584 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO DENTAL EXTRACTION FOLLOWED BY RIGID INTERNAL FIXATION IN ATROFIC MANDIBLE – CASE REPORT Bruna de Rezende MARINS * Larissa Nicole PASQUALOTTO * Natasha MAGRO-ÉRNICA ** Geraldo GRIZA ** Eleonor Álvaro GARBIN Jr ** ______________________________________ * Residentes do Serviço de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná – UNIOESTE. ** Professores do Serviço de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná – UNIOESTE. MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 585 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO RESUMO A fratura da mandíbula durante ou após remoção de dentes impactados é um evento incomum e o principal fator de risco é a remoção de dentes retidos e impactados na mandíbula severamente atrófica. O edentulismo, doença periodontal pré-existente e, uso de prótese total por longo período, conferem uma mudança morfológica importante geralmente levando a uma grande atrofia óssea. O osso atrófico se torna denso, apresenta menor área de contato entre as extremidades fraturadas, com diminuição da osteogênese, do reparo e da vascularização. Este osso é menos resistente a forças traumáticas, mais propenso a fraturas e à complicações destas fraturas. Atualmente, existem diversas possibilidades terapêuticas e discussões sobre métodos de tratamento e, vantagens ou dificuldades encontradas durante o procedimento são relatadas na literatura, com divergência de opiniões entre os pesquisadores. A proposta deste trabalho é relatar caso clínico de paciente com 44 anos e, a presença de dentes retidos e impactados na região da sínfise mandibular atrófica. Foi realizada exodontia e, durante o procedimento observou-se fratura incompleta da mandíbula, havendo sido realizada a fixação interna rígida com placa de reconstrução do sistema 2,4 mm. A exodontia dos elementos dentais retidos leva à fragilidade mandibular, podendo acarretar fraturas. Nestes casos é necessário tratamento imediato com utilização de fixação interna rígida com placas de reconstrução do sistema 2,4 mm, promovendo seu restabelecimento integral das funções mastigatórias, com mínimo de sequelas. ABSTRACT The mandible fracture during or after the removal the impacted teeth is an unusual event and the main risk factor is the extraction of impacted teeth in severe atrophic mandible. Edentulism, preexisting periodontal disease, and the use of denture for a long time confer an important morphological change which usually leads to severe bone atrophy. The atrophic bone becomes dense, presents smaller contact area between the fractured ends, associated with reduced osteogenic, repair, and vascularization. This bone is less resistant to traumatic forces, more prone to fractures, and to complications of these fractures. Nowadays, there are many therapeutic possibilities and discussion about method, advantages and difficulties observed during the treatment are described in the literature with divergent opinions. The aim of this study was to report a case of a 44-year-old patient with impacted teeth in atrophic mandible symphysis that was treated by extraction. During the procedure was observed an incomplete fracture in mandible which was fixated using 2.4 reconstruction titanium plates. The removal the impacted teeth leads to mandible fragility, which may incur fractures in these cases it is necessary immediately treatment which 2.4 reconstruction plates. That promotes patient’s integral reestablishment of the masticatory function, with sequel as small as it is possible. UNITERMOS: Exodontia; Mandíbula atrófica; Fratura da mandíbula. UNITERMS: Extraction; Atrophic mandible; Mandible fracture. MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 586 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO INTRODUÇÃO As fraturas de mandíbula atrófica são raras dentre as fraturas da face e são casos de difícil tratamento para o Cirurgião Bucomaxilofacial, especialmente por atingirem, em número considerável, pacientes com idade mais avançada e, com algum tipo de comprometimento sistêmico (MARZOLA, 2008). O osso alveolar de suporte de dente é estimulado para manter a sua qualidade e quantidade de osso secundariamente às forças oclusais, carga gerada pelos