parada cardiorrespiratória e ressuscitação

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PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
NO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
CARDIAC ARREST AND CARDIOPULMONARY RESUSCITATION IN THE
EMERGENCY SERVICE: A LITERATURE REVIEW
Diliane Barroso Madeira
Discente do curso de pós-graduação em Urgência e Emergência: Atenção Pré-Hospitalar e IntraHospitalar pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG. E-mail
[email protected].
Helisamara Mota Guedes
Mestre em Enfermagem pela UFG. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri. E-mail [email protected].
RESUMO
A parada cardiorrespiratória cerebral é definida pela cessação abrupta das funções circulatória,
respiratória e cerebral. A morte súbita é uma condição que cada vez mais ganha destaque nos
noticiários e periódicos científicos tanto no Brasil quanto no exterior. A reanimação cardiorrespiratória
cerebral é definida pelo conjunto de medidas diagnósticas e terapêuticas que tem o objetivo de
reverter a parada cardiorrespiratória. Este estudo teve como objetivo analisar os artigos publicados na
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) referente a parada cardiorrespiratória e aplicação das manobras de
ressuscitação cardiorrespiratória no atendimento do adulto em urgência e emergência. Trata-se de
uma revisão bibliográfica. A seleção dos trabalhos para esta revisão foi feita com base em pesquisa
bibliográfica realizada em indexadores de produção científica (BIREME). A pesquisa resultou em oito
artigos científicos completos publicados entre 1999 a 2007. Esse estudo enfocou ocorrência de
parada cardiorrespiratória, a aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar e seus
prognósticos, mostrando a importância do conhecimento acerca das características dos pacientes
que sofrem de parada cardiorrespiratória. Fica claro a importância de se realizar sempre treinamentos
em ressuscitação cardiopulmonar, para que o atendimento seja realizado corretamente
proporcionando uma melhoria na qualidade deste serviço.
PALAVRAS-CHAVE: Parada Cardiorrespiratória. Ressuscitação Cardiopulmonar. Hospitais Gerais.
ABSTRACT
A Cardiac arrest cerebral is defined by abrupt cessation of circulatory functions, respiratory and
cerebral. Sudden death is a condition that increasingly gained prominence in the news and scientific
journals both in Brazil and abroad. The cerebral cardiopulmonary resuscitation is defined by the set of
diagnostic and therapeutic measures that aims to reverse cardiac arrest. This study aimed to analyze
the articles published in Virtual Health Library (VHL) on cardiac arrest and application of
cardiopulmonary resuscitation in the adult care in urgency and emergency. This is a review. The
selection of papers for this review was based on literature search in indexes of scientific production
(BIREME). The search resulted in eight full scientific articles published between 1999 to 2007. This
study focused on the occurrence of cardiac arrest, the application of cardiopulmonary resuscitation
and their predictions, showing the importance of knowledge about the characteristics of patients
suffering from cardiac arrest. Clearly the importance of conducting training in cardiopulmonary
resuscitation always, so that the service is performed correctly by providing an improved quality of
service.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010.
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KEY WORDS: Cardiac Arrest. Cardiopulmonary Resuscitation. Reanimation Cardiorespiratory.
General Hospitals.
INTRODUÇÃO
A parada cardiorrespiratória cerebral é definida pela cessação abrupta das
funções circulatória, respiratória e cerebral. É a cessação de pulso em grandes
artérias e da ventilação espontânea ou presença de respiração agônica, ocorrendo a
perda da consciência devido a deficiência abrupta de oxigenação tissular. Isso tudo
acontece ao mesmo tempo em um indivíduo (BARTHOLOMAY et al., 2003;
CAVALCANTE; LOPES, 2005; GOMES et al., 2005; TIMERMAN et al., 2001).
De acordo com Zanini, Nascimento e Barra (2006), a parada cardiorrespiratória
é um evento comum em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), devido o fato de
essas unidades assistirem pacientes gravemente enfermos.
A morte súbita é uma condição que cada vez mais ganha destaque nos
noticiários e periódicos científicos tanto no Brasil quanto no exterior (VANHEUSDEN
et al., 2007).
Segundo Gomes et al. (2005), a morte prematura por alguma enfermidade
cardiovascular, apesar dos grandes avanços tecnológicos, é um grande desafio para
a medicina intensiva. Só no Brasil, ocorrem 820 mortes por dia devido a essas
enfermidades. Os pacientes têm a mortalidade reduzida quando conseguem ter
acesso ao tratamento adequado de suporte avançado de vida.
