Filosofia da Educação.p65 - Universidade Castelo Branco

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VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE
COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO
Rio de Janeiro / 2007
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À
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forma ou por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da
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U n3p
Universidade Castelo Branco.
Filosofia da Educação. –
Rio de Janeiro: UCB, 2007.
48 p.
ISBN 978-85-86912-18-4
1. Ensino a Distância. I. Título.
CDD - 371.39
Universidade Castelo Branco - UCB
Avenida Santa Cruz, 1.631
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Responsáveis Pela Produção do Material Instrucional
Coordenadora de Educação a Distância
Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli
Coordenadora do Curso de Graduação
Ana Cristina Noguerol - Pedagogia
Conteudista
Giana Claudia de Castro Araújo
Atualizado por
Liliana Lúcia da Silveira Barbosa
Supervisor do Centro Editorial – CEDI
Joselmo Botelho
Apresentação
Prezado(a) Aluno(a):
É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de
nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação
acadêmica e, conseqüentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu
desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade,
por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria
contínua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar
o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática
pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Apresentação
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É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação,
na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente
esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu
conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientações para o Auto-Estudo
O presente instrucional está dividido em quatro unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com êxito.
Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades
complementares.
As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.
Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das quatro unidades.
Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos os
conteúdos das Unidades Programáticas 1, 2, 3 e 4.
A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os
horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 60 horas-aula, que você
administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.
Bons Estudos!
Dicas para o Auto-Estudo
1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.
2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite
interrupções.
3 - Não deixe para estudar na última hora.
4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.
5 - Não pule etapas.
6 - Faça todas as tarefas propostas.
7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
da disciplina.
8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação.
9 - Não hesite em começar de novo.
Apresentação
Prezado(a) Aluno(a):
É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de
nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação
acadêmica e, conseqüentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu
desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade,
por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria
contínua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar
o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática
pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
SUMÁRIO
Quadro-síntese do conteúdo programático....................................................................................................
11
Contextualização da disciplina .........................................................................................................................
14
UNIDADE I
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
1.1 - A reflexão filosófica .................................................................................................................................... 15
1.2 - As filosofias da educação ......................................................................................................................... 17
1.3 - A práxis educacional ................................................................................................................................... 18
UNIDADE II
VALORES E EDUCAÇÃO
2.1 - Axiologia ...................................................................................................................................................... 22
2.2 - O papel dos valores na educação: a formação do juízo moral............................................................... 23
UNIDADE III
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
3.1 - As principais tendências da educação no Brasil..................................................................................... 26
3.2 - A educação popular .................................................................................................................................... 31
3.3 - Correntes pedagógicas contemporâneas................................................................................................. 32
UNIDADE IV
TRANSDISCIPLINARIDADE E EDUCAÇÃO
4.1 - A abrangência do termo transdisciplinar..................................................................................................
4.2 - Educação transdisciplinar .........................................................................................................................
39
39
Glossário ...............................................................................................................................................................
42
Gabarito ...............................................................................................................................................................
43
Referências bibliográficas .................................................................................................................................
46
Apresentação
Prezado(a) Aluno(a):
É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de
nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação
acadêmica e, conseqüentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu
desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade,
por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria
contínua.
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o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática
pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Quadro-síntese do conteúdo
programático
UNIDADE
UNIDADE I: FILOSOFIA E
EDUCAÇÃO
1.1. A reflexão filosófica
OBJETIVOS
BIBLIOGRAFIA
ESPECÍFICOS
BÁSICA
1.1. Iniciar o aluno na forma
de raciocinar filosoficamente,
através da história da Filosofia e das questões apresentadas.
1.1.1. BUZZI, A.
Introdução ao Pensar.
Petrópolis: Vozes, 1989.
p. 174.
1.1.2. FULLAT, O.
Filosofias da Educação.
