História Geral

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA
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Povos da Antiguidade
A história da Grécia, como de outras civilizações,
foi fortemente condicionada pelo ambiente
geográfico. A península Balcânica e muito
recortada e cercada por centenas de ilhas - tanto
no mar Egeu, no mar Jônio e no mar Mediterrâneo.
O seu relevo é muito montanhoso e com um solo
árido. Em decorrência disto, os gregos irão atribuir
uma enorme importância às atividades mercantis.
O solo e o clima auxiliam o desenvolvimento da
cultura de oliveira, de vinho e ao Pastoreio (cabra
e ovelha). Para suprir as necessidades de sua
população, os gregos irão se dedicar ao comércio
marítimo, resultado o processo de colonização.
Dos povos do mundo antigo, os helênicos foram
os que melhores refletiram o espírito do homem
ocidental. A ideia de liberdade, o racionalismo, o
conceito de cidadania, a filosofia e as bases da
ciência moderna surgiram como glorificação grega
ao Espírito humano.
O processo histórico da civilização Helênica está
assim dividido:
1) Período Pré-Homérico - século XX a.C ao
século XII a.C .
2) Período Homérico - século XII a.C ao século VIII
a.C.
3) Período Arcaico - século VIII a.C ao século VI
a.C .
4) Período Clássico - século V a.C ao século IV
a.C.
Os gregos contribuíram muito para o mundo
ocidental, verificamos a presença deste povo nas
artes, nos princípios éticos e políticos. Os
primeiros povos a ocupar a Grécia foram os
Pelasgos em 2000 a.C., porém depois seu
território foi invadido por povos indo-europeus
conhecidos também como helenos.
A chegada destes povos foi decisiva para a
história política da Grécia, porém eles não
realizaram uma ocupação uniforme no território
grego.
Com esses povos se iniciavam os tempos
homéricos. Homero é o suposto autor das obras
―Ilíada‖ e ―Odisséia‖, essas obras são grande
fonte de referência histórica para se conhecer
esse período.
AS CIDADES-ESTADOS:
ESPARTA
Características
- Legislação severa
- Militarismo
- Estrutura social rígida. Dividia a sociedade em 3
grupos.
Elite: eram os espartanos ou esparciatas. Por
serem os únicos considerados cidadãos, podiam
controlar a religião a política e os assuntos
militares.
- Periecos: eram livres e se dedicavam ao
comércio e ao artesanato.
- Hilotas: prisioneiros de guerra, eram a maioria da
população.
Os espartanos temiam rebeliões dos hilotas, por
esta razão fizeram da cidade um verdadeiro
campo militar.
Aos sete anos, os meninos passavam a pertencer
ao Estado e eram educados para a guerra, se
desobedecessem eram punidos. Toda essa
submissão causava transtornos entre as famílias,
pois o cidadão espartano servia ao exército até os
60 anos.
O governo espartano era monárquico: dois reis
comandavam os exércitos e representavam os
interesses das principais famílias espartanas.
ATENAS
Características
Sociedade dividida em 3 grupos:
- cidadãos: eram os proprietários de terra e o
grupo mais poderoso.
- metecos: estrangeiros que se envolviam com o
comércio e artesanato.
- escravos: não tinham direito político, assim como
as mulheres.
-Comércio ativo:
Exportavam: vinho, azeite, artesanato.
Importavam: cobre, ferro e trigo.
Antes de se tornar uma Democracia (PESQUISEM
mais sobre a democracia ateniense), Atenas
conheceu a monarquia, oligarquia (governo de
poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido,
classe ou família) e a tirania.
LÍDERES
Drácon (legislador)
Sólon (legislador)
Pisístrato (tirano)
Hípias (tirano)
Hiparco (tirano)
Ciências da Humanas suas Tecnologias
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Iságoras (último tirano)
Clístenes (sob seu comando, Atenas entrou em
um período de reformas políticas que
beneficiavam os mais pobres).
Nos séculos V e IV a.C. (Período Clássico), os
gregos se envolveram em várias guerras.
1) Guerras Médicas: lutaram contra os persas,
pois estes haviam construído um império que
ameaçava as colônias gregas.
2) Guerra do Peloponeso (Atenas X Esparta):
Esparta saiu vencedora.
3) Tebas X Esparta: Tebas saiu vencedora.
CULTURA GREGA
Características
- A mitologia grega incluía deuses, semideuses e
heróis.
- Seus deuses tinham emoções parecidas com os
seres-humanos, porém eram imortais. Zeus era o
soberano do Olimpo (situado ao norte da Grécia).
- Alguns deuses eram homenageados em
templos.
- Os gregos não se preocupavam com a vida após
a morte.
- Corpos eram cremados e os cultos eram
baseados em sacrifícios humanos.
- Outra forma de homenagear os deuses eram nos
jogos pan-helênicos e nas Olimpíadas, feitas em
homenagem a Zeus.
- A mitologia grega trazia ensinamentos e
exemplos para a reflexão. Os gregos procuravam
fornecer explicações para os mistérios da
natureza e dos sentimentos humanos.
- Arte era centrada no homem, ou seja, era
antropocêntrica.
- Exemplos de artistas:
Escultura: Fídias, Míron e Praxíteles, são os mais
conhecidos, porém o primeiro foi o mais atuante.
Teatro: Ésquilo (―Prometeu acorrentado‖),
Sófocles (―Édipo rei‖), Eurípedes (―Medéia‖) e
Aristófanes (―As nuvens‖ e ―As rãs‖).
Poesia: Homero. Suposto autor da‖ Ilíada‖ e
―Odisséia‖.
A ―Ilíada‖ narra a Guerra de Tróia e a
―Odisséia‖ conta as aventuras de Ulisses ao
voltar para casa após o término dessa guerra.
Outros autores: Hesíodo, Heródoto e Tucídides.
Filosofia: Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles.
Observação:
A Grécia fez importantes contribuições ao campo
da arte, da literatura e da filosofia: seus escultores
e arquitetos, poetas e dramaturgos, filósofos e
legisladores lançaram as bases longínquas de
toda a cultura ocidental; suas colônias
estenderam-se até o mar Negro, norte da África e
sul da Itália e França, mas a constante rivalidade,
sobretudo entre Esparta e Atenas, acabou
enfraquecendo a civilização grega permitindo a
sua conquista por Filipe da Macedônia em 338
a.C.
Seu filho, Alexandre, O Grande difundiu
largamente a civilização helênica, como citado
anteriormente.
A CRISTANDADE MEDIEVAL
IDADE MÉDIA
A Idade Média é o período histórico compreendido
entre os anos de 476 (queda de Roma) ao ano de
1453 (a queda de Constantinopla). Este período
apresenta uma divisão, a saber:
ALTA IDADE MÉDIA (do século V ao século IX) fase marcada pelo processo de formação do
feudalismo.
BAIXA IDADE MÉDIA (do século XII ao século
XIV) – fase caracterizada pela crise do feudalismo.
Entre os séculos IX e XII observa-se a
cristalização do Sistema Feudal.
ALTA IDADE MÉDIA - Período do século V ao
século IX é caracterizado pela formação do
Sistema Feudal. Neste período observa-se os
seguintes processos históricos: a formação dos
Reinos Bárbaros, com destaque para o Reino
Franco; o Império Bizantino - parte oriental do
Império Romano - e a expansão do Mundo Árabe.
Grosso modo, a Alta Idade Média representa o
processo de ruralização da economia e sociedade
da Europa.
OS REINOS BÁRBAROS
Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo
que não possuía uma cultura greco-romana e que,
portanto, não vivia sob o domínio de sua
civilização. Os bárbaros que invadiram e
conquistaram a parte ocidental do Império
Romano eram os Germânicos, que viviam em um
estágio de civilização bem inferior, em relação aos
romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam
organizados em tribos.
Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo
em comunidades tribais - cuja principal unidade
era a Família. A reunião de famílias constituía um
Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo.
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A instituição política mais importante dos povos
germânicos era a Assembleia de Guerreiros,
responsável por todas as decisões importantes e
chefiada por um rei (rei que era indicado pela
Assembleia e que, por isto mesmo, controlava o
seu poder). Os jovens guerreiros se uniam - em
tempos de guerra - a um chefe militar por laços de
fidelidade, o chamado Comitatus.
A sociedade germânica era assim composta:
- Nobreza: formada pelos líderes políticos e
grandes proprietários de terras;
- Homens-livres: pequenos proprietários e
guerreiros que participavam da Assembleia;
- Homens não-livres: os vencidos em guerras
que viviam sob o regime de servidão e presos à
terra e os escravos – grupo formado pelos
prisioneiros de guerra.
Economicamente, os germânicos viviam da
agricultura e do pastoreio. O sistema de produção
estava dividido nas propriedades privadas e nas
chamadas propriedades coletivas (florestas e
pastos).
A religião era politeísta e seus deuses
representavam as forças da natureza.
Como vimos o contato entre Roma e os bárbaros,
a princípio, ocorreu de forma pacífica até meados
do século IV. À partir daí, a penetração germânica
deu-se de forma violenta, em virtude da pressão
dos hunos. Também contribuíram para a
radicalização
do
contato:
crescimento
demográfico entre os germanos, a busca por
terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de
Roma e a fraqueza militar do Império Romano.
Entre os povos germânicos, os Francos são
aqueles que irão constituir o mais importante reino
bárbaro e que mais influenciarão o posterior
desenvolvimento europeu.
EXPANSÃO
A expansão árabe representou um maior contato
entre as culturas do Oriente e do Ocidente. No
aspecto econômico a expansão territorial
provocará o bloqueio do mar Mediterrâneo,
contribuindo para a cristalização do feudalismo
europeu, ao acentuar o processo de ruralização e
fortalecendo a economia de consumo.
O FEUDALISMO
O feudalismo é um sistema econômico, político e
social fundamentado na propriedade sobre a terra.
Esta pertence ao senhor feudal que cede uma
porção dessa terra ao vassalo em troca de
serviços
ocasionando
uma
relação
de
dependência.
O feudalismo se inicia com o período das invasões
bárbaras e a posterior queda do Império Romano
do Ocidente (Século V) que transformam toda a
estrutura política e econômica da Europa
Ocidental
descentralizando-a.
Os
povos
―bárbaros‖ ao ocuparem parte das terras da
Europa Ocidental contribuem com o processo de
ruralização e o surgimento de diversos reinos,
dentre os quais se destacou o Reino dos Francos.
Mas é no Reino Carolíngeo que se solidificam as
principais estruturas do feudalismo.
Predominante durante toda a Idade Média, o
feudalismo se caracteriza pelas relações de
vassalagem (dependência pessoal) e de
autoridade e posse da terra. As vilas e o colonato
tornam-se o centro da nova estrutura
socioeconômica que tem um sistema produtivo
basicamente voltado para o suprimento das
necessidades individuais dos feudos.
Os feudos, por sua vez, constituíam a unidade
territorial da economia feudal, caracterizando-se
pela sua autossuficiência econômica, produção
predominantemente agropastoril e ausência
quase total de comércio. Nos feudos, a produção
de arte ocorre nos castelos.
Geralmente divididos em três áreas: o domínio,
exclusivamente do senhor feudal e trabalhada
pelo servo; a terra comum, matas e pastos que
podem ser utilizados tanto pelo senhor quanto
pelos servos; e o manso servil, que destinado aos
servos era dividido em áreas denominadas
―glebas‖ de onde metade de toda produção
deveria ser destinada ao senhor feudal (talha - um
tipo de imposto), os feudos podiam tanto ser
enormes territórios com cidades inteiras dentro
deles, ou apenas uma fazenda, variando muito de
um para o outro. Na época do Reino Carolíngeo,
feudo significava ―benefício‖, era o nome dado
ao benefício que o suserano cedia ao vassalo e,
que na maioria das vezes era a posse de terras.
Daí o porquê que ―feudo‖ designa hoje a
propriedade em si.
Com uma estrutura social estática e hierarquizada
podemos identificar a vassalagem e a suserania
como as principais relações da sociedade feudal.
O senhor feudal ou suserano era quem tinha a
posse das terras e as cedia aos vassalos que
deveriam trabalhar nelas para sustento próprio e,
no que chamavam de corvéia, o trabalho gratuito
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para o senhor feudal durante três dias por
semana.
A sociedade era basicamente composta por duas
camadas principais: os senhores e os servos. O
clero, embora de muita importância na sociedade
feudal, não constituía uma classe separada uma
vez que os componentes do clero, ou eram
senhores (alto clero), ou eram servos (baixo clero).
Entretanto, a relação de suserania é mais
complexa uma vez que as terras eram cedidas não
aos camponeses, mas a outros senhores ou
cavaleiros que assumiam um compromisso de
fidelidade com o suserano. Este cedia terras em
troca de mais poder e um aumento no contingente
de seu exército. O que, na prática, não significava
que ele possuía poder sobre os outros feudos uma
vez que o poder era descentralizado.
A Igreja nesse período assume a posição de único
poder centralizado. Aliás, a que se considerar a
enorme importância da Igreja na sociedade feudal
uma vez que naquela época toda a formação
moral, social e ideológica era fortemente
influenciada pelo clero.
O fim do sistema feudal costuma ser delimitado
pela queda do Império Romano do Oriente (Queda
de Constantinopla) no século XV e, na Europa
deveu-se a diversos motivos econômicos, sociais,
políticos e religiosos. Dentre eles podemos
destacar a fome ocasionada pela estagnação das
técnicas agrícolas aliada ao crescimento
excessivo da população; a peste que assolou a
Europa dizimando um terço da população já
bastante debilitada pela fome; o esgotamento das
reservas minerais que abalou a produção de
moedas afetando inevitavelmente as operações
bancárias e o comércio; a ascensão da burguesia
e a crise religiosa ocasionada pela necessidade de
uma nova filosofia religiosa e novas necessidades
espirituais.
O RENASCIMENTO CULTURAL
Características do Renascimento Cultural:
O Renascimento ocorreu, em maior ou menor
grau, em várias regiões da Europa, várias regiões
da Europa. Começou na Itália e expandiu-se para
a França, Alemanha, Inglaterra, Espanha,
Portugal e Holanda.
Apesar das diversidades regionais, observamos
características comuns e fundamentais do
Renascimento, que veremos a seguir.
Retomada da cultura clássica:
Denominamos de cultura clássica o conjunto de
obras literárias, filosóficas históricas e de artes
plásticas produzidas pelos gregos e pelos
romanos na Idade Antiga. Os pensadores do
Renascimento queriam, acima de tudo, conhecer,
estudar e aprender os textos da cultua clássica,
vistos como portadores de reflexões e
conhecimentos que mereciam ser recuperados. É
importante salientar que a retomada dos textos da
cultura greco-romana teve como objetivo o
conhecimento de outras formas de pensar, não
para copiá-las, mas sim para refletir sobre elas,
entro do contexto próprio da passagem da Idade
Média para a Idade Moderna.
O pensamento renascentista originou-se da
articulação entre os valores culturais presentes
nos textos antigos e aqueles herdados do
pensamento medieval católico.
O homem é a medida de todas as coisas:
Talvez a mais marcante característica do
Renascimento tenha sido a valorização do ser
humano. O humanismo (ou antropocentrismo,
como é chamado com frequência) colocou a
pessoa humana no centro das reflexões. Não se
trata de opor o homem a Deus e medir forças.
Deus continuou soberano diante do ser humano.
Tratava-se, na verdade, de valorizar as pessoas
em si, encontrar nelas as qualidades e as virtudes
negadas pelo pensamento católico medieval.
O ideal de universalidade:
Os renascentistas acreditavam que uma pessoa
poderia vir a aprender e a saber tudo o que se
conhece. Seu ideal de ser humano era, portanto,
aquele que conhecia todas as artes e todas as
ciências. Leonardo da Vinci foi considerado, por
essa razão, o modelo do homem renascentista,
pois dominava várias ciências e artes plásticas.
Ele conhecia Astronomia, Mecânica, Anatomia,
fazia os mais variados experimentos, projetou
inúmeras máquinas e deixou um grande número
de obras-primas pintadas e esculpidas. Da Vinci
foi a pessoa que mais conseguiu se aproximar do
ideal de universalidade.
A valorização da razão e da natureza
O Renascimento foi marcado pelo racionalismo,
que se traduziu na adoção de métodos
experimentais e de observação da natureza.
Por essas preocupações e valores, os pensadores
e escritores do Renascimento eram conhecidos
como humanistas.
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Resumo dos fundamentos do Renascimento:
O Renascimento significou uma nova arte, novas
mentalidades e foras de ver, pensar e representar
o mundo e os humanos.
Principais características do Renascimento:
a) antropocentrismo (o homem como centro do
universo): valorização do homem como ser
racional e como a mais bela e perfeita obra da
natureza;
b) otimismo: os renascentistas tinham uma atitude
positiva diante do mundo – acreditavam no
progresso e na capacidade humana e apreciavam
a beleza do mundo tentando captá-la em suas
obras de arte;
c) racionalismo: contrapondo à cultura medieval,
que era baseada na autoridade divina, os
renascentistas valorizavam a razão humana como
base do conhecimento. O saber como fruto da
observação e da experiência das leis que
governam o mundo;
d) humanismo: os humanistas eram estudiosos,
sábios e filósofos, que traduziam e estudavam os
textos
clássicos
greco-romanos.
Os
conhecimentos dos humanistas eram abrangentes
e universais, versando sobre diversas áreas do
saber humano. Com base nesses estudos,
fundamentou-se à valorização do espírito humano,
das capacidades, das potencialidades e das
diversidades dos seres humanos;
e) hedonismo: valorização dos prazeres
sensoriais, carnais e materiais, contrapondo-se a
ideia medieval de sofrimento e resignação.
Expressão cultural na Renascença
A arte da Renascença também se caracterizou
pelo humanismo, naturalismo e realismo na
representação de seres e por uma grande
preocupação com a racionalidade, o equilíbrio, a
simetria e a objetividade, tanto na arquitetura,
pintura e escultura quanto na literatura. A música
passou a explorar, cada vez mais, temas nãoreligiosos e a utilização da técnica do contraponto
deu maior liberdade de criação os compositores.
Sem abandonar a fé e a religião, o renascentista
não se sentia submetido, mas inspirado e
iluminado por elas. Ao contrário do que acontecia
na Idade Média, a ciência e a filosofia tornaram-se
campos diferenciados. Os estudos científicos
valiam-se da indução, da observação da
experimentação, buscando explicação naturais
enquanto o pensamento filosófico buscava
entender a natureza e todas as possibilidades do
conhecimento humano.
