UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CÁTIA TAÍS MIRA DECISÕES ESTRATÉGICAS DE CANAL DE DISTRIBUIÇÃO: Diretrizes para o lançamento do City Clean Poo Bag Balneário Camboriú 2010 1 CÁTIA TAÍS MIRA DECISÕES ESTRATÉGICAS DE CANAL DE DISTRIBUIÇÃO: Diretrizes para o lançamento do City Clean Poo Bag Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração com habilitação em Marketing pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. MSc. Carlos Marcelo Ardigó Balneário Camboriú 2010 2 CÁTIA TAÍS MIRA DECISÕES ESTRATÉGICAS DE CANAL DE DISTRIBUIÇÃO: Diretrizes para o lançamento do City Clean Poo Bag Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em Administração com habilitação em Marketing e aprovada pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Área de concentração: Marketing Balneário Camboriú, 18 de Novembro de 2010. Prof. MSc. Carlos Marcelo Ardigó UNIVALI – CE de Balneário Camboriú Orientador Prof. MSc. Manuel Carlos Pinheiro da Gama UNIVALI – CE de Balneário Camboriú Membro Prof. MSc. Márcio Daniel Kiesel UNIVALI – CE de Balneário Camboriú Membro 3 EQUIPE TÉCNICA Estagiário(a): Cátia Taís Mira Área de Estágio: Marketing Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder Supervisor da Empresa: Jazielson Fidelis da Silva Professor(a) orientador(a): Carlos Marcelo Ardigó 4 DADOS DA EMPRESA Razão Social: City Clean Artigos para Animais Ltda. Endereço: Rua João Moraes, nº 240, Centro – Camboriú / SC Setor de Desenvolvimento do Estágio: Duração do Estágio: 240 horas Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Jazielson Fidelis da Silva – Sócio Proprietário Carimbo do CNPJ da Empresa: 5 AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA Balneário Camboriú, 18 de Novembro de 2010. A Empresa City Clean Comércio de Artigos para Animais Ltda, pelo presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pela acadêmica Cátia Taís Mira. ___________________________________ Responsável pela Empresa 6 . “A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério. Essa é a fonte de toda a arte e ciências verdadeiras.” Albert Einstein 7 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia ao meu marido e filha, que ao longo dos anos de estudo sempre estiveram presentes e souberam administrar o tempo e o lar enquanto eu me fiz ausente em busca de conhecimento e formação acadêmica. 8 AGRADECIMENTOS Ao Professor Carlos Marcelo Ardigó pela sua orientação e seu apoio para a elaboração desta Monografia. Aos Professores Manoel da Gama e Márcio Daniel Kiesel pelas excelentes contribuições dadas ao longo do curso. À Coordenação do curso pela presença constante em todos os momentos. Ao meu marido Jazielson Fidelis da Silva pelo apoio oferecido. Á minha filha Manoella Fidelis da Silva pela compreensão de minha ausência. Aos meus pais Carlos e Terezinha Mira pela educação e formação de meu caráter. Aos meus colegas de curso Amanda Cassaniga, André Makoto Kamikihara, Carlos Vinícius Messina, Daniele Pires, Guilherme Vieira da Cunha e Ismael Izaac Zunino pela parceria e amizade. 9 RESUMO Em um contexto socioeconômico cuja evolução é constante, as organizações necessitam de estratégias que as diferenciem umas das outras. Em busca do diferencial competitivo e melhor posicionamento de mercado, o marketing surge com ferramentas para auxiliar em uma gestão mais eficaz. Por meio do composto mercadológico é possível entender a situação do mercado para então atendê-lo de forma mais completa, lucrativa e satisfatória. As decisões de canal de distribuição fazem parte deste composto e exercem um importante papel na abordagem do mercado, pelo motivo de que proporcionam os meios pelos quais os produtos e serviços alcançaram os usuários finais. Diante dessa importância, este estudo teve como objetivo definir o arranjo (Design) de canal de distribuição, sob a ótica do marketing, mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag. Para alcançá-lo, os objetivos específicos traçados foram analisar as necessidades do consumidor final e do varejista do setor pet, estabelecer os objetivos e limitações do canal, identificar as principais alternativas de canal e, por fim, avaliar as principais alternativas de canal. A metodologia utilizada apresentou caráter exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, seguindo como procedimentos de pesquisa diagnóstico e a de levantamento. A pesquisa foi realizada em quatro cidades catarinenses do Vale do Itajaí, nas quais se buscou identificar as necessidades do consumidor final e do varejista do setor pet. No varejo do segmento foram entrevistados oitenta varejistas enquanto que no mercado final, foram aplicados trezentos e noventa e três questionários a proprietários de cães. Os resultados do estudo permitiram traçar uma estratégia de distribuição baseada em um sistema multicanal, o qual foi desenhado de acordo com as necessidades do perfil de cada cidade em questão. Palavras-chaves: Marketing, Composto Mercadológico, Canais de Distribuição. 10 ABSTRACT In a socioeconomic context in which the evolution is constant, companies need strategies to differentiate from others. The marketing emerges with tools to support more effective management, looking for competitive advantages and better market positioning. The marketing mix is used to better understand the market and then meet its requirements in a complete, lucrative and satisfactory way. The decisions about distribution channels are part of this mix and represent an important role in market approach, because they are the way that products and services achieve consumers. Considering this importance, the objective of this study was to define the best design of distribution channel for the launching of City Clean Poo Bag. To achieve it, it has been traced specific goals: analyze consumer and retailers needs, establish channel objectives and limitations, identify the main channel alternatives, and evaluate these alternatives. The research methodology used was exploratory and descriptive, with both qualitative and quantitative approaches, and diagnostic and survey procedures. The research was conducted in four cities in Santa Catarina state, in the region of Itajai Valley, in which was looked for consumers and retailers needs in pet market. It had been done eighty interviews with retailers and applied three hundred, ninety three questionnaires with dog owners. The results allow to trace a distribution strategy based in a multichannel system, designed according to the needs of each city studied. Key words: marketing, marketing mix, distribution channels. 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Coletor de fezes................................................................................ 22 Figura 2: Composto de marketing com as suas subdivisões.......................... 30 Figura 3: Variáveis estratégicas do marketing mix com a variável distribuição subdividida pelos componentes de canal e logística..... 31 Figura 4: Canais de Marketing para produtos de consumo............................. 36 Figura 5: Canais para produtos industriais...................................................... 37 Figura 6: Relação entre proximidade do canal e intensidade de distribuição........................................................................................ 41 Figura 7: Tipos de sistemas verticais de marketing......................................... 45 Figura 8: Tipos de conflito de canal................................................................. 47 Figura 9: Gráfico do ponto de equilíbrio para escolha entre a força de vendas da empresa e o representante de vendas do fabricante...... 54 Figura 10: Vendas e lucros durante a vida do produto, da introdução ao declínio............................................................................................. 66 Figura 11: Adoção e difusão do processo de inovação..................................... 67 Figura 12: Desenho de canal para atendimento direto ao consumidor local..... 112 Figura 13: Configuração do canal direto............................................................ 113 Figura 14: Configuração do canal com intermediários abastecidos por força de vendas do fabricante................................................................... 116 Figura 15: Desenho de sistema multicanal para maior área de cobertura........ 117 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Hábitos de passeio.............................................................................. 80 Gráfico 2: Intenção de passeio............................................................................. 81 Gráfico 3: Intensidade de saídas.......................................................................... 82 Gráfico 4: Frequencia com que os cães defecam durante os passeios............... 83 Gráfico 5: Hábito de coleta das fezes animais..................................................... 83 Gráfico 6: Materiais utilizados para a coleta das fezes........................................ 84 Gráfico 7: Conhecimento sobre coletores fecais.................................................. 85 Gráfico 8: Intenção de compra dos coletores fecais............................................ 86 Gráfico 9: Estabelecimentos sugeridos para comercialização dos coletores.... 87 Gráfico10: Sugestão de venda dos coletores fecais............................................. 88 Gráfico11: Previsão de compra dos coletores fecais............................................ 89 13 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Registros da empresa junto ao INPI................................................ 22 Quadro 2: Formas de concorrência de mercado.............................................. 52 Quadro 3: Categoria de adotantes e sua representatividade quanto ao potencial de mercado...................................................................... 68 Quadro 4: Número de estabelecimentos entrevistados em cada cidade......... 74 Quadro 5: Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Balneário Camboriú................................................................... Quadro 6: Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Camboriú................................................................................... Quadro 7: 95 Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Itapema...................................................................................... Quadro 9: 93 Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Itajaí........................................................................................... Quadro 8: 91 97 Alternativas de distribuição que se enquadram no varejo com loja para produtos do mercado pet......................................................... 103 Quadro 10: Distribuidores do estado de Santa Catarina por cidade.................. 104 Quadro 11: Resumo da avaliação das alternativas de canais de distribuição...... 110 14 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Apresentação de população e proporção de questionários aplicados em pesquisa......................................................................................... 79 Tabela 2: Movimentação anual do mercado pet com referência no ano 2009.... 100 15 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 17 1.2 Problema de pesquisa.................................................................................. 19 1.3 Objetivos da pesquisa.................................................................................. 19 1.4 Justificativa da pesquisa............................................................................... 20 1.5 Contextualização do ambiente de estágio.................................................... 21 1.6 Organização do trabalho.............................................................................. 23 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 24 2.1 Marketing - conceitos centrais e evolução ................................................... 24 2.1.1 Administração de marketing......................................................................... 27 2.1.2 Composto mercadológico............................................................................. 29 2.2 Canais de distribuição.................................................................................. 31 2.2.1 Definições e funções.................................................................................... 32 2.2.2 Estrutura de canal......................................................................................... 35 2.2.3 Dinâmica dos canais e as diferentes formatações....................................... 43 2.2.4 Canal de marketing como um sistema social............................................... 46 2.2.5 Decisões estratégicas do projeto de canal................................................... 48 2.2.6 Gerenciamento do projeto de canal.............................................................. 54 2.3 Ciclo de vida do produto e as decisões de canal......................................... 57 2.3.1 Etapa de introdução do produto................................................................... 58 2.3.2 Etapa de crescimento................................................................................... 59 2.3.3 Etapa de maturidade.................................................................................... 61 2.3.4 Etapa de declínio.......................................................................................... 63 2.3.5 A quinta fase adicional – o desenvolvimento do produto............................. 65 2.3.6 O processo de difusão de inovação (estágio de introdução) e o canal de distribuição..................................................................................................... 66 3 METODOLOGIA CIENTÍFICA ..................................................................... 71 3.1 Tipologia de pesquisa ................................................................................... 71 3.2 Sujeito do estudo .......................................................................................... 73 3.3 Instrumentos de pesquisa ............................................................................ 74 16 3.4 Análise e apresentação dos dados............................................................... 77 3.5 Limitações da pesquisa................................................................................. 77 4 RESULTADOS DA PESQUISA.................................................................... 78 4.1 Análise das necessidades do consumidor final e do varejista do setor pet.................................................................................................................. 78 4.1.1 Análise das necessidades do consumidor final............................................. 78 4.1.2 Análise das necessidades do varejista do setor pet...................................... 89 4.2 Descrição dos objetivos e limitações do canal.............................................. 98 4.3 Apresentação das principais alternativas de canal....................................... 102 4.4 Avaliação das principais alternativas de canal.............................................. 105 4.5 Apresentação da proposta ao estabelecimento de arranjo de canal (design) para o City Clean Poo Bag.............................................................. 111 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 116 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 121 APÊNDICES.................................................................................................. 125 17 1 INTRODUÇÃO No atual contexto socioeconômico, a competitividade emerge e traz consigo inúmeros fatores positivos para diversas áreas impactando na informação, na comunicação, nas ciências entre inúmeros outros campos, porém, também apresenta alguns fatores negativos, principalmente no sentido psicológico e emocional do ser humano. Diante da constante evolução, com o propósito de se adaptarem as novas exigências, as organizações passam a exigir alto desempenho de seus colaboradores e apresentam cada vez mais rotinas que requerem alta agilidade mental e/ou física dos mesmos. Em contrapartida, muitas vezes os sentimentos e as emoções destes acabam sendo atingidas pela carência afetiva e a solidão. Essas carências, por sua vez, acabam gerando necessidades de companhia e estímulos sociais, as quais vêem sendo preenchidas em muitos casos por animais de estimação. Muitos são os episódios em que as pessoas divorciam-se ou moram longe de suas famílias, outros que optam por não ter filhos ou quando os tiveram, os mesmos já saíram de casa. Para preencher estes vazios os animais passaram a suprir de alguma forma esta lacuna emocional. Destas necessidades, surgiu um fenômeno mercadológico e social - o mercado pet. Este inclui uma proposta além do fornecimento de alimentação para os animais, oferecendo para os seus animaizinhos saúde, estética e moda. Caracteristicamente, essas lojas são especializadas em oferecer produtos e serviços para animais de pequeno e médio porte. O Brasil é o segundo no ranking de consumo de produtos para pets, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação (ANFALPET) –– o país possui cerca de 29,7 milhões de cães e conta com no mínimo 100 mil pontos de venda de produtos direcionados aos animais de estimação, sendo que deste total 40 mil são pet shops. É um mercado que movimenta anualmente R$ 9 bilhões no país. (ANFALPET, 2009). Os impactos desta grande população presente neste mercado com potencial atraente, também podem ser negativos e apresenta algumas preocupações dignas de atenção. Um dos problemas causados pela concentração de cães em território urbano está na transmissão de doenças por meio da contaminação com as fezes 18 dos animais. São inúmeros os parasitas que os cães podem eliminar ao evacuar, e que em contato com a pele humana podem desenvolver doenças infecciosas. Uma das doenças transmissíveis pelas fezes dos cães é a Ancylostoma Caninum, também conhecida como Larva Migrans, popular bicho geográfico. Outro parasita que pode desenvolver uma doença no ser humano por meio do contato com os dejetos fecais dos animais, é a toxoplasmose. A mesma é uma doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada pelo protozoário toxoplasma gondii, muito freqüente em mamíferos (NEVES, 1998). Para tais doenças existem tratamentos específicos, contudo o ideal é a prevenção. Analisados alguns riscos de contaminação e contágio de algumas parasitoses, salienta-se a importância de recolher as fezes dos cães quando estes defecam em vias urbanas. Surge, portanto, uma necessidade e consequentemente uma oportunidade. 1.1 Tema de pesquisa Observado a importância do setor, as oportunidades que surgem dessa realidade são muitas e, o mais importante, estas poderão ser maximizadas pelas organizações interessadas neste segmento, por meio de uma ferramenta e área de conhecimento muito significante, o marketing. Marketing de acordo com Kotler (2000, p. 30) é definido “como a arte e a ciência da escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente”. Segundo o American Marketing Association (AMA), marketing é uma atividade gerencial e funcional na organização, a qual compreende um conjunto de processos destinados a criação, comunicação, entrega de ofertas que tenham valor para clientes, parceiros e para a sociedade em geral (AMA, 2007). Churchill e Peter (2000, p. 4) observam que a “essência do Marketing é o desenvolvimento de trocas em que organizações e clientes participam voluntariamente de transações destinadas a trazer benefícios para ambos”. As trocas voluntárias entre organizações e clientes ocorrem em todos os segmentos, e uma atenção especial está voltada aos benefícios e satisfações, que precisam ser 19 observados a fim de garantir a fidelização dos consumidores dos produtos e ou serviços. A partir destas definições, visando trocas que beneficiam ambas as partes, inicia-se um processo de identificação das fases e etapas pelas quais os produtos ou serviços serão submetidos até chegar ao objetivo singular que é o cliente. Uma destas etapas a ser estudada é o canal de distribuição. Rosenbloom (2002, p. 27) define canal de marketing como: “a organização contatual externa que a administração opera para alcançar seus objetivos de distribuição”. Nesta proposta, define-se como tema de pesquisa o canal de marketing, implícito a área de marketing, analisando as possibilidades estratégicas de canal de distribuição que melhor se adaptem para lançar no mercado o produto City Clean Poo Bag (Coletor de fezes de cachorros) no mercado pet. 1.2 Problema de pesquisa Tendo em vista o produto City Clean Poo Bag, que passa a existir no mercado como uma opção sustentável e atrativa para coleta das fezes dos animais, mantendo a cidade limpa e colaborando para a redução de algumas doenças, surge consequentemente uma preocupação para a empresa resumida na seguinte indecisão: como distribuí-lo. A partir disto, define-se neste estudo a seguinte questão problema: qual o arranjo (Design) de canal de distribuição, sob ótica do marketing, é mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag, para alcançar o maior número de consumidores finais no mercado pet? 1.3 Objetivos de pesquisa Descrito o problema de pesquisa anteriormente, segue o objetivo geral e os objetivos específicos que direcionam o desenvolvimento desta pesquisa. 20 1.3.1 Objetivo geral Definir o arranjo (Design) de canal de distribuição, sob a ótica do marketing, mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag, para alcançar o maior número de consumidores finais no mercado pet. 1.3.2 Objetivos Específicos • Analisar as necessidades do consumidor final e do varejista do setor pet; • Estabelecer os objetivos e limitações do canal; • Identificar as principais alternativas de canal; • Avaliar as principais alternativas de canal. 1.4 Justificativa de pesquisa Um trabalho desta natureza deve ter sua justificativa pautada para todos os envolvidos. A pesquisa elaborada para identificação do canal de distribuição mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag, para alcançar o maior número de consumidores finais no mercado pet vai de encontro a isso e tem sua importância duplamente justificada, pessoal e organizacional. No âmbito pessoal, pelo fato da acadêmica ser sócia proprietária, há um interesse muito significativo em identificar de que forma o produto conseguirá conquistar o mercado gerando a necessidade pelo uso do mesmo. A ideia a compreender o consumidor e suprir a satisfação superando as expectativas, chegando a ser referencia no que se tratar deste utilitário. Como organização, a importância vai além da auto realização e decisão empreendedora, para a empresa, descobrir qual é o modelo de canal de distribuição mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag, é sinônimo de estratégia, reconhecimento no mercado pet, fortalecimento da marca, redução de custos e consequentemente maximização de resultados. De acordo com Rosembloom (2002, p. 29) “como uma das grandes áreas estratégicas da administração mercadológica, a estratégia de canal de marketing encaixa-se na variável distribuição do composto mercadológico”. Pode-se então 21 entender que por meio do canal de distribuição adequado, as outras áreas do composto mercadológico serão supridas e estarão em sincronia, gerando melhores resultados. Por estas duas visões, pessoal e organizacional, tem-se a importância do desenvolvimento de estudos baseados em canais de distribuição. 1.5 Contextualização do ambiente de estágio A City Clean Comércio de Produtos para Animais Ltda é uma empresa catarinense, fundada em Agosto de 2009. Um de seus sócios proprietários sempre teve um sonho, o de ter um produto de sua criação no mercado á disposição dos consumidores. A princípio não havia um produto específico tampouco uma idéia sobre segmento ou mercado-alvo que este produto deveria alcançar. Em uma noite, ao assistir um documentário sobre os cuidados com os animais de estimação em países de 1º mundo, teve sua criatividade despertada e direcionou suas forças para o processo de criação e inovação. Por muitos dias trabalhou em cima de suas idéias e então, após muitas tentativas, nascia um protótipo de um coletor para fezes animais. O produto trata-se de um pequeno pacote de papel com duas abas que recolhem as fezes sem que haja contato das mãos com o volume fecal (Figura 1). Utilizando o City Clean Poo Bag, o portador do animal não sente o volume, a temperatura nem a consistência dos excrementos. Além da praticidade e conforto está a visão de sustentabilidade, pois o produto é confeccionado com material totalmente biodegradável. Por meio de uma contabilidade iniciou o processo de abertura da empresa. Em seguida, contratou uma agência de publicidade e propaganda para desenvolver layout, marca e tudo o que diz respeito á comunicação visual do produto, o que posteriormente lhe permitiu o registro da marca e a patente de sua invenção. Contudo, a empresa ainda é um conceito, pois não iniciou o exercício de suas atividades tendo em vista seu produto estar em fase de produção para então ser lançado no mercado. Mesmo sendo um conceito, os investimentos realizados em planejamento e desenvolvimento são significativos. Foram realizados inúmeros testes com diversas 22 gramaturas de papel até chegar a um com resistência satisfatória. Além disso, ocorreu a criação de protótipos com diferentes tamanhos de abas até obter o tamanho ideal que atenda cães de pequeno e médio porte, sem que haja a necessidade de produção em tamanhos diferenciados pelo porte do animal. Figura 1: Coletor de fezes. Fonte: Dados da empresa. Foram realizados investimentos em marca junto ao Instituto Nacional de Propriedade Individual – INPI, por meio de um órgão autorizado para tal atividade. Também referente á marca e posicionamento de mercado, considera-se o investimento em promoção, comunicação visual, publicidade e propaganda. Os números dos registros junto ao INPI estão descritos no Quadro 1. Tipo de Inscrição Número do Processo Procurador Base de Marcas 901902730 Rogério de Souza Pedido de Patente MU8900895-2 U2 Rogério de Souza Quadro 1: Registros da empresa junto ao INPI Fonte: Dados da empresa 23 1.6 Organização do trabalho O presente trabalho está organizado em cinco capítulos seguidos pelas referências e apêndices. No primeiro capítulo apresenta-se a introdução sobre o que o assunto que o trabalho irá discorrer, bem como tema e problema de pesquisa, objetivo geral e objetivos específicos, justificativa de pesquisa e contextualização do estágio. No capítulo seguinte está a fundamentação teórica abordando os conceitos ligados ao assunto principal. Nesta etapa estão referenciados diversos autores reconhecidos nacional e internacionalmente juntamente com suas colaborações enriquecedoras para a academia e para a sociedade. Ao adentrar o terceiro capítulo é apresentada a metodologia de estudo, incluindo a tipologia de pesquisa, sujeito de estudo, instrumento de pesquisa, análise e apresentação dos dados e, por fim, as limitações da pesquisa. O quarto capítulo compreende a apresentação dos resultados da pesquisa, a qual expõe cada objetivo especifico e os resultados a eles atribuídos. Também neste capítulo é apresentada a proposta para solucionar o problema de pesquisa identificado. Nesta fase o trabalho passa a ser entendido como parte prática que complementou a fundamentação teórica já embasada. No quinto capítulo estão as considerações finais relacionadas ao estudo proposto, evidenciando de forma conclusiva os principais resultados obtidos do estudo. Além disso, destaca-se sua importância para a acadêmica, para a empresa na qual se desenvolveu o estágio, para a universidade e a sociedade. Em seguida estão as referências das literaturas utilizadas e seus respectivos autores bem como as demais fontes bibliográficas. Enfim, estão os apêndices desenvolvidos e utilizados durante o estudo. 24 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A presente fundamentação teórica descreve conceitos centrais de Marketing, Administração de Marketing, Composto de Marketing e suas variáveis com maior profundidade sobre Canais de distribuição, suas funções, atribuições, finalidades entre outros aspectos. Os conceitos apresentados são fundamentados por autores de reconhecimento na literatura acadêmica nacional e internacional, tais como Rosembloom (2002), Kotler e Armstrong (2000), Kotler e Keller (2006), Churchill e Peter (2000), Crocco et al (2006), Dias (2004), Keegan (2005), Hair, Lamb e McDaniel (2004), Moore e Parek (2008), Urdan e Urdan (2006) entre outros. 