A reanimação cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas
diagnósticas e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada
cardiorrespiratória. Ela possui indicações e contra-indicações. Há poucas
intervenções na medicina que atingem o impacto de salvar vidas, como a
reanimação cardiorrespiratória cerebral (BARTHOLOMAY et al., 2003; MOREIRA et
al., 2002).
De acordo com Timerman et al. (2001), essa técnica representa um grande
avanço na medicina intensiva. Ela tem preservado muitas vidas e consiste em
realizar compressões torácicas externas.
Estima-se que 500.000 pacientes sejam submetidos a reanimação
cardiorrespiratória cerebral anualmente durante a internação nos hospitais
dos Estados Unidos da América. O número de pacientes submetidos às
manobras de reanimação cardiorrespiratória cerebral atendidos fora do
ambiente hospitalar no mesmo país é de 225 mil ao ano (BARTHOLOMAY
et al., 2003, p.182).
Nos últimos anos, os acidentes e as violências têm levado as pessoas
frequentemente a quadros de grande gravidade seguidos de parada
cardiorrespiratória ou morte. São índices alarmantes de morbidade, mortalidade e
incapacidade (BERTELLI; BUENO; SOUSA, 1999).
Segundo Vanheusden et al. (2007), a aplicação correta da corrente de
sobrevida é uma medida importante para melhorar a sobrevida. A corrente de
sobrevida é definida como: acesso precoce, manobras de ressuscitação
cardiorrespiratória, desfibrilação e acesso rápido ao hospital.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010.
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De acordo com Zanini, Nascimento e Barra (2006), as questões que
fundamentam a reanimação cardiorrespiratória cerebral devem ser conhecidas pelos
enfermeiros, devendo os mesmos estar aptos para reconhecer quando um paciente
está em parada cardiorrespiratória ou prestes a desenvolver uma.
Segundo Bertelli, Bueno e Sousa (1999), além de salvar vidas, cabe a equipe
possibilitar uma sobrevivência com qualidade após a parada cardiorrespiratória.
O presente estudo justifica-se, pelo fato, de que o conhecimento acerca da
aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar é de extrema importância
para os profissionais de saúde principalmente enfermeiros, que são os profissionais
que acompanham o paciente a maior parte do tempo.
O estudo teve como objetivo analisar os artigos publicados na Biblioteca Virtual
de Saúde (BVS) referente a parada cardiorrespiratória e aplicação das manobras de
ressuscitação cardiorrespiratória no atendimento do adulto em urgência e
emergência.
METODOLOGIA
O estudo tratou-se de uma revisão bibliográfica que, de acordo com Cerco e
Bervian (1983), visa reunir, analisar e discutir informações a partir de documentos já
publicados, objetivando fundamentar teoricamente um determinado tema.
A seleção de artigos foi feita com base em pesquisa bibliográfica realizada na
base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde com o descritor parada cardíaca. As
produções científicas encontradas foram refinadas com artigos em texto completo,
assunto ressuscitação cardiopulmonar, limites adulto e idioma português. Foram
encontrados oito artigos científicos completos, publicados entre 1999 e 2007 e com
eles foi realizada a revisão.
A coleta de dados foi efetuada em dois momentos. O primeiro momento
ocorreu no dia 25 de maio de 2010, em que foram selecionados artigos a respeito da
parada cardíaca e livros sobre metodologia. Estes textos fundamentaram a
construção da Introdução e Metodologia deste artigo. O segundo momento se
transcorreu no dia 19 de julho do mesmo ano, que objetivou a construção dos
Resultados e Discussão utilizando os oito artigos que abordavam a assistência da
equipe de saúde no atendimento a uma parada cardiorrespiratória bem como as
manobras de ressuscitação cardiopulmonar e cerebral e outras literaturas que
completam o tema o qual não estavam disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos oito artigos encontrados, quatro deles foram publicados na Revista
Brasileira de Cardiologia, sendo de autoria dos profissionais médicos, enfermeiros e
estudantes de enfermagem. Observa-se que são estudos recentes, tendo em vista
que o período de publicação foi de 2001 a 2007; com exceção de um artigo que foi
publicado em 1999.
Na TAB. 1, pode ser observada a distribuição dos artigos encontrados na
Biblioteca Virtual de Saúde por título, ano, revista, autor e palavras-chave.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010.
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TABELA 1 Caracterização dos artigos encontrados na Biblioteca Virtual de Saúde quanto ao título do artigo, nome da revista, ano de publicação,
autoria e palavras-chave
Ano
Autores
Palavras-chave
Título
Nome da
revista
Estudo preliminar das relações
Rev. Esc.