REFORMA E CONTRA-REFORMA
A Igreja Católica vinha perdendo prestigio desde o
final da Idade Média, sendo o alvo favorito das
críticas
sociais,
pois
era
grande
o
descontentamento com as desigualdades sociais,
apesar do Renascimento ter cultivado novos
valores.
Diversos cristãos passaram a condenar
energicamente uma serie de abusos e de
corrupções que vinham sendo praticados.
Despejavam-se ataques contra o comportamento
imoral dos sacerdotes, contra o clima de
corrupção existente entre o clero, contra o
comércio de relíquias sagradas (objetos pessoais
dos santos, espinhos da coroa de cristo); bem
como a venda de indulgencias (mediante certo
pagamento os fiéis poderiam comprar a própria
salvação).
Por outro lado, a Igreja insistia em se apresentar
como instituição universal que unia o mundo
cristão. Essa noção de universalidade foi
perdendo força, pois crescia o sentimento
nacionalista, que surgiu com o fortalecimento das
monarquias nacionais. Os reis passaram a
encarar a igreja, que tinha sede do Vaticano e
falavam Latim, como entidade estrangeira que
interferia em seus países.
Todo esse processo de crítica contra a Igreja
católica desencadeou um movimento de
rompimento religioso: a Reforma Protestante do
século VXI. Foi essa reforma que quebrou a
unidade cristã.
LUTERANISMO
Martinho Lutero (1483 – 1546)
Nascido na Alemanha, estudou teologia na
Universidade de Frankfurt e tornou-se monge
agostiniano. Revoltado com a veda de
indulgencias, Lutero afixou nas portas da Igreja de
Winttenberg, Alemanha, um manifesto público (95
teses), em que criticava e denunciava os abusos
da Igreja católica e também expunha os elementos
de sua doutrina. Essa atitude provocou um conflito
com o papa Leão X que, para punir Lutero o
excomungou. Para demonstrar firmeza e descaso
com a igreja católica, Lutero queimou em praça
pública a bula papal que o condenava.
Apesar das perseguições do papa e do Imperador
Carlos V, Lutero conseguiu apoio junto aos
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príncipes alemães e sob proteção, traduziu a
Bíblia para o Alemão popular e escreveu os
preceitos de uma nova Igreja: a Igreja protestante.
Os ensinamentos de Lutero baseiam-se em dois
grandes princípios:
1- A Bíblia é a única fonte da verdade
religiosa;
2- Só a fé salva; a pratica religiosa não
interfere na salvação do indivíduo.
Lutero também decretou o fim da veneração dos
santos e da Virgem Maria. Em seu lugar, propôs a
meditação e a leitura das sagradas escrituras que
podiam
ser
livremente
interpretadas,
possibilitando dessa forma novas religiões como
Calvinismo e o Anglicanismo.
CALVINISMO
João Calvino (1509 – 1564)
Nasceu em Noyon, na França, e desenvolveu
nesse país seus estudos de Teologia e de Direito.
Influenciado por Guilherme Farel, aderiu as ideias
protestantes.
Algumas de suas ideias divergiam de Lutero.
Enquanto este criticava os hábitos burgueses,
atribuindo a corrupção da Igreja Católica ao fato
de a burguesia ter instaurado a prática do
comércio, Calvino, como vivia em grande centro
comercial, apoiava a prática burguês, embora
criticasse os abusos da Igreja. Acreditava-se que
o ser humano estava predestinado a merecer o
céu ou inferno. O sinal da salvação do homem
estava no enriquecimento, pois, o homem
trabalhando, se conseguisse alcançar sucesso e
poupar dinheiro, estaria tendo um sinal de Deus e
estaria salvo.
Além da Suíça, outros países aderiram ao
Calvinismo, como França (Huguenotes), Inglaterra
(puritanos), Escócia (presbiterianos), e na
Holanda.
ANGLICANISMO
Henrique VIII (1509 – 1547)
Rei da Inglaterra, tinha sido um fiel aliado do papa.
Porém uma série de questões políticas e
econômicas o levaram a romper com a Igreja
Católica e a fundar, na Inglaterra, a Igreja
anglicana.
Henrique VIII, já casado com Catarina de Aragão,
não possuía um com ela um filho homem, o qual
pudesse sucede-lo ao trono. Com isso pediu ao
papa a anulação de seu casamento para casar-se
então com Ana Bolena. Porém o papa Clemente
VIII não aceitou o pedido. O rei então, por meio de
juízes rompe seu casamento, e se casa com Ana
Bolena, levando-o a ser excomungado pelo papa,
e por consequência seu rompimento com a igreja
Católica.
O Parlamento Inglês aprovou, em 1534, o “Ato de
Supremacia” pelo qual o rei Henrique VIII seria
agora o chefe supremo da Igreja e dono de todos
os bens. Senso assim, surgia a nova Igreja
Anglicana, o que não significou profundas
mudanças em torno das doutrinas e cultos em
relação a igreja católica, modificando em suma o
líder supremo.
CONTRA-REFORMA
Seus principais líderes foram os papas
Paulo III (1534-1559), Pio V (1566-1572) e Xisto V
(1585-1590).
As
medidas
de
moralização
e
reorganização da Igreja
Todo um conjunto de medidas foi colocado
em prática pelos líderes da Contra-Reforma, tendo
em vista deter o avanço do protestantismo. Entre
essas medidas, destaca-se a aprovação da
Ordem dos Jesuítas, a convocação do Concílio de
Trento e o restabelecimento da Inquisição.
A OREDEM DOS JESUITAS
No ano de 1540, o papa Paulo III aprovou a
criação da Ordem dos Jesuítas ou Companhia de
Jesus, que tinha sido fundada pelo militar
espanhol Inácio de Loyola, em 1534.
Inspirando-se na estrutura militar, os jesuítas
consideravam-se os soldados da igreja, sua tropa
de elite, cuja missão era combater a expansão do
protestantismo. Entretanto, o combate deveria ser
travado com as armas do espírito, e para isso
Inácio de Loyola escreveu um livro básico,
chamado os exercícios espirituais, em que se
propunha a programar a conversão do indivíduo
ao
catolicismo,
mediante
técnicas
de
contemplação.
A criação de escolas religiosas foi um dos
principais instrumentos da estratégia dos jesuítas.
Outra arma utilizada foi à catequese dos nãocristãos, isto é, os jesuítas empenharam-se em
converter ao catolicismo os povos dos continentes
recém-descobertos. O objetivo era expandir o
domínio católico para os demais continentes.
O CONCILIO DE TRENTO
No ano de 1545, o papa Paulo III convocou
um concílio, cujas primeiras reuniões foram
realizadas na cidade de Trento, na Itália. Ao final
dos longos anos de trabalho, terminados em 1563,
o concílio apresentou um conjunto de decisões
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destinadas a garantir a unidade da fé católica e a
disciplina eclesiástica.
Reagindo às idéias protestantes, o Concílio
de Trento reafirmou diversos pontos da doutrina
católica, como, por exemplo:
 Salvação humana - depende da fé e das boas
obras humanas. Rejeitava-se, portanto, a
doutrina da predestinação.
 Fonte de fé – o dogma religioso tem como
fonte a Bíblia, cabendo à Igreja dar-lhe a
interpretação correta, e a tradição religiosa,
conservada pela Igreja e transmitida às novas
gerações. O papa reafirmava sua posição de
sucessor de Pedro, a quem Jesus Cristo
confiou a construção da sua Igreja.
 A missa e a presença de Cristo – a igreja
reafirmou que no ato da eucaristia ocorria a
presença real de Jesus no pão e no vinho.
Essa presença real de Cristo era rejeitada
pelos protestantes.
O Concílio de Trento determinou, ainda, a
elaboração de um catecismo com os pontos
fundamentais da doutrina católica, a criação de
seminários para a formação dos sacerdotes e a
manutenção do celibato sacerdotal.
A INQUISIÇÃO
No ano de 1231 a Igreja católica havia criado os
tribunais da Inquisição, que, com o tempo,
reduziram suas atividades em diversos países.
Entretanto, com o avanço do protestantismo, a
Igreja decidiu reativar, em meados do século XVI,
o funcionamento da inquisição, que se
encarregou, por exemplo, de organizar uma lista
de livres proibidos aos católicos, o Index librorum
prohibitorum. Uma das primeiras relações de livros
proibidos foi publicada em 1564.
ABSOLUTISMO – MERCANTILISMO
O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
CONCEITO: Entende-se por Absolutismo, o
processo de centralização política nas mãos do
rei. É resultado da evolução política das
Monarquias Nacionais, surgidas na Baixa Idade
Média; fruto da aliança rei - burguesia.
FATORES DO ABSOLUTISMO
1) Aliança rei - burguesia:
A burguesia possuía um interesse econômico na
centralização do poder político: a padronização
monetária, dos pesos e medidas. Adoção de
mecanismos
protecionistas,
garantindo
a
expansão das atividades comerciais; a adoção de
incentivos comerciais contribuía para o
enfraquecimento da nobreza feudal e este
enfraquecimento- em contrapartida- garantia a
supremacia política do rei.
2) Reformas Religiosas:
A decadência da Igreja Católica e a falência do
poder papal contribuíram para o fortalecimento do
poder real.
Durante a Idade Média, o poder estava dividido em
três esferas:
- poder local, exercido pela nobreza medieval;
- poder nacional, exercido pela Monarquia;
- poder universal, exercido pelo Papado.
Assim, o processo de aliança rei - burguesia
auxiliou no enfraquecimento do poder local; as
reformas religiosas minaram o poder universal
colaborando para a consolidação do poder real.
3) Elementos Culturais:
O desenvolvimento do estudo de Direito nas
universidades e a preocupação em legitimar o
poder real. O Renascimento Cultural contribuiu
para um retorno ao Direito Romano.
MECANISMOS
DO
ABSOLUTISMO
MONÁRQUICO
A) Criação de um Exército Nacional: Instrumento
principal do processo de centralização política.
Formado por mercenários, com a intenção de
enfraquecer a nobreza e não armar os
camponeses.
B) Controle do Legislativo: Todas as decisões do
reino estavam controladas diretamente pelo rei,
que possuía o direito de criar as leis.
C) Controle sobre a Justiça: Criação do Tribunal
Real, sendo superior aos tribunais locais
(controlados pelo senhor feudal).
D) Controle sobre as Finanças: intervenção na
economia, mediante o monopólio da cunhagem de
moedas, da padronização monetária, a cobrança
de impostos, da criação de Companhias de
Comércio e a imposição dos monopólios.
E) Burocracia Estatal: corpo de funcionários que
auxilia na administração das obras públicas,
fortalecimento o controle do Estado e
consequentemente o poder real.
TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
Nicolau Maquiavel (1469/1525) - Responsável
pela secularização da política, ou seja, ele supera
a relação entre ética cristã e política. Esta
superação fica clara na tese de sua principal obra,
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O Príncipe - segundo a qual "os fins justificam os
meios".
Maquiavel subordina o indivíduo ao Estado,
tornando-se assim no primeiro defensor do
absolutismo.
Thomas Hobbes (1588/1679) - Seu pensamento
está centrado em explicar as origens do Estado.
De acordo com Hobbes, o homem em seu estado
de natureza é egoísta. Este egoísmo gera
prejuízos para todos.
Procurando a sociabilidade, os homens
estabelecem um pacto: abdica de seus direitos em
favor do soberano, que passa a ter o poder
absoluto. Assim, o estado surge de um contrato.
A ideia de contrato denota características
burguesas,
demonstrando
uma
visão
individualista do homem (o indivíduo preexiste ao
Estado) e o pacto busca garantir e manter os
interesses dos indivíduos.
A obra principal de Hobbes é "Leviatã".
Jacques Bossuet (1627/1704) e Jean Bodin
(1530/1596) - Defensores da ideia de que a
autoridade real era concedia por Deus.
Desenvolvimento da doutrina do absolutismo de
direito divino – o rei seria um representante de
Deus e os súditos lhe devem total obediência.
Absolutismo na península Ibérica
PORTUGAL: Primeiro país a organizar o Estado
Moderno. Centralização política precoce em
virtude da Guerra de Reconquista cristãos contra
muçulmanos.
A centralização do Estado Português ocorreu em
1385, com a Revolução de Avis, onde o Mestre da
Ordem de Avis (D.João), com o apoio da
burguesia mercantil consolidou o centralismo
político.
ESPANHA: O processo de centralização na
Espanha também está relacionado com a Guerra
de Reconquista e foi fruto de uma aliança entre o
Reino de Castela e o Reino de Aragão, em 1469 e
consolidado em 1492 - com a expulsão definitiva
dos mouros da península.
Absolutismo na França
A consolidação do absolutismo francês está
relacionada com a Guerra dos Cem Anos:
enfraquecimento
da
nobreza
feudal
e
fortalecimento do poder real. A principal dinastia
do absolutismo francês foi a dos Bourbons:
Henrique IV (1593/1610) - precisou abandonar o
protestantismo para ocupar o trono real.
Responsável pelo Édito de Nantes (1598) que
concedeu liberdade religiosa aos protestantes.
Luís XIII (1610/1643) - Em seu reinado, destaque
para a atuação de seu primeiro-ministro o cardeal
Richelieu. A política de Richelieu visava dois
grandes objetivos: a consolidação do absolutismo
monárquico na França e estabelecer, no plano
externo, a supremacia francesa na Europa. Para
conseguir este último objetivo, Richelieu envolveu
a França na guerra dos Trinta Anos (1618/1648),
contra a os Habsburgos austríacos e espanhóis.
Luís XIV (1643/1715) - O exemplo máximo do
absolutismo francês, denominado o "rei-sol".
Organizou a administração do reino para melhor
controle de todos os assuntos. Governava através
de decretos e submeteu a nobreza feudal e a
burguesia mercantil.
Levou ao extremo a ideia do absolutismo de direito
divino.
Um dos principais nomes de seu governo foi o
ministro Colbert, responsável pelas finanças e dos
assuntos econômicos.
A partir de seu reinado a França inicia uma crise
financeira, em razão das sucessivas guerras
empreendidas por Luís XIV. A crise será
acentuada com o Édito de Fontainebleau, decreto
real que revogou o Édito de Nantes. Com isto,
muitos protestantes abandonam a França,
contribuindo para uma diminuição na arrecadação
de impostos. A crise do absolutismo prossegue no
reinado de Luís XV e atingirá o a ápice com Luís
XVI e o processo da Revolução Francesa.
Absolutismo na Inglaterra
O apogeu do absolutismo inglês deu-se com a
Dinastia Tudor, família que ocupa o poder após a
Guerra das Duas Rosas:
Henrique VIII (1509/1547) - Empreendeu a
Reforma Anglicana, após o Ato de Supremacia
(1534). Com a reforma, o Estado controla as
propriedades eclesiásticas impulsionando a
expansão comercial inglesa.
Elizabeth
I
(1558/1603)
Implantou
definitivamente o anglicanismo, mediante uma
violenta perseguição aos católicos e aos
protestantes.
Iniciou uma política naval e colonial - caracterizada
pela destruição da Invencível Armada espanhola e
a fundação da primeira colônia inglesa na América
do Norte - Virgínia (1584).
Em seu reinado a Inglaterra realiza uma grande
expansão comercial, com a formação de
Companhias de Comércio e fortalecendo a
burguesia.
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Com a morte de Elizabeth I (1603), inicia-se uma
nova dinastia - Stuart - marcada pela crise do
absolutismo inglês.
O MERCANTILISMO
CONCEITO: Política econômica do Estado
Moderno baseada no acúmulo de capitais.
A acumulação de capitais dá-se pela atividade
comercial, daí o mercantilismo apresentar uma
série de práticas para o desenvolvimento das
práticas comerciais.
OBJETIVOS: A intervenção do estado nos
assuntos econômicos visava o fortalecimento do
Estado e o Enriquecimento da burguesia.
PRÁTICAS MERCANTILISTAS
Para conseguir o acúmulo de capitais, a política
mercantilista apresentará os seguintes elementos:
Balança comercial favorável: medida que visava a
evasão monetária. A exportação maior que a
importação auxiliava a manter as reservas de
ouro.
Metalismo (bulionismo): necessidade de acumular
metais preciosos (ouro e prata).
Intervencionismo estatal: forte intervenção do
Estado na economia, com o intuito de desenvolver
a produção agrícola, comercial e industrial. O
Estado passa a adotar medidas de caráter
protecionista - estimular a exportação e inibir a
importação,
impondo
pesadas
tarifas
alfandegárias.
Monopólios: elemento essencial do protecionismo
econômico. O Estado garante o exclusivismo
comercial sobre um determinado produto e/ou
uma determinada área.
TIPOS DE MERCANTILISMO
Cada Estado Moderno buscará a acumulação de
capitais
obedecendo
suas
próprias
especificidades.
PORTUGAL: Mercantilismo agrário, o acúmulo de
capitais virá da atividade agrícola na colônia
(Brasil).
ESPANHA: Metalismo, em razão da grande
quantidade de ouro e prata da América. O grande
afluxo de metais trouxe uma alta dos preços das
mercadorias e desencadeou uma enorme inflação.
Este processo é conhecido como revolução dos
preços.
FRANÇA: Produção de artigos de luxo para a
exportação.
Também
conhecido
como
colbertismo, por causa do ministro Jean Colbert.
INGLATERRA: Num primeiro momento, a
Inglaterra consegue acúmulo de capitais através
do comércio, principalmente após o Ato de
Navegação de 1651. O grande desenvolvimento
comercial vai impulsionar a indústria. Esta última
se tornará na atividade principal para a Inglaterra
conseguir o acúmulo de capitais.
HOLANDA: desenvolve o mercantilismo misto, ou
seja, comercial e industrial.
MERCANTILISMO E FORMAÇÃO DO SISTEMA
COLONIAL
A principal dificuldade do mercantilismo residia na
necessidade que todos os países tinham de
manter uma balança comercial favorável, ou seja,
todos queriam exportar, porém nenhum gostava
de importar. Para solucionar este problema e que
será montado o Sistema Colonial. As áreas
coloniais, mediante o denominado pacto colonial,
auxiliavam a Europa no processo de acumulação
de capitais ao vender – a preços muito baixos matéria-prima e comprar - a preços elevados, os
produtos manufaturados.
CONSEQUÊNCIAS
O processo de acúmulo de capitais, impulsionado
o capitalismo;
A formação do Sistema Colonial Tradicional
(séculos XVI/XVIII);
O desenvolvimento do escravismo moderno, onde
o escravo é visto como mão-de-obra e mercadoria.
