A PALAVRA MÁGICA NO ISLÃ: “SHAHADA”, UM RITO DE

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A PALAVRA MÁGICA NO ISLÃ:
“SHAHADA”, UM RITO
DE INICIAÇÃO NA FÉ ISLÂMICA*
JOSILENE SILVA DA CRUZ**, EUNICE SIMÕES LINS GOMES***
Resumo: neste artigo pretendemos apresentar a relevância dos ritos dentro da religião islâmica principalmente os ritos que constituem os pilares da fé ressaltando a Shadada como um
rito iniciatório. Nossa metodologia se pautará em pesquisa descritiva bibliográfica na qual
estaremos fazendo uma relação com a teoria do mito de Ernst Cassirer, essencialmente os
argumentos apresentados na sua obra Linguagem e Mito (2009) demonstrando o poder da
palavra como “arquipotência”. Deste modo para realizarmos a análise proposta temos também como fundamentação a hermenêutica, pois a utilizaremos como um viés interpretativo
em nosso artigo. Realizando uma conexão entre os argumentos trazidos por Cassirer na obra
supracitada e relacionado-os com o rito da Shahada que é comumente conhecido como sua
profissão de fé. Com este estudo pudemos verificar neste rito uma espécie de consagração à
Deus (Allah) e no qual a palavra se constitui como elemento mágico-transformador, ressaltando a crença monoteísta como principal fundamento da fé islâmica.
Palavras-chave: Rito de iniciação. Oração. Hermenêutica. Palavra. Islamismo.
N este artigo buscamos apresentar pelo viés da hermenêutica a relevância do uso
da oração e principalmente das palavras dentro da religião islâmica. Percebemos
uma possibilidade de conexão entre a obra Linguagem e Mito (2009) de Ernst
Cassirer realizando um diálogo com a dinâmica encontrada nos ritos islâmicos principalmente a Shahada como um “rito iniciatório” ela que é um dos cinco pilares da fé islâmica
na concepção de alguns autores e com os quais corroboramos em nosso texto.
Os ritos trazem consigo uma história de prática que aponta para o viés antropológico passando por reestruturações e mudanças na sua história de existência. E por isso, nos deteremos neste esboço aos aspectos relevantes encontrados na Shahada a profissão de fé islãmica,
* Recebido em: 02.08.2015. Aprovado em: 27.08.2015.
** Mestranda em Ciências da Religião.
*** Pós-Doutora em Ciências da Religião.
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pois vemos nela o poder da palavra como uma “arquipotência” proposta por Cassirer e para
justificarmos tal proposição apontaremos inicialmente os argumentos cassireanos na obra por
nós selecionada e posteriormente as especificidades do rito islâmico que selecionamos para
nossa interpretação.
Além disso, também justificamos a nossa opção em tratar sobre os ritos porque na relação deste estudo com o ensino religioso acreditamos ser uma experiência muito relevante para
despertar o interesse em se trabalhar com os ritos e com uso dos símbolos religiosos na sala
de aula. Assim como também consideramos relevante para a área de Ciências das Religiões
porque é imprescindível a realização da transposição didática para se utilizar o conhecimento
que se tem na academia com a prática de sala de aula principalmente na disciplina ensino
religioso. E neste sentido vemos nos ritos esta possibilidade de aplicação, pois eles são uma
forma prática de revivência dos mitos, isto no sentido do estudo das religiões, podendo ser considerados instrumentos de articulação de sentido em diversas instâncias das relações humanas, e
facilitadores na percepção deste sentido, conforme verificamos na exposição abaixo:
Os ritos são uma ação pedagógica na medida em que transmitem e ensinam formas sociais de
comportamento, preservam e comunicam tradições, preferências morais e estéticas, ensinam que
atitudes devemos ter diante e durante a vida – e que são esperadas pelo grupo do qual participamos
-, comunicam valores e crenças tidos como preciosos, apontam para o que se pode esperar e como
devemos agir, oferecem exemplos de atuações relevantes e meritórias [...] (VILHENA, 2005, p. 29).
Desse modo apontamos inicialmente a nossa opção em tratar sobre rito a sua relevância como ação pedagógica ordenada e que já na sua etimologia aponta para esta ordenação
como vemos no latim ritus que trata de uma ordem estabelecida, ordem prescrita; no grego
artus (referindo-se à ararisko) indicando a ação de harmonizar, e por isso o rito “é entendido
como ação ordenada”.