1999 Andréia Bertelli
Parada cardio-respiratória;
entre duração da parada
Enf. USP
Márcia Regina Bueno
Trauma;
cardiorrespiratória e suas
Regina Márcia Cardoso de Sousa
conseqüências nas vítimas de
trauma.
Fatores prognósticos dos
resultados de ressuscitação
cardiopulmonar em um hospital de
cardiologia.
Arq Bras.
Cardiol.
2001
Ari Timerman
Naim Sauaia
Leopoldo Soares Piegas
Rui F. Ramos
Carlos Gun
Elizabeth Silva Santos
Antônio C. Mugayar Bianco
J. Eduardo M. R. Sousa
Ressuscitação cardiopulmonar;
Parada cardiorrespiratória;
Infarto agudo do miocárdio;
Estudo retrospectivo de sobrevida
de pacientes submetidos à
reanimação cardiorrespiratória em
Unidade de Tratamento Intensivo.
Arq Bras.
Cardiol.
2002
Daniel Martins Moreira
Guilherme Mariante Neto
Marcelo Wierzynski Oliveira
Letícia Biscaino Alves
Luís Carlos Chorazje Adamatti
Eliana de Andrade Trotta
Sílvia Regina Rios Vieira
Reanimação cardiorrespitarória;
Parada cardiorrespiratória;
Centro de tratamento intensivo;
Impacto das manobras de
reanimação cardiorrespiratória
cerebral em um hospital geral.
Fatores prognósticos e desfechos.
Arq Bras.
Cardiol.
2003
Eduardo Bartholomay
Fernando Suparregui Dias
Fábio Alves Torres
Pedro Jacobson
Afonso Mariante
Rodrigo Wainstein
Renato Silva
Luiz Carlos Bodanese
Parada cardiorrespiratória;
Reanimação cardiorrespiratória;
Intra-hospitalar;
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010.
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TABELA 1 Caracterização dos artigos encontrados na Biblioteca Virtual de Saúde quanto ao título do artigo, nome da revista, ano de publicação,
autoria e palavras-chave (Continuação)
Título
Título da
Ano
Autores
Palavras-chave
revista
Fatores prognósticos de sobrevida Arq Bras.
2005 André Mansur de Carvalho Guanes Gomes Ressuscitação cardiopulmonar;
pós-reanimação cardiorrespiratória Cardiol.
Ari Timerman
Parada cardíaca;
cerebral em hospital geral.
Carlos Alfredo Marcílio de Souza
Prognóstico;
Carlos Maurício Cardeal Mendes
Hospitais gerais;
Heitor Portella Póvoas Filho
Adriano Martins de Oliveira
José Antônio de Almeida Souza
O atendimento à parada
cardiorrespiratória em unidade
coronariana segundo o protocolo
Utstein.
Acta Paul.
Enferm.
2005
Tatiana de Medeiros Colletti Cavalcante
Rita Simone Lopes
Parada cardíaca;
Avaliação em enfermagem;
Parada e reanimação
cardiorrespiratória: conhecimentos
da equipe de enfermagem em
Unidade de Terapia Intensiva.
Rev. Bras.
Ter. Inten.
2006
Juliana Zanini
Eliane Regina Pereira do Nascimento
Daniela Couto Carvalho Barra
Enfermagem;
Parada cardiorrespiratória;
Reanimação;
Terapia intensiva;
Conceito fase-dependente na
ressuscitação cardiopulmonar.
Rev. Bras.
Cardiol.
2007
Lutgarde Magda Suzanne Vanheusden
Deyse Conceição Santoro
David Szpilman
Charles de Oliveira Batista
Luiz Fernando de Barros Correia
Fernando Eugênio dos Santos Cruz Filho
Ressuscitação cardiopulmonar;
Parada cardíaca;
Desfibriladores externos
automáticos;
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Durante muito tempo foi difícil comparar dados entre as pesquisas relacionadas
à aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar e seus prognósticos.
Isso porque a nomenclatura não era uniforme e as definições de sucesso ou
sobrevida não eram as mesmas. Com isso foi criado o protocolo de registro de
Utstein intra-hospitalar em 1997 que veio para contemplar uma série de dados
almejados para a coleta das informações, definição de sobrevida, entre outros
(CAVALCANTE; LOPES, 2005).