EXPANSÃO MARITIMA EUROPEIA
A expansão marítima europeia, processo histórico
ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu
para que a Europa superasse a crise dos séculos
XIV e XV.
Através das Grandes Navegações há uma
expansão das atividades comerciais, contribuindo
para o processo de acumulação de capitais na
Europa.
O contato comercial entre todas as partes do
mundo (Europa, Ásia, África e América) torna
possível uma história em escala mundial,
favorecendo uma ampliação dos conhecimento
geográficos e o contato entre culturas diferentes.
Fatores para a Expansão Marítima
A expansão marítima teve um nítido caráter
comercial, daí definir este processo como uma
empresa comercial de navegação, ou como
grandes empreendimentos marítimos.
Para o sucesso desta atividade comercial o fator
essencial foi a formação do Estado Nacional.
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Formação
do
Estado
Nacional e
a
centralização política: as Grandes Navegações
só foram possíveis com a centralização do poder
político, pois fazia-se necessário uma complexa
estrutura material de navios, armas, homens,
recursos financeiros. A aliança rei-burguesia
possibilitou o alcance destes objetivos tornando
viável a expansão marítima.
Avanços técnicos na arte náutica: o
aprimoramento dos conhecimentos geográficos,
graças ao desenvolvimento da cartografia; o
desenvolvimento de instrumentos náuticosbússola, astrolábio, sextante - e a construção de
embarcações capazes de realizar viagens a longa
distância, como as naus e as caravelas.
Interesses econômicos: a necessidade de
ampliar a produção de alimentos, em virtude da
retomada do crescimento demográfico; a
necessidade de metais preciosos para suprir a
escassez de moedas; romper o monopólio
exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo que contribuía para o encarecimento das
mercadorias vindas do Oriente; tomada de
Constantinopla,
pelos
turcos
otomanos,
encarecendo ainda mais os produtos do Oriente.
Sociais: o enfraquecimento da nobreza feudal e o
fortalecimento da burguesia mercantil.
Religiosos- a possibilidade de conversão dos
pagãos ao cristianismo mediante a ação
missionária da Igreja Católica.
Expansão marítima portuguesa
Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão
marítima. Além da posição geográfica, de uma
situação de paz interna e da presença de uma
forte burguesia mercantil; o pioneirismo português
é explicado pela sua centralização política que,
como vimos, era condição primordial para as
Grandes Navegações.
A formação do Estado Nacional português está
relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre
cristãos e muçulmanos na península Ibérica.
A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de
Borgonha (a partir de 1143) caracterizada pelo
processo de expansão territorial interna.
Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal
conhece um movimento político denominado
Revolução de Avis - movimento que realiza a
centralização do poder político: aliança entre a
burguesia mercantil lusitana com o mestre da
Ordem de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é
caracterizada pela expansão externa de Portugal:
a expansão marítima.
Etapas da expansão
A expansão marítima portuguesa interessava à
Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à
nobreza, interessada em conquista de terras; à
Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar
outros povos e a burguesia mercantil, desejosa de
ampliar seus lucros.
A seguir, as principais etapas da expansão de
Portugal:
1415 - tomada de Ceuta, importante entreposto
comercial no norte da África;
1420 - ocupação das ilhas da Madeira e Açores no
Atlântico;
1434 - chegada ao Cabo Bojador;
1445 - chegada ao Cabo Verde;
1487 - Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo
das Tormentas;
1498 - Vasco da Gama atinge as Índias (Calicute);
1499 - viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
Expansão marítima espanhola
A Espanha será um Estado Nacional somente em
1469, com o casamento de Isabel de Castela e
Fernando de Aragão. Dois importantes reinos
cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de
Reconquista.
No ano de 1492 o último reduto mouro - Granada
– foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo
ano, Cristóvão Colombo ofereceu seus serviços
aos reis da Espanha.
Colombo acreditava que, navegando para oeste,
atingiria o Oriente. O navegante recebeu três
navios e, sem saber chegou a um novo continente:
a América.
A seguir a principais etapas da expansão
espanhola:
1492 - chegada de Colombo a um novo
continente, a América;
1504 - Américo Vespúcio afirma que a terra
descoberta por Colombo era um novo continente;
1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a
primeira viagem de circunavegação do globo.
As rivalidades Ibéricas
Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos
sobre os territórios descobertos ou a descobrir,
resolveram assinar um acordo – proposto pelo
papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano
passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo
Verde, dividindo as terras entre Portugal e
Espanha. Portugal não aceitou o acordo e no ano
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de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas. O
tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas
demais nações europeias.
NAVEGAÇÕES TARDIAS
Inglaterra, França e Holanda
O atraso na centralização política justifica o atraso
destas nações na expansão marítima:
A Inglaterra e França envolveram-se na Guerra
dos Cem Anos (1337-1453) e, após este longo
conflito, a Inglaterra passa por uma guerra civil - a
Guerra das Duas Rosas (1455-1485); já a França,
no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um
período de lutas no reinado de Luís XI (14611483).
Somente após estes conflitos internos é que
ingleses, durante o reinado de Elizabeth I (15581603); e franceses, durante o reinado de
Francisco I iniciaram a expansão marítima.
A Holanda tem seu processo de centralização
política atrasado por ser um feudo espanhol.
Somente com o enfraquecimento da Espanha e
com o processo de sua independência é que os
holandeses iniciarão a expansão marítima.
CONSEQUÊNCIAS
As Grandes navegações contribuíram para uma
radical transformação da visão da história da
humanidade. Houve uma ampliação do
conhecimento humano sobre a geografia da Terra
e uma verdadeira Revolução Comercial, a partir da
unificação dos mercados europeus, asiáticos,
africanos e americanos.
A seguir algumas das principais mudanças:
A decadência das cidades italianas; a mudança do
eixo econômico do mar Mediterrâneo para o
oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial;
enorme afluxo de metais para a Europa
proveniente da América; o retorno do escravismo
em moldes capitalistas; o euro centrismo, ou a
hegemonia europeia sobre o mundo; e o processo
de acumulação primitiva de capitais resultado na
organização da formação social do capitalismo.
SISTEMA COLONIAL
O chamado Sistema Colonial Tradicional
desenvolveu-se, na América, entre os séculos XVI
e XVIII. Sua formação está intimamente ligada às
Grandes Navegações e seu funcionamento
obedece aos princípios do Mercantilismo.
Como vimos, o Estado Moderno, através das
práticas mercantilistas, buscava o acúmulo de
capitais e as colônias irão contribuir de forma
decisiva para este processo. Assim, através da
exploração colonial os Estados Metropolitanos se
enriquecem- como também sua burguesia.
O Sistema Colonial Tradicional conheceu dois
tipos de colônias: a colônia de povoamento e a
colônia de exploração.
COLÔNIA DE POVOAMENTO:
Característica das zonas temperadas da América
do Norte e marcada por uma organização
econômico-social
que
buscava
manter
semelhanças com suas origens europeias:
predomínio
da
pequena
propriedade,
desenvolvimento do mercado interno, certo
desenvolvimento
urbano,
valorização
dos
princípios de liberdade (religiosa, econômica, de
imprensa),
utilização
do
trabalho
livre,
desenvolvimento industrial e desenvolvimento do
comércio externo.
COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO:
Típica das zonas tropicais da América, onde
predomina a agricultura tropical escravista e
monocultora. Não houve desenvolvimento de
núcleos urbanos nem do mercado interno, ficando
esta área dependente da Metrópole. A principal
característica desta área foi a Plantationlatifúndio, monocultor escravocrata.
A colonização inglesa na América do Norte
apresentou as duas formas colônias. As treze
colônias inglesas podem assim ser divididas: as
colônias do Norte e do centro serão colônias de
povoamento; as colônias do Sul serão colônias de
exploração.
As colônias do Norte tiveram suas origens nas
lutas sociais que ocorreram na Inglaterra, quais
sejam, as perseguições aos puritanos pela
Dinastia Stuart (1603/1642). Com a Revolução
Puritana (1640/1660) o contingente que chega à
colônia é basicamente formado por nobres
aristocráticos.
Desde cedo, os colonos do Norte demonstram sua
vocação comercial, dinamizando o mercado
externo através do chamado "comércio triangular".
Aspectos da economia colonial
Uma economia colonial, área de exploração vai
apresentar os seguintes elementos:
Economia complementar e especializada: a
principal função de uma colônia era complementar
a economia metropolitana, produzindo artigos que
pudessem ser vendidos a altos preços no mercado
europeu; daí sua especialização em certos
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gêneros tropicais, como tabaco, algodão e canade-açúcar.
Integrada ao capitalismo: a economia colonial
atendia os interesses do capitalismo europeu. A
utilização da mão-de-obra escrava não representa
um paradoxo, ao contrário, foi mais um elemento
utilizado para o processo de acumulação de
capitais. O tráfico negreiro era altamente lucrativo.
Pacto colonial: o elemento definidor das relações
entre Metrópole e colônia, foi o monopólio. Este
será implantado através do pacto colonial, onde a
colônia é obrigada a enviar para a Metrópole
matérias-primas (gêneros tropicais e metais
preciosos) e comprar da Metrópole artigos
manufaturados e escravos.
Através das relações coloniais, foi possível o
desenvolvimento pleno do capitalismo na Europa.
O objetivo máximo do mercantilismo – o acúmulo
de capitais - só foi possível em virtude da
existência de uma área extraterritorial auxiliando a
Europa em manter uma balança comercial
favorável.
A Revolução Inglesa
No século XVII, a Inglaterra foi revolvida por
grandes turbulências políticas, econômicas e
sociais. Trata-se da Revolução Inglesa, um
período de 50 anos de lutas, que representou o
embate das velhas estruturas feudais com as
novas forças do capitalismo em expansão. Alo
final, essa primeira revolução burguesa da Europa
pôs fim ao Estado absolutista e abriu caminho
para o avanço industrial inglês.
A Inglaterra absolutista do século XVII: As
condições
que
levaram
à
onda
revolucionária
Durante o século XVII, a Inglaterra viveu um
período de turbulência revolucionária, fruto do
conflito entre certas estruturas feudais, ainda
vigentes no país, e as novas forças do capitalismo
em expansão. Denomina-se Revolução Inglesa o
conjunto desses acontecimentos.
O papel da Revolução inglesa
Os conflitos político-sociais do século XVII
foram o meio pelo qual a Inglaterra rompeu
definitivamente com o que restava do sistema
feudal, promovendo o capitalismo com medidas
como a transformação da estrutura agrária, a
modificação das relações trabalhistas no campo, o
aperfeiçoamento da técnica de produção etc.
No plano meramente político, podemos dizer
que a Inglaterra promoveu a substituição do
Estado absolutista pelo Estado liberal-capitalista,
no qual havia três poderes distintos: o Executivo,
o Legislativo e o judiciário.
A Revolução Inglesa foi a primeira revolução
burguesa da Europa ocidental. Antecipou em 150
anos a Revolução Francesa. Representou a
destruição do Estado absolutista e a criação de
condições para o avanço do capitalismo industrial
na Inglaterra. Desse ponto de vista, a Revolução
Inglesa e a Revolução Industrial representam duas
faces de uma mesma moeda.
Organização econômica
A situação econômica da Inglaterra no
século XVII variava bastante, conforme a região
do país.
A norte e a oeste ainda predominava uma
estrutura agrária do tipo feudal, embora já viesse
sofrendo um processo de transformação com o
rompimento
das
relações
servis
e
o
assalariamento da mão-de-obra camponesa.
A sul e a leste encontravam-se grandes
transformações do ponto de vista agrário, havendo
fazendas do tipo capitalista, bem como uma
indústria artesanal e manufatureira voltada para a
produção de mercado.
Nos grandes centros urbanos ingleses,
desenvolveram-se
as
sociedades
de
comerciantes
dedicadas
ao
comércio
internacional e interno, bem como uma indústria
artesanal.
Organização social
De acordo com a região econômica do país
predominava uma classe social. Na região
conservadora do norte e do oeste inglês,
predominava a nobreza tradicional, zelosa de seus
direitos feudais.
Na região do sul e do leste, predominava
uma aristocracia em transformação, constituída,
em geral, por proprietários agrários que viviam da
exploração dessas terras, nos moldes capitalistas.
Essa classe, conhecida como gentry, foi
responsável pela liderança do processo
revolucionário inglês do século XVII. É preciso
esclarecer que a gentry não era necessariamente
aristocrática, pois dela faziam parte tanto nobres
decadentes como burgueses em ascensão.
Encontrava-se, também, mas regiões sul e leste,
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a classe dos pequenos posseiros (yomanry), que
constituiu a força social de massa que impulsionou
o processo revolucionário.
Nos centros urbanos predominava a
burguesia financeira, detentora de monopólios
concedidos pela monarquia. Encontravam-se,
também, outros importantes segmentos sociais: a
burguesia comercial, os mestres das corporações
de ofícios, os mestres dos centros manufatureiros
e o proletariado marginal.
Organização política e religiosa
A dinastia dos Tudor, que governava a
Inglaterra no século XVI, exerceu um
absolutismo de fato, sem a oposição da
burguesia, pois realizava uma série de ações
administrativas que correspondiam aos anseios
burgueses. Entre essas ações, podemos
mencionar: a centralização do poder como
garantia da ordem social; a uniformização das
moedas, dos pesos e das tarifas alfandegárias; e
a permissão à atividade dos corsários, que
colaboraram para a expansão comercial marítima
inglesa.
Durante esse período, a Igreja anglicana,
embora mantendo a forma ritual católica
(hierarquia episcopal, liturgia), dava ênfase ao
conteúdo calvinista, pois a ética protestante era
mais compatível com a moral do capitalismo.
No século XVII, a dinastia dos Stuart
pretendeu transformar o absolutismo de fato em
absolutismo de direito, isto é, plenamente
reconhecido em termos jurídicos. A monarquia
buscava, desse modo, uma legitimação de seus
poderes absolutistas, pois entra em grave choque
com o parlamento inglês, dominado pela
burguesia puritana, que defendia limitações
jurídicas para o poder real.
Para preservar seus poderes, a monarquia
inglesa utilizou-se da política religiosa, passando
a valorizar, no anglicanismo, a forma litúrgica
católica (por meio de uma legislação rigorosa), em
vez do conteúdo calvinista puritano. Promovendo
essa valorização do rito católico em detrimento do
conteúdo protestante, a monarquia buscava apoio
na aristocracia tradicional católica.
Em 1628, o parlamento proclamou, através
da Petição de Direitos, que o rei não poderia criar
impostos, convocar o exército ou prender pessoas
sem o prévio consentimento parlamentar. No ano
seguinte, Carlos I reagiu, dissolvendo o
parlamento e perseguindo os líderes políticos que
lhe faziam oposição.
Onze anos depois, em 1640, Carlos I viu-se
obrigado a reconvocar o parlamento, a fim de
conseguir recursos financeiros para combater uma
revolta escocesa contra seu governo. Uma vez
reunido, depois de alguns impasses, o parlamento
tomou novamente uma série de medidas que
desagradaram a Carlos I, entre elas a decretação
de uma lei proibindo o monarca de dissolver o
parlamento e tornando obrigatória a convocação
do órgão pelo menos uma vez a cada três anos.
Longas lutas: As etapas da primeira revolução
burguesa
Os sucessivos conflitos entre o rei e o
parlamento desencadearam a Revolução Inglesa,
que pode ser dividida em quatro etapas: guerra
civil (1642-1648); república de Cromwell (16491658); restauração monárquica (1660-1688) e
Revolução Gloriosa (1688-1689).
Guerra civil ou Revolução Puritana
Carlos I revoltou-se contra as medidas
adotadas pelo parlamento. Ordenou, então, que
sua guarda invadisse aquele órgão e prendesse
seus principais líderes. Estes, por sua vez,
organizaram milícias para lutar contra as tropas do
rei. Iniciou-se, assim, uma sangrenta guerra civil.
Foi a chamada Revolução Puritana.
Nessa sociedade inglesa, dividida em
diversos segmentos sociais, havia complexas
relações de interesses coletivos que se traduziam
no posicionamento dos grupos, contrários à
monarquia ou contrários ao parlamento. De modo
geral, podemos alinhar entre os grupos favoráveis
à monarquia: a burguesia financeira, os mestres
das corporações e o alto clero anglicano. Entre os
grupos favoráveis ao parlamento podemos
relacionar: a burguesia mercantil, a gentry, os
mestres manufatureiros e os camponeses pobres.
As tropas do parlamento foram lideradas
pelo deputado puritano Oliver Cromwell, que
organizou um exército, cujos postos de comando
eram definidos pelo critério do merecimento
militar e não pela origem da família, como ocorria
no exército da nobreza.
República de Cromwell
Ao final da guerra civil, o exército do
parlamento venceu as tropas de Carlos I, que foi
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preso e condenado à morte, sendo decapitado em
30 de janeiro de 1649.
Instaurou-se, então, o regime republicano
sob a liderança de Oliver Cromwell, que governou
o país de 1649 a 1658.
Entre
os
principais
acontecimentos
registrados nesse período, podemos destacar:
Unificação britânica e Ato de Navegação – Em
1651, Inglaterra, Irlanda e Escócia foram
unificadas numa só República, sob o comando
de Cromwell. Também foi assinado o Ato de
Navegação, determinado que todas as
mercadorias destinadas a entrar ou a sair dos
portos ingleses deveriam ser transportadas por
navios da Inglaterra. O Ato de Navegação tinha
como objetivo proporcionar o desenvolvimento
da marinha inglesa.
Guerra com os holandeses – o Ato de
Navegação prejudicou bastante os holandeses,
que tinham grande lucro com o transporte
marítimo de produtos coloniais para a Inglaterra.
A Holanda decidiu entrar em guerra contra a
Inglaterra (1652-1654), sendo, ao final, derrotada
pelos ingleses. Vitoriosos, a Inglaterra tornou-se
a maior potência naval do mundo.
A ditadura de Cromwell – Em 1653, Oliver
Cromwell assumiu o título de Lorde Protetor da
Comunidade Britânica. Seu cargo tornou-se
vitalício e hereditário. Em seguida, Cromwell
dissolveu o parlamento e passou a exercer um
governo ditatorial.
Em 1658, Cromwell morre. Para dar continuidade
ao governo republicano, assumi o poder seu filho
Ricardo.