O rito refere-se, pois, à ordem prescrita, à ordem do cosmo, à ordem das relações entre deuses e seres
humanos e dos seres humanos entre si. Reporta-se ao que rima e ao ritmo da vida, à harmonia restauradora, à junção, às relações entre as partes e o todo, ao fluir, ao movimento, à vida acontecendo.
[...] rito é entendido também como ação ordenada (VILHENA, 2005, p. 21).
Desse modo indicamos nossas justificativas em optar pelo tema ritos que auxilia
no entendimento da ação humana e principalmente nas ações de cunho religioso, o que nos
leva a afirmar corroborando muitos autores que não temos religiões sem rito (mesmo que
seus adeptos não entendam dessa forma, como é o caso de algumas vertentes do espiritismo).
Desse modo, por considerarmos um tema relevante para a nossa área de estudos, trataremos
neste esboço sobre os ritos, realizando um recorte para tratar mais especificamente do “rito
iniciatório” da Shahada realizando uma análise pelo viés da hermenêutica à qual apresentaremos neste trecho a seguir.
OS FUNDAMENTOS DA HERMENÊUTICA
A hermenêutica como possibilidade de interpretação se caracteriza como uma referência da literatura estrangeira. Ela consiste em um dos ramos existentes na filosofia que se
ocupa da teoria da interpretação, ou seja, é na hermenêutica que encontramos a busca pela
interpretação ou pelo sentido. Ela surge da inquietação humana que existe em buscar dar
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respostas e também sentido ao nosso modo de ser, tanto nas relações consigo, com os outros
e também com o sagrado (JOSGRILBERG, 2012, p. 31).
A abrangência da hermenêutica é consideravelmente extensa e antiga, como parte
da filosofia ela remete a um estudo ontológico do ser. Inicialmente ela se abriu como campo
investigativo dos textos e se fundamenta em grandes nomes como Schleiermacher, Dilthey,
Husserl, Heidegger, e posteriormente com a hermenêutica fenomenológica em Paul Ricoeur
e Hans George Gadamer (JOSGRILBERG, 2012, p. 36-38). E isto também se constata na
exposição de Almeida (2011) que diz:
A hermenêutica é um ramo da filosofia que se ocupa da interpretação de textos e discursos e busca
compreender, interpretar, traduzir o sentido de uma obra. Surgida sob a égide de Hermes, a hermenêutica fundamenta-se teoricamente com Friedrich Schleiermacher (2008), que busca estabelecer uma
teoria geral da compreensão, pela qual não podemos compreender o todo sem que se compreenda suas
partes e vice-versa. Esse procedimento é chamado círculo hermenêutico (ALMEIDA, 2011, p. 17).
Desse modo destacamos que a hermenêutica se configura na modernidade de formas diferenciadas e são tratadas por Josgrilberg (2012, p. 35) como “hermenêuticas especiais”
a exemplo da bíblica. Muitos filósofos dedicaram seus estudos às várias possibilidades de
hermenêutica, mas em síntese poderíamos dizer que ela se propõe a responder as inquietudes
humanas, manifestas por muitas vias e entre elas as relações com o sagrado.
Ainda sobre a hermenêutica poderíamos dizer que se trata da ciência da interpretação, da explicação, da compreensão, ou em outros termos, da teoria dos sentidos no âmbito
do entendimento, da busca pela essência muito semelhante ao que ocorre com a perspectiva
fenomenológica que também provém dos estudos filosóficos.
E com isso justificamos a nossa opção pelo uso da hermenêutica e mais especificamente a teoria proposta por Cassirer, porque nela encontramos um dos caminhos interpretativos ou uma das possibilidades de utilização da hermenêutica. E assim nos encaminhamos
para os apontamentos sobre a teoria de Cassirer encontrada na sua obra Linguagem e Mito
(2009) na qual ele trata dos principais pontos do modo de ser das formas simbólicas no plano
do mito e da linguagem.