2.1 Marketing - conceitos centrais e evolução Observa-se na história das organizações, uma evolução muito significativa, com mudanças em inúmeras áreas, em busca do aperfeiçoamento de processos visando o crescimento e em grande parte das organizações objetivando a lucratividade. Em 1950, de acordo com Las Casas (1997), houve uma percepção por parte dos empresários, quando estes passaram a perceber que nem tudo o que produziam ou vendiam poderia ser empurrado para o mercado a partir de um esforço agressivo de comunicação e vendas. O foco começava a ser modificado, iniciava-se a era do Marketing. A partir desta percepção o mais importante era conquistar e manter negócios no longo prazo, criando um relacionamento com a clientela. Surgia então uma preocupação em constatar os desejos e necessidades do consumidor para então atendê-los. Falava-se de Marketing e de estabelecer trocas que pudessem satisfazer as necessidades das partes envolvidas. Em marketing, conforme Lamb, Hair e McDaniel (2004, p. 6) “o termo-chave para sua definição é troca”. A troca é consideravelmente algo simples, é a atitude de uma pessoa ofertar algo que possui em troca daquilo a que prefere. É importante salientar que trocas não são sinônimos de entrega de valores monetários em contrapartida, todo valor monetário é resultado de uma troca. De acordo com Crocco et al. (2006, p. 75) “as motivações são estímulos que manifestam emoções e impulsionam os indivíduos para as atitudes e tomadas de 25 decisão”. As necessidades e desejos são satisfeitas mediante a aquisição de produtos e serviços, cuja compra pode ser impulsionada por uma necessidade fisiológica (alimentação, abrigo, vestuário), por necessidade de segurança (segurança física pessoal, segurança financeira, saúde e bem-estar), necessidades sociais (amizade, família, convívio social), necessidade de estima (auto-estima, confiança, conquista) ou ainda necessidades de auto-realização (moralidade, espontaneidade, criatividade). Segundo o autor, as motivações, emoções, desejos, ambições, são determinados por cada sujeito diante da importância dada ás suas capacidades pessoais. Algumas variáveis sociológicas e psicossociológicas que influenciam no comportamento do consumidor, como grupos de referência, família, classes sociais, cultura e microcultura. Com base nestas motivações ao consumo, seguindo a Hierarquia das Necessidades de Maslow, as empresas procuram produzir bens e serviços que atendam ao público-alvo. Nota-se que há uma mudança no enfoque, não mais somente no produto e sim no sentimento de que a aquisição ou uso deste proporciona aos consumidores, direcionando essas percepções a ponto de garantir os objetivos e metas propostas nas organizações, avaliando também o resultado deste ciclo perante a sociedade. Nesta visão de entendimento da cadeia social, encontra-se uma definição de McCarthy e Perreault (1997, p. 22) que estabelecem o marketing como “um conjunto de atividades desempenhadas por organizações e também um processo social”. Nesta mesma linha, Christensen e Rocha (1999) mencionam que o marketing é, entre outras, uma função social, tendo um processo que atende as necessidades e desejos do consumidor por meio de oferta e da demanda. Uma conotação dinâmica ligando a atividade e a organização aos aspectos sociais também é abordada Las Casas (1997), que define marketing como: [...] a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de trocas, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade (LAS CASAS, 1997, p. 26). 26 As empresas no contexto contemporâneo são desafiadas a ampliar a visão, saindo da zona de conforto que era apenas o produto, e passando a estudar o comportamento do consumidor como base para então afiançar o conceito de seus produtos e serviços gerando o sucesso e o retorno financeiro para a empresa. Mas isso apenas já não basta mais. Como visto, o foco passou a ser mais abrangente. A última definição do AMA também apresenta essa mudança de foco identificando o marketing como uma atividade gerencial e funcional na organização, a qual compreende um conjunto de processos destinados a criação, comunicação, entrega de ofertas que tenham valor para clientes, parceiros e para a sociedade em geral (AMA, 2007). Não basta apenas satisfazer as necessidades dos consumidores, esta solução precisa vir com consciência social e ambiental. Uma importante e clássica definição que aborda a mudança no enfoque do marketing é definida por Kotler e Keller (2006, p. 39) quando afirmam que o marketing holístico “integra as atividades de exploração de valor, criação de valor e entrega de valor coma finalidade de construir relacionamentos de longo prazo mutuamente satisfatórios e prósperos entre os principais interessados”. Esta proposta identifica a importância não apenas da relação de satisfação das necessidades e desejos, mas da preocupação em desenvolver uma relação em longo prazo. Em uma visão holística do marketing, conforme Kotler e Keller (2006) existem uma estrutura que busca tratar três questões básicas: exploração, criação e entrega de valor. No processo de exploração as empresas buscam descobrir como identificar novas oportunidades de valor. Na etapa de criação está o questionamento de como a empresa pode criar de forma eficiente ofertas de valor mais promissoras. No nível de entrega de valor, o objetivo é saber como utilizar as capacidades e toda a infraestrutura para entregar as novas ofertas de valor com maior eficiência. O marketing holístico tem uma grande importância para o desenvolvimento de estratégias e planos de marketing, contudo é muito mais uma bandeira de orientação, ou seja, uma filosofia que guia as ações da empresa para o mercado e a sociedade como um todo. Mas para que essa orientação possa ser colocada em prática, é necessário gerenciar sua aplicação, ou seja, a administração de marketing. 27 2.1.1 Administração de marketing Lamb, Hair e McDaniel (2004, p. 6) afirmam que marketing pode ser analisado sob duas perspectivas, primeiramente como “uma filosofia, uma atitude ou uma orientação de gerenciamento que realça a satisfação do cliente”, Já em uma segunda perspectiva, o marketing “é um composto de atividades para implementar essa filosofia”. Isso chama a atenção para o marketing como atividade a ser gerenciada. Christensen e Rocha (1999) apresentam uma definição de marketing voltada para a função gerencial em busca do ajuste da oferta da organização a demandas especificas do mercado, utilizando como ferramentas um conjunto de princípios e técnicas. Uma definição de marketing apresentada pelo American Marketing Association (2000, apud LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2004, p. 6) expressa bem a natureza gerencial da área definida como “[...] o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”. Este processo de planejamento, execução e controle das estratégias e táticas de marketing é definido por Limeira (2004) como “Administração de Marketing” cujo objetivo é otimizar os resultados para os clientes e também para os stakeholders da organização. Para a autora, a administração de marketing apresenta duas áreas de responsabilidades, uma segmentação mercado, de chamada responsabilidade decisão de ofertas estratégia por produtos - análise e e serviços, estabelecimento de preços, decisão por canais de distribuição e também estabelecimento dos meios de comunicação – e a segunda área de responsabilidade é denominada responsabilidade operacional, a qual engloba execução de vendas, design e produção de materiais de comunicação, meios de atração, desenvolvimento e controle de canais de vendas, gerenciamento dos canais de distribuição, implementação de ações promocionais e outras atividades mais visíveis do marketing. Para Churchill e Peter (2000, p. 19) a administração de marketing “é o processo que visa definir metas de marketing na organização, criando estratégias que possam alcançá-las”. Para que estas metas estabelecidas possam ser obtidas, 28 os autores descrevem algumas tarefas as quais permitem a organização criar valor para seus clientes. Os autores identificam os principais passos a serem desenvolvidos no processo de administração de marketing, incluindo: “desenvolver planos e estratégias de marketing e executar atividades de marketing para implementá-los e controlá-los”. Para que a idéia dos processos de administração de marketing obtenha sucesso é importante conhecer o ambiente de marketing. Kotler (2000) elucida que o sucesso de determinadas empresas está na compreensão do ambiente interno e externo de seus negócios, reconhecendo que o ambiente de marketing está em constante aperfeiçoamento, apresentando novas oportunidades e ameaças, assim entendem a importância do monitoramento para melhor adequação e adaptação ao ambiente percebido. Como expõe Churchill e Peter (2000, p. 26) a análise ambiental é “a prática de rastrear as mudanças no ambiente que possam afetar uma organização e seus mercados”. Estas mudanças ocorrem interna e externamente nas organizações. Tendo em vista a definição de McCarthy e Perreault (1997), o ambiente de marketing pode ser analisado em dois níveis, micro e macro. No nível denominado micromarketing examina-se os consumidores e as organizações que os servem, é o desempenho das atividades reservadas a alcançar os objetivos da organização, observando inicialmente as necessidades dos consumidores e encaminhando-os a um fluxo de bens e serviços a partir de um fabricante ou produtor. Numa abordagem relativamente diferente, Kotler (2000) define que o micromarketing é o ambiente tarefa que diz respeito às atividades que incluem os participantes imediatos envolvidos na produção, distribuição e promoção de oferta. Seus principais participantes seriam: empresa, fornecedores, distribuidores, revendedores e clientes-alvo. Partindo-se para o outro nível de ambiente de marketing, no nível macro, McCarthy e Perreault (1997) mencionam a necessidade de adoção de uma visão holística do sistema completo de produção - distribuição. Nesta etapa está o processo social, dirigindo o fluxo de bens e serviços dos produtores para os consumidores com a preocupação do equilíbrio entre a demanda e a oferta e ainda realizando os objetivos da sociedade. Já para Kotler (2000) o ambiente em seu nível macro é geral e amplo, composto por diversos ambientes: demográficos, econômicos, naturais, 29 tecnológicos, político-legal e sócio cultural. O autor considera que é neste ambiente que a organização terá impacto sobre a sociedade consumidora, onde os participantes do mercado deverão estar atentos as tendências e aos acontecimentos deste ambiente para então realizar os ajustes e adequações em suas estratégias de marketing. Entre as estratégias de marketing, uma das tarefas dessa área de gestão corresponde ao gerenciamento do mix de marketing, também conhecido como composto mercadológico, abordado a seguir. 2.1.2 Composto mercadológico McCarthy (1997) classificou as ferramentas ou elementos do mix de marketing em quatro grupos amplos, denominadas 4Ps – produto, preço, praça e promoção. Christensen e Rocha (1999, p. 26) abordam o composto de marketing também chamado marketing mix ou ainda composto mercadológico como “o conjunto de instrumentos controláveis pelo gerente de marketing, por meio dos quais ele pode obter melhor ajustamento entre a oferta que sua empresa faz ao mercado e a demanda existente”. Churchill e Peter (2000), Crocco et al.( 2006) e Kotler (2000) mencionam o composto de marketing como uma combinação de variáveis estratégicas as quais a organização orienta para a criação e transmissão de valor afim de alcançar seus objetivos organizacionais de marketing voltados aos seus mercados-alvo. Churchill e Peter (2000, p.20) ainda enfatizam que os elementos do composto de marketing “devem ser combinados de forma coerente para obter máxima eficácia”. Este mesmo autor, define que os 4Ps estão voltados a um único objetivo, alcançar o mercadoalvo. Para isso, o ponto de partida é o Produto, algo oferecido por profissionais de marketing com propósito de troca. Em segundo plano está o Preço, quantidade de recursos que o consumidor está disposto a dar em troca dos produtos e serviços. Para a colocação do produto no mercado passa-se ao estudo da Praça – canais de distribuição que levam os produtos e serviços ao mercado. Por fim a abordagem dos 4Ps está a Promoção, que diz respeito aos meios utilizados para informar, 30 convencer e fixar na mente dos clientes a existência dos produtos e serviços (CHURCHILL; PETER, 2000). Produto, segundo Crocco et. al. (2006), é um conjunto de características de quaisquer bens e serviços capazes de sugerir potencial valor de troca. O preço são caracteres alteráveis e reflete os custos relacionados ao produto, não necessariamente o preço propriamente dito, mas tudo o que influencia a política de precificação. Praça faz referencia as ferramentas utilizadas para o trajeto do produto até o ponto final que é o consumidor. A promoção é um processo da comunicação dos benefícios que o produto proporciona para o seu mercado-alvo. Christensen e Rocha (1999) fazem menção aos 4Ps não simplesmente como elementos e sim como subconjuntos de variáveis, de acordo com os autores, produto está associado a qualidade, marca, design, embalagem e outros; preço está relacionado não somente ao preço básico todavia á política de precificação quando há especificação de descontos, taxas, prazos de pagamento e a tudo o que se refere aos valores sugeridos nas trocas de produtos e serviços; a praça está arrolada aos canais de distribuição, transporte, logística, armazenagem; já a promoção está alistada com venda pessoal, propaganda, relações públicas e tudo o que divulga e dissemina informações dos produtos e serviços. Esse conjunto de variáveis e subvariáveis é exposto por Las Casas (2001) na Figura 2. I Produto II Preço III Distribuição IV Promoção Testes de Política de preços Canais de distribuição Propaganda desenvolvimento do Métodos de Transportes Publicidade produto determinação Armazenagem Promoção de vendas Qualidade Descontos por Centro de distribuição Venda pessoal Diferenciação qualidades especiais Relações públicas Embalagem Condições de Merchandising Marca nominal pagamento Marca nominal Marca registrada Marca registrada Serviços Embalagem Assistência técnica Garantias Figura 2: Composto de marketing com as suas subdivisões. Fonte: Las Casas (2001, p.18). 31 Finalmente, “decisões de mix de marketing devem ser tomadas para que se exerça influencia sobre os canais comerciais, bem como sobre os consumidores finais” (KOTLER, 2000, p. 37). Entre elas surge a tarefa chave deste estudo, as decisões e gestão do canal de distribuição, abordada a partir do próximo item. 2.2 Canais de Distribuição Canais de distribuição de acordo com Boone e Kurtz (1998) desempenham um importante papel na estratégia de marketing pelo motivo de que proporcionam os meios pelos quais os produtos e serviços são deslocados dos produtores até os usuários finais. A estratégia de distribuição pode ser subdividida em dois focos de estudo, um sob gestão de logística e outra sob estratégia de canal na visão mercadológica. A Figura 3 apresenta as subvariáveis do marketing mix na qual o foco deste estudo está em destaque. Marketing Estratégia de produto Estratégia de preço Estratégia de comunicação Estratégia de distribuição Estratégia de canal Gestão de logística Figura 3: Variáveis estratégicas do marketing mix com a variável distribuição subdividida pelos componentes de canal e logística. Fonte: Rosembloom (2002, p. 31). Segundo Rosembloom (2002, p. 31) “estratégia de canal e gestão de logística estão intimamente relacionadas, mas a estratégia de canal é muito mais ampla e mais essencial do que a gestão logística”. O autor defende que a estratégia de canal é relacionada ao processo completo de configuração e operação da organização contatual responsável por alcance de metas e objetivos da área de distribuição da empresa. 32 Como já mencionado, é sobre esse foco mercadológico que se dará o desenvolvimento desta parte da fundamentação. 2.2.1 Definições e funções Canais de distribuição estão associados a praça, um dos 4Ps definidos por McCarthy (1997), por este motivo os canais também são denominados canais de marketing. Ao buscar definições para Canais de Distribuição, Las Casas (2004) apresenta um breve histórico das origens desta ferramenta do marketing, muito importante no processo de troca. O autor em sua obra declara que a história das trocas de produtos e mercadorias se inicia após a auto-suficiência. Este período era compreendido após as famílias produzirem e fabricarem os seus bens de consumo. Com isso, os excedentes das unidades familiares eram trocados entre as famílias de acordo com suas necessidades. Desta troca surgiram os pontos de negociação e a formação de mercados, conseqüentemente surgiu a moeda e alguns intermediários que realizavam o papel de facilitadores no processo de troca. Diversos autores apresentam definições muito semelhantes para os canais de distribuição, Ferrelt et al. (2000), Novaes (2001) e Anderson et al. (2002) trazem em suas obras os canais de marketing como conjuntos de organizações responsáveis por distribuir e deixar disponíveis aos consumidores finais os produtos e serviços de uma ou mais unidades produtoras. Lamb, Hair e McDaniel (2004, p. 353) descrevem os canais de distribuição como “uma estrutura empresarial de organizações independentes que vão do ponto de origem do produto até o consumidor, com a finalidade de mover o produto até seu destino final de consumo”. Rosembloom (2002, p. 27) define canal de marketing como: “a organização contatual externa que a administração opera para alcançar seus objetivos de distribuição”. Esta organização contatual abordada pelo autor, refere-se as partes envolvidas no processo de movimentação do produto e ou serviço entre o produtor e o consumidor final. O autor em uma definição mais detalhada descreve o canal de distribuição como: 33 A rede de organizações que cria utilidades de tempo, lugar e posse para consumidores e usuários empresariais. Ainda complementa que “utilidades de tempo, lugar e posse são condições que possibilitam que consumidores e organizações disponham de produtos para usar quando e onde os quiserem (ROSEMBLOOM, 2002, p. 296). Uma abordagem interessante é a de Dias (2004, p. 126) ao salientar que “tanto a abrangência como a importância dos canais de distribuição está aumentando”. Isto ocorre porque de um lado os consumidores estão cada vez mais exigentes e de outro, um sistema de distribuição bem organizado maximiza resultados gerando sinergias e conseqüentemente se torna uma vantagem competitiva. O autor ainda complementa que alguns fatores que influenciam nas recentes e diversas formas de efetuar a comercialização dos produtos e dos serviços, são a utilização de forma intensiva dos meios de comunicação e a rápida evolução tecnológica da informação. Os canais de distribuição podem sofrer modificações em suas estruturas e em seu desenvolvimento, cujos fatores apontados por Anderson (2002) são demanda e oferta. Para o autor, dentro da demanda e da oferta existem subgrupos que influenciam na mudança dos canais. Na demanda, o autor apresenta dois pontos como influencia para tais alterações, a facilitação da busca, referente aos intermediários realizando as distribuições e facilitando o processo de busca. Outro ponto é o ajuste da discrepância de sortimento, quando os intermediários independentes de um canal desempenham a função de classificação de produtos, desta forma criam uma atratividade para o consumidor final com benefícios para ambas as partes e geram utilidade para os usuários finais. Na oferta, Anderson (2002) também descreve dois fatores responsáveis por modificar os canais, um dos pontos é a criação de rotinas de transações, rotinas estas que quando estabelecidas entre as partes, comprador e vendedor, acabam por padronizar os processos e findam o sistema de barganha ocorrido quando as transações são analisadas individualmente. Outro fator por parte da oferta, segundo o autor, é a redução no número de contatos, que quando implementada, amplia a necessidade do produtor interagir com cada comprador. Novaes (2001, p. 111) afirma que “os objetivos dos canais de distribuição dependem essencialmente de cada empresa, da forma como ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia de suprimento”. Presentes em sua obra, o 34 autor descreve alguns objetivos gerais dos canais de distribuição. São eles: garantir a disponibilidade dos produtos nos segmentos dos mercados anteriormente identificados como prioritários; maximizar o potencial de vendas do bem ou serviço em questão; incentivar a cooperação e colaboração entre os participantes da cadeia de suprimento no que se refere à distribuição; assegurar um nível de serviço preestabelecido entre parceiros da cadeia de suprimento; avalizar um fluxo de informações com rapidez e agilidade entre as partes envolvidas; reduzir custos de forma integrada e permanente atuando de forma uníssona na avaliação da cadeia de valor. Lamb, Hair e McDaniel (2004) também fornecem três tópicos como objetivos dos canais de marketing: • Fornecer especialização e divisão no trabalho, onde todos os participantes do canal negociam entre si; • Superar discrepâncias em relação a: quantidade - no que se refere a diferença de quantidade produzida e quantidade de demanda; de sortimento - já abordada por Anderson (2002) e concernente a falta de itens que um cliente necessita para obter satisfação em relação os produtos; temporal - diferença de tempo entre a fabricação de um produto e sue consumo; espacial - diferença entre o local do produtor e o local de mercado; • Fornecer eficiência de contato onde é criada uma rede de contatos e ampliada a forma de distribuição, agilizando as vendas sem a necessidade de contato do produtor com o consumidor final. Para Anderson (2002, p. 20) o propósito do canal de distribuição é “disponibilizar um produto ou serviço para uso ou consumo”, complementando que o objetivo do marketing é “satisfazer os usuários finais do mercado, sejam eles consumidores ou compradores de empresas finais”. Boone e Kurtz (1998, p. 301) também destacam que “o propósito dos canais de marketing é criar utilidade para os clientes”. A esta utilidade os autores associam como as principais categorias de utilidade de canal o ponto (local de disponibilidade do produto ou serviço em um local conveniente ao público-alvo), tempo (disponibilidade de produto ou serviço quando este for desejado pelo cliente), forma (condições adequadas ao processar, preparar e prontificar um produto no mercado) e informação (disponibilidade de informações para suprir os possíveis 35 questionamentos que possam surgir sobre as características úteis do produto ou serviço). Os autores complementam que para que estas utilidades possam se tornar uma fonte básica de vantagem competitiva e de valor para o produto, uma escolha muito importante está na decisão estratégica pelo modelo de canal. Lamb, Hair e McDaniel (2004) apresentam três funções de marketing de canal desempenhadas por intermediários, sendo funções transacionais (contato e promoção, negociação e risco assumido), funções logísticas (distribuição física, armazenamento e classificação) e funções de facilitação (pesquisa e financiamento). Keegan (2005, p. 301) afirma que “as decisões sobre canais são importantes por causa do número e da natureza das relações que têm de ser gerenciadas”. Assim, a fim de buscar a melhor tomada de decisão dos canais de marketing é relevante que haja um conhecimento mais intenso sobre a estrutura dos canais de marketing, assunto este descrito no próximo item. 2.2.2 Estrutura de canal A estrutura do canal de marketing está relacionada a todas as empresas e instituições (inclusive produtores ou fabricantes e clientes finais) que estão envolvidos na execução das funções da compra, venda e transferência de propriedade (ROSEMBLOOM, 2002). Ao analisar o sistema de distribuição, Dias (2006, p. 59) afirma que este “deve ser planejado e executado com vistas para o longo prazo”. Assim como outros autores já manifestaram suas idéias a respeito, este autor também defende que os canais de distribuição não são objetos de constante modificação, e ainda defende que quanto maior estabilidade houver melhor será o resultado do sistema. A fim de definir a melhor opção de canal de distribuição é importante conhecer algumas informações da organização. Disponibilidade de recursos, tipo de bem ou serviço, perecibilidade, complexidade e valor unitário do bem, necessidade de estocagem, exigências do pós-venda (principalmente assistência técnica), potencial de mercado, concentração e/ou dispersão geográfica dos clientes são alguns dados importantes para a tomada dessa decisão (DIAS, 2006, p. 59). 36 Após identificar e analisar os dados acima mencionados passa-se a estudar a estrutura do canal. Rosembloom (2002, p. 37) descreve a estrutura do canal de marketing é “o grupo de membros do canal para o qual foi alocado um conjunto de tarefas de distribuição”. Para este autor, a estrutura do canal de distribuição apresenta três dimensões básicas, sendo elas a extensão da estrutura, a intensidade em vários níveis e os tipos de intermediários envolvidos nos canais de distribuição. Baseado nesta divisão, a seguir essa estrutura é discutida segundo diferentes autores: a) Extensão da estrutura do canal: Quando se faz referência a extensão da estrutura do canal, estão sendo analisados os números de níveis de distribuição que existem entre o produtor e o consumidor final (ROSEMBLOOM, 2002). Em sua obra, Lamb, Hair e McDaniel (2004) discutem as estruturas de canal para cada tipo de produto e também as estruturas de canal alternativas. Canais para produtos de consumo geralmente apresentam-se em quatro formas diferentes, como segue na Figura 4. Canal Direto Produtor Canal Varejista Produtor Canal Atacadista Produtor Canal de agente/corretor Produtor Agentes ou corretores Consumidores Atacadistas Atacadistas Varejistas Varejistas Varejistas Consumidores Consumidores Consumidores Figura 4: Canais de Marketing para produtos de consumo Fonte: Lamb, Hair e McDaniel (2004, p. 360) 37 A figura ilustra as diferentes formas pelas quais os produtores ou fabricantes podem distribuir seus produtos aos seus consumidores finais. Os produtores podem optar pelo canal direto, aquele em que os produtores vendem diretamente aos seus consumidores, esta forma é uma das mais utilizadas nos canais de distribuição. De acordo com Churchill e Peter (2000) os canais podem assumir uma classificação como canais diretos, os quais não utilizam intermediários ou canais indiretos, que utilizam um ou mais intermediários para o processo de distribuição. Dias (2006, p. 59) ainda acrescenta que a distribuição direta “é geralmente usada por produtores de bens industriais, por meio da venda pessoal”. O autor cita que esta forma de distribuição pode ser utilizada por meio de marketing direto, telemarketing, reembolso postal, catálogo ou internet. Já a distribuição indireta, segundo o autor, é uma forma de distribuição mais usada por produtores de bens de consumo. Outro modelo aplicável ilustrado na Figura 5, refere-se à canais para produtos industriais, o qual acontece de foram mais comum em cinco estruturas. Canal Direto Distribuidor Industrial Canal de Agente/corretor Canal Direto agente distribuidor Distribuidor Industrial Produtor Produtor Produtor Produtor Agentes corretores Agentes corretores Distribuidor Industrial Distribuidor Industrial Usuário Industrial Usuário Industrial Figura 5: Canais para produtos industriais Fonte: Lamb, Hair e McDaniel (2004, p. 361). Produtor Usuário Industrial Usuário Industrial Usuário Governamental 38 Lamb, Hair, e McDaniel (2004, p. 360) estabelecem que “os canais diretos são típicos nos mercados organizacionais” podendo ocorrer com unidades governamentais por meio de licitações. Nos demais níveis, os fabricantes oferecem seus produtos a outros intermediários e estes efetuam a disponibilização destes no mercado por meio dos atacadistas que são considerados os usuários industriais. Os autores ainda descrevem arranjos alternativos para canais diferentes ou alternativos, no caso de haver uma escolha de mais de um canal para a distribuição dos produtos ou serviços. Dentro desta estratégia de distribuição, estão descritos os canais de distribuição dupla, para a situação de uso de dois ou mais canais a fim de distribuir o mesmo produto a mercados-alvo; canais não – tradicionais, os quais auxiliam a diferenciar um produto de uma empresa dos produtos da concorrência; canais adaptáveis, que é iniciado na identificação de alguma necessidade crítica, mas rara e esta não tem recursos para atender; e por fim alianças estratégicas de canal, que são acordos de cooperação entre empresas para uso do mesmo canal de distribuição já estabelecido por uma empresa parceira. b) Intensidade do canal: A intensividade do canal é descrita por vários autores em dois termos, direta e indireta. No caso de canais indiretos ou múltiplos, surgem novas subdivisões, são detalhamentos dos níveis em distribuição intensiva (utilizar todos os intermediários possíveis no nível de canal), distribuição seletiva (usar o mínimo possível de intermediários) e distribuição exclusiva (uso de apenas um intermediário por território definido). Boone e Kurtz (1998, p. 334) mencionam que na distribuição intensiva “os produtores de bens de conveniência tentam saturar seus mercados possibilitando aos compradores adquirir seus produtos com um mínimo esforço”. Segundo Moore e Pareek (2008) esta estratégia de distribuição intensiva, outorga direitos de distribuição para todos intermediários possíveis, sendo muito utilizada pelos fabricantes de bens de consumo pelo