A reanimação cardiorrespiratória frequentemente é realizada em situações
estressantes. Isso faz com que os reanimadores, muitas vezes, considerem apenas
o fato da parada cardiorrespiratória ser uma situação de emergência e se esquecem
de levar em conta a possibilidade do paciente portar doença crônica em fase
terminal (MOREIRA et al., 2002). Robert et al. (2000) apud Moreira et al. (2002)
apontaram que médicos e enfermeiros têm uma expectativa relacionada à
sobrevivência pós parada cardiorrespiratória superior aos valores da realidade.
O sucesso na ressuscitação cardiopulmonar fora do ambiente hospitalar está
associado ao tempo entre o colapso e o início do socorro básico, que não deve
ultrapassar quatro minutos. Está associado também à precocidade da aplicação do
socorro especializado, principalmente da desfibrilação, que não deve ser mais do
que oito minutos. As altas hospitalares são encontradas com mais frequência em
grupos de pacientes que estão inseridos nesse contexto (BERTELLI; BUENO;
SOUSA, 1999; TIMERMAN et al., 2001).
Segundo Timerman et al. (2001), na parada cardiorrespiratória que ocorre em
ambiente hospitalar, o socorro básico e especializado torna-se mais fácil e rápido.
De acordo com Gomes et al. (2005), embora os hospitais possuam recursos de
suporte avançado de vida, os pacientes que apresentam uma parada
cardiorrespiratória em ambiente extra-hospitalar têm menor co-morbidade e
severidade das doenças quando comparados com aqueles que apresentam uma
parada cardiorrespiratória em ambiente intra-hospitalar. Segundo Cavalcante e
Lopes (2005), isso é explicado devido o fato de que as doenças pré-existentes nos
pacientes que estão hospitalizados podem predizer um pior prognóstico.
De acordo com Bartholomay et al. (2003), os pacientes que sofrem parada
cardiorrespiratória em ambiente extra-hospitalar apresentam morte súbita
secundária a uma cardiopatia isquêmica. Em ambiente intra-hospitalar, há uma
grande diversidade de comorbidades.
A avaliação do paciente em parada cardiorrespiratória não deve ultrapassar 10
segundos. Ao profissional enfermeiro e à sua equipe cabe assistir os pacientes
oferecendo ventilação e circulação artificiais até a chegada do médico (ZANINI;
NASCIMENTO; BARRA, 2006).
Segundo Bertelli, Bueno e Sousa (1999), um fator de extrema importância para
os resultados pós parada cardiorrespiratória é a isquemia devido a diminuição do
fluxo de sangue oxigenado para todo o tecido cerebral. O cérebro por sua vez possui
poucas reservas de glicose e oxigênio, o que faz com que todas as funções que
necessitam de energia cessem dentro de poucos minutos após a parada
cardiorrespiratória. Se não houver um suprimento de energia rápido, podem ocorrer
lesões extremamente graves.
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De acordo com Gomes et al. (2005), vários estudos têm demonstrado que
quanto menor o tempo entre a parada cardiorrespiratória e o atendimento, maior a
chance de sobrevida da vítima.
Segundo Vanheusden et al. (2007), depois do primeiro minuto de parada
cardiorrespiratória, o índice de sobrevida cai de 7% a 10% para cada minuto de
demora no atendimento.
Timerman et al. (2001) identificaram em uma pesquisa realizada em um
hospital de Cardiologia que todos os pacientes que sobreviveram estavam no grupo
dos casos onde a ressuscitação cardiopulmonar foi iniciada em até cinco minutos de
parada cardiorrespiratória.
Em pesquisa realizada em uma Unidade Coronariana de um hospital terciário
de grande porte, Cavalcante e Lopes (2005) verificaram que em 100% dos casos
estudados a ressuscitação cardiopulmonar foi iniciada em até 2 minutos.
O intervalo médio de tempo entre a detecção de inconsciência e o início das
manobras básicas e avançadas em uma pesquisa realizada em um hospital geral
por Bartholomay et al. (2003), foi de respectivamente um minuto e dois minutos e 30
segundos.
Gomes et al. (2005) acrescentam que pacientes que não possuem doenças de
base associada, clinicamente diagnosticada, têm uma maior sobrevida quando
comparados aos que possuem doenças de base associada.
Timerman et al. (2001) realizaram uma pesquisa em um hospital geral,
analisando 536 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram
que 61,6% eram homens e 38,4% eram mulheres. A principal causa da parada
cardiorrespiratória foi a insuficiência cardíaca (55%) e o ritmo cardíaco identificado
com maior freqüência foi a assistolia (48,1%).