dentes. A perda de dentes resulta em uma perda deste estímulo, levando a uma perda volumétrica de osso. Assim, o edentulismo, doença periodontal préexistente e, uso de prótese total por longo período, conferem mudança morfológica importante, geralmente levando a uma grande atrofia óssea. O osso remanescente se torna denso, com osteogênese e reparo diminuídos, menor área de contato entre as extremidades fraturadas e, com comprometimento na vascularização, sendo menos resistente às forças traumáticas e mais propensas às fraturas e suas complicações (SCHILLI; STOLL; BÄHR et al., 1998; TOLEDO-FILHO; MARZOLA; PASTORI et al., 1998; TUCKER, 2000 e MARZOLA, 2008). Os principais agentes etiológicos das fraturas de mandíbula atróficas são os acidentes automobilísticos, seguidos dos episódios de quedas e, as agressões e, em casos mais raros durante ou após a extração de elementos dentários impactados, sendo mulheres aquelas mais afetadas. A fratura da mandíbula durante ou após remoção de dentes retidos é um evento incomum, estando principalmente relacionada à remoção de dentes retidos na mandíbula severamente atrófica, associada às lesões patológicas, mau planejamento cirúrgico, utilização de técnica cirúrgica inadequada, manuseio inadequado dos tecidos envolvidos, ou ainda inadequação do instrumental para o procedimento planejado e, estando quase sempre associada ao emprego de forças manuais intempestivas (SCHILLI; STOLL; BÄHR et al., 1998; TOLEDO-FILHO; MARZOLA; PASTORI et al., 1998; TUCKER, 2000 e MARZOLA, 2008). Atualmente, há ampla gama de possibilidades terapêuticas envolvendo desde o tratamento mais conservador, como a abordagem incruenta com o uso de goteiras, até procedimentos mais invasivos como a redução e fixação cruenta, acompanhadas ou não de enxertia óssea. Discussões sobre o método de tratamento, vantagens ou dificuldades encontradas durante o procedimento são relatadas na literatura, com divergência de opiniões (TOLEDO-FILHO; MARZOLA; PASTORI et al., 1998 e MARZOLA, 2008). Este trabalho tem como objetivo relatar caso clínico de exodontia em mandíbula atrófica que após o procedimento teve fratura incompleta sendo realizada fixação interna rígida com placa de reconstrução. No pós-operatório, observou-se que o caso evoluiu de maneira satisfatória, com bons resultados funcionais e estéticos, melhorando a qualidade de vida da paciente, justificando assim sua apresentação. RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO Paciente M. D. P., 44 anos de idade, gênero feminino, leucoderma, procurou atendimento ambulatorial no Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) com a queixa principal de “dor e falta de estabilidade da prótese total inferior”. Na MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 587 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO anamnese, a paciente negou tabagismo, etilismo, alergias ou outras morbidades. Ao exame físico, foi observado presença de elementos impactados na região de sínfise mandibular provocando lesões ulceradas e hiperplasias na mucosa, além de interferir na estabilidade protética da prótese total inferior (Figs. 1 e 2). Ao exame radiográfico (periapicais, oclusais e panorâmicas) evidenciou-se presença de três elementos retidos e impactados na região da sínfise mandibular, sendo a mandíbula atrófica (Figs. 3 a 5). 2 1 Figs. 1 e 2 – Vista frontal e intra bucal da paciente. Fonte: Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Cascavel – PR 3 4 5 Figs. 3 a 5 – Exames de imagem (Radiografia Panorâmica, Oclusal e Periapical) Fonte: Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Cascavel – PR. MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 588 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO O plano de tratamento proposto foi realização das exodontias sob anestesia geral devido à possibilidade de fratura mandibular no transoperatório, com necessidade de redução e fixação cirúrgica. A paciente assinou o termo de consentimento livre e esclarecido pelo tratamento, seguindo-se com a realização dos exames laboratoriais e, avaliação cardiológica de risco cirúrgico. Na cirurgia, sob anestesia geral e intubação nasotraqueal, iniciou-se com extração dos elementos retidos e impactados, com osteotomia e odontosecção e, no momento da luxação dos dentes constatou-se uma fratura incompleta da sínfise mandibular. Seguiu-se com a F. I. R. com placa de reconstrução 2,4 mm devido à grande atrofia óssea na região. O retalho cirúrgico foi reposicionado e suturado com fio reabsorvível 4-0 (Vicryl®) (Figs. 6 a 10). 