1.1.1. As origens da Filosofia
1.1.2. O estudo da Filosofia e
suas tarefas
1.2. As filosofias da educação
11
Petrópolis: Vozes, 1999.
1.2. Demonstrar a
especificidade das concepções de educação no
raciocícinio filosófico.
1.2.1. ARANHA, M. L. de A.
Filosofia da Educação. São
Paulo: Moderna, 1998.
1.2.2. FULLAT, O. Op. cit.
1.3. A práxis educacional
1.3.1. Conceito de educação
1.3.2. Crise da educação
1.3.3. Instituição Educacional:
Estado, ideologia e classe
dominante – reprodução ou
crítica?
1.3. Levar o aluno a refletir
sobre a prática institucional
da educação, suas relações
com o Estado e com o sistema capitalista – reprodução e
inovação.
1.3.2. FULLAT, O. Op cit.,
cap. 3.
1.3.3. TELES, M. L. S. Educação – a revolução necessária. Petrópolis: Vozes, 1997.
12
UNIDADE
UNIDADE II: VALORES E
EDUCAÇÃO
2.1. Axiologia
2.2. O papel dos valores na
educação: a formação do
juizo moral
2.2.1. Liberdade e
determinismo
2.2.2. Os valores e a prática
UNIDADE III: FILOSOFIA
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
3.1. As principais tendências
da educação no Brasil
3.1.1. Demerval Saviani
3.1.2. José Carlos Libâneo
3.2. A educação popular
3.3. Correntes pedagógicas
contemporâneas
• Racional-tecnológicas
• Neocognivistas
• Sociocríticas
• Holísticas
• Pós-modernas
OBJETIVOS
BIBLIOGRAFIA
ESPECÍFICOS
BÁSICA
2.1. Fazer com que o aluno
perceba o quanto os conteúdos programáticos, os textos
e as análises sociais trazem
como parte integrante de
suas argumentações os valores e julgamentos morais.
2.1.1. SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo:
Cortez, 1985.
2.1.2. FULLAT, O. Op cit.
2.2. Apresentar aos alunos a
importância da
conscientização dos valores
individuais e sociais, bem
como uma construção elaborada segundo os interesses
dos variados grupos sociais.
3.1. Fornecer um quadro geral
das propostas das políticas
educacionais do Brasil, que
vigoraram ao longo da história da educação, destacando
as perspectivas dos professores Demerval Saviani no
contexto da orga-nização
política e social da educação
e José Carlos Libâneo, sobre
as diversas pedagogias em
vigor.
3.1.1. GHIRARDELLI JR.,
Paulo. História da Educação.
São Paulo: Cortez, 1994.
3.2. Avaliar as possibilidades
de um projeto educacional
para a população brasileira
dentro dos moldes
institucionais atuais.
3.2. GHINARDELLI JR., Paulo. Op. cit.
3.3. Proporcionar uma revisão
crítica das teorias pedagógicas modernas em face do
embate entre modernidade e
pós-modernidade a partir da
leitura de Libâneo.
3.3. LIBÂNEO, J.C e SANTOS, A. (org). Educação na
era do conhecimento em rede
e transdisciplinaridade. São
Paulo: Alínea, 2005.
3.1.2. LUCKESI, C.
Filosofia da Educação. São
Paulo: Cortez, 1993.
LUCKESI, C. Op. cit.
UNIDADE
UNIDADE IV:
TRANSDISCIPLINARIDADE
E EDUCAÇÃO
OBJETIVOS
BIBLIOGRAFIA
ESPECÍFICOS
BÁSICA
4.1. Compreender o sentido
do termo transdisciplinar no
processo de conhecimento
do mundo.
4.1.A abrangência do termo
transdisciplinar
4.2. Educação transdisciplinar
4.2. Proporcionar reflexões
sobre novos olhares da educação para a construção da
identidade do homem como
ser planetário.
4.1. MORIN, E.
Introdução ao pensamento
complexo. 3. ed. Lisboa:
Instituto Piaget, 2001.