A TEORIA DE ERNST CASSIRER: “A PALAVRA MÁGICA”
Cassirer é considerado “o pioneiro da filosofia do simbolismo”, ele que tem uma
vasta bibliografia recebe este título principalmente em função de sua obra a Filosofia das Formas Simbólicas (publicada em três volumes entre 1923-1929) que posteriormente deram origem à uma outra obra Ensaio Sobre o Homem (1944). Em função destas e outras publicações
se atribui a ele uma antropologia filosófica e filosofia da cultura como fundamento principal
a unidade simbolizante do homem constituídas pelo mito, língua, arte, religião, história e
ciência (CASSIRER, 2009, p. 13).
Neste esboço iremos trazer os principais fundamentos da obra Linguagem e Mito
(2009), que divide-se em seis capítulos e na qual o autor ressalta as conexões entre língua e mito,
apresentando o mito, arte, linguagem e ciência como símbolos, porque segundo ele, cada uma
delas traz consigo seu próprio significado. Desse modo o próprio autor nos esclarece que:
A ideia de que o nome e a essência se correspondem em uma relação intimamente necessária, que o
nome não só designa, mas também é esse mesmo ser, e que contém em si a força do ser, são algumas
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das suposições fundamentais dessa concepção [...] mítica, suposições que a própria pesquisa filosófica e científica parecia aceitar. [...] a íntima relação entre o nome e a coisa, e sua latente identidade
(CASSIRER, 2009, p. 17).
Cassirer aponta neste trecho do que se trata sua teoria da linguagem e em seu texto
ele indica em quem se fundamentou citando a figura de Max Müller que através de sua análise filológica revelou a natureza de seres míticos principalmente na religião védica. E assim
Cassirer aponta que segundo Müller “mito, é algo condicionado e mediado pela atividade da
linguagem: é, na verdade, o resultado de uma deficiência linguística originária, de uma debilidade inerente à linguagem” (CASSIRER, 2009, p. 18).
Assim neste trecho encontramos o principal fundamento da teoria de Cassirer e no
qual estaremos fundamentando nossa análise, a palavra como “força substancial”. O que consideramos que seja bastante comum entre diversas vertentes religiosas, principalmente aquelas
que consideram as religiões do livro como é o caso do islã.
Nossa opção por esta teoria de Cassirer mediante muitas outras que poderíamos
utilizar se deu em função de sua concepção da potencialidade da palavra, porque no âmbito
dos estudos das religiões podemos considerar um elemento primordial o local reservado à
palavra, discursos, sermões, etc. conforme encontramos no texto de Cassirer (2009).
Deve haver alguma função determinada, essencialmente imutável, que confere à Palavra este caráter
distintivamente religioso, elevando-a, desde o começo, à esfera religiosa, à esfera do “sagrado”. [...]
A identidade essencial entre a palavra e o que ela designa torna-se ainda mais evidente se, em lugar
de considerar tal conexão do ponto de vista objetivo, a tomamos num ângulo subjetivo. [...] é uma
propriedade que deve ser resguardada com o maior cuidado e cujo uso exclusivo deve ser ciosamente
reservado (CASSIRER, 2009, p. 65-68).
O autor em sua exposição discorre sobre os vários aspectos que poderiam ser ressaltados sobre a palavra como uma “arquipotência” utilizando o termo do próprio autor.
Podemos inferir que nas muitas vertentes religiosas esse lugar privilegiado para a Palavra
está reservado e não por acaso temos esta indicação nas chamadas religiões do livro como: o
cristianismo, judaísmo e islamismo. Dentre as quais estaremos discorrendo sobre o islamismo mais especificamente um dos ritos encontrados nesta religião demonstrando este aspecto
relevante da palavra.
Na obra supracitada Cassirer aponta para estas concepções sobre a linguagem e
principalmente do poder que tem as palavras.
A palavra, a linguagem, é que realmente desvenda ao homem aquele mundo que está mais próximo
dele que o próprio ser físico dos objetos e que afeta mais diretamente sua felicidade ou sua desgraça.
[...] a palavra tem que ser concebida, no sentido mítico, como ser substancial e como força substancial, antes que se possa considerá-la no sentido ideacional, como órgão do espírito, como função
fundamental da construção e articulação da realidade espiritual (CASSIRER, 2009, p. 78-79).
Neste trecho encontramos a justificativa para o título de seu quarto capítulo “A
Palavra Mágica” porque o autor indica que esta força substancial que encontra-se nas palavras
é o que consiste na chave de leitura de mundo e do espírito humano. E podemos dizer que
isto se encontra mais evidente nas religiões e em seus ritos como iremos exemplificar com o
rito islâmico da Shahada, aonde a palavra dita simbolicamente realiza uma transformação, ou
melhor dizendo, uma inserção do indivíduo dentro do mundo islâmico.