fato de que ela aumenta a comodidade do consumidor. Para Las Casas (2001) se a empresa desejar uma ampla cobertura no mercado de atuação, ela deverá optar pela distribuição intensiva, pois esta estratégia permite uma distribuição em massa disponibilizando os produtos no maior 39 número possível de estabelecimentos, além de ser uma estratégia que não impõe critérios para seleção dos intermediários envolvidos no processo. Outro nível analisado é o de distribuição seletiva. Para Dias (2004, p. 128) este tipo de distribuição ocorre [...] “quando se leva em conta a imagem do produto”. Para que a imagem do produto seja fixada de uma forma positiva, a empresa distribuidora precisa analisar também a imagem do ponto de venda onde seus produtos estarão disponibilizados. Aliados a isso, estão alguns serviços que agregam valor, e de acordo com o autor, é de responsabilidade de o revendedor oferecer estes serviços ou facilidades, como crédito, assistência técnica, qualidade da equipe de vendas, layout atrativo, dinâmico e confortável, estacionamento e outros demais. O autor menciona ainda que é importante para a organização que opta por esta forma de distribuição, respeitar a área geográfica de atuação dos revendedores selecionados, O autor também faz uma referência importante sobre esta estratégia: Um mínimo de reserva de mercado é sempre conveniente nesse tipo de distribuição, pois assim se evita que a concorrência de intensifique, que as vendas médias por loja sejam menores e que a guerra de preços se instale, prejudicando todos os componentes do sistema (fabricantes e revendedores) (DIAS, 2004, p. 128). Conforme Boone e Kurtz (1998, p. 334) na distribuição seletiva “a empresa opta por selecionar apenas um número limitado de varejistas numa área de mercado para comercializar a sua linha”. Porém Keegan (2005, p. 305) elucida que “o intermediário seletivo não está interessado em construir mercado para um novo produto”, o que pode representar um sério obstáculo aos fabricantes que se interessam em penetrar algum mercado nesta condição. Rosembloom (2002, p. 179) apresenta de uma forma mais concisa que “na distribuição seletiva, como o nome sugere, nem todos os intermediários que seriam possíveis em determinado nível do canal são usados e todos aqueles incluídos no canal são cuidadosamente escolhidos”. Segundo Christensen e Rocha (1999) a distribuição seletiva apresenta características de diferenciação, pois possibilita alcançar um número considerável de canais sem popularizar o produto e por este motivo, transmitem a imagem de seletividade e sofisticação. Nessa mesma linha, Dias (2004) recomenda esta 40 distribuição para bens de compra comparada de médio ou alto valor unitário e bens de especialidade de baixo valor unitário. Hiam e Schewe (2000) descrevem que esta forma seletiva de atuação envolve um conjunto de pontos de venda limitado em um determinado território. Para os autores, é uma ótima opção de canal para produtos de marca e ainda complementam que os fabricantes ganham pelo fato de que os componentes do canal são mais cooperativos e leais. Kotler e Armstrong (2000, p. 199) pontuam que “ao usar a distribuição seletiva, as empresas não precisam espalhar seus esforços sobre muitos pontos de venda, incluindo muitos marginais”. Para eles, “estas empresas” podem desenvolver bons relacionamentos de trabalho com membros selecionados do canal, esperando um esforço de venda acima da média e ainda destacam que esta estratégia fornece uma cobertura de mercado com maior controle e menores custos do que na opção de distribuição intensiva. Já na estratégia de distribuição exclusiva é importante observar alguns detalhes que poderão afetar a organização caso não haja um bom planejamento na escolha dos intermediários e na ação destes no mercado. Para Boone e Kurtz (1998, p. 335) a distribuição exclusiva ocorre “quando os produtores concedem direitos exclusivos a um atacadista ou varejista para vender numa área geográfica específica”. Uma colocação que chama a atenção quanto a distribuição exclusiva é a de Moore e Pareek (2008) que afirmam que esta estratégia é utilizada por fabricantes de artigos de luxo, os quais oferecem a um número limitado de intermediários os direitos exclusivos sobre as linhas de produtos. Também aborda que esta exclusividade é positiva para a imagem e desejo pela marca, permitindo maior controle sobre o preço, promoção e atendimento ao cliente. Segundo o autor, neste caso existem critérios rigorosos de seleção dos intermediários. Las Casas (2001) complementa que a distribuição exclusiva pode ser utilizada em casos de produtos de especialidade ou de produção limitada, cujo fabricante possua interesse em um posicionamento de prestígio, vendendo por meio de poucos intermediários. Uma preocupação apontada pelo autor com relação a esta estratégia é que mesmo favorecendo a motivação do distribuidor pela garantia da exclusividade, a entrega de toda a responsabilidade de vendas fica centralizada em 41 apenas um ou alguns poucos e seletos intermediários contratados, o que poderá em alguma circunstancia tornar-se um problema. Um segmento que utiliza tal estratégia, de acordo com Kotler e Armstrong (2000) é o de automóveis novos e vestuário feminino sofisticado, cujos autores afirmam que a distribuição exclusiva valoriza a imagem dos automóveis permitindo margens de lucratividade mais altas. Boone e Kurtz (1998) complementam que esta estratégia pode apresentar diversos problemas em algumas áreas: acordos de comercialização exclusiva, territórios fechados de vendas e acordos de vinculação, o que embora não sejam ilegais, estas podem ser julgadas ilegais por reduzirem a concorrência ou caracterizarem monopólios. De acordo com Rosembloom (2002) o estreitamento das relações entre os fabricantes e os membros do canal amplia a eficiência e eficácia dos níveis de distribuição. Segundo o autor os níveis de proximidade dos relacionamentos aliados a intensidade de distribuição asseguram um melhor desempenho dos canais. Na Figura 6 é possível visualizar estas relações esclarecendo a importância dos relacionamentos para cada forma de intensidade de canal, fatores de decisão sobre a questão estratégica de relacionamento entre os membros de canal. Grau de proximidade Muito próximo Próximo Médio Distante Muito distante Intensiva Seletiva Exclusiva Intensidade de distribuição Figura 6: Relação entre proximidade do canal e intensidade de distribuição Fonte: Rosembloom (2002, p. 162) 42 c) Tipos de intermediários envolvidos: Para Kotler e Armstrong (2000) as características dos intermediários exercem influencia sobre o projeto de canal, por este motivo, a organização precisa buscar intermediários que estejam dispostos e aptos a desempenhar as tarefas necessárias. Para os autores, os intermediários apresentam habilidades diferentes entre si, no entanto, o esforço de vendas por trás do produto é menos intenso do que se a própria empresa disponibilizasse uma força de vendas para atuação no mercado. Segundo Lamb, Hair e McDaniel (2004) existem dois níveis de canais muito utilizados, varejistas que são aqueles intermediários do canal responsáveis por distribuir os produtos diretamente aos consumidores finais e atacadistas que são as instituições que compram de fabricantes e revendem a outras empresas, órgãos governamentais e outros atacadistas ou varejistas, que ao adquirir os produtos assumem também a propriedade dos bens enviando posteriormente aos compradores finais. Anderson (2002, p. 29) expõe que os intermediários varejistas “vendem diretamente para os consumidores individuais que são os usuários finais”. Já os intermediários atacadistas, para este autor, são organizações que vendem para outros intermediários de canal com exceção dos consumidores finais. Las Casas (2001, p. 221) também apresenta os varejistas como “intermediários que vendem diretamente aos consumidores”, porém cria uma classificação para estes intermediários e aborda sete tipos distintos: varejistas independentes, que são aqueles que possuem apenas um estabelecimento de pequena proporção, varejistas em cadeia, que são os que possuem mais de um estabelecimento de venda, lojas de departamentos, caracterizadas pela divisão das atividades por departamentos, lojas de desconto, aquelas que ofertam produtos a um preço reduzido sem muita preocupação com a disposição e arrumação dos itens, supermercados, shoppings centers e varejo de porta em porta, muito utilizado no Brasil e em constante crescimento. Quanto aos atacadistas, este autor declara que se caracterizam por não venderem diretamente aos usuários finais e por comprarem em grandes quantidades para revender em menores quantidades principalmente aos varejistas. O autor também apresenta uma classificação para estes intermediários, entre os atacadistas 43 de funções completas, aqueles que prestam uma ampla gama de serviços aos seus clientes, atacadistas de funções limitadas, que limitam os serviços prestados e agentes ou corretores que são os atacadistas que operam prestação de serviços comissionadas. Boone e Kurtz (1998) informam que as funções dos intermediários atacadistas têm sua importância reconhecida na criação da utilidade, na prestação de serviços e na capacidade de redução dos custos. Ainda destacam que na criação de utilidade estão a utilidade de tempo, relacionada á disponibilidade dos produtos no momento em que o consumidor deseja comprá-los; utilidade de local, referente à disponibilidade dos produtos em locais convenientes; e utilidade de propriedade, estabelecida pela passagem da propriedade do produtor para os intermediários ou outros compradores. Brito e Parente (2006) declaram que no varejo as características dinâmicas das atividades levam os gestores a não praticarem processos de análise e reflexão, pois estes acabam se envolvendo de tal forma que apenas respondem aos estímulos externos e internos da organização sem que haja uma apreciação mais profunda sob o assunto, o que pode ser um risco á gestão de distribuição. 2.2.3 Dinâmica dos canais e as diferentes formatações Diversos autores fazem a mesma afirmação: é difícil mudar os canais de marketing depois de estabelecidos, o que os torna uma possível fonte de vantagem competitiva. Para que não haja problemas posteriores ao estabelecimento dos canais de distribuição, estudam-se os tipos de canais e suas atribuições e papéis e capacidades de gerenciamento de disputas. Um dos tipos de canal de marketing é denominado canal vertical. Segundo Moore e Pareek (2008, p. 64) “neste sistema, um grupo de produtores, atacadistas e varejistas atua em conjunto para aumentar o retorno de todas as partes”, os autores também atribuem a este tipo de canal a prática da propriedade cruzada, onde cada participante detém uma porcentagem da empresa dos demais. Las Casas (2001) aborda os canais verticais como sistemas verticais, e os subdivide em sistema cooperativo, que ocorre quando um fabricante adquire uma organização varejista e passa a exercer maior domínio sobre a distribuição, sistema 44 administrado, que se apresenta na existência de alguma força política ou de prestígio de marca e sistema contratual, aquele onde há um contrato operacional entre os membros do canal. Kotler e Armstrong (2000) ainda apresentam outra subdivisão concernente ao sistema contratual. Uma subdivisão do sistema vertical contratual são cadeias voluntárias patrocinadas por varejistas, quando ocorre um agrupamento de varejistas independentes para aumentar a capacidade competitiva com as grandes cadeias. Outra subdivisão são as cooperativas de varejistas, correspondente a um grupo de varejistas organiza um novo negócio a fim de desenvolver atividades de atacado e possivelmente de produção. Por fim, a subdivisão em organizações de franquias, que ocorre quando um membro do canal serve de elemento de ligação para diversas etapas do processo de produção – distribuição. Na Figura 7 estão evidenciados os tipos de sistemas verticais de marketing – SVM. Sistemas Verticais de Marketing (SVM) SVM corporativo SVM contratual SVM administrado Cadeias voluntárias patrocinadas por atacadistas Cooperativas de varejistas Organizações de franquias Figura 7: Tipos de sistemas verticais de marketing Fonte: Kotler e Armstrong (2000, p. 194) Outro tipo de canal utilizado na estratégia de distribuição é denominado canal horizontal, que de acordo com Las Casas (2001, p. 226) ocorre “quando uma empresa adquire outra concorrente” possibilitando uma participação mais intensa do canal, porém o autor chama a atenção com relação a esta prática, pois se as 45 atividades caracterizarem monopólios estas se tornarão práticas ilegais, podendo acarretar punições graves por parte do governo. Não só a aquisição de um concorrente é foco deste arranjo. Kotler e Armstrong (2000) defendem que no sistema horizontal algumas empresas acabam por se unir buscando uma nova oportunidade de marketing e com esta união, as organizações trabalham juntas, combinando capital, capacidades de produção ou recursos de marketing visando à sinergia, ou seja, realizar mais do que qualquer uma das empresas desta união conseguiria realizar sozinha. Os autores ainda salientam que as empresas podem unir forças com concorrentes ou nãoconcorrentes, em um período temporário ou até mesmo permanente. Em sua obra, Moore e Pareek (2008, p. 64) descrevem que “às vezes, participantes de um mesmo canal cooperam; em outras ocasiões, empresas de diferentes canais se associam” e denominam estas ações como promoção cruzada. Pelo fato de uma empresa depender uma da outra para alcançar o sucesso, as chances de ocorrência de conflitos são reduzidas, no entanto é necessário que haja um mecanismo mediador de questões contenciosas. Alguns autores ainda apresentam outro tipo de canal, o canal híbrido também conhecido por sistema de distribuição multicanal, que de acordo com Kotler e Armstrong (2000, p. 196) “ocorre quando uma única empresa estabelece dois ou mais canais de marketing para atingir um ou mais segmentos de clientes”. Moore e Pareek (2008) evidenciam que esta terceira opção de canal é a preferida de organizações que atuam em grandes e complexos mercados, pois com os variados canais para seus mercados-alvo, aumentam as oportunidades de adaptação das ofertas de produtos ás necessidades dos consumidores e com isso ocorre a ampliação da cobertura de mercado. Uma questão interessante é abordada por Kotler e Armstrong (2000, p. 192) quando expõe que “todas as instituições no canal estão conectadas por diversos tipos de fluxos”. Indiferente do tipo de canal estes fluxos precisam ser analisados, Rosembloom (2002) elucida que são esses fluxos que fornecem os elos que ligam os membros atuantes do canal na distribuição de bens ou serviços. Tanto Kotler e Armstrong (2000) quanto Rosembloom (2002) abordam como os principais fluxos na visão estratégica da gestão de canal os fluxos de produto, referindo-se ao 46 movimento físico e real do produto, fluxo de negociação ou de pagamento, que representa a interação das funções de compra e vendas associadas á transferência de direitos sobre os produtos, fluxo de propriedade, relativo ao movimento dos direitos sobre o produto durante a transferência entre o fabricante até o consumidor final e fluxo de informação, troca de informações entre os intermediários envolvidos no sistema de distribuição. 2.2.4 Canal de Marketing como um Sistema Social Rosembloom (2002, p. 114) apresenta uma definição de sistema social como “o sistema gerado por qualquer processo de interação no nível sociocultural, entre dois ou mais atores. Os atores podem ser entanto indivíduos humanos concretos – pessoas – quanto coletividades inteiras”. Tendo em vista a estrutura e os tipos de canal, o autor traz uma ligação entre os canais de marketing e sistemas sociais, expondo que o canal deixa de apresentar apenas uma visão do sistema econômico, porém agora mais completo com dimensões comportamentais. Estas dimensões comportamentais fornecem algumas informações importantes como conflito de canal, poder no canal de marketing e outras. Em relação a conflitos existentes no canal de distribuição, Las Casas (2001, p. 224) explica que “no momento em que várias empresas atuam na transferência do fluxo de mercadorias que segue do fabricante ao consumidor, surgem como é de se esperar, alguns conflitos de objetivos”. Segundo o autor, estes conflitos de objetivos são resultantes de objetivos diferentes entre os intermediários. Kotler e Armstrong (2000) fazem uma colocação um tanto interessante, eles expõe que a cooperação dos indivíduos do canal é para o alcance dos objetivos gerais organizacionais e esta cooperação implica em abrir mão dos objetivos individuais, neste ponto surgem muitos dos conflitos. Rosembloom (2002, p. 115) diz que “existe conflito quando um membro do canal percebe que as ações de outro membro estão impedindo a realização de suas metas”. Churchill e Peter (2000) apresentam uma divisão para estes conflitos, em conflitos horizontais e verticais, como representado na Figura 8. De acordo com os 47 autores, assim como para Kotler e Armstrong (2000), conflitos de ordem horizontal ocorrem entre membros de um mesmo nível e conflitos de ordem vertical ocorrem entre membros de diferentes níveis do mesmo canal. Para estes autores, parte dos conflitos apresenta uma forma de competição, o que é saudável para o canal, no entanto, algumas vezes os conflitos podem atrapalhar seu bom funcionamento. Neste sentido, é importante que os papéis dos membros de canal sejam bem especificados. Conflito vertical Conflito horizontal Produtor Produtor Conflito Intermediário s , Usuários finais Conflito Intermediário A Intermediário B Usuários finais Figura 8: Tipos de conflito de canal. Fonte: Churchill e Peter (2000, p. 383) Kotler e Armstrong (2000, p. 194) ainda completam dizendo que “o canal terá um melhor desempenho se houver uma empresa, agência ou mecanismo que tenha o poder de atribuir papéis e administrar conflitos” e expõe que “em organizações mais recentes passaram a oferecer lideranças mais fortes e desempenho aprimorado”. As lideranças mencionadas anteriormente exercem poder sobre os demais colaboradores do processo de distribuição, que, segundo Churchill e Peter (2000, p. 384) “a redução dos conflitos e o aumento da cooperação entre os membros do canal podem resultar da liderança do capitão do canal, que é um membro reconhecido pelos outros membros como o detentor do poder de tomar decisões”. Rosembloom (2002, p. 128) afirma que o termo poder no contexto do canal de distribuição refere-se “á capacidade de um membro particular do canal em controlar ou influenciar o comportamento de outro(s) membro(s) do canal”. 48 Anderson (2002, p. 174) diz que “o poder (o potencial para influenciar) representa uma habilidade, e habilidades que não são fáceis de avaliar”. Para o exercício deste poder, Anderson (2002), Moore e Pareek (2008) e Rosembloom (2002) apresentam cinco bases de poder para o controle de canal que são: • Poder de recompensa: quanto á capacidade de um membro recompensar outro se o segundo submeter-se á influência do primeiro oferecendo algo desejável; • Poder de coerção ou poder coercitivo: ao contrário do poder de recompensa, neste caso ocorre a punição caso o segundo não se submeta ao primeiro; • Poder legítimo ou de poder de legitimidade: deriva de normas que determinam direito legítimo a um membro do canal para influenciar o segundo que tem a obrigação de aceitar a influencia; • Poder de referência ou poder referente: no caso de um membro perceber que suas metas estão relacionadas à de outro membro e desta forma ambos necessitam parceria para alcançar seus objetivos; • Poder de especialidade ou poder de especialista: derivado do conhecimento que um membro atribui a outro em determinada área, este provém do conhecimento e habilidades do membro de canal. Churchill e Peter (2000) ainda apresentam uma sexta base de poder, denominado poder por informação, o qual se origina da posse por um membro de canal de informações valorizadas pelos outros no canal. A resolução de conflitos de canal e o exercício de poder por meio de lideranças no canal ocorrem de maneira mais branda por meio da construção de confiança e cultivo dos relacionamentos no canal, o que acontece a partir do momento em que os membros do canal reconhecem sua interdependência e por meio do compartilhamento de informações que permitem melhorar a eficiência do canal. 2.2.5 Decisões estratégicas de projeto de canal Observa-se que no composto mercadológico existe uma valorização significativa do produto, do preço e da promoção, já com relação a praça, geralmente não é tão estudada na elaboração de estratégias. Hiam e Schewe (2000, 49 p. 391) expõem que “a distribuição pode ser extremamente importante, mas que também costuma ser negligenciada”. Conforme Murphy (2000, p. 99) “distribuição, da mesma forma que os outros ingredientes do mix de marketing, deveriam ser encarados como uma série de sistemas de entrega de valor ao cliente”. Dada à importância deste componente do composto mercadológico, passa-se a buscar a criação de estratégias que possam assegurar para a organização o sucesso no processo de distribuição e para o mercado a garantia de entrega de produtos e/ ou serviços com agilidade, conveniência, redução dos custos e maximização de resultados. “Dentro do marketing, a área de distribuição envolve decisões tanto estratégicas quanto táticas” afirmam Hiam e Schewe (2000, p. 391), para eles as decisões de âmbito estratégico estão na escolha de um canal de distribuição e os intermediários que farão parte deste processo a fim de disponibilizar o produto para o mercado. No que diz respeito às decisões táticas estão as seleções das empresas especificas que intermediarão a distribuição e como será efetuada a movimentação real dos produtos. Observa-se que com o passar dos anos e os constantes estudos sobre o mercado e seu funcionamento, surgem modificações nos conceitos teóricos e também práticos. Em 1988 KOTLER (1988, p. 71) definia a estratégia de marketing como “os princípios gerais por meio dos quais uma unidade de negócio espera alcançar seus objetivos de marketing em um mercado-alvo”. Pode-se considerar a estratégia de marketing de canal como uma ramificação da estratégia de marketing, que para Rosembloom (2002, p. 147) é modificada para “os princípios gerais pelos quais uma empresa espera alcançar seus objetivos de distribuição em seu(s) mercado(s)-alvo(s)”. Mesmo que as definições de Kotler e Rosembloom sejam paralelas e praticamente iguais, existe um enfoque diferente destacado por Rosembloom, pois os objetivos de distribuição de uma empresa são mais profundos no que diz respeito aos canais de distribuição e suas decisões estratégicas, enquanto que na definição de Kotler, os objetivos de marketing a que se refere, acabam sendo mais genéricos, pois envolvem além da praça – que é a distribuição – o produto, o preço e também a promoção, 50 Backer (2005) assim como demais autores, afirma que é na área de distribuição que surgem inúmeras vantagens competitivas, ele ainda expõe que a inovação trouxe para as novas estratégias de marketing benefícios referentes à conveniência, agilidade, acessibilidade e custos reduzidos. De acordo com Hiam e Schewe (2000, p. 406) “as decisões quanto aos canais devem ser baseadas em uma avaliação das metas e recursos da organização, e no conhecimento do mercado”. Kotler e Keller (2006) descrevem que os sistemas de canais sofrem mudanças frequentemente e estas envolvem o aproveitamento das oportunidades e as condições de mercado. Para que haja um projeto de sistema de canais, é necessário realizar uma análise das necessidades do cliente, estabelecer os objetivos do canal e identificar e avaliar as principais alternativas dos canais. Essas decisões são abordadas na sequência segundo diferentes autores: a) Necessidades dos clientes em relação ao canal: Em relação a identificar as necessidades dos clientes, os autores ainda fazem menção sobre a empresa entender os níveis de produção se serviços desejados pelos consumidores, pois os clientes-alvo têm necessidades de serviços diferentes. De acordo com os autores, os canais produzem cinco níveis de produção: o primeiro nível é o tamanho do lote, referente ao número de unidades que o canal permite seus clientes adquirirem em determinada ocasião; o segundo nível é o tempo de espera, relacionado ao tempo que os clientes estão dispostos a aguardar pelo produto ou serviço; o terceiro nível é a conveniência espacial, indicativo do grau de disponibilidade do produto ou serviço para sua aquisição; o quarto nível é a variedade de produto, alusivo ao nível de variedade oferecido, tendo em vista o consumidor gostar ou não da variedade para a tomada de decisão da compra; e o quinto nível, referente ao apoio de serviço, como os serviços adicionais que geram percepção de valor agregado como facilidade de pagamento com cartão, oferta de crediário, serviços de entrega e instalação e até manutenção e reparos. Lamb, Hair e McDaniel (2004, p. 364) apresentam estas necessidades dos clientes como fatores de mercado, pontos a serem analisados para que a estratégia seja certeira. Segundo os autores, as respostas para algumas perguntas como “Quem são os clientes em potencial? O que eles compram? Onde compram? Quando compram?” poderão revelar a melhor escolha pelo canal. 51 Estas mesmas perguntas são encontradas na obra de Rosembloom (2002, p. 183) e abordadas como comportamento de mercado, o autor considera que o comportamento do consumidor ou comportamento de compra, possa “ter efeitos significativos sobre a estrutura de canal”. b) Estabelecimento de objetivos e limitações para os canais: Kotler e Armstrong (2000) descrevem que os objetivos do canal e suas restrições são decorrentes da natureza dos produtos, características da empresa, características dos intermediários e fatores ambientais, nominações diferentes, porém com bases praticamente iguais as abordadas por Kotler e Keller (2006). Para os referidos autores em ambas as obras os objetivos são determinados a partir dos níveis de produção tidos como alvo pela organização e registram a importância de um planejamento e conhecimento abrangente sobre a identificação do mercado a ser atendido, pois é a partir das informações obtidas destes é que surgirão os melhores canais a serem utilizados. Hiam e Schewe (2000) abordam a limitação do canal como cobertura de canal e o estabelecimento de objetivos atrelado à segmentação de mercado e ainda apresentam um case: Por exemplo, quase todas as pessoas nos Estados Unidos com idade superior a 15 anos são potenciais compradores das lâminas de barbear Gillette Sensor. É muita gente – e é necessário um canal de distribuição longo, para garantir que este produto seja disponível onde e quando desejado. Vamos ver o contraste com o mercado de caminhões Mack. O mercado total de caminhões pesados é de apenas cerca de 300.000 clientes, 10% dos quais 90% de todas as grandes unidades vendidas. Neste caso, a cobertura de mercado necessária é menor. Embora a maioria dos compradores de caminhões pesados também compre lâminas de barbear, bem poucos compradores de lâminas de barbear compram caminhões pesados (HIAM; SCHEWE, 2000, p. 406). Kotler e Keller (2006, p. 474) afirmam que “o projeto de canal deve adaptar-se ao ambiente maior”, onde pode haver interferência da situação econômica e política do país. A situação econômica pode afetar o projeto de canal nos sentido de se mostrar desfavorável e os canais terem que ser enxugados e desprovidos de serviços não essenciais. Na relação política, pode ser referente às leis e restrições legais quanto à redução de concorrência e criação de monopólios. 