Restauração monárquica
O filho de Oliver Cromwell, Ricardo,
conseguiu manter-se no governo por apenas oito
meses, de setembro de 1658 a maio de 1659, pois
não tinha a habilidade político-administrativa do
pai. A agitação novamente tomou conta do país, e
o parlamento, eleito em 1660, decidiu restaurar a
monarquia dos Stuarts, convidando Carlos II para
assumir o trono britânico. O rei, entretanto, deveria
ceder ao domínio do parlamento.
O período da restauração monárquica dos
Stuarts estendeu-se pelos reinados de Carlos II
(1660-1685) e de seu irmão Jaime (1685-1688).
Durante o reinado de Jaime II, surgiu forte
descontentamento da grande burguesia e da
nobreza anglicana em relação ao catolicismo do
rei e ao seu estilo autoritário de governo.
Revolução Gloriosa
Jaime II, que era católico, tomou uma série
de medidas contrariando o parlamento. Este,
temendo a volta do absolutismo, estabeleceu um
acordo com o príncipe holandês Guilherme de
Orange, casado com Maria Stuart, filha de Jaime
II. Pelo acordo, ofereceu-se a Guilherme o trono
inglês, com a condição de que ele respeitasse os
poderes do parlamento.
Iniciava-se, então, a Revolução Gloriosa
(1688-1689), que foi a luta entre as tropas de
Guilherme de Orange e as forças de Jaime II.
O rei inglês foi derrotado e Guilherme de
Orange e sua esposa Maria Stuart assumiram o
poder na Inglaterra, tendo, entretanto, que assinar,
em 1689, uma Declaração de Direitos (Bill of
Rights), que previa, por exemplo:
 Aprovação
de
tributos
pelo
parlamento;
 Liberdade de imprensa;
 Exército permanente;
 Garantias para o livre exercício da
Justiça Pública.
No plano político, a Revolução Gloriosa marcou
o fim do absolutismo na Inglaterra. O poder do rei
passou a ser limitado pelo parlamento, e a
monarquia adquiriu um caráter constitucional.
No plano socioeconômico, a Revolução
Gloriosa selou um compromisso entre a burguesia
urbana e a nobreza proprietária de grandes terras,
cultivadas em moldes capitalistas, Unidas, essas
duas classes poderosas promoveram o
desenvolvimento econômico inglês, tornando o
país a maior potência comercial da época, e
lançaram as bases para o desenvolvimento do
capitalismo industrial.
O ILUMINISMO
Assim como no Renascimento, o movimento
Iluminista trazia como ponto principal o
racionalismo. O século XVIII foi o momento
culminante das sucessivas transformações
culturais vividas até então pela sociedade
europeia. Desde o Renascimento, o homem
moderno foi ampliando a confiança em si mesmo,
no poder da razão e na liberdade de pensamento.
Muitos pensadores passaram a lançar teorias
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novas sobre os mais diversos assuntos: Deus,
Terra, planetas, homem, sociedade. A Igreja, os
reis absolutistas e a nobreza conservadora, todos
muitos criticados, não gostaram dos ataques ao
Antigo Regime. Mas as novas idéias foram se
proliferando até constituíram o Iluminismo,
movimento cultural de grande importância para a
história contemporânea.
Antigo
Regime
X
Burguesia:
O
surgimento de uma ideologia burguesa
Analisando, de modo geral, as sociedades
dos Estados absolutistas, verificamos que elas
eram formadas por diversos segmentos, dentre os
quais se destacavam duas grandes forças sociais
dominantes: a nobreza e a burguesia. Nenhuma
dessas forças, entretanto, conseguiu impor-se
plenamente sobre a outra, gerando relações
sociais extremamente complexas, contraditórias e
conflituosas.
O Estado absolutista alimentava-se desse
conflito social, procurando administra-lo e influir
sobre ele. O objetivo era preservar uma situação
de equilíbrio de poderes e tirar o máximo proveito
dessa tensa coexistência de forças, para garantir
o poder supremo da monarquia. Isso explica
certas contradições do Estado absolutista, como,
por exemplo, conceder monopólios de comércio à
burguesia, estimular as atividades comerciais e,
ao mesmo tempo, oferecer pensões para
sustentar uma nobreza cortesã, parasitária e
improdutiva.
Com o desenvolvimento do capitalismo, nos
séculos XVII e XVIII, a burguesia manteve sua
ascensão econômica em importantes países
europeus, como Inglaterra e França. Cada vez
mais consciente de sua importância e de seus
interesses, ela passou a criticar a sociedade do
Antigo Regime.
Antigo Regime: Uma sociedade em
transição
Antigo Regime é a designação que costuma
ser dada ao conjunto de características sociais,
políticas, econômicas e culturais que marcaram as
sociedades da Idade Moderna, período de
transição do feudalismo para o capitalismo.
As principais características que marcaram
essas sociedades consistiam de:
No setor político – poder absoluto dos reis.
No setor social – a divisão do povo em
estamentos, onde se distinguiam ordens
privilegiadas pelo nascimento e camadas
desfavorecidas.
No setor econômico – as relações feudais em
convivência e conflito com as relações capitalistas.
Através do mercantilismo, o Estado intervinha na
vida econômica e impulsionava o sistema colonial.
No setor cultural – a intolerância religiosa e
filosófica. O Estado e a Igreja intervinham na
consciência individual das pessoas.
A burguesia e o Iluminismo
À medida que se fortalecia e formulava
críticas ao Antigo Regime, a burguesia foi
desenvolvendo sua própria ideologia, tendo por
base o seguinte argumento:
 O Estado só é verdadeiramente rico
se for internacionalmente poderoso;
 Para ser internacionalmente poderoso,
precisa expandir as atividades capitalistas;
 Só expande as atividades capitalistas se der
liberdade e poder social para a burguesia.
Foi esse argumento burguês que, investindo
implicitamente contra os privilégios da nobreza,
corroeu, aos poucos, o equilíbrio das forças
sociais do Estado absolutista e do Antigo Regime.
Ao mesmo tempo, propiciou o surgimento do
movimento cultural que ficou conhecido como
Iluminismo (também denominado Ilustração ou
Filosofia das Luzes).
Ideologia
O termo ideologia pode ser usado em várias
acepções. Neste livro, usaremos com o seguinte
significado:
A ideologia manifesta-se por meio de um conjunto
de ideias, valores e normas de conduta, cujo
objetivo social é condicionar o pensamento e as
ações do maior número possível de pessoas.
Embora seja produzida pelos interesses
socioeconômicos de uma classe dominante, a
ideologia apresenta-se como um produto
generalizado de toda a sociedade. Assim, a
ideologia oculta a sua origem particular e elitista.
Com isso os valores de apenas um grupo social
transforma-se em valores de todos.
Uma das finalidades básicas da ideologia é
envolver
psicossocialmente
as
classes
dominadas, fazendo-as interiorizar e assumir
valores e comportamentos úteis às classes
dominantes. O objetivo é legitimar, por meios
pacíficos, esquemas de dominação social. Veja-
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se, por exemplo, que os valores burgueses do
Iluminismo foram apresentados como valores
sagrados a serem adotados por toda a
humanidade.
Os valores fundamentais do Iluminismo,
segundo o sociólogo Lucien Goldmann1, estavam
ligados de alguma maneira ao desenvolvimento do
comércio e do individualismo burguês.
A atividade econômica fundamental da
burguesia era o comércio. Essa atividade tinha
como regra de desenvolvimento o jogo da oferta e
da procura, que, por sua vez, era o resultado da
ação individual de inúmeras pessoas lutando por
seus próprios interesses econômicos. O comércio,
então, despertava nos homens o espírito de
competição, estimulando o individualismo.
O que o Iluminismo defendia
Os principais valores enfatizados pelo
Iluminismo eram:
Igualdade – no ato de comércio, isto é, no
ato de compra e venda, as possíveis
desigualdades de riqueza entre os participantes
não deviam ser levadas em conta. O que
importava era a igualdade jurídica dos
contratantes. Por isso, os filósofos iluministas
defendiam a igualdade jurídica de todos perante a
lei.
Tolerância religiosa ou filosófica – no ato
de comércio, não importavam as convicções
religiosas ou filosóficas dos participantes. Do
ponto de vista econômico, seria absurdo que a
burguesia levasse em consideração as convicções
pessoais. Fosse muçulmano, judeu ou cristão, a
capacidade comercial das pessoas não se
alterava em função de suas crenças religiosas,
morais ou filosóficas.
Liberdade – o comércio só podia
desenvolver-se numa sociedade de homens
juridicamente livres para vender e comprar. Por
isso, a burguesia era contra a escravidão humana,
pois sem homens livres não poderia existir
mercado comercial.
Propriedade – o comércio também só seria
possível entre as pessoas que detivessem
propriedade de bens ou de capitais. Assim, a
burguesia passou a defender que todos os
homens tinham direito de conquistar propriedades
materiais, pois somente o proprietário tem o direito
de usar e dispor livremente de seus bens.
O que o Iluminismo combatia
Ao defender tais valores, o Iluminismo
passou a combater uma série de elementos
presentes nas sociedades do Antigo Regime.
Entre os principais elementos combatidos pelo
Iluminismo, destacam-se:
 O absolutismo monárquico – na medida
em que procurava preservar um equilíbrio entre as
forças da nobreza e da burguesia, a monarquia
absoluta passou a ser considerada um sistema
injusto de governo, pois impedia o predomínio
pleno da burguesia.
 O mercantilismo – na medida em que
estava diretamente ligado à intervenção do Estado
na vida econômica, o mercantilismo feria o
individualismo burguês e sua vocação para a livre
iniciativa, sendo considerado, então, prejudicial ao
desenvolvimento espontâneo do capitalismo.
 O poder da Igreja – na medida em que a
doutrina cristã baseava-se na autoridade da Igreja
e supunha um conjunto de “verdades reveladas”
pela fé, o poder da Igreja chocava-se com a
autonomia
intelectual
defendida
pelo
individualismo e pelo racionalismo burguês. Os
iluministas queriam que os princípios religiosos,
baseados na “fé-superstição”, fossem substituídos
por princípios científicos, baseados na razão.
Nesse período, o desenvolvimento das técnicas
de produção levou ao crescimento do interesse
pela ciência aplicada, nos campos da Engenharia,
da Química e da Física.
Iluminismo: Um século iluminado pela
razão
A palavra Iluminismo vem de luz e se refere
à capacidade que a razão tem de tudo iluminar. A
razão, dizia-se, é a luz natural do homem.
Durante a Idade Moderna, o europeu foi
adquirindo confiança em si mesmo e na sua
capacidade de investigação racional. Isso resultou
numa produção intelectual de grande importância
para o desenvolvimento do pensamento ocidental,
que culminou, no século XVIII, com o movimento
iluminista.
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Os precursores do Iluminismo
Entre os precursores do Iluminismo
podemos destacar Francis Bacon (1561-1626),
René Descartes (1496-1650), Isaac Newton
(1642-1727) e John Locke (1632-1704).
Bacon: o experimentalismo
Francis Bacon, filósofo, inglês, desenvolveu o
método experimental, no qual enfatizava a
importância da observação e da experimentação
para o desenvolvimento do conhecimento. Seus
estudos se aplicavam às ciências naturais, e os
princípios defendidos por ele foram reunidos no
livro Novum, organum, sua principal obra.
Descartes: o racionalismo
René Descartes, matemático e filósofo
francês, é considerado um dos fundadores do
racionalismo moderno. Defendia, em termos
básicos, que somente através de métodos lógicos
e racionais o homem poderia atingir o
conhecimento científico. Para ele, a única verdade
inquestionável era a existência dos próprios
pensamentos. Daí sua célebre frase: Penso, logo
existo.
Newton: o mecanicismo
Isaac Newton, cientista inglês, descobriu leis
físicas aplicáveis ao universo, como a lei da
gravidade, que foi formulada da seguinte
maneira: matéria atrai matéria na razão direta das
massas e na razão inversa do quadrado da
distância.
Considerava que em função da ciência
descobrir leis universais e formulá-las de modo
preciso e racional, desenvolvendo uma visão
mecanicista do universo. Não excluía a ideia de
Deus, mas não o considerava um ser tirânico
capaz de fazer parar o Sol ou desviar as estrelas
de sua trajetória. Para Newton, Deus manifestavase nas próprias leis universais.
Locke: o empirismo e o liberalismo
político
John Locke, filósofo inglês, é considerado
por muitos como o pai do Iluminismo. Em sua
principal obra, Ensaio sobre o entendimento
humano, afirma que nossa mente é como uma
tábua rasa, sem nenhuma ideia. Tudo o que
adquirimos é devido à experiência.
Para ele, nossas primeiras ideias vêm à
mente através dos sentidos. Depois, combinando
e associando as primeiras ideias simples, a mente
forma ideias cada vez mais complexas. Em
resumo, todo o conhecimento humano chega à
nossa mente através dos sentidos (empirismo) e,
depois, desenvolve-se pelo esforço da razão.
Em termos políticos, Locke condenou o
absolutismo monárquico, revelando sua grande
preocupação em proteger a liberdade individual do
cidadão (liberalismo político).
As novas concepções de Deus e do
mundo
Os grandes filósofos iluministas conceberam o
mundo físico como uma imensa máquina
composta por peças isoladas, mas funcionando
harmonicamente. Deus seria o construtor
dessa máquina universal, o “grande relojoeiro”
responsável pela criação e pelo funcionamento
do mundo. Essa concepção fazia parte do
pensamento racionalista burguês presente no
Iluminismo, que tornava Deus a expressão da
lei universal que comanda o mundo.
Entretanto, em que consistia essa lei?
Montesquieu, em sua famosa definição, diz que
leis são relações necessárias decorrentes da
natureza das coisas. Então, o objetivo das
ciências era desvendar as leis que regem os
fenômenos do mundo.
No plano social, as leis aplicadas aos
indivíduos também deveriam obedecer às
relações necessárias decorrentes da natureza das
coisas. No caso em questão, a natureza humana,
essas relações se manifestam através da vontade
individual.
Em termos de teoria política, as implicações
desse individualismo foram solucionadas pela
noção de contrato social: somente o acordo de
vontade da maioria dos indivíduos legitima o poder
do Estado.
O
Deus
da
burguesia
tornou-se,
evidentemente, um Deus iluminista, respeitador
dos direitos individuais, da liberdade de
pensamento e de expressão, da igualdade perante
a lei e da propriedade material. Um Deus que se
contrapunha ao todo-poderoso Deus medieval,
suserano máximo de todos os cristãos.
Com base nessas novas concepções, o
burguês já não tinha grandes motivos para temer
a vida depois da morte e a prestação de contas
junto a Deus. Do ponto de vista burguês, a vida
cristã seria semelhante à vida econômica
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capitalista: cada indivíduo, no momento da morte
(fechamento do balanço), deveria verificar as
virtudes praticadas (relação das receitas) e
subtrair os pecados cometidos (controle dos
débitos), utilizando o arrependimento e a
misericórdia divina (obter o lucro esperado).
Para o burguês, tanto a recompensa do céu
como a recompensa econômica representavam a
culminação de uma vida ativa, baseada no
trabalho e assinalada pelo êxito.
As teorias econômicas burguesas
Os valores do Iluminismo, aplicados à vida
social e política, também se manifestavam na
teoria econômica através da escola fisiocrática e
da escola do liberalismo econômico.
Os fisiocratas
O termo fisiocrata vem do grego fisis =
natureza e cratos = poder.
O principal economista representante da
teoria fisiocrata foi François Quesnay (16941774), que era contrário à intervenção do Estado
na vida econômica.
Em sua obra Fisiocracia, o governo da
natureza, Quesnay sustenta que existe um poder
natural agindo nas sociedades humanas, sendo
inútil contrariá-lo com leis, regulamentos ou
sistemas. Defendia a valorização da agricultura
como a única atividade verdadeiramente criadora
de riquezas para uma nação. Os fisiocratas
pregavam a implantação de um capitalismo
agrário, baseado no aumento da produção
agrícola.
O liberalismo econômico
O principal representante do liberalismo
econômico foi Adam Smith (1723-1790), autor de
uma importante obra da literatura econômica, o
Ensaio sobre a riqueza das nações.
Nessa obra, Adam Smith critica a política
mercantilista, baseada na intervenção do Estado
na economia. Para ele, a economia deveria ser
dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de
mercado (laissez-faire).
Segundo, Adam Smith, o trabalho em geral
representa a verdadeira fonte de riqueza para as
nações, sendo que esse trabalho deveria ser
conduzido pela livre iniciativa dos particulares.
Os grandes pensadores iluministas
Vejamos agora um breve resumo sobre os
principais pensadores europeus ligados ao
Iluminismo.
Montesquieu (1689-1755): a separação
dos poderes
Montesquieu, jurista francês, escreveu O
espírito das leis. Nessa obra, defendeu a
separação dos poderes do Estado em Legislativo,
Executivo e Judiciário, como forma de evitar
abusos dos governantes e de proteger as
liberdades individuais.
Voltaire (1694-1778): as críticas à Igreja e
aos poderosos
Voltaire foi um dos mais famosos
pensadores do Iluminismo. Com seu estilo literário
irônico e vibrante, destacou-se pelas críticas que
fazia ao clero católico, à intolerância religiosa e à
prepotência dos poderosos.
Em termos políticos, não era propriamente
um democrata, mas defensor de uma monarquia
respeitadora
das
liberdades
individuais,
governada por um soberano esclarecido.
Tornou-se marcante sua posição em defesa
da liberdade de pensamento, através de sua
célebre frase: Posso não concordar com nenhuma
das palavras que você diz, mas defenderei até a
morte o direito de você dizê-las.
Diderot (1713-1784) e D’Alembert (17171783): a enciclopédia
Diderot e D’Alembert foram os principais
organizadores de uma enciclopédia de 33
volumes, que pretendia resumir os principais
conhecimentos da época nos campos científico e
filosófico. Essa enciclopédia contou com a
colaboração de numerosos autores, entre os quais
se destacaram Buffon, Montesquieu, Turgot,
Condorcet, Voltaire, Holbach e Rousseau.
A enciclopédia exerceu grande influência
sobre
o
pensamento
político
burguês,
defendendo, em linhas gerais, o racionalismo, a
independência do Estado em relação à Igreja e a
confiança no progresso humano através das
realizações científicas e tecnológicas.
Rousseau (1712-1778): o bom selvagem e
o contrato social
Jean-Jacques Rousseau nasceu em
Genebra, na Suíça, e, em 1742, transferiu-se para
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a França, onde escreveu suas grandes obras.
Entre elas podemos destacar O contrato social, na
qual expôs a tese de que o soberano deveria
conduzir o Estado segundo a vontade geral de seu
povo, sempre tendo em vista o atendimento do
bem comum. Somente esse Estado, de bases
democráticas, teria condições de oferecer a todos
os cidadãos um regime de igualdade jurídica.
