Universidade Federal Fluminense Pós-Graduação em Química Denise de Almeida Souza Síntese e estudo de propriedades de novos compostos magnéticos moleculares obtidos a partir de pré-ligantes contendo grupos ferrocenil, nitronil nitróxido e catecol. Orientadora: Profa.Dra. Maria das Graças Fialho Vaz Universidade Federal Fluminense - UFF Dissertação apresentada ao curso de PósGraduação em Química da Universidade Federal Fluminense (UFF) como parte dos Requisitos para a obtenção do título de Mestre em Química. Área de Concentração: Química Inorgânica. Niterói, outubro de 2006. Resumo O tema desta dissertação insere-se em uma das áreas que vem despertando um crescente interesse de pesquisadores dos mais diversos setores (química, física, biologia, entre outras). Este interesse é devido não somente a aspectos relevantes para a ciência básica, mas principalmente pela potencialidade de aplicações dos compostos que podem ser obtidos. O presente trabalho trata da síntese e estudo de propriedades de novos complexos magnéticos moleculares obtidos a partir de compostos contendo o grupo ferrocenil, catecol e nitronil nitróxido. Descreve-se um novo método desenvolvido para a obtenção do composto ferrocenilanilina e um novo ligante e dois novos compostos contendo o grupo o catecol sintetizados a partir dele. Também são descritas as sínteses de uma série de radicais do tipo nitronil nitróxido e de complexos do tipo acetilacetonato com os íons de metais de transição cobalto, cobre, manganês e níquel. É mostrada a caracterização dos compostos obtidos por diversas técnicas, entre elas espectroscopia no infravermelho, RMN, ultravioleta, análise elementar e espectroscopia Mössbauer. Os compostos obtidos através das reações de radicais p-rad [2-(4-piridil)-4,4,5,5-tetrametillimidazolina-1-oxil-3-óxido] com os blocos moleculares [M(Phtfac)2] (Phtfac = feniltrifluoroacetilacetonato; M = Co2+, Cu2+ e Mn2+), foram estudados por difração de raios X em monocristal. Destaca-se que a difração em monocristal do composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] mostrou uma estrutura cristalina onde está presente uma forma inédita de coordenação de um radical nitronil nitróxido a um íon de cobalto. Finalmente, também são descritos os estudos magnéticos realizados nestes novos compostos magnéticos moleculares. Palavras-chave: magnetismo molecular, compostos de coordenação e organometálicos. Abstract In the present work we discourse about the synthesis and properties of new molecular magnet complexes obtained from ferrocenyl, catechol and nitronyl nitroxide compounds. The subject of this dissertation is part of scientific area that shows a growing interest among researchers coming from different areas (chemistry, physics, biology, and others), due to not only the basic science point of view, but mainly because its vast potential in applied sciences. A new method to obtain the ferrocenylaniline compound is presented as well as new ligands, containing the catechol group, synthesized from it; the synthesis of nitronyl nitroxide radical series and acethylacetonate with transition metal ions (cobalt, copper and manganese). The characterizations of the many compounds were performed by means of different techniques as möussbauer, infrared, NMR, UV-Vis spectroscopy and elementary analysis. The structure of the compounds obtained by means of the p-rad (2-(4pyridil)-4,4,5,5-tetramethylimidazoline-1-oxyl-3-oxide) radicals reactions with [M(Phtfac)2] (Phtfac = Phenyltrifluoroacethylacetonate; M = Co2+, Cu2+ e Mn2+) molecular bricks has been studied using either powder or single crystal X-ray spectroscopy. In particular, X-ray spectroscopy of [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] single crystals revealed a new coordination form of the nitronyl nitroxide with cobalt ions. The magnetic properties of such new molecular magnet compounds were studied. keywords: molecular magnetism, coordination compounds and organometallics Ao meu avô, José Creso Dedico AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Professora Maria das Graças Fialho Vaz, pela orientação segura durante todo este trabalho, pelo apoio e incentivo nos momentos difíceis, pela preocupação constante com a minha formação e especialmente pela amizade. Agradeço a Professora Maria Domingues Vargas, pelo apoio e incentivo durante a realização da parte do trabalho realizada com os derivados do ferroceno e especialmente pelo carinho. Agradeço ao Professor Mauricio Lanznaster, pelas discussões científicas e principalmente pelo carinho e incentivo. Eu gostaria de agradecer ao Professor Sandro Greco por toda paciência e ajuda durante as etapas de sínteses orgânicas mostrando sempre o lado bonito da química orgânica. Minha gratidão aos meus amigos e colegas do laboratório por todo carinho e apoio durante todo este trabalho. Pela ajuda constante em todos os momentos sempre com interesse e incentivo. Em especial queria agradecer a Margot, por tantos momentos que trabalhamos juntas no estudo das propriedades magnéticas dos compostos e também na correção deste trabalho. Por sua dedicação, amizade meu sincero obrigado. Agradeço ao Professor Miguel Novak pelo acesso aos equipamentos para realização das medidas magnéticas, e também pelo apoio e incentivo. Agradeço ao Professor Carlos Basílio pelas medidas de difração de raios X em monocristal. Agradeço aos professores e funcionários do Instituto de Química da UFF e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. Muito obrigada a toda minha família pelo amor e incentivo constante. Em especial minhas filhas pela compreensão, carinho e incentivo nos momentos mais difíceis. SUMÁRIO Capítulo I - Introdução ................................................................................................1 I.1 Um breve histórico do magnetismo molecular ........................................................... 3 Referências Bibliográficas .............................................................................................. 9 Capítulo II - Alguns aspectos teóricos do magnetismo molecular........................11 Capítulo III - Metodologia..........................................................................................23 Capítulo IV - Grupo Nitronil Nitróxido......................................................................27 IV.1. Síntese dos radicais ............................................................................................. 30 IV.2. Síntese dos complexos [M(Phtfac)2.2H2O] ........................................................... 33 IV.3. Síntese dos complexos [M(II)(Phtfac)2(radical)2]................................................... 34 IV.4. Análises estruturais .............................................................................................. 36 IV.5. Propriedades magnéticas..................................................................................... 39 IV.6. Conclusões e Perspectivas .................................................................................. 47 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 48 Capítulo V - Grupo Ferrocenil e catecol ..................................................................49 V.1. Síntese do composto 4-ferrocenilanilina ................................................................ 52 V.2. Síntese do composto Ferrocenilanilina-4,6-di-tert-butilfenol .................................. 53 V.3. Síntese dos complexos [M(II)(FcNHTBC] .............................................................. 55 V.4. Caracterização por espectroscopia Mössbauer ..................................................... 56 V.5. Propriedades Magnéticas...................................................................................... 58 V.6. Conclusões e Perspectivas ................................................................................... 63 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 64 Anexos .......................................................................................................................65 Anexo I ......................................................................................................................... 65 Anexo II ........................................................................................................................ 68 Anexo III ....................................................................................................................... 70 Anexo IV....................................................................................................................... 83 Anexo V........................................................................................................................ 85 Abreviaturas dos compostos Síntese do radical: Compostos Abreviatura 2,3-dimetil-2,3-dinitrobutano DNB 2-(4-piridil)-4,4,5,5-tetrametilimidazolina-1-oxil-3-óxido p-rad Complexos tipo acetilacetonatos: Complexos Abreviatura diaqua-bis[(2-fenil)trifluoroacetilacetonato]cobalto(II) [Co(II)(Phtfac)2].2H2O diaqua-bis[(2-fenil)trifluoroacetilacetonato]cobre(II) [CuII)(Phtfac)2].2H2O diaqua-bis[(2-fenil)trifluoroacetilacetonato]níquel(II) [Ni(II)(Phtfac)2].2H2O diaqua-bis[(2-fenil)trifluoroacetilacetonato]manganês(II) [Mn(II)(Phtfac)2].2H2O Compostos Magnéticos Moleculares – Grupo nitronil nitróxido Compostos Magnéticos Moleculares bis(4-piridil nitronil nitróxido)-bis((2-fenil)trifluoroacetilacetonato)cobalto(II) bis(4-piridil nitronil nitróxido)-bis((2-fenil)trifluoroacetilacetonato)cobre(II) bis(4-piridil nitronil nitróxido)-bis((2-fenil)trifluoroacetilacetonato)manganês(II) Abreviatura [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. 2CH3CN [Cu(II)(Phtfac)2(p-rad)2] [Mn(II)(Phtfac)2(p-rad)2] CH3CN: acetonitrila Precursores com o grupo ferrocenil Compostos Abreviatura 4-nitrofenilferroceno FcNO2 4-ferrocenilanilina FcNH2 Ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol FcNHTBC Compostos Magnéticos Moleculares – Grupo ferrocenil e catecol Complexos Abreviatura (ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol)-cobalto(II) [Co(II)(FcNHTBC)] (ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol)-manganês(II) [Mn(II)(FcNHTBC)] Capítulo I Introdução Capítulo I - Introdução 2 I- Introdução A partir do século XVI, os fenômenos magnéticos despertaram o interesse de diversos pesquisadores de várias áreas da ciência servindo as mais diferentes aplicações, desde a bússola até os mais modernos dispositivos. Devido ao grande impacto desses materiais magnéticos na economia, foi necessária a busca de novos materiais que apresentassem propriedades magnéticas interessantes e diferentes das dos magnetos metálicos tradicionalmente empregados. Nesse sentido, uma área de pesquisa de grande interesse na atualidade é a busca de materiais magnéticos moleculares. Em contraste com os magnetos metálicos clássicos, os chamados materiais magnéticos moleculares1,2 têm como base portadora de spin uma molécula, o que os torna muito mais versáteis, já que apresentam, além do magnetismo, as propriedades típicas características do caráter molecular, como solubilidade, conjugação eletrônica, propriedades ópticas, dentre outras. Neste caso, as unidades que se repetem dentro do material, e que são as portadoras dos momentos magnéticos, não são metais, mas sim moléculas orgânicas, ou complexos metálicos, sendo que as espécies que trazem o momento magnético podem ser metais de transição d, terras-raras ou radicais orgânicos. Considerando as inúmeras possibilidades da combinação, estes sistemas poderão ser muito mais flexíveis que os materiais magnéticos convencionais, e moduláveis quimicamente (possíveis “legos®” químicos). As aplicações potenciais para tais materiais são extremamente amplas3, entre outras, em sensores, no armazenamento de informação (leitura, gravação e registro de dados; discos magneto-ópticos), na medicina (contraste para tomografia por RMN e implantes), em tintas magnéticas, dispositivos ópticos, eletroeletrônicos, magneto-ópticos, etc. Além disto, poderão também ser obtidos compostos que apresentem sinergia entre propriedades magnéticas-ópticas e magnéticas-condutoras o que confere a essa nova classe de materiais o potencial para uma gama de aplicações4. Capítulo I - Introdução 3 I.1. Breve histórico do magnetismo molecular A história do magnetismo molecular é considerada