4.2. DERLORS, J. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a
UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação
para o século XXI. 3. ed. São
Paulo: Cortez.
Brasília, DF: MEC:
UNESCO, 1999.
13
14
Contextualização da Disciplina
O estudo das filosofias é raramente diferenciado do estudo das ciências, visto a predominância do modelo
científico para a explicação da realidade nas sociedades ocidentais contemporâneas. A metodologia científica
serve-nos largamente para a apreensão de qualquer conteúdo que trabalhe com conceitos. Por isso, serve para
os nossos estudos de Filosofia, visto que esta necessita do aprendizado de palavras e conceitos específicos de
sua problemática.
Mas não basta a aplicação da metodologia científica para compreender a Filosofia. Precisamos exercitá-la,
ingressar em seu mecanismo básico, que é a reflexão radical sobre a nossa condição existencial. Porém, o seu
estudo é pressuposto para a apreensão dos conteúdos científicos.
A Filosofia da Educação, como as outras filosofias, foi durante longo tempo deixada de lado e tida como de
importância menor frente aos avanços científicos e tecnológicos da sociedade. O tecnicismo prepondera ainda
em nossa sociedade, mas, durante um bom tempo, relegaram-se os estudos da Filosofia ao estudo mecânico
sobre as diversas correntes de pensamento. No final deste século, porém, vimos ressurgir, quase das cinzas, a
bandeira da reflexão filosófica, que tenta recuperar o seu lugar, mostrando a importância e o sentido de seu
estudo em meio a outras disciplinas de cunho mais técnico e aplicado.
UNIDADE I
15
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
Objetivos específicos:
- Apresentar a disciplina filosófica ao aluno – suas características e importância – através do conceito do
“pensar”;
- Situar a Filosofia da Educação dentro deste processo de reflexão mais geral – seu papel específico;
- Mostrar como os elementos da reflexão se inserem no cotidiano da crise da Educação;
- Demonstrar como a reflexão filosófica está diretamente vinculada à práxis educacional;
- Pensar a Educação como um caminho para algumas soluções da sociedade contemporânea;
- Compreender por que a Educação não consegue efetivar os seus ideais;
-Pensar alternativas à crise da Educação.
1.1 – A Reflexão Filosófica
Quando refletimos sobre algo, estamo-nos
projetando sobre este algo. Estamos nos entregando
a este objeto do mesmo modo que o espelho vem a
nós para refletir a nossa imagem. O espelho tem o aço
para nos mostrar a nossa imagem e forma. Nós temos
o nosso pensamento para dar imagem e forma aos
objetos. Assim pode ser resumida a reflexão filosófica.
O pensamento, diferente do espelho que temos em
casa, que reproduz nossa imagem mecanicamente, cria
novas realidades, novas formas, dá novos
significados ao que ele apreende. Um grego chamado
Demócrito, tido pela história da Filosofia como um
filósofo pré-socrático, já dizia que “o importante não
é saber muito, é pensar muito”.
Esta atividade é diferente da
do conhecimento: quando conhecemos algo, estamos absorvendo conteúdos para nossa
informação. Já quando pensamos, estamos nos “expondo”
aos objetos.
Tudo em nós é “vasculhado” quando pensamos:
nossos sentimentos, nossos valores, nossas
experiências de vida, tudo se mistura à nossa fisiologia
corporal quando estamos pensando as coisas.
Por isso, pensar é uma atividade que demanda muito
esforço. É uma atividade de coragem do ser humano, a
de enfrentar a realidade, sem se negar a pensar sobre
ela. Precisamos cuidar bem dos objetos que nos
atingem e nos intrigam: já que o nosso pensamento
traz estes objetos de reflexão para dentro de nós
mesmos, devemos nos fortalecer com a nossa reflexão,
ou seja, desenvolver a capacidade de pegar estes
objetos e moldá-los com o nosso pensamento da
melhor maneira possível, dando novos significados à
realidade. Passamos por vários estágios de reflexão
sobre os objetos, selecionamos cada vez mais um
objeto mais complexo, de modo que, com o passar do
tempo, um número maior de objetos possam ser
pensados e dominados pelo nosso pensamento.