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A “arquipotência” das palavras sugerida por Cassirer pode ser constatada hermeneuticamente nas palavras proferidas neste rito religioso, e também podemos apreciar este
poder das palavras pela credibilidade dada pelo fiel à mensagem do profeta. O que se constata
na profissão de fé que selecionamos para nossa análise a Shahada, na qual podemos destacar
a crença num Deus único e no seu mensageiro. Nela os dizeres “não existe outro Deus além
de Deus e Maomé é Mensageiro de Deus” (La ilaha illa Allah wa Muhammad rasul Allah),
recebem uma conotação mágica, e ao proferi-la tudo se transforma e Allah e sua mensagem
trazida por seu mensageiro, se transformam na essência fundamental de suas vidas.
É natural que no islã como uma das grandes religiões do livro este poder das palavras se faça presente, porque comumente este é um dos fundamentos das religiões do livro, o
local reservado à mensagem deixada por sua divindade sempre é um local privilegiado. Mas,
insistimos na relevância da Shahada porque ela é bastante para que se ingresse no mundo muçulmano, gozando das mesmas prerrogativas daqueles que já nascem dentro da Umma. Ou
seja, um rito muito simples, mas que a conotação de poder que é dada a palavra o faz trazer
simbolicamente, para a inserção neste novo universo religioso.
O ISLAMISMO E OS SEUS PILARES DA FÉ
Os muçulmanos adoram a um único Deus, vivo e subsistente, misericordioso e onipotente, criador
do céu e da terra, que falou aos homens. Aos seus ocultos decretos esforçam-se por se submeter de
toda a alma, como a Deus se submeteu Abraão, a quem a crença muçulmana se refere com agrado.
Não reconhecem Jesus como Deus; veneram-no, no entanto, como profeta. Honram Maria, sua
mãe virginal, e a invocam, às vezes, com devoção. Aguardam, além disso, o dia do juízo, quando
Deus há de retribuir a todos os homens ressuscitados. Como conseqüência, valorizam a vida moral
e honram a Deus sobretudo pela oração, esmolas e jejum (Declaração Nostra Aetate, n. 3, 1968)
(RAMPAZZO, 2014, p. 140).
Nesta citação encontramos sumariamente os principais fundamentos doutrinários
da religião islâmica uma fé estritamente monoteísta, e nesta citação encontramos pelo menos
três de seus cinco pilares da fé: oração, esmolas (doação) e jejum. Neste trecho de nosso artigo
nos deteremos nestes fundamentos da fé islâmica, trazendo as principais características destes
e sua relevância para os muçulmanos.
Para adentrarmos nos principais fundamentos do islamismo percebemos a necessidade de conceituar ou apresentar algumas características desta religião que segundo Filoramo
(2005) para caracterizar a religião vislumbra o termo islã como designação de “um modo de
vida completo” e desse modo nos instiga a esta busca por uma melhor especificação deste
sistema religioso conforme temos a seguir
O islamismo proclama uma fé religiosa e prescreve determinados rituais, mas estabelece também certa
ordenação da sociedade, ocupando-se da vida familiar, da legislação civil e penal, dos negócios, de regras
de etiqueta, de alimentação, de vestuário e até mesmo de higiene pessoal. Para o islamismo tradicional,
a distinção ocidental entre vida religiosa e vida secular não tem sentido (FILORAMO, 2005, p. 111).
E ainda com o intuito de apresentar os principais fundamentos desta religião, ressaltamos outras características do Islã segundo Rampazzo (2014) dizendo que:
O islamismo apresenta-se como uma religião:
- sem dogmas, a não ser o seu absoluto monoteísmo;
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- sem sacramentos, pois o Islamismo não reconhece a separação entre sagrado e profano;
- sem sacerdotes, pois não admite intermediários entre Deus e os homens;
- sem liturgia (não tem sacrifícios, imagens, etc.).
No entanto, o islamismo possui os seus teólogos (ulemá= conhecer), os seus pregadores (khatib), os
seus mestres de oração (imãs), os seus pregoeiros da oração (muezzin) (RAMPAZZO, 2014, p. 140).
