533 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR NO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CARDIAC ARREST AND CARDIOPULMONARY RESUSCITATION IN THE EMERGENCY SERVICE: A LITERATURE REVIEW Diliane Barroso Madeira Discente do curso de pós-graduação em Urgência e Emergência: Atenção Pré-Hospitalar e IntraHospitalar pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG. E-mail [email protected]. Helisamara Mota Guedes Mestre em Enfermagem pela UFG. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri. E-mail [email protected]. RESUMO A parada cardiorrespiratória cerebral é definida pela cessação abrupta das funções circulatória, respiratória e cerebral. A morte súbita é uma condição que cada vez mais ganha destaque nos noticiários e periódicos científicos tanto no Brasil quanto no exterior. A reanimação cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas diagnósticas e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada cardiorrespiratória. Este estudo teve como objetivo analisar os artigos publicados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) referente a parada cardiorrespiratória e aplicação das manobras de ressuscitação cardiorrespiratória no atendimento do adulto em urgência e emergência. Trata-se de uma revisão bibliográfica. A seleção dos trabalhos para esta revisão foi feita com base em pesquisa bibliográfica realizada em indexadores de produção científica (BIREME). A pesquisa resultou em oito artigos científicos completos publicados entre 1999 a 2007. Esse estudo enfocou ocorrência de parada cardiorrespiratória, a aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar e seus prognósticos, mostrando a importância do conhecimento acerca das características dos pacientes que sofrem de parada cardiorrespiratória. Fica claro a importância de se realizar sempre treinamentos em ressuscitação cardiopulmonar, para que o atendimento seja realizado corretamente proporcionando uma melhoria na qualidade deste serviço. PALAVRAS-CHAVE: Parada Cardiorrespiratória. Ressuscitação Cardiopulmonar. Hospitais Gerais. ABSTRACT A Cardiac arrest cerebral is defined by abrupt cessation of circulatory functions, respiratory and cerebral. Sudden death is a condition that increasingly gained prominence in the news and scientific journals both in Brazil and abroad. The cerebral cardiopulmonary resuscitation is defined by the set of diagnostic and therapeutic measures that aims to reverse cardiac arrest. This study aimed to analyze the articles published in Virtual Health Library (VHL) on cardiac arrest and application of cardiopulmonary resuscitation in the adult care in urgency and emergency. This is a review. The selection of papers for this review was based on literature search in indexes of scientific production (BIREME). The search resulted in eight full scientific articles published between 1999 to 2007. This study focused on the occurrence of cardiac arrest, the application of cardiopulmonary resuscitation and their predictions, showing the importance of knowledge about the characteristics of patients suffering from cardiac arrest. Clearly the importance of conducting training in cardiopulmonary resuscitation always, so that the service is performed correctly by providing an improved quality of service. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 534 KEY WORDS: Cardiac Arrest. Cardiopulmonary Resuscitation. Reanimation Cardiorespiratory. General Hospitals. INTRODUÇÃO A parada cardiorrespiratória cerebral é definida pela cessação abrupta das funções circulatória, respiratória e cerebral. É a cessação de pulso em grandes artérias e da ventilação espontânea ou presença de respiração agônica, ocorrendo a perda da consciência devido a deficiência abrupta de oxigenação tissular. Isso tudo acontece ao mesmo tempo em um indivíduo (BARTHOLOMAY et al., 2003; CAVALCANTE; LOPES, 2005; GOMES et al., 2005; TIMERMAN et al., 2001). De acordo com Zanini, Nascimento e Barra (2006), a parada cardiorrespiratória é um evento comum em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), devido o fato de essas unidades assistirem pacientes gravemente