Nossa intenção, a partir de agora, deve ser a de
tentarmos desenvolver o nosso pensamento para
aprendermos a definição de Filosofia. Vamos
“dominar” a tarefa de estarmos matriculados em um
curso, e de nos tornarmos habilitados a ensinar aquilo
que nos propomos, tendo em punho este instrucional,
os textos complementares, e o nosso pensamento.
Oxalá!
16
1.1.1 – As Origens da Filosofia
A Filosofia surgiu na Grécia Antiga. A origem da
palavra filosofia é grega, e significa, em princípio, o
“amor (philo) à sabedoria (sofia)” . Se formos ainda
pensar sobre o termo, diríamos que a filosofia é um
sentimento de amor que leva o homem à busca do
mundo. Mundo é uma palavra que só faz sentido
com a existência do homem que pensa. Já o pensar
do homem se dá com uma série de sentimentos
perante à realidade, que comprovam a afinidade deste
homem com o mundo. A Filosofia, deste modo, surge
com a construção do mundo pelo homem. Assim,
como não podemos evitar o aparecimento dos
sentimentos, não podemos evitar a irrupção da
Filosofia.
1.1.2 – O Estudo da Filosofia e Suas Tarefas
O estudo da Filosofia possui cinco
elementos básicos que operam o tempo todo: a inquietação, a admiração, a
angústia, o medo e a coragem.
A atitude filosófica inclui esses cinco sentimentos,
de modo que, alguns desses elementos, como o medo
e a angústia, enquanto podem ser tidos como
sentimentos negativos e paralisadores pelo senso
comum, para a produção do pensamento filosófico
são elementos extremamente frutíferos. Vamos ver, de
modo sucinto, cada um desses elementos
separadamente.
Um espanto que não era horrorizado, mas inquieto,
admirado e fascinado com tudo o que nos cerca... Como
se fôssemos crianças em nossos primeiros anos de
vida, querendo saber o porquê de as coisas se
apresentarem subitamente a nós... À medida que
crescemos, aprendemos que as coisas têm uma
explicação, e essa explicação acaba tirando a nossa
curiosidade, emprestando às coisas uma aparição muito
sem mistério diante de nós. A Filosofia nos leva a
redescobrir os mistérios de cada aspecto de nossa
vida.
A angústia, por sua vez, também é
um sentimento que a atitude filosófica
cultiva, pois ela é fruto de nossa percepção da gama de possibilidades
infinitas de explicação que as coisas
possuem.
Inquietação significa não ficar quieto. Estar incomodado com as coisas é
um primeiro passo para querer
resolvê-las.
A Filosofia não vai nos deixar quietos nunca: vai
apenas nos levar a formular melhor as nossas
inquietações para nós mesmos e para os outros, pois
muitas vezes estamos nos sentindo incomodados e
não sabemos bem o que nos incomoda... A partir daí,
a Filosofia poderá também nos dar elementos para
que nossas inquietações mudem e outras apareçam...
Admirar-se é a atitude fundamental
da Filosofia: ela nasceu do espanto
dos primeiros filósofos com a natureza
e com o mundo.
Quanto mais nos aproximamos dos objetos de nosso
estudo, mais possibilidades e impossibilidades se
apresentam a nós, e acabamos nos tornando
angustiados, porque nunca esgotaremos a totalidade
da realidade.
Isso tudo nos leva, cada vez mais
radicalmente, a termos medo do saber
e dos sentimentos.
Esse medo provém da sensação que advém após
constatarmos que nunca conseguiremos dominar a
totalidade do conhecimento. A partir daí,
experimentamos o nada, o vazio... Afloram as nossas
inseguranças, devido ao pouco controle que cada vez
mais descobrimos ter sobre as coisas. Por isso, um
filósofo jamais se arroga à sabedoria. Sócrates, um
filósofo grego, tinha por lema o dito: “sei que nada sei”.
