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Cuidados paliativos em idosos acometidos pelo câncer assistidos pelo grupo
interdisciplinar de suporte oncológico – GISO
Pedro Henrique Brusnicki(PIBIC/Unioeste/PRPPG), Jossiana Wilke
Faller(Orientador), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Educação, Letras e
Saúde/Foz do Iguaçu-PR
Grande área e área: Ciências da Saúde - Enfermagem
Palavras-chave: Enfermagem, Cuidados Paliativos, Oncologia.
Resumo
Objetivou-se com o estudo identificar o perfil sociodemográfico e clínico de idosos
com câncer em cuidados paliativos. Trata-se de um estudo descritivo, de caráter
quantitativo, desenvolvido em um serviço de atendimento à pacientes oncológicos
em cuidados paliativos, realizado em janeiro de 2015, em Foz do Iguaçu/PR, por
meio de um instrumento estruturado, com levantamento de dados
sociodemográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade, ocupação) e clínicos
(diagnóstico, tempo de diagnóstico, tratamento utilizado e uso de fármacos),
retirados dos prontuários. Dos 321 prontuários analisados, houve predominância de
homens, acima dos 70 anos, de baixa escolaridade, com câncer de próstata,
tratados, em uso de paracetamol e codeína. Os Cuidados Paliativos promovidos no
domicílio, permitem ao idoso a possibilidade de continuar no seu contexto social e
familiar, recebendo atenção interdisciplinar, evitando assim as internações
recorrentes e melhorando sua qualidade de vida. Os dados subsidiam novas ações
baseadas em critérios científicos e de qualidade a essa população.
Introdução
O envelhecimento é um processo multifatorial e é hoje o maior fator de risco
para o desenvolvimento do câncer. Indivíduos com 65 anos ou mais têm um
aumento de 11 vezes na incidência de câncer e 16 vezes na mortalidade, quando
comparados com aqueles com idade inferior. Além disso, 70% das mortes por
câncer no mundo já ocorrem em quem tem mais de 65 anos (Mohile et al., 2009), o
que revela sua magnitude epidemiológica, social e econômica na população e em
especial nos idosos, o que fomenta investigações e pesquisas para minimizar o
impacto à saúde desta população.
O câncer pode ter fatores intrínsecos, extrínsecos ou uma combinação de
ambos, o que leva a confirmar que a população idosa, por ter sofrido maior
exposição a inúmeros fatores, está consequentemente mais susceptível ao câncer
(Brasil, 2011). Essa susceptibilidade às doenças crônicas nesses indivíduos ocorre
também por alterações fisiológicas, decorrentes do próprio processo de
envelhecimento e do declínio das funções orgânicas e, consequentemente, de sua
qualidade de vida, o que pode, dessa forma, levá-los à terminalidade (Fratezi;
Gutierrez, 2011).
Nesse contexto de terminalidade diante de um prognóstico não favorável,
inserem-se os Cuidados Paliativos (CP) que são medidas não curativas, aplicadas
em pacientes cujo avanço da enfermidade provoca sinais e sintomas debilitantes e
causadores de sofrimento, tanto para o paciente quanto para os
cuidadores/familiares. Profissionais das ciências da saúde, sociais e humanas atuam
de forma multiprofissional, atuando em âmbito domiciliar e hospitalar, com
intervenções na saúde global. O objetivo desse estudo foi identificar o perfil
sociodemográfico e clínico de idosos com câncer em cuidados paliativos, em um
serviço público de atendimento paliativo oncológico no município de Foz do
Iguaçu/PR.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo transversal, descritivo e de abordagem quantitativa,
desenvolvido em um serviço de atendimento à pacientes oncológicos em cuidados
paliativos. O Grupo Interdisciplinar de Suporte Oncológico (GISO), criado em 2001,
tem como púbico alvo os pacientes da oncologia, com necessidade de cuidados
paliativos, em geral, egressos hospitalares, que recorrem com frequências às portas
de urgência. O programa realiza a assistência, por meio de visitas domiciliares, com
visitas periódicas, por encaminhamento médico ou solicitação do paciente e/ou
cuidador. A equipe conta com profissionais da área médica, da enfermagem e da
psicologia.
Os dados do estudo foram coletados no mês de janeiro de 2015, por meio de
um instrumento estruturado, com dados sociodemográficos (sexo, idade, estado
civil, escolaridade, ocupação) e clínicos (diagnóstico, tempo de diagnóstico,
tratamento utilizado e uso de fármacos), retirados dos prontuários. Os critérios
adotados para inclusão no estudo foram pacientes com idade igual ou superior a 60
anos, residentes no município, uma vez que o programa atende indivíduos de
municípios vizinhos e, com cadastros ativos até a data da coleta. Os dados foram
transcritos para uma planilha no Microsoft Word Excel®, codificados e analisados por
estatística descritiva. A pesquisa ocorreu em conformidade com o preconizado pela
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e contou com a aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CONEP) da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, sob parecer nº 861.927/2014.
Resultados e Discussão
Foram identificados 321 idosos, correspondendo 44,8% dos pacientes
atendidos pelo programa. A maioria encontra-se na faixa etária dos 70 a 79 anos
(n=142/44,2%), com predominância do sexo masculino (n=168/52,3%), com ensino
fundamental incompleto (n=187/58,3%), casados (n=191/59,5%), em sua maioria do
lar (n=87/27,1%) e aposentados (n=85/26,5%). Esses dados coincidem com as
estatísticas atuais pesquisadas para o Brasil e para o mundo (Brasil, 2011), em que
70% dos diagnósticos de câncer no Brasil ocorrem em indivíduos acima de 60 anos,
sendo que aproximadamente 60% tem mais de 70 anos.
