UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL /FIOCRUZUNIDADE CERRADO PANTANAL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA LEVANTAMENTO DOS NÍVEIS GLICÊMICOS DOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS DE UMA UBSF EM UM ASSENTAMENTO NO MUNICÍPIO DE SIDROLÂNDIA/MS CAMPO GRANDE 2011 FRANCIS GIOVANNI CELESTINO LEVANTAMENTO DOS NÍVEIS GLICÊMICOS DOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS DE UMA UBSF EM UM ASSENTAMENTO NO MUNICÍPIO DE SIDROLÂNDIA/MS Trabalho de Conclusão de Curso realizado como requisito para obtenção do título de especialista em Atenção Básica em Saúde da UNASUS/FIOCRUZ/UFMS, Família, pela sob a orientação da Profª. Tutora Priscila Maria Marcheti Fiorin CAMPO GRANDE 2011 RESUMO Trata-se de um estudo de abordagem descritiva e de natureza quantitativa, envolvendo indivíduos portadores de Diabetes Mellitus frequentadores na Unidade Básica de Saúde da Família do Assentamento Capão Bonito II de Sidrolândia/MS, no período de Janeiro a Junho de 2011. Este trabalho teve como objetivo avaliar o nível glicêmico e realizar promoção de saúde dos portadores de Diabetes Mellitus que freqüentam a Unidade Básica de Saúde da Família do Assentamento Capão Bonito II. Após a avaliação dos resultados notou-se que os níveis glicêmicos estavam mais descontrolados na população masculina - em contra partida o número de mulheres portadoras de diabetes é maior e estes não seguem as orientações fornecidas pela equipe de saúde. Através da análise dos níveis glicêmicos, ficou evidente a necessidade de intervenção junto aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), visto que são o elo entre a comunidade e a equipe de saúde, então se iniciou o processo de educação permanente e através das falas dos ACS verificou-se que após a capacitação profissional estão mais motivados e seguros pra orientar a população. A sugestão é para que haja continuidade ao trabalho educativo e assim, mesmo que em longo prazo, os portadores de diabetes possam sensibilizar-se e adquirir hábitos de vida saudáveis. Palavras-chave: Diabetes Comunitários de Saúde. Mellitus. Educação permanente. Agentes ABSTRACT This is a descriptive study approach and quantitative, involving individuals with diabetes mellitus often in the Basic Health Unit Family Settlement Capon II Sidrolândia Bonito / MS in the period from January to June 2011. This study aimed to evaluate the glucose level and deliver health promotion of patients with Diabetes Mellitus attending the Basic Health Unit Family Settlement Capão Bonito II. After evaluating the results it was noted that uncontrolled blood glucose levels were more in the male population - in starting from the number of women with diabetes is higher and do not follow these guidelines provided by the health team. Through the analysis of blood glucose levels, it was evident the need for intervention with the Community Health Agents (CHA), as are the bridge between the community and health staff then began the process of continuing education and through the words of the CHA it was found that after the job training are more motivated and reliable guide to the population. The suggestion is to provide continuity to the educational work and so, even in the long term, people with diabetes can sensitize themselves and gain a healthy lifestyle. Keywords: Diabetes Mellitus. Lifelong learning. Community Health Agents INTRODUÇÃO Nas últimas décadas tem-se registrado significativos avanços nas ações de saúde voltadas para a qualidade de vida, buscando articular promoção, prevenção, recuperação e reabilitação. As práticas de atenção à saúde vêm sendo esboçadas, em vários municípios brasileiros, por intermédio da Estratégia Saúde da Família-ESF, cujo principal propósito é a inversão do modelo assistencial centrado na doença (DOMINGUES, 1998). A Estratégia Saúde da Família tem como princípio básico o atendimento à saúde dos indivíduos e da família, do recém-nascido ao idoso, sadios ou doentes, de forma integral e contínua. Dentre as atividades preconizadas, o controle