Por fim, para enfrentar toda essa
nova disposição espiritual que o estudo e a atitude filosófica nos leva, é
preciso ter coragem.
Coragem de assumir as nossas inquietações com o
mundo e de querer suportar as angústias que a reflexão
filosófica nos vai imprimir ao espírito. Por outro lado,
a coragem nos dá também as forças necessárias para
realizarmos quaisquer empreendimentos a que nos
propusermos:
A coragem não está imediatamente no êxito, na vitória
nem no vencimento do que nos aflige! Está
primordialmente em nós mesmos como sentido do
possível: abre-nos para a tentativa, o esforço e o
trabalho; libera-nos para a criação do modo certo de
viver. A coragem diz: é por aqui, vai em frente! Ela
não titubeia e por isso não erra. (BUZZI, 1989: 174).
O que está sendo dito aqui, afinal, é que a atividade
de pensar não é algo tão diferente e distante de outras
atividades humanas relacionadas à luta pela
sobrevivência.
Nós já experimentamos todos esses sentimentos em nosso cotidiano, alguma vez na vida... Estes aparecem toda vez
que encontramos alguma dificuldade para prosseguirmos
nas nossas tarefas comuns do dia-a-dia. Também no momento em que nos lançamos na tarefa de pensar, as dificuldades aparecem e, por conseguinte, estes sentimentos
voltarão. Do mesmo modo que temos a coragem de ir em
frente com o trabalho cotidiano em momentos difíceis, assim também deve ser no momento da reflexão filosófica,
quando encontramos muitas dificuldades: enfrentemos o
desafio de estudar as maravilhas do homem no mundo!
1.2 – As Filosofias da Educação
Questionar o acontecimento da educação é a tarefa
da Filosofia da Educação. Existem ciências que auxiliam
a educação. Perguntar-se como se dá a relação
professor-aluno, de que modo fazer a avaliação desta,
é tarefa dessas ciências, como a Psicologia da Educação
e a Didática. Mas a Filosofia da Educação auxilia o
educador a ter uma perspectiva mais ampla sobre o seu
ofício, quando se pergunta sobre o significado desta
para o homem. As perguntas que importam neste
sentido são: “O que é a Educação?” ; “O que é
educar?”; “Qual o significado da Educação para o
homem?”; e finalmente: “Para que serve educar?”
A educação não depende da escolha
humana: faz parte da existência do
homem.
O homem está imerso numa realidade social, e para
sobreviver necessita de aprendizados e ensinamentos,
cujas formas lhes serão apresentadas de acordo com
a cultura que o circunda. Por ser um animal cultural,
sua formação coincide com a educação.
Desta perspectiva, já podemos tirar
uma conclusão, subentendida na afirmação acima: educação não é
sinônimo de escola.
As escolas foram criadas pelo homem, ora
espontaneamente, como as Academias da Grécia
Clássica, ora para servir a uma determinada
organização social e política, atrelada a um Estado
centralizado. As escolas são as instituições que
veiculam a educação na sociedade. Mais do que isso:
as escolas veiculam uma educação programada pelo
Ministério da Educação, de modo a servir a uma
determinada organização social e política. Isso porque
dentro dessas organizações sociais e políticas existem
várias culturas, de modo que a escola é veículo apenas
para o tipo de educação que é considerado mais
importante pelo Ministério da Educação, em favor dos
grupos que dirigem esta organização social e política.
Outros tipos de ensino e aprendizado, no entanto,
também são veiculados fora da escola. Isso significa
que uma pessoa que nunca freqüentou uma escola,
17
18
também é uma pessoa que foi “educada” pelo grupo
de sua convivência. É uma educação espontânea, que
não é mais ou menos válida para a vida do que a
educação das escolas, dita científica.
profissional de educação, pois permite que ele planeje
melhor os seus projetos pedagógicos.