enfermos. A morte súbita é uma condição que cada vez mais ganha destaque nos noticiários e periódicos científicos tanto no Brasil quanto no exterior (VANHEUSDEN et al., 2007). Segundo Gomes et al. (2005), a morte prematura por alguma enfermidade cardiovascular, apesar dos grandes avanços tecnológicos, é um grande desafio para a medicina intensiva. Só no Brasil, ocorrem 820 mortes por dia devido a essas enfermidades. Os pacientes têm a mortalidade reduzida quando conseguem ter acesso ao tratamento adequado de suporte avançado de vida. A reanimação cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas diagnósticas e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada cardiorrespiratória. Ela possui indicações e contra-indicações. Há poucas intervenções na medicina que atingem o impacto de salvar vidas, como a reanimação cardiorrespiratória cerebral (BARTHOLOMAY et al., 2003; MOREIRA et al., 2002). De acordo com Timerman et al. (2001), essa técnica representa um grande avanço na medicina intensiva. Ela tem preservado muitas vidas e consiste em realizar compressões torácicas externas. Estima-se que 500.000 pacientes sejam submetidos a reanimação cardiorrespiratória cerebral anualmente durante a internação nos hospitais dos Estados Unidos da América. O número de pacientes submetidos às manobras de reanimação cardiorrespiratória cerebral atendidos fora do ambiente hospitalar no mesmo país é de 225 mil ao ano (BARTHOLOMAY et al., 2003, p.182). Nos últimos anos, os acidentes e as violências têm levado as pessoas frequentemente a quadros de grande gravidade seguidos de parada cardiorrespiratória ou morte. São índices alarmantes de morbidade, mortalidade e incapacidade (BERTELLI; BUENO; SOUSA, 1999). Segundo Vanheusden et al. (2007), a aplicação correta da corrente de sobrevida é uma medida importante para melhorar a sobrevida. A corrente de sobrevida é definida como: acesso precoce, manobras de ressuscitação cardiorrespiratória, desfibrilação e acesso rápido ao hospital. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 535 De acordo com Zanini, Nascimento e Barra (2006), as questões que fundamentam a reanimação cardiorrespiratória cerebral devem ser conhecidas pelos enfermeiros, devendo os mesmos estar aptos para reconhecer quando um paciente está em parada cardiorrespiratória ou prestes a desenvolver uma. Segundo Bertelli, Bueno e Sousa (1999), além de salvar vidas, cabe a equipe possibilitar uma sobrevivência com qualidade após a parada cardiorrespiratória. O presente estudo justifica-se, pelo fato, de que o conhecimento acerca da aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar é de extrema importância para os profissionais de saúde principalmente enfermeiros, que são os profissionais que acompanham o paciente a maior parte do tempo. O estudo teve como objetivo analisar os artigos publicados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) referente a parada cardiorrespiratória e aplicação das manobras de ressuscitação cardiorrespiratória no atendimento do adulto em urgência e emergência. METODOLOGIA O estudo tratou-se de uma revisão bibliográfica que, de acordo com Cerco e Bervian (1983), visa reunir, analisar e discutir informações a partir de documentos já publicados, objetivando fundamentar teoricamente um determinado tema. A seleção de artigos foi feita com base em pesquisa bibliográfica realizada na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde com o descritor parada cardíaca. As produções científicas encontradas foram refinadas com artigos em texto completo, assunto ressuscitação cardiopulmonar, limites adulto e idioma português. Foram encontrados oito artigos científicos completos, publicados entre 1999 e 2007 e com eles foi realizada a revisão. A coleta de dados foi efetuada em dois momentos. O primeiro momento ocorreu no dia 25 de maio de 2010, em que foram selecionados artigos a respeito da parada cardíaca e livros sobre metodologia. Estes textos fundamentaram a construção da Introdução e Metodologia deste artigo. O segundo momento se transcorreu no dia 19 de julho do mesmo ano, que objetivou a construção dos Resultados