Em outra de suas importantes obras, o
Discurso sobre a origem da desigualdade entre os
homens, Rousseau glorificou os valores da vida
natural e atacou a corrupção, a avareza e os vícios
da sociedade civilizada. Fez inúmeros elogios à
liberdade que desfrutava o selvagem na pureza do
seu estado natural (o bom selvagem),
contrapondo-o à falsidade e ao artificialismo do
homem civilizado.
Rousseau tornou-se célebre como defensor
da pequena burguesia e inspirador dos ideais da
Revolução Francesa.
Kant (1724-1804): a crítica da razão e sua
maioridade
Immanuel Kant, filósofo alemão, elaborou
uma teoria crítica do conhecimento, afirmando em
linhas gerais que todo objeto a ser conhecido está
inter-relacionado com o sujeito que processa o
conhecimento. O ser em si não existe enquanto
objeto do conhecimento, ou seja, ninguém pode
ser objeto de conhecimento de si mesmo, pois
produzirá qualquer coisa, menos saber científico.
Segundo Kant, foi através do Iluminismo que
a mente humana alcançou a idade adulta, a
maioridade.
A Revolução Francesa
No final do século XVIII, diversos setores da
sociedade francesa se uniram para pôr fim ao
absolutismo. A burguesia liderou o movimento,
pois queria expandir seus negócios, mas os
resquícios do sistema feudal atrapalhavam seus
planos. As massas populares, estimuladas pelos
ideais iluministas de liberdade, igualdade e
fraternidade, também aderiram ao movimento. O
movimento radicalizou-se, originando uma
verdadeira revolução. No final, tudo ficou com a
cara da burguesia. Estamos falando da tão
celebrada Revolução Francesa. Considerada o
marco inicial da história contemporânea, ela
inspirou movimentos de libertação em diversas
partes do mundo e abriu caminho para a expansão
definitiva do capitalismo.
O Antigo Regime na França: As
condições que desencadearam o processo
revolucionário.
A Revolução Francesa é um dos grandes
acontecimentos
históricos
do
mundo
contemporâneo, representando uma verdadeira
encruzilhada de correntes sociais, políticas e
econômicas que repercutiram por regiões muito
além da França. É utilizada, tradicionalmente,
para assinalar o início da Idade Contemporânea.
Para entender o processo revolucionário
francês, é preciso conhecer a estrutura social,
política e econômica da França e suas
características no final do século XVIII.
Uma sociedade dividida em três estados.
Com 25 milhões de habitantes, no final do
século XVIII, a França era o país mais populoso
da Europa ocidental.
De acordo com o direito tradicional que
imperava no Antigo Regime, a sociedade francesa
estava dividida em três ordens ou estamentos
sociais: o primeiro estado (clero), o segundo
estado (nobreza) e o terceiro estado (restante da
população). É importante frisar que cada uma
dessas ordens se dividia em grupos, por vezes
rivais.
Clero: o primeiro estado
Constituído pelo clero, o primeiro estado
contava com aproximadamente 120 mil pessoas.
Dividia-se em:
 Alto clero – formado por bispos, abades
e cônegos, vindos de famílias da
nobreza. A riqueza econômica do alto
clero tinha como base o recebimento do
dízimo e a propriedade imobiliária da
terra.
 Baixo clero – composto de padres e
vigários economicamente pobres, que
formavam uma plebe eclesiástica.
Nobreza: o segundo estado.
Constituído pela nobreza, o segundo estado
contava com aproximadamente 350 mil pessoas.
Dividia-se em três grupos principais:

Nobreza cortesã – vivia no
palácio do rei, recebendo pensões da
monarquia.
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
Nobreza provincial – vivia
nos campos, às custas dos rendimentos
feudais recebidos de suas terras.

Nobreza de toga – formada
por burgueses que compravam títulos
nobiliárquicos e cargos políticos de
prestígio.
Camponeses e burguesia: o terceiro estado
Formado pela grande maioria da nação, o
terceiro estado contava com mais de 24 milhões
de pessoas. Era uma massa economicamente
heterogênea, em que podemos distinguir os
seguintes segmentos sociais básicos:
 Camponeses – formados por
servos ainda presos às obrigações feudais
e por trabalhadores livres.
 Grande burguesia – formada for
banqueiros, poderosos empresários e
comerciantes.
 Média burguesia – formada por
profissionais liberais, como médicos,
advogados,
professores
e
médios
comerciantes.
 Pequena burguesia – formada por
pequenos comerciantes.
 Sans-culottes – camada social
urbana de, aproximadamente, 200 mil
pessoas
compostos
por
artesãos,
aprendizes de ofícios, assalariados e
desempregados marginalizados.
Uma economia em crise.
A
economia
francesa
era
predominantemente agrária e ainda mantinha
estruturas feudais. Embora, aproximadamente,
80% da população trabalhasse no campo, sua
produção não atendia de modo satisfatório ao
consumo de alimentos da sociedade. Problemas
climáticos, como secas e inundações, agravavam
a situação da agricultura desde 1784. No campo e
na cidade, a grande massa do povo vivia num
estado de miséria, fome e desesperança.
Aumentava esse quadro de dificuldades a
grave crise da indústria francesa, devido, em
grande parte, ao tratado firmado em 1786 com a
Inglaterra. Por esse tratado, os ingleses
exportariam tecidos para a França, enquanto os
franceses exportariam vinhos para a Inglaterra. AS
indústrias francesas, entretanto, não suportaram a
concorrência, em seu mercado interno, da
indústria têxtil inglesa.
Paralelamente,
o
governo
francês
atravessava uma terrível crise financeira, que
vinha se acumulando desde o reinado de Luiz XIV.
As despesas do Estado eram muito superiores às
receitas do tesouro público. O déficit era crônico e
a única maneira de sana-lo seria promover uma
reforma tributária que eliminasse a tradicional
isenção de impostos concedida às ordens
privilegiadas do clero e da nobreza. Essas ordens,
entretanto, não estavam dispostas a perder seus
tradicionais privilégios.
Cotidiano na história
Num conhecido folheto popular daquela
época, o abade de Sieyès resumiu a situação do
terceiro estado:
O que é o terceiro estado? Tudo.
O que tem ele sido em nosso sistema
político? Nada.
O que ele pretende? Ser alguma coisa.
Os
membros
do
terceiro
estado
representavam, em seu conjunto, cerca de 96% da
população total do país.
Apesar das diferenças sociais existentes
dentro do terceiro estado, todos os seus membros
opunham-se aos privilégios concedidos à nobreza
e ao clero. Reivindicavam um regime jurídico de
igualdade de todos perante a lei, pois apenas o
clero e a nobreza possuíam uma série de
privilégios políticos, judiciários e tributários.
Vida popular: A família pobre na França do século
XVIII
Paris era uma cidade fervilhante. Atraía
trabalhadores que saíam do campo devido às más
colheitas, à elevação do preço dos arrendamentos
e ao cercamento das terras. Era uma população
flutuante, uns chegavam otimistas, outros partiam
frustrados, outros ainda iam e vinham a cada ano.
A agitação era constante nas ruas, invadidas
pelos profissionais que atendiam seus fregueses:
latoeiros, pasteleiros, limpadores de chaminés,
dentistas, floristas e outros. A morte rondava as
crianças, nos asilos de enjeitados e nas viagens
para a casa das nutrizes. Das 21 mil crianças
nascidas anualmente, 20 mil deixavam a capital
forçadas pela necessidade.
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Entre a casa e a rua, a criança levava uma
vida oscilando entre as brincadeiras e o trabalho.
“Filha tanto do bairro como dos pais, a criança
levava recados, prestava pequenos serviços ou,
sob o olhar do mestre, conhecia as agruras da
condição de aprendiz”.
A família popular era fragmentada, e seu
estilo de vida decorria das difíceis condições de
sobrevivência, especialmente de moradia.
Ocupavam os piores cubículos dos prédios
de apartamentos, localizados em ruas estreitas,
lamacentas e mal cheirosas. Chegavam a seus
quartos subindo muitas escadas, e usavam
privadas comunitárias. Muitas vezes, de um quarto
se passava a outro e, por isso, suas portas deviam
ficar destrancadas.
“Disputas conjugais, amores clandestinos,
inquilinos barulhentos, crianças irrequietas: tudo
se sabia e se ouvia sem dificuldades. A
promiscuidade moldava os comportamentos e os
hábitos.”
Exposta ao olhar do outro, a família era vigiada e
vigiava. Em meio ao tumulto, a vida privada se
confundia com a pública.
Uma política decadente
Embora não constituísse uma classe
homogênea, a burguesia adquiria cada vez mais
consciência de seus interesses econômicos e
sociais. Sobretudo a alta burguesia tinha noção de
que o desenvolvimento do capitalismo exigia uma
reestruturação do Estado. O Estado devia ser
organizado segundo os mesmos princípios de
ordem, de clareza, de unidade que a burguesia
aplicava na gestão de seus negócios.
Era preciso combater o absolutismo
monárquico e os privilégios do clero e da nobreza.
Para isso, utilizou-se o fundamento filosófico das
ideias iluministas. Difundiram-se os princípios da
liberdade, igualdade e fraternidade, tendo em vista
a construção de uma sociedade mais digna e mais
justa. Tais ideias contagiaram os setores
progressistas da sociedade, sendo discutidas nos
salões, nos cafés e nas lojas maçônicas. Além
disso, multiplicaram-se associações de diversas
naturezas que divulgavam os textos dos principais
filósofos iluministas.
O Processo Revolucionário: As principais
etapas da Revolução Francesa.
O processo revolucionário foi bastante
longo, contraditório e complexo. Para melhor
entendê-lo, os historiadores costumam dividi-lo
em diferentes fases, conforme os diferentes rumos
tomados pela revolução.
Embora não exista um acordo entre os
historiadores sobre essa divisão, vamos
estabelecer, aqui, a seguinte classificação, que
nos parece a mais conveniente:





A revolta aristocrática;
A Assembleia Nacional Constituinte;
A monarquia constitucional;
A república e a Convenção Nacional;
O governo do Diretório.
A revolta aristocrática
Diante da crise financeira do Estado, o rei
Luís XVI propôs, através de seus ministros
financeiros, a criação de novos tributos. A ideia era
acabar com a isenção tributária da nobreza e do
clero. Estes, porém, sentindo a ameaça a seus
tradicionais privilégios, revoltaram-se em 1787 e
convenceram o rei a convocar uma Assembleia
dos Estados Gerais, que não se reunia desde
1614. Tinham como objetivo obrigar o terceiro
estado a assumir os tributos que não pretendiam
pagar. Luís XVI marcou então para maio de 1789
a abertura dos trabalhos da Assembleia dos
Estados Gerais.
Instituição antiga, a Assembleia dos Estados
Gerais era constituída por representantes das três
ordens sociais: clero, nobreza e terceiro estado. O
sistema de votação comumente adotado era feito
em grupo, por estado, cabendo um voto para cada
ordem social. Assim, clero e nobreza, unidos,
teriam sempre dois votos, contra apenas um do
terceiro estado.
No início de maio de 1789, os Estado Gerais
reuniram-se no palácio de Versalhes, e logo os
conflitos entre as ordens privilegiadas e o terceiro
estado eclodiram.
Nobreza e clero defendiam a manutenção do
antigo sistema de votação (um voto por ordem).
Contanto com um grande número de deputados,
os representantes do terceiro estado queriam
alterar esse sistema de votação para o voto
individual, pois dessa maneira teriam condições
de fazer valer suas decisões. Apoiados pela
monarquia, a nobreza o alto clero não
concordavam com essa mudança nas regras
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tradicionais o jogo e fizeram de tudo para repelir
essa insubordinação do terceiro.
Não havendo acordo entre as ordens para o
início dos trabalhos, o terceiro estado, em 17 de
junho de 1789, proclamou-se em Assembleia
Nacional Constituinte.
Tiro pela Culatra: O suicídio político da
nobreza
A exigência, da aristocracia, de convocação
da Assembleia do Estados Gerais revelou-se um
verdadeiro suicídio político para ela e para o
regime que a representava, e isso basicamente
por duas razões. Primeiro, porque a aristocracia
subestimou perigosamente a força e a capacidade
política do terceiro estado. Segundo, porque,
como a época coincidi, como vimos, com uma
conjuntura econômica de crise, com suas
sequelas de fome e de desemprego, o estado de
espírito dos pobres do campo e das cidades era
de desespero e de revolta. Consequentemente, as
eleições para a escolha dos deputados aos
Estados
Gerais,
nesse
contexto,
eram
extremamente favoráveis aos objetivos do terceiro
estado, porque de um lado deu à burguesia a
oportunidade e o espaço político necessário para,
através de uma intensa propaganda, difundir suas
ideias e seu programa de reformas e, de outro,
permitiu que o descontentamento secular dos
camponeses e das massas urbanas ganhasse,
pela primeira vez, perspectivas políticas.
tencionavam tomar medidas apenas dentro do
âmbito jurídico.
No dia 14 de julho de 1789, o povo, em
célebre jornada revolucionária, invadiu e tomou a
velha prisão da Bastilha, símbolo do poder
absoluto do rei, pois, lá eram aprisionados os
inimigos políticos da monarquia francesa. De
Paris, a revolta espalhou-se por diversas regiões
do país.
Impotente para dominar a agitação políticosocial, o rei Luís XVI foi obrigado a reconhecer a
realidade consumada da Assembleia Nacional
Constituinte.
Esta, para não perder o controle da situação,
diante da fúria da revolta das massas camponesas
e urbanas, procurou tomar medidas de grande
alcance popular, como, por exemplo, a extinção
dos direitos feudais devidos pelos camponeses ao
rei, à Igreja ou aos nobres.
Declaração dos direitos do homem e do
cidadão.
No dia 26 de agosto, a Assembleia Nacional
constituinte proclamou a célebre Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, tendo como
base o ideário burguês do Iluminismo. Ente os
principais pontos defendidos por esse
documento, destacam-se:


A Assembleia Nacional Constituinte
Luís XVI reagiu à atitude do terceiro estado
e ordenou o fechamento da sala de reuniões,
procurando dispersar a Assembleia. Os
representantes do terceiro estado, liderados pela
burguesia, dirigiram-se, então, para um salão de
jogos utilizado pela nobreza e, nesse local
improvisado, decidiram permanecer reunidos até
que elaborassem uma nova Constituição para a
França.
A tomada da Bastilha
O rei procurou reagir através da força,
organizando tropas para lutar contra as
pretensões burguesas do terceiro estado. A essa
altura, entretanto, a revolta tomava conta das
camadas populares, escapando ao controle até
mesmo dos líderes da burguesia, que



O respeito, pelo Estado, à dignidade da
pessoa humana;
A liberdade e a igualdade dos cidadãos
perante a lei;
O direito à propriedade individual;
O direito de resistência à opressão política;
A liberdade de pensamento e de opinião.
De maneira solene, a Declaração tornava
explícitos os pressupostos filosóficos sobre os
quais deveria ser construída a nova sociedade
liberal burguesa.
A formação das forças contrarrevolucionárias
Em 1790, a Assembleia Constituinte
confiscou inúmeras terras da Igreja, subordinando
o clero católico à autoridade do Estado francês
através do documento denominado Constituição
Civil do Clero. O papa não aceitou as medidas da
Assembleia e pronunciou-se contra a revolução.
Acatando a orientação do papa, alguns padres
saíram da França ou nela ficaram para lutar contra
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a revolução, mas muitos deles aceitaram as
decisões da Assembleia e juraram fidelidade às
novas leis.
Ao mesmo tempo, diversos membros da
nobreza decidiram sair da França para organizar,
no exterior, movimentos de reação à revolução
(contrarrevolucionários). Esses nobres tornaramse conhecidos como emigrados.
A monarquia constitucional
No ano de 1791 foi concluída a Constituição
elaborada pelos membros da Assembleia
Constituinte, tornando a França uma monarquia
constitucional, dominada pela alta burguesia. Em
linhas gerais, a Constituição estabelecia;
No plano social, a igualdade jurídica de todos os
indivíduos (todos os homens são livres aos olhos
da lei e do Estado);
No plano econômico, a liberdade completa de
produção e de circulação dos bens e a nãointerferência do Estado na vida econômica
(concebida como uma esfera privada de
competência dos indivíduos);
No plano religioso, a separação ente Estado e
Igreja e a liberdade de crença;
No plano político, a divisão (Executivo e
Legislativo) e a representatividade do poder
(eleições para a escolha dos representantes da
nação e dos governantes).
A proclamação da república
Luís XVI, que era casado com a princesa
austríaca Maria Antonieta, oficialmente aceitava a
monarquia constitucional, mas secretamente
tramava contra a revolução. Estabeleceu contatos
com nobres emigrados e com monarcas da
Áustria e da Prússia, tendo como objetivo
organizar tropas para invadir a França e restaurar
a monarquia absolutista no país.
Viviam-se então momentos e grande
expectativa e temor. Com a ajuda de La Fayette,
chefe da Guarda Nacional, Luís XVI tentou fugir da
França em junho de 1791, a fim de se juntar às
forças contrarrevolucionárias que se organizavam
no exterior. Mas foi reconhecido em Varennes,
sendo reconduzido à capital francesa e mantido
sob vigilância.
O exército austro-prussiano invadiu a
França, apoiado secretamente pela família real,
que
fornecia
segredos
militares
aos
contrarrevolucionários estrangeiros.
Para defender o país, os líderes
revolucionários exaltados, como Dalton e Marat,
faziam apelos a todos os cidadãos franceses para
que lutassem pela França e punissem os traidores
da pátria.
A república e a Convenção Nacional
Com a proclamação da república, a antiga
Assembleia Nacional foi substituída por uma
Convenção Nacional, que deveria elaborar um
nova Constituição para a França. Em suas
primeiras sessões, a Convenção adotou um novo
calendário, cujo marco inicial era o ano da
proclamação da república.
Durante esse período, o cenário político
francês foi dominado pelos seguintes grandes
grupos partidários:
Girondinos – representavam a alta
burguesia. Defendiam posições moderadas,
temendo que as camadas populares assumissem
o controle da revolução e comprometessem a
riqueza econômica da alta burguesia.
Jacobinos – representavam a pequena e a média
burguesia, o proletariado urbano de Paris e os
sans-culottes. Defendiam posições mais radicais,
em benefício das classes oprimidas. Eram
conhecidos como o grupo da montanha, pois
ocupavam a parte mais alta da Câmara.