Desse modo apontamos as principais características desta vertente religiosa que se
constitui como um sistema complexo e que com o status de religião do livro traz seus principais fundamentos no Alcorão ou Corão e dentre eles seus pilares da fé, os quais trataremos
adiante. Além do Alcorão temos também como fonte do islã as coleções de Hadith que são “as
tradições orais sobre a vida do profeta, e a Biografia do Profeta (Sirat al-Nabawi) compilada
por Ibn Ishaq (m. 768 ou 769)” (PINTO, 2010, p. 38).
Um outro ponto relevante para se conhecer o islã é o lugar reservado ao Mensageiro
Muhammad. Basicamente todos os pilares da fé que constituem o islã passam pelas experiências vividas por ele, como por exemplo, seu calendário que se fundamenta no evento da migração de Muhammad e seus companheiros conhecida como hijra ou hégira. E sua mensagem
vista como uma revelação se tornou a pedra fundante desta vertente religiosa:
A pregação de Muhammad passou a afirmar-se como uma nova religião baseada na restauração
da mensagem divina enviada a Abraão (Ibrahim), o primeiro monoteísta e antepassado mítico dos
árabes e judeus. A aceitação da palavra divina era o islã (islam), e os seus seguidores os muçulmanos
(muslim, PL. muslimum), cujo conjunto passou a constituir uma comunidade moral universal, a
umma. A declaração islâmica declarou todos os homens iguais perante a Deus, para além das diferenças sociais de afiliação tribal, riqueza ou poder (ALCORÃO, 49: 10-18) (PINTO, 2010, p. 42).
Desse modo com as exposições acima trouxemos os principais pressupostos que
consideramos serem essenciais para se abstrair a constituição histórica desta religião. E assim,
nos encaminhamos para a apresentação de seus pilares da fé iniciando pela sua profissão de fé
a Shahada considerado em praticamente todas as literaturas que tratam do islamismo como
o primeiro pilar da fé islâmica e se constitui numa espécie de oração composta pelos dizeres
“não existe outro Deus além de Deus e Maomé é Mensageiro de Deus (La ilaha illa Allah wa
Muhammad rasul Allah) (FILORAMO, 2005, p. 148). Esta proclamação é vista como as duas
principais verdades do islamismo, pois é necessário ter Allah como único e verdadeiro Deus
e Maomé como seu profeta mensageiro, poderíamos dizer, em outros termos, que seriam as
duas primeiras condições para se tornar muçulmano.
As orações diárias e a Salat vista como um ritual coletivo trata-se do conjunto de
preces ou orações realizadas cinco vezes ao dia: madrugada (fajr), ao meio-dia (zuhud), no
meio da tarde (‘asr), ao por do sol (maghrib) e por fim à noite (‘isha). Dentre estas orações
diárias a mais importante é a oração da sexta-feira (salat al-jum’a). A oração coletiva é vista
também como uma concretização ou poderíamos dizer uma representação da comunidade
islâmica a Umma. Poderíamos destacar vários aspectos relevantes para o uso da oração, mas
ressaltamos as palavras de Pinto (2010) dizendo que “a oração seja um poderoso instrumento
disciplinar [...]” (PINTO, 2010, p. 57). Ela pode ser proferida na mesquita, como é o caso
da Salat, por ser a oração da sexta-feira considerada mais sagrada e as demais em qualquer
ambiente no qual se encontrem os muçulmanos, no trabalho, na rua, mercados, etc.
A Zakat entendida como uma doação, esmola ou caridade, é mais uma das obrigações do muçulmano. Podemos analogamente associá-lo à uma espécie de dízimo ou oferta
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que serve para o sustento e manutenção da comunidade islâmica principalmente destinando-se às pessoas mais obres e órfãos. Essa doação gira em torno do 2,5% da renda de
cada muçulmano (PINTO, 2010, p. 59) sendo vista como forma explícita de caridade, pois
mesmo sendo praticada com algumas diferenças entre xiitas e sunitas mas, essencialmente
realizada entre todos constituindo-se como mais um dos pilares da fé islâmica. Esta prática
muçulmana vislumbra uma forma de solidariedade entre as comunidades islâmicas, podendo
ser compartilhada entre membros de uma mesma Umma, mas que pode se estender à outras
e nestes casos principalmente destinando-se à vítimas de conflitos. Apesar de assemelhar ao
dízimo existente na concepção cristã, a Zakat tem caráter mais efetivo socialmente porque
não se destina apenas às obras voltadas para a religião ela se destina ao sustento dos mais necessitados dentre eles as viúvas e os órfãos.