A reflexão filosófica produz, portanto, consciência.
Deste modo, a Filosofia da Educação
não cria a educação: limita-se a refletir
sobre as educações que existem, ou
que já existiram.
Pelo fato de a educação estar sempre atrelada a
finalidades específicas e pelo fato de a educação
científica ter sido já bastante elaborada pelo homem
em diversas sociedades, a Filosofia da Educação se
ocupa principalmente da educação escolar dita
“científica”, e não da espontânea.
Assim, se torna visível mais um aspecto importante
da Filosofia da Educação para a formação do
profissional educador: através da Filosofia da
Educação, adquirimos o instrumental intelectual
necessário para tomarmos consciência de que existem
diferentes processos educacionais, diferentes
utilidades para cada um e para distinguirmos com
clareza a quem estamos servindo quando ensinamos.
Com este instrumental, podemos optar com
consciência entre as abordagens e os conteúdos que
utilizaremos em sala de aula com os nossos alunos.
Esta conscientização também é útil ao próprio
Deste modo, o educador deve estar atento a que tipo
de ser humano quer formar, e que finalidades deseja
atingir com a educação que veicula. Como quando
alguém mais velho aconselha que uma pessoa aja de
uma determinada maneira “para o seu próprio bem” .
Se essa pessoa de fato vai encontrar o “ bem” , a
Filosofia da Educação não será capaz de responder.
Porém, com o auxílio desta filosofia, teremos condições
melhores de:
• Avaliar o que a pessoa mais velha estaria chamando
de “bem”, de acordo com o conteúdo do conselho
dado;
• Saber o porquê de ela estar levando o jovem para
aquela e não para outra direção, pois vamos buscar as
suas experiências/aprendizados anteriores;
•A que estado de coisas ela estaria beneficiando com
este conselho, dentro da gama de alternativas dos
possíveis comportamentos que a pessoa mais velha
poderia ter optado.
1.3 – A Práxis Educacional
Este é o espaço de conjugarmos a reflexão filosófica
às questões que surgem no dia-a-dia da prática
educacional: como pensamos educação, o que
significa a crise da educação, e os meios possíveis de
se alcançar a sua superação.
1.3.1 – Conceito de Educação
Educação significa introjeção de
aprendizados. Os conteúdos destes
aprendizados fazem parte de milênios
de história vivida.
Em vez de termos que passar por todas as
experiências que a humanidade viveu até agora para
podermos aprender, os conteúdos que aprendemos na
escola trazem até nós essa informação já pronta. O
homem levou séculos para descobrir uma unidade
intrínseca das coisas: o átomo, que já havia sido
pensado, mas nunca experimentado como foi há um
século atrás. Deste modo, o homem pode alterá-lo e
transformá-lo em energia, a favor do bem-estar do ser
humano. No colégio, aprendemos os movimentos dos
átomos; já na faculdade, aprendemos como podemos
alterá-los e produzir energia a partir deles.
1.3.2 – Crise de Educação
Em que consistiria a crise da educação? Podemos
dizer que o estado permanente da educação é estar em
crise. Isso porque os seus objetivos vão sempre
esbarrar no seu processo de realização. A acumulação
de culturas está tão avançada nos dias de hoje que
qualquer processo educativo necessita de uma boa
organização institucional que o sustente. E o que é
uma boa organização institucional? É possuir infraestrutura para suportar e manter a veiculação da
educação, como a produção de professores, material
escolar, organização de currículos em grande escala
para que ocorra a transmissão dos saberes em massa.
19
Ou seja, sem as escolas, todo esse conhecimento
dificilmente será veiculado. Só que toda essa
organização está atrelada às atividades do Estado. Só
a União é capaz de arrecadar recursos suficientes para
montar esse grande aparato institucional. Por outro
lado, o Estado está sempre atrelado aos interesses de
uma determinada classe social, que o domina. E o
interesse do Estado na Educação é que esta veicule a
ideologia que interessar a essa classe dominante.