52 Rosembloom (2002) menciona que a concorrência é um ponto a ser observado, pois poderá influenciar diretamente na estrutura do canal e sua gestão. Para este autor a concorrência também se apresenta de quatro formas, porém com uma visão mais focada dentro do ambiente de canais de distribuição: concorrência horizontal – aquela entre empresas do mesmo segmento é a forma mais comum e visível da concorrência; a concorrência intertipos, aquela que ocorre entre diferentes organizações, porém no mesmo nível de canal; Já a concorrência vertical refere-se à concorrência entre membros de diferentes níveis do canal e por fim a concorrência entre sistemas de canal está relacionada a canais inteiros competindo entre si. Kotler e Armstrong (2000, p. 170) observam que o nível de competição enfrentado pela organização irá depender da forma que a concorrência no setor de atuação se apresenta, podendo ser ela pura, monopolista, e ainda as situações de monopólio e oligopólio. Estas são explicadas no Quadro 2. TIPO DE CONCORRÊNCIA DESCRIÇÃO • Muitos compradores / Muitos vendedores • Comércio de produto uniforme Concorrência pura • Preços praticamente tabelados • Pouca influencia dos compradores e vendedores sobre os preços • Praticamente nenhuma estratégia de marketing • Muitos compradores / Muitos vendedores • Preços variados para o mesmo produto Concorrência • Influencia dos compradores e vendedores sobre o preço devido monopolista demanda e oferta • Diversificadas estratégias de marketing • Muitos compradores / Poucos vendedores Situação de • Produtos uniformes e não-uniformes oligopólio • Variação de preço de acordo com base nas estratégias de marketing dos concorrentes Situação de • Muitos compradores / Apenas um vendedor monopólio • Apreçamento de diferentes formas, cada um de acordo com um caso Quadro 2: Formas de concorrência de mercado Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2000, p. 170) c) Identificação das opções de canal: Quando se fala da identificação das principais opções de canal, refere-se à escolha dos mais adequado para a distribuição de determinados produtos ou serviços e então retorna-se ao conteúdo anterior sobre tipos de intermediários, 53 números de intermediários e responsabilidades atribuídas a cada um deles, assunto já tratado no tópico 2.2.2 Estrutura de Canal. d) Quanto à avaliação do canal: Hiam e Schewe (2000, p. 406) apresentam três critérios para análise, cobertura de mercado, controle dos canais e custos. A cobertura de mercado pode variar de acordo com o número de intermediários envolvidos no processo. Os autores afirmam que “quanto mais longo o canal de distribuição, maior a cobertura de mercado” e complementam que “se o tamanho do mercado potencial de um produto for muito grande, é desejável ter um número maior de intermediários no processo”. No que diz respeito a controle dos canais, há uma preocupação com relação à estratégia de distribuição, pois “quando os intermediários adquirem os direitos de propriedade do produto, podem fazer com ele quase tudo o que desejam”. Segundo Kotler e Armstrong (2000) ao escolher os intermediários a empresa lhes transfere certo grau de controle sobre o produto ou serviço, porém a organização é que precisa deter o máximo controle tanto sobre os intermediários quanto sobre os produtos ou serviços em questão. Ainda na visão de Hiam e Schewe (2000) está o critério de custos, segundo eles, algumas entidades acreditam que quanto menor o número de intermediários envolvidos mais reduzidos são os custos de distribuição, mas afirmam que isto é ilusório e que na realidade acontece de forma contrária, pois o fato de os intermediários serem especialistas na distribuição, estes conseguem maior eficácia e eficiência com relação aos fabricantes e produtores. Em Kotler e Armstrong (2000) e Kotler e Keller (2006) ainda encontra-se outro critério de avaliação dos canais, denominado critério de adaptação que está relacionado à flexibilidade referindo-se a adaptação do canal ao ambiente de marketing nos casos de contínua mutação. Observa-se necessidade de uma elevada adaptação e flexibilidade nos mercados que trabalham com produtos voláteis e incertos. Rosembloom (2002) apresenta seis categorias básicas para análise em caso de avaliação das variáveis que afetam a estrutura do canal. O critério da adaptação segundo ele, é aplicado de acordo com a movimentação do mercado em relação as 54 variáveis de mercado, de produto, da empresa, dos intermediários, ambientais e comportamentais. Para o autor, o canal a gestão de canal precisa estar atenta as constantes mutações das variáveis já citadas anteriormente, visando o melhor desempenho da distribuição. Kotler e Keller (2006, p. 479) expõem que na avaliação dos critérios econômicos “cada alternativa de canal gerará um nível diferente de vendas e custos”. Para definir melhor a estratégia de vendas e distribuição é necessário analisar atentamente os custos de vendas e projetar o nível de vendas que cada um poderá apresentar em determinado período, como apresentado na Figura 9. Representantes de vendas do fabricante Força de vendas do fabricante Custo de Vendas $ Ponto de equilíbrio Nível de Vendas $ Figura 9: Gráfico do ponto de equilíbrio para escolha entre a força de vendas da empresa e o representante de vendas do fabricante. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 479) Os autores ainda elucidam que representantes de vendas apresentam problemas de controle e adaptação por serem empresas independentes em busca de lucros próprios e que as organizações precisam criar alguma forma de amarrá-los em compromissos a fim de poder observar a mutação de mercado e desenvolver técnicas de adaptabilidade. 2.2.6 Gerenciamento do projeto de canal Após o processo de escolha da alternativa do canal cada intermediário passará pelo processo de seleção, treinamento, motivação e avaliação. O processo de seleção de membros do canal de acordo com Rosembloom (2002) ocorre em três 55 etapas, identificação dos membros potenciais de canal, aplicação de critérios de seleção para determinar a adequabilidade dos membros potenciais de canal e transformação dos membros potenciais do canal em membros reais. Na etapa de identificação dos membros potenciais de canal existem diversas fontes que auxiliam o gerente de canal a encontrar os membros potenciais, dentre elas: • Organização de vendas de campo que se refere a deslocar a força de vendas própria até as empresas que serão intermediárias do processo, desta forma a própria força de vendas irá identificar novos membros potenciais que se encaixam no perfil da organização. • Fontes comerciais: são inúmeras fontes comerciais capazes de auxiliar na seleção de novos membros do canal, associações, sindicatos, diretórios e outras, as quais fornecem informações sobre intermediários potenciais. • Investigações de revendedores: são os casos de empresas que conhecem membros de canal potenciais por intermédio de investigações diretas dos intermediários interessados em trabalhar com as linhas de produto. • Clientes: podem ser considerados fontes confiáveis, algumas organizações procuram os intermediários em potencial para obter informações. • Propaganda: em muitas situações, os anúncios em publicações de âmbito técnico permitem a identificação de membros de canal potenciais. • Feiras comerciais: são fontes inesgotáveis de informações sobre intermediários potenciais. • Outras fontes: são inúmeras fontes úteis para levantamento de informações sobre membros potenciais, listas telefônicas, bancos de dados empresariais, internet e outras. No nível de aplicação dos critérios de seleção, efetua-se uma avaliação rigorosa a fim de identificar quais os intermediários que se adaptam as políticas da organização e que apresentam capacidade para desempenhar tal atividade. Alguns tipos de critérios analisados são: condições financeiras e de crédito, força de vendas, linhas de produtos, linhas de produtos, reputação, cobertura de mercado, sucessão gerencial, habilidade gerencial, atitude e, tamanho. Para Hiam e Schewe (2000, p. 412) “as características que se deseja encontrar nos integrantes do canal de distribuição dependem, em parte, do tipo de 56 estratégia utilizada pela empresa como parte de sua abordagem geral de marketing”. Os autores explicam que se a abordagem utilizada for a de “puxar”, os fabricantes e produtores investem altas quantidades para criar percepção nos consumidores e demanda dos produtos. Se a intenção for de “empurrar”, o foco será mudado para as vendas pessoais agressivas promovidas pelos fabricantes de forma a estimular os participantes do canal a estocarem e promoverem seus produtos. Para Dias (2004) a seleção de intermediários é direcionada por critérios financeiros, administrativos e mercadológicos. No sentido financeiro, o autor sugere a análise dos balanços contábeis, análise bancária do intermediário e referências junto aos principais fornecedores. Também deve ser considerada a análise da saúde financeira do futuro parceiro. Na análise administrativa, leva-se em conta o tamanho e a qualidade de sua força de trabalho, tradição, investimentos em capital intelectual e infra-estrutura. No sentido mercadológico, os dados relevantes para observação são voltados à cobertura de mercado, força de vendas, esforço promocional, mix de produtos e seu posicionamento na área de atuação. Cumprindo-se estas etapas os membros potenciais estarão preparados para passar para o próximo nível. Kotler e Keller (2006, p. 480) apresentam à etapa seguinte a seleção como sendo o treinamento dos membros de canal e declaram que “as empresas precisam planejar e implementar programas de treinamento cuidadosos para seus intermediários”. Sobre a motivação dos membros de canal, segundo Rosembloom (2002) está nas mãos dos fabricantes que estarão tomando determinadas decisões visando a melhor cooperação entre os membros do canal. Kotler e Keller (2006, p. 480) também expõem que “o primeiro passo para estimular o alto desempenho é estimular os membros de canal”, Este estímulo está em programas de treinamento, pesquisa de mercado, e programas de capacitação dos intermediários. Em Kotler e Armstrong (2000) a motivação deve ser um processo contínuo, e expõem que a organização não exerce a venda apenas por meio dos intermediários, mas sim a venda é feita para os intermediários. Segundo os autores as motivações podem assumir caráter positivo e negativo. O caráter positivo é verificado quando as empresas oferecem margens mais altas, premiações, concursos de vendas e outras formas de incentivo. O caráter negativo é encontrado quando as empresas 57 ameaçam a redução das margens, atraso na entrega e até mesmo ameaça de encerramento de parceiras. Porém, os autores elucidam que esta forma negativa de motivação apresenta menos probabilidade de cooperação dos intermediários. Para Rosembloom (2002) a motivação está estruturada em três atividades básicas, identificar e descobrir as necessidades/problemas dos membros de canal, pois considera importante que sejam extraídos os desejos do relacionamento de canal; oferecer apoio aos membros de canal que seja consistente com as suas necessidades e problemas e proporcionar liderança mediante o uso eficaz do poder. Enfim, discute-se a avaliação dos membros de canal, que conforme Kotler e Keller (2006, p. 481), “serve como indicador do desempenho dos intermediários naquilo que se refere a quotas de vendas, níveis de estoques, tempo de entrega ao cliente, tratamento com mercadorias perdidas ou danificadas, cooperação nos programas promocionais e de treinamento”. Segundo Kotler e Armstrong (2000, p. 201) “a empresa deve reconhecer e recompensar os intermediários que estejam se saindo bem. Aqueles que estejam se saindo ruim precisam ser ajudados, ou, em último caso, substituídos”. Por meio da avaliação dos membros de canal existe a possibilidade de um acompanhamento por parte dos fabricantes, sobre o caminho que o produto está percorrendo, como está sendo posicionado e até mesmo identificar as fases do ciclo de vida destes produtos visualizando sua trajetória no mercado, prevendo sua aceitação ou até mesmo a sua eliminação. As decisões do canal conforme o momento do ciclo de vida são tratadas na próxima seção. 2.3 Ciclo de vida do produto e as decisões de canal Segundo Murphy (2000) existe um princípio simples e tradicional de marketing a respeito do ciclo de vida dos produtos (CVP). Nesta visão mais tradicional, as fases do CVP são associadas as dos organismos vivos, sendo elas: o nascimento, crescimento, maturidade e morte. Para Lamb, Hair e McDaniel (2004, p. 337) o CVP é um dos conceitos mais familiares e amplamente discutidos em marketing e afirmam que ele “fornece uma maneira de controlar os estágios de aceitação de um produto, de seu lançamento (nascimento) até seu declínio (morte)”. Para os autores, o conceito de CVP não 58 indica aos administradores o tempo de durabilidade do produto no mercado, ele não dita a estratégia de marketing, mas é uma ferramenta que auxilia os profissionais na previsão de possíveis eventos futuros e sugere algumas estratégias mais apropriadas. Hiam e Schewe (2000) afirmam que todos os produtos possuem uma vida, e que na maior parte das vezes, é um período curto de tempo, portando o grande desafio do marketing é justamente desenvolver ações para transformá-los em produtos com vida longa, passíveis de expansão e que assegurem para as empresas o crescimento organizacional. Christensen e Rocha (1999, p. 216) descrevem que a teoria do ciclo de vida do produto pode ser utilizada “para modelar a trajetória do produto no mercado” e completam que: Em vez de considerarmos o CVP de um produto como dados, devemos reconhecer a capacidade de a empresa traçar, ela própria o desenvolvimento de determinado produto, utilizando o instrumental de marketing, e, sobretudo, reconhecendo as forças, favoráveis e desfavoráveis, que poderão afetar esse crescimento (CHRISTENSEN; ROCHA, 1999, p. 216). Para os autores, a aplicação do conceito de CVP com foco gerencial implica em um sistema de controle dos produtos, não apenas acompanhando os estágios como também indicando práticas de remoção de produtos que não obtiveram sucesso e aceitação por parte dos consumidores. Inúmeros autores abordam este assunto e definem as etapas do ciclo de vida dos produtos como sendo quatro fases, introdução ou nascimento, crescimento, maturidade e declínio ou morte, porém alguns descrevem uma fase a mais, a inicial, referente ao desenvolvimento do produto e que antecede a todas as outras. Essas fases são discutidas segundo diferentes autores nos subitens seguintes. 2.3.1 Etapa de introdução do produto Christensen e Rocha (1999, p. 212) descrevem que neste estágio “o produto é lançado no mercado, sem que haja uma demanda já existente pelo mesmo” e ainda defendem que as vendas são poucas, fracas e o ritmo de crescimento é vagaroso. 59 Rosembloom (2002) explica que durante esta etapa, os esforços promocionais são necessários e muito significativos, pois é a fase de lançamento do produto. Isto requer grandes verbas para propaganda e outras formas de promoção, porém para que esta comunicação seja eficaz, o produto já deve ter sido disponibilizado no ponto de venda, e então, os membros do canal precisam assegurar a cobertura de mercado garantindo a disponibilidade do produto aos consumidores finais. Lamb, Hair e McDaniel (2004) expõem que os custos de marketing deste estágio são altos, se faz necessária a aplicação de margens altas para revendedores visando obter a forma adequada de distribuição, a empresa precisa dispor de incentivos para que os consumidores experimentem o produto oferecido. As despesas com publicidade são altas para gerar posicionamento e educar os consumidores sobre os benefícios do produto. Quanto aos custos de produção, também são altos, pois nesta etapa surgem as falhas de produto e fabricação, as quais serão corrigidas e a organização assume esforços para desenvolver a escala de produção em massa. Kotler e Armstrong (2000) e Kotler e Keller (2006) seguem o principio de que na fase introdutória do produto no mercado, não existem lucros devido os altos custos e as pesadas despesas de introdução do produto. Hiam e Schewe (2000) dizem que em fase de lançamento ou introdução do produto no mercado, o produtor ou fabricante costuma estar muito próximo de seus mercados-alvos, pois todas as atenções estão voltadas aos primeiros consumidores e suas reações diante dos produtos experimentados. Murphy (2000) aconselha a utilização do marketing de massa, pois na maior parte das vezes os profissionais de marketing não estão certos do público que desejam alcançar, a menos que estes já tenham sido definidos anteriormente. 2.3.2 Etapa de crescimento Christensen e Rocha (1999) apresentam esta fase como o período de aceleração da demanda do produto e que é geralmente acompanhada pelo acréscimo do número de concorrentes. 60 Rosembloom (2002) declara que nesta etapa, o crescimento rápido começa a acontecer e para isto é importante assegurar a disponibilidade dos produtos e monitorar minuciosamente as ações dos membros de canal no que se refere aos produtos concorrentes já posicionados, observando com atenção para que os concorrentes potenciais não tentem bloquear o canal. Lamb, Hair e McDaniel (2004) enfatizam que é no segundo estágio do ciclo de vida do produto que as vendas crescem acirradamente, muitos concorrentes entram no mercado e grandes empresas podem adquirir as pequenas empresas pioneiras, pois os lucros passam a ser vantajosos. Ainda complementam que a distribuição passa a ser uma determinante para o sucesso da organização tendo em vista que sem a distribuição adequada não se consegue estabelecer um posicionamento forte no mercado. Kotler e Keller (2006) abordam que este é o período de rápida e significativa aceitação no mercado e a melhoria dos lucros é visivelmente identificável. Ambas as literaturas sugerem como estratégias de marketing para esta fase as seguintes considerações: melhoria da qualidade do produto e inovação de características; adicionar novos modelos e produtos de flanco; ingressar em novos segmentos de mercado; aumentar cobertura de distribuição e adotar novas opções de canal; mudar o foco da propaganda, que antes era de conscientização pelo uso do produto e agora passa a ser pela criação de preferência; redução de preços em busca de novos compradores. Hiam e Schewe (2000) recomendam no estágio de crescimento, a estratégia em busca do estabelecimento de lealdade à marca e conquista da participação de mercado. Também dizem que é importante estimular a concorrência dos canais de distribuição, pois quem conseguir conquistá-los primeiro obterá a vantagem. Ainda complementam que as empresas passam a diferenciar seus produtos, pois na introdução havia uma preocupação de gerar desejo pelo conceito do produto, agora passa a gerar demanda seletiva. Murphy (2000, p. 58) afirma que “se o produto satisfaz seus clientes, ele irá crescer”. Com este crescimento, novos compradores passam a seguir seus lideres, surgem novos concorrentes adicionando novas características ao produto e gerando expansão do mercado. Segundo ele, os preços se mantêm os mesmos ou sofrem uma redução, isto porque a produção ganha experiência, porém os gastos em 61 promoção deverão aumentar, os lucros crescem com o volume e produção em larga escala, reduzindo o custo unitário. Mesmo assim, o autor faz um alerta, com o aumento da concorrência é importante investir em aprimoramento do produto, promoção e distribuição. Este autor sugere algumas estratégias para esta etapa, são elas: • Estratégia de linha completa – criação de múltiplas linhas de produtos; • Estratégia para completar a linha – utilizar intervalo não identificado no mercado e desenvolver um novo produto da linha; • Estratégia de extensão de linha e de marca – utilizar o nome de marca de um produto e o estender para outro; • Estratégia de reposicionamento – mudar a percepção do consumidor sobre determinado produto ou marca; • Estratégia de obsolescência planejada – técnica de programar a obsolescência de determinados produtos, neste caso, esta estratégia pode degradar a relação de confiança do consumidor que pode sentir-se enganado e optar por não consumir nada mais desta linha ou marca. 2.3.3 Etapa de maturidade Christensen e Rocha (1999, p. 213) definem a maturidade como “o período em que a demanda pelo produto de estabiliza apresentando apenas crescimento vegetativo”. De acordo com os autores, a oferta segue estável e poucas organizações arriscam entrar no mercado. Segundo Rosembloom (2002), a característica de saturação do mercado oportuniza duas ênfases estratégicas à gestão de canal, incentivar e motivar a atratividade do produto perante os membros do canal e modificar a estrutura de canal mediante nova seleção de intermediários, buscando um novo estágio de crescimento e visando evitar o estágio de declínio. Lamb, Hair e McDaniel (2004) definem esta fase como um período em que as vendas decresce, o mercado se aproxima da saturação e almeja novos produtos. As linhas de produtos são ampliadas e as empresas buscam gerar diferenciais por meio de valores agregados em serviços e reparos. As margens dos revendedores reduzem e conforme os preços e lucros decaem alguns concorrentes passam a 62 abandonar o mercado. As promoções passam a ser tratadas de forma pesadas do fabricante para os consumidores a fim de garantir a participação de mercado e algumas organizações passam a redefinir seus segmentos, buscando as fatias de mercado bem definidas, porém mal atendidas. Kotler e Keller (2006) definem esta fase de maturidade em três etapas, maturidade de crescimento, onde a taxa de crescimento começa a diminuir e não existe nenhum novo canal de distribuição para atender; maturidade estabilizada, onde as vendas atingem um patamar per capita devido saturação, a maior parte dos consumidores já experimentou o produto e as vendas passam a ser regidas pelo crescimento da população e demanda de substituição; maturidade decadente, quando o nível de vendas realmente declina e os consumidores passam a preferir outros produtos. Com a desaceleração de vendas e excesso de capacidade do setor, aumenta a concorrência, que luta para encontrar novos mercados, aumentando o volume de propaganda e promoção, investindo em pesquisa e desenvolvimento com intenção de melhorias e extensões de linha, aqueles que sobrevivem são os concorrentes mais entrincheirados, cujo objetivo e motivação são obter e manter a participação de mercado (KOTLER; KELLER, 2006). Hiam e Schewe (2000, p. 350) esclarecem que durante o estágio da maturidade surgem duas principais estratégias, uma defensiva e outra ofensiva. ‘“A meta de uma estratégia defensiva é evitar que a participação de mercado de um produto seja corroída pelos substitutos”. A mudança de foco ocorre no sentido de corte de custos de produção e eliminação de pontos fracos do produto. Conforme os autores, “algumas modificações podem ser feitas no mix de marketing, tais como melhorar a embalagem ou mudar o tema das promoções”. Ainda enfatizam que os preços passam a ser observados de forma mais importante á medida em que os consumidores respondem menos ás promoções. A estratégia ofensiva é concentrada na descoberta de novos mercados e segmentos não revelados, novas utilidades para os produtos e outras formas de estímulos ao aumento da utilização do produto pelos consumidores já existentes. Esta tentativa de ampliar o mercado estagnado é chamada pelos autores, de relançamento do produto. De acordo com Murphy (2000) grande parte dos profissionais de marketing cai no erro de imaginar que o crescimento é permanente, e acabam surpreendidos 63 com as quedas das vendas. Ainda expõe que com a queda das vendas, estas se tornam vulneráveis as mudanças econômicas e será necessário efetuar corte dos custos para sustentar algum lucro. Este último autor concorda com Hiam e Schewe (2000) com relação às estratégias ofensivas e defensivas, e ainda considera que se estas não apresentam resultados, restam apenas às estratégias de deleção de produtos fracos, que podem ser de continuação, de ordenha ou concentrada. No caso da primeira, o profissional de marketing mantém o mesmo plano de marketing até a retirada do produto do mercado. No caso da segunda, haverá cortes de custos de marketing e outros visando conseguir o máximo de receita e o mínimo de despesas, a partir do produto antes de sua morte. E na terceira estratégia de deleção de produto, os profissionais de marketing focalizam e direcionam as suas forças para o segmento mais forte do produto, abandonando os demais segmentos. 2.3.4 Etapa de declínio A fase do declínio é uma etapa em que as vendas reduzem, os lucros desaparecem e algumas empresas acabam por sair do mercado (CHRISTENSEN; ROCHA, 1999). Rosembloom (2002, p. 268) declara que “a menos que haja uma reviravolta extraordinária, que, ocasionalmente, ocorre, a eliminação é iminente quando um produto está no estágio do declínio”. Para o autor, existem duas situações a serem analisadas, se “os estabelecimentos marginais podem ser eliminados rapidamente para evitar posterior erosão do lucro” e se “a eliminação do produto causará reação adversa por parte dos membros do canal existentes”. A primeira preocupação está voltada ao fato de que um produto que está em estágio de declínio ainda pode estar sendo vendido por membros do canal, alguns terão pequenos estoques e os pedidos para reposição serão em quantidades bem menores e limitadas, já os membros que compram grande volume, certamente já terão eliminado o produto. A segunda preocupação é referente aos possíveis problemas dos membros do canal ao se deparar com a retirada de um produto em declínio. Em grande parte das vezes, a venda de um produto ocorre de forma casada com outro, se um dos produtos estiver em declínio possivelmente o outro também terá sua venda afetada, 64 e, por este motivo, algumas organizações mantêm no mercado alguns produtos que não fornecem lucros, mas que forçam a venda de outros produtos que ainda são rentáveis à empresa (ROSEMBLOOM, 2002). Lamb, Hair e McDaniel (2004) elucidam que o estágio do declínio é sinalizado por um longo período de vendas decrescentes e que a taxa de declínio é influenciada pela velocidade com que os indivíduos mudam de gosto e preferência ou pela velocidade com que as pessoas passam a adotar os produtos substitutos. Os autores descrevem que algumas empresas conseguem desenvolver estratégias bem sucedidas para agir nesta fase, elas eliminam toda e qualquer despesa de marketing e deixam as vendas declinarem conforme os consumidores deixam de comprar os produtos e então eventualmente os produtos são retirados do mercado. Para Kotler e Armstrong (2000) as empresas que identificam alguns produtos em declínio podem decidir se estes serão mantidos, podados ou retirados de linha. No caso da empresa decidir por manter os produtos, existe uma esperança de que seus concorrentes abandonem a indústria e ainda poderá reposicionar a marca retornando ao estágio de crescimento do ciclo de vida do produto. Para a situação de a empresa podar o produto é necessário reduzir custos e manter as vendas, caso obtenha sucesso, os lucros tornarão a aumentar. Se a empresa não deseja manter o produto ou podá-lo, resta então a decisão pela retirada de linha, vendendo-o para outra empresa ou então o liquidando em preço de custo. Os autores ainda dão uma dica, para as empresas que pretendem encontrar um comprador, elas não devem utilizar a estratégia de poda, pois esta influenciará no desenvolvimento da outra empresa com relação a este produto em questão. Para Murphy (2000) as empresas que estão com algum produto em declínio já não devem mais investir em mudanças do produto ou de sua embalagem, pois a intenção é que realmente o produto seja deixado de lado. Kotler e Keller (2006) explicam que as vendas declinam por diferentes fatores, avanço tecnológico, mudança de preferência do consumidor, acirramento da concorrência, processo de difusão e outros. Alguns dos produtos apresentam um declínio mais rápido e outros um declínio mais curto e complexo. Para as organizações que estão com produtos passando por esta etapa, poderão seguir cinco estratégias sugeridas pelos autores para os setores decadentes: aumentar o investimento buscando domínio de mercado ou posicionamento competitivo; manter 65 o nível de investimentos até o desaparecimento das incertezas; reduzir o nível de investimento gradativamente; colher os frutos dos investimentos para recuperar o caixa com maior rapidez; ou abandonar o negócio rapidamente, dispondo dos ativos da maneira mais vantajosa possível. Kotler e Keller (2006, p. 324) ainda deixam um lembrete, que a estratégia mais indicada é influenciada pela atratividade do setor e pela força competitiva da empresa. 2.3.5 A quinta fase adicional – o desenvolvimento do produto Alguns autores, além das quatro etapas já abordadas, citam uma quinta fase, que em seus pontos de vista, seria a fase que antecede a introdução. Esta fase é denominada desenvolvimento do produto. Murphy (2000) aborda o estágio de desenvolvimento do produto como sendo uma etapa do ciclo de vida do produto. Para a o desenvolvimento de produtos, o autor sugere seis passos que são geração de idéias, seleção destas idéias, teste de idéias, análise de negócios, produção de um protótipo e teste de marketing. Passando por todas as etapas o produto está apto para sua introdução no mercado. Para Kotler e Armstrong (2000) o estágio de desenvolvimento do produto ocorre a partir do momento em que uma organização encontra e desenvolve a idéia do produto. Segundo os autores, nesta etapa os lucros são nulos e os custos com investimentos são crescentes. Um modelo completo de ciclo de vida do produto, incluindo essa fase pode ser observado na Figura 10. Kotler e Keller (2006, p. 317) ainda apresentam dentro do ciclo de vida do produto uma divisão de três categorias, estilo, moda e modismo. De acordo com os autores, o estilo é “um moda de expressão básico e diferenciado que surge em uma área da atividade humana” e está aparente em casas roupas e na arte. O estilo pode durar gerações entrando e saindo de moda. A moda, para os autores, é “um estilo popular” e passa por quatro estágios, distinção, emulação, massificação e declínio. Para muitos a moda termina porque significa um compromisso de compra e os clientes passam a buscar atributos ausentes. O modismo é “a moda que aparece de súbito, é adotada com enorme entusiasmo, chega logo ao pico e declina 66 rapidamente”. Para os autores, o modismo “não sobrevive porque em geral não satisfaz uma necessidade precisa”. Vendas e lucros ($) Vendas , Lucros Tempo 0 Estagio de desenvolvimento do produto Introdução Crescimento Maturidade Declínio Perdas e investimentos ($) Figura 10: Vendas e lucros durante a vida do produto, da introdução ao declínio. Fonte: Kotler e Armstrong (2000, p. 158). De acordo com os autores mencionados, o ciclo de vida do produto varia conforme o produto, sua demanda e ainda com o processo de adoção e difusão de inovação, brevemente abordado no tópico seguinte relacionando os canais de distribuição aos processos acima citados. 