Sentavam-se à esquerda da Assembléia.
Planície – representavam a burguesia financeira.
Mudava suas posições políticas, inclinado-se
sempre para o grupo que estava no poder. Era
também conhecido como o grupo do pântano
(ocupava a parte baixa da Câmara).
Cotidiano da história
O comando sobre o tempo e a história: Os
revolucionários mudam o calendário
francês.
“Em 1793, os revolucionários, colocando abaixo
todas as referências que os ligavam ao Antigo
Regime (à Igreja Católica e ao Estado
Absolutista), aprovaram na Convenção um novo
calendário dividindo o tempo em unidades de
medida que lhes pareciam mais racionais e
naturais.
O ano I começou com o término da
monarquia: 22 de setembro de 1792. A semana foi
dividida em dez dias, cada mês passou a conter
três semanas e cada ano ficou com doze meses.
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Os cinco dias que passaram a restar no ano
viraram feriados patrióticos, jours sans-culottides,
que eram consagrados aos valores cívicos: a
virtude, o caráter, o trabalho, a opinião e a
recompensa.
Cada dia recebeu um novo nove, sugerindo
uma regularidade matemática: primidi, duidi,
tridi...Décadi.Ao mesmo tempo, os dias passaram
a ser dedicados a aspectos da vida rural, em vês
da permanecerem vinculados às homenagens
feitas aos santos do calendário cristão. O dia 22
de novembro, antes dedicado à Santa Cecília,
tornou-se, por exemplo, o dia do nabo; o dia 25 de
novembro, que era dia de Santa Catarina, virou dia
do porco; 30 de novembro, que era dia de Santo
André, passou a ser o dia da picareta. Os meses,
por sua vez, foram relacionados às estações do
ano: mês da neve (Nivôse), da neblina (Brumaire),
do frio (Frimaire), da chuva (Pluviôse), do vento
(Ventônse)...
Os revolucionários tomaram para si, então, o
comando do tempo, rompendo com o imobilismo
da história, transformando os nomes do dia e dos
meses em lembranças de suas próprias lutas”. (6)
A guilhotina e o terror
Nesse ambiente de grandes confrontos
políticos, o rei Luís XVI foi levado a julgamento sob
a acusação de trair a pátria. De fato, Luís XVI
nunca aceitou as transformações introduzidas
pela revolução, procurando sempre impedir o
avanço do processo revolucionário. Retrata bem
sua posição em favor do Antigo Regime a famosa
frase que se lhe atribui: Jamais consentirei em
trair meu clero e minha nobreza.
Durante o julgamento do rei, os girondinos
procuravam defende-lo, temendo a radicalização
do processo revolucionário pelas massas
populares. Os jacobinos, entretanto, liderados por
Robespierre e por Saint-Just, pregavam a
condenação do rei à pena de morte. Ao final do
processo, prevaleceu a vontade dos jacobinos.
Em 21 de janeiro de 1793, Luiz XVI subiu ao cada
falso para ser decapitado pela guilhotina.
A execução do rei demonstrava ser
impossível um entendimento entre monarquistas
europeus e os rumos da revolução.
A propagação das ideias revolucionárias
pela Europa e o episódio da execução do rei
provocaram uma reorganização das forças
absolutistas, em países como Inglaterra, Holanda,
Áustria, Prússia, para invadir a França.
Fortalecidos no poder, os jacobinos criaram
uma série de órgãos encarregados da defesa da
revolução. Entre esses órgãos, destacam-se o
Comitê de Salvação Pública, responsável pelo
controle do exército e da administração do país, e
o Tribunal Revolucionário, encarregado de
vigiar, prender e punir os traidores da causa
revolucionária. Esse Tribunal foi responsável pela
morte de milhares de pessoas consideradas
inimigas da revolução. Essa fase ficou conhecida
como Terror, pois o medo da guilhotina percorria
a cabeça de todos aqueles que não concordavam
plenamente com os jacobinos.
A ditadura jacobina.
Sob a liderança de Robespierre, instalou-se
uma verdadeira ditadura dos jacobinos, apoiada
pelos sans-culottes. O governo procurou
equilibrar-se entre as principais correntes
políticas, umas mais identificadas com a burguesia
e outras mais próximas dos anseios das massas
populares.
A ditadura jacobina colocou em prática
diversas
medidas
de
alcance
popular:
tabelamento geral dos preços, venda dos bens
dos nobres emigrados e aumento de impostos
sobre a alta burguesia. No plano militar, procedeu
ao recrutamento geral dos cidadãos e ao
fortalecimento do exército francês, que conseguiu
repelir o ataque das forças absolutistas
estrangeiras.
Aliviadas as tensões decorrentes da ameaça
estrangeira, os girondinos e o grupo da planície
uniram-se contra o governo de Robespierre.
Tendo liquidado os líderes das massas populares
(Herbert e Danton), Robespierre começou a ficar
politicamente isolado. Em 27 de julho de 1794, foi
preso e logo depois guilhotinado.
A Convenção Nacional abandonava, assim,
os ideais de formação de uma república igualitária
e democrática, passando a ser controlada pelos
políticos que representavam os interesses da alta
burguesia (grupo da planície e dos girondinos).
O governo do Diretório
Nessa fase, a Convenção Nacional, liderada
pela planície, eliminou as perseguições políticas,
o controle de preços e todas as organizações
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sociais dos jacobinos. Além disso, preparou uma
nova Constituição para a França, que ficou pronta
em 1795, estabelecendo a continuidade do regime
republicano, que seria controlado por um
Diretório composto por cinco membros eleitos
pelo Legislativo.
Eliminando a influência popular nas decisões
políticas, o governo voltou-se para a realização
dos objetivos socioeconômicos da burguesia. No
plano interno, estabeleceu uma política de plena
liberdade comercial. No plano externo, adotou
uma política de expansão dos domínios franceses,
na qual se destacou a atuação militar do jovem
Napoleão Bonaparte.
A ascensão de Napoleão Bonaparte
O governo do Diretório durou de 1795 a 1799. Foi
um período conturbado, em que o governo tentou
conter o descontentamento de correntes políticas
antagônicas.
De um lado, grupos monarquistas
planejavam (1795) a tomada do poder e a
restauração da monarquia. O golpe monarquista
foi desativado por Napoleão Bonaparte, que se
encontrava em Paris.
De outro lado, encontramos a organização
de grupos jacobinos, liderados por Gracchus
Babeuf, que conspiravam contra o governo,
propondo a construção de uma sociedade mais
justa. Descoberta a conspiração, Babeuf foi preso
e, posteriormente, condenado à guilhotina.
A burguesia francesa estava ansiosa por
ordem, paz e estabilidade das instituições
públicas. Além disso, sentia necessidade de um
governo forte, que contasse, ao mesmo tempo,
com um certo prestígio popular. Naquele momento
histórico, Napoleão Bonaparte, o dinâmico oficial
do exército francês, era quem reunia as melhores
condições para cumprir o papel desejado pela
burguesia.
No dia 10 de novembro de 1799 (18
Brumário, pelo calendário instituído pela
revolução), Napoleão Bonaparte, contando com o
apoio de influentes políticos burgueses, dissolveu
o Diretório e estabeleceu um novo governo,
denominado Consulado.
Com o golpe do 18 Brumário, Napoleão
Bonaparte consolidou as conquistas da burguesia
francesa, encerrando o ciclo de turbulência
revolucionária.
A Revolução Industrial
A partir de 1750, iniciou-se na Europa um
grande
processo
de
transformações
socioeconômicas conhecido como Revolução
Industrial. As pequenas oficinas dos artesãos
foram sendo substituídas pelas fábricas. As
ferramentas simples foram trocadas pelas novas
máquinas que haviam surgido. As tradicionais
fontes de energia (água, vento e força muscular)
foram superadas pelas máquinas a vapor e pela
eletricidade. A velha Europa agrária foi se
tornando uma região com cidades populosas e
industrializadas. Com o tempo, a Revolução
Industrial influenciou profundamente a vida de
milhões de pessoas em quase todas as regiões do
planeta.
Os avanços técnicos e a industrialização: Do
trabalho artesanal ás máquinas
Deixando de lado uma pequena elite de
privilegiados, podemos dizer que, até o século
XVII, os elementos básicos da vida econômica da
grande maioria das pessoas consistiam em
procurar obter três coisas essenciais: comida,
roupa e alojamento. E tudo isso provinha da terra.
O alimento, é claro. E da mesma forma, as peles
de animais, a lã e as fibras vegetais. E as casas,
naquela época, vinham da floresta próxima, da
pedreira ou da olaria. Até o advento da Revolução
Industrial, e em muitos países muito tempo depois
dela, toda a economia era uma economia agrícola.
Existem muitos sentidos para o termo
Revolução Industrial. Aqui, ele designa o
conjunto de transformações que alteraram a vida
da Europa ocidental durante a segunda metade do
século XVIII e quase todo o século XIX. Essas
transformações estão diretamente ligadas à
substituição do trabalho artesanal, que utiliza
ferramentas, pelo trabalho assalariado, em que
predominava o uso das máquinas.
O desenvolvimento da produção
O crescimento da produtividade econômica,
durante a idade Moderna, desenvolveu-se
principalmente através do aperfeiçoamento da
organização da produção pela racionalização
dos métodos.
Com a Revolução Industrial, o crescimento
da produtividade deu-se não apenas em função do
aperfeiçoamento dos métodos produtivos, mas
também pelo avanço da técnica, com a invenção
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de máquinas. A produção passou por diferentes
etapas: artesanal, manufatureira e, por último,
mecanizada.
Produção artesanal – A princípio, a
produção era realizada por meio do artesanato.
Nesse estágio, o produtor (artesão) exercia pleno
controle sobre as diversas fases do processo
produtivo, não havendo divisão do trabalho entre
várias pessoas. Um artesão que fazia alfinetes,
por exemplo, tinha que conhecer e executar
sozinho todas as tarefas dessa atividade. Isto é,
tinha que pegar um arame, endireita-lo, corta-lo,
afiar uma ponta, colocar a cabeça na outra
extremidade e dar o polimento final. Assim, o
artesão dominava o conjunto do processo
produtivo e era dono dos instrumentos de
produção, desde a matéria-prima até as
ferramentas que utilizava.
Produção manufatureira – O estágio
seguinte ao artesanato foi a produção
realizada em manufaturas. As manufaturas
eram oficinas que ainda não possuíam
máquinas, mas dispunham de grande número
de operários, equipados com ferramentas, que
trabalhavam sob a coordenação de um
gerente de produção. Foi nesse estágio que se
introduziu a divisão do trabalho produtivo.
Cada operário executava uma tarefa
específica, não tendo visão de conjunto do
processo de fabricação. No caso da fabricação
de alfinetes, um operário puxava o arame,
outro o endireitava, um terceiro cortava, um
quarto o afiava, um quinto o esmerilhava na
outra extremidade para a colocação da
cabeça, um sexto colocava a cabeça e uma
sétimo dava o polimento final. As tarefas eram
subdivididas de forma racional, criando-se
linhas de operações e de montagens cujo
objetivo era aumentar a velocidade da
produção.
Produção mecanizada – Por último, chegamos à
maquinofatura, insto é, à produção mecanizada
nas fábricas. Esse estágio foi atingido quando os
avanços técnicos, aliados ao aperfeiçoamento dos
métodos produtivos, propiciaram a criação das
máquinas industriais. Elas substituíram várias
ferramentas e o próprio trabalho de muitos
operários.
As fábricas e a alienação do trabalho
O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), no
livro O capital, analisou as principais
características do trabalho nos diferentes estágios
da produção: do artesanato e manufatura até o
advento da máquina nas fábricas.
Na manufatura e no artesanato o operário se
serve da ferramenta; na fábrica, ele serve à
máquina. Lá, os movimentos dos instrumentos
de trabalho partem dele; na última é ele que
tem que seguir seus movimentos. Na
manufatura, os operários são membros de um
mecanismo
vivo.
Na
fábrica,
existe,
independente deles um mecanismo morto, ao
qual são incorporados como apêndices vivos.
(...) Até as medidas que tendem a facilitar o
trabalho convertem-se em meio de tortura, pois
a máquina não livra o operário do trabalho, mas
priva seu trabalho de conteúdo.
As fases da Revolução Industrial
Podemos dividir a Revolução Industrial em,
pelo menos, duas grandes fases: a primeira, de
1760 a 1860, com o predomínio industrial inglês; e
a segunda, de 1860 a 1900, com a expansão da
industrialização pela Europa e outros continentes.
A industrialização inglesa – A primeira fase da
Revolução Industrial ficou limitada, basicamente,
à Inglaterra, o primeiro país europeu a conhecer
um rápido processo de industrialização, baseado
na utilização de carvão e ferro e na fabricação de
tecidos. A indústria inglesa de tecidos de algodão
desenvolveu-se a partir da introdução do tear
mecânico. É interessante notar que a vestimenta
(como ainda hoje) constituía um importante motivo
de ostentação dos ricos e uma necessidade
indispensável para os pobres. A fiação e
tecelagem manuais eram processos infinitamente
entediante e caros; a simples compra de um
casaco pelo cidadão comum era comparável, hoje
em dia, à aquisição de um automóvel ou, até
mesmo, de uma casa. As novas máquinas tiraram
a confecção de tecidos de dentro das residências
e a levaram definitivamente para as tecelagens,
tornado o produto mais barato.
O
aperfeiçoamento das máquinas a vapor também
teve
importância
fundamental
para
o
desenvolvimento industrial (fiação de algodão,
minas de carvão etc.).
A expansão industrial por outros países –
Nesta segunda fase, a industrialização espalhou-
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se por diversas regiões da Europa, atingindo
países como França, Alemanha, Itália, Bélgica e
Holanda. Em outros continentes, o processo de
industrialização alcançou os Estados Unidos, na
América, e o Japão, na Ásia. Nesse período, as
principais inovações técnicas foram a utilização do
aço, que superou o ferro, a utilização da energia
elétrica e o desenvolvimento dos produtos
químicos.
O pioneirismo industrial da Inglaterra
Um conjunto de fatores explicam o
pioneirismo industrial da Inglaterra:
Acúmulo de capitais – No plano
econômico, a Inglaterra possuía a mais importante
zona de livre comercio da Europa, sobretudo
depois da Revolução Gloriosa, que fortalecera as
ações da burguesia. Além disso, o país contava
com um aprimorado sistema de créditos
financeiros, desde a fundação do Banco da
Inglaterra, em 1694. Isso permitiu â burguesia
inglesa promover um grande acúmulo de
capitais, através da expansão do comércio em
escala mundial. Além disso, o puritanismo inglês
estimulava a acumulação de riquezas da
burguesia e o emprego de capitais para gerar
novos lucros.
Controle capitalista do campo – Com o acúmulo
de capitais, a burguesia passou a investir na área
rural. Isso conduziu ao controle capitalista do
campo, que se desenvolveu por meio de um
processo de concentração da propriedade
agrícola (enclousures = cercamentos), ampliandose as grandes propriedades rurais. Foi introduzido
também um sistema de racionalização dos
métodos agrícolas, que promoveu o aumento da
produtividade rural, liberando, ao mesmo tempo,
grandes contingentes de camponeses de suas
funções no campo. Pressionados a emigrar para
as cidades, esses camponeses foram sendo
aproveitados como mão-de-obra nas indústrias
em expansão.
 Crescimento
populacional
– O
aumento da produtividade agrícola e os
progressos da medicina sanitária no
combate às epidemias colaboraram para
o crescimento da população, criando
grande oferta de trabalhadores, que
seriam explorados nas industriais.
Posição geográfica – Outro fator que contribuiu
para o pioneirismo inglês foi sua posição
geográfica, isto é, o fato da sua situação à margem
da Europa ocidental lhe dar acesso imediato às
vias importantes do comércio do mundo e lhe
facilitar a exploração dos grandes mercados
ultramarinos. Os seus numerosos portos
proporcionavam-lhe um comércio costeiro ativo.
Muitos rios navegáveis ajudavam o desenvolver o
comércio interno. 3
Jazidas de carvão - A Inglaterra também possuía
grandes reservas de carvão e o fato das suas
jazidas de carvão estarem muitas vezes
convenientemente situadas perto dos portes
tornava-lhe possível desenvolver as indústrias
baseadas no carvão, numa época em que outros
países ainda contavam com a madeira como
combustível e usavam carvão de madeira como
agente de fusão. As comunicações internas foram
ainda desenvolvidas pela construção de uma rede
de canais e novas estradas, e a construção de
vagonetas veio servir o comércio do carvão, as
minas, as pedreiras e as fábricas. O resto da
Europa teve de esperar a época do vapor para
começar a sério a industrialização.
Capitalismo, progresso e exploração: As
transformações da sociedade na era industrial.
A partir da Revolução Industrial, o
capitalismo industrial se estabeleceu como o
principal modo de produção europeu. Isto é
economia tornou-se capitalista, tendo a indústria
como atividade econômica mais importante. Isso
trouxe diversas transformações à nova sociedade
industrial.
Empresas X proletariado
Com o advento da Revolução Industrial, o
setor mais importante da burguesia passou a ser
dominado pelos capitalistas industriais. Para
desenvolver suas industriais, essa classe passou
a lutar pela liberdade econômica para a iniciativa
privada,
pela
ampliação
dos
mercados
consumidores e pela mão-de-obra barata para
trabalhar nas indústrias.
Nas
relações
sociais,
despontaram,
portanto, duas novas classes em conflito: de um
lado, os empresários industriais (donos dos
meios de produção das fábricas) e, de outro, o
proletariado (trabalhadores das indústrias, que
viviam unicamente da venda da sua força de
trabalho). O meio pelo qual o capitalista industrial
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comprava a força de trabalho do proletariado era
o salário.
A exploração do trabalhador
Tendo como objetivo obter os maiores lucros
possíveis, o capitalista industrial procurava pagar
o menor preço admissível pelo salário, enquanto
explora ao máximo a capacidade de trabalho do
proletariado, em busca do aumento da produção.
Em diversas indústrias, a jornada de trabalho
ultrapassava quinze horas diárias.
Os salários pagos eram tão reduzidos que
mal davam para assegurar a alimentação mínima
de uma única pessoa. Para sobreviver, toda a
família proletária era obrigada a trabalhar,
inclusive mulheres e crianças de até seis anos.
AS
PESSIMAS
CONDIÇÕES
DE
TRABALHO.
Para agravar o quadro de miséria
representado pelos salários de fome, as fábricas
tinham instalações péssimas, contrárias a todas
as normas de higiene e de saúde pública.