e Discussão utilizando os oito artigos que abordavam a assistência da equipe de saúde no atendimento a uma parada cardiorrespiratória bem como as manobras de ressuscitação cardiopulmonar e cerebral e outras literaturas que completam o tema o qual não estavam disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos oito artigos encontrados, quatro deles foram publicados na Revista Brasileira de Cardiologia, sendo de autoria dos profissionais médicos, enfermeiros e estudantes de enfermagem. Observa-se que são estudos recentes, tendo em vista que o período de publicação foi de 2001 a 2007; com exceção de um artigo que foi publicado em 1999. Na TAB. 1, pode ser observada a distribuição dos artigos encontrados na Biblioteca Virtual de Saúde por título, ano, revista, autor e palavras-chave. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 536 TABELA 1 Caracterização dos artigos encontrados na Biblioteca Virtual de Saúde quanto ao título do artigo, nome da revista, ano de publicação, autoria e palavras-chave Ano Autores Palavras-chave Título Nome da revista Estudo preliminar das relações Rev. Esc. 1999 Andréia Bertelli Parada cardio-respiratória; entre duração da parada Enf. USP Márcia Regina Bueno Trauma; cardiorrespiratória e suas Regina Márcia Cardoso de Sousa conseqüências nas vítimas de trauma. Fatores prognósticos dos resultados de ressuscitação cardiopulmonar em um hospital de cardiologia. Arq Bras. Cardiol. 2001 Ari Timerman Naim Sauaia Leopoldo Soares Piegas Rui F. Ramos Carlos Gun Elizabeth Silva Santos Antônio C. Mugayar Bianco J. Eduardo M. R. Sousa Ressuscitação cardiopulmonar; Parada cardiorrespiratória; Infarto agudo do miocárdio; Estudo retrospectivo de sobrevida de pacientes submetidos à reanimação cardiorrespiratória em Unidade de Tratamento Intensivo. Arq Bras. Cardiol. 2002 Daniel Martins Moreira Guilherme Mariante Neto Marcelo Wierzynski Oliveira Letícia Biscaino Alves Luís Carlos Chorazje Adamatti Eliana de Andrade Trotta Sílvia Regina Rios Vieira Reanimação cardiorrespitarória; Parada cardiorrespiratória; Centro de tratamento intensivo; Impacto das manobras de reanimação cardiorrespiratória cerebral em um hospital geral. Fatores prognósticos e desfechos. Arq Bras. Cardiol. 2003 Eduardo Bartholomay Fernando Suparregui Dias Fábio Alves Torres Pedro Jacobson Afonso Mariante Rodrigo Wainstein Renato Silva Luiz Carlos Bodanese Parada cardiorrespiratória; Reanimação cardiorrespiratória; Intra-hospitalar; Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 537 TABELA 1 Caracterização dos artigos encontrados na Biblioteca Virtual de Saúde quanto ao título do artigo, nome da revista, ano de publicação, autoria e palavras-chave (Continuação) Título Título da Ano Autores Palavras-chave revista Fatores prognósticos de sobrevida Arq Bras. 2005 André Mansur de Carvalho Guanes Gomes Ressuscitação cardiopulmonar; pós-reanimação cardiorrespiratória Cardiol. Ari Timerman Parada cardíaca; cerebral em hospital geral. Carlos Alfredo Marcílio de Souza Prognóstico; Carlos Maurício Cardeal Mendes Hospitais gerais; Heitor Portella Póvoas Filho Adriano Martins de Oliveira José Antônio de Almeida Souza O atendimento à parada cardiorrespiratória em unidade coronariana segundo o protocolo Utstein. Acta Paul. Enferm. 2005 Tatiana de Medeiros Colletti Cavalcante Rita Simone Lopes Parada cardíaca; Avaliação em enfermagem; Parada e reanimação cardiorrespiratória: conhecimentos da equipe de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Bras. Ter. Inten. 2006 Juliana Zanini Eliane Regina Pereira do Nascimento Daniela Couto Carvalho Barra Enfermagem; Parada cardiorrespiratória; Reanimação; Terapia intensiva; Conceito fase-dependente na ressuscitação cardiopulmonar. Rev. Bras. Cardiol. 