2.3.6 O processo de difusão de inovação (estágio de introdução) e o canal de distribuição Ao abordar o processo de adoção pelos consumidores, muitos autores fazem menção à literatura Diffusion of innovations do sociólogo Everett Rogers, escrita em 1962, que ao revisar os estudos sobre como os indivíduos adotam uma nova idéia resumiu as descobertas como a “teoria da difusão”. Para Solomon (2002, p. 399) uma inovação “é qualquer produto ou serviço percebido como novo pelos consumidores” e complementa que “esses novos produtos ou serviços ocorrem tanto no ambiente dos consumidores quanto em nível industrial”. 67 Keegan (2005) expõe que a inovação, de forma óbvia é algo novo, porém na aplicação voltada a produtos e serviços pode ter uma significação diferente. De acordo com o autor, a partir do momento em que um novo produto é introduzido em qualquer lugar que seja ele já não é mais considerado inovação, pois não é mais algo novo para o mundo. Entretanto, um produto introduzido em um determinado lugar não é inovação para este mercado específico que já obteve conhecimento sobre o produto ou serviço, mas em lugares diferentes ainda pode ser tido como uma inovação, assim como também para outros mercados-alvo. O autor ainda declara partindo deste pressuposto, que alguns produtos podem estar no estágio de introdução em determinados mercados e simultaneamente em estágio de maturidade ou declínio em outros mercados. Blackwell, Engel e Miniard (2005) seguindo a mesma linha de pensamento de Keegan, descrevem que mesmo que um produto permaneça determinado tempo no mercado ainda pode ser visto como uma inovação e á medida em que os consumidores tomam conhecimento sobre ele então difundem esta inovação, que posteriormente seguirá para seu ciclo de vida partindo para o estágio de crescimento, maturidade e declínio. O processo de difusão de uma inovação inclui vários estágios e pode ser observado na Figura 11. Processo de difusão da inovação Organização Influenciador Aceitação Difusão da Inovação Rejeição Fim da Inovação Consumidor inovação – primeiros adotantes; ........ Processo de decisão pela inovação Figura 11: Adoção e Difusão do Processo de Inovação Fonte: Blackwell, Engel e Miniard (2005, p. 437) Para Rosembloom (2002) e Urdan e Urdan (2006) o grande desafio dos canais de distribuição está no aquecimento que ocorre durante o processo de difusão da inovação, assim como o desempenho destes quando os adotantes se 68 tornam adeptos dos produtos, pois a forma com que os adotantes reagem com relação às inovações são sinalizadores sobre como serão os esforços e desempenho de canal. Para Urdan e Urdan (2006) os canais necessitam estar devidamente definidos, desenhados e capacitados para desenvolver suas funções disponibilizando os produtos e serviços de maneira conveniente aos novos consumidores. Keegan (2005, p. 123) menciona cinco categorias de adotantes, e segundo ele adotantes são “indivíduos, dentro de um mercado, com base em sua tendência à inovação”. As categorias estão descritas no Quadro 3. CATEGORIA DE ADOTANTES POTENCIAL DE MERCADO Inovadores 2,5% Adotantes Imediatos 13,5% Maioria Imediata 34,5% Maioria Posterior 34,5% Adotantes Retardatários 16% Quadro 3: Categorias de adotantes e sua representatividade quanto ao potencial de mercado Fonte: Adaptado de Keegan (2005, p. 123) Conforme o autor, os inovadores são pessoas que adquirem as inovações logo que elas surgem, estes são aproximadamente de 2,5% do mercado potencial. A próxima categoria, 13,5%, é considerada adotantes imediatos, são aqueles indivíduos muito influentes nas comunidades em que vivem e muitas vezes até mais influenciadores que os próprios inovadores. Com 34% estão os indivíduos denominados maioria imediata e na mesma proporção está a maioria posterior. A maioria imediata e posterior são as classes que seguem as tendências, a moda e os modismos, mas dificilmente possui estilo, característica mais voltada aos inovadores e adotantes imediatos. Por fim, com 16% estão os retardatários, classe de pessoas que demora a utilizar a inovação, e que muitas vezes ao adotarem os produtos inovadores, talvez estes já estejam no seu estágio de declínio. Blackwell, Engels e Miniar (2005, p. 442) descrevem que a maioria inicial “consiste nos consumidores que deliberam extensivamente antes de comprar novos produtos, e ainda assim os adotam pouco antes do tempo médio necessário para 69 atingir a população como um todo”. Quanto à maioria tardia, o autor afirma que são indivíduos “propensos a ser cuidadosos quando avaliam as inovações, demorando mais tempo que a média para adotá-los, o que geralmente ocorre por pressão de seus semelhantes”. Para Solomon (2002) e Blackwell, Engels e Miniar (2005) o processo de adoção envolve comprometimento psicológico e comportamental do consumidor para com o novo produto. Boone e Kurtz (1998), Keegan (2005) e Solomon (2002) abordam cinco características da inovação que influenciam no comportamento e na área psicológica dos indivíduos para a adoção: a) Vantagem relativa: o consumidor precisa encontrar na inovação os benefícios que os demais produtos não apresentam, é o grau de superação percebida entre os produtos e esta característica é um determinante para a velocidade da adoção por parte das pessoas; b) Compatibilidade: a inovação precisa apresentar-se compatível com o segmento que utilizará o produto, é o grau de coerência com valores e estilo dos adotantes e precisa ser percebido de forma positiva, pois do contrário pode levar um produto ao fracasso; c) Complexibilidade: a inovação precisa oferecer características funcionais e simplificadas, o complexo dificilmente será escolhido pelo consumidor quando comparado entre os concorrentes, quanto maior a dificuldade de entendimento para a utilização do novo produto, maior será o tempo para sua aceitação; d) Possibilidade de teste: por ser uma inovação os consumidores ainda desconhecem o produto, seus benefícios e seu manuseio, para facilitar a adoção é importante que os consumidores tenham acesso a um teste com o produto sugerido, desta forma será possível experimentar algo sem compromisso de compra; e) Observabilidade: é o grau com que as outras pessoas podem observar os resultados do uso dos produtos, quando as inovações fornecem esta possibilidade, há grandes chances de aumentar a taxa de adoção. Keegan (2005) ainda apresenta outras duas características das inovações, são elas a divisibilidade e comunicabilidade. A primeira é referente à experimentação de uma inovação de forma limitada e sem onerar grandes despesas e a segunda é 70 relacionada quanto à forma de comunicação dos valores e benefícios para um mercado potencial. Descritos e fundamentados os conceitos e conteúdos, dada a importância dos canais de distribuição para as organizações, segue o próximo capítulo, com o desenvolvimento da metodologia de pesquisa a ser aplicada, a fim de alcançar os objetivos propostos no presente trabalho. 71 3 METODOLOGIA O presente capítulo é composto pela tipologia de pesquisa bem como sua forma de abordagem, o sujeito de estudo, os instrumentos de pesquisa, análise e apresentação dos dados e por fim, limitações da pesquisa. Estes subitens seguem descritos e fundamentados por diversos e reconhecidos autores. 3.1 Tipologia de pesquisa A classificação da tipologia de pesquisa pode ser definida de acordo com diferentes critérios. Primeiramente em relação ao seu objetivo, este estudo apresentou caráter exploratório e descritivo. Quanto ao caráter exploratório, Costa (2001) expõe que tal tipologia de pesquisa é indicada quando o pesquisador possui pouco conhecimento sobre o assunto abordado, em casos de bibliografia escassa e ainda não existem teorias explicativas, o que torna difícil a formulação de hipóteses. A pesquisa exploratória esteve muito presente, pois o produto é uma inovação e com isto os procedimentos referentes a ele ainda são desconhecidos, mesmo que em outras situações sejam procedimentos simples, para este caso acabam sendo novidade. De acordo com Andrade (1999, p. 106) no caso de pesquisa descritiva “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles”. Para Hair et al (2005, p. 86) “os planos de pesquisa descritiva em geral são estruturados e especificamente criados para medir as características em uma questão de pesquisa”. Chinazzo (2007, p. 119) afirmação que “as pesquisas descritivas buscam entender e explicar as relações sociais e culturais de uma determinada sociedade, por isso são com muita frequência requeridas pelas ciências sociais”. A pesquisa apresenta a fase descritiva no momento em que a pesquisadora inicia a observação dos fatos, registrando-os por meio de instrumentos de pesquisa (questionários e entrevistas), analisando, classificando e interpretando os dados sem interferir neles. Outro critério de classificação é quanto à natureza dos dados. Neste caso abordagem é definida tanto como qualitativa quanto como quantitativa. Em 72 diferentes situações buscou-se de forma diversificada, analisar qualidade e quantidade de dados. Para Hair et al. (2005, p. 104) “os dados qualitativos são coletados sem o uso de números” e afirmam que “os dados qualitativos tendem a ser subjetivos, o que significa que um pesquisador ou administrador deve interpretar o texto (palavras) ou imagens que representam a pesquisa”. Segundo Costa (2001) na pesquisa qualitativa o que realmente importa são os atributos. Na abordagem quantitativa “os dados são mais objetivos, uma vez que os resultados estatísticos não dependem da opinião do pesquisador” (HAIR et al. 2005, p. 104). Este tipo de pesquisa correspondeu principalmente na coleta de opiniões dos varejistas do setor pet sobre as possibilidades de distribuição do produto em estudo. Para Costa (2001) “a pesquisa quantitativa é metrificante” isto porque na pesquisa quantitativa pressupõe-se a utilização de métodos estatísticos. Isto se adequou ao momento de levantamento dos dados junto aos proprietários de cães, identificando e quantificando suas opiniões referentes à distribuição do produto foco da análise. As abordagens qualitativas e quantitativas foram de grande importância, pois em parte dos dados coletados houve análise e interpretações dos dados sem a aplicação de números e em outra parte da análise foram empregados os números a fim da mensuração dos resultados. Nesta mescla de técnicas e procedimentos que se desenvolveu uma pesquisa consistente, real e precisa quanto a recepção do produto e os canais de distribuição adequados para a etapa de lançamento do City Clean Poo Bag. Finalmente, quanto ao tipo de procedimento, a pesquisa utilizou á pesquisa diagnóstico, que de acordo com Martins e Lintz (2000) e Roesch (2007) é um procedimento especial de investigação com a finalidade de explorar o ambiente, levantar e definir problemas. Também foi utilizado o procedimento Survey, pois conforme Hair et al. (2005, p. 157) “é um procedimento para coleta de dados primários a partir de indivíduos”. Os autores ainda expõem que surveys são bem empregados nos casos de coleta de dados em uma grande amostra. 73 3.2 Sujeito de estudo Os sujeitos de estudo foram divididos em três classes: proprietários de cachorros, varejistas do setor pet e o proprietário da empresa produtora do City Clean Poo Bag. Primeiramente em relação ao primeiro grupo, por meio de uma amostra não probabilística por cotas, aplicaram-se um total de (393) trezentos e noventa e três questionários a proprietários de cães, residentes nas quatro cidades escolhidas para aplicação da pesquisa, sendo elas: Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí e Itapema. Assim sendo, foi identificada a população de cada cidade junto ao Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE, 2010) segundo a estimativa de 2009, observando a proporção das mesmas no total da população dos quatro municípios. A amostra total foi estabelecida procurando conter na mesma as cotas proporcionais referentes a cada cidade. Do total de participantes, 29% eram de Balneário Camboriú, 17,3% de Camboriú, 43,3% de Itajaí e 10,4% de Itapema. Em um estudo com amostra não probabilística a definição de margem de erro e indevida. Contudo, caso o fosse, esse número de participantes (amostra) frente à população total dos quatro municípios resultaria em um erro amostral inferior a 5%. Os integrantes da amostra foram escolhidos partindo dos seguintes requisitos: possuir no mínimo um cão e residirem em uma das cidades da cobertura geográfica do estudo. Os entrevistados foram escolhidos ao acaso de acordo com a sua aparição (e de seu cão) nos locais onde a pesquisadora estava aplicando os questionários. Grande parte dos respondentes estava em passeios com os cães nas vias de práticas de esportes como caminhadas. Em Balneário Camboriú os locais de aplicação da pesquisa foram em pontos da Avenida Atlântica como Barra Sul, Praça Almirante Tamandaré e Pontal Norte, locais de maior fluxo de pessoas fazendo caminhadas e levando consigo os cães. Na cidade de Camboriú o local de aplicação dos questionários foi na Praça da Figueira, local onde os moradores desta cidade costumam se reunir durante horários de lazer. Em Itajaí os locais de aplicação da pesquisa foram na Avenida Beira Rio, próximo ao Parque da Marejada e na Praça da Avenida Beira Rio, na praça em frente à Catedral e na Praça Lauro Müller. Já em Itapema os locais de aplicação da pesquisa foram Avenida Nereu Ramos e calçadão da Praia. Porém, a amostra foi completada aplicando o questionário a proprietários 74 de cães em pet shops, universidades e com pessoas de relacionamento do pesquisador. O período de aplicação ocorreu entre Agosto e Outubro de 2010 e contou com seis aplicadores. Com relação aos varejistas do setor pet participaram um total de oitenta (80), dos quais foram ouvidas as pessoas extremamente ligadas à administração das empresas. Quando não era possível entrevistar os proprietários, então se fazia o procedimento com algum responsável pela empresa. Os varejos especializados no ramo pet foram selecionados com base nas informações de guias telefônicos e web sites. Segue Quadro 4 com a apresentação das cidades e número de estabelecimentos entrevistados em cada uma delas. No capítulo 4, no qual são apresentados os resultados da pesquisa, os integrantes deste grupo são nominados. Cidade Balneário Camboriú Número de estabelecimentos entrevistados 35 Camboriú 07 Itajaí 27 Itapema 11 Quadro 4: Número de estabelecimentos entrevistados em cada cidade. Fonte: Dados da pesquisa Outro sujeito de estudo foi o proprietário da empresa que desenvolveu o City Clean Poo Bag. O Sr. Jazielson Fidelis da Silva foi entrevistado por meio de um roteiro estruturado e pode então contribuir com as informações sobre sua percepção com relação ao mercado pet, características do produto e objetivos de distribuição. 3.3 Instrumentos de pesquisa Como mencionado na seção anterior, o estudo baseou-se em três grupos de análise. Para cada um deles definiu-se instrumentos e abordagens diferentes. Para identificar as necessidades dos consumidores finais do mercado pet os dados foram coletados por meio de questionários (Apêndice A) aplicados a proprietários de animais de estimação. Os questionários, de acordo com Hair et al. (2005, p. 159) são “conjuntos predeterminados de perguntas criadas para coletar dados dos respondentes”. Segundo os autores, o objetivo deste instrumento de pesquisa é 75 medir características de grande importância para pessoas, organizações, eventos entre outros fenômenos. Este instrumento foi desenvolvido a partir de perguntas abertas e fechadas, através das quais se buscou identificar os hábitos de passeio dos proprietários de cães, frequência com que estes passeios ocorrem, hábitos e necessidades fisiológicas dos cães, hábitos de higiene e consciência ambiental do portador do animal, conhecimento sobre coletores fecais, intenção de compra e sugestão de quantidade de unidades por embalagem para comercialização dos produtos de acordo com a necessidade exposta por cada respondente, assim como informações sobre quais os locais mais convenientes para aquisição destes materiais e frequência com que os consumidores pretendiam adquirir o produto a eles proposto. Após o desenvolvimento do mesmo, foi aposto um préteste o qual foi aplicado com vinte (20) pessoas que atendiam aos requisitos anteriormente apresentados. No préteste foram identificadas algumas necessidades de alterações, as quais feitas possibilitaram um questionário mais sucinto e claro, com questões mais objetivas e de melhor interpretação para que os respondentes não sofressem qualquer dificuldade quanto ao entendimento das perguntas. Desta forma, o instrumento finalizado contou com 28 questões divididas em quatro blocos, primeiramente buscando identificar a quantidade de cães que o portador do animal possui, a raça do animal, bem como a idade do cão e o tempo de convivência com o mesmo. Em outra etapa as questões foram de cunho socioeconômico com perguntas sobre idade do portador do animal, sexo, estado civil, escolaridade, cidade de residência e renda familiar. No terceiro bloco buscou-se averiguar o tipo de residência e o espaço destinado ao cão. Finalmente, as questões foram direcionadas a identificação dos hábitos de passeio com o cão, hábitos do animal durante os passeios, hábitos de coleta das fezes nos casos em que os respondentes afirmavam ocorrer durante as saídas com os cães, conhecimento sobre a existência de coletores fecais, locais de compra para os casos de portadores que já haviam adquirido algum material desta finalidade, sugestão de locais para compra destes produtos, sugestões de quantidade a ser comercializada e também frequência de compra em casos de interesse pelo material, além de procurar saber o valor mensal que o portador investe em produtos e serviços para o seu cão. É 76 importante destacar que nem todas as questões realizadas foram utilizadas para apoiar as decisões de canal. Para o levantamento das necessidades dos varejistas do setor pet foram aplicadas entrevistas estruturadas e focalizadas. De acordo com Andrade (1999, p. 128) as entrevistas estruturadas ou padronizadas “consistem em fazer uma série de perguntas a um informante, segundo um roteiro preestabelecido”. Na entrevista estruturada o conteúdo e a ordem das perguntas não devem ser alterados para permitir a comparação entre as diferenças das respostas de vários respondentes. Quanto à entrevista focalizada, Andrade (1999, p. 129) descreve que “mesmo sem obedecer a uma estrutura formal, preestabelecida, o pesquisador utiliza um roteiro com os principais tópicos relativos ao assunto da pesquisa”. Foi com a mescla destas duas técnicas de entrevista que se obteve um resultado real permitindo alcançar os objetivos específicos do presente estudo. Essa utilização dupla deu-se de acordo com a situação encontrada em cada um dos estabelecimentos visitados. Havia casos em que era possível estabelecer um contato mais profundo e formal. Já em outros, a entrevista se dava no balcão do estabelecimento em meio ao atendimento do entrevistado aos seus clientes. O roteiro (Apêndice B) estabeleceu um direcionamento para obtenção das respostas, porém deixando os entrevistados a vontade para exposição das idéias. Através do mesmo se buscou conhecer o perfil dos clientes atendidos por cada varejo especializado, conhecimento sobre coletores fecais disponíveis no mercado, demanda por produtos com esta finalidade, fornecedores para tais produtos, bem como características que estes varejistas procuram identificar nos fornecedores de produtos do setor e a preferência por intermediários dos canais de distribuição. Já para saber do proprietário da empresa quais eram suas expectativas em relação ao mercado desejado, bem como demais informações sobre intenção de distribuição, foi desenvolvido um roteiro para entrevista (Apêndice C). Este roteiro permitiu identificar por parte do proprietário, as situações ambientais assim como situação de concorrência em relação ao seu produto. Também por meio da entrevista, extraiu-se informações sobre objetivos de distribuição e limitações encontradas para o lançamento do City Clean Poo Bag. 77 Desta forma, os instrumentos de pesquisa aplicados permitiram um estudo mais completo tendo em vista as características qualitativas complementadas com as características quantitativas deste estudo. 3.4 Análise e apresentação dos dados Os dados obtidos por meio da aplicação dos questionários e entrevistas foram analisados também de formas diferentes. Para analisar os questionários, foi utilizado um programa denominado Sphinx Plus versão 4.0. Esta ferramenta auxiliou na tabulação dos dados quantitativos, possibilitando a análise estatística simples por distribuição e cruzamento de variáveis. As tabelas e gráficos da apresentação dos dados foram feitas também através deste software. Os gráficos utilizados foram de colunas a fim de tornar visível e informar de maneira mais clara os resultados permitindo uma comparação entre as informações neles apresentadas As entrevistas foram analisadas por meio de interpretação dos dados coletados, os quais foram transcritos de maneira a qualificar os resultados, informando-os sob forma textual, além da criação de quadros resumos. 3.5 Limitações da pesquisa A presente pesquisa apresentou limitações no sentido de levantamento de dados com um maior número de indivíduos, pois a mesma teve importância não somente para o desenvolvimento deste estudo como para o lançamento real de um novo produto no mercado, sendo que houve apenas uma pesquisadora aplicando os questionários. Outra limitação é referente à impossibilidade de inferir os resultados do estudo na população devido ao tipo de amostra. A amostra por cotas foi a mais indicada por motivos de custos e de tempo, tendo em vista que em outra situação, seria uma amostra probabilística a qual oneraria maior demanda de tempo e recursos. A realização de uma amostra não probabilística por cotas facilitou o desenvolvimento do presente estudo, porém limita os resultados ao grupo pesquisado. Assim os resultados não servem como uma resposta generalizada a outras cidades, nem tampouco a outros portadores de cães. 78 4 RESULTADOS DA PESQUISA Este capítulo tem por finalidade apresentar os resultados da pesquisa aplicada, analisando as necessidades dos consumidores finais bem como as necessidades dos varejistas do setor pet a fim de definir por meio das respostas obtidas, o arranjo (Design) de canal de distribuição, sob a ótica do marketing, mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag, para alcançar o maior número de consumidores finais no mercado pet. 4.1 Análise das necessidades do consumidor final e do varejista do setor pet Este tópico apresenta os resultados obtidos nos questionários aplicados aos proprietários de animais de estimação e entrevistas aplicadas aos varejistas do setor pet a fim de identificar as necessidades do setor. 4.1.1 Análise das necessidades do consumidor final A análise das necessidades do consumidor de acordo com Backer (2005), Hiam e Schewe (2000), Kotler e Keller (2006) são de grande importância, pois podem revelar á organização direções e estratégias pelas quais a empresa obtém vantagem competitiva e alcança solidez em suas tarefas. Dada importância á análise das necessidades do consumidor final, foi elaborado um questionário (Apêndice A), o qual foi aplicado a pessoas que possuem cães e residem em quatro cidades da região: Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí e Itapema. O propósito da escolha dos quatro municípios foi o de ter uma maior heterogeneidade da amostra, já que as cidades possuem perfis demográficos e econômicos distintos. Isso poderia ter ocorrido com cidades mais distantes, contudo o fator proximidade para o acesso foi decisivo. A partir da estimativa populacional informada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com referência no ano de 2009, procurou-se preencher a amostra com as mesmas proporções. Contudo isto não foi possível, sendo que a coleta na cidade de Itajaí ficou próxima, mas inferior a estimativa necessária para que os números ficassem perfeitos. Na Tabela 1 segue 79 apresentação da estimativa populacional e divisão proporcional de questionários aplicados. Após os dados são apresentados. Tabela 1: Apresentação de população e proporção de questionários aplicados em pesquisa. Cidade Estimativa Populacional (Número de habitantes) Bal. Camboriú 102.081 Camboriú 57.793 Itajaí 172.081 Itapema 36.629 Total 368.584 Fonte: IBGE (2010) e dados da pesquisa Proporção da população total (%) Número mínimo de questionários aplicados Proporção da amostra (%) 27,7% 15,7% 46,7% 9,9% 100% 114 68 170 41 393 29% 17.3% 43.3% 10.4% 100% a) Perfil da amostra: Observando-se os resultados obtidos pelos questionários aplicados, foi possível identificar que grande parte dos respondentes são pessoas na faixa etária entre 18 e 33 anos, representando 85,3%. Quanto ao sexo dos portadores de animais ouvidos a predominância é de mulheres, sendo 64,1% e os homens 35,9%. Dentre os respondentes 60,6% são solteiros, 35,4% são casados e pouco mais de 4% são divorciados ou viúvos. No quesito grau de instrução, 42,2% possuem ensino superior incompleto ou cursando, 27,2% já possuem diploma de curso superior e 29% concluíram o ensino médio, sendo que apenas 1,5% estão cursando o ensino médio ou deixaram de estudar antes de finalizar o curso. Ao analisar as condições financeiras, observa-se que 55,5% dos entrevistados possuem uma renda familiar entre R$ 2.041,00 a R$ 4.080,00, 25,4% possuem renda familiar superior a R$ 4.081,00. Em menor proporção, 16,8% recebem de R$ 1.021,00 a R$ 2.040,00 e os demais 2,3% recebem valores inferiores a R$ 1.021,00. Ao verificar o tipo de residência, 60,6% residem em casas e 39,4% residem em apartamentos. Dentre os respondentes, 51.1% possuem cães que dividem o espaço residencial com as pessoas, 33,1% possuem espaço específico para os cães e, 15,8% possuem espaço específico para o animal, porém permitem que os mesmos utilizem os espaços comuns. 80 b) Hábitos dos animais e dos seus proprietários: Apresentado esse perfil demográfico, na sequência dos resultados a abordagem foi direcionada aos hábitos dos animais e de seus portadores, no que diz respeito a passeio, intenção do passeio, intensidade de saída com o objetivo de que o cão faça suas necessidades fisiológicas, a freqüência em que isso ocorre, hábitos de coleta das fezes e materiais utilizados. Questionado sobre os hábitos de passeio aos participantes do estudo, pouco mais de 69% mencionam que o possuem em um nível de intensidade de eventualmente ou mais. Destes a maior proporção são aqueles que o fazem de forma eventual (29%), seguidos pelos que o fazem quase todos os dias (23,4%). Ainda entre os que fazem, de forma mais intensa estão os cerca de 15% que saem diariamente e os 2% que chegam a fazer isto mais de uma vez ao dia. Em situações raras estão os pouco mais de 18%. Somente cerca de 13% afirmam não ter o hábito de sair com seus cachorros para passeios (Gráfico 1). 29,0% 23,4% 18,1% 14,8% 12,7% 2,0% Não o tenho o hábito Raramente Eventualmente Quase todos os dias Diariamente Mais de uma vez ao dia Gráfico1: Hábito de passeio. Fonte: Dados da pesquisa. Mesmo que este tipo de amostra do estudo não permita uma análise específica por município, é importante caracterizar a existência de diferenças nos hábitos de passeio com os animais. Nas cidades de Balneário Camboriú e Itapema os passeios com os cães são mais freqüentes, já que mais de 55% e 51% respectivamente mencionam que o fazem no mínimo quase todos os dias. Em Itajaí esta proporção é menor, pois menos de 40% indicam levar os cães para passear nesta mesma intensidade. O maior destaque é a cidade de Camboriú, onde o hábito 81 de passeio com maior intensidade é indicado por apenas pouco mais de 10% dos respondentes. Dos que possuem o hábito de passeio com seus cães (retirado da análise os 12,7% que não possuem em nenhuma intensidade), verificou-se que os que saem com seus animais com o propósito de que os mesmos façam suas necessidades fisiológicas são pouco mais de 59% (Gráfico 2). Porém nem todos o fazem exclusivamente para isso, já que 48,1% destes afirmam que só em boa parte dos passeios essa e a intenção, e apenas 11,1% essa sempre é a intenção. Os demais, um grupo de aproximadamente 41%, menciona que não possuem a intenção de tirar os animais de dentro de suas residências com esta finalidade, dos quais cerca de 19% admitem que raramente fazem os passeios com este desígnio. O restante (22,2%) faz passeios com os animais, contudo não tem a intenção de que o passeio seja para esta finalidade. 