Moreira et al. (2002) realizaram uma pesquisa em uma UTI, analisando 136
pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram que 67 eram
homens e 69 eram mulheres. As principais causas da parada cardiorrespiratória
foram o infarto agudo do miocárdio, isquemia ou arritmia cardíaca (20%) e o ritmo
cardíaco identificado com maior freqüência foi a assistolia (15,4%). Observaram
também que houve uma mortalidade significativamente maior no grupo da assistolia
e menor no grupo de parada respiratória sem parada cardíaca.
Bartholomay et al. (2003) realizaram uma pesquisa em um hospital geral,
analisando 150 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram
que 60% eram homens e 40% eram mulheres. A principal causa da parada
cardiorrespiratória foi a doença arterial coronariana (30,6%) e o ritmo cardíaco
identificado com maior frequência foi a assistolia. Observaram também que a
assistolia e atividade elétrica sem pulso apresentaram uma taxa de sucesso menor
quando comparados com a fibrilação ou taquicardia ventricular sem pulso.
Gomes et al. (2005) realizaram uma pesquisa em um hospital geral, analisando
452 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória. Verificaram que 54,87%
eram homens e 45,13% eram mulheres. A principal causa da parada
cardiorrespiratória foi a doença cardiovascular (49,31%) e o ritmo cardíaco inicial
identificado com maior freqüência foi a assistolia (41,71%).
Cavalcante e Lopes (2005), realizaram uma pesquisa em uma Unidade
Coronariana, analisando 30 pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória.
Verificaram que 56,66% eram homens e 43,33% eram mulheres. A principal causa
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da parada cardiorrespiratória foi respiratória (43%) e o ritmo cardíaco inicial
identificado com maior frequência foi a atividade elétrica sem pulso (AESP) (37%).
Segundo Vanheusden et al. (2007), a média de ocorrência para os ritmos
iniciais em uma parada cardiorrespiratória é de 40% para fibrilação ventricular ou
taquicardia ventricular sem pulso, 40% para assistolia e 20% para dissociação
eletromecânica.
Bertelli, Bueno e Sousa (1999), realizaram uma pesquisa em um pronto
socorro, analisando 30 vítimas de trauma que apresentaram parada
cardiorrespiratória e verificaram que a maioria era do sexo masculino.
Um constante problema ético tanto para os profissionais da equipe de saúde
quanto para os socorrista é saber decidir quando iniciar, manter ou desistir das
manobras de reanimação cardiorrespiratória. Dessa forma, é necessário ter
subsídios para predizer resultados, tornando mais segura a tomada de decisões.
Essas decisões devem ser tomadas com base em conhecimento profissional e não
de forma arbitrária, uma vez que podem causar questionamentos médico, legal,
ético e social (BERTELLI; BUENO; SOUSA, 1999).
De acordo com Moreira et al. (2002), o médico responsável é quem decide se
deve ou não realizar a reanimação na vítima de parada cardiorrespiratória. Ele
poderá se basear nos dados encontrados nas literaturas para optar pela realização
ou não das manobras de reanimação cardiorrespiratória. Se houver dúvida sobre
qual decisão tomar, deve-se optar pela reanimação.
Reconhecer a sequência do atendimento, mantendo certo nível de
tranquilidade para manter as manobras de ventilação e circulação, bem como reunir
materiais e equipamentos necessários são condições indispensáveis. É
recomendado que a equipe de Enfermagem seja treinada para saber manusear e ter
domínio de todo o conteúdo existente no carro de emergência e que saiba executar
as manobras de suporte básico de vida (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Notou-se que a parada cardiorrespiratória e consequentemente as manobras
de ressuscitação cardiopulmonar tem sido cada vez mais frequentes no setor de
urgência.
Neste contexto, fica claro a importância de se realizar sempre treinamentos em
ressuscitação cardiopulmonar, para que o atendimento seja realizado corretamente
proporcionando uma melhoria na qualidade deste serviço. O conhecimento acerca
das características dos pacientes que sofrem de parada cardiorrespiratória pode
auxiliar os profissionais na ponderação da validade dos esforços originados pela
ressuscitação cardiopulmonar.
Os artigos mostraram que as publicações são recentes. Desta forma, a partir
dos dados relacionados e discutidos nesse artigo, espera-se que outras pesquisas e
idéias com enfoque em realização de manobras de ressuscitação cardiopulmonar
bem como seus prognósticos sejam realizadas, tendo em vista que essa é uma
modalidade de extrema importância para os profissionais da saúde, principalmente
para o profissional Enfermeiro.
REFERÊNCIAS
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010.
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