Vamos com calma nesse ponto.
1.3.3 – Instituição Educacional: Estado, Ideologia e
Classe Dominante – Reprodução ou Crítica?
Sabemos que os grupos que controlam o Estado
no Brasil não fazem parte das classes populares.
Estão vinculados, antes, à classe mais rica. E a
classe mais rica, num país capitalista, corresponde
aos grandes grupos capitalistas: bancos, indústrias
e agricultura. São capitalistas exatamente porque
valorizam uma política econômica que se volta
primordialmente para o aumento dos lucros,
acreditando que uma sociedade que cuide bem da
“saúde” dos seus capitais, necessariamente, será
uma sociedade rica e desenvolvida. Esta é a chave
da ideologia do liberalismo: a “liberdade”
apregoada por essa ideologia e a “liberdade”
concedida em prol do crescimento dos capitais, ou
seja, defendem que favorecendo os grandes grupos
que controlam essa produção, como os
banqueiros, os grandes industriais e empresários
agrícolas, toda a sociedade só tem a ganhar. Será
que poderíamos questionar esse ponto de vista?
Uma coisa é certa: a principal característica dos
países do Terceiro Mundo é a opção econômica
desses países pelo desenvolvimento capitalista,
mas que não os impede de apresentar graves
problemas sociais: mortalidade infantil,
analfabetismo, saúde precária da população etc.
Só por estarmos enquadrados, então, nessa
categoria de terceiro mundistas, já poderíamos
desconfiar que a fórmula capital saudável =
sociedade saudável vem se mostrando “furada”
ao longo da nossa história...
E em que ponto a Educação se relaciona com este estado de coisas?
Por estar vinculada ao Estado e ao grupo que o
governa, podemos dizer que a Educação está a serviço
desses grandes grupos capitalistas. Isso leva a uma
não correspondência entre as demandas sociais (saúde,
aumento da renda etc.) e o que está sendo efetivamente
veiculado pela Educação (saber tecnológico de ponta
para o desenvolvimento da economia capitalista). O
saber veiculado pela escola está a serviço do
desenvolvimento do sistema capitalista, está voltado
para a formação de profissionais e técnicos aptos a
reproduzir esse modo de organização social.
Você se lembra de quando mencionamos que a
Filosofia ajudava na reflexão acerca dos conteúdos
que estariam efetivamente sendo veiculados no
processo educativo, e que tipo de conhecimento estaria
sendo levado a cabo por nós? Pois é, pensar por que
este e não outro conteúdo está sendo ensinado, e a
forma como estamos conduzindo esse ensino, nos
aproxima da realidade da prática educacional no Brasil:
quem faz a seleção desse conteúdo, da metodologia a
ser aplicada, da grade curricular mínima é o Ministério
da Educação!
Portanto, é esse órgão do Estado que impõe que o
saber científico tecnológico seja mais importante que
o saber das humanidades; e que, portanto, os
conhecimentos das áreas humanas sejam tão afastados
da prática de nossos técnicos. A desvalorização desses
conteúdos inclui a realidade em que vivem os
profissionais das artes e das Ciências Humanas em
nosso país. Leva ao esvaziamento da busca por esses
conteúdos. Faz com que nossos técnicos pensem e
produzam o aumento dos lucros e da produção e deixem
de lado de que forma essa produção é distribuída na
sociedade.
20
O como fazer para que as riquezas
que são produzidas por todos possam ser redistribuídas à população
com o mínimo de justiça social, não é
um saber que esteja no centro das
pesquisas de nossos técnicos.
pensam a Educação como atividade ampliadora das
capacidades humanas.
Como conclusão, vamos seguir à risca o projeto
filosófico de provocar inquietações no nosso
pensamento, lançando uma pergunta que ficará para
ser desenvolvida na última unidade: é possível a escola
ser um espaço de mudança, e não de reafirmação da
ordem social? Como pode ser isso?