Um relatório apresentado ao Parlamento
Britânico, em 1833, apurou-se, por exemplo, que
nas fábricas antigas e pequenas o ambiente é de
sujeira, puçá ventilação, falta de banheiros e de
vestuário, ausência de exaustores para a poeira.
Alguns tetos são tão baixos que torna difícil
permanecer em pé. Nessas fábricas, existem
crianças trabalhando o mesmo número de horas
que os adultos. Os efeitos provocados por essa
longa jornada de trabalho são: deformação
permanente da constituição física, aquisição de
doenças incuráveis.
O surgimento dos movimentos operários. Essa
terrível situação de injustiça e de exploração do
trabalho humano decorrente da Revolução
Industrial acabou gerando lutas entre os
proletários e capitalistas. Houve casos de grupos
de operários que, armados de porretes,
atacaram as fábricas, destruindo suas máquinas.
Para eles, as máquinas personificavam a
miséria, os salários de fome, a opressão.
Com o tempo, o movimento operário evoluiu
para a luta contra o sistema de injustiça gerado
pela exploração do capitalismo industrial.
Surgiram, então, movimentos operários que
lutavam por melhores condições de trabalho,
salário etc.
As CONSEQUENCIAS DA REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL
Ao lado das transformações sociais, a
Revolução Industrial teve como consequências,
entre outras coisas:
Divisão do trabalho e alienação – Visando
aumentar a produtividade industrial, o trabalho do
operário foi subdividido nas fábricas em múltiplas
operações, dando origem às linhas de
montagem. Com a divisão do trabalho, o operário
perdia a noção do conjunto do processo produtivo,
fragmentando o seu saber e colaborando para a
sua alienação.
Produção em série e padronização dos gostos
– As linhas de operação e de montagem
existentes ns fábricas trabalhavam para realizar
uma produção em série do mesmo artigo. O
aumento da produção em série colaborava para
homogeneizar o gosto dos compradores dos
produtos industriais.
Desenvolvimento dos transportes e das
comunicações – A revolução Industrial influiu
decisivamente no progresso dos meios de
transporte e de comunicação, sem os quais não se
poderiam vender produtos industrializados nos
mercados cada vez mais amplos do mundo.
Constituíram
momentos
significativos
do
progresso dos transportes e das comunicações as
invenções do navio a vapor, da locomotiva e do
telégrafo.
Urbanização – As cidades cresceram devido à
concentração das indústrias e da grande massa
de trabalhadores. A população urbana aumentou
rapidamente. Na Inglaterra, por exemplo, a
população crescia linearmente desde 1500. A
partir de 1750, no entanto, houve verdadeiro salto
populacional. De 6,571 milhões de habitantes em
1750, a população aumentou para 16,345 milhões
em 1801 e saltou para 27,533 em 1851.
As Teorias socioeconômicas: A reação
ideológica à Revolução Industrial
Diante da realidade da industrialização,
surgiu todo um conjunto de teorias sociais e
econômicas, algumas com o objetivo de justificar
a organização da sociedade industrial, outras com
objetivo de criticar ou reformar a sociedade que
estava sendo moldada.
Essas teorias podem ser divididas em três
grupos principais: aquelas que justificam a
sociedade industrial capitalista, aquelas que
pretendiam revolucionar o mundo capitalista e
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aquelas que
sociedade.
pretendiam
reformar
essa
O LIBERALISMO ECONOMICO
Entre as teorias que justificavam a
organização da sociedade industrial capitalista,
podemos citar o liberalismo econômico, que teve
como principais representantes Adam Smith
(1723-1790), Thomas Robert Malthus (1766-1834)
e David Ricardo (1772-1823).
Adam Smith – Principal fundador do liberalismo
econômico, defendia a não-intervenção do
Estado na economia (laissez-faire), isto é, o
Estado deveria cuidar apenas das funções
relativas à segurança pública, garantindo a ordem
e defendendo a propriedade privada. Defendia
também a liberdade contratual, argumentando
que os indivíduos deviam possuir liberdade para
realizar qualquer tipo de contrato uns com os
outros. Essa liberdade deveria vigorar, sobretudo,
na negociação dos contratos de trabalho, em que
patrões e empregados combinavam questões
como salário, horas de trabalho, produtividade etc.
Malthus – Escreveu o Ensaio sobre os princípios
da população, em que afirmava que a miséria dos
trabalhadores era produto de uma lei da natureza.
Segundo Malthus, devido à “paixão entre os
sexos” a população crescia em progressão
geométrica, enquanto suas possibilidades de
manutenção
cresciam
em
progressão
aritmética. Concluía que era preciso, então, impor
sérias restrições morais à prática de relações
sexuais, para evitar a explosão demográfica. Do
contrário, o mundo se encaminharia cada vez mais
para uma situação de pobreza extrema e fome
permanente.
David Ricardo – Em sua obra Princípios de
economia política, afirmava que o trabalho deveria
ser encarado como uma mercadoria sujeita à lei
da oferta e da procura. Se havia muita oferta de
trabalho,
o
preço
dessa
mercadoria
evidentemente, diminuía, refletindo-se em baixos
salários. Não competia ao Estado exigir
aumentos dos salários que se opusessem à lei da
oferta e da procura. Com essa tese, que justificava
os salários de fome, David Ricardo fornecia aos
ricos capitalistas uma fórmula admirável para que
continuassem explorando, sem dramas de
consciência, a miséria dos pobres.
O SOCIALISMO
Estamos utilizando o nome genérico
socialismo para definir o conjunto de teorias que
procuravam propor alternativas para a superação
das injustiças da sociedade industrial. Essas
teorias propunham uma alteração profunda nas
estruturas sociais, com a retirada das classes
dominantes do poder (revolução).
As duas principais correntes socialistas
foram: a utópica e a científica.
SOCIALISMO UTÓPICO
Pela expressão socialismo utópico,
ficaram conhecidas as primeiras correntes
socialistas, formuladas por homens como SaintSimon, Charles Fourier, Pierre Proudhom e Robert
Owen.
Saint-Simon (1760-1825) – Pregava a extinção
das diferenças de classes e a construção de uma
sociedade em que todos ganhassem de acordo
com o seu trabalho.
Fourier (1772-1837) – Imaginou uma sociedade
composta de indivíduos vivendo harmonicamente
em comunidades livres, onde cada um se
dedicaria à atividade que lhe fosse confiada pelo
conjunto dos membros.
Pierre Proudhon (1804-1865) – Considerava
toda a propriedade privada um roubo, sendo a
base da exploração do trabalho alheio.
Robert Owen (1771-1852) – Pregava a
organização da sociedade em comunidades
cooperativas (trade-unions) compostas por
operários, baseadas em sistemas de autogestão.
Socialismo científico ou marxismo
Os pensadores Karl Marx (1818-1883) e
Friedrich Engels (1820-1895) formularam o
chamado socialismo científico, que depois
passou a ser denominado simplesmente
marxismo. Foi denominado cientifico, pois se
baseava na análise histórico-filosófica da
sociedade e não apenas em ideais de justiça
social.
Vamos, então, as principais ideias da teoria
marxista.
Dialética – A natureza e a sociedade sofrem
permanentemente mudanças quantitativas e
qualitativas. Para Marx e Engels, essas mudanças
ocorrem de maneira dialética, isto é, elas são o
resultado da luta de forças contrárias (positivo X
negativo, amor X ódio, vida X morte, explorado X
explorador etc).
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Modo de produção – Toda sociedade tem uma
base material, um a estrutura, que a sustenta.
Essa estrutura é constituída pelas forças
produtivas (instrumentos utilizados, habilidades e
hábitos dos trabalhadores) e pelas relações de
produção estabelecidas entre os homens que
participam do processo produtivo. O conjunto
dessas forças e relações determina o modo de
produção que uma sociedade utiliza para garantir
sua existência material, condicionando também
toda a sua vida social, política e intelectual.
Capitalismo e socialismo são exemplos de modos
de produção.
Luta de classes – Em termos sociais, o motor da
história é a luta de classes, que só cessaria com
o aparecimento da sociedade comunista perfeita.
Nela não haveria a exploração de classes, e os
homens estariam livres das injustiças sociais. Mas
para isso era necessária a união dos
trabalhadores. Por isso, Marx pregava: Proletários
de todos os países, uni-vos.
Mais-valia – Para Marx e Engels, o capitalista
(proprietário dos meios de produção), ao explorar
o trabalho assalariado, recebe lucros gerados pela
mais-valia. Em termos bem simples, podemos
explicar a noção de mais-valia da seguinte
maneira: um operário, por exemplo, ao realizar um
trabalho, deveria receber de forma integral o
correspondente ao valor social do seu trabalho.
Entretanto, o capitalista apropria-se de parte
desse trabalho que deveria ser paga ao operário.
A essa parte não-remunerada do trabalho social
dá-se o nome de mais-valia.
Entre as principais obras do socialismo
científico, podemos citar Contribuição à crítica da
economia política (1859), Manifesto comunista (de
Marx e Engels, publicado em 1848) e O Capital (de
Marx, cujo primeiro volume foi publicado em
1857).
Uma conciliação plena desses interesses
seria difícil, na medida em que exigia um acordo
entre explorado e explorador. De qualquer modo,
foi assim que nasceram as teorias sociais-cristãs,
numa tentativa de aplicar os ensinamentos
evangélicos de amor e de respeito ao próximo aos
problemas sociais gerados pela industrialização.
O pensamento social-cristão
Diversos pensadores cristãos, como Robert
Lamennais, Adolph Wagner, J. D. Maurice e
outros, procuraram lançar apelos às classes
dominantes para que fossem aliviados os
sofrimentos das classes trabalhadoras. O objetivo
era promover uma reforma na sociedade,
conciliando os interesses dos capitalistas
industriais com certos padrões mínimos de
dignidade humana exigidos pela classe operária.
A constituição americana
Implantada em 1787 adotou o governo
republicano; separação dos três poderes; e livre
exercício dos direitos políticos e civis.
A INDEPENDENCIA DAS AMERICAS
INDEPENDENCIA DOS EUA
“O processo histórico que levou a independência
dos Estados Unidos, inaugurou um sistema de
rompimento colonial americano. ”
Esse processo iniciou-se após a guerra dos sete
anos, travada entre Inglaterra e França, por terras
na América do Norte. Inglaterra no intuito de
pressão as suas terras coloniais e restrição,
desagradou as elites coloniais, dando início ao
processo de independência.
Leis adotadas pelos Ingleses
Lei do açúcar (1764); Lei do Selo (1765) e Lei do
chá (1773), o que tiravam autonomia comercial
das colônias.
A Declaração de Independência
Declarada oficialmente por Thomas Jefferson, em
4 de julho de 1776, se livrando assim da
dominação Inglesa.
A Guerra da Independência
A guerra entre colonos e Inglaterra perdurou por
sete anos, o que a dividiu e duas etapas, após ser
iniciada em 1775:
Na primeira fase as tropas americanas enfrentam
as tropas inglesas sozinhas.
Na segunda etapa os norte-americanos recebem
apoio de outros países: França, Espanha e
Províncias Unidas.
A independência das Américas
A Independência da América espanhola está
relacionada as transformações que ocorreram na
Europa no século XVIII, levando a derrocada do
Absolutismo, o que causaram um enorme impacto
nas Américas.
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As Razões da Independência: A riqueza das
colônias espanholas já não era mais a mesma. A
exploração de metais preciosos em séculos
anteriores sugou praticamente toda a riqueza de
algumas regiões. Como a Espanha era um país
extremamente atrasado no seu desenvolvimento
industrial, importava inúmeros produtos da
Inglaterra e da França, e tornou-se grande
devedora desses países. Na tentativa de contorno
para a situação, a Coroa encontrou algumas
soluções:
2.1) Aumento de Impostos;
2.2) Restrição ainda mais do comércio
Colonial.
Medidas que desagradaram colonos: crioullos
(descendentes de espanhóis na América),
controladores de grande parte das atividades
econômicas coloniais e que não viam seus
interesses representados.
Proibidos de tomar decisões políticas, a qual
estava na mão dos Chapetones (espanhóis
escolhidos pela coroa para governar as colônias).
Impulsionados pelos ideais da independência
norte-americana e da Revolução Francesa,
diversos movimentos de independência na
América Espanhola surgiram, com financiamento
Inglês, que via interesses com o fim do Pacto
Colonial, e crescimento de mercado.
Os Movimentos de Independência: Tupac
Amaru, que se iniciou em 1783, com uma revolta
indígena, liderados por José Gabriel, que dá nome
ao movimento, incitada pela grande exploração
que os mesmos sofriam, e acabou se tornando
uma tentativa de Independência do Peru. Porém
movimento foi sufocado brutalmente.
A Independência do México: Conhecida como
Vice-Reinado
da
Nova
Espanha,
que
primeiramente tentou a independência, em 1810,
sob a liderança de Miguel Hidalgo, porém
sufocado pelo exército Espanhol. Posteriormente,
a independência definitiva veio a ocorrer em 1821,
sob comando do general Itúrbe que se declarou
imperador, e em 1823 é proclamada a República.
A independência de Nova Granada:
O Vice-Reinado de Nova Granada veio a formar
três países no sul do continente: Venezuela,
Colômbia e Equador. Liderados por Simon Bolívar,
que ficou conhecido como o grande libertador. A
Venezuela rompendo com a Colômbia, tornou-se
independente em 1830, e o Equador em 1822.
A independência do Vice-reinado do Rio da
Prata
Iniciado em 1811 pelo Paraguai, com a sua
libertação e incentivo a Argentina que logo em
seguida o fez. O Uruguai por sua vez só
conquistou a independência em 1828, após uma
guerra de três anos com o Brasil, liderado por San
Martin.
Imperialismo e as disputas capitalistas
Neocolonialismo: O século XIX vai conhecer
uma nova corrida colonial. Este processo histórico
está diretamente relacionado com a chamada
Segunda Revolução Industrial–ocorrida na
Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália Japão
e Estados Unidos. A Segunda Revolução
Industrial provocou um enorme aumento na
capacidade produtiva das indústrias, fazendo-se
necessário uma ampliação do mercado
consumidor e do mercado fornecedor. A disputa
por novos mercados resulta no imperialismo e,
posteriormente, na Primeira Guerra Mundial.
O
Antigo
Sistema
Colonial
e
o
Neocolonialismo.
O Antigo Sistema Colonial ocorreu entre os
séculos XVI e XVIII. A preocupação fundamental
era o fornecimento de gêneros tropicais e de
metais preciosos para a Europa, bem como o
consumo de produtos manufaturados europeus,
por parte das colônias. A mão-de-obra utilizada
era a escrava (negra ou indígena), a política
econômica que norteava as relações era o
Mercantilismo – com a necessidade de
acumulação de capitais, daí a existência dos
monopólios. A área geográfica do Antigo Sistema
Colonial era a América- podendo-se encontrar
colônias de exploração e colônias de povoamento.
Já no Neocolonialismo a área geográfica passou a
ser a África e a Ásia. A política econômica que
predomina será o liberalismo e o fator básico da
colonização é econômico, ou seja, necessidade de
matérias-primas industriais, tais como carvão,
ferro, petróleo. A área colonial receberá os
excedentes industriais e será local para
investimentos de capitais disponíveis na Europa.
As novas áreas coloniais também auxiliarão as
tensões sociais da Europa: novas terras para
receber população europeia, tornando-se uma
válvula de escape às pressões demográficas. O
regime de trabalho será o assalariado – garantindo
assim o mercado consumidor. A mão-de-obra
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barata das áreas coloniais interessava às grandes
industriais, pois o trabalhador europeu recebia
altos salários, em razão de sua organização
sindical e de partidos políticos que lutavam pelos
direitos trabalhistas. A propaganda que defendia o
imperialismo denominava-se ―darwinismo social.
Baseada em ideias pseudocientíficas, afirmava
ser a sociedade europeia (branca) mais civilizada
que outras sociedades (não brancas).
Assim, cabia à sociedade europeia a missão de
―civilizar as demais, o conhecido ―fardo do
homem branco‖. Porém, o neocolonialismo foi
estritamente
econômico,
satisfazendo
os
interesses dos grandes grupos econômicos –
cartéis, trustes e holdings – e beneficiando a alta
burguesia. Por conta disto, o neocolonialismo
alterou o capitalismo que, de concorrencial passou
a ser monopolista: o capital concentrado em
grandes grupos econômicos financiados por
grandes bancos. Desenvolve-se então uma nova
modalidade de capitalismo, o capitalismo
financeiro.
O imperialismo na Ásia
A revolução Industrial e a expansão das indústrias
têxtis inglesas tornam a Ásia uma consumidora de
produtos europeus, especialmente britânica. Uma
das regiões mais disputadas na Ásia foi a Índia
que, ao longo dos séculos XVI ao XIX ficará sob o
controle da Inglaterra. A Índia será administrada
pela Companhia das Índias Orientais. Em 1857
ocorre a Revolta dos Sipaios, última tentativa de
resistência ao domínio britânico e, em 1876 a
rainha Vitória foi coroada imperatriz da Índia. O
imperialismo na China ligava-se aos interesses
econômicos do chá, seda e outras mercadorias.
Entre 1840 e 1842 ocorreu a Guerra do Ópio, em
razão da destruição de carregamentos de ópio
para a China. A vitória inglesa no conflito resultou
na assinatura do Tratado de Nanquim, onde Hong
Kong é incorporado à Inglaterra e cinco portos
foram abertos ao comércio inglês – com destaque
para os portos de Xangai e Nanquim.
Após esta abertura forçada, a China será alvo de
outras nações imperialistas, como o Japão,
Alemanha, França Itália e Estados Unidos. Como
reação ao domínio estrangeiro surge uma
sociedade nacionalista secreta – a Sociedade dos
Boxers – promovendo ataques e sabotagens aos
estrangeiros. Surge então a Guerra dos Boxers,
cuja derrota chinesa às potências estrangeiras
culminou com novas concessões econômicas.
O imperialismo na África
Um dos pioneiros na conquista da África foi a
França que, em 1830 ocupou a Argélia; em 1844
conquistou o Marrocos e em 1854 o Senegal. No
ano de 1910 foi formada a África Ocidental
Francesa, composta pelos territórios da Guiné,
Gabão, parte do Congo e do Sudão. Ainda parte
do império colonial contava-se o Madagascar e a
Tunísia.