2007 Lutgarde Magda Suzanne Vanheusden Deyse Conceição Santoro David Szpilman Charles de Oliveira Batista Luiz Fernando de Barros Correia Fernando Eugênio dos Santos Cruz Filho Ressuscitação cardiopulmonar; Parada cardíaca; Desfibriladores externos automáticos; Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 538 Durante muito tempo foi difícil comparar dados entre as pesquisas relacionadas à aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar e seus prognósticos. Isso porque a nomenclatura não era uniforme e as definições de sucesso ou sobrevida não eram as mesmas. Com isso foi criado o protocolo de registro de Utstein intra-hospitalar em 1997 que veio para contemplar uma série de dados almejados para a coleta das informações, definição de sobrevida, entre outros (CAVALCANTE; LOPES, 2005). A reanimação cardiorrespiratória frequentemente é realizada em situações estressantes. Isso faz com que os reanimadores, muitas vezes, considerem apenas o fato da parada cardiorrespiratória ser uma situação de emergência e se esquecem de levar em conta a possibilidade do paciente portar doença crônica em fase terminal (MOREIRA et al., 2002). Robert et al. (2000) apud Moreira et al. (2002) apontaram que médicos e enfermeiros têm uma expectativa relacionada à sobrevivência pós parada cardiorrespiratória superior aos valores da realidade. O sucesso na ressuscitação cardiopulmonar fora do ambiente hospitalar está associado ao tempo entre o colapso e o início do socorro básico, que não deve ultrapassar quatro minutos. Está associado também à precocidade da aplicação do socorro especializado, principalmente da desfibrilação, que não deve ser mais do que oito minutos. As altas hospitalares são encontradas com mais frequência em grupos de pacientes que estão inseridos nesse contexto (BERTELLI; BUENO; SOUSA, 1999; TIMERMAN et al., 2001). Segundo Timerman et al. (2001), na parada cardiorrespiratória que ocorre em ambiente hospitalar, o socorro básico e especializado torna-se mais fácil e rápido. De acordo com Gomes et al. (2005), embora os hospitais possuam recursos de suporte avançado de vida, os pacientes que apresentam uma parada cardiorrespiratória em ambiente extra-hospitalar têm menor co-morbidade e severidade das doenças quando comparados com aqueles que apresentam uma parada cardiorrespiratória em ambiente intra-hospitalar. Segundo Cavalcante e Lopes (2005), isso é explicado devido o fato de que as doenças pré-existentes nos pacientes que estão hospitalizados podem predizer um pior prognóstico. De acordo com Bartholomay et al. (2003), os pacientes que sofrem parada cardiorrespiratória em ambiente extra-hospitalar apresentam morte súbita secundária a uma cardiopatia isquêmica. Em ambiente intra-hospitalar, há uma grande diversidade de comorbidades. A avaliação do paciente em parada cardiorrespiratória não deve ultrapassar 10 segundos. Ao profissional enfermeiro e à sua equipe cabe assistir os pacientes oferecendo ventilação e circulação artificiais até a chegada do médico (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006). Segundo Bertelli, Bueno e Sousa (1999), um fator de extrema importância para os resultados pós parada cardiorrespiratória é a isquemia devido a diminuição do fluxo de sangue oxigenado para todo o tecido cerebral. O cérebro por sua vez possui poucas reservas de glicose e oxigênio, o que faz com que todas as funções que necessitam de energia cessem dentro de poucos minutos após a parada cardiorrespiratória. Se não houver um suprimento de energia rápido, podem ocorrer lesões extremamente graves. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 539 De acordo com Gomes et al. (2005), vários estudos têm demonstrado que quanto menor o tempo entre a parada cardiorrespiratória e o atendimento, maior a chance de sobrevida da vítima. Segundo Vanheusden et al. (2007), depois do primeiro minuto de parada cardiorrespiratória, o índice de sobrevida cai de 7% a 10% para cada minuto de demora no atendimento. Timerman et al. (2001) identificaram em uma pesquisa realizada em um hospital de Cardiologia que todos os pacientes que sobreviveram estavam no grupo dos casos onde a ressuscitação cardiopulmonar foi iniciada em até cinco minutos de parada cardiorrespiratória. Em pesquisa realizada em uma Unidade Coronariana de um hospital terciário de grande porte, Cavalcante e Lopes (2005) verificaram que em 100% dos casos estudados a ressuscitação cardiopulmonar foi iniciada em até 2 minutos. O intervalo médio de tempo entre a detecção de inconsciência