das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) merece especial destaque, por esta influir diretamente no modo de vida da população (BRASIL, 2001). O Diabetes Mellitus (DM) configura-se uma epidemia mundial. Tornou-se um grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento da população, a urbanização crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os grandes responsáveis pelo aumento de sua incidência e prevalência (BRASIL, 2005). Assim como a hipertensão arterial, o diabetes é responsável por um numero muito grande de hospitalizações, de amputações de membros inferiores e representa ainda 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica, submetidos à diálise. É importante observar que já existem informações e evidências científicas suficientes para prevenir e/ou retardar o aparecimento do diabetes e de suas complicações. Hoje, a maioria das pessoas e comunidades progressivamente tem acesso a esses cuidados (BRASIL, 2006). Segundo o mesmo autor, o cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para as equipes de saúde da família, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo de viver, o que estará diretamente ligado à vida de seus familiares e amigos. Aos poucos, ele deverá aprender a gerenciar sua vida com diabetes em um processo que vise qualidade de vida e autonomia, aderindo assim ao tratamento proposto A adesão ao tratamento é um fenômeno multidimensional determinado pela interação de alguns fatores, tais como: fatores econômicos e sociais; equipe de atenção à saúde e os fatores relacionados ao sistema de saúde; fatores relacionados às características das doenças; fatores relacionados à terapêutica e fatores relacionados ao paciente (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003). REVISÃO DE LITERATURA O Diabetes Mellitus (DM) caracteriza-se pela não produção de insulina ou pela produção insuficiente para suprir as necessidades do organismo. É um sério problema de saúde pública e se não tratado pode trazer sérias complicações ao corpo, tais como: neuropatia, retinopatia, nefropatia, amputações e até mesmo a morte (FIGUEIREDO, 2005). Para Dominguez (1998) a importância das doenças crônicas não transmissíveis como problema de saúde pública tende a aumentar, devido ao envelhecimento da população. A equipe da ESF e, por conseguinte, o Agente Comunitário de Saúde, tem uma oportunidade única para elevar a qualidade de vida das pessoas, para que vivam mais anos e com menos limitações. Assim, é necessário investir na capacitação para a identificação de necessidades de saúde e aplicação do enfoque de risco. Este parte do pressuposto de que estão associadas estatisticamente a certos eventos comuns, tais como: hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, estresse, sedentarismo, nutrição inadequada, alcoolismo, no caso da diabetes. Diante da elevada carga de morbi-mortalidade associada, a prevenção do diabetes e de suas complicações é hoje prioridade de saúde pública. Na atenção primária, ela pode ser efetuada por meio da prevenção de fatores de risco para diabetes como sedentarismo, obesidade e hábitos alimentares não saudáveis; da identificação e tratamento de indivíduos de alto risco para diabetes (prevenção primária); da identificação de casos não diagnosticados de diabetes (prevenção secundária) para tratamento; e intensificação do controle de pacientes já diagnosticados visando prevenir complicações agudas e crônicas (prevenção terciária) (BRASIL, 2006). De acordo com o Ministério da Saúde (2006) os critérios laboratoriais para o diagnóstico de diabetes são: • Sintomas de diabetes (clássicos, são os 4 P’s: Poliúria; Polidipsia ; Polifagia e Perda involuntária de peso.); • + glicemia casual 200 mg/dL (realizada a qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições); • Glicemia de jejum 126 mg/dL; • Glicemia de 2 horas 200 mg/dL no teste de tolerância à glicose. Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de repetição. Algumas vezes, o diagnóstico é feito a partir de complicações crônicas como neuropatia, retinopatia ou doença cardiovascular aterosclerótica. O cuidado biopsicossocial ao paciente com Diabetes e sua família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seus hábitos de vida, o que estará diretamente ligado à vida de seus familiares e amigos. Com o tempo, ele deverá aprender a gerenciar sua vida com Diabetes em um processo que vise qualidade de vida e autonomia. No Brasil, a partir de 1988 um estudo multicêntrico realizado pelo Ministério da Saúde revelou a prevalência de 7,6 % de diabetes e de 7,8% de baixa tolerância a glicose na população urbana respectivamente com 30 a 69 anos de idade (MALERBI; FRANCO, 1992). Na UBSF Capão Bonito 2 nota-se um número reduzido de diabéticos diagnosticados, quando comparado a prevalência nacional, é necessário realizar uma busca de possíveis diabéticos na área de abrangência da unidade. Para promover a saúde da população e prevenir o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e demais enfermidades não transmissíveis, como a HAS, obesidade, doença arterial coronariana entre outras é necessário integração e interação da dimensão de saúde com as dimensões socioculturais, estruturais e ambientais. (SOUZA et al, 2003). Há evidencias que alterações no estilo de vida, com ênfase em alimentação saudável e na pratica de exercícios físicos reduzem os riscos de DM2. O estudo Diabete Prevention Program demonstrou uma redução de 58 % na incidência destes casos de DM2 com essas intervenções. (KNOWLER et al, 2002).Com este trabalho de intervenção, espera-se que a qualidade de vida dos pacientes melhore através do controle glicêmico. De acordo com Chazan (2000), a qualidade de atenção oferecida aos clientes diabéticos faz toda a diferença. O conceito de qualidade de atenção inclui três aspectos básicos: 1- Competência e a motivação dos profissionais que integram a equipe de saúde; 2- Acesso dos pacientes às consultas, aos fármacos orais e insulinas, as tiras reagentes para o controle glicêmico, aos exames necessários para o controle e rastreamento das complicações crônicas do DM2. 3- A motivação, adesão e a participação ativa dos pacientes no controle e no tratamento da doença. Um dos instrumentos que tem se mostrado útil no tratamento do DM2 é o trabalho em grupo que tem os seguintes objetivos: ampliar a consciência sobre a patologia, desenvolver mais capacidade de assimilação, ampliar a capacidade adaptativa, promover maior adesão ao tratamento, ajudar com a interação aos serviços de saúde, ampliar noções sobre direitos e deveres, estimular a solidariedade e favorecer que cada paciente possa atuar de maneira informal na comunidade como um agente de saúde (IBIDEM, 2000). A Unidade Básica de Saúde da Família do Assentamento Capão Bonito II está localizada na zona rural do município de Sidrolândia/MS e fica aproximadamente a 50 km do município. A procura maior das famílias pela assistência à saúde na UBSF Capão Bonito II está relacionada às consultas médicas, odontológicas e de enfermagem. Outros serviços também são prestados, como a entrega de medicamentos, vacinação e visitas domiciliares realizadas pela equipe de saúde. Além do atendimento oferecido na UBSF Capão Bonito II, o portador de Diabetes também tem a oportunidade de freqüentar o grupo de diabéticos, que corresponde a sua micro-área, nos núcleos de apoio dos Agentes Comunitários de Saúde, que facilitam o acesso ao grupo e propicia a continuidade ao seu tratamento. Portanto, pretende-se, com este trabalho, realizar um levantamento dos níveis glicêmicos dos portadores de Diabetes Mellitus do Assentamento Capão Bonito II em Sidrolândia / MS. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de abordagem descritiva e de natureza quantitativa, envolvendo indivíduos portadores de Diabetes Mellitus frequentadores na Unidade Básica de Saúde da Família do Assentamento Capão Bonito II de Sidrolândia/MS, no período de Janeiro a Junho de 2011. A amostra a ser pesquisada foi composta por 54 prontuários dos portadores de Diabetes Mellitus inscritos no Programa de Diabéticos e freqüentadores da UBSF Capão Bonito II. A unidade de saúde possui 58 diabéticos cadastrados na área adscrita, mas apenas 54 são inscritos no Programa de Diabetes da unidade e frequentam o grupo para acompanhamento. O critério de inclusão do estudo foi estar inscrito e frequentar o Programa de Diabetes da unidade. Os critérios de exclusão foram: Não estar inscrito no Programa de Diabetes da unidade e não frequentá-lo. Para a coleta de dados foi utilizado o registro do banco de dados dos pacientes cadastrados no sistema MEDICAL, que é o sistema de informações utilizado pela Secretaria Municipal de Saúde, para obter o número dos prontuários e levantar as variáveis como: níveis glicêmicos e sexo durante o período de Janeiro a Junho de 2011. Os dados foram computados no programa Excel 2003 e construídas figuras para a demonstração dos resultados observados. RESULTADOS Através da análise dos dados verificou-se que dos 54 prontuários dos pacientes portadores de DM2 analisados, 36 são mulheres e 18 são homens. Conforme a figura 1 observa-se a presença de 66 % mulheres e 34% homens. Figura 1: Percentual populacional dos portadores de DM2 por sexo, Sidrolândia, MS, 2011 De acordo com a figura 2, a glicemia capilar dos usuários que frequentam o serviço de saúde da UBSF Capão Bonito II está em 54% normal ou satisfatória, 40% alterada e 6% muito alterada. Para analisar os dados da figura 2, foram elencados parâmetros para os valores glicêmicos, sendo de ordem crescente: normal ou satisfatório (de 80 a 160 mg/dl), alterado (161 mg/dl a 269 mg/dl) e muito alterado ( acima de 270 mg/dl), os parâmetros estão de acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006). Apesar de 29 (54%) pacientes apresentarem níveis glicêmicos considerados satisfatórios (normais), 25 apresentaram hiperglicemia e destes 3 tiveram hiperglicemia grave, fato que precisa ser modificado, pois as complicações decorrentes do descontrole glicêmico são importantes e a longo prazo oferecem risco de morte ao portador de Diabetes Mellitus. Figura 2: Média glicêmica dos portadores de DM2, Sidrolândia, MS, 2011 Ao realizar a média dos níveis glicêmicos como observa-se na figura 3, apesar da maioria ser do sexo feminino, os homens apresentaram a média de glicemia capilar de 185 mg/dl, em contra partida as mulheres tiveram média de 154 mg/dl. Provavelmente as mulheres conseguiram maior controle da taxa de glicose, por terem mais facilidade de se cuidar, visto que a população masculina tem dificuldade em promover a mudança de paradigmas em relação ao cuidado com a sua saúde (BRASIL, 2009). Figura 3: Média glicêmica por sexo dos portadores de DM2, Sidrolândia, MS, 2011. Ao verificar a média dos níveis glicêmicos por sexo em cada Microárea (MA) na figura 4, notou-se que o descontrole de glicemia capilar entre os homens da MA 26 foi o maior. E entre a população feminina, a microárea que apresentou relevante aumento do índice glicêmico foi a 80, situações que necessitam de intervenção eficaz. Figura 4: Média glicêmica por sexo por Microárea (MA) dos portadores de DM2, Sidrolândia, MS, 2011. Conforme a figura 5, 53% dos homens da área da UBSF Capão Bonito II apresentaram alteração glicêmica, sendo 35% com níveis considerados alterados e 18% com índice glicêmico muito alterado, ou seja, com hiperglicemia grave. É importante ressaltar que menos de 50% da população masculina obteve níveis glicêmicos satisfatórios, ponto chave para realização de ações de promoção à saúde nesta população. Figura 5: Percentual da Incidência glicêmica entre os Homens portadores de DM2, Sidrolândia, MS, 2011. De acordo com a figura 6, entre as mulheres notou-se alteração dos níveis glicêmicos em 42% e 58% apresentou glicemia capilar satisfatória (normal). Porém, o ideal é que o número de mulheres com alteração glicêmica seja reduzido, evitando complicações da Diabetes Mellitus. Trabalhar a educação em saúde com esta população é fundamental. Figura 6: Percentual de Índice glicêmico entre as mulheres portadoras de DM2, Sidrolândia, MS, 2011. 