Referente a predominância do sexo masculino, as estimativas do INCA para o
ano de 2014, na região Sul do Brasil, eram de 66.540 novos casos de neoplasia
entre homens, comparado a 49.790 casos entre as mulheres (Brasil, 2014). De
acordo com alguns estudos relacionados ao diagnóstico de câncer, a baixa
escolaridade, associada a baixa renda, são fatores que interferem no acesso aos
serviços de saúde, causando a demora da procura pela assistência à saúde e
diminuindo o número de exames preventivos como mamografia e da próstata (Paiva
et al., 2010; Höfelmann et al., 2014). Os dados do estudo confirmam essa
panorâmica ao revelar os homens como mais prevalentes e de baixa escolaridade.
Apenas 27,1% eram tabagistas (n=87) e 17,5% etilistas (n=56). O tabagismo
e etilismo são fatores que de forma direta ou indireta aumentam os riscos de
acometimento de neoplasias (Zelmanowicz et al., 2012; Paz et al., 2014). Em
relação aos dados clínicos, as neoplasias de maior ocorrência no sexo feminino
foram a de mama (n=51/15,9%) e colo uterino (n=28/8,7%), e no sexo masculino
verificou-se próstata (n=46/14,3%), seguidos de pulmão (n=20/6,2%) e esôfago
(n=15/4,6%). Um estudo realizado por Vianna (2013) revelou um aumento da
incidência de casos de câncer na população idosa, sendo o câncer de mama na
população feminina (30,13%) e o de próstata (33,33%) na população masculina. A
neoplasia de pulmão segue em segundo lugar na estimativa para os homens com
4.720 novos casos e em terceiro para as mulheres com 3.110 (Brasil, 2014).
A estratégia terapêutica de maior escolha para os casos em estudo foi a
associação, a qual reúne a quimioterapia e a radioterapia, aliados ou não à cirurgia
(n=116/36,1%). Quando a doença se apresenta em estadio avançado ou
metastático, os tratamentos sistêmicos como quimioterapia e hormonioterapia são
recomendados (Brasil, 2015). Os dados desse estudo mostraram que os idosos
apresentam o diagnóstico da doença por 4 a 9 anos, e o maior período foi de 17
anos de diagnóstico. Pode-se afirmar que, ainda que o câncer seja um dos principais
causadores de morte entre os idosos, isso não significa que o período entre
diagnóstico e o óbito seja breve, reforçando a importância de uma abordagem
multiprofissional, considerando as comorbidades associadas e o cuidado integral.
Os fármacos mais utilizados foram os antiácidos e inibidores da secreção
gástrica (n=238/74,1%), opióides e suas associações (Paracetamol/Codeína)
n=226/70,4%, antieméticos e agentes procinéticos (n=197/61,4%), antidepressivos
(n=62/19,3%), anti-inflamatórios (esteroides e não esteroides) n=54/16,8%, e
antiespasmódicos (n=53/16,5%). Dentre o total de pacientes do estudo, 28 (8,7%)
não havia registro do suo de fármacos. O uso desses medicamentos é um ponto
importante nos CP, pois ao diminuir os sintomas adversos do tratamento, aumentase sua qualidade de vida, ainda que não seja possível a cura.
Conclusões
Os CP, promovidos no domicílio, permitem ao idoso a possibilidade de
continuar no seu contexto social e familiar, recebendo atenção interdisciplinar,
evitando assim as internações recorrentes e melhorando sua qualidade de vida.
Além disso, essa modalidade de cuidado também é favorável para o atendimento
institucional, pois descongestiona as salas de pronto atendimento ambulatoriais e
hospitalares. As vantagens de uma assistência paliativista a esses pacientes e
familiares permite orientação e apoio aos envolvidos para a terminalidade da vida.
Os CP não reduzem nem aumentam o tempo de vida desses idosos, mas permitem
que vivam com menos dor e sofrimento até o momento do óbito. Portanto, analisar o
perfil desses idosos subsidia melhoria da atenção prestada, de modo a embasar
novas propostas de ação que solidifiquem o serviço no município, para prover ainda
mais a qualidade de vida a essa população.
Agradecimentos
Agradeço à Unioeste, e aos profissionais do GISO.
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (2011). ABC do câncer:
abordagens básicas para o controle do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 128 p.
______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (2014). Estimativa 2014:
Incidência de Câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da
Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro.
______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (2015). Tratamento do
Câncer. 2015. Disponível em: <http://goo.gl/2mwPT2>. Acesso em: 18 de junho de
2015.
Fratezi, F.R.; Gutierrez, B.A.O. (2011). Cuidador familiar do idoso em cuidados
paliativos: o processo de morrer no domicílio. Cienc. saude colet., v.16, n.7, p. 32413248.
Höfelmann, D.A.; Anjos, J.C.; Ayala, A.L. (2014) Survival for ten years and
prognostic factors for women with breast cancer in Joinville in the State of Santa
Catarina, Brazil. Ciencia & saude coletiva, v.19, n.6, p. 1813-1824.
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