48,1% 22,2% 18,7% 11,1% Sempre, esta é a intenção Em boa parte esta é a intenção Não, raramente esta é a intenção Não, esta não é a intenção Gráfico 2: Intenção de passeio. Fonte: Dados da pesquisa. Os participantes da pesquisa que saem de casa com a intenção de levar seus animais para passear e eliminar as fezes (69,2% dos que passeiam com o animal), em sua maioria (44,6%) o faz até uma vez ao dia, na sequência estão cerca de 19% que saem de duas a três vezes ao dia com esta intenção. Existe também uma pequena parcela de portadores de animais que saem entre quatro e cinco vezes diárias com esta finalidade e representam menos de 1%. Alguns participantes, pouco mais de 10% afirmam que a intensidade de saídas pode depender do dia e 82 aproximadamente 26% não sabem responder com que frequência realizam os passeios. Segue Gráfico 3 com apresentação dos referidos dados. 44,6% 25,7% 19,2% 10,2% 0,3% Até 01 vez ao 02 a 03 vezes04 a 05 vezesDepende o dia Não sei ao dia dia ao dia responder Gráfico 3: Intensidade de saídas. Fonte: Dados da pesquisa. Após identificar a intensidade de saídas com a finalidade de levar os animais para eliminar os dejetos fecais buscou-se identificar com que frequência os cães defecam durante os passeios (Gráfico 4). Uma grande parcela de participantes (91,5%) respondeu que os cães realmente utilizam as saídas para esta finalidade. Dos respondentes, aproximadamente 40% afirma que quase sempre ocorre de os animais urinarem e evacuarem durante os passeios, cerca de 16% expuseram que isto acontece mas raramente, não sendo assim frequente. Para pouco mais de 13% ocorre à eliminação dos dejetos fecais na média dos passeios realizados, sendo que para outros 13% sempre ocorre de os cães utilizarem os passeios para fazer suas necessidades fisiológicas. Existem aqueles portadores que afirmar ocorrer este fato menos da metade das vezes em que realizam passeios com os cães, representando 9%. Uma pequena parte dos entrevistados (5,2%) não sabem responder qual a frequência com que os cães defecam durante os passeios e outra parcela dos participantes (3,2%) afirma que isto nunca ocorre durante as saídas com os animais. 83 39,7% 16,3% 13,4% 13,1% 9,0% 3,2% Sim, sempre Sim, quase Sim na média Sim, mas menos da sempre metade Sim mas raramente Não nunca 5,2% Não sei responder Gráfico 4: Freqüência com que os cães defecam durante os passeios. Fonte: Dados da pesquisa. Ao analisar os hábitos de coletas das fezes eliminadas pelos cães durante os passeios (Gráfico 5) verifica-se que mais de 75% dos participantes que possuem o hábito de passeio com seus animais a fim de levá-los para que possam fazer suas necessidades fisiológicas possui também o hábito de coletar os dejetos eliminados. A maior parte destes respondentes (33,1%) afirma sempre coletar as fezes, outra parte dos entrevistados que representa aproximadamente 30% afirma coletar quase sempre e mais de 17% coletam as fezes na média das saídas. Ainda existe uma parcela considerável de mais de 24% que não possui o hábito de coletar os dejetos fecais eliminados pelos seus cães. 33,1% 24,9% 24,4% 17,6% Sempre Quase sempre Na média Não possuo o hábito Gráfico 5: Hábito de coleta das fezes animais. Fonte: Dados da pesquisa. 84 A abordagem feita na pesquisa para averiguar com que materiais os portadores de cães realizam a coleta dos dejetos fecais (Gráfico 6), identificou que dos 290 participantes que possuem o hábito de fazer a coleta das fezes eliminadas pelos cães, em alguma intensidade durante seus passeios, aproximadamente 93% utilizam sacolas plásticas de supermercados. Cerca de 4% utilizam papel higiênico e o restante pouco mais de 3%, utiliza jornal. 92,8% Sacola plástica 3,8% 3,4% Papel higiênico Jornal Gráfico 6: Materiais utilizados para a coleta das fezes. Fonte: Dados da pesquisa. c) Expectativa do produto e do canal de distribuição: Especificamente em relação às necessidades destes consumidores em função do canal de distribuição para coletores de fezes, a pesquisa buscou identificar se os portadores de animais, mais precisamente cães, obtêm algum conhecimento sobre a existência destes produtos, se estas pessoas já manifestaram interesse por estes materiais e em que estabelecimentos os encontraram. Ainda houve a indagação sobre se haveria interesse em adquirir coletores descartáveis e biodegradáveis como uma proposta confortável e de cunho ambiental, quais os estabelecimentos sugeridos para a distribuição dos coletores a fim de melhor suprir a necessidade do consumidor final, qual a quantidade ideal sugerida para venda e com qual freqüência eles pretenderiam comprar os produtos. Dos respondentes, 91,1% mencionam que desconhecem qualquer produto desta natureza e apenas 8,9% dizem já conhecer algum produto para esta finalidade (Gráfico 7). 85 91,1% 8,9% Sim conheço Não conheço Gráfico 7: Conhecimento sobre coletores fecais. Fonte: Dados da pesquisa. Ao verificar o interesse de compra dos produtos, cerca de 95% nunca compraram nenhum produto deste gênero e aproximadamente 4% já compraram algum coletor. Apenas pouco mais de 1% disse já tê-lo procurado, mas não o adquiriu. Da parcela que já adquiriu algum coletor fecal (4%), 94,7% o fizeram junto aos pet shops e os demais (5,3%) compraram o produto em agroveterinárias. Quando observada a questão relacionada ao interesse de compra de um produto com uma proposta diferenciada dos demais produtos existentes, a grande maioria dos participantes respondeu que possui interesse. Cerca de 43% afirmam que comprariam com certeza o produto proposto e 32% declaram que provavelmente comprariam. O restante, pouco mais de 9% não sabe se posicionar, ficando em posição intermediária. Aproximadamente 1% dizem que talvez não comprarão e um grupo de 1,3% afirmam ter certeza de não comprar os produtos. Cerca de 10% não sabe responder qual é a intenção de compra e para quase 4% a compra depende de alguns fatores, como preço, facilidade de uso do produto e facilidade do acesso ao produto (Gráfico 8). 86 42,7% 32,3% 9,9% 9,4% 3,6% 0,8% Com certeza Provavelment Nem sim nem Talvez não não e sim 1,3% Com certeza não Depende de Não sei responder alguns fatores Gráfico 8: Intenção de compra dos coletores fecais. Fonte: Dados da pesquisa. Observando a intenção de compra dos coletores fecais por cidade (mesmo não podendo atribuir inferência), a necessidade do consumidor final se apresenta de forma diferente. Em Balneário Camboriú a intenção de compra e a necessidade da utilização deste tipo de material surgem de forma muito favorável aos produtos. Dos respondentes locais, cerca de 82% dos consumidores demonstraram interesse em adquirir os coletores fecais, sendo que destes, aproximadamente 51% afirmaram que com certeza comprariam o produto e 31% defendem que provavelmente fariam a aquisição, Na cidade e Camboriú o percentual de consumidores com interesse de compra do coletor fecal reduz para 65%, dos quais 46% acreditam que provavelmente seriam consumidores de tal material e apenas 19% dizem ter certeza da compra do produto. Em Itajaí mais de 88% dos respondentes demonstraram interesse em tais produtos, tanto que mais de 55% tem certeza da compra e cerca de 33% provavelmente incluiria este produto em seus hábitos de compra. Finalmente na cidade de Itapema houve a maior parcela de respondentes que apresenta real interesse de compra dos materiais com esta finalidade. Mais de 94% afirmam ter interesse de compra, sendo que 52,9% comprariam com certeza e 41,2% provavelmente fariam a aquisição. Essa avaliação de intenção por cidade pode ser reflexo do próprio hábito de passeio, que é diferente em intensidade conforme município. Os proprietários de cães da cidade de Camboriú, participantes do estudo, indicaram ter menos propensão a levar seus animais para passeios, e entre os mesmos, também é menor 87 a intenção de compra dos coletores. O contrário ocorre em Itapema, onde a intensidade de passeio e a intenção de compra são maiores. A fim de identificar em quais estabelecimentos os consumidores gostariam de encontrar os produtos para a venda, surgiram diversas sugestões (Gráfico 9). A grande maioria (90,6%) dos respondentes citou os varejos do tipo pet shop. Houve uma boa parcela dos participantes que demonstraram interesse em adquirir os produtos em supermercados, representando pouco mais de 45% dos entrevistados. Em menores proporções estão as clínicas veterinárias especializadas, menionada por 28%, seguidos pelas lojas de conveniência (15,5%) e pelas agroveterinárias (14,8%). As demais opções indicadas tiveram um baixo índice de lembrança. Notase que a força dos pet shops é intensa, já que são varejos especializados e oferecem um mix de oferta bastante abrangente, o que facilita a vida dos proprietários. O supermercado, que tem ampliado seus espaços de linhas pets também se mostrou como uma opção influente. 90,6% 45,3% 28,0% 14,8% 15,5% 1,8% 3,1% 0,3% Pet Shops Clinicas Agroveterinári Supermercad Lojas de Lojas Próprias Casas de Veterinárias as os Conveniência do fabricante Embalagens Internet Gráfico 9: Estabelecimentos sugeridos para comercialização dos coletores fecais. Fonte: Dados da pesquisa. Observando os locais de preferência da distribuição dos coletores fecais, buscou-se identificar também qual a quantidade ideal sugerida pelo consumidor para a compra (Gráfico 10). Dos 393 participantes, 79,4% sugerem a venda em pacotes com 10 unidades, 10,7% sugerem pacotes com 07 unidades e os outros 9,9% dividem-se de igual forma entre pacotes com 05 unidades, pacotes com 02 unidades e venda unitária do produto. A embalagem com 10 unidades é reforçada, pois 88 avaliando-se a média das respostas dos participantes, o resultados é de 8,95 unidades por pacote. 79,4% 10,7% 3,3% Produto unitário 3,3% 3,3% Pacote com 02Pacote com 05Pacote com 07Pacote com 10 unidades unidades unidades unidades Gráfico 10: Sugestão de venda dos coletores fecais. Fonte: Dados da pesquisa. Após buscar saber qual é o interesse de compra dos consumidores finais, bem como as quantidades sugeridas como ideal pra suprir suas necessidades, passou-se então a identificar com qual frequência os consumidores entrevistados pretendem adquirir os produtos (Gráfico 11). De todos os participantes, cerca de 41% comprariam o produto mensalmente, sendo que pouco mais de 37% compraria a cada quinzena, aproximadamente 19% compraria semanalmente e apenas 3% apresentou interesse em adquirir o produto a cada passeio. Isso reflete bem a quantidade de unidades por embalagem sugerida. O produto unitário (3%) é diretamente relacionado a intenção de compras a cada passeio (2,8%). 89 41,2% 37,2% 18,8% 2,8% A cada passeio SemanalmenteQuinzenalmen Mensalmente te Gráfico 11: Previsão de compra dos coletores fecais. Fonte: Dados da pesquisa. Analisado as percepções e necessidades do consumidor final do mercado pet, a seguir dá-se continuidade aos resultados deste objetivo, com a análise dos varejistas do setor. 4.1.2 Análise das necessidades do varejista do setor pet Analisar as necessidades do consumidor e dos pontos de distribuição é de suma importância para os fabricantes desenvolverem estratégias certeiras. Backer (2005) afirma que é na área de distribuição que surgem inúmeras vantagens competitivas, ele ainda expõe que a inovação trouxe para as novas estratégias de marketing benefícios referentes à conveniência, agilidade, acessibilidade e custos reduzidos. De acordo com Hiam e Schewe (2000, p. 406) “as decisões quanto aos canais devem ser baseadas em uma avaliação das metas e recursos da organização, e no conhecimento do mercado”. Kotler e Keller (2006) descrevem ainda que os sistemas de canais sofrem mudanças frequentemente e estas envolvem o aproveitamento das oportunidades e as condições de mercado. Com o objetivo de conhecer de forma mais clara as necessidades e as condições do mercado pet foi aplicada uma entrevista com os proprietários de pet shops, escolhidos conforme critério exposto na metodologia, o que resultou em um total de oitenta estabelecimentos, dos quais trinta e cinco foram em Balneário Camboriú, sete entrevistas em Camboriú (nesta cidade todos os pet shops da cidade 90 identificados foram entrevistados), vinte e sete em Itajaí e onze entrevistados em Itapema. Todos os entrevistados foram muito receptivos e colaboraram de forma positiva para a realização da pesquisa. a) Pet shops de Balneário Camboriú: Balneário Camboriú é uma cidade com um mercado pet bem desenvolvido, com uma cultura moderna e com uma economia do setor em constante crescimento. Ao buscar identificar as necessidades do varejista do setor foram observados aspectos de percepção pessoal quanto à economia de mercado, perfil dos clientes e seus hábitos para com os animais de estimação, disponibilidade de coletores fecais para cães nos estabelecimentos, bem como principais serviços demandados, principais fornecedores e distribuidores, aspectos relevantes na escolha dos fornecedores e preferência por níveis de canal de distribuição. A entrevista foi iniciada com a apresentação do trabalho proposto pela acadêmica, exposição sobre o curso de graduação e a universidade, em geral os entrevistados foram bastante colaborativos e receptivos para esta pesquisa. Logo após uma breve explanação sobre os motivos e objetivos da pesquisa, os entrevistados foram convidados a expor suas percepções com relação à economia do mercado pet. Todos, sem exceção, tiveram o mesmo posicionamento e se dizem completamente satisfeitos com relação ao crescimento do setor e de seus estabelecimentos. Um depoimento interessante foi da Sra. Simone Guimarães, responsável pelas informações fornecidas na entrevista com o Pet Família, que se diz muito feliz ao acompanhar o desenvolvimento do projeto do pet shop e a concretização do empreendimento. Ela inclusive relata que trabalha na área há aproximadamente cinco anos e que com a proposta de trabalho, serviços disponibilizados e valores agregados, a organização oferece um diferencial competitivo que os posiciona no mercado, em um curto período de tempo, como o melhor e mais completo pet shop da cidade de Balneário Camboriú, ganhando maior credibilidade que o Pet Shop Neves, com mais tempo de atuação na cidade e até mesmo com um reconhecimento de marca muito forte. A percepção e expectativa dos profissionais da área são de um crescimento acentuado e um mercado cada vez mais promissor. De acordo com a opinião pessoal da Sr. Juliano, do Pet Shop Binha, o mercado pet está em ascensão, pois 91 está baseado em pessoas com alto poder aquisitivo, menor intenção em ter uma família numerosa e desejo de compartilhar carinho e afeto sem responsabilidades tão sérias quanto as que envolvem filhos. Prosseguindo a entrevista, foi solicitado que falassem sobre o perfil de seus clientes e sobre os hábitos destas pessoas para com os seus animais de estimação. Segue no Quadro 5 a descrição das respostas de acordo com os locais onde foi aplicada a entrevista na cidade de Balneário Camboriú. Balneário Camboriú Cidade Empresas participantes Pet Shop Neves; Pet Familia; Pet Dog & Doguie; Pet Shop Givenchy, Pet Shop Binha, Cães e Gatos Pet Shop, Poodle e Cia., Pet Shop Campos, Pet Center, Pet Shop Império Animal, Pet Shop Flucks, Pet Shop La Barrica, Pet Shop Silva, Pet Shop Amicão, Pet Shop Cão Fiel, Pet Shop Lord & Lady, Planet Dog Pet Shop, Animal Center Pet Shop, Cani e Gatti Pet Shop, Animal Esthetic Comércio de Produtos e Serviços, Patinhas Pet Shop, Pet Shop Cães e Cia., Makk Dog Pet Shopping, Big Bichos Pet Shop, Dog Shop, Pet Shop Ramos, Centro Canino Ana Laudert, Pet Shop Arca, Latido Pet Shop, Pet Center, Empório Animal Pet Shop, Pet Shop do Gustavo, Mister Dog Pet Shop, Pet Shop arroba Cão, Pet Shop Focinho. Perfil do público atendido Estes pet shops apresentam uma proposta diferenciada e atendem principalmente pessoas de altíssimo poder aquisitivo. São pessoas de classe A e B, sendo que a classe A adquire planos mais completos e usufruem de serviços com custos bem elevados. Nestes pet shops foram relatados hábitos muito especiais para com os animais. Os clientes têm o hábito de levar seus animais para passeios no máximo de vezes possíveis e em todos os lugares permitidos. Tratam os cãezinhos como crianças, comprando os produtos de maior valor, desde roupas, camas, acessórios até brinquedos. São pessoas que gostam de luxo e glamour. Adquirem os planos mais completos e exigem um tratamento especial para com os animais. Para estes pet shops o poder aquisitivo de seus clientes é bom. São pessoas com condições financeiras estáveis. Classificam seus públicos em classes B e C. Estas pessoas que cuidam dos animais como crianças e os consideram integrantes da família. Saem para passeios com os animais e os levam com intenção de distraí-los e de permitirem que eles não se sintam estressados por ficarem fechados nas residências. Sentem-se atraídos por produtos estéticos e compram muitos acessórios para aplicação no pêlo do animal. Quadro 5: Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Balneário Camboriú. Fonte: Dados da pesquisa. Ainda falando-se de perfil, questionou-se sobre os principais serviços procurados. Nos pet shops Neves, Família e Dog&Doguie, os serviços de banho e tosa bem como atendimento veterinário já foram ultrapassados pela procura de hospedagem e recreação animal. Segundo a Sra. Simone do Pet Família, os 92 proprietários de cães levam seus animais até o pet shop em questão, para um período de recreação com profissionais habilitados e durante o tempo de diversão dos animais, estas pessoas aguardam nas dependências do pet shop tomando um delicioso café no espaço Pet Café. Nos demais estabelecimentos, os serviços mais procurados são banho e tosa, seguidos de atendimento veterinário quando necessário. As entrevistas possibilitaram a identificação das principais raças de cães atendidas e o porte dos cães. Em todos os pet shops foram citadas as raças que possuem maior quantidade de pêlos, como Poodle, Yorkshaire, Lhasa Apso, Shih Tzu. Outras raças também foram mencionadas, como Maltês, Pequinês, Pincher, Chihuahua, Fox Terrier, todas estas de cães de pequeno e médio porte. Ainda foram lembradas as raças Pit Bull, Akita, Chow-Chow, Bulldog, Basset, Beagle, Labrador, Shar-Pei, Dálmata e Rottweiler, porém foi elucidado que nestes casos, a procura é com menor intensidade e em sua maioria somente para banho. Na sequência da entrevista foi abordada a questão sobre o comércio de coletores fecais para animais, se o varejista conhece algum material com esta finalidade, se ele comercializa este tipo de produto em seus estabelecimentos e se reconhece demanda para estes materiais. Em Balneário Camboriú apenas o pet shop Pet Shop Neves comercializa este tipo de material, sendo que os demais não vendem (com exceção do Pet Família que conhece, mas ainda não trabalha com este produto) dizem não ter conhecimento nem acesso aos fornecedores destes produtos, porém elucidam que existe demanda e que se houver um produto com preço acessível à demanda com certeza persistirá e alavancará as atividades dos fabricantes. O único pet shop que comercializa coletores fecais os compra por meio dos fornecedores Top Fast e Luicao Distribuidor, que fazem a venda por meio do ecommerce. Com a apresentação do City Clean Poo Bag, ficaram muito interessados e expuseram que para o sucesso da parceria entre fabricante e pet shop é importante selecionar distribuidores idôneos, que prezam pelo prazo de entrega e qualidade do material durante o transporte, pois muitos distribuidores danificam algumas peças e isto causa diversos transtornos. Os entrevistados afirmaram que preferem adquirir os produtos diretamente dos fabricantes por motivos de redução de custos, maior lucratividade e maior garantia de qualidade na entrega dos 93 produtos. Segundo Janaína Laurentino do pet Dog&Doguie, ainda seria melhor se o fabricante do City Clean trabalhasse com venda direta aos pets, sem utilizar os intermediários, pois de acordo com os demais entrevistados, é um meio de redução de custos e maior proximidade entre as partes envolvidas até que o produto esteja nas mãos dos consumidores finais. Ao perguntar sobre os principais fornecedores de produtos para o mercado pet os nomes mais citados são Agrosul (distribuidor exclusivo das rações Royal Canin), Dal Pet Dalquim, Murano Pet, Alisul-Supra, Bixo Limpo, American Pets, Júpiter Produtos Pet e Animal Flower. b) Pet shops de Camboriú Nas entrevistas realizadas em Camboriú, foi possível identificar algumas diferenças no mercado local. A cidade apresenta um número reduzido de pet shops, sendo que muitos habitantes utilizam este serviço na cidade vizinha de Balneário Camboriú. Segue Quadro 6 com a apresentação do perfil dos consumidores segundo os varejistas do setor que foram entrevistados. Camboriú Cidade Empresas participantes Agropecuária Central e Pet Shop, Animal Pet, Daumata’s Banho e Tosa, Guapeka Clínica Veterinária, Cãoboriú Pet Shop, Só Patinhas Centro de Embelezamento, Amigo Bicho. Perfil do público atendido Nesta cidade não existem muitos pet shops. Os pet shops existentes atendem pessoas de poder aquisitivo estável e as classificam como classe B e C. Os habitantes de Camboriú apresentam particularidades diferentes de Balneário Camboriú. Os responsáveis entrevistados abordaram Camboriú como uma cidade que ainda busca serviços fora dela. Diferentemente de Balneário Camboriú, as pessoas da cidade de Camboriú não possuem hábitos de passeio com seus cães, estes na maior parte das vezes habitam em casas e tem espaço separado para os cães. Não possuem hábitos específicos com os animais. Quadro 6: Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Camboriú. Fonte: Dados da pesquisa. Os varejistas ainda se mostram preocupados com a situação do mercado local pelo fato da cidade não possuir a cultura de consumo de produtos e apenas o consumo de serviço de banho e tosa. Dizem-se satisfeitos com os resultados financeiros e tem expectativas de modificação na cultura do setor pet local. Ao abordar os serviços mais procurados as respostas foram unânimes, banho, tosa e atendimento veterinário no caso em que o estabelecimento possui 94 este serviço. Não existe o hábito de um cuidado mais específico em relação ao consumo de acessórios estéticos. Por este motivo, os estabelecimentos desta cidade não dispõem de grande variedade de produtos nas lojas, concentrando-se principalmente em rações e alguns produtos alimentícios diferenciados. Quando a pergunta em questão foi sobre as raças mais atendidas, as respostas também foram praticamente iguais as citadas em Balneário Camboriú, como: Poodle, Yorkshaire, Lhasa Apso, Shih Tzu e em alguns casos, vira-latas. Em Camboriú não existe nenhum pet shop que comercializa coletores fecais, além de também desconhecerem qualquer produto do gênero. Outro ponto importante é que os empresários não apresentam interesse em produtos desta finalidade. De acordo Kelly Cristine, proprietária do Animal Pet, mesmo que os coletores fecais apresentem uma proposta interessante tanto em matéria de praticidade e limpeza para o portador do animal quanto em relação à consciência ambiental, os habitantes de Camboriú ainda mantêm uma cultura bem tradicional. Segundo ela, por ser uma cidade antiga, com residências horizontais e boa área territorial, os portadores de animais não tem necessidade de sair com os cães de dentro de suas casas. Da mesma forma que a cidade não apresenta um espaço amplo para caminhadas e recreação, o que para ela, seria uma possibilidade de incentivo aos passeios com animais. Quando indagados sobre os fatores importantes para a escolha dos fornecedores, os entrevistados expuseram prazo de entrega e diferencial de preço. Com estes fatores afirmaram preferir a compra direto dos fabricantes pelo motivo de flexibilidade na negociação. Para os estabelecimentos entrevistados os nomes dos fornecedores foram os mesmos, Agrosul e Dal Pet Dalquim para alimentos e, American Pets para acessórios, brinquedos e produtos de higiene. De maneira geral, com as entrevistas aplicadas em Camboriú foi possível identificar um mercado ainda estagnado, com pessoas que não possuem hábitos frequentes de consumo de produtos para animais além da intenção de alimentação e cuidados médicos. 95 c) Pet shops de Itajaí: Em Itajaí as entrevistas forneceram resultados bem próximos aos de Balneário Camboriú. Os varejistas do setor se mostram satisfeitos e acreditam que há possibilidade de crescimento. Conforme os entrevistados existem poucos estabelecimentos que atendem um público de classe A e B sendo que os demais atendem as classes B e C. Conforme diversos varejistas do setor, também existe um fator relevante, muitos moradores de Itajaí ainda se deslocam até Balneário Camboriú para consumir os produtos e serviços na cidade vizinha, o que não permite um mapeamento mais exato dos consumidores do mercado pet em Itajaí. Segundo eles, isto se dá por motivos de que em Balneário Camboriú alguns pet shops oferecem serviços diferenciados, como hospedagem, canis e recreação. Segundo Mário César, varejista do setor e proprietário do Degs Pet Shop, os moradores do centro e bairros Fazenda, Itamirim e Vila Operária, apresentam um perfil de maior poder aquisitivo. Nos demais bairros, os moradores apresentam menor poder aquisitivo. Segue Quadro 7 com apresentação dos perfis dos clientes em Itajaí conforme descrição dos varejistas pets. Itajaí Cidade Empresas participantes Pet Shop Latidos & Miados, Degs Pet Shop, Adhara’s Clínica Veterinária e Pet Shop, Pet House, Pet Shop Panda, Clínica Veterinária Toca do Bicho. Agropecuária MundoPet, Albatróz Agropecuária, Animaizinhos Pet Shop, Banho e Tosa Auquemia, Banho e Tosa Cão e Companhia, Cane Banho e Tosa, Pet Shop É O Bicho, Pet Shop Miau, Pet Shop Mundo dos Animais, Pet Shop Nemo, Pet Shop Show Dog, Snow Dog Pet Shop, Viladog Pet Shop, Bichinho Belo, Pet Shop Bom Pastor, Pet Shop 61, Pet Shop Estilo Bicho, Agro Pet Shop Duda, Agropecuária e Pet Shop Tinho, Bello Cão, Center Dog, Perfil do público atendido Nestes pet shops as pessoas atendidas com seus animais de estimação são de classe A e B e se permitem investir em serviços e produtos com preços mais elevados. Poucos clientes têm o hábito de levar seus animais para passeios e quando os fazem utilizam as praças e calçadas próximas á Avenida Beira Rio. São pessoas que cuidam se seus animais como integrantes da família e os tratam como filhos. Nestes estabelecimentos o poder aquisitivo de seus clientes é considerado bom. São pessoas de bom poder aquisitivo e se enquadram nas classes B e C. Estas pessoas também cuidam dos animais como crianças e os consideram integrantes da família. Praticamente não saem com os animais devido rotina de trabalho extensa e falta de opção de local para passeios. Prezam por um bom atendimento ao animal. Quadro 7: Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Itajaí. Fonte: Dados da pesquisa. 96 Segundo os empresários, pequena parcela de portadores de animais possui o hábito de passeios com os cães, pois na maior parte das vezes, são habitantes de casas e estas oferecem área suficiente para os cães ficarem a vontade. Uma característica interessante em Itajaí, é que em grande parte das clínicas veterinárias existe uma diversificada linha de produtos para o mercado pet, não oferecendo apenas itens para tratamento de saúde. Em matéria de serviços procurados, o banho e a tosa são dominantes seguidos de atendimento veterinário. Ao abordar a pergunta sobre as raças mais atendidas, novamente as de maior pelagem são as citadas, surgem os mesmos nomes já mencionados em outras localizações como: Poodle, Yorkshaire, Lhasa Apso, Shih Tzu, Pincher, Pequinês, Bulldog, Akita e Chow-Chow. Sobre a comercialização de coletores fecais, a Adhara’s Clínica Veterinária e Pet Shop já conhece este tipo de produtos e disponibiliza para venda, porém não se sentiu a vontade para informar o nome dos fornecedores dos materiais . A Sra. Maria de Lurdes Lajeski explica que pelo fato de muitos portadores de animais residirem em casas, não há o hábito de passeio como em outras cidades. Inclusive citou Balneário Camboriú como referência. Segundo ela, cidades litorâneas com comércio a beira mar acabam incentivando a prática de caminhadas e com isso, muitas pessoas aproveitam o passeio para levar seus cães. Os demais estabelecimentos já ouviram falar nas opções disponíveis, mas não manifestam interesse, pois acreditam que a demanda ainda é baixa. Quando abordados em relação aos fornecedores, a Agrosul e Dal Pet Dalquim são nomes sempre citados, pois fazem a distribuição das rações mais conhecidas e procuradas. Em matéria de acessórios, estes são adquiridos por meio de distribuidoras como Beppler Acessórios de São José, Distribuidora de Alimentos Venâncio Ltda de Itajaí e algumas de São Paulo como Júpiter Produtos Pet e Bayer Medicamentos. Com a aplicação da pesquisa na cidade de Itajaí, pode-se observar um mercado ainda a ser explorado. Das cidades propostas para a pesquisa, Itajaí é a cidade mais populosa, com maior área territorial, mas ainda sem a cultura de passeios com animais. Por ser uma cidade com boa renda per capita é possível criar estratégias para incentivo do mercado local e crescimento do setor. 