6 INTERVENÇÃO Para tentar melhorar a realidade dos diabéticos, iniciamos no mês de Fevereiro de 2011 atividades educativas diferenciadas nas micro-áreas, o médico começou a freqüentar as reuniões do HIPERDIA, sendo que no dia agendado por micro-área, em cada ponto de apoio dos agentes comunitários, o médico participou ativamente em conversas de roda, onde a população pode esclarecer melhor suas dúvidas. Após as atividades educativas, os pacientes hipertensos e diabéticos descompensados passaram por consulta médica, 10 pacientes por micro área. Em Agosto de 2011, realizamos a capacitação das ACS sobre o Diabetes, no primeiro momento aplicamos um questionário com perguntas fechadas sobre Diabetes, depois conversamos sobre as principais dúvidas e fornecemos o material educativo permanente, plastificado para que possam utilizar durante as visitas domiciliares. Foi um momento muito produtivo e contamos com a presença da odontóloga, que esclareceu várias dúvidas sobre o atendimento ao portador de Diabetes. Percebemos que as Agentes tinham várias dúvidas, apesar dos muitos anos de profissão e no final perguntamos o que elas acharam da capacitação, por unanimidade disseram que gostaram e perceberam a importância de controlarmos os níveis glicêmicos e buscar possíveis diabéticos em nossa área. Após dois meses da capacitação das ACS, como forma de avaliação da atividade, questionamos todas com a seguinte pergunta: O que mudou na sua rotina de trabalho depois da capacitação sobre diabetes?Obtivemos as seguintes respostas: “mudou bastante para melhor, hoje as minhas capacidade de responder as perguntas estão mais claras. Nas minhas visitas eu falo sobre o Diabetes e as pessoas fazem perguntas e eu consigo respondê-las. Gostaria que tivesse capacitação sobre outros assuntos para ficarmos mais esclarecidas e passarmos para a população”. “Facilitou a divulgar melhor os sintomas de cada paciente e diferenciar cada tipo da doença e os cuidados com os pés e a boca”. “Estou com novas idéias, para explicar para os pacientes, o que é diabetes, muitas coisas eu não sabia, às vezes quando eu mostro o pé diabético alguns ficam curiosos e procuram saber mais, outros ficam assustado, o mais importante é que tenho algumas respostas para orientá-los.” “Serviu como lembrete para que todas as vezes que visitar um diabético falar um pouco sobre o assunto, dizer que é uma doença que exige cuidados e alertar sobre os cuidados que ela deve ter, tomando os remédios adequadamente e fazendo a alimentação receitada pelo médico e os cuidados que ela deve ter com o corpo e principalmente com os dentes, pés e visão, orientando que o diabético deve ter muito cuidado ao cortar as unhas e tirar cutículas e não deve usar calçados apertados. Se o paciente usa insulina devo explicar como aplicar e os locais devidos, e que a diabetes é uma doença que se bem cuidada não leva a pessoa a morte.O paciente com diabetes pode ter uma vida normal, isso se for bem acompanhado com a equipe de saúde e familiares”. “Obtive mais firmeza, mais objetividade para informar e conscientizar a população e também cobrar mais empenho dos pacientes diabéticos, embora muitas vezes eles omitam a verdade sobre a administração dos medicamentos. Mas mesmo assim eu tento mostrar o quanto sofre o paciente rebelde falando de exemplos às vezes é mais fácil a compreensão”. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste estudo contribuiu para evidenciar o grau de descontrole glicêmico da população, seja por refratariedade aos programas realizados na unidade, seja pela falta de adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Percebeu-se a necessidade de intervenção junto aos Agentes comunitários de Saúde por poderem influir diretamente na comunidade, transmitindo as informações, orientações, sanando dúvidas e estimulando hábitos de vida saudáveis para melhoria da qualidade de vida das pessoas. Ademais, o estudo permitiu crescimento profissional e um melhor entrosamento na equipe de saúde, reforçando a importância da capacitação permanente na Atenção Primária a Saúde. Especificamente em relação ao diagnostico médico, embasando-se nos resultados obtidos pelo estudo, pode-se identificar pontos críticos que necessitam de ações de educação permanente: 1) 53% dos homens da área da UBSF Capão Bonito II apresentaram alteração glicêmica, sendo 35% com níveis considerados alterados e 18% com índice glicêmico muito alterado, ou seja, com hiperglicemia grave. É importante ressaltar que menos de 50% da população masculina obteve níveis glicêmicos satisfatórios, ponto chave para realização de ações de promoção à saúde nesta população. 