relativamente recente, pois foi a partir da segunda metade do século 20 que ocorreram os avanços mais significativos na área5. Na década de 60 foi descrito o primeiro composto classificado como magneto molecular, o complexo [FeIII(S2CNEt2)2Cl] com temperatura crítica (TC) = 2,5 K)6, (figura I.1). Mas foi na década de 70, com estudos realizados com sais de perovskita de cobre(II) (figura I.2), os quais apresentam a camada inorgânica separada por cátions orgânicos, que surgiu a idéia de variar o tamanho dos grupos presentes em um composto para se ter o controle da dimensionalidade espacial e assim das interações magnéticas. A possibilidade desta modulação das interações magnéticas através deste tipo de variação é ainda um dos focos das pesquisas em magnetismo molecular nos dias de hoje. Figura I.1- Estrutura molecular do composto [FeIII(S2CNEt2)2Cl] Figura I.2- Estrutura cristalina da perovskita Na década de 80 foi descrito o primeiro composto magnético com uma ordem magnética de longo alcance, que apresentou uma temperatura crítica de 2,55 K. Neste composto, o cátion bispentametilciclopenta dienilferro(III) (decametilferrocínio, Capítulo I - Introdução 4 ([Fe(C5Me5)2][TCNQ)] (TCNQ= tetracianoquinodimetano) (figura I.3)7, o acoplamento magnético não ocorre via ligação, mas através do espaço. Em 1985 foi obtido o sal deste cátion contendo o ânion TCNE- (tetracianoetilieno = C6N4) o qual foi caracterizado como ferromagnético, apresentando Tc= 4,8 K. A estrutura cristalina deste composto apresenta cadeias com alternância das unidades [Fe(Me5C5)2]+ e [TCNE]- , como mostrado na figura I.4.8 Figura I.3 - Unidades do composto [Fe(Me5C5)2][TCNQ] Figura I.4- Unidades do composto [Fe(η η5-C5Me5)2][TCNE] e estrutura cristalina. Fe(III), amarelo; C, preto; H, rosa; N, azul) mostrando duas cadeias paralelas e alternadas, S = 1/2 [Fe(III)(η η5-C5Me5)2]•+ e S = 1/2 [TCNE]•- desconectado um do outro. Capítulo I - Introdução 5 No final da década de 80 foi descrita uma segunda classe de magnetos moleculares que apresentou estrutura de caráter polimérico9. A estratégia metalradical foi utilizada para a obtenção destes compostos e consistiu na complexação de um metal de transição da primeira série por um radical orgânico do tipo nitronil nitróxido, resultando no acoplamento dos spins, como no caso do [Mn(hfac)2NITPri]n (NITPri = isopropil nitronil nitróxido; hfac = hexafluoracetilacetonato), formado por cadeias 1-D, ferrimagnéticas, com Tc = 7,6 K (figura I.5)10. Figura I.5- Segmento da estrutura do sistema 1-D do [Mn(hfac)2NITPri]n. No início da década de 90 foi sintetizado o primeiro composto puramente orgânico que apresentou uma transição ferromagnética, o radical p-NPNN (paranitrofenil nitronil nitróxido) (figura I.6), que ordena-se ferromagneticamente abaixo de 0,7 K11. Essa descoberta deu início a intensas pesquisas e a uma nova estratégia de obtenção de materiais magnéticos moleculares. Nesta estratégia, os portadores de spin são apenas radicais orgânicos. Figura I.6- Radical para-nitrofenil nitronil nitróxido. Capítulo I - Introdução Ainda na 6 década de 90 foram descritos na literatura12 bidimensionais, formados através das reações de ânions [MIII(L)3] 3- sistemas com cátions MII, todos de metais de transição da primeira série. O cátion MII controla a conectividade entre os dois metais e, deste modo, o tipo de estrutura cristalina. Esta tática permitiu projetar materiais com diferentes estruturas e conseqüentemente diferentes comportamentos magnéticos. Como exemplo de sistema bidimensional pode-se citar o magneto entrelaçado (Me-Rad)2Mn2 {Cu(opba)}3.(DMSO)2.2H2O (onde Me-Rad = metil-nitronil nitróxido e opba = orto-fenilenobis(oxamato)), formado por duas redes bidimensionais que se interpenetram em ângulo quase ortogonal (figura I.7). Este foi o primeiro magneto molecular a apresentar uma estrutura deste tipo. Além disso, apresentou uma Tc de 22 K o que causou surpresa na época, pois apenas eram conhecidos magnetos moleculares com Tc = 15 K. Figura I.7- Exemplo de sistema 2-D do tipo [XR4]+[MIIMIII(opba)3]. Estruturas poliméricas contendo os cátions [ZII(bipy)3]2+ (ZII = Fe, Co, Ni, Ru, Zn) foram usadas na elaboração de sistemas tridimensionais, como nos compostos de fórmula [ZII(bipy)3] [MIIMIII(ox)3] ou [ZII(bipy)3] [MIMIII(ox)3] ( bipy = bipiridil; ox = oxalato) e (MII = Mn, Fe, Co, Cu; MIII = Cr, Fe ; MI = metal alcalino, NH4+) (figura I.8). O interesse por estas estruturas deve-se à sua flexibilidade, quiralidade e capacidade de incorporar cátions e ânions, possibilitando o estudo da correlação entre o magnetismo e atividades ópticas13. Capítulo I - Introdução 7 Figura I.8- Estrutura 3-D obtida pela combinação do isômero Λ do ânion complexo [MIIMIII(ox)3]- com o cátion complexo quiral Λ-[ZII(bipy)3]2+ (ZII = Fe, Co, Mn, Ru, Ni) A investigação de materiais magnéticos moleculares vem sendo realizada através de duas abordagens distintas, porém complementares14. A primeira delas envolve a idealização e síntese de magnetos "massivos”, com magnetização permanente como os citados anteriormente, na busca de altas temperaturas de transição magnética. A outra abordagem envolve a síntese de aglomerados magnéticos grandes, porém finitos, os quais podem ser considerados como pequenas partículas magnéticas de tamanho nanométrico, e são chamados de magnetos de uma molécula15,16. Em ambas as abordagens são empregadas técnicas de química molecular para associar "tijolos" orgânicos, inorgânicos e organometálicos e formar, freqüentemente, arquiteturas complexas. Nos últimos anos diversos novos compostos destes dois tipos foram sintetizados, e uma grande diversidade de comportamentos magnéticos, em alguns casos inesperada, vem sendo observada17. É grande a variedade de compostos descritos na literatura, como por exemplo a série de nanomagnetos moleculares que começou a partir do Mn12Ac18, (figura I.9a). Esta espécie é constituída por um aglomerado de 12 átomos apresentando alto spin, com alta anisotropia e o seu estudo permitiu evidenciar o tunelamento quântico da magnetização19. Capítulo I - Introdução 8 (a) (b) Figura I.9- (a) Estrutura do composto [Mn12O12(CH3COO)16(H2O)4], Mn12Ac. Em azul: MnIII; verde: MnIV; vermelho: O; cinza: C; (b) estrutura do composto [Co(hfac)2(NITPhOMe)]n, (NITPhOMe = metóxi nitronil nitróxido) Os aglomerados magnéticos moleculares podem ser considerados como o ponto final no processo de miniaturização dos elementos de memória magnética. Tais materiais permitem sonhar com a possibilidade de se estocar informação em escala molecular20. Outro exemplo ainda são os nanofios magnéticos moleculares21, exemplificado na figura I.9.b, os quais constituem-se de cadeias ferrimagnéticas ordenadas paralelamente. Um outro tema de grande interesse em magnetismo molecular é o estudo das correlações entre propriedades magnéticas, ópticas, de condução de carga, entre outras.22 Atualmente, pesquisas sobre os diferentes tipos de magnetos moleculares estão sendo realizadas com o objetivo de se aprimorar cada vez mais, propriedades magnéticas que permitam aplicações tecnológicas. Além disto, os processos de interação magnética nestes compostos ainda são pouco compreendidos, sendo seu estudo também atraente do ponto de vista fundamental. Capítulo I - Introdução 9 Referências Bibliográficas 1. Lahti, P. M. (Ed.) Magnetic Properties of Organic Materials, Marcel Dekker, New York, 1999. 2. Kahn, O. Molecular Magnetism, VCH, New York, 1993. 3. Coronado E.; Galán-Mascarós J. R.; Gómes-García C. J.; Laukhin V.; Nature, 2000, 408, 449. 4. Coronado, E.; Gatteschi, D.; J. Mater. Chem., 2006, 16, 2513. 5. MRS Bulletin, 2000, 25, 21. 6. Wickman, H. H.; Trozzolo, A. M.; Williams, H. J.; Hull, G. W.; Merritt, F. R.; Phys Rev., 1967,155, 563. 7. Candela, G. A.; Swartzendruber, L. J.; Miller, J. S.; Rice, M. J.; J. Am. Chem. Soc., 1979, 101, 2755. 8. Miller, J. S.; Epstein, A. J.; Reiff, W. M.; Mol. Cryst. Liq. Cryst., 1985, 120, 27. 9. Caneschi, A.; Gatteschi, D.; Renard, J. P.; Rey, P.; Sessoli, R.; J. Am. Chem. Soc., 1989, 111, 785. 10. Caneschi, A.; Gatteschi, D.; Renard, J. P.; Rey, P.; Sessoli, R.; Inorg. Chem., 1989, 28, 1976. 11. Turek, P.; Nozawa, K.; Shiomi, D.; Awaga, K.; Inabe, T.; Maruyama, Y.; Kinoshita, M.; Chem. Phys. Lett., 1991, 180,327. 12. Tamaki, H.; Zhong, Z. J.; Matsumoto, N.; Kida, S.; Koikawa, M.; Achiwa, N.; Hashimoto, Y.; Okawa, H.; J. Am. Chem. Soc., 1992, 114, 6974. 13. Coronado, E.; Galan-Mascaros, J. R.; Gimenez-Saiz, C.; Gomez-Garcia, C. J.; Martinez-Agudo, J. M.; Martinez-Ferrero, E.; Polyhedron, 2003, 22, 2381. 14. a) Gatteschi, D.; Current Opinion in Solid State & Materials Science, 1996, 2, 192. b) Gatteschi, D.; Sessoli, R.; Villain, J.; Molecular Nanomagnets, Oxford, New York, 2006. 15. Gatteschi D.; Caneschi, A.; Pardi L., Sessoli R.; Science, 1994, 265, 1054. 16. Stamp, P. C. E.; Chudnovsky E. M.; Barbara B.; Int J. Mod. Phys. B, 1992, 9, 1355. 17. Evangelisti, M.; Candini, A.; Ghirri, A.; Affronte, M.; Powell, G.W.; Gass, I.A.; Wood, P.A.; Parsons, S.; Brechin, E.K.; Collison D.; Heath, S.L.; Preprint Archive, Condensed Matter , 2006 18. A. Caneschi, D. Gatteschi, R. Sessoli, M. A. Novak, Nature , 1993, 365, 141. Capítulo I - Introdução 10 19 . Gatteschi, D.; Sessoli, R.; Angew. Chem. Int. Ed. Engl, 2003, 42, 268. 20. Leuenberger, M. N.; Loss, D. ; Nature, 2001, 410, 789. 21. a) Caneschi, A.; Gatteschi, D.; N.; Lalioti, C.; Sangregorio, R.; Sessoli, G.; Venturi, A.; Vindigni, A.; Rettori, M. G.; Pini, M. A.; Novak, Angew.Chem. Int. Ed. Engl., 2001, 40, 1760. b) Bogani, L.; Sessoli, R.; Pini, M. G.; Rettori, A.; Novak, M.A.; Rosa, P.; Massi, M.; Fedi, M. E.; Giuntini, L.; Caneschi, A.; Gatteschi, D.; Phys. Rev. B, 2005, 72. 22. Darling, S. B.; Bader, S. D.; J. Mat. Chem., 2005, 15, 4189. Capítulo II Alguns aspectos teóricos do magnetismo molecular Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 12 Susceptibilidade magnética A susceptibilidade magnética é uma característica intrínseca de cada material e sua identidade está relacionada com a estrutura atômica e molecular. Ela é definida como: M ∆M = H→ 0 H ∆H χ = lim Eq.1. Onde M é a magnetização e H o campo magnético aplicado. Em geral, a susceptibilidade apresenta dois tipos de respostas; ela é negativa quando o material é considerado diamagnético, por exemplo, substâncias orgânicas, ou positiva quando o material é considerado paramagnético, por exemplo, átomos com elétrons desemparelhados. O comportamento diamagnético é caracterizado pela repulsão da substância em um gradiente de campo magnético aplicado; independe da temperatura e resulta da interação do campo magnético aplicado com orbitais atômicos ou moleculares contendo pares de elétrons. A força das interações é aproximadamente proporcional ao peso molecular do material. Todo material exibe algum comportamento diamagnético. Já o comportamento paramagnético é caracterizado pela atração da substância em um gradiente de campo magnético aplicado e depende da temperatura. Este comportamento resulta da interação do campo magnético aplicado com orbitais atômicos ou moleculares contendo elétrons desemparelhados. A susceptibilidade total do material pode ser escrita como sendo a soma de duas contribuições, uma diamagnética e outra paramagnética. χ = χ dia + χpara Eq.2. Nas medidas magnéticas, é obtida a soma destas duas componentes, sendo que o interesse é a componente paramagnética, portanto é necessário retirar a contribuição diamagnética. O método mais utilizado para estimar este valor são as tabelas de Pascal1. Nos materiais paramagnéticos, os átomos possuem momentos magnéticos permanentes, associados com o momento de spin e/ou com o momento orbital dos elétrons. Quando um campo externo é aplicado, os momentos tendem a se alinhar com este, de modo que a magnetização resultante é positiva. Com o aumento da Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 13 temperatura, há uma tendência de que a orientação dos momentos se torne aleatória, ocasionando uma diminuição da susceptibilidade magnética. Este comportamento é típico do paramagnetismo do tipo Curie, em que a χpara varia com a temperatura T de acordo com a Lei de Curie: χpara = C T Eq.3. onde C = constante de Curie Quando existe interação entre os momentos magnéticos, há o paramagnetismo caracterizado pela Lei de Curie-Weiss. Esta interação tende a alinhar os momentos adjacentes na mesma direção ou na direção oposta. χpara = C T−θ Eq.4. θ = constante de Weiss. Lei de Curie A lei de Curie descreve a dependência da temperatura em um paramagneto ideal, onde χm é a susceptibilidade magnética molar, N é o número de Avogadro, g é o fator Lande, µB é o magnéton de Bohr, S é o spin da espécie considerada e K é a constante de Boltzman. χ= Ng2µB2 S ( S + 1) 3k B T cm3 .mol−1 Eq.5. kB = 1,381 x 10-23 J.K-1 Esta equação é geralmente reduzida para a equação χpara = C/T , onde C é a constante de Curie. A Lei de Curie somente é válida quando H/kT for muito pequeno. Para os casos em que as interações intermoleculares são consideráveis, a lei de Curie é substituída por outra expressão (Lei de Curie-Weiss)1: χ= Ng2µB2 S ( S + 1) 3kB T − zJS ( S + 1) Onde θ = constante de Curie Weiss = C cm3 .mol−1 ( T − θ) Eq.6. Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular θ= 14 zJS ( S + 1) Eq.7. 3k B T J = parâmetro de interação magnética (acoplamento) z = número de vizinhos portadores de spin Pelo valor de J, distinguem-se 3 casos: J = 0 não há interações J < 0 acoplamento antiferromagnético J > 0 acoplamento ferromagnético Em situações de baixas temperaturas, os comportamentos magnéticos, ferromagnético, antiferromagnético e ferromagnético podem ser representados conforme ilustrado na figura II.1 abaixo: Figura II.1- Comportamento característico de 1/χ χ = f(T) quando ocorre transição. Quando θ é positivo, significa que as interações são ferromagnéticas e todos os spins tendem a se alinhar paralelamente. Abaixo da Tc (temperatura de Curie) aparece uma magnetização espontânea e o composto é ferromagnético. Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 15 Quando θ é negativo, as interações são antiferromagnéticas e tendem a alinhar os spins antiparalelamente. Pode-se dizer que no composto existem duas sub-redes, no interior das quais os spins estão paralelos, que interagem entre si de maneira antiferromagnética. Quando estas duas sub-redes são idênticas, abaixo da TN (temperatura de Néel) a magnetização resultante é nula e o composto é classificado como um antiferromagneto. Mas se as duas sub-redes são diferentes, as magnetizações não se anulam. Vai existir uma magnetização resultante, comparável ao caso ferromagnético. Neste caso o composto é um ferrimagneto. Função de Brillouin A função de Brillouin descreve a magnetização de um paramagneto ideal sem considerar a magnitude de H/kBT. Na prática esta função é usada para determinar o estado de spin de um paramagneto pela variação de um campo magnético a temperatura constante (figura II.1). M = NgµBSBS ( y ) BS ( y ) = y ( 2S + 1) 1 2S + 1 y coth coth − 2S 2S 2S 2S y= gµBSH kBT Teórico S = 1/2 Teórico S = 2 Teórico S = 4 Teórico S = 7 Teórico S = 10 Figura II.2- Curvas de Brillouin para compostos paramagnéticos ideais com diferentes Eq.8. Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 16 Ordem magnética paramagnetismo ferromagnetismo ferrimagnetismo antiagnetismo Em um material paramagnético os spins podem ser alinhados facilmente pela aplicação de um campo magnético. Contudo o alinhamento é fraco, e se o campo magnético for removido o sistema volta à situação inicial. Materiais verdadeiramente paramagnéticos são pouco comuns. O ferromagnetismo é caracterizado pelo alinhamento paralelo dos spins, resultando em um momento magnético total não nulo. Este alinhamento só é possível se existir algum tipo de interação entre os momentos magnéticos atômicos que os ordene direcionalmente. Os materiais ferromagnéticos apresentam uma magnetização espontânea com uma dependência da temperatura. A magnetização espontânea diminui à medida que a temperatura aumenta até um valor chamado de temperatura crítica ou temperatura de Curie (TC). A partir desse valor a magnetização é nula e decorre do fato de que a elevação da temperatura provoca uma distribuição aleatória dos dipolos magnéticos. Para as temperaturas acima de TC o material passa a ter um comportamento paramagnético. O antiferromagnetismo ocorre quando os elétrons desemparelhados se alinham em direções opostas e os spins têm igual magnitude, ou seja, o momento magnético resultante é nulo. O ferrimagnetismo é um caso especial do antiferromagnetismo, no qual os spins apresentam magnitudes diferentes. Como os momentos magnéticos em interação têm magnitudes diferentes, o material exibe um momento magnético na ausência de um campo magnético aplicado, ou seja, tem comportamento global do tipo ferromagnético. O exemplo mais conhecido é o da magnetita, Fe3O4. Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 17 Domínios magnéticos Uma amostra magnetizada cria ao seu redor um campo magnético. Na parte interna, se a magnetização é uniforme, diferentes regiões da amostra estão orientadas de forma energeticamente desfavorável em relação ao campo criado pelos outros espaços. Trata-se da interação dipolar magnética, que se despreza frente à interação de troca no caso de dois momentos magnéticos microscópicos a distâncias interatômicas típicas, mas que tem um efeito importante quando se consideram momentos macroscópicos. Como mostrado na figura abaixo, a energia magnetostática é reduzida se o sistema se subdivide em domínios com magnetizações opostas. O número de domínios não pode ser aumentado indefinidamente, pois existe uma competição entre a energia magnetostática (dipolar), que favorece a formação de domínios, e as energias de troca (exchange) e de anisotropia, que tendem a dificultar esta formação. A formação de uma parede de domínio envolve gasto de energia: • de anisotropia, quando a parede é larga, com os momentos alterando suavemente sua orientação, de forma que em toda a largura da parede eles formam ângulos desfavoráveis com o eixo de anisotropia parte (a) da figura a seguir; Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular • 18 de troca, quando a parede é estreita e todos os momentos de um lado tendem a estar antiparalelos aos do outro lado [parte (b) da figura a seguir. Assim, o número de paredes é tal que o ganho de energia magnetostática ainda é superior à perda de energia de anisotropia e/ou de troca, sendo dependente do tamanho da amostra. Um outro fator importante aparece quando a amostra é policristalina (que é a situação mais comum), pois o sistema é formado por grãos que, em geral, apresentam eixos de anisotropia com diferentes orientações e cujas interfaces (fronteiras de grão) são bastante desordenadas. Dependendo do tamanho do grão, poderemos ter um único domínio dentro dele ou mais de um. Tipos de representação das medidas magnéticas Curvas χT = f(T) Normalmente é medida a magnetização do composto ou material. A susceptibilidade é obtida a partir do valor da magnetização dividido pelo campo magnético aplicado. Essa representação nos permite relacionar o valor de χT com a natureza das interações magnéticas no composto e por ajuste matemático conhecer a intensidade destas. O gráfico teórico esta representado na figura II.3. Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 19 Resposta ferromagnética Resposta paramagnética Resposta ferrimagnética Resposta antiferromagnética T (K) Figura II .3- Gráfico teórico de χT = f(T) para compostos paramagnético, ferromagnético, antiferromagnético, e ferrimagnético. Curvas M = f(T) = FCM e ZFCM ( com fraco campo magnético aplicado) As interações (ferro ou antiferromagnéticas) intermoleculares em um composto paramagnético provocam um desvio em relação à lei de Curie. No caso em que temos uma transição entre uma fase paramagnética e uma fase ferromagnética (ou ferrimagnética), quando a temperatura diminui e se aproxima da temperatura de transição TC, a susceptibilidade de χ aumenta mais rapidamente que o previsto pela Lei de Curie. Os valores de χ e χT, devem em princípio divergir na TC. A medida de χ perde significado abaixo de TC, em que se observa a presença de uma magnetização espontânea. O estudo da magnetização em função da temperatura permite colocar em evidência uma transição ferromagnética (ferrimagnética) e de determinar a TC. A caracterização de magnetos sob a forma de amostra policristalina é efetuada através de três experiências, que serão discutidas a seguir. Antes, é importante dizer que estas medidas devem ser feitas com fraco campo magnético aplicado, porque a magnetização dentro da fase paramagnética aumenta proporcionalmente com o campo aplicado. Quanto mais fraco é o campo, maior é a relação entre a magnetização da fase paramagnética e a da fase ordenada. Quando se aumenta o campo, a transição torna-se menos nítida e pode nem mesmo ser visível se o campo for muito elevado. Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 20 - Curva FCM (“Field Cooled Magnetization”): Esta curva é obtida resfriando-se a amostra na presença de um campo magnético em geral fraco. Quando a transição acontece, uma variação muito brusca do valor da magnetização é observada. Esta curva pode ser reversível; neste caso, ao se aquecer a amostra, deve-se encontrar os mesmos valores de magnetização obtidos com o resfriamento. - Curva ZFCM (“Zero Field Cooled Magnetization”): Esta curva é obtida (após o resfriamento da amostra em campo nulo) pelo aquecimento da amostra sob um campo cujo valor deve ser igual àquele utilizado na FCM. Quando a amostra é aquecida, o valor da magnetização aumenta, passa por um máximo (antes da temperatura crítica) e encontra a curva de FCM na T = TC. O valor da magnetização aumenta porque a agitação térmica muda a estrutura da camada de transição que separa dois domínios de Weiss adjacentes. Estas camadas são chamadas de paredes de Bloch. O aquecimento provoca uma competição entre o deslocamento das paredes e a desordem dos spins provocada pela agitação térmica, e se observa assim um máximo na curva. Esta desordem dos spins é responsável pela queda na curva ZFCM, mas também nas curvas REM e FCM. A curva ZFCM, como a REM, não é reversível. Curvas M = f(H) e Histerese A curva de magnetização em função do campo, ou curva de primeira magnetização, é obtida a uma temperatura fixa, em geral inferior à TC. A variação da magnetização de um material em função do campo magnético aplicado denomina-se curva ou ciclo de histerese (figura II.4). Em uma curva de histerese típica constata-se que com o aumento da intensidade do campo magnético, a magnetização cresce continuamente até atingir um valor de saturação. A partir da curva de histerese pode-se determinar, por exemplo, a magnetização remanente Mr (magnetização para campo aplicado igual a zero) e o campo coercivo HC (campo necessário para reverter o sentido da magnetização existente no material). Magnetização Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular Campo magnético aplicado Figura II.4. Curva de Histerese (campo magnético aplicado externamente versus magnetização). A estrutura dos domínios para o material é indicado nos pontos a, b e c na curva, onde os domínios em cinza estão desalinhados uns com os outros e com o campo magnético e os domínios em branco estão desalinhados. 21 Capítulo II – Aspectos teóricos em magnetismo molecular 22 Referências Bibliográficas 1. Kahn, O., Molecular Magnetism, VCH, New York, 1993. 2. Carlin, R. C., Magnetochemistry, Springer Verlag, Berlin, 1986. 3. Earnshaw, A., Introduction to Magnetochemistry, Academic Press, Londres, 1968. Capítulo III Metodologia Capítulo III - Metodologias 24 Neste capítulo encontram-se descritos os equipamentos utilizados nas caracterizações e no estudo dos compostos obtidos. Os métodos de síntese serão descritos nos capítulos a seguir. III.1. Análise Elementar As análises elementares foram realizadas no Departamento de Química da UFMG. Para determinação de carbono, hidrogênio e nitrogênio foi utilizado o aparelho Perkin Elmer 2400. As análises de metais foram realizadas no Instituto de Química da UFF, por absorção atômica, utilizando o espectrômetro de absorção atômica modelo SpectrAA-300 (VARIAN). III.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho As analises de absorção na região do infravermelho foram realizadas com 64 scans, resolução de 4 cm-1, em pastilhas de KBr seco (Specac Spectroscopic grade P/N 3610), prensadas a 5 T por 3 min, sob vácuo. Foram obtidos na região de 400 a 4000 cm-1 e na região de 200 a 4000 cm-1. Utilizaram-se dois aparelhos: espectrômetro FTLA2000-ABB (Programa de Pós-Graduação em Química OrgânicaPGQ, IQ UFF) e o espectrômetro Bomem MB102 (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear). III.3. Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear Os espectros de RMN 1H foram obtidos no aparelho Varian de 300 MHz (Programa de Pós-Graduação em Química Orgânica-PGQ, IQ UFF) III.4. Magnetismo Todas as medidas magnéticas foram realizadas no magnetômetro SQUID (superconduting Quantum Interference Device) Cryogenics S600 do Laboratório de Baixas Temperaturas, do Instituto de Física da UFRJ. Capítulo III - Metodologias 25 O princípio da operação do magnetômetro SQUID é baseado no efeito Josephson, que se caracteriza por uma corrente crítica, abaixo da qual uma junção é supercondutora, e na quantização do fluxo magnético em um circuito supercondutor fechado. Magnetômetros que utilizam este sistema detetor são, atualmente, os mais sensíveis para medidas de pequenas variações de fluxo magnético. A figura III.1. mostra um esquema do magnetômetro. Figura III.1- A Estrutura do sistema longitudinal do SQUID. Abaixo à direita: a configuração de gradiômetro de segunda ordem dos anéis de detecção. O aparelho utilizado funciona na faixa de temperatura que vai de 1,8 até 300 K. O campo estático (dc), gerado pelas bobinas supercondutoras, pode variar de -60000 Oe até 60000 Oe (6 T). O campo magnético oscilante, para as medidas em campo alternado (ac), varia entre 0 e 3 Oe, com uma freqüência de oscilação entre 0,1 e 1000 Hz. O sinal obtido é proporcional ao momento magnético da amostra e a sua precisão é de 10-7 cgs.emu. Além do campo magnético, a temperatura é o outro parâmetro que pode ser ajustado nesta aparelhagem. Um sistema criogênico a hélio líquido permite variar a temperatura com uma precisão da ordem de décimo de grau. O conjunto do sistema é ligado a um computador, o que possibilita a programação de longas seqüências de medidas, variando-se a temperatura e mantendo o campo fixo, ou vice versa. Neste trabalho foram medidas amostras na forma de pó cristalino em quantidades variando de 10 a 20 mg. O procedimento do preparo da amostra consiste em colocá-la dentro de uma cápsula farmacêutica, que por sua vez é colocada dentro de um pequeno tubo de plástico. O conjunto é preso a uma vara metálica, que assegura o movimento da amostra, e colocado dentro do aparelho. Capítulo III - Metodologias 26 Foram realizadas medidas da magnetização em função da temperatura nos modos ac e d, e da magnetização em função do campo no modo dc. Os dados foram interpretados usando as massas molares obtidas a partir das análises químicas. O valor do diamagnetismo, necessário para fazer a correção das susceptibilidades, foi calculado utilizando-se as tabelas de Pascal. III.5. Coleta dos Dados Cristalográficos e Determinação das Estruturas As estruturas foram determinadas, por difração de raios X de monocristal utilizando-se um difratômetro FR590-Nonius do laboratório regional de difração de raios X do Instituto de Química da UFF. A resolução das estruturas e os refinamentos estruturais foram feitos utilizando os programas XPREP, SHELXS-97 e SHELXL-97. O processo de medida consiste em duas etapas. Na primeira, o cristal é orientado e após coletar algumas imagens da figura de difração do cristal, determina-se o grupo de espaço e os parâmetros de rede da molécula estudada. Na segunda medida, são coletadas várias imagens, e por meio destas imagens, utilizando os programas citados acima, é possível obter a estrutura. O padrão de difração como um todo é investigado por detectores de radiação que registram o feixe espalhado em várias direções (CCD: Charge Coupled Devices) (figura III.2). Figura III.2- Kappa (1) tubo de raios X, (2) monocromador, (3) goniômetro e (5) detector de área tipo CCD. III.6. Espectroscopia Mössbauer As medidas e ajustes dos dados foram feitos pelo Dr. José Domingos Ardison do laboratório de Física Aplicada do CDTN em Belo Horizonte. Capítulo IV Grupo Nitronil Nitróxido Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 28 Os sistemas magnéticos moleculares têm sido alvo de inúmeras pesquisas nos últimos anos devido à possibilidade que oferecem de associar propriedades magnéticas a propriedades moleculares. Esses sistemas podem ser projetados por várias estratégias e uma delas é a síntese de compostos, nos quais radicais orgânicos são ligados diretamente a íons metálicos1. O radical do tipo nitronil nitróxido (figura IV.1) tem sido amplamente estudado, nos seus diversos derivados, os quais apresentam propriedades interessantes e, que conferem aos compostos formados, diferentes dimensionalidades 2. O O N N R R N N O O Figura IV.1- Radical do tipo nitronil nitróxido (NITR). Esses radicais, possuem dois sítios de coordenação e uma deslocalização eletrônica, logo, são bons transmissores de informação magnética. Por este motivo, estas unidades são comumente utilizadas como “blocos construtores paramagnéticos” para a obtenção de estruturas magnéticas moleculares. Entretanto, estes ligantes não são bons doadores de elétrons, e dessa maneira a sua coordenação a outros compostos torna-se limitada. Uma maneira encontrada para melhorar a sua funcionalidade é incorporar grupos R (cadeias alquilas, grupos aromáticos, etc.) que potencializem sua atuação como ligante. Vários estudos mostram o uso deste ligante na síntese de complexos de metais de transição3. Nestes casos, para ocorrer a coordenação do radical é necessário que existam grupos retiradores de elétrons ligados ao metal, aumentando assim, a acidez de Lewis do mesmo. O grupo mais utilizado com este objetivo é o hexafluoracetilacetonato (figura IV.2), em que os átomos de flúor exercem essa função. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 29 Figura IV.2- Hexafluoroacetilacetonato (hfac). O objetivo deste trabalho foi obter novos compostos magnéticos moleculares utilizando o grupo feniltrifluoroacetilacetonato e radicais piridil nitronil nitróxido. Para isto, preparamos os radicais com o grupo piridil (isômeros orto, meta e para) (Figura IV.3). A escolha de um radical com o grupo piridil deve-se ao fato de que neste caso temos um ponto adicional de coordenação no radical nitronil nitróxido. O que é interessante para a obtenção de compostos bi ou tridimensionais. (a) (b) (c) Figura IV.3- a) meta, b)orto e c) para Os complexos metálicos utilizados para reagir com estes radicais foram obtidos a partir da coordenação do feniltrifluoroacetilacetonato com os íons de metais de transição cobre(II), cobalto(II), níquel(II) e manganês(II) (figura IV.4). Neste capítulo serão descritas as sínteses, bem como a caracterização de todos os compostos obtidos. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 30 M = Co2+, Cu2+, Mn2+e Ni2+ Figura IV.4- Feniltrifluoroacetilacetonato. IV.1. Síntese dos radicais Os radicais foram sintetizados em três etapas, a partir do 2,3-dimetil-2,3dinitrobutano (DNB). - 2,3-dimetil-2,3-dinitrobutano (DNB) O 2N NO 2 + 2 NaOH + Br2 EtOH 85-90°C / 3h NO 2 2 NaBr + Figura IV.5- Esquema de síntese do 2,3-dimetil-2,3-dinitrobutano. Uma solução de 108,0 mL (1,17 mol) de 2-nitropropano e 213,0 mL (1,28 mol) de solução de hidróxido de sódio 6 mol/L foi mantida sob agitação vigorosa por 30 minutos. Em seguida, em banho de gelo, gotejaram-se 30,0 mL (5,73.10-1 mol) de bromo e, logo após, acrescentaram-se 160,0 mL de etanol 95%. A mistura foi refluxada (85-90oC) por 3 horas, e então, resfriada. O precipitado lavado com água, etanol, e seco a vácuo. Rendimento: massa, 56% As bandas principais observadas no espectro obtido na região do infravermelho são: IR(KBr, cm-1): 2998 (ν CH3), 1545 (ν NO2), 1396 (ν C=C), 1343 (ν NO2). Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 31 - 2-(4-piridil)-4,4,5,5-tetrametilimidazolina-1-oxil-3-óxido (p-rad) O esquema geral da síntese do p-Rad está representado na figura IV.6. A obtenção do composto desejado ocorre através de várias etapas, descritas a seguir. O 2N NO 2 HO OH N NH4Cl + Zn + H2SO4 EtOH/H2O / 0°C / 6h N H2SO4 1 O N OH O N N NaIO4 CH2Cl2/H2O / 0°C + N N N N O K2CO3 H2O / 2h OH - p-Rad 3 2 Figura IV.6- Esquema de síntese do radical p-rad. Primeira etapa da síntese: No método aqui descrito, a bisidroxilamina (composto 1) foi isolada na forma de um sal e só então foi utilizada na etapa de reação com o aldeído4. Desse modo, garantimos que não haverão produtos que interfiram etapa de oxidação. O produto foi obtido com em rendimento e pureza. Nesta etapa, 10g (56,7 mmol) de DNB são dispersos em 80 mL de solução etanol/água (1:1). Sob agitação, adicionaram-se 5,30g (10 mmol) de cloreto de amônio. Em banho de gelo, acrescentaram-se lentamente, em pequenas quantidades, 18,60g (280 mmol) de zinco em pó fino. Após o fim da adição, que dura aproximadamente 4h, a mistura foi agitada por mais 30 minutos. A mistura foi então filtrada, lavada com água e, depois, com etanol. Adicionaram-se ao filtrado, sob agitação e lentamente, uma solução de 3,0 mL (54,8 mmol) de H2SO4 em 40 mL de Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 32 etanol. Ocorre a formação de um precipitado branco (pH final igual a 2). A mistura foi agitada por 2 horas. O precipitado foi filtrado, lavado com etanol e seco a vácuo. Rendimento: 48% Segunda etapa da síntese: Adicionaram-se a uma mistura de 2,2 mL (22,6 mmol) de 4- piridinocarboxialdeido em 100 mL de H2O, 5,60g (22,6 mmol) de sulfato de bisidroxilamina, sob agitação. Em seguida, acrescentaram-se, 6,20g (45,2 mmol) de K2CO3. Após poucos minutos, iniciou a formação de um precipitado branco. A mistura foi agitada por um período de 2 h, após o qual foi filtrada. O sólido branco (1,3-diidroxi-2-(4-piridil)-4,4,5,5-tetrametilimidazolina = composto 2) obtido foi lavado com água, etanol e seco a vácuo. Rendimento: 52% (2,80 g). Terceira etapa da síntese - Oxidação: Preparou-se uma suspensão de 6,35 g (26,8 mmol) do composto 2 em 150 mL de diclorometano e 10 mL de água. Esta suspensão foi resfriada em banho de gelo e então se acrescentaram sob agitação, em pequenas porções, 8,4 g (39,3 mmol) de periodato de sódio. A mistura azul intenso obtida foi agitada energicamente por mais 20 minutos. A mistura foi filtrada, lavada com água em funil de separação e a fase orgânica foi seca, utilizando-se sulfato de sódio. Após filtração, o solvente foi eliminado em rotaevaporador, obtendo-se cristais azuis escuros. Rendimento: 78% (5,2 g). As bandas observadas no espectro na região do infravermelho foram: IR(KBr, cm-1): 2985 (ν CH3) , 1593 (ν NO2), 1365 (ν NO2) Os dados de análise elementar do composto p-Rad são resumidos na tabela IV.1. Tabela IV.1 Análise elementar do p-rad. C12H16N3O2 calculado experimental %C 61,48 61,08 %H 6,88 6,87 %N 17,94 18,20 Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 33 - Isômeros meta, (m-rad) e orto (o-rad): As etapas de síntese para a obtenção dos isômeros meta e orto são semelhantes àquelas descritas anteriormente para o isômero para (p-rad). Os rendimentos e cor dos produtos p-rad, m-rad e o-rad encontram-se descritos na tabela IV.2: Tabela IV.2. Dados comparativos dos isomeros para, meta e orto. .isômeros Aldeído utilizado Cor dos compostos Rendimento p-rad 4-piridinocarboxialdeído azul escuro 78% m-rad 3-piridinocarboxialdeído azul 35% o-rad 2-piridinocarboxialdeído Roxo 28% IV.2. Síntese dos complexos [M(Phtfac)2.2H2O] Nestas sínteses (esquema na figura IV.7) foi utilizado o procedimento descrito na literatura5, sendo que os rendimentos obtidos foram maiores que os 65% publicados. F F F F + F O O F OH2 O M(CH3 COO)2 .nH2O O + M O H2O O CH3COOH F F F Figura IV.7- Esquema de síntese dos complexos [M(Phtfac)2.2H2O] (M = Co2+, Mn2+, Cu2+, e Ni2+). A uma solução aquosa de 0,2 mmol de M(CH3COO)2.nH2O adicionou-se sob forte agitação, uma solução etanólica de 1,15 mmol de feniltrifluoroacetilacetonato. Imediatamente ocorreu a formação de um precipitado, que foi filtrado, lavado com água gelada e seco a vácuo. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 34 IV.2.1. Discussão Todos os complexos foram caracterizados por espectroscopia na região do infravermelho e foram encontradas as bandas características de OH em 3400 cm-1, aromáticos por volta de 1600 cm-1 e CO em 1290 cm-1 (tabela IV.3). Tabela IV.3. Dados físicos e espectroscópicos dos compostos obtidos. [Co(Phtfac)2.2H2O] [Mn(Phtfac)2.2H2O] [Cu(Phtfac)2.2H2O] [Ni(Phtfac)2.2H2O] amarelo 3392 (ν OH) 1610 (ν Ar) 1289 (ν CO) 1133 (ν CF) laranja 3448 (ν OH) 1610 (ν Ar) 1287(ν CO) 1134 (ν CF) verde escuro 3436 (ν OH) 1604 (ν Ar) 1298 (ν CO) 1147 (ν CF) verde claro 3392 (ν OH) 1611 (ν Ar) 1290 (ν Co) 1134 (ν CF) Cor KBr (cm-1) IV.3. Síntese dos complexos [M(II)(Phtfac)2(radical)2] Foram realizadas as sínteses dos quatro complexos metálicos com o radical p-rad (esquema geral na figura IV.8). M(C10H6F3O2)2.2H2O + MC44H44F6N6O8 + 2H2O 2 C12H16N3O2 Figura IV.8- Esquema de síntese do complexo M(II)(Phtfac)2(radical)2 (onde M = Co2+, Mn2+ e Cu2+ e radical = piridil nitronil nitróxido). Em 5 mL n-heptano solubilizaram-se 2+ 2+ 0,12 mmol dos complexos 2+ [M(Phtfac)2.2H2O] (onde M = Co , Mn e Cu ). A mistura foi aquecida até a completa solubilização do complexo. Resfriou-se a solução a 60oC e adicionou-se rapidamente uma solução de 0,12 mmol do radical p-rad em clorofórmio. A mistura foideixada sob agitação até atingir a temperatura ambiente. O precipitado verde formado foi filtrado e lavado com n-heptano e recristalizado em acetonitrila. Tabela IV.4. Análise elementar dos compostos obtidos. Composto [Co(Phtfac)2(p-rad)2] C44H44CoF6N6O8 [Mn(Phtfac)2(p-rad)2] C44H44MnF6N6O8 %C %H %N %M 55,21(55,16) 4,20 (4,63) 9,14 (8,73) 7,96 (6,16) 55,32 (55,41) 4,24 (4,65) 9,12 (8,81) 7,15(5,76) Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 35 IV.3.1. Discussão Os sistemas do tipo [M(II)(Phtfac)2(radical)2] mononucleares podem ser obtidos quando a temperatura reacional é aproximadamente 60oC. Em temperaturas mais altas é favorecida a formação de sistemas poliméricos6. Por este motivo o controle da temperatura foi fundamental para a obtenção dos compostos desejados. Nos espectros infravermelho de todos os complexos obtidos foram observadas bandas características do grupo CH3, do anel piridinico, e grupo nitróxido em aproximadamente 2900 cm-1, 1600 cm-1 e 1370 cm-1, respectivamente. Para os compostos [Co(II)(Phtfac)2(radical)2] e [Mn(II)(Phtfac)2(radical)2] foram também observadas bandas em freqüência correspondentes à ligação metal-oxigênio e metal-nitrogênio. Para o composto de cobalto foram encontradas bandas em 542 cm-1 e 457 cm-1 referente as ligações Co-O e Co-N, respectivamente. Para o composto com manganês(II) foram encontradas bandas em 580 cm-1 e 370 cm-1 referentes às ligações Mn-O e Mn-N, respectivamente. Os espectros de absorção no U\//Vis dos complexos são semelhantes ao espectro de absorção do radical p-rad, o que sugere uma similaridade entre estes compostos. Existem duas bandas de absorção entre 200 e 400 nm que podem ser atribuídas à transição n-π∗ do grupo nitronil nitróxido. Alguns complexos de metais de transição com grupos nitronil nitróxidos, apresentam no espectro de absorção uma seqüência de quatro a seis bandas entre 450 e 700 nm7, porém, como as medidas foram realizadas somente até 600 nm não foi possível observar essas bandas. Foram realizados várias tentativas para a obtenção de cristais de qualidade para os estudos de difração de raios X dos compostos obtidos. Variaram-se a concentração das soluções, natureza do solvente, misturas de solventes, tipo de cristalizador (fechado ou aberto) ou por variação de temperatura. Porém, apenas o composto de cobalto cristalizou em acetonitrila por evaporação lenta, a temperatura ambiente, tornando possível a resolução estrutural por uma análise de difração de raios X em monocristal. Uma foto desses cristais é mostrada na figura IV.9. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 36 Figura IV.9- Cristais do composto [Co(Phtfac)2(p-rad)2]. IV.4. Análises estruturais Foram obtidos cristais do composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] possibilitando a resolução de sua estrutura, ilustrada na figura IV.10. Figura IV.10- Estrutura do composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. O composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] cristaliza no sistema triclínico (P1), com parâmetros de rede a= 7.4885(15) Å, b = 13.275(3) Å, c = 13.972(3) Å , Z= 1, R=0.1612, α = 103.32(3), β = 101.96(3) e γ = 104.01(3). Os demais dados cristalográficos encontram-se no anexo I. As principais distâncias de ligação encontram-se resumidas na tabela IV.5. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 37 Tabela IV.5 Principais distâncias de ligação do complexo [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. Co – O (31) Co – O (324) Co – O (313) Co – O (312) Co – N (11) Co – N (21) Distâncias (Å) 2.010 (14) 2.026 (16) 2.101 (15) 2.110 (13) 2.187 (16) 2.211 (14) A estrutura consiste de uma unidade [Co(II)(Phtfac)2], dois radicais 4-piridil nitronil nitróxido (p-rad) e de duas moléculas de acetonitrila não coordenadas. O cobalto exibe geometria octaédrica distorcida. Os ligantes Phtfac encontram-se ligados a ele através do nitrogênio dos anéis piridínicos nas posições axiais diferentemente da maioria dos compostos deste tipo, com o íon cobalto, descritos na literatura8, onde a coordenação do radical ocorre através do átomo de oxigênio do radical. Os valores dos comprimentos das ligações Co-N dos radicais são iguais a 2.211 Å e 2.187 Å respectivamente (figura IV.11). Figura IV.11- Distâncias Co-N. Na figura IV.12, pode-se observar as moléculas de acetonitrila entre as moleculas do composto no empacotamento da estrutura. Neste caso é evidente a ligação de hidrogênio entre os hidrogênios da acetonitrila e um átomo flúor do ligante Phtfac de duas moléculas diferentes, e entre o nitrogênio da acetonitrila e os hidrogênios do radical também de duas moléculas diferentes. As distâncias da Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 38 ligação H-F são 2.631 Å e 2.623 Å e as distâncias da ligação N-H são 2.718 Å e 2.687 Å. Figura IV.12- ( ) Ligações de hidrogênio das moléculas de acetonitrila. Cada unidade [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] interage através de interações intermoleculares formando um plano 2-D conforme é apresentado na figura IV.13. Esses planos são paralelos e o radical nitronil nitróxido de uma dada molécula interage com o grupo fenil do complexo Phtfac da molécula adjacente. O comprimento dessa ligação é de 2.803 Å. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 39 Figura IV.13- Diagrama de empacotamento do composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] em um arranjo 2-D no plano a. IV.5. Propriedades magnéticas Foram feitas medidas de magnetização dos compostos em função da temperatura, aplicando um campo constante, e em função do campo magnético aplicado, com temperatura constante. A figura IV.14 apresenta a curva χT = f(T) experimental, obtida em campo H = 12 Oe, e o seu ajuste. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 40 Composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] Figura IV.14- Curva χT = f(T) para o composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. (H = 12 Oe). (○ ○) dados experimentais e (-) ajuste da curva. Para esse composto, a curva de 2.87 cm3.mol-1.K para χT = f(T) (figura IV.14) mostra um valor de χT a temperatura ambiente, que é próximo ao valor teórico de 2,62 cm3.mol-1.K para um íon cobalto(II) alto spin S = 3/2 e dois radicais S = 1/2, não acoplados magneticamente, que pode ser obtido utilizando a lei de Curie. χT ( 300K ) = NAµB2 g2 S ( S + 1) 3k B cm3 .mol−1.K Substituindo os valores constantes na equação, encontramos: χT ( 300K ) = 1 2 g S ( S + 1) 8 cm3 .mol−1.K Considerando g = 2, tem se: ♣ Para o íon cobalto: χT ( 300K ) = 1 33 4 +1 8 2 2 cm3 .mol−1.K = 1,875 cm3 .mol−1.K ♣ Para o radical: χT ( 300K ) = 1 1 1 4 +1 8 2 2 cm3 .mol−1.K = 0,375 cm3 .mol−1.K Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 41 ⇒ Logo, o valor de: χT ( 300K ) = 2 × 0,375 + 1,875 cm3 .mol−1.K = 2,625 cm3 .mol−1.K Continuando a observar a curva, pode-se ver que esse valor é praticamente constante até a temperatura atingir 50K. A partir desta temperatura, a agitação térmica começa a ser tão reduzida que a interação magnética entre os spins do cobalto e dos radicais deixa de ser desprezível. Esta interação é de natureza antiferromagnética, logo, quando a temperatura chega a 2 K a curva apresenta um valor de 0,375 cm3.mol-1.K, que é o valor esperado para um spin S = 1/2 conforme está ilustrado na figura IV.15. Spin do radical S = 1/2 Spin do cobalto S = 3/2 Figura IV.15- Esquema proposto para as interações dos spins no composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. 2CH3CN. O ajuste da curva foi feito considerando o hamiltoniano para dois spins diferentes9, um do íon cobalto(II) (S = 3/2) e o outro do radical com (S = 1/2). Ĥ = -2JSˆ Co .Sˆ Rad Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 42 Pela equação de Van Vleck8 pode-se estimar os valores de g, e J. χT = 5J − 8kB T 15J 8kB T 7J 8k B T 27J 8k B T N µ 1,5 × exp + 15 × exp + 15 × exp + 52,5 × exp 5J 15J 7J 27J 3kB − 8k T 8k B T 8k B T 8kB T 2 × exp + 4 × exp + 4 × exp + 6 × exp B 2 A B Assim a análise dos dados de susceptibilidade magnética em função da temperatura de 300 a 2 K resultou nos valores de g = 2.1, na constante de acoplamento J = - 5.9 cm-1 e R = 7.5x10-3 ( R= Σ(χobs - χcal)2 / Σ(χobs)2), indicando uma fraca interação antiferromagnética entre o íon de cobalto e o radical. A figura IV.16 mostra a curva de M = f(H/T) a temperaturas constantes. Para este composto era esperado um valor de magnetização de saturação de 4,58 µBN, referente a um íon cobalto (SCo = 3/2) e dois radicais (Srad = ½), porém não foi observada saturação na amostra medida, o que pode ser atribuído a anisotropia do íon cobalto(II)8. 2,0 M (µBN) 1,5 1,0 2K 4K 8K 0,5 0,0 0 20000 40000 60000 80000 100000 H (Oe) Figura IV.16- Curva de magnetização para o composto [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2].2CH3CN em diferentes temperaturas. H = 12Oe. Composto [Mn(II)(Phtfac)2(p-rad)2] Para esse composto, a curva de χT = f(T) (figura IV.17) mostra um valor de 5,25 cm3.mol-1.K na temperatura ambiente que é próximo ao valor teórico esperado Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 43 para um íon manganês(II) alto spin (S = 5/2) e dois radicais (S = ½) desemparelhados (5,125 cm3.mol-1.K). Uma análise da curva mostra que este valor permanece constante até a temperatura atingir 34 K. Neste ponto, o valor do χT diminui até 4,03 cm3.mol-1.K, com a diminuição da temperatura até 2,5 K. Isto ocorre por que os spins dos radicais começam a alinhar-se antiferromagneticamente com o spin do íon manganês. 6 3 -1 χT (cm .mol K) 5 4 radical S=1/2 manganês S=5/2 3 0 50 100 150 200 250 300 Temperatura (K) Figura.IV.17- Curva χT = f(T) para o composto [Mn(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. (H = 12Oe) A figura IV.18 mostra as curvas de M = f(H) as temperaturas constantes de 2 K, 4 K, e 8 K. Observou-se que a curva obtida a 2 K quase satura a alto campo fornecendo um valor de 6.45 µBN, que está próximo ao valor esperado de 7 µBN para um spin SMn = 5/2 e dois spins dos radicais S = 1/2. As curvas de Brillouin calculadas para dois spins 1/2 e um spin 5/2 são também representadas na figura IV.18 (linhas). Pode-se perceber que os valores experimentais são menores que os valores calculados, o que indica a presença de interações antiferromagnéticas entre as espécies. Porém nota-se que, à medida que a temperatura aumenta, a curva calculada se aproxima da curva experimental. Isto ocorre devido ao aumento da agitação térmica com a temperatura, o que vence o efeito da interação antiferromagnética. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 44 8 M (µBN) 6 4 2 2K 4K 8K 0 0 2 4 6 8 H(T) Figura.IV.18- Curvas M = f(H) para o composto [Mn(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. (●) dados experimentais e (-) curvas calculadas. Composto [Cu(II)(Phtfac)2(p-rad)2] Na figura IV.19 são mostrados os dados de susceptibilidade magnética para o composto [Cu(II)(Phtfac)2(p-rad)2], na forma da curva χT versus T. Na temperatura ambiente, observa-se um valor de χT igual a 0,94 cm3.mol-1.K, que é menor que o valor teórico de 1,125 cm3.mol-1.K, esperado para um íon cobre com spin S = 1/2 e dois radicais com spin S = 1/2 sem interações. Pode-se notar que à medida que a temperatura diminui, o valor de χT aumenta e alcança um máximo em 15 K, com um valor igual a 1,35 cm3.mol-1.K. A partir desta temperatura o valor de χT decai rapidamente até atingir o valor de 0,83 cm3.mol-1.K. Esse perfil da curva indica que existem interações ferromagnéticas no composto que predominam na faixa de temperatura de 16 a 300 K, e antiferromagnéticas que predominam na faixa de temperatura de 16 a 2,5 K. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 45 1.35 1.30 1.20 3 -1 χT (cm .mol .K) 1.25 1.15 1.10 1.05 1.00 0 50 100 150 200 250 300 T (K) Figura.IV.19- Curva χT = f(T) para o composto [Cu(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. (H = 200Oe) A figura IV.20 mostra a curva de M = f(H) a uma temperatura constante de 2 K. Observou-se que a curva obtida quase satura em 6 Teslas fornecendo um valor de 2,76 µBN que está abaixo do valor esperado de 3 µBN correspondente a um spin SCu = 1/2 e dois spins dos radicais S = 1/2. A curva calculada para três spins 1/2 é mais alta que a curva experimental, indicando que nesta temperatura, predominam interações antiferromagnéticas. 4 M (µBN) 3 2 1 0 0 2 4 6 H (T) Figura.IV.20- Curva M = f(H) para o composto [Cu(II)(Phtfac)2(p-rad)2] (T = 2 K). Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 46 IV.5.1. Discussão As análises das propriedades magnéticas dos compostos obtidos mostram que os mesmos não seguem a Lei de Curie (χT = constante) na faixa de temperatura estudada. Os compostos de cobalto e de manganês apresentaram interações antiferromagnéticas. Já o composto de cobre apresentou competição entre interações ferromagnéticas e antiferromagnéticas, com um predomínio das interações ferromagnéticas na faixa de temperatura de 16 a 300 K, e antiferromagnéticas na faixa de temperatura de 16 a 2,5 K. O íon manganês(II) possui dois orbitais magnéticos σ ( dz2 e dx2 − y2 ) e três orbitais magnéticos π ( dxy , dyz , dxz ), enquanto o íon cobalto(II) possui dois orbitais magnéticos σ ( dz2 e dx2 − y2 ) e apenas um orbital magnético π ( dxy , dyz ou dxz ). Quando o grupo nitróxido encontra-se no mesmo plano que o anel piridínico em posição axial ao íon metálico, os orbitais σ são ortogonais aos orbitais magnéticos do nitróxido (π*), resultando em interações ferromagnéticas. Ocorre também a sobreposição dos orbitais π dos íons metálicos com os orbitais π* do nitróxido, o que resulta em interações antiferromagnéticas10. Essas duas contribuições opostas ao se somarem resultam na natureza final da interação magnética. Porém, nem sempre a situação acima é obedecida, devendo-se levar em conta o ângulo diedro entre o anel piridínico e o grupo nitróxido, para que seja determinada qual interação magnética será predominante11. No caso do composto de cobalto, o ângulo diedro entre o anel piridínico e o grupo nitróxido é de 24,8o, o que reduz a possibilidade de sobreposição entre os orbitais magnéticos. Sendo assim, a contribuição ferromagnética é menor do que a contribuição antiferromagnética. Neste composto deve ser considerado ainda, a possibilidade de outras interações que devem ser efetivas em baixas temperaturas. Isso se deve ao fato de que as interações intermoleculares são curtas suficientemente para que interações magnéticas sejam atuantes. Apesar de não termos a estrutura do composto de manganês, pode-se prever que a explicação para o seu comportamento magnético deve ser semelhante a dada para o composto de cobalto. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 47 No caso do composto de cobre, o íon metálico possui um orbital magnético σ ( dx2 − y2 ). Como os radicais devem estar coordenados nas posições axiais do complexo, os orbitais magnéticos π∗ do anel piridínico e os orbitais magnéticos do metal estão ortogonais. Logo, a interação predominante é de natureza ferromagnética12. IV.6. Conclusões e Perspectivas Foram sintetizados três radicais nitronil nitróxido e quatro complexos com o ligante feniltrifluoroacetilacetonato. A partir destes foram obtidos três compostos magnéticos moleculares inéditos. Todos os três foram caracterizados magneticamente, e o composto de cobalto teve sua estrutura cristalina resolvida por difração de raios X em monocristal. A interpretação dos dados magnéticos deste referido composto só foi possível devido ao conhecimento da estrutura cristalina. Isto mostra como este dado sua é de fundamental importância para a compreensão das propriedades magnéticas dos compostos moleculares. Devido à similaridade do comportamento magnético dos composto de cobalto e de manganês, foi possível interpretar os dados magnéticos deste último. Um outro importante resultado observado foi o comportamento ferromagnético do composto de cobre, diferentemente dos outros dois compostos magnéticos moleculares que apresentaram comportamento antiferromagnético. A resolução estrutural dos compostos de cobre e manganês são perspectivas para estudos futuros, e isto permitirá a melhor compreensão das interações magnéticas nestes compostos. Para o composto de cobalto estudos magnéticos em baixas temperaturas deverão ser feitos para elucidar a natureza das interações intermoleculares. Foram também obtidos compostos com o radical m-rad e o-rad, entretanto eles não foram completamente caracterizados. Entre as perspectivas para trabalhos futuros está a completa caracterização destes compostos. Capítulo IV – Grupo nitronil nitróxido 48 Referências Bibliográficas 1. a) Gatteschi, D.; Sessoli, R.; Angew Chem. Int. Ed., 2003, 42, 268. b) Gatteschi, D.; Coronado, E.; J. Mater. Chem., 2006, 16, 2513. 2. Zhou, H.B.; Wang, S.P.; Liu, Z.Q.; Liao, D.Z.; Jiang, Z.H.; Yan, S.P.; Cheng, P.; Inorg. Chim. Acta, 2006, 359, 533. 3. a) Seigle, L. W.; Hass, H. B.; J. Org. Chem., 1940, 5, 100; b) Sayre, R., J. Am. Chem. Soc., 1955, 77, 6689. 4. Lanchem, M.; Wittag, T. 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Nessa classe de materiais, uma categoria que tem despertado o interesse são complexos com sistemas π conjugados, nos quais a combinação da flexibilidade dos orbitais d e π podem gerar sistemas com propriedades ópticas, elétricas ou magnéticas que apresentem potencial interesse tecnológico. Uma molécula conjugada tipo doador-receptor contendo o grupo ferrocenil e um grupo próton-receptivo como a quinona, exemplifica este tipo de sistema (figura V.1). A facilidade de transferência eletrônica intramolecular devido à ação de um fator externo, temperatura, pressão, radiação, etc., pode proporcionar mudanças nas propriedades físicas e estruturais destes compostos tornando possível o armazenamento de informações em nível molecular. R RH + Figura V.1- Uma molécula conjugada doador-receptor que provoca uma transferência de elétron intramolecular acoplando um próton. Desde a descoberta do ferroceno4 foram realizadas muitas pesquisas na área de organometálicos envolvendo seus derivados, e um dos centros de interesse nesses compostos é a capacidade redox do ferroceno5 e sua estrutura6. Sabe-se que o par ferroceno/ferrocinio (Fc/Fc+) representa a reversibilidade de apenas um elétron, porém quando o ferroceno é acoplado a outros grupos pode ocorrer uma influencia destes no comportamento redox devido à mudança de energia do nível HOMO7, de modo que a reversibilidade pode ser reduzida significativamente.8 Estudos sobre a oxidação do ferroceno e seus derivados comprovam que se o ferroceno for acoplado a grupos eletro-doadores os derivados formados podem oxidar-se mais facilmente que o ferroceno, enquanto que se o acoplamento for por grupos eletro-retiradores estes derivados são mais resistentes à oxidação9. Muitos 51 compostos contendo grupos ferrocenil são utilizados em estudos de atividade biológica, em materiais magnéticos moleculares e interruptores moleculares10. O grupo quinoidal é um dos mais versáteis grupos orgânicos eletro-receptor e próton-receptivo11. O termo quinona abrange estruturas orgânicas em três estados de oxidação ligados por reação redox de um elétron. (Figura V.2) Figura V.2- XH2o-hidroquinona, YH-radical o-semiquinona e Zo – o-benzoquinona A hidroquinona, também conhecida como catecol pode existir em três níveis de protonação, XH2o , XH- e X2-, que pode ser totalmente reduzida formando um estado de oxidação intermediário o radical o-semiquinona com dois níveis de protonação YH- e Y- e na forma totalmente oxidada a o-benzoquinona, Zo com um nível de protonação. É crescente o interesse nesses tipos de compostos devido a potencial aplicabilidade em processos biológicos de transferência de elétrons12. Nosso objetivo foi obter novos compostos magnéticos moleculares utilizando o grupo ferrocenil e o grupo catecol. Para isto, preparamos a 4-ferrocenilanilina, que foi utilizada para reagir com o catecol na obtenção de um novo ligante e de dois novos complexos metálicos. Neste capítulo serão descritas as sínteses e a caracterização dos compostos obtidos. 52 V.1. Síntese do composto 4-ferrocenilanilina + N2 Sn/HCl 2+ Fe NH2 NO 2 NO 2 Fe 2+ 2+ Fe Figura.V.3- Etapas da obtenção do composto 4-ferrocenilanilina A síntese do composto 4-ferrocenilanilina foi realizada em colaboração com a Profª. Maria Domingues Vargas. O esquema de síntese (figura V.3) foi desenvolvido a partir do método descrito na literatura13. A primeira etapa consiste na preparação do sal de diazônio e para isto foi preparada uma solução da 4-nitroanilina (1,35g, 9,67 mmol) em 4 mL de água e 4 mL de ácido acético a temperatura ambiente. Adicionou-se lentamente uma solução de nitrito de sódio (0,7 g, 10 mmol) em água a 0-5oC. Deixou-se a mistura sob agitação por 30 minutos. Em seguida preparou-se uma mistura de ferroceno (0,9g, 4,83 mmol), e 0,08 g de iodeto de tetrabutilamonio adicionando 17 mL de éter etílico a 0-5oC. Adicionou-se 1 mmol de acetato de sódio a solução do sal de diazônio e esta foi então adicionada lentamente sob agitação a solução do ferroceno. A reação foi deixada sob agitação por 24hs a temperatura ambiente. A mistura final foi concentrada no rota evaporador, extraída com acetato de etila e a fase orgânica lavada com água, e seco com MgSO4. O produto foi purificado em coluna cromatográfica de alumina e eluída em hexano. O produto foi recristalizado em n-heptano, sendo obtido um sólido violeta. Rendimento: 830 mg, 54,7% M.p. 169,5-170°C (lit., 163°C, dec. ). Redução: A uma mistura de 4-nitrofenilferroceno (2,0 g, 7 mmol) em 25 mL de ácido clorídrico concentrado e 40 mL de etanol foi adicionado sob agitação estanho granulado (4,5 g, 40 mmol). A mistura foi deixada sob refluxo por 4 horas e, em seguida foi resfriada a temperatura ambiente. Adicionaram-se 200mL de água e a seguir, acrescentou-se uma solução de NaOH 8mol/L até o pH atingir 14. A mistura final foi extraida com CH2Cl2 e seca com MgSO4. Rendimento:1,4 g, 76%. resultados da análise elementar encontram-se resumidos na tabela V.2. Os 53 Tabela V.1. Dados da análise elementar da ferrocenilanilina C16H15FeN Calculado Experimental %C 69,30 69,20 %H 5,46 5,20 %N 5,05 5,00 V.2. Síntese do composto Ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol HO NH2 NH + 2+ Fe OH O t-Bu 2+ t-Bu Fe t-Bu t-Bu Figura.V.4- Reação de obtenção do composto ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol Uma solução de 3,5-di-tert-butilcatecol (10g, 45mmol) e trietilamina(0,6mL) em n-heptano (30mL) foram adicionados gota a gota a uma solução de 4ferrocenilanilina (45mmol) em n-heptano (15mL). A mistura resultante foi aquecida sob refluxo por 5 horas. A suspensão foi mantida a 4ºC por 12 horas e em seguida concentrada no rotaevaporador e seca a vacuo. O composto obtido é um óleo de coloração marrom, cuja análise elementar encontra-se na tabela V.3. Tabela V.2. Análise elementar do composto ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol C30H37FeNO Calculado Experimental %C 74,53 74,87 %H 7,71 8,12 %N 2,90 2,53 Todos os compostos descritos neste capítulo foram caracterizados por espectrometria no infravermelho e RMN de 1H. Os espectros, juntamente com algumas atribuições de bandas encontram-se nos anexos III e IV. 54 V.2.1. Discussão O composto 4-nitrofenilferroceno foi preparado segundo uma versão modificada da reação descrita na literatura13 obtendo-se com o nosso método um rendimento superior. O melhor rendimento publicado é de 70%; alcançamos um rendimento de 76%. A maior dificuldade desta etapa foi evitar a oxidação do ferroceno ao seu cátion ferrocínio, o que reduz o rendimento final. Como a reação de obtenção do composto nitro ocorre em duas fases, aquosa (sal de diazônio) e orgânica (ferroceno), a literatura sugere a utilizacão de atmosfera inerte para evitar a oxidação do ferroceno. A solução encontrada para impedir essa oxidação foi utilizar um excesso de acetato de sódio para neutralizar o meio ácido, e um catalisador de transferencia de fase, iodeto de tetrabutilamônio. Assim, o novo metodo de obtenção não necessita de atmosfera inerte sendo também possível recuperar todo o ferroceno que não reagiu. Na etapa de obtencão do composto ferrocenilanilina, uma modificação importante foi a extração do composto antes da filtração o que resultou em um rendimento muito melhor. A síntese do ligante foi realizada em n-heptano com a base trietilamina em presença de ar, conforme o esquema 1. O composto foi caracterizado por espectroscopia IR e 1HNMR. Estas técnicas apresentaram resultados de acordo com as formulações moleculares propostas. O composto apresentou absorção na faixa de 1000-1100cm-1 característica de mono-arilferrocenos substituídos14. Foram observadas também bandas de absorção características em 1507-1340 no derivado nitro e 3345-3355 no derivado amino. No ligante foi observada uma banda em 3510, característica de NH, 2956 característica do grupo tert-butil e 1750 característica de C=O que indica que o ligante encontra-se na forma oxidada. Os derivados ferrocenil apresentam um sinal padrão, com o anel C5H5 não substituído dando um singleto. O anel mono-substituído C5H4 exibe um par não simétrico de tripletos correspondente ao espectro de um sistema A2B2. Estes sinais aparecem em campo mais baixo do singleto C5H5, mostrando que todos os 4 prótons do anel são desprotegidos pelo anel aril. Em alguns casos estes tripletos não são observados na freqüência usada. 