e o início das manobras básicas e avançadas em uma pesquisa realizada em um hospital geral por Bartholomay et al. (2003), foi de respectivamente um minuto e dois minutos e 30 segundos. Gomes et al. (2005) acrescentam que pacientes que não possuem doenças de base associada, clinicamente diagnosticada, têm uma maior sobrevida quando comparados aos que possuem doenças de base associada. Timerman et al. (2001) realizaram uma pesquisa em um hospital geral, analisando 536 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram que 61,6% eram homens e 38,4% eram mulheres. A principal causa da parada cardiorrespiratória foi a insuficiência cardíaca (55%) e o ritmo cardíaco identificado com maior freqüência foi a assistolia (48,1%). Moreira et al. (2002) realizaram uma pesquisa em uma UTI, analisando 136 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram que 67 eram homens e 69 eram mulheres. As principais causas da parada cardiorrespiratória foram o infarto agudo do miocárdio, isquemia ou arritmia cardíaca (20%) e o ritmo cardíaco identificado com maior freqüência foi a assistolia (15,4%). Observaram também que houve uma mortalidade significativamente maior no grupo da assistolia e menor no grupo de parada respiratória sem parada cardíaca. Bartholomay et al. (2003) realizaram uma pesquisa em um hospital geral, analisando 150 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram que 60% eram homens e 40% eram mulheres. A principal causa da parada cardiorrespiratória foi a doença arterial coronariana (30,6%) e o ritmo cardíaco identificado com maior frequência foi a assistolia. Observaram também que a assistolia e atividade elétrica sem pulso apresentaram uma taxa de sucesso menor quando comparados com a fibrilação ou taquicardia ventricular sem pulso. Gomes et al. (2005) realizaram uma pesquisa em um hospital geral, analisando 452 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram que 54,87% eram homens e 45,13% eram mulheres. A principal causa da parada cardiorrespiratória foi a doença cardiovascular (49,31%) e o ritmo cardíaco inicial identificado com maior freqüência foi a assistolia (41,71%). Cavalcante e Lopes (2005), realizaram uma pesquisa em uma Unidade Coronariana, analisando 30 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram que 56,66% eram homens e 43,33% eram mulheres. A principal causa Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 540 da parada cardiorrespiratória foi respiratória (43%) e o ritmo cardíaco inicial identificado com maior frequência foi a atividade elétrica sem pulso (AESP) (37%). Segundo Vanheusden et al. (2007), a média de ocorrência para os ritmos iniciais em uma parada cardiorrespiratória é de 40% para fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso, 40% para assistolia e 20% para dissociação eletromecânica. Bertelli, Bueno e Sousa (1999), realizaram uma pesquisa em um pronto socorro, analisando 30 vítimas de trauma que apresentaram parada cardiorrespiratória e verificaram que a maioria era do sexo masculino. Um constante problema ético tanto para os profissionais da equipe de saúde quanto para os socorrista é saber decidir quando iniciar, manter ou desistir das manobras de reanimação cardiorrespiratória. Dessa forma, é necessário ter subsídios para predizer resultados, tornando mais segura a tomada de decisões. Essas decisões devem ser tomadas com base em conhecimento profissional e não de forma arbitrária, uma vez que podem causar questionamentos médico, legal, ético e social (BERTELLI; BUENO; SOUSA, 1999). De acordo com Moreira et al. (2002), o médico responsável é quem decide se deve ou não realizar a reanimação na vítima de parada cardiorrespiratória. Ele poderá se basear nos dados encontrados nas literaturas para optar pela realização ou não das manobras de reanimação cardiorrespiratória. Se houver dúvida sobre qual decisão tomar, deve-se optar pela reanimação. Reconhecer a sequência do atendimento, mantendo certo nível de tranquilidade para manter as manobras de ventilação e circulação, bem como reunir materiais e equipamentos necessários são condições indispensáveis. É recomendado que