97 d) Pet shops de Itapema Partindo para a aplicação das entrevistas em Itapema, os varejistas entrevistados também foram bem receptivos e colaboraram de forma muito positiva para o desenvolvimento da pesquisa. Todos, sem exceção estão satisfeitos com seus empreendimentos, com o mercado local e possuem expectativas de crescimento para os próximos anos. Os entrevistados declararam que os moradores da cidade de Itapema são pessoas de poder aquisitivo bom e por ser uma cidade litorânea possuem hábitos de esportes na praia, o que os incentiva a levarem seus cães junto em seus passeios e caminhadas, até mesmo para a areia da praia, o que se torna um ponto negativo no tocante à saúde. No Quadro 8 é descrito de forma geral o perfil dos consumidores de produtos e serviços do mercado pet em Itapema. Itapema Cidade Empresas participantes 4 Patas Pet Shop, Pet Care, Pigg Pet Shop, Espaço Animal, Pet Shop Estrela do Mar, Canil Mar Bello, Banho e Tosa Bela Cruz, Clínica Veterinária Bicho Travesso, Pet Shop Vira Lata, Canil Don Taruke, Pet Shop Vailatti. Perfil do público atendido Nesta cidade não existem muitos pet shops. Os pet shops existentes atendem pessoas de poder aquisitivo estável e as classificam como classe B e C. Os habitantes de Camboriú apresentam particularidades diferentes de Balneário Camboriú. Os responsáveis entrevistados abordaram Camboriú como uma cidade que ainda busca serviços fora dela. Diferentemente de Balneário Camboriú, as pessoas da cidade de Camboriú não possuem hábitos de passeio com seus cães, estes na maior parte das vezes habitam em casas e tem espaço separado para os cães. Não possuem hábitos específicos com os animais. Quadro 8: Percepção do varejista do setor em relação ao perfil dos clientes em Itapema. Fonte: Dados da pesquisa. Na cidade de Itapema os serviços mais procurados são de banho, tosa, cuidados veterinários e o que chamou a atenção foi a procura por canis. Segundo o Sr. Olavo Duarte do Canil Don Taruke, os moradores que desejam adquirir um cão geralmente vão aos canis, da mesma forma que os proprietários de pet shops. Ele assegura que em Itapema existe a cultura de levar os cães para a cruza em canis e expõe “aqui as pessoas tem certeza de que a cruza será perfeita e o cuidado será especial” e ainda complementa “ao pensar em cruzar os cães, com intenção de rendimentos financeiros, é melhor garantir a procriação com garantia de genética 98 perfeita, o pedigree é muito importante para um cão saudável e uma venda de sucesso”. A partir da pesquisa aplicada na cidade de Itapema é possível observar uma característica de moradia bem próxima á encontrada no município de Balneário Camboriú. Há uma forte tendência de residência em apartamentos, e consequentemente também aos hábitos de passeio com os animais. De acordo com a opinião dos empresários dos pets, isto é consequência das moradias verticais e da orla da praia que incentiva as caminhadas. 4.2 Descrição dos objetivos e limitações do canal A definição dos objetivos e imitações do canal apresenta-se como uma etapa de grande importância para as decisões concernentes a distribuição. Neste processo de descrição dos objetivos do canal, bem como o reconhecimento de suas limitações, encontram-se diversos pontos a serem observados e, consequentemente, ultrapassados ou aproveitados na definição do projeto de distribuição. De acordo com Kotler e Armstrong (2000) e Kotler e Keller (2006) os objetivos do canal e suas restrições são decorrentes da natureza dos produtos, características da empresa, características dos intermediários e fatores ambientais. Hiam e Schewe (2000) abordam a limitação do canal como cobertura de canal e o estabelecimento de objetivos atrelado à segmentação de mercado. De acordo com Dias (2006) alguns pontos devem receber uma atenção especial nesta fase de planejamento e estratégia de distribuição, como por exemplo, a disponibilidade de recursos, o tipo de bem ou serviço, a questão da perecibilidade, a complexidade e valor unitário do bem, necessidades de estocagem, exigências do pós-venda, potencial de mercado, localização geográfica dos clientes entre outras. Dada a importância em estabelecer os objetivos e limitações do canal, duas alternativas complementares para alcançar o conhecimento destes fatores foram trabalhadas, a primeira na visão do empreendedor e, a segunda, sob a análise de dados do mercado. 99 a) Objetivos e limitações do projeto do canal na percepção do empreendedor: Por meio de uma entrevista estruturada e focalizada (Apêndice A), conhecer o ponto de vista do proprietário no que diz respeito aos: seus alvos para o produto desenvolvido, sua intenção de distribuição, percepção sobre as situações ambientais e também as restrições e limitações que ele encontra na etapa de lançamento do produto. Quando indagado sobre a expectativa em relação ao mercado pet o entrevistado respondeu que as evidências deste segmento projetam um crescimento acentuado e baseado nos levantamentos econômicos do setor mostra-se otimista com relação à empresa e ao desenvolvimento de produtos, bem como serviços que possam suprir as necessidades desses consumidores. Com relação ao produto, ele esclareceu que o coletor descartável de fezes será o produto principal entre outros que estão sendo desenvolvidos. O coletor de fezes (City Clean Poo Bag) foi a concretização de um sonho e será a oportunidade de entrar no mercado com algo totalmente inovador e diferenciado, cujos benefícios vão além da questão estética, abrangendo a comodidade e a consciência ambiental. O produto segundo o proprietário tem grande potencial de venda, pois vem ao encontro das necessidades do público possuidor dos animais de estimação. Pela observação realizada durante o desenvolvimento do coletor de fezes, o perfil dos proprietários de cães na região em que pretende iniciar as atividades, bem como nas demais regiões do Brasil, é um perfil ainda jovem, de boa renda per capita, que sente prazer em cuidar dos animais e se propõe a fazer do animal um integrante da família. Ao ser questionado sobre as situações ambientais, o entrevistado expõe que a situação econômica está favorável ao mercado pet e que mesmo em tempos de crise, este setor não sofreu grandes reflexos. Quanto à concorrência, descreveu como saudável, pelo fator de haver no mercado produtos com a proposta de coleta das fezes, porém todos com material plástico e de valor acima do que o proposto pelo City Clean, mesmo assim se diz consciente da situação de concorrência que irá enfrentar. Questionado referente aos seus objetivos que pretende com a distribuição dos produtos, o proprietário respondeu que deseja disponibilizar o material para o maior número de pontos de venda possível desde que estejam dentro de um perfil 100 sócio-econômico que deseja alcançar. Sua intenção é fornecer produto para os pet shops e clínicas veterinárias, supermercados e até mesmo em casas de embalagens, ou seja, pretende intensificar a distribuição em diferentes pontos de venda. Também há um projeto para criação de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, a fim de subsidiar parte do valor e disponibilizar o produto em quiosques para os consumidores que circulam na avenida da praia. Quando questionado sobre potenciais limitações ao alcance dos objetivos de comercialização e distribuição do produto, respondeu que a principal está voltada ao capital de giro, tendo em vista a etapa de lançamento e que pretende fazê-la com qualidade e solidez, por meio de uma campanha publicitária. Também relatou que a falta de conhecimento do mercado, bem como de seu funcionamento é outro fator que o faz sentir-se desafiado, porém muito otimista. O pouco conhecimento em gestão foi citado, entretanto não é visto como uma grande limitação, já foi empreendedor de outro negócio e sua sócia está finalizando o curso de Administração em Habilitação em Marketing, o que será de suma importância para a organização. b) Limitações ao projeto do canal conforme situação do mercado: O Brasil é o segundo no ranking de consumo de produtos para pets, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com os relatórios de fechamento do ano de 2009 divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação (ANFALPET, 2010) –– o país possui cerca de 29,7 milhões de cães e a projeção de crescimento para o ano de 2010 estima um aumento para 33 milhões de cães (ANFALPET, 2009). Segundo a ANFALPET a movimentação anual do mercado pet foi de mais de R$ 9 bilhões no país, incluindo diversos segmentos conforme apresentado na Tabela 2. Tabela 2: Movimentação anual do mercado pet com referência no ano 2009. Movimentação Segmento (R$) Pet Food 6.239.579.333,00 Medicamentos Veterinários 696.389.571,00 Serviços 1.892.160.000,00 Equipamentos e Acessórios (higiene, embelezamento, etc) 863.973.635,00 Total 9.692.102.539,00 Fonte: ANFALPET, 2010. Proporção (%) 64% 7% 20% 9% 100% 101 De acordo com o Instituto Pasteur, entidade de saúde que estuda e desenvolve vacinas animais, a população canina é variável de município para município. A entidade recomenda um censo canino periódico para um levantamento mais exato da população canina local. Segundo este instituto, os relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS), mencionam que em países emergentes a proporção média da população canina varia de 10,0% a 16,7% da população humana (INSTITUTO PASTEUR, 2010). Considerando a estimativa da população brasileira do ano de 2009 apresentada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a população humana é de aproximadamente 191,5 milhões de pessoas e relacionando a estimativa canina apresentada pela ANFALPET de 29,7 milhões, de acordo com a variação da OMS, o Brasil apresenta uma estimativa de 15,51% de população canina no país em função de sua população humana. Estes números confirmam a situação brasileira, visto que este mercado é considerado altamente atrativo, apresentando uma parcela relevante no setor econômico do país. Nos grandes centros urbanos as organizações do mercado pet buscam acompanhar as tendências e inovações que surgem e que podem ser determinantes para o sucesso financeiro das empresas. Uma tendência que está sendo bastante aceita refere-se à venda virtual de produtos e até mesmo serviços. Na comercialização de produtos é ampla a linha de produtos ofertada, entre eles alimentos (pet food), medicamentos veterinários, equipamentos e acessórios, produtos de higiene, estética e embelezamento. Quando a comercialização refere-se a serviços, grande parte deles aparece na internet por meio de sites para propaganda e publicidade, porém a Pet Model Brasil é uma empresa que utiliza o e-commerce para a venda de seus serviços que dizem respeito à casting para campanhas publicitárias do setor. Nesta ocasião os fornecedores de produtos para animais podem contratar os animais que farão as peças publicitárias de propaganda para seus produtos. É um serviço ainda inovador tendo em vista pouquíssimas empresas deste cunho. Diante dos dados e estimativas do mercado pet observa-se um campo bem amplo para investimentos e para obtenção de lucratividade por meio da comercialização de produtos e serviços. A forma de distribuição destes produtos e serviços ainda ocorre no Brasil de forma mais tradicional, porém com uma forte 102 tendência a inovação e adoção de novos métodos. As limitações existem e estão voltadas ao posicionamento do consumidor final para com a escolha do canal de venda dos itens que desejam adquirir. Para que a cultura do e-commerce seja difundida é importante que os fornecedores de materiais e serviços incentivem e eduquem seus clientes á utilização do varejo virtual. 4.3 Apresentação das principais alternativas de canal Após a definição dos objetivos e limitações de canal passa-se a identificar as principais alternativas de distribuição no mercado desejado. Observam-se para o produto proposto neste estudo algumas formas de distribuição pelas quais existe a possibilidade de alcançar os objetivos descritos no subitem anterior. De acordo com Rosembloom (2002, p. 72) o varejo apresenta três características que exercem importante poder nos canais de marketing: “aumento no porte e poder de compra, aplicação de avançadas tecnologias e uso de modernos conceitos e técnicas de marketing”. Dentro do varejo Parente (2000) propõe uma divisão em varejo com lojas e sem lojas. Conforme o autor, no Brasil existe dois principais modelos de varejo com loja para produtos não alimentícios: lojas de departamento e lojas especializadas. Já no varejo sem loja as opções são de marketing direto, venda direta, máquinas automáticas de vendas e varejo virtual. a) Varejo com loja Para o objetivo deste estudo, surgem alternativas de distribuição que se enquadram no varejo com loja, os quais são apresentados no Quadro 9. Para atender a esses varejos, a empresa pode contar com uma força de vendas própria, atuando em campo ou através do telemarketing, representantes comerciais e atacadistas, isoladamente ou em conjunto, num sistema multicanal. Segundo Novaes (2001) o sistema de canais múltiplos apresenta-se como uma opção para melhorar o desempenho no gerenciamento da cadeia de suprimentos utilizando mais de um canal de distribuição. De acordo com o autor, o sistema multicanal ocorre em virtude da diversidade de tipos de consumidores. 103 Tipo Descrição São lojas especializadas em fornecimento de produtos e serviços para o mercado pet. Nestes locais existe o serviço de estética (banho, tosa, massagens, ofurô entre outros) e em alguns casos também serviços médicos. Desta forma se enquadram como pet shop com clínica veterinária anexa. • Pet Shops São estabelecimentos que oferecem grande número de produtos, como alimentos, vestuário, acessórios e utilidades. Servem de intermediários entre fabricantes e consumidores finais e na grande parte das vezes, utiliza-se de atacadistas para o recebimento dos produtos destinados a venda. Estes estabelecimentos são principalmente locais para atendimento médico e de rotina. Cada clínica possui profissionais cadastrados ao Conselho de • Clínicas Medicina Veterinária e o intuito da organização é promover a saúde e Veterinárias prevenção de doenças nos animais, geralmente de estimação. Em algumas vezes estes estabelecimentos oferecem além do serviço já mencionado, alguns produtos para os animais, em sua maioria, voltados á saúde. São lojas estabelecidas em locais estratégicos para atender as necessidades de urgência dos consumidores. São limitadas a aproximadamente 280 a 740 • Lojas de metros quadrados. Em grande parte, estas lojas estão estabelecidas junto aos Conveniência postos de combustíveis e disponibilizam em sua proposta, produtos alimentícios, bebidas, cigarros e materiais de higiene. Sua presença como fornecedor de produtos do mercado pet ainda não foi notada. São lojas de departamentos que oferecem uma grande variedade de produtos • Lojas de em um só local de venda, porém não é uma venda direcionada a segmentos Utilidades específicos. São estabelecimentos de venda exclusiva dos produtos de uma mesma marca. É um investimento de grande reconhecimento da marca, porém requer um alto capital financeiro e de infra-estrutura. Acabam sendo uma extensão do • Lojas Próprias fabricante e desta forma proporcionam redução de custos no ponto de vista da eliminação de intermediários da cadeia de suprimento. Indicada para empresas que possuem um mix de oferta mais abrangente. No mercado pet local ainda não há exemplos de lojas próprias, os produtos são distribuídos em outros pequenos varejos para que então cheguem ao consumidor final. São lojas de varejo, com venda específica de embalagens, tanto em papel, • Casas de isopor, plástico e outros materiais. Fornecem os produtos tanto no atacado Embalagens como no varejo. O City Clean é um produto em papel descartável e biodegradável e também pode estar disponível nesta forma de distribuição. Estabelecimentos de grande rotatividade de consumidores que buscam diversificados tipos de produtos. Disponibilizam produtos alimentícios, bebidas, • Supermercados materiais de higiene e alguns de grande porte também oferecem acessórios automotivos, cama, mesa e banho, inclusive produtos para o mercado pet, cujas gôndolas tem se ampliado para suportar a diversidade de produtos desta natureza. Quadro 9: Alternativas de distribuição que se enquadram no varejo com loja para produtos do mercado pet. Fonte: Adaptado de Levy e Weitz (2000, p.47) Para alcançar os varejistas locais a empresa pode utilizar de força de vendas própria, em cidades de maior distância a organização poderá ter representantes comerciais, distribuidores e atacadistas. Acima desta subdivisão, ainda poderá atuar 104 com telemarketing e e-commerce, efetuando vendas para qualquer local por meio dos canais eletrônicos. No caso dos atacadistas, a partir de uma busca na internet, identificaram-se várias empresas localizadas em municípios como Blumenau, Itajaí, Joinville e São José que atuam neste setor. No Quadro 10 estão descritos alguns principais fornecedores das cidades referência do mercado pet em Santa Catarina. Cidade Distribuidor • Candiblu Distribuidora Produtos Alimentícios Ltda. • Distimação Distribuidora Produtos Agropecuários Ltda • Distribuidora Top Dog Ltda ME • Muller Novo Horizonte • Pégaso Distribuidora Pet Ltda Itajaí • Distribuidora de Alimentos Venancio Ltda Joinville • Basqueira Distribuidora São José • Beppler Acessórios • Neusa Cardoso Nutripet ME • Nutrionali Distribuidora Ltda ME • Prevent • TP3 Transpet Distribuidora Ltda. Blumenau Quadro 10: Distribuidores do estado de Santa Catarina por cidade Fonte: PetBR, 2010. b) Varejo sem loja Na opção de varejo sem loja, as alternativas sugeridas acabam direcionadas para venda no varejo virtual. Rojo (2003) afirma que sem dúvida o varejo virtual é uma tendência em expansão e que a constante evolução dos recursos tecnológicos permite aos consumidores maior segurança e confiabilidade. A variante de venda virtual enquadra-se no varejo sem loja e pode ser operada tanto pela própria empresa, em uma situação de canal direto ou através de uma empresa terceirizada que é denomina-se varejo virtual. Algumas empresas do mercado pet já utilizam algumas formas de distribuição no meio virtual. Algumas comercializam produtos e acessórios, entre elas exemplos como: • Carol Mundo Pet: por meio de televendas e e-commerce, comercializa produtos e acessórios; 105 • Slleepy Dog: e-commerce, vende camas para cães e gatos, de diversos modelos e tamanhos; • AMF Pet: e-commerce, cama e vestuário; Outras comercializam serviços como a Pet Model Brasil, empresa que cadastra cães para casting de campanhas publicitárias. No caso da própria empresa atuar nesta direção, esta utiliza um site onde disponibiliza informações sobre a empresa, locais de cobertura, características do produto, cadastro para envio de informações e posteriormente desenvolvimento do canal de distribuição, através de um link para comercialização na própria web site. Além disso, há outras inúmeras possibilidades para que os varejistas sejam alcançados e estas possibilidades necessitam ser analisadas, pois cada uma apresenta suas vantagens e desvantagens. Para a definição dos arranjos de canal que uma organização pode utilizar é importante analisar a forma pela qual os intermediários varejistas serão alcançados, se haverá varejo com loja, varejo sem loja ou até mesmo ambas as formas de distribuição. Outras possibilidades de parceria também devem ser observadas. Uma organização interessante é Pet Products Brasil, em uma parceria com a ANFALPET a empresa é responsável por divulgar em outros países as empresas associadas a fim de fomentar as exportações de produtos nacionais do mercado pet. 4.4 Avaliação das principais alternativas de canal Para que haja um projeto de sistema de canais, é necessário realizar uma análise das necessidades do cliente, estabelecer os objetivos do canal e identificar e avaliar as principais alternativas dos canais. Kotler e Keller (2006) descrevem que os sistemas de canais sofrem mudanças frequentemente e estas envolvem o aproveitamento das oportunidades e as condições de mercado. De acordo com Hiam e Schewe (2000, p. 406) “as decisões quanto aos canais devem ser baseadas em uma avaliação das metas e recursos da organização, e no conhecimento do mercado”. Diante das alternativas de canal de distribuição identificadas por meio da pesquisa aplicada, segue a avaliação de cada uma delas. 106 A alternativa que surge com uma força bem intensa está relacionada às lojas de varejo especializadas no mercado pet, como pet shops, clínicas veterinárias e agroveterinárias. Estas alternativas podem ser vistas como as mais interessantes por estar completamente envolvida com o consumidor final. O pet shop é o local onde as pessoas se direcionam na maior parte das vezes com a intenção de utilizar um serviço, geralmente de cunho estético. Ao se deparar com uma grande variedade de produtos especialmente desenvolvidos para o animal de estimação, as pessoas têm o desejo estimulado e sentem-se incentivadas ao consumo. É neste momento que os produtos são comprados. Em outros casos, as pessoas sentem alguma necessidade e se direcionam a estes estabelecimentos, pois tem o conhecimento de que nestes meios de varejo obterão aquilo que desejam. Para os fabricantes dos produtos pet, estas lojas tornam-se intermediários de alto valor, os quais merecem um atendimento personalizado e uma atenção muito especial, seja de forma direta entre o fabricante e o profissional do pet shop ou por meio de distribuidores do setor que fazem a intermediação da entrega dos produtos. Para esta atenção diferenciada e valorização da parceria com o profissional do pet shop é importante que o fabricante esteja diretamente ligado ao processo de seleção, treinamento e controle. De acordo com os resultados das pesquisas grande parte dos fornecedores de alimentos para animais utiliza de força própria, ou seja, funcionários do departamento de vendas que estão diretamente ligados á empresa fabricante e fazem uma ponte até o pet shop. Esta escolha se dá por motivos de se exercer maior controle sobre a distribuição. Conforme Kotler e Armstrong (2000) a organização é quem precisa deter o máximo controle tanto sobre os intermediários quanto sobre os produtos ou serviços em questão. Quando a distribuição está voltada a outros tipos de produtos como acessórios estéticos para pêlo (laços, gravatas, apliques em pedras), camas, brinquedos e outros, estes geralmente são distribuídos por atacados específicos do setor ou atacados de produtos em geral, como já citado no quadro 6. As clínicas veterinárias em geral apresentam poucos produtos estéticos para a venda, focando-se no atendimento relacionado á saúde. Desta forma possuem apenas alguns produtos para alimentação de algumas marcas específicas (cada clínica veterinária distribui uma marca de rações). Estes produtos para alimentação, 107 como abordado no parágrafo anterior sobre pet shops, evidenciam a venda por meio de força própria de vendas do fabricante. Quando a alternativa de canal de distribuição estudada é agroveterinária, observa-se então, que não há venda de acessórios tanto estéticos quanto de outras finalidades, a venda está voltada aos produtos alimentícios para animais, medicamentos, venenos para diversas pragas e outros produtos deste gênero. Neste caso, a força de vendas utilizada pelos fabricantes também é própria. Outra alternativa a ser analisada é a distribuição por meio da internet. Este meio de distribuição virtual que cresce a cada dia e ganha credibilidade dos consumidores, para o setor pet ainda é pouco procurado pelos proprietários de animais de estimação. Com um custo baixo, este canal precisa ser difundido e explorado pelas empresas que venham a optar por eles. A internet como canal de distribuição para os produtos no mercado pet pode ser utilizada como um canal auxiliar até que seja fortalecida na organização e então passe a ser central de vendas virtual. Para o City Clean Poo Bag, este canal surge com uma força bastante significativa, já que a distribuição não será direta ao consumidor final e sim aos intermediários do setor. Lojas de conveniência também são alternativas que parecem ser interessantes. Uma tendência adotada por grande parte da população, estas lojas passaram a ser bem utilizadas em momentos de necessidade. Geralmente anexas a postos de combustíveis, com distribuição de uma variada linha de produtos para humanos, ainda não disponibilizam produtos para o mercado pet, o que poderá ser uma opção inovadora. Um ponto negativo é o preço praticado, pois pelo fato de ser uma opção salvadora para determinadas situações, os preços praticados na maior parte das vezes estão bem acima do preço praticado no mercado. Porém, as pessoas que utilizam estes produtos são conscientes de que as lojas de conveniência estão abertas em horários diferenciados e á disposição para situações de emergência. Lojas próprias também poderão ser estudadas caso a empresa esteja disposta a investir um alto capital. No mercado pet local ainda não foram encontradas lojas próprias de produtos, tendo em vista, os produtos estarem disponíveis em pet shops. Caso a empresa realmente deseje atuar desta forma, será necessária uma campanha publicitária muito forte para educar os consumidores a 108 saírem de suas residências com a intenção única de adquirir o City Clean Poo Bag. Como a empresa possui apenas um único produto, esta alternativa de canal de distribuição acaba sendo inviável, por motivos de alto custo de investimentos e por ser um produto que ainda não está no mercado, além de ser um produto que poderá ser encontrado facilmente em lojas específicas do setor pet onde existe maior fluxo de consumidores de produtos e serviços, sendo que a opção de distribuição em pet shops apresenta outros fatores positivos. As casas de embalagens também foram citadas por alguns proprietários de animais de estimação entrevistados. Estas lojas fazem a venda de uma diversificada linha de produtos: copos, pratos, talheres, garrafas, bandejas, marmitex e outros. Em sua maioria, os produtos são descartáveis, porém algumas casas de embalagens já comercializam também produtos de limpeza e linha de baldes, lixeiras, vassouras e rodos. É importante verificar a política de preços aplicada pelas lojas para que o produto não sofra substituição pelas sacolas plásticas de supermercado, pois o mesmo é descartável e supérfluo, mas de grande utilidade e diferenciado, com apelo ecológico. Também é importante observar se as pessoas que utilizam os produtos adquiridos em casas de embalagens são proprietárias de animais de estimação, pois um segmento que procura estas casas de embalagens com maior freqüência são proprietários de restaurantes. Uma alternativa citada nos questionários de pesquisa que foram aplicados são supermercados. Os supermercados de grandes redes já possuem um setor pet, com venda de rações, camas, shampoos, condicionadores, sabonetes, pentes, escovas, coleiras, roupas, acessórios estéticos e brinquedos. É uma alternativa atrativa, porém de alto custo de investimento. A distribuição em supermercados confere aos fabricantes um status de alto padrão e os caracteriza como empresas sólidas, pelo fato de terem condições de manter um espaço nestes pontos de venda. Os fabricantes de produtos para o mercado pet ainda podem optar por callcenter, com custo considerado baixíssimo e uma opção complementar aos demais canais de vendas. Conforme Kotler e Keller (2006) canais de marketing diretos como internet e telemarketing são os canais que apresentam menor custo por transação e conseqüentemente apresentam baixo valor agregado a venda. Segundo os autores as empresas ao descobrirem um canal de baixo custo que lhes seja conveniente, 109 procuram incentivar seus clientes a utilizá-lo, e complementam que as empresas ainda podem compensar os clientes pela mudança na opção do canal de distribuição escolhida. Esta alternativa de canal está bem acessível à empresa em estudo, sendo uma forte opção para a distribuição do City Clean Poo Bag a fim de alcançar o varejo de forma complementar ás outras alternativas de distribuição que virão a ser as principais alternativas praticadas. Se a opção de distribuição for por lojas de varejo e distribuidores os custos serão medianos. Neste caso relacionado ao produto em estudo, incluem-se os pet shops, supermercados, lojas de conveniência entre outros. Caso haja interesse em alto valor agregado a venda a opção será por parceiros de valor agregado e força de vendas, cujo custo por transação também será elevado. Para esta alternativa a City Clean poderá buscar parceiros do setor em alguns pólos da região. Os autores Kotler e Keller (2006) descrevem que a força de vendas com representantes comerciais apresentam menor custo de vendas e maior nível de vendas com maior área de cobertura, em contrapartida, os riscos de controle e adaptação são mais altos, pois são empresas independentes que buscam maximizar seus lucros e desta forma podem concentrar-se mais em clientes com maior volume de vendas e não necessariamente nos clientes que compram as mercadorias dos fabricantes. Já a força de vendas própria apresenta um custo de venda mais alto e a vantagem está no domínio do conhecimento técnico do produto, materiais de promoção, treinamento, motivação e acompanhamento dos profissionais no momento da venda. Para esta seleção a empresa necessita contar com um bom profissional de recursos humanos na hora do recrutamento e seleção dos profissionais de venda a fim de optar pelos mais capacitados e dispostos a moldarem-se ao perfil da empresa. Diante das varias opções e avaliações discorridas, no Quadro 11 é organizado um resumo da qualificação dos canais levando em consideração os critérios de cobertura de mercado, controle dos canais e custos, citados por Hiam e Schewe (2000). Segundo os autores esses três critérios para análise devem ser observados para que se possam comparar as diferentes alternativas de canais identificadas, já que as mesmas poderão proporcionar diferentes resultados. Baseado nisto, optou-se por definir uma escala de valores de três pontos, 110 alternando-se a intensidade entre maior (3 pontos) e menor (1 ponto) para a cobertura de mercado, nível de controle e custos de distribuição. Opções Relatadas Custos Controle Cobertura Varejo especializado no mercado Pet (pet shops e 2 1 3 clínicas veterinárias) Internet operada pela empresa fabricante 1 3 3 Lojas de Utilidades 2 1 2 Lojas de Conveniência 2 1 2 Lojas Próprías 3 3 2 Casas de Embalagens 2 1 2 Supermercado 3 1 3 Quadro 11: Resumo da avaliação das alternativas de canais de distribuição. Fonte: Resultados da análise dos dados da pesquisa em relação aos critérios de Hiam e Schewe (2000). Observando as sugestões dos respondentes da pesquisa aplicada, surgem então as opções de intermediários para a realização da distribuição dos produtos. Por meio destes intermediários ocorrerá a disponibilidade do produto desejado pelo consumidor final no local mais apropriado a ele. De acordo com os varejistas do setor, o maior interesse é pela compra direta do fabricante, por diversos fatores já abordados anteriormente. Porém, para que haja uma cobertura mais completa os intermediários mais adequados acabam sendo os distribuidores atacadistas. De acordo com Boone e Kurtz (1998, p. 320) os intermediários atacadistas são “especialistas no desempenho de funções de comercialização” e estes desempenham as atividades de distribuição de forma mais eficaz aos fabricantes ou consumidores. Ao analisar a função dos atacadistas, surgem os diferenciais de utilidade, da prestação do serviço e redução de custos. Estes intermediários, segundo os autores acima, proporcionam a utilidade de tempo, que significa deixar disponível o produto desejado no momento em que o consumidor pretende adquiri-lo. Quanto à utilidade de propriedade é transferir dos fabricantes ou distribuidores, a propriedade do bem para o consumidor. Também é importante observar a disponibilidade de local, que possibilita o produto estar em local conveniente á compra. O fator redução de custos surge, pois um único distribuidor representa diversos fabricantes para um mesmo segmento de mercado. Com isso, alcança um maior número de varejistas de um segmento de mercado com menor esforço de vendas. 