55 V.3. Síntese dos complexos [M(II)(FcNHTBC] Esta síntese foi adaptada da literatura15,16, pelo método de obtenção desse tipo de complexo, no qual é utilizada a anilina e anilina substituída como a amina reagente. Neste trabalho utilizou-se a amina do ferroceno, a ferrocenilanilina. Fe NH2 Fe + OH + 2HCl + H2O + MCl2 L L OH N M L O L Figura.V.5- Reação de obtenção do complexo [M(II)(FcNHTBC)], onde M= Co2+ e Mn2+ e L= solvente coordenado. Foram solubilizados 100 mg (0,36 mmol) de ferrocenilanilina em 6,0 mL de etanol e em seguida adicionamos 5 gotas de trietilamina, 80,3 mg (0,36 mmol) de catecol e uma soluçao etanolica do metal preparada com 15,7 mg (0,12 mmol) do cloreto do metal MCl2 (onde M = Co2+ e Mn2+). A mistura foi refluxada a 50oC por 3 horas. O precipitado preto formado foi filtrado, lavado com etanol e seco. O produto foi recristalizado em éter. Rendimento: 83 mg (67,8%). IR(KBr, cm-1) : 3553 (ν NH), 2959 (ν CH3), 1591 (ν C-N), 1460 (ν C-O), 1263 (ν ArN), 1004-1106 (ν Fc). 56 V.3.1. Discussão Os compostos foram obtidos com um bom rendimento, quando comparado aos compostos com diferentes anilinas substituídas com catecol, trietilamina e na presença de ar. Os compostos foram caracterizados por espectroscopia IR, apresentando bandas intensas características dos grupos esperados pela formulação proposta. Foram encontradas bandas características em 3553 cm-1, 2959 cm-1, e 1106-1004 cm-1 referente aos grupos amino, tert-butil e ferrocenil respectivamente. Foram também obtidas as bandas em 1591cm-1 referente a ligação CN e em 1460 cm-1 devido a ligação CO em ambos complexos. Os espectros detalhados estão no anexo III. O espectro de absorção UV-Vis em clorofórmio para os compostos é similar com o mesmo comprimento de onda da absorção máxima em 255 nm característica do grupo ferrocenil, porém não foi possível observar as absorções esperadas para o grupo iminosemiquinona que ocorrem acima de 500nmdevido a impossibilidade de medida do aparelho. Os compostos também foram caracterizados por espectroscopia de absorção atômica que indicou a presença dos metais ferro e cobalto na proporção 1:1 no composto [Co(II)(FCNHTBC)] e os metais manganês e ferro na proporção 1:1 no composto [Mn(II)(FCNHTBC)]. Os compostos apresentaram uma boa solubilidade em clorofórmio e dimetilsulfóxido, sendo moderadamente solúveis em acetona, éter e diclorometano e totalmente insolúveis em água. Não foi possível a obtenção de cristais dos compostos, mesmo após inúmeras tentativas, com a variação de diversos parâmetros e condições de cristalização. V.4. Caracterização por espectroscopia Mössbauer Foram realizadas medidas de espectroscopia mössbauer dos compostos contendo o grupo ferrocenil. 57 - Composto 4-nitrofenilferroceno 1,005 1,000 Relative Transmission 0,995 0,990 FENO2 0,985 ∆ = 2,4 mm/s δ = 0,32 mm/s 0,980 100% Fe 2+ 0,975 0,970 0,965 -6 -4 -2 0 2 4 6 mm/s Figura V.4- Espectro Mösbauer do composto 4-nitrofenilferroceno. O espectro mostra um dupleto característico de Fe2+ com um deslocamento isomérico de 2,4 mm/s, e um desdobramento quadrupolar de 0,32 mm/s. - Composto 4-ferrocenilanilina 1,005 Relative Transmission 1,000 0,995 FENH2 0,990 ∆ = 2,32 mm/s δ = 0,32 mm/s 0,985 100% Fe 2+ 0,980 0,975 -6 -4 -2 0 2 4 6 mm/s Figura V.5- Espectro Mösbauer do composto 4-ferrocenilanilina 58 O espectro mostra um dupleto característico de Fe2+ com um deslocamento isomérico de 2,32 mm/s, e um desdobramento quadrupolar de 0,32 mm/s. - Composto [Co(II)(FcNHTBC)] 1,0010 Co(FcNHTBC) Relative Transmission 1,0005 1,0000 0,9995 0,9990 δ= 0.43(0.04) mm/s ∆= 2.30(0.05) mm/s 2+ Area=69% (Fe ) δ= 0.20(0.04) mm/s ∆= 0.45(0.05) mm/s 3+ Area=31% (Fe ) 0,9985 0,9980 0,9975 0,9970 -6 -4 -2 0 2 4 6 mm/s Figura V.6- Espectro Mösbauer do composto [Co(II)(FcNHTBC)] O espectro mostra que este composto apresenta-se na forma de 69% de Fe2+ com um deslocamento isomérico de 2,30 mm/s, e um desdobramento quadrupolar de 0,43 mm/s e 31% de Fe3+ com um deslocamento isomérico de 0,45 mm/s, e um desdobramento quadrupolar de 0,20 mm/s. V.5. Propriedades Magnéticas Foram feitas medidas de magnetização em função da temperatura, aplicando um campo constante, e em funçao do campo magnético aplicado, caso em que a temperatura permanece constante. 59 Composto [Co(II)(FCNHTBC)] 2,00 1,75 1,25 -1 χT emu.mol .K 1,50 1,00 0,75 0,50 0,25 0,00 0 50 100 150 200 250 300 T/K Figura V.7- Curva χ.T = f(T) para o composto [Co(II)(FcNHTBC)]. H = 1000Oe. Para esse composto, a curva de 0,72 emu.mol-1.K para χT = f(T) (figura V.7) mostra um valor de χT na temperatura ambiente, que é próximo ao valor teórico de 0,75 emu.mol-1.K esperado para um íon Co2+, baixo spin, (S=1/2) sem interação com um spin S=1/2 do catecol. Observando-se a curva, podemos ver que esse valor decai até atingir um mínimo na temperatura de 50 K. Esse comportamento pode ser atribuído a presença de interações ferrimagnéticas no composto. A partir de 25 K, o valor de χT aumenta e ao atingir a temperatura de 6 K decai abruptamente, o que pode ser indício de que existe uma ordem magnética de longo alcance no composto 17 . A figura V.8 mostra a curva de M = f(T) em campo magnético aplicado constante. A medida foi feita com o resfriamento da amostra a partir da temperatura ambiente. Para este composto, o valor teórico de magnetização de saturação, considerando-se apenas a contribuição de spin referente a um íon Co2+, baixo spin, (SCo = 1/2) e um catecol (Srad= 1/2), é de 1,0 µBN. Porém, este valor teórico não 60 pode ser comparado com um dado experimental, pois não foi observada saturação na amostra medida. O valor máximo de magnetização atingido em um campo de 5500 Oe foi de 0,37 µBN. Este não alcance da saturação pode ser explicado pelo fato de que o íon cobalto(II) apresenta contribuição orbitalar18. Além disto, o espectro Mösbauer apresenta 31% de ferro(III) no composto que irá influenciar o comportamento magnético. 0,6 MnB 0,4 0,2 0,0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 HOe Figura V.8- Curva Μ = f(H) para o composto [Co(II)(FCNHTBC)]. (H = 1000 Oe). Composto [Mn(II)(FCNHTBC)] 5,0 4,5 3,5 -1 χT emu.mol .K 4,0 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 50 100 150 200 250 300 Temperatura K Figura V.9- Curva χT = f(T) para o composto [Mn(II)(FCNHTBC)]. (H = 1000 Oe). 61 A curva de χT = f(T) (figura V.9) para esse composto mostra um valor de 4,3 emu.mol-1.K na temperatura ambiente. Este valor é menor que o valor teórico esperado para um íon Mn2+, alto spin, (S=5/2) e um catecol (S=1/2) sem interação, que é de 4,7 emu.mol-1.K. A explicação mais provável para este comportamento é a contribuição de íon ferro (III), cuja presença foi evidenciada pela medida de Mossbauer. Observa-se que o valor de χT decresce a medida que a temperatura diminui. Isto demonstra a presença de interações antiferromagnéticas no composto. A figura V.10 mostra a curva de M = f(T) em uma temperatura constante. A medida é feita com o resfriamento da amostra a partir da temperatura ambiente. Para este composto era esperado o valor de 6,0 µB referente a um íon Mn2+, alto spin, SMn = 5/2 e um catecol S= 1/2, considerando-se que apenas estas espécies contribuíram para o comportamento magnético do composto. Porém não foi observada saturação na amostra medida, o que pode ser também atribuído a presença de íons ferro (III) na amostra. Ainda considerando-se a mesma figura, observa-se também que o composto apresenta campo coercitivo (Hc) de 698 Oe, e magnetização remanente de 0,05 µBN. Este resultado de coercitividade num composto que apresentasse somente espécies isotrópicas manganês (II) e um radical (catecol) não é razoável19. Este fato, mais uma vez, nos leva a concluir que a contribuição de Fe3+ é significativa para o comportamento magnético dos compostos ferrocenilanilina-catecol. 62 2 0 0,2 0,0 M (Nβ) M (Nβ) 1 -1 Hc -0,2 -3000 0 3000 6000 H (O e ) -2 -40000 -20000 0 20000 40000 60000 80000 H(Oe) Figura V.10- Curva Μ = f(H) para o composto [Mn(II)(FCNHTBC)]. (T = 2 K) 63 V.6. Conclusões e Perspectivas A otimização do método de obtenção do composto ferrocenilanilina foi uma etapa importante para o trabalho com o grupo ferrocenil e catecol. Foram necessários muitos ajustes em relação ao método descrito na literatura, e para tal foi necessário um estudo criterioso, envolvendo a aplicação de diversas metodologias de síntese orgânica para que fosse encontrado o método de obtenção adequado. A partir deste composto foi possível obter um novo ligante com o grupo catecol, Ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol. Foi realizada a síntese e caracterização de dois novos complexos, o [Co(II)(FCNHTBC)] e o [Mn(II)(FCNHTBC)]. O estudo magnético destes compostos mostrou que no caso do composto com o íon cobalto existem interações ferrimagnéticas enquanto que no composto com o íon manganês estão presentes interações antiferromagnéticas. Além disto, estes estudos também mostraram que o íon ferro pode estar em um estado que apresenta resposta magnética nestes compostos. Para o completo entendimento das propriedades observadas nestes compostos, será necessário o conhecimento da estrutura cristalina dos mesmos, uma vez que para interpretar corretamente as propriedades magnéticas, além da composição molecular é necessário também saber como são as interações intermoleculares. Principalmente no caso do composto [Co(II)(FCNHTBC)], será necessário um estudo magnético mais detalhado para caracterizar completamente a possível ordem magnética de longo alcance. Além destes estudos, estes compostos também deverão ser investigados por medidas de eletroquímica. 64 Referências Bibliográficas 1. Miller, J.S., The Electrochemical Society Interface, 2002, 21. 2. Kaim, W., Dalton Trans., 2003, 76. 3. a) Caneschi, A.; Gatteschi, D.; Rey, P.; Prog. Inorg. Chem., 1992, 39, 331; b) Pierpont, C.G.; Lange, C. W.; Prog. Inorg. Chem., 1994, 41, 331. 4. Kealy, T.J.; Pauson, P.L; Nature, 1951, 168, 1039. 5. a) Seog, W. R.; Yong, H. N.; Youngku, D.; Kim, J.; Inorg. Chim. Acta, 2000, 309, 49 ; b) Richard, F.; Jean, D.; Gerard, F. L.; J. Organomet. Chem., 2004, 1867. 6. Morrisson, R. T.; Boyd R. N.; Química Orgânica, 13ª edição (traduzida da 6ª ed. original), Fundação Calourste Gulbenkian, Lisboa, 1996. 7. Szarka, Z. R.; Földes, S.; Kollár, L.; Tetrahedron Lett., 2001, 42, 739. 8. Stepnicka, P.; Cisaroá, I.; Podlaha, J.; J. Organomet. Chem., 1999, 582, 319. 9. Coe, B. J.; Christopher, J. J.; McCleverty, J. A.; J. of Org. Chem., 1994, 464, 225. 10. Beer, P.D.; Smith, D. K.; J. Chem. Soc., Dalton Trans., 1998, 417. 11. Patai, S. (Ed.),The Chemistry of the Quinonoid Compounds, Parts 1 and 2, Wiley, Bristol, 1974. 12. Jürgens, O.; Gancedo, J.; Rovira, C.; Wurst, K.; Sporer, C; Bildestein, B.; Schottenberger, J. P.; Veciana, J.; Inorg.Chem., 1998, 37, 4547. 