O jejum é quarto pilar da fé no islã sendo uma prática muçulmana durante o mês
do Ramadan na qual os muçulmanos abstendo-se de bebidas, alimentos e relações sexuais (e
ainda em algumas interpretações outros prazeres como jogar e fumar) realizam uma espécie de
jejum espiritual permeando também sua vida social. O mês do Ramadan é considerado sagrado
porque foi o período de início da revelação feita ao profeta Muhammad segundo o Alcorão. Ele
o Sawm fundamenta-se numa tradição Abraâmica sendo visto como um mecanismo que possui
caráter disciplinar, diferentemente da concepção penitencial praticada na quaresma cristã. O
Sawm auxilia no controle de impulsos e desejos e perdura durante todo o mês do Ramadan que
se encerra com a festa ‘Aid al-Fitr (Festa da Quebra do Jejum)(PINTO, 2010, p. 62-63).
E por fim chegamos ao último dos cinco pilares a Hajj a peregrinação à Meca, esta
que é obrigação que deve ou pode ser praticada num tempo indeterminado, o muçulmano
deve cumpri-la ao menos uma vez antes do fim de sua vida. Ela é uma peregrinação obrigatória diferentemente da Dhu al-Hijja que é opcional. A Hajj proporciona que seus peregrinos
transcendam as diferenças existentes entre os diversos grupos muçulmanos fazendo prevalecer
a sua identidade muçulmana, o que acaba por trazer uma característica bem peculiar segundo
Pinto (2010) considerando-a como uma espécie de rito de passagem:
Isso faz com que a peregrinação a Meca tenha a estrutura de um rito de passagem (Van Gennep, 1978).
Ela inclui ritos de separação dos peregrinos de suas sociedades de origem [...] Ritos de margem, tais
como a proibição de cortar o cabelo e a barba [...] os ritos de incorporação a uma identidade muçulmana renovada, tais como o sacrifício que marca o final do processo ritual [...] (PINTO, 2010, p. 65).
E isto também se deve aos vários rituais realizados na peregrinação conforme a citação acima e outros como o apedrejamento dos três pilares (Mina), a festa do Sacrifício (‘Aid
al-Adha), o tawaf (circumbulação da Caaba), etc. ressaltando o aspecto transformador ou de
renovação trazido na peregrinação. E só após a execução destes vários rituais é que os peregrinos podem ser chamados de hajjis e a peregrinação à Meca ainda é vista como uma oportunidade de aprendizado intelectual, pois ao se encontrarem diversos grupos muçulmanos eles
trocam conhecimento e experiências deixando suas divergências doutrinais em segundo plano
e aprendendo mutuamente.
“SHAHADA” COMO UM RITO INICIATÓRIO
Neste trecho de nossa exposição iremos expor nossas considerações sobre a Shahada
com uma conotação de rito iniciatório e para tanto esclarecemos que a nossa interpretação
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corrobora com as de alguns autores e diverge de outros porque tratar do tema religião é sempre pisar numa espécie de campo minado onde ninguém está seguro, ou seja, para tratarmos
do tema é necessário cautela, e por isso alertamos para este cuidado que buscamos ter em
nosso texto, colocando mais um olhar entre tantos que podemos encontrar meio acadêmico.
Retomamos as nossas palavras iniciais para justificar como realizaremos esta análise,
a nossa proposta se fundamenta na teoria de Cassirer em seus argumentos trazidos na sua obra
Linguagem e Mito (2009) e mais especificamente no capítulo quatro intitulado “A Palavra
Mágica” porque encontramos neste rito (Shahada) características que se aproximam desta
proposta cassirereana da palavra como detentora de poder. E isto se justifica em função da
constituição das palavras presentes neste rito “La ilaha illa Allah wa Muhammad rasul Allah”,
que significa “não existe outro Deus além de Deus e Maomé é Mensageiro de Deus”.
Podemos inferir que nesta curta declaração ou proclamação o muçulmano deposita
toda sua crença visualizando nestas palavras esta potencialidade de uma transformação de
vida. Se for proclamada na vida adulta basta ser proferida mediante duas testemunhas e a
partir de então o indivíduo torna-se um muçulmano e de uma forma muito simples também
são proferidas ao ouvido do recém-nascido, podendo ser visto como um sussurro.