111 4.5 Apresentação da proposta ao estabelecimento do arranjo de canal (design) para o City Clean Poo Bag Observa-se que para o City Clean Poo Bag, como um produto novo no mercado, existe um grande desafio a ser conquistado, a sua adoção. Blackwell, Engel e Miniard (2005) descrevem que mesmo que um produto permaneça determinado tempo no mercado ainda pode ser visto como uma inovação e á medida em que os consumidores tomam conhecimento sobre ele então difundem esta inovação. Além disso, Urdan e Urdan (2006) mencionam que durante o processo de difusão da inovação, a forma com que os adotantes reagem com relação a elas servem de sinalizadores sobre como serão os esforços e desempenho de canal. É com esta intenção de difusão da inovação, apoiada pelas decisões de canal, que a empresa detentora do City Clean Poo Bag, deverá reforçar as demais ferramentas do composto mercadológico, investindo em ações de promoção, divulgando e tornando conhecido o produto como uma solução para o problema de coleta de fezes de cães em seu momento de passeio. Tendo em vista os resultados obtidos durante o diagnóstico, é possível identificar que para a etapa de lançamento do City Clean Poo Bag, a empresa poderá utilizar um sistema de canais múltiplos (Multicanal). Estes canais, primeiramente desenhados com direcionamento para o lançamento do produto, poderão posteriormente ser ampliados e adaptados de acordo com as necessidades dos consumidores finais bem como dos varejistas do setor de acordo com cada região a ser trabalhada. Desta forma, a sugestão estratégica de canal é apresentada em duas fases, descrita abaixo: a) Fase 1: Como a intenção da organização é iniciar a introdução do produto no mercado local e só posteriormente ir ampliando a cobertura geográfica de mercado, o arranjo de canal de distribuição pode contemplar uma força própria de vendas, composta inicialmente por um vendedor, o qual virá a desenvolver um trabalho de prospecção, abertura (positivação) e atendimento aos varejos especializados na região. Este canal é caracterizado como de indireto de um nível, ou seja, entre o fabricante e o 112 consumidor final há o nível varejista (Figura 12). Entende-se por varejo especializado neste caso, os varejistas pets, que incluem os pet shops, agropecuárias e prestadores de serviços de pet. Canal Indireto Um nível Fabricante do City Clean Poo Bag Força própria de vendas Varejo especializado Local - BC Varejo especializado local - ITJ Varejo especializado local - ITA Varejo especializado local – Camb. Consumidor Final Local Figura 12: Desenho de canal para atendimento indireto de um nível ao consumidor local Fonte: Resultados da análise dos dados da pesquisa Essa decisão é fortalecida pela idéia de que Balneário Camboriú surge como uma vitrine para os demais locais do Brasil, além de um mercado teste. É uma cidade litorânea, com alta renda per capita, grande rotatividade de turistas e estes em boa parte das vezes trazem consigo os seus animais de estimação. Desta forma, com um bom posicionamento no mercado, outros locais do país surgirão como mercados a serem explorados, provavelmente pela demanda gerada por esses turistas. Apoiando a força de venda local, a empresa ainda poderá utilizar o telemarketing e o e-commerce para fortalecer a relação com os intermediários varejistas no canal indireto. Contudo, esse canal também poderá ser utilizado pelo consumidor final em suas duas variedades, o que o caracterizaria como um canal direto, ou seja, entre o fabricante e o consumidor final não haveria nenhum intermediário do tipo comerciante ou representante. A representação gráfica desta variedade de canal, incluindo tanto o atendimento ao varejo, como o consumidor final é apresentada na Figura 13. 113 Canal direto e indireto Nível zero e Um nível Fabricante do City Clean Poo Bag Telemarketing E-Commerce Varejo especializado Consumidor Final Local Figura 13: Configuração do canal direto e indireto através do telemarketing e e-commerce Fonte: Resultados da análise dos dados da pesquisa Para evitar conflitos entre o canal direto e o indireto, conforme opções apresentadas, o consumidor final teria uma condição comercial diferenciada do varejo. O produto seria comercializado em uma condição de preço semelhante ao valor médio final cobrado pelo varejo pet. Além disso, ele também seria informado da existência de varejos em sua região que comercializam o produto. Uma situação que reforça essa decisão seria a mesma já informada anteriormente quanto à Balneário Camboriú, ou seja, caso as pessoas que venham até a cidade e adquiram o produto, poderão posteriormente ter a possibilidade de solicitar via estas opções. Isso ocorre, pois talvez na primeira fase, o produto pode ainda não estar disponível em sua região de residência. b) Fase 2: Para atender as regiões mais distantes, no momento em que a empresa desejar ampliar sua cobertura de vendas, poderá optar por atacadistas, inclusive, alguns já mencionados no tópico 4.3, direcionados ao segmento pet. Os atacadistas surgem com um grande diferencial sobre a força de vendas própria do fabricante no sentido de cobertura de mercado e conveniência da distribuição. A questão da conveniência está relacionada principalmente ao mix de oferta ampliado desses intermediários, além de já possuírem mercado aberto, facilitando a abordagem e apresentação do produto para o varejo atendido pela sua força de vendas. Mas o que é uma vantagem (mix de oferta com grande abrangência), também acaba por 114 dividir a atenção do atacado e sua força de venda, que possivelmente não se dedicaria integralmente ao produto da empresa. Seria necessário, portanto, uma política comercial que proporcionasse interesse aos participantes deste canal. Mas uma grande vantagem é que os custos não se apresentam tão elevados e a cobertura é ampliada. Esses intermediários atacadistas seriam atendidos pela própria força de vendas da empresa. Posteriormente a eles, a empresa não apresentaria controle sobre os locais de revenda, contudo, baseado no conhecimento de mercado as sugestões incluiriam varejos como pet shops, clínicas veterinárias, supermercados, lojas de conveniências e internet. Quanto aos atacados existe uma divisão em atacados especializados em produtos pet conforme citado no Quadro 10 ou atacados de produtos diversos que possuam linha de produtos pet. Esta última divisão referente atacadistas de produtos diversos poderia ser direcionada a alguns intermediários selecionados de acordo com cidades chave do estado de Santa Catarina, como Aldri Atacadista e Muffatão em Itajaí, Bruspel e Makro em Joinville, Caymam e Makro em Florianópolis. Se a empresa decidir abranger novas regiões ela deverá realizar um levantamento dos intermediários atacadistas que possam atuar nas cidades em que se iniciará a distribuição. O design do canal resultante desta opção é apresentado na Figura 14. Canal indireto Dois níveis Fabricante do City Clean Poo Bag Telemarketing Força própria de vendas E-Commerce Distribuidores Atacadistas Varejo Consumidor Final Local Figura 14: Configuração do canal com intermediários abastecidos por força de vendas do fabricante. Fonte: Resultados da análise dos dados da pesquisa 115 Após a conclusão destas duas fases, por meio deste sistema multicanal, a organização permitirá que as decisões estratégicas de distribuição sejam geridas e adaptadas de acordo com a demanda do produto. Na Figura 15 é possível observar um sistema multicanal para atendimento ao consumidor final através de diferentes formatações de canal, diferenciado de acordo com perfil de cada região a ser atendida. Multicanal Direto e indireto com múltiplos níveis e variedades de atendimento Fabricante do City Clean Poo Bag Telemarketing Força própria de vendas em campo E-Commerce Distribuidores Atacadistas Varejistas Varejistas Consumidor Final Figura 15: Desenho de sistema multicanal para maior área de cobertura Fonte: Resultados da análise dos dados da pesquisa Posteriormente, quando o capital de giro for suficiente, há uma boa indicação de que a venda, primeiramente em supermercados, e posteriormente em lojas de conveniência são opções a serem consideradas. A distribuição por meio do telemarketing e da internet servirá como complemento ás vendas, mesmo que estas apresentam menor custo de distribuição e maior cobertura de mercado. Apresentado os resultados do diagnóstico e as proposições, no próximo capítulo são descritas as considerações finais deste estudo. 116 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As decisões de canal de distribuição são de grande importância para as organizações. Observa-se que no composto mercadológico os elementos produto, preço e promoção recebem maior valorização e a praça acaba ficando em segundo plano. Nem sempre, na perspectiva de marketing, a distribuição é assumida em termos de importância estratégica com o mesmo peso das demais variáveis do mix de marketing. Na realidade deveria ser encarada como um importante sistema de entrega de valor ao mercado. Consciente da importância das decisões de praça, no conjunto das decisões do composto de marketing e na abordagem da empresa ao mercado, o presente trabalho de conclusão de curso teve como objetivo definir o arranjo (Design) de canal de distribuição, sob a ótica do marketing, mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag para alcançar o maior número de consumidores no mercado pet. Para alcançar este propósito foram traçados os seguintes objetivos específicos iniciando-se pela análise das necessidades do consumidor final e do varejista do setor pet; estabelecendo os objetivos e limitações do canal; identificando as principais alternativas de canal; e avaliando as principais alternativas de canal. Quanto à análise das necessidades do consumidor, ao observar os resultados deste estudo, embora exista a impossibilidade de inferir os resultados apresentados em toda a população, permitiu-se definir alguns perfis quanto à cultura dos consumidores relacionada às características de cada uma das cidades. Na cidade de Balneário Camboriú, escolhida como berço para o lançamento do produto, os consumidores finais possuem o hábito de levar seus cães para passear, com intenção de possibilitar que estes façam suas necessidades fisiológicas e apresentam forte intenção de compra dos coletores fecais. Bem próximo também é o comportamento dos entrevistados residentes na cidade de Itapema. Em Itajaí, as pessoas apresentam hábitos de passeio, não tão intensos quanto em Balneário Camboriú e Itapema, porém com previsões de compra de tais produtos mais acentuadas. Já na cidade de Camboriú, a cultura de passeio com os cães é diferente. Isto se dá pela característica geográfica e demográfica do município, onde as pessoas residem em casas, com grande área livre sem a necessidade de passeio 117 com os cães. Desta forma, a intenção de compra dos coletores apresenta-se reduzida. Para saber em quais os locais os consumidores finais percebem como adequados para a aquisição do produto, os mesmos consideram como locais de maior conveniência as lojas especializadas, mais precisamente os pet shops e em supermercados. Esta distribuição em supermercados inicialmente não foi considerada, pois o capital de giro da empresa para alcançar estes não é suficiente, tendo em vista o alto custo que os supermercados estipulam para a colocação de produtos nas gôndolas. Ainda sobre a importância de identificar as necessidades dos consumidores finais, pode-se atribuir ao consumidor final a responsabilidade do sucesso dos produtos ou serviços, tendo em vista que é para eles que as organizações devem focar seus esforços. Para a City Clean Comércio de Artigos para Animais Ltda. conhecer os desejos e anseios deste público alvo foi de grande importância não só para o lançamento do City Clean Poo Bag mas sim para o desenvolvimento de outros produtos que atendam caráter de utilidade aliado a inovação no segmento em que a empresa se propôs atuar. Ao analisar as necessidades e perspectivas dos varejistas do setor pet foi possível verificar um mercado (consumidor final) com alto poder aquisitivo e que não mede esforços para oferecer aos animais de estimação o que há de melhor em saúde, estética e moda. Para os varejistas especializados, existe uma grande importância em uma relação direta com o fabricante, desde relacionamento até redução de custos. Para isso, o desafio da City Clean Comércio de Artigos para Animais Ltda. está em manter um relacionamento bem próximo do varejista mesmo que a decisão de canal estipule um grande número de intermediários, desta forma, mesmo que o controle sobre o produto não esteja mais ao alcance da empresa, ela poderá por meio de pessoas capacitadas, realizar um acompanhamento paralelo a distribuição observando como os intermediários estão efetuando o processo de entrega de valor a cada varejista atendido. As perspectivas dos varejistas do setor pet em relação ao produto proposto são positivas. De acordo com as exposições de opinião, o público deste segmento apresenta características especiais no sentido de absorverem e adotarem as inovações em produtos e serviços desde que estas permitam-lhe conforto, bem estar e status. Os varejistas afirmam que o produto é 118 interessante e que dentro de uma proposta de preços atrativa será um produto de venda garantida. Diante da visão de distribuição, os entrevistados esperam manter um relacionamento próximo com o fabricante, pois os mesmos manifestaram preferência de negociação direta entre varejo e fabricante. Ao estabelecer os objetivos e limitações do canal, estes fatores foram observados diante da realidade apresentada pelo proprietário da empresa em estudo. Os objetivos identificados estão voltados a disponibilizar o material para o maior número de pontos de venda possível desde que estejam dentro de um perfil sócio-econômico que deseja alcançar. Sua intenção é fornecer produto em lojas especializadas como pet shops e clínicas veterinárias, também distribuir os coletores fecais em supermercados e lojas de conveniência, mas tudo de forma sequencial e adequada à capacidade de investimento da empresa. A identificação das principais alternativas de canal foi pesquisada em diversas literaturas referenciadas e também por meio de pesquisas. O resultado inclui distribuição direta ao consumidor final por meio da internet e do telemarketing, distribuição a varejos especializados como pet shops, clínicas veterinárias e agroveterinárias, lojas como supermercados, casas de embalagem e lojas próprias do fabricante. Nem todos esses canais e intermediários proporcionam o mesmo desempenho. Quanto à avaliação das principais alternativas de canal, esta foi desenvolvida obedecendo a critérios sob a ótica do Marketing, que analisa o contexto por meio das ferramentas do mix mercadológico e, novamente revelou que a alternativa mais indicada é o pet shop, local que apresenta além de serviços especializados uma diversificada linha de produtos pet como alimentos, camas, acessórios de estética e utilidade e também opções em vestuário animal. Por meio dos resultados dos objetivos específicos alcançados, foi possível então responder ao problema de pesquisa que procurava respostas para definir o arranjo (Design) de canal de distribuição, sob a ótica do marketing, mais indicado na etapa de lançamento do City Clean Poo Bag para alcançar o maior número de consumidores finais no mercado pet. Com estas realidades segmentadas geograficamente, é possível definir um sistema de canais múltiplos para cobrir de forma mais homogênea as áreas de atuação da empresa de acordo com cada necessidade. Para que não haja gastos 119 desnecessários com as estratégias de distribuição padronizando o arranjo de canal, a empresa pode então optar por canais diretos do fabricante para o consumidor por meio do telemarketing e do e-commerce em locais de menor intenção de compra. Nos locais onde existe maior demanda pelo produto, a empresa pode então atuar com força de vendas própria distribuindo o produto aos varejistas do setor que por sua vez, repassam ao consumidor final. Nas áreas mais distantes da matriz a estratégia pode ser uma mescla dos canais acima citados. A empresa pode atuar com venda direta aos consumidores por meio do telemarketing e e-commerce, bem como a força de vendas atendendo tanto a distribuidores atacadistas quanto a varejos especializados. Inicialmente é neste sistema multicanal que a empresa alcançará seus objetivos de distribuição levando em conta o fator de menor investimento em logística e maximizando seus resultados. No decorrer do exercício de vendas a empresa pode adaptar-se ao mercado, podendo optar por reformulações no arranjo de canal de distribuição. O projeto deste produto, além de caráter de inovação, apresenta um importante diferencial, consciência ambiental. Tendo em vista os demais produtos voltados a coleta de fezes de cães serem plásticos, o City Clean Poo Bag é ecologicamente correto por ser um produto descartável e biodegradável. Com a utilização deste material, as vias públicas permanecem limpas, evitando desta forma, doenças atreladas ao contato com as fezes e contribuindo para a proteção do meio ambiente. É importante ainda salientar que precisa ser desenvolvido um posicionamento para o consumidor do mercado pet, estimulando-o a desenvolver o hábito de coleta das fezes. Este posicionamento apresenta-se como uma questão de educação do consumidor ao serviço proposto reforçando a facilidade, a higiene pessoal, social e ambiental. Ao atingir o objetivo estabelecido, o presente estudo pode ser considerado de grande importância, para a acadêmica, para a empresa que se propôs ser estudada, para a instituição de ensino e também para a sociedade. Este trabalho foi muito significativo para a acadêmica ao ser requisito parcial da titulação de Bacharel em Administração habilitada em Marketing, bem como por capacitá-la ao mercado de trabalho, por meio do conhecimento abrangente do marketing e suas ferramentas. 120 No âmbito de importância para a empresa, pode-se considerar o estudo realizado como uma diretriz estratégica dos canais de distribuição no início de suas atividades, permitindo-lhe maior área de cobertura e alcançando o maior número de consumidores finais. Para a instituição de ensino, a importância deste trabalho revela-se como um estudo complementar aos conteúdos ministrados no decorrer do curso, firmando ainda mais a seriedade do conhecimento na área de graduação ofertado pela universidade. Enfim, para a sociedade, está proposta uma alternativa ecologicamente correta, socialmente aceita e economicamente viável, a qual possibilita além de conforto e discrição na coleta das fezes, participar de forma atuante no cuidado com a limpeza da cidade e prevenção de doenças transmissíveis pelo contato com as fezes animais. Como sugestão para estudos futuros, fica a hipótese de desenvolvimento de campanhas sociais para a conscientização dos portadores de cães, quanto à importância em coletar os dejetos animais com materiais biodegradáveis, elucidando os danos causados a saúde ao meio ambiente. 121 REFERÊNCIAS AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Definition of Marketing. Disponível em <http://www.marketingpower.com/aboutAMA/pages/definitionofmarketing.aspx>. Acesso em: 29 jun. 2010. ANDERSON, Erin; COUGHLAN, Anne T.; EL-ANSARY, Adeli I.; STERN, Louis W. Canais de Marketing e Distribuição. 6. ed. Porto Alegre: Boockman, 2002. ANDRADE, Maria Margarida de. 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Qual a idade de seu(s) cão(es): ( ) Inferior a 01 ano ( ) de 01 a 03 anos ( ) de 04 a 06 anos ( ) 07 anos ou acima 04. Há quanto tempo você possui o(s) cachorro(s): ( ) Inferior a 01 ano ( ) de 01 a 03 anos ( ) de 04 a 06 anos ( ) 07 anos ou acima Informações Socioeconômicas: 05. Sua idade ( ) Menos de 18 anos ( ) 42 a 49 anos ( ) 18 a 25 anos ( ) 50 a 57 anos 06. Sexo ( ) Feminino 07. Estado civil ( ) Solteiro ( ) 26 a 33 anos ( ) 34 a 41 anos ( ) acima de 58 anos ( ) Masculino ( ) Casado 08. Escolaridade ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Superior Incompleto 09. Cidade em que reside: ( ) Balneário Camboriú ( ) Camboriú ( ) Divorciado ( ) Viúvo ( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Completo ( ) Itajaí ( ) Itapema ( ) Outra ________________ 10. Renda familiar ( ) Sem renda ( ) até R$ 510,00 ( ) De R$ 511,00 a R$ 1.020,00 ( ) De R$ 1.021,00 a R$ 2.040,00 ( ) De 2.041,00 a R$ 4.080,00 ( ) Acima de R$ 4.081,00 Identificação do tipo de residência: 11. Você mora em: ( ) Casa ( ) Apartamento ( ) Outros __________________________________________________ 12. Em sua residência, em que condições seu cachorro vive? ( ) Há espaço específico para ele ( ) Divide o espaço com as pessoas ( ) Utiliza ambos os espaços Em relação aos seus hábitos e com seu animal de estimação: 13. Você tem o hábito de sair com seu cão para passear com qual intensidade: ( )Não tenho o hábito ( )Raramente ( )Eventualmente ( )Quase todos os dias ( )Diariamente ( )Mais de uma vez ao dia 127 14. De acordo com a pergunta anterior, os passeios realizados com o cão são exclusivos para que ele possa fazer suas necessidades fisiológicas: ( ) Sempre, esta é a intenção ( ) Em boa parte, está é a intenção ( ) Raramente esta é a intenção ( ) Não, esta não é a intenção. 15. Caso a pergunta anterior seja afirmativa, quantas vezes ao dia você sai de sua residência com esta finalidade: ( ) Até 01 vez ao dia ( ) 02 a 03 vezes ao dia ( ) 04 a 05 vezes ao dia ( ) Depende o dia ( ) Não sei responder 16. Seu cão defeca durante os passeios: ( ) Sim, sempre ( ) Sim, quase sempre ( ) Sim, mas raramente ( ) Sim, na média ( ) Não, nunca ( ) Sim, mas menos da metade ( ) Não sei responder 17. Durante o passeio com o seu cão, você faz a coleta das fezes: ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Na média ( ) Quase nunca possuo este hábito ( ) Não 18. No caso da coleta, o que utiliza para fazer a coleta? _________________________________________________________________________________ 19. Você conhece algum coletor especifico para este fim? ( ) Sim, conheço ( ) Não conheço 20. Você já comprou ou procurou comprar produtos para esta finalidade? ( ) Sim, já comprei ( ) Não, ainda não comprei ( )Sim, já procurei, mas não comprei ( ) Não comprei nem procurei 21. Se já tiver adquirido o produto, assinale onde o produto foi comprado. ( ) Pet Shops ( ) Clínicas Veterinárias ( ) Agroveterinárias ( ) Supermercados ( ) Lojas de Conveniência ( ) Lojas Próprias do fabricante ( ) Casas de Embalagens ( ) Internet ( ) Outros Qual: ____________________________________________________________________________ 22. Caso você tenha o hábito de coletar as fezes, você sente algum incômodo em fazer a coleta dos dejetos? ( ) Sim ( )Não 23. Se houvesse um coletor descartável biodegradável para a coleta das fezes de seu cão, você teria interesse em utilizar? ( ) Com certeza ( ) Provavelmente sim ( ) Nem sim, nem não ( ) Talvez não ( ) Com certeza não ( ) Não sei responder ( ) Depende de alguns fatores 24. Caso na pergunta anterior a alternativa escolhida seja “Depende de alguns fatores”, citeos: _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 25. Em que estabelecimentos gostaria de encontrar esse material para a compra? ( ) Pet Shops ( ) Clínicas Veterinárias ( ) Agroveterinárias ( ) Supermercados ( ) Lojas de Conveniência ( ) Lojas Próprias do fabricante ( ) Casas de Embalagens ( ) Internet ( ) Outros Quais: _______________________________________________________________________________ 128 26. Das opções abaixo, qual quantidade você acredita ser a mais interessante para suprir melhor esta necessidade? ( ) Produto unitário ( ) Pacote com 02 unidades ( ) Pacote com 05 unidades ( ) Pacote com 07 unidades ( ) Pacote com 10 unidades 27. Com que freqüência você o compraria? ( ) A cada passeio ( ) Semanalmente ( ) Quinzenalmente ( ) Mensalmente 28. Qual o valor mensal que você disponibiliza em seu orçamento para utilizar com seu cachorro? ( ) Nenhum valor ( ) Até R$ 50,00 ( ) de R$ 51 a R$ 100,00 ( ) De R$ 101,00 a R$ 200,00 ( ) De R$ 201,00 a R$ 300,00 ( ) acima de R$ 301,00 129 Apêndice B: Roteiro de entrevista aplicado varejista do setor pet. Este roteiro de entrevista é um instrumento de pesquisa que compõe um Trabalho de Iniciação Científica de uma acadêmica do curso de Administração com Habilitação em Marketing. É direcionado aos varejistas do setor pet, cuja finalidade é identificar as necessidades do mercado pet em relação a um novo produto que está sendo desenvolvido e necessita definir qual o arranjo de canal mais indicado para a etapa de lançamento. 1. Fale sobre a sua percepção em relação a economia do setor pet 2. Fale sobre o perfil de seus clientes (poder aquisitivo, hábitos para com os animais, tipo de serviços mais procurados, raças de cães mais atendidas, porte dos animais) 3. Comercializa algum produto para coleta de fezes de animais domésticos/cachorros? 4. Existe procura por produtos desta finalidade? quel a sua expectativa sobre esta necessidade? 5. Quais são seus fornecedores em relação a esses tipos de produtos? 6. De acordo com seu conhecimento existe algum produto descartável e biodegradável para coleta de fezes de cães? 7. Comercializaria produtos desta natureza em sua loja? 8. Qual o número de unidade ideal por embalagem para comercialização? 9. O que considera como fatores importantes para a escolha de seus fornecedores? 10. Dá preferência por comprar direto de fabricantes ou de distribuidores (atacado)? por quê? 130 Apêndice C: Roteiro de entrevista aplicado ao proprietário da empresa a fim de identificar os objetivos e limitações do canal. Este roteiro de entrevista é um instrumento de pesquisa que compõe um Trabalho de Iniciação Científica de uma acadêmica do curso de Administração com Habilitação em Marketing. É direcionado ao proprietário da empresa detentora do produto, cuja finalidade é identificar os objetivos e limitações do canal. 1. Fale sobre sua expectativa em relação ao mercado pet 2. Fale sobre as características do produto 3. Descreva as situações ambientais em seu ponto de vista 4. Descreva a situação da concorrência em relação ao seu produto 5. Quais são os seus objetivos em relação a distribuição do produto (onde deseja encontrá-lo a disposição do consumidor final e como pretende colocálo no mercado) 6. Quais são as limitações encontradas.