SUCO LAXATIVO: INTERVENÇÃO NÃO FARMACOLÓGICA NA OBSTIPAÇÃO INTESTINAL. Lara Pardini de Souza; Mayara Franzoi Moreno; Flávia Auler; Ana Paula Jenzura; Eveline Maya; Carolina Resnauer; Eduardo Quirino dos Santos. RESUMO INTRODUÇÃO: A definição de constipação é muito vaga e subjetiva, porém deve-se considerar vários aspectos, como: fezes em pequenas quantidades, fezes endurecidas, difíceis de serem expelidas, diminuição da freqüência de evacuações, sensação de evacuação incompleta após a defecção. De acordo com a Associação Dietética Americana (ADA), o controle da constipação deve ser efetuado através do consumo de fibras (25 a 35g/dia para indivíduos com mais de 20 anos e de 10 a 13g/1000kcal para idosos), adesão de dieta equilibrada (com a quantidade de carboidratos complexos aumentados e baixa ingestão de gorduras), atividade física contínua e ingestão hídrica adequada. As situações mais freqüentes que podem gerar constipação são: doenças dos cólons, doenças neurológicas, distúrbios endócrinos, medicamentos e problemas psiquiátricos. OBJETIVOS: O estudo teve como objetivo geral verificar a eficácia do suco laxativo em pacientes com obstipação intestinal (OI), atendidos pelo SUS, no Hospital Universitário Cajuru (Curitiba-PR) e os objetivos específicos foram identificar e relacionar a OI com sexo e idade, diagnosticar o estado nutricional, observar a dieta prescrita, propor intervenção não farmacológica e obter tempo médio do efeito do suco laxativo. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram selecionados 29 pacientes, em janeiro de 2007, que apresentavam a sintomatologia de OI e cuja alimentação era feita exclusivamente por via oral, sendo os demais excluídos da amostra. Para o estudo, considerou-se OI o relato da presença de fezes endurecidas no reto, com dificuldade à evacuação e freqüência inferior a 3x/semana. Realizou-se a avaliação subjetiva global (SGA) dos pacientes e um questionário, onde foram coletados os seguintes dados: nome, sexo, idade, diagnóstico clínico, tempo de OI, uso de suplementação, dieta prescrita, hábito intestinal domiciliar, ingestão hídrica, uso ou não de medicamento laxativo e tempo de espera para o efeito do suco laxativo. Para todos estes pacientes foi ofertado suco laxativo (mamão, laranja e ameixa) 1x/dia no período matutino até a regularização intestinal ou alta hospitalar. Eles também receberam orientações gerais (oral) sobre a melhora do quadro através de alimentação, ingestão hídrica e condicionamento dos hábitos intestinais favoráveis com a ajuda do reflexo gastrocólico. RESULTADOS: Dos 29 pacientes avaliados, 34,5% pertenciam ao sexo feminino e 65,5% ao masculino, sendo a idade média de 54,1+20,1 anos, entre 16 e 83 anos. Na avaliação da SGA foram diagnosticados 27,3% dos pacientes com eutrofia, 62% com desnutrição moderada e 10,7% com desnutrição grave. Em relação à consistência da dieta prescrita 69% dos pacientes tinham dieta geral, 13,8% liquida pastosa, 13,8% branda e 3,4% liquida restrita, uma parcela importante da amostra está sujeita a baixa ingestão alimentar fornecendo pouco substrato para formação de fezes. Quanto à modificação de nutrientes, 20,6% tinham também dieta para diabetes e 32,4%, hipossódica. Em relação ao tempo de efeito do suco laxativo, este foi semelhante em ambos os sexos, sendo que no geral 44,8% dos pacientes tiveram o efeito até no 1º dia após a ingestão, 20,6 % tiveram efeito após 3 dias, 17,2% tiveram alta hospitalar sem que tivessem evacuado e o restante obteve o efeito com mais de 3 dias. É possível observar que 55,1% dos pacientes apresentaram ingestão hídrica inadequada e 20,6% faziam uso de algum medicamento laxativo. CONCLUSÃO: A alta prevalência de OI encontrada neste estudo, pode ser decorrente da idade avançada apresentada pelos pacientes. A incidência de OI foi uniforme sobre a idade e contraditório sobre o sexo, sendo que os homens apresentaram maior prevalência. Uma parcela importante da amostra estava sujeita a baixa ingestão alimentar, fornecendo pouco substrato para formação de fezes. Outro ponto que vale a pena ser ressaltado, é a alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis nos pacientes com OI, necessitando de modificações na sua nutrição. Em relação ao suco laxativo, os pacientes apresentaram uma melhora significativa e rápida com esse tratamento não farmacológico para a obstipação intestinal, sendo que mais de 60% deles apresentaram efeito com menos de 4 dias de tratamento. Portanto, a intervenção não farmacológica através de medidas simples como a introdução do suco laxativo, ingestão hídrica adequada e cuidados gerais mostrou-se eficaz. A fim de melhorar o hábito intestinal e qualidade de vida dos pacientes obstipados, é fundamental que se realize reeducação alimentar respeitando os hábitos alimentares individuais do paciente aliando-se a uma alimentação saudável e evitando o uso de laxantes. Assim, diminui-se os efeitos colaterais, além de tornar a terapia menos dispendiosa para o serviço. Palavras-chave: Suco laxativo; obstipação intestinal; dietoterapia.