13. Ping, H.; Zhao, K.; Xu, H.; Molecules, 2001, 6, 246. 14. Rosebblum, M.; Woodward, R. B.; J. Am. Chem. Soc., 1958, 80, 5443. 15. Girgis, A.Y.; Balch, A.L.; Inorg.Chem., 1975, 14, 11. 16. Mukherjee, S.; Weyhermüller, T.; Wieghardt, Chaudhuri, P.; Dalton Trans., 2004, 3842. 17. Mukherjee, S.; Weyhermüller, T.; Wieghardt, Chaudhuri, P.; Dalton Trans., 2003, 3483. 18. Caneschi, A.; Gatterschi, D., Sessoli, R., N.Sangregorio, C, J. Am. Chem. Soc., 2000, 3907. 19. Zhou, H.B.; Wang, S.P.; Liu, Z.Q.; Liao, D.Z.; Jiang, Z.H.; Yan, S.P.; Cheng, P.; Inorg. Chim. Acta, 2006, 359, 533. 20. Kahn, O., Molecular Magnetism, VCH, New York, 1993. Anexos 66 Anexos Anexo I O cálculo do diamagnetismo dos compostos foi feito por meio das constantes de Pascal e o resultado está apresentado na tabela 1. Tabela1. Diamagnetismo calculado para os compostos [M(II)(Phtfac)2(p-rad)2]. Composto χdiamagnético / cm3. mol-1 [Co(II)(Phtfac)2(p-rad)2] - 3,69 x 10-4 [Mn(II)(Phtfac)2(p-rad)2] - 3,71 x 10-4 [Cu(II)(Phtfac)2(p-rad)2] - 3,68 x 10-4 Tabela de Pascal Todas as substâncias apresentam diamagnetismo devido as interações do campo magnético com movimento orbitalar dos elétrons. As medidas realizadas pelos aparelhos em compostos paramagnéticos fornecem o valor (χpara - χdia). Sempre que possível, é desejável medir as susceptibilidades molares diamagnéticas diretamente, mas as constantes de Pascal são um recurso muito conveniente para seu cálculo. Apesar de alguns valores estarem sujeitos a erros percentuais altos, eles são aceitáveis por serem consideravelmente menores do que os valores de susceptibilidade paramagnética para os quais servem de correção.Como resultado de medidas em um número grande de compostos, Pascal concluiu que a susceptibilidade molar poderia ser expressa por: χM = ∑ n A χ A + ∑ λ sendo, χA = susceptibilidade atômica nA = número de átomos de suscetibilidade atômica χA na molécula. λ = correção constitutiva que depende da natureza das ligações envolvidas e que leva em conta variações em χA que dependem do ambiente do átomo na molécula. 67 Anexos As tabelas seguintes trazem valores de χA e λ para alguns ligantes mais comuns. Tabela 2. Susceptibilidade diamagnética e correções constitutivas ( em 10-6 cm3 g atom-1 ou 10-6 cm3 mol-1) Átomos H -2,9 C -6,0 N (anel) -4,6 N (imina) -2,1 O -4,6 F -6,3 Correções constitutivas C (em anel aromático) -0,25 C=C 5,5 C=N 8,15 C≡C 0,8 C≡N 0,8 N=N 1,8 N=O 1,7 Cátions de Metais de Transição Mn2+ -14 2+ -13 Fe3+ -10 Co2+ -12 Ni2+ -10 Cu2+ -11 Fe Alguns ligantes H2O -13 C5H5- (ciclopentadienil) -65 C5H5N (piridina) -49 C5H7O2- (acetilacetonato) -52 68 Anexos Anexo II Tabela 1. Dados Cristalográficos para o composto [Co(Phtfac)2(p-rad)2] Fórmula Massa Molar (g/mol) Temperatura, K Comprimento de onda [Å] Sistema cristalino Grupo Espacial a, [Å] b, [Å] c, [Å] α, [Å] β, [Å] γ, [Å] Volume [A3] Z Densidade calculada [mg/m3] Coeficiente de absorção [mm-1] F(000) Faixa de teta p/ coleta de dados [o] Faixa de índices h,k,l Reflexões coletadas Reflexões independentes Dados/restraints/parâmetros Melhor ajuste em F2 R [I>2sigma(I)] R (todos os dados) Maior dif.,máx. e mín. [e,A-3] C48H50CoF6N8O8 1039.89 293 (2) 0.71073 Triclínico P1 7.4885(15) 13.275(3) 13.972(3) 103.32(3) 101.96(3) 104.01(3) 1259.4(4) 1 1.371 0.422 539 5.22 a 23.25 -8<=h<=8, -14<=k<=14, -15<=l<=15 10160 6290 6290/37/640 1.033 R1=0.0878, wR2= 0.2213 R1= 0.0898, wR2= 0.2816 0.547/-0.842 Tabela 2. Coordenadas atômicas [composto [Co(Phtfac)2(p-rad)2] ________________________________________________________________ x y z U(eq) ________________________________________________________________ Co N(11) C(12) C(13) C(14) C(15) C(16) C(17) N(18) O(19) C(110) C(111) C(112) 4731(8) 3400(20) 4460(30) 3690(30) 1750(30) 630(30) 1480(30) 850(30) 1550(30) 2960(20) 570(30) 1890(30) 310(30) 4406(5) 3873(13) 3731(17) 3323(18) 3171(17) 3386(19) 3739(18) 2725(16) 2129(17) 1775(15) 1954(18) 2815(17) 784(18) 4399(4) 5524(13) 6353(13) 7047(15) 6988(14) 6176(16) 5471(16) 7738(15) 8237(13) 8201(14) 9077(17) 10142(15) 9180(20) 61(1) 58(4) 66(6) 71(6) 61(5) 70(6) 76(6) 57(5) 76(5) 94(5) 63(6) 76(6) 101(8) 69 Anexos C(113) -1360(30) 2197(19) 8668(16) 71(6) C(114) -3030(40) 1250(20) 7930(20) 111(9) C(115) -2120(30) 2798(19) 9471(16) 78(6) O(117) -1734(19) 3420(11) 7643(10) 72(4) N(116) -700(20) 2881(12) 7963(11) 58(4) N(21) 6080(20) 4890(14) 3242(12) 57(4) C(22) 7920(30) 5134(15) 3379(15) 64(6) C(23) 8890(30) 5478(15) 2658(15) 62(5) C(24) 7750(30) 5655(14) 1815(16) 54(5) C(25) 5830(30) 5416(17) 1697(16) 69(6) C(26) 5020(30) 5064(15) 2451(16) 63(5) C(27) 8550(30) 6069(16) 1038(16) 62(5) N(28) 10170(20) 5912(15) 784(12) 71(5) O(29) 11120(20) 5335(15) 1139(12) 101(6) C(210) 10810(30) 6596(17) 134(15) 60(6) C(211) 11440(30) 5870(20) -689(17) 76(6) C(212) 12420(30) 7655(19) 851(16) 77(6) C(213) 8960(30) 6820(20) -288(17) 73(6) C(214) 7600(40) 6010(30) -1228(19) 117(10) C(215) 9140(40) 7980(20) -382(16) 101(9) N(216) 7890(20) 6668(13) 457(13) 60(4) O(217) 6510(30) 7076(16) 585(16) 102(6) O(31) 2390(20) 3420(12) 3280(11) 70(4) C(32) 1790(30) 2324(16) 2941(15) 62(6) C(33) -245(14) 1805(9) 2301(8) 55(5) C(34) -928(17) 688(9) 1803(9) 83(7) C(35) -2825(19) 203(11) 1232(11) 106(9) C(36) -4056(19) 832(14) 1154(12) 106(10) C(37) -3380(20) 1937(14) 1649(12) 83(7) C(38) -1480(20) 2422(10) 2218(10) 69(6) C(39) 3000(30) 1720(20) 3287(18) 75(7) C(310) 4870(30) 2106(15) 3874(16) 63(5) C(311) 5840(20) 1350(16) 4148(14) 82(7) F(31A) 7627(17) 1549(11) 4044(12) 89(4) F(31B) 6100(20) 1371(15) 5127(12) 128(6) F(31C) 4960(20) 294(11) 3698(13) 108(4) O(312) 5930(20) 3114(11) 4318(10) 61(3) O(313) 7140(20) 5460(13) 5582(11) 65(4) C(314) 7630(30) 6450(20) 5846(14) 57(5) C(315) 9697(18) 7024(9) 6544(11) 65(6) C(316) 10900(20) 6384(11) 6635(14) 82(7) C(317) 12840(20) 6844(15) 7139(16) 107(9) C(318) 13572(19) 7941(15) 7665(14) 109(9) C(319) 12369(19) 8588(11) 7608(12) 99(9) C(320) 10444(17) 8141(10) 7068(10) 75(6) C(321) 6500(30) 7111(15) 5602(16) 67(6) C(322) 4620(30) 6640(20) 4911(14) 65(6) C(323) 3560(30) 7490(14) 4631(16) 88(8) O(324) 3618(19) 5662(13) 4486(11) 74(4) F(32A) 3370(20) 7405(12) 3609(12) 107(5) F(32C) 1770(20) 7256(13) 4744(12) 102(4) F(32B) 4430(20) 8501(13) 5265(17) 177(9) N(51) 490(40) -1277(19) 2757(19) 127(9) C(52) -840(40) -1506(18) 3006(14) 86(7) C(53) -2550(50) -1670(20) 3410(30) 191(18) N(41) 9050(40) 80(20) 6000(20) 132(9) C(42) 10460(40) 219(18) 5840(20) 123(11) C(43) 12210(40) 540(30) 5570(20) 129(10) ________________________________________________________________ 70 Anexos Anexo III Espectros de infravermelho dos compostos Todos os espectros de IV foram feitos em pastilha de KBr. Composto 2,3-dimetil-2,3-dinitrobutano 60 bisidroxilamino 50 %T 40 30 20 10 0 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 1. Atribuição de bandas no infravermelho para o composto 2,3-dimetil-2,3dinitrobutano Banda Atribuição (cm-1) 2998 νas CH 2792 νs CH 1345 νas NO2 1343 νs NO2 1412-1396 Dupleto característico do grupo isopropila 71 Anexos Composto 2-(4-piridil)-4,4,5,5-tetrametilimidazolina-1-oxil-3-óxido (p-rad) 70 p-rad %T 60 50 40 30 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 -1 ν CH – em 2959 cm-1 Região entre 1600-1450 cm-1: estiramento do anel piridínico, C = C, N = C Obs: a banda larga e fraca na região de 3500 cm-1 é de H2O do KBr. 800 72 Anexos Composto [Co(Phtfac)2. 2H2O] 70 Co(Phtfac)2.2H2O 60 %T 50 40 30 20 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 2.Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Co(Phtfac)2. 2H2O] Banda Atribuição (cm-1) 1610 ν (aromático) 1577 ν C=C, C=O 1289 ν CC + ν CR 1133 νs C-F Obs: a banda larga na região de 3500 cm-1 é de H2O no composto. 73 Anexos Composto [Mn(Phtfac)2. 2H2O] 100 Mn(Phtfac)2.2H2O 80 %T 60 40 20 0 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 3. Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Mn(Phtfac)2. 2H2O] Banda Atribuição (cm-1) 1610 ν (aromático) 1577 ν C=C, C=O 1287 ν CC + ν CR 1134 νs C-F Obs: a banda larga na região de 3500 cm-1 é de H2O no composto. 74 Anexos Composto [Cu(Phtfac)2. 2H2O] 80 Cu(Phtfac)2.2H2O 70 60 %T 50 40 30 20 10 0 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 4. Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Cu(Phtfac)2. 2H2O] Banda Atribuição (cm-1) 1604 ν (aromático) 1573 ν C=C, C=O 1298 ν CC + ν CR 1147 νs C-F Obs: a banda larga e fraca na região de 3500 cm-1 é de H2O do KBr. 75 Anexos Composto [Ni(Phtfac)2. 2H2O] 80 Ni(Phtfac)2.2H2O 70 60 %T 50 40 30 20 10 0 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 5.Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Ni(Phtfac)2.2H2O] Banda Atribuição (cm-1) 1611 ν (aromático) 1576 ν C=C, C=O 1290 ν CC + ν CR 1134 νs C-F Obs: a banda larga na região de 3500 cm-1 é de H2O no composto. 76 Anexos Composto [Co(Phtfac)2(p-rad)2] 74 72 Co(Phtfac)2(p-rad)2 70 68 66 %T 64 765 62 60 58 56 3436 1184 54 52 50 1610 48 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1291 1600 1200 800 -1 Tabela 6.Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Co(Phtfac)2(p-rad)2] Banda Atribuição (cm-1) 2986 ν (CH3) 1610 ν (Aromático) 1576-1372 ν (NO) 1291 ν (CN) 1184 ν (CO) 765 ν (CN) 541 ν (Co-O) 457 ν (Co-N) Região entre 1600-1450 cm-1: estiramento do anel piridínico, C = C, N = C Obs: a banda larga e fraca na região de 3500 cm-1 é de H2O do KBr. 77 Anexos Composto [Mn(Phtfac)2(p-rad)2]: 90 Mn(Phtfac)2(p-rad)2 %T 80 70 60 50 40 4000 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 7.Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Mn(Phtfac)2(p-rad)2] Banda Atribuição (cm-1) 2980 ν (CH3) 1612 ν (Aromático) 1576-1375 ν (NO) 1289 ν (CN) 1137 ν (CO) 766 ν (CN) 580 ν (Mn-O) 370 ν (Mn-N) Região entre 1600-1450 cm-1: estiramento do anel piridínico, C = C, N = C Obs: a banda larga e fraca na região de 3500 cm-1 é de H2O do KBr. 78 Anexos Composto [Cu(Phtfac)2(p-rad)2] 60 Cu(Phfac)2(p-rad)2 T (%) 50 3436 40 30 4000 1606 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1146 1296 1200 800 -1 Tabela 8.Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Cu(Phtfac)2(p-rad)2] Banda Atribuição (cm-1) 1606 ν (Aromático) 1576-1372 ν (NO) 1296 ν (CN) 1146 ν (CO) 765 ν (CN) Obs: a banda larga e fraca na região de 3500 cm-1 é de H2O do KBr. 79 Anexos Composto 4-ferrocenilanilina 80 70 %T 60 50 1282 40 2922 1002 1104 30 1619 3372 20 4000 816 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 9. Atribuição de bandas no infravermelho para o composto 4-ferrocenilanilina Banda Atribuição (cm-1) 3372 ν (NH2) 2922 ν (Fc) 1619 ν (Aromático) 1282 ν (C-C) 1104-1002 ν (Fc) 816 ν (Aromático substituído) 80 Anexos Composto Ferrocenilanilina-4,6-di-terc-butilfenol 70 FcNHTBC 60 50 1106 %T 3510 3098 1002 1750 40 967 1524 1592 30 1202 1484 20 1460 1230 1308 1421 10 2959 0 4000 3500 3000 2500 cm 2000 1500 1000 -1 Tabela 10. Atribuição de bandas no infravermelho para o composto Ferrocenilanilina4,6-di-terc-butilfenol Banda Atribuição (cm-1) 3510 ν (NH) 2959 ν (CH3) 1750 ν (CO) 1592 ν (CN) 1106-1002 ν (Fc) 81 Anexos Composto [Co(II)(FcNHTBC)] 70 FcNHTBC_Co 1004 60 1106 1263 818 1200 800 %T 3094 50 1591 2959 40 4000 3553 3600 3200 2800 2400 cm 2000 1600 -1 Tabela 11. Atribuição de bandas no infravermelho para o composto [Co(II)(FcNHTBC)] Banda Atribuição (cm-1) 3553 ν (NH) 2959 ν (CH3) 1576-1372 ν (NO) 1291 ν (CN) 1106-1004 ν (Fc) 818 ν (Fc) 82 Anexos Composto [Mn(II)(FcNHTBC)] 72 FcNHTBCMn 70 %T 68 1001 66 1105 1244 64 1456 62 1610 1522 60 58 4000 822 3392 3600 3200 2959 2800 2400 cm 2000 1600 1200 800 -1 Tabela 12. Atribuição de bandas no infravermelho para o composto[Mn(II)(FcNHTBC)] Banda Atribuição (cm-1) 3392 ν (OH) 2959 ν (CH3) 1610 ν (Aromático) 1522 ν (NO) 1456 ν (CN) 1244 ν (CO) 1105-1001 ν (CN) 822 ν (Co-O) Anexos 83 Anexo IV Espectros de 1HRMN dos compostos ferrocenilanilina e ferrocenilanilina-4,6-di-tercbutilfenol. - Ferrocenilanilina 1 HNMR(CDCl3): 7.4(d, 2H, C6H4), 6.6(d, 2H, C6H4), 4.0(s, 5H,C5H5), 4.2(s, 2H,C5H4), 4.5(s, 2H,C5H4), 3.6(s, 2H, NH2). Anexos -Ferrocenilanilina-4,6-di-tert-butilfenol. 1 HNMR(CDCl3): 7.08(d, 2H, C6H4), 6.91(d, 2H, C6H4), 5.88(d, C2H2), 6.83(d, C2H2), 4.0(s, 5H,C5H5), 4.2(s, 2H,C5H4), 4.5(s, 2H,C5H4), 1.20(C(CH3)3, 1.32(C(CH3)3. 84 Anexos Anexo V Espectros de ultravioleta dos compostos 85 Anexos 86 Anexos 87 Anexos 88 Anexos 89 Anexos 90