2) Através da análise dos dados verificou-se que dos 54 prontuários dos pacientes portadores de DM2 analisados, 36 são mulheres. A partir desses dados, torna-se necessário um plano de ação voltada a influir também sobre a atenção integral a saúde do homem e à saúde da mulher para uma abordagem mais abrangente sobre as repercussões da doença na comunidade do assentamento Capão Bonito II. OPERAÇÃO NÓ CRITICO INTERVENÇÃO Abordagem do DM2 ,na 53% dos homens da área da UBSF Educação atenção integral a saúde Capão Bonito II apresentaram do homem, durante as visitas ACS. domiciliares dos permanente RESULTADOS RECURSOS ESPERADOS NECESSÁRIOS Aumentar o nível de Capacitação dos ACS. dos ACS através de informação Visitas alteração glicêmica, sendo 35% orientações conscientização com níveis considerados alterados conversas e 18% com índice glicêmico muito e agentes pelos comunitários mensais com o médico, diabética os masculina portadora de DM. enfocando benefícios de se ter Orientações com enfoque principalmente: um controle principal sobre o benefício importante ressaltar que menos educação alimentar e glicêmico; aumentar de se ter a doença sob de controle glicêmico, adesão ao tratamento controle; a importância da importância da adesão e manter os níveis educação alimentar e do glicêmicos satisfatórios, ponto ao glicêmicos dentro dos tratamento medicamentoso; chave para realização de ações medicamentoso e não valores adequados. e as repercussões positivas de promoção à saúde nesta medicamentoso, população. complicações agudas e seja, hiperglicemia 50% masculina grave. da obteve com É população níveis tratamento saúde. sobre população sobre a qualidade de vida. crônicas do descontrole glicêmico bom sobre à de saúde ou roda da domiciliares Medico de Saúde população masculina alterado, de e RESPONSAVEL a da Família. Agentes Comunitários saúde. de OPERAÇÃO NÓ CRITICO Abordagem do DM2, na atenção Maior Integral mulheres diabéticas durante as visitas domiciliares dos do ACS. entre a saúde da mulher, número INTERVENÇÃO de Educação permanente RESULTADOS RECURSOS ESPERADOS NECESSÁRIOS Aumentar o nível de Capacitação dos ACS. dos ACS por meio de informação Visitas conscientização orientações as mulheres conversas alteração mensais com o médico principalmente sobre diabética e não diabética. dos níveis glicêmicos enfocando maneiras de prevenir Orientações com enfoque em principalmente: a principal sobre hábitos e apresentou glicemia medidas de prevenção perceber os hábitos comportamentos capilar do 42% e 58% satisfatória roda população feminina doença, como agentes de pelos homens, de da domiciliares Medico de Saúde que notou-se e e RESPONSAVEL saúde população a feminina DM, educação de vida nocivos a alimentares e sociais de (normal). Porém, o alimentar, primeiros saúde risco ideal é que o número sinais e sintomas da favorecem de mulheres e que o com doença, importância da surgimento alteração glicêmica mulher no preparo de patologia. seja reduzido, alimentação reduzir os fatores de evitando na família. complicações Diabetes da Mellitus. Trabalhar a saudável risco e o número de mulheres com intolerância a glicose que possam educação em saúde tornarem-se com esta população diabéticas. é fundamental. da Assim, a vir para reeducação a doença; alimentar e como melhorar a qualidade dos alimentos pela família. ingeridos da Família. Agentes Comunitários saúde. de REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus. Departamento de ações programáticas estratégicas. Brasília, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. 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