Este é o foco de nossa análise esta profissão de fé que é considerada “uma fórmula
de consagração com o objetivo de lembrar que Deus é a única divindade” (PINTO, 2010).
O que em nossa interpretação nos encaminha para uma possibilidade de rito iniciatório, entendido como um rito de passagem, por se constituir numa espécie de separação entre “os de
dentro e os de fora” da religião. Neste sentido de rito de passagem como um rito de separação
ou preliminar, nos apoiamos em Gennep (2011) que realiza uma classificação dos ritos:
Um mesmo rito pode, portanto, incluir-se em quatro categorias ao mesmo tempo, havendo por
conseguinte 16 possibilidades de classificação para determinado rito [...] Dada a importância dessas
passagens, acredito ser legítimo distinguir uma categoria especial de Ritos de passagem, que se decompõem, quando submetidos à análise, em Ritos de separação, Ritos de margem e Ritos de agregação [...]
Se, por conseguinte, o esquema completo dos ritos de passagem admite em teoria ritos preliminares
(separação), liminares (margem) e pós-liminares (agregação) [...] (GENNEP, 2011, p. 29-30).
Gennep (2011) nos auxilia nesta classificação da Shahada (literalmente testemunho) como um rito iniciatório porque mediante sua classificação trazendo os ritos preliminares
ele aponta esta separação entre os pertencentes e os não-pertencentes à religião, pois em sua
teoria ele apresenta estágios diferenciados sendo os de iniciação encontrados neste “primeiro
estágio”, identificando um antes e um depois.
Encontramos na Shahada estas características de um rito preliminar (separação)
porque através dele encontramos uma transição para um novo ser, o que de forma análoga
temos no cristianismo no rito do batismo. No islamismo este rito realiza-se em períodos indeterminados, podendo realizar-se na fase adulta, na qual o indivíduo ao proferir o testemunho
da fé mediante a presença de testemunhas e de um imã (sacerdote) insere-se na comunidade
islâmica como um muçulmano, proclamando Allah como único Deus e Muhammad como
seu mensageiro, sendo repetidas três vezes. E na infância, quando recém-nascido, esta profissão de fé é realizada pelo pai da criança, logo após o nascimento, ele profere em forma de
sussurro em seu ouvido esquerdo o testemunho trazendo seu filho para a Umma.
Ainda no sentido de justificar a opção por denominarmos a Shahada como um rito
iniciatório, de passagem para um nascimento, para uma nova vida. Se no nascimento, ocorre
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pelo desejo dos pais e se na fase adulta pela própria iniciativa do “novo convertido”. Assim
ela pressupõe um novo nascimento para uma nova vida, trazendo esta conotação de rito de
passagem, conforme verificamos na exposição abaixo:
Os ritos de passagem se associam às grandes mudanças na condição do indivíduo. As principais transições marcadas por esses ritos são o nascimento, a entrada na idade adulta, o casamento e a morte.
Tais ritos costumam simbolizar uma iniciação. O nascimento é a iniciação na vida [...] (GAARDER;
HELLERN; NOTAKER, 2000, p. 28).
De forma simbólica constatamos na Shahada esta transição, um nascimento, para
uma nova realidade por meio das palavras proferidas se busca esta “transformação”. A identidade muçulmana se coloca como fundamental neste elemento da doutrina islâmica. Ela
(a shahada) propicia ao indivíduo, seja ele, adulto ou criança, a incorporação ao universo
religioso do islã, mesmo que ela seja vista como um rito simples, é também considerada um
conteúdo doutrinal obrigatório, reservada suas peculiaridades e diferenças entre os diversos
grupos que constituem a religião islâmica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em nosso artigo buscamos trazer alguns elementos presentes na teoria de Cassirer
colocando língua e linguagem como pressupostos fundamentais na sua teoria e em sua obra
Linguagem e Mito, à qual utilizamos como pressuposto teórico para nossa análise. Assim
procuramos apresentar as características presentes nos cinco pilares da fé islâmica, e de forma
mais específica os fundamentos da Shahada como um rito iniciatório.
