.157). Contribuindo com estes dados no DATASUS de 2008 registrou-se no SUS um pratica de CRM estimada em 80% dados próximos aos encontrados em nosso estudo. Diversos autores como Piegas et al, (2009) relatam que as diversas cirurgias cardíacas realizadas pelo SUS, a mais frequente era a CRM, realizada por mais de uma centena de equipes, tanto em hospitais públicos como em filantrópicos ou privados. Rocha et al, (2006) menciona que a CRM é uma modalidade terapêutica largamente utilizada no tratamento da doença aterosclerótica das artérias coronárias. Em um estudo realizado com 54 pacientes, o tipo de cirurgia mais prevalente foi a CRM, seguindo da troca valvar (SILVA et al, 2008). Estes dados demonstram que a cirurgia para CRM, proposta no final da década de 60, ainda é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados em todo o mundo desde sua introdução e continua sendo a terapia padrão ouro em casos selecionados (MILANI et al, 2012). Em relação à variável gênero, evidenciou-se maior prevalência do sexo masculino (66,9%), contemplando 184 pacientes (média de idade de 58,61 ± 2,29 anos), comparado ao sexo feminino (32,3%), com 89 pacientes (média de idade de 58,44 ± 4,31 anos). Tal resultado vai ao encontro do estudo conduzido por Gabriel et al, (2011) onde 72% dos pacientes submetidos à CRM eram do sexo masculino e 28% do sexo feminino. Já no estudo realizado por Kaufman et al,(2011) onde os autores analisaram o perfil epidemiológico na cirurgia de revascularização miocárdica, 67,3% dos pacientes eram do sexo masculino. É importante ressaltar que no período analisado a maior prevalência de CRM e trocas valvares ocorreu no ano de 2009, no entanto são necessários mais estudos em fichas da medicina cirúrgica para saber a prevalência dos pacientes cirúrgicos integrados ou não ao Serviço de Reabilitação e os com óbitos. CONCLUSÃO Através desse estudo foi possível analisar a prevalência dos tipos de cirurgias cardíacas, relacionando-as com idade e gênero, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2011 no Serviço de Reabilitação Cardíaca- REVICARDIO (HUSM). Na analise dos tipos de cirurgia cardíacas realizadas neste estudo houve maior prevalência da cirurgia de CRM. Quanto ao gênero, o sexo masculino prevaleceu. Em relação à variável idade não houve diferença entre os gêneros. Ressalta-se que os dados obtidos na pesquisa vão ao encontro de estudos já existentes. Sugere-se a continuidade deste estudo, com a inclusão de outras variáveis tais como: tempo de CEC, mortalidade, tempo de internação hospitalar e fatores de risco préoperatórios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. 2008. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portalsaude/visualizar_texto.cfm¿idxt=21377>, acesso em 29/07/2012. BRAILE, D. M.; GODOY, M. F.; História da cirurgia cardíaca no mundo. 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