6 7 8 Figs. 6 a 8 – Sequência do transoperatório: 6) incisão e descolamento; 7) exodontia e 8) moldagem da placa. Fonte: Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Cascavel – PR. MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 589 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO 9 10 Figs. 9 e 10 – Sequência do transoperatório: 9) fixação e, 10) sutura. Fonte: Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Cascavel – PR. No pós-operatório de 180 dias, observou-se pelo exame físico e radiográfico, redução e fixação da fratura de maneira satisfatória, evoluindo com bons resultados funcionais e estéticos, com manutenção da altura facial, ausência de queixas álgicas, melhor adaptação da prótese total inferior e, possibilitando o retorno da paciente as suas atividades laborais (Figs. 11 a 13). 11 12 MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 590 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO 13 Figs. 11 a 13 – Pós-operatório de 180 dias com vista intra bucal (11 e 12) e Raio-X panorâmico do controle. Fonte: Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Cascavel – PR. DISCUSSÃO O edentulismo é uma doença que afeta a população mundial, sendo a maioria de pessoas idosas. A atrofia mandibular é uma condição caracterizada pela extensa reabsorção óssea, estando relacionada ao edentulismo (MARZOLA, 2008; ALVARENGA; AKAKI; SOUZA et al 2013 e FRANCIOSI; MAZZARO; LARRANAGA et al 2014). Apresentam um risco significante aumentado de sofrerem fraturas patológicas da mandíbula (MASON; TRIPLETT; VAN SICKELS et al 1990; EYRICH; GRATZ; SAILER, 1997 e MARZOLA, 2008). Os procedimentos cirúrgicos para a remoção de dentes retidos e impactados estão associados a fatores de risco ou ainda complicações, como fraturas de dentes, alteração sensorial, hemorragias, fraturas, alveolites e infecções secundárias (LIBERSA; ROOZE; CACHATRT et al., 2002 e MARZOLA, 2008). A fratura da mandíbula, durante ou após remoção de dentes retidos e impactados, é um evento incomum, estando relacionada ao mau planejamento cirúrgico, utilização de técnica cirúrgica inadequada, manuseio inadequado dos tecidos envolvidos, ou ainda inadequação do instrumental para o procedimento planejado, estando quase sempre associada ao emprego de força manual intempestiva. As fraturas podem ser oriundas, também, durante a remoção de dentes retidos na mandíbula severamente atrófica, assim como no caso descrito, ou ainda, quando estão associadas a lesões patológicas (GUSMAN; SCHEINPFLUG; BELTRÃO, 1990; LIZUCA; TANNER; BERTHOLD, 1997; KRIMMEL; REINERT, 2000; MARZOLA, 2008 e KAO; HUANG; CHEN et al., 2010). A ocorrência da fratura mandibular é bastante rara, podendo ser observada tanto no trans quanto no pós-operatório. Estima-se que sua incidência possa variar de 0,0034 a 0,0075% em exodontias (BODNER; BRENNAN; MCLEOD, 2011). Outro fator importante a ser considerado é a idade do paciente e, estudos mostram que a maior incidência de fraturas pós-cirúrgicas ocorram em pacientes com idade acima de 40 anos (MARZOLA, 2008). Este fato é explicado devido à desmineralização secundária, à osteoporose, atrofia óssea, ou ainda à presença de lesões císticas, favorecendo o enfraquecimento do sistema esquelético (LIBERSA; ROOZE; CACHATRT et al., 2002; MARZOLA, 2008 e KAO; HUANG; CHEN et al., 2010). MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 591 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO Dentes retidos ocupam volume considerável da mandíbula, exigindo maior remoção de osso durante a cirurgia, tendendo a enfraquecer a estrutura mandibular. Um fato importante a ser ressaltado é que a severidade da localização anteroposterior do dente não parece influenciar na predisposição das fraturas, no entanto, quanto mais verticalmente estiver o dente, maior a probabilidade de ocorrer fratura mandibular (LIZUCA; TANNER; BERTHOLD, 1997 e PERRY; GOLDBERG, 2000). Outro aspecto importante é o tipo de tratamento a ser utilizado e, estudos mostram