Neste estudo intencionamos fazer uma relação da teoria cassirereana com o papel
representativo que tem as palavras proferidas na Shahada. E de como as palavras no contexto
das religiões recebem um “empoderamento” transcendendo sua representação gráfica e recebendo uma conotação simbólica bem mais representativa do que fora deste contexto. Porém
precisamos alertar para nossa visão que se fundamenta em alguns autores e que ao tratarmos
de temáticas vinculadas às religiões temos a convicção de que não trazem uma totalidade e
nem um esgotamento dos seus pressupostos sejam eles doutrinários, culturais, etc.
Consideramos necessário esclarecer que nossas colocações e interpretações não são
e estão longe de ser a palavra final sobre como ver os ritos dentro das religiões, mas de forma
mesmo que introdutória, buscamos realizar uma singela amostra de como tratar os ritos como
objeto de estudo. Sabemos que quando realizamos algum estudo ou pesquisa dentro das religiões, estamos sempre trazendo mais um olhar, uma perspectiva, uma possibilidade, ou como
um viés interpretativo, deixando sempre o caminho aberto à novas possibilidades.
Também consideramos relevante retomar a nossa justificativa pelo tema, como pesquisadoras das ciências das religiões, o estudo dos ritos nos proporciona vislumbrar uma
forma prática de se utilizar o conhecimento adquirido na academia transpondo-o para a sala
de aula. E neste sentido buscamos neste artigo realizar uma análise hermenêutica utilizando o
rito e a teoria de Ernst Cassirer como aporte teórico, trazendo um exemplo de como aplicar
o conhecimento acadêmico.
Além disso, o estudo dos ritos nos encaminha para uma busca de entendimento de
nós mesmos, considerando seu caráter sócio-antropológico. Ele que traz uma ordenação do
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cosmos em lugar do caos, nos permite esta transposição de nosso pensamento trazendo por
meio da prática principalmente no contexto da religião esta nova ordem das coisas. O rito
serve como elemento articulador entre a tradição, a memória, a transformação e também a
manutenção do grupo, reavivando valores e concepções identitárias.
O que podemos constatar com o estudo dos ritos islâmicos principalmente na
Shahada nela, enquanto profissão de fé, encontramos condensada o pilar constitutivo da fé
muçulmana. Ao sussurrar no ouvido da criança recém-nascida esta “fórmula” de consagração
o pai realiza uma transposição da crença, ou mesmo da identidade da Umma. De forma simbólica aquela criança entende que Allah é Deus e que Muhhamad é seu mensageiro, e isso será
propagado de geração em geração.
O rito também é relevante por seu dinamismo constituindo-se como um fenômeno
que se caracteriza por fases de incorporação e separação, como nos indica Gennep (2011)
com suas classificações dos ritos de passagens. No caso da Shahada podemos classificá-lo além
de rito iniciatório, um fenômeno de incorporação identitário, fazendo com que todos aqueles
que a realizem se tornem membros integrantes deste grupo religioso.
Desse modo a guisa de conclusão apenas indicamos um caminho a ser seguido, vemos no estudo dos ritos um grande percurso a ser seguido por estudiosos das religiões. Neste
trabalho a que nos propusemos realizar conseguimos enxergar um universo de possibilidades, que tanto a hermenêutica como os próprios ritos no sentido antropológico podem nos
encaminhar, e por isso convidamos nossos leitores a se aventurarem assim como nós, neste
universo do fenômeno religioso.
THE MAGIC WORD IN ISLAM: “SHAHADA” A RITE OF INITIATION IN ISLAMIC
FAITH
Abstract: this article aims to show the relevance of the rites within the Islamic religion especially
the rites which are the pillars of faith, highlighting the Shadada as an initiatory rite. Our methodology will be based on descriptive bibliographic research in which we will be making a relation
to the Myth Theory of Ernst Cassirer, essentially the arguments presented in his book Language
and Myth (2009), showing the word as a “very powerful change”. Therefore, to accomplish the
analysis proposed, we have also hermeneutics as grounding, for we will use it as an interpretive
train of thought in our article. Making a connection among the arguments brought by Cassirer
in his work cited, and relating them to the rite of Shahada which is commonly known as their
faith profession. With this study we could verify in this rite a kind of consecration to God (Allah)
in which the word is the magic-changing element, highlighting the monotheist belief as the main
grounding of the Islamic faith.
Keywords: Initiation rite. Prayer. Hermeneutics. Word. Islam.
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