A Inglaterra teve sua colonização na África
impulsionada pelo à construção do canal de Suez,
no Egito. Em 1888 a companhia dirigida por Cecil
Rhodes conquistou a Rodésia. Entre os anos de
1888 e 1891 foram incorporados ao império
britânico o Quênia, a Somália e Uganda. Outros
territórios britânicos foram a União Sul- Africana,
Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa. A Alemanha
conquistou o Camarão, África Sudoeste e África
Oriental. A Itália anexou a Líbia, Somália e Eritréia.
Portugal anexou Moçambique, Angola, Guiné
Portuguesa; a Espanha com o Marrocos
Espanhol, Guiné Espanhola e Rio do Ouro. A
região central da África era objeto de disputa por
várias nações europeias. Para resolver a questão
foi organizada a Conferência de Berlim (1884/85),
que contou com a participação da Rússia e dos
Estados Unidos. A conferência estimulou a corrida
sobre os poucos territórios livres que existiam no
continente africano. O Japão adota posturas
imperialistas a partir da década de 1860, início do
período de modernização do Japão, conhecido
como ―Era Meiji‖. O imperialismo japonês
ocorrerá sobre a China, Coréia e Formosa
(Taiwan). O imperialismo na América Latina será
exercido pelos Estados Unidos: México, após a
guerra de 1848. A partir de 1870 o domínio norteamericano se fará na região do Caribe. A parte sul
do continente americano terá o predomínio da
Inglaterra.
Consequências do neocolonialismo
O mundo será partilhado entre as grandes
potências industriais. A tentativa de ampliar as
áreas de dominação provocará o choque
imperialista. Este choque vai deflagrar a Primeira
Guerra Mundial.
A descolonização
Causas da descolonização
A descolonização da Ásia e da África está
relacionada com a decadência da Europa,
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motivada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise
de 1929 e Segunda Guerra Mundial. Outro fator
será o despertar do sentimento nacionalista na
Ásia e na África, impulsionado pela decadência da
Europa e pela Carta da Onu, que, em 1945,
reconheceu o direito dos povos colonizados à
autodeterminação. O ponto máximo do
nacionalismo será a Conferência de Bandung
(1955), ocorrida na Indonésia que estimulou as
lutas pela independência. A guerra fria e a
polarização entre EUA (capitalismo) e a URSS
(socialismo) também contribuiu para o fim dos
impérios coloniais. Cada uma das superpotências
via na descolonização uma oportunidade de
ampliar suas influências políticas e econômicas.
A Descolonização da Ásia
O processo de independência das áreas coloniais
asiáticas foi por meio da guerra ou pacífica.
Independência da Índia
O processo de independência da Índia teve seu
início na década de 1920, através do Partido do
Congresso, sob a liderança de Mahatma Gandhi e
Jawarhalal Nerhu. A campanha de Gandhi foi
caracterizada pela desobediência civil, não
violência e resistência passiva. Em 1947, os
ingleses reconheceram a independência da Índia.
Em face das rivalidades religiosas o território foi
dividido: a maioria hinduísta, governada por Nerhu
formará a União Indiana; a parte islâmica,
governada por Ali Junnah, formará o Paquistão.
Em 1971 o Paquistão Oriental proclama sua
independência do Paquistão Ocidental, surgindo a
República do Bangladesh.
Independência da Indonésia
O movimento de independência da Indonésia foi
conduzido por Sukarno. A luta estendeu-se até
1949, quando a Holanda reconheceu a
independência.
Independência da Indochina
No ano de 1941, como resistência à ocupação
japonesa, formou-se um movimento nacionalista –
Vietminh – dirigido por Ho Chi Minh. Após a
derrota japonesa na guerra foi proclamada a
independência da República Democrática do
Vietnã (parte norte). Os franceses não
reconheceram a independência e tentaram, a
partir de 1946, recolonizar a Indochina, tendo
início a Guerra da Indochina. Em 1954, na
Conferência de Genebra foi reconhecida a
independência da Indochina, dividida em Laos,
Camboja e Vietnã (parte norte e parte sul). A
mesma conferência estabeleceu que o paralelo 17
dividiria o Vietnã. Em 1956 formou-se a Frente de
Libertação Nacional, contra o governo de Ngo
Dinh Diem – apoiado pelos EUA. A Frente contou
com o apoio do Vietcong (exército guerrilheiro). O
cancelamento das eleições de 1960 deu início à
guerra do Vietnã. O Vietcong contou com o apoio
do Vietnã do Norte, e o governo de Ngo Dinh Diem
dos EUA. A guerra perdurou até 1975, quando os
Estados Unidos se retiraram da região.
O fim do império colonial português
Durante a década de 1950 começaram a se
organizar movimentos separatistas em Angola,
Moçambique e Guiné portuguesa. Em 1956 foi
criado o Movimento Popular pela Libertação de
Angola (MPLA), sob a liderança de Agostinho
Neto. Posteriormente surgiram a Frente Nacional
de Libertação de Angola (FNLA) e a União
Nacional para a Independência Total de Angola
(UNITA). Após a independência de Angola,
mediante o Acordo de Alvor em 1975, os três
grupos acima iniciaram uma guerra civil, na
disputa pelo poder.
A independência de Moçambique foi patrocinada
pela Frelimo (Frente de Libertação de
Moçambique), tendo como lider Samora Machel –
que em 1960 iniciou um movimento de guerrilha.
Portugal reconheceu a independência em 1975.
No ano de 1956, Amílcar Cabral fundou o Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC). No ano de 1974 foi reconhecida a
independência da Guiné; em 1975 do Cabo Verde
e de São Tomé e Príncipe.
Um importante fato que contribuiu para o fim do
império colonial português foi a Revolução dos
Cravos, que ocorreu em 25 de abril de 1974 e que
marcou o fim do regime fascista (imposto por
Oliveira Salazar e continuado por Américo Tomás
e seu primeiro-ministro Marcelo Caetano). O novo
governo de Portugal não ofereceu resistência para
o reconhecimento da independência das colônias.
As consequências da descolonização
Entre as consequências do processo de
descolonização afro-asiática enumeramos o
surgimento de novos países que, ao lado das
nações latino americanas, formaram o bloco do
Terceiro Mundo. Este bloco fica sob a
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dependência
dos
países
capitalistas
desenvolvidos (Primeiro Mundo) ou de países
socialistas (Segundo Mundo).
A dependência deste bloco será responsável pela
concentração de renda nos países ricos e pelo
crescente endividamento externo dos países
subdesenvolvidos,
apresentando
sérios
problemas de saúde, educação, desnutrição, entre
outros.
O MUNDO EM CONFLITO
Primeira Guerra Mundial
Com o declínio da supremacia europeia sobre o
mundo, e a tardia colonização de mercado por
parte e alguns países, nem mesmo a Europa
acreditava em um conflito tão grande. Com
enormes antagonismos entre as nações e alianças
secretas, e reivindicação por uma divisão de
colônias, a guerra se tornou inevitável.
Causas da Guerra
As causas da guerra vão ser ocasionadas devido
à enorme tensão existente entre diversos países
europeus, os quais estavam ligadas a questões
históricas, questões fronteiriças, e um forte
revanchismo. Países como Alemanha, Inglaterra,
França, Eslavos estiveram fortemente envolvidos
nestas tensões, ocasionando alianças, as quais
estavam em dois polos: Tríplice Aliança formada
pela Alemanha, Áustria e Itália; e a Tríplice
Entente composta por Inglaterra, Rússia e França.
Incitada, principalmente como válvula de escape,
a morte do imperador austríaco Francisco
Ferdinando em 1914, desencadeou a abertura da
primeira Guerra Mundial.
Etapas da Guerra
A primeira etapa está ligada as invasões dos
países, ou seja, a primeira movimentação, com a
Alemanha invadindo a Bélgica, (1914 – 1915).
Na segunda etapa nos anos de 1915 a 1917, ficou
conhecida como guerra das trincheiras, a qual
fortemente estava atrelada a uma guerra sem
movimentação, parada, com a entrada da Itália ao
lado da Entente.
A terceira fase da guerra fica marcada pela
entrada dos EUA, o qual possuía altos
investimentos na Inglaterra e na França. O que
também deu forte apoio a Entente, ocasionando a
vitória do grupo.
Efeitos da Guerra
A guerra trouxe diversas diferenças, modificações
e transformações a sociedade mundial. A exemplo
disso temos a realocação do papel da mulher no
mercado de trabalho, o forte risco de revoluções
nos países vencidos, forte dependência da Europa
em relação aos produtos americanos, além da
reorganização geográfica com o surgimento de
novos países.
Outra importante instituição que surgiu com o fim
da guerra foi a chamada Liga das Nações, com o
papel de agir como mediadora mundial em
conflitos entre nações.
Como consequência pelo fim da guerra, tem-se o
Tratado de Versalhes, o qual impôs diversas
condições aos países derrotados, principalmente
a Alemanha, a qual sofreu sanções e humilhações
demasiadamente penosas e constrangedoras:
pagar uma enorme taxa aos países vencedores, e
devolução de uma enorme parte que havia
anexado aos seus territórios.
O Período entre Guerras
O período entre guerras, assim conhecido por ter
sido o intervalo entre a primeira e a segunda
guerra mundial, em um curto espaço de tempo,
inicialmente se mostrou bastante promissor pela
época de crescimento e renovação de uma época
de progresso, altas importações e investimentos
na Europa tornou os EUA em uma enorme
potência mundial, e a Europa conheceu a
chamada Bela Époque. Porém este crescimento
teve fim com a Crise de 29, devido à quebra da
bolsa de Nova York, ocasionando um a crise geral
em todo o globo. Tal crise desencadeou graves
consequências, como a falência generalizada,
aumento da fome, do desemprego, e
principalmente ao fortalecimento do NaziFascismo.
O governo Norte americano para acabar com a
crise, em pleno governo de Roosevelt, implantou
o New Deal, trazendo assim a passagem do
liberalismo econômico para o capitalismo
monopolista, ou seja, uma intervenção do estado
na economia, o que perdurou até a segunda
Guerra Mundial.
O Fascismo
O medo das ideias socialistas, crescentes pela
Europa, abalaram as classes medias e a alta
burguesia dentro da Itália, os levando assim a
apoiar o Partido Nacional Fascista, liderado por
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Benito Mussolini, que via no liberalismo
econômico uma fraqueza muito grande.
Através da Marcha sobre Roma, Mussolini se
torna primeiro ministro italiano em 1922. Porém a
quebra da bolsa de Nova York abalou gravemente
a economia, fazendo com que Mussolini desse
início a expansão imperialista invadindo a Etiópia,
na tentativa de reequilibrar as finanças italianas.
O Fascismo trazia consigo diversas características
que seriam próprias: Militarismo, Nacionalismo,
Idealismo e o Totalitarismo.
O Nazismo
A Alemanha, saída da guerra como a grande
derrotada e humilhada pelas fortes imposições do
Tratado de Versalhes, além da crise que abalava
ainda mais a economia Alemã. Com isso houve o
crescimento do Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores (Partido Nazista) liderado por Adolf
Hitler, o qual trazia teorias de superioridade
(arianismo), além de uma ideologia de extrema
direita.
Em 1934, Adolf Hitler assume o poder por
completo como primeiro ministro e presidente,
sendo conhecido com Funhrer. Outro caráter forte
que estava ligado ao nazismo era a ideia antisemitista, o que seria um diferencial em relação ao
fascismo italiano. Adotado por outros países com
características locais, porém ainda fascista como
em Portugal que ficou conhecido como
Salazarismo e na Espanha como Franquismo.
A Alemanha atacava e bombardeava a Inglaterra
intensamente, porem as ilhas britânicas sob
comando
de
Winston
Churchill
resistia
militarmente a Adolf Hitler.
Na segunda fase da Guerra (1942 – 1943), há uma
contraofensiva por parte dos aliados, contendo os
ataques do Eixo. Os EUA impunham pesadas
derrotas aos Japoneses nas batalhas de Midway
e Guadalcanal, após terem sido bombardeados no
ataque a Pearl Harbour, no Havaí.
A terceira fase se caracteriza pela derrocada do
Eixo, que era formalizada pelo Japão, Alemanha e
Itália, as quais agora saiam derrotadas,
principalmente pela forte atuação e imposição
militar Norte Americana e da URSS. Mussolini foi
deposto em 1943, com a Itália assinando o
armistício. A Alemanha invadida e ocupada pelo
Exército Vermelho, que ficou conhecido como
Rolo compressor, por rapidamente derrotar as
forças alemãs, além da invasão por parte dos
aliados, com a rendição oficialmente dada em 8 de
maio de 1945, conhecido como Dia D.
Já o Japão só veio a se render em 2 de setembro
de 1945, após sofrer uma gigantesca ofensiva
com os ferozes ataques em Hiroshima e Nagasaki,
com as bombas atômicas norte americanas.
A Segunda Guerra Mundial
Com o fim da primeira guerra mundial,
permaneceu um resquício de humilhação e
revanchismo em relação ao povo alemão. O que
fortaleceu ainda mais as ideias de conquistas e
imperialismo de Hitler, além da ideia de mudança
no Tratado de Versalhes, recebendo apoio de
Itália e Japão.
Fim da Guerra e a Criação da ONU
A Organização das Nações Unidas, foi criada em
1945, na chamada conferencia de São Francisco,
a qual foi referenciada na Assembleia Geral do
mesmo ano, onde inclusive o Brasil é considerado
membro fundador. Com o objetivo de manter a paz
e a cooperação mundial, já que a antiga Ligas da
Nações havia falhado nesta tarefa. Possuindo
diversos conselhos como: Conselho de
Segurança, Conselho Econômico e Social,
Conselho de Tutela, Corte Internacional de
Justiça. Além de instituições especializadas: OMS,
OIT, ONUID, GATT e UNESCO.
Fases da Segunda Guerra
A primeira fase da segunda grande guerra (1939 –
1941) é fortemente caracterizada pela invasão
Alemã a Polônia e logo em seguida da Noruega e
da Dinamarca, com guerra relâmpago, a qual ficou
conhecida
como
estratégia
Blitzkrieg.
Posteriormente a Alemanha invade a Holanda,
Luxemburgo e a Bélgica, e em parte da França.
Aliados também a esta guerra estava o Japão
invadindo a China e a Itália que entrava na Guerra
atacando Malta, Gibraltar e Alexandria.
Patrimônio Cultural e Diversidade Cultural
Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental, ter
também a capacidade de diferenciar entre
patrimônio material e imaterial e por fim será
elencado os patrimônios culturais e naturais
brasileiros, acompanhado de algumas questões
do ENEM sobre o assunto.
Contexto Histórico
Significado primitivo: Patrimônio = grego
(Pater)
1) Patrimônio: tudo aquilo que é deixado pelo Pai;
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2) Patrimônio: bens materiais + cultura,
identidade;
3) Patrimônio: monumentos vão expressar os
fatos (singular);
4) Patrimônio: artístico e estético (só para elite)
5) Século XIX -> Avanço -> espaço urbano,
cultura.
2. Existem dois conceitos de Patrimônio:
Material;
Legal;
O conceito de Patrimônio não existe isolado. Só
existe em relação a alguma coisa. Podemos dizer
que Patrimônio é o conjunto de bens materiais
e/ou imateriais que contam a história de um povo
e sua relação com o meio ambiente. É o legado
que herdamos do passado e que transmitimos a
gerações futuras.
Um outro conceito para você não esquecer:
―Patrimônio é tudo o que criamos, valorizamos e
queremos preservar: são os monumentos e obras
de arte, e também as festas, músicas e danças, os
folguedos e as comidas, os saberes, fazeres e
falares. Tudo enfim que produzimos com as mãos,
as ideias e a fantasia. Cecília Londres.
No sentido Legal, está no artigo 216 da
Constituição Federal da República Federativa do
Brasil.
3. Classificação do Patrimônio:
Histórico;
Cultural;
Ambiental
Patrimônio Histórico
É o conjunto de bens que contam a história de uma
geração através de sua arquitetura, vestes,
acessórios,
mobílias,
utensílios,
armas,
ferramentas, meios de transportes, obras de arte,
documentos. Até final da década de 1970, tinha
caráter político/elitista. A partir de 1980, passaram
a ser consideradas outras etnias e classessociais.
Um exemplo de patrimônio histórico é a
Universidade Federal do Paraná.
Localizada no centro de Curitiba, capital do
estado, foi a primeira universidade criada no
Brasil.
Patrimônio Cultural
É o conjunto de bens materiais e/ou imateriais,
que contam a história de um povo através de seus
costumes, comidas típicas, religiões, lendas,
cantos, danças, linguagem.
Tipos de Patrimônio
Material
Imaterial
Material: O patrimônio material é formado por um
conjunto de bens culturais classificados segundo
sua natureza: arqueológico, paisagístico e
etnográfico; histórico; belas artes; e das artes
aplicadas.
Eles estão divididos em bens imóveis – núcleos
urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e
bens individuais – e móveis – coleções
arqueológicas,
acervos
museológicos,
documentais, bibliográficos,
arquivísticos, videográficos, fotográficos e
cinematográficos.
3 Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e
Paisagístico. Livro do Tombo Histórico. Livro do
Tombo das Belas-Artes. Livro do
Tombo das Artes Aplicadas.
Entre os bens materiais brasileiros estão os
conjuntos arquitetônicos de cidades como Ouro
Preto (MG), Paraty (RJ), Olinda (PE) e São Luís
(MA) ou paisagísticos, como Lençóis (BA),
Serra do Curral (Belo Horizonte), Grutas do
Lago Azul e de Nossa Senhora Aparecida
(Bonito, MS) e o Corcovado (Rio de Janeiro).
Imaterial: Os bens culturais imateriais estão
relacionados aos saberes, às habilidades, às
crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas.
Desta forma podem ser considerados bens
imateriais: conhecimentos enraizados no cotidiano
das comunidades; manifestações literárias,
comidas e bebidas típicas, danças, musicais,
plásticas, cênicas e lúdicas; rituais e festas que
marcam a vivência coletiva da religiosidade, do
entretenimento e de outras práticas da vida social;
além de mercados, feiras, santuários, praças e
demais espaços onde se concentram e se
reproduzem práticas culturais.
Na lista de bens imateriais brasileiros estão a festa
do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Feira de
Caruaru, o Frevo, a capoeira, o modo artesanal de
fazer Queijo de Minas e as matrizes do Samba no
Rio de Janeiro.
Características de um patrimônio:
A principal característica de um patrimônio é que
a sua conservação seja de interesse público, quer
por sua vinculação a fatos memoráveis da história
do lugar e de seu povo, quer por seu excepcional
valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou
artístico.
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