que determinados profissionais priorizam tratamentos mais conservadores, enquanto outros buscam sempre o tratamento como F. I. R. (CUSTÓDIO; MENEZES JÚNIOR; CAVALCANTI et al., 2007). A técnica de tratamento não cirúrgico como o bloqueio intermaxilar (BIM), por meio dos tipos diferentes de amarrios, tem como vantagens a simplicidade da técnica, atendimento primário, obtenção da imobilização da mandíbula e, o restabelecimento da oclusão. Em compensação, os problemas associados incluem o desconforto pós-operatório, perda das funções maxilares, impossibilidade de boa higienização bucal, de nutrição apropriada quantitativa e qualitativamente, devendo o paciente ser informado sobre a mudança necessária para a dieta líquida e balanceada (ELLIS III; PRICE, 2008). Tratamentos realizados com BIM apresentam menores índices de cooperação pelo paciente e, alguns deles até mesmo desfazem o bloqueio prematuramente. Por outro lado, foi relatada a menor frequência de má oclusão e de parestesia transitória de nervos, empregando-se este tipo de tratamento (DODSON; PERROTT; KABAN et al., 1990). Uma das técnicas de tratamento cirúrgico é a F. I. R., utilizando placas e parafusos na região da fratura para se obter a contenção estável, eficaz e, promovendo uma cicatrização óssea primária. Resulta assim, em maior satisfação do paciente, diminuindo o desconforto pós-operatório, acelerando o retorno das funções maxilares, facilitando a administração da higiene oral e, melhorando a nutrição, possuindo resultados mais previsíveis com menor morbidade (MARZOLA, 2008; MADSEN; KUSHNER; ALPERT, 2011; MÜLLER; BÜRGERS; EHRENFELD et al., 2011; PEREIRA; GEALH; BARBOSA et al., 2011; NOVELLI; SCONZA; ARDITO et al., 2012 e HACHLEITNER; ENZINGER; BRANDTNER et al., 2014). Pelo fato da atrofia tornar a mandíbula mais quebradiça e seu potencial osteogênico apresentar-se reduzido, quanto mais atrófico é este osso maior deverá ser a placa de titânio, no caso de perda de fragmento e, a associação a enxerto ósseo resultará na menor probabilidade de complicações pós-operatórias e numa boa consolidação da fratura para a rápida readaptação às próteses dentárias (MATIAS; ANDRADE; FERNANDES, 2004; NOVELLI; SCONZA; ARDITO et al., 2012 e FRANCIOSI; MAZZARO; LARRANAGA et al., 2014). Além de que, o osso atrófico não pode compartilhar forças de carga da mandíbula com o material de osteossíntese (SCHILLI; STOLL; BÄHR et al., 1998; ELLIS III; PRICE, 2008; AZIZ; NAJJAR, 2009 e HACHLEITNER; ENZINGER; BRANDTNER, et al., 2014). No caso aqui relatado, havia atrofia óssea, sendo a fratura estabilizada com a placa de reconstrução e os parafusos de titânio de 2,4 mm. Esta conduta está de acordo com relatos (GOMES; SILVA; CARVALHO et al., 2001 e VASCONCELOS; OLIVEIRA; SANTOS et al., 2001), que afirmam serem as placas de titânio biocompatíveis e, apresentam excelentes propriedades físicas e mecânicas, promovendo melhor estabilidade das fraturas e, ainda elegem a técnica cirúrgica de redução como melhor forma de tratamento, oferecendo maior conforto pós-operatório pela ausência do bloqueio maxilomandibular. MARINS, B. R.; PASQUALOTTO, L.; MAGRO-ÉRNICA, N. et al., Exodontia seguida de fixação rígida em mandíbula atrófica – Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 9, p. 584-593, set., 2015. 592 EXODONTIA SEGUIDA DE FIXAÇÃO INTERNA RÍGIDA EM MANDÍBULA ATRÓFICA – RELATO DE CASO CONCLUSÕES A extração dos elementos dentais retidos e impactados leva à fragilidade mandibular, podendo acarretar fraturas. Nestes casos é necessário tratamento imediato com fixação interna rígida com placas 2,4 mm. Independentemente do método utilizado, a finalidade básica do tratamento das fraturas deve ser o restauração da oclusão funcional e a continuidade mandibular, promovendo o restabelecimento integral das funções mastigatórias do paciente, com o mínimo de sequela possível. No pós-operatório, o tratamento preconizado demonstrou-se satisfatório. REFERÊNCIAS* ALVARENGA, R. L.; AKAKI, E.; SOUZA, A., C., R., A. et al., Reabilitação de mandíbula atrófica com implantes curtos e placa de titânio: apresentação de um caso clínico. Rev. Port. Estomatol. Med. Dent. Cir. Maxilofac., v. 54, n. 4, p. 217–21, 2013. AZIZ, S. R.; NAJJAR, T. 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