a equipe de Enfermagem seja treinada para saber manusear e ter domínio de todo o conteúdo existente no carro de emergência e que saiba executar as manobras de suporte básico de vida (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS Notou-se que a parada cardiorrespiratória e consequentemente as manobras de ressuscitação cardiopulmonar tem sido cada vez mais frequentes no setor de urgência. Neste contexto, fica claro a importância de se realizar sempre treinamentos em ressuscitação cardiopulmonar, para que o atendimento seja realizado corretamente proporcionando uma melhoria na qualidade deste serviço. O conhecimento acerca das características dos pacientes que sofrem de parada cardiorrespiratória pode auxiliar os profissionais na ponderação da validade dos esforços originados pela ressuscitação cardiopulmonar. Os artigos mostraram que as publicações são recentes. Desta forma, a partir dos dados relacionados e discutidos nesse artigo, espera-se que outras pesquisas e idéias com enfoque em realização de manobras de ressuscitação cardiopulmonar bem como seus prognósticos sejam realizadas, tendo em vista que essa é uma modalidade de extrema importância para os profissionais da saúde, principalmente para o profissional Enfermeiro. REFERÊNCIAS Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 541 BARTHOLOMAY, E. et al. Impacto das Manobras de Reanimação Cardiorrespiratória Cerebral em um Hospital Geral. Fatores Prognósticos e Desfechos. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v.81, n.2, ago. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2003001000007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 maio 2010. BERTELLI, A.; BUENO, M. R.; SOUSA, R. M. C. de. Estudo preliminar das relações entre duração da parada cardiorrespiratória e suas consequências nas vítimas de trauma. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v.33, n.2, jun. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062341999000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 maio 2010. CAVALCANTE, T. de M. C.; LOPES, R. S. O atendimento à parada cardiorrespiratória em unidade coronariana segundo o Protocolo Utstein. Acta paul. enferm., São Paulo, v.19, n.1, mar. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010321002006000100002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 maio 2010. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-hill do Brasil, 1983. GOMES, A. M. de C. G. et al. Fatores prognósticos de sobrevida pós-reanimação cardiorrespiratória cerebral em hospital geral. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v.85, n.4, out. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2005001700006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 maio 2010. MOREIRA, D. M. et al. Estudo retrospectivo de sobrevida de pacientes submetidos à reanimação cardiorrespiratória em Unidade de Tratamento Intensivo. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v.78, n.6, jun. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2002000600002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 maio 2010. TIMERMAN, A. et al. Fatores Prognósticos dos Resultados de Ressuscitação Cardiopulmonar em um Hospital de Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v.77, n.2, ago. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X2001000800006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 maio 2010. VANHEUSDEN, L. M. S. et al. Conceito fase-dependente na ressuscitação cardiopulmonar. Revista da SOCERJ, Rio de Janeiro, v.20, n.1, fev. 2007. Disponível em: <http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2007_01/a2007_v20_n01_art09.pdf>. Acesso em: 25 maio 2010. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 542 ZANINI, J.; NASCIMENTO, E. R. P. do; BARRA, D. C. C. Parada e reanimação cardiorrespiratória: conhecimentos da equipe de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. bras. ter. intensiva, São Paulo, v.18, n.2, jun. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103507X2006000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 maio 2010. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010.