O Estado diz, munido da ideologia liberal: “pensar a
redistribuição justa não é importante, pois ela é
conseqüência natural da produção de riqueza
individual e social”. A realidade social do Brasil, no
entanto, nos mostra todos os dias, de modo
enfadonho, inclusive, como isso não é verdade...
Daí podermos já vislumbrar a função ambígua que a
atividade educacional produz: ao passo que forma
profissionais que estão prontos a recriar a mesma
situação social, forma também aqueles que são
capazes de contestar e criticar essa organização. É
esse o papel primordial dos educadores, dos que
Nesta primeira Unidade, tivemos por
objetivo iniciar você através da história da Filosofia e das questões apresentadas, na forma de raciocinar filosoficamente bem como demonstrar as
relações entre Filosofia e Educação.
Procure refletir sobre o tema estudado, inclusive utilizando-se das leituras indicadas e faça os exercícios para
fixar melhor o conhecimento apreendido.
Exercícios de Fixação
Exercício I - Responda:
1- Em que a atividade de pensar se diferencia do ato do conhecimento?
2- Que sentimentos são permanentes na atividade filosófica, devido ao fato de ela apresentar muitas dificuldades?
3- Qual o papel das ciências na Educação?
4- Qual o papel da Filosofia da Educação?
5- Educação é sinônimo de escola? Por quê?
6- Qual a relação entre a Filosofia da Educação e a Educação?
7- De que os elementos da Filosofia da Educação mune a nossa consciência para a nossa prática do dia-a-dia?
8- Qual a receita fundamental do crescimento e prosperidade social e individual apregoada pela ideologia do
liberalismo?
9- Em que contradição está imersa a Educação em nossa sociedade capitalista?
10- Como a Educação exclusivamente tecnicista beneficia o sistema e prejudica a formação do indivíduo?
Exercício II - Leia o texto de Maria Luíza Silveira Teles, Educação- A revolução necessária, e faça uma lista
das idéias centrais que ele contém. Depois, elabore um texto crítico, de três parágrafos, favorável ou não às
idéias do texto.
Leitura Complementar
21
- Leia o trecho a seguir e comente num pequeno texto, em torno de dez linhas, como o autor concebe a
Filosofia. Depois, diga como você se sente em relação a este ponto de vista:
A Filosofia não existe desligada da vida. Antes o contrário. Como a luz possibilita aos olhos ver e andar com as
coisas com desembaraço e sem tropeços, assim a Filosofia, qual raio de luz, penetra no sentido secreto da realidade.
Filosofar demanda empenho diligente por merecer a arte de conhecer cada coisa no relâmpago do seu estranho
acontecimento. Na Filosofia, por conseguinte, o pensamento procura um saber proveitoso. De nada serviria a
capacidade de transformar as pedras em ouro a quem não soubesse valer-se do ouro; de nada serviria uma ciência que
tornasse imortal a quem não soubesse servir-se da imortalidade. Requer-se, portanto, uma ciência na qual coincidam
pensar e ser. Esta ciência é a Filosofia. (BUZZI, 1989:10).
Não se esqueça de anotar todas
as informações e principais conceitos para fixar os conhecimentos. E lembre-se de que o estudo
metódico e tranqüilo é fator importante para a aprendizagem.
22
UNIDADE II
VALORES E EDUCAÇÃO
Objetivos específicos:
- Introduzir o significado da palavra axiologia como o
estudo dos valores, bem como sua nomenclatura
específica;
- Mostrar a importância deste estudo para a
Educação;
- Conduzir à reflexão sobre a formação dos próprios
valores;
- Associar estes valores à intervenção imediata do
homem em sua realidade, segundo a potencialidade
renovadora de seus atos.
2.1 – Axiologia
A Filosofia tem nos ajudado, até agora, a separar os
diferentes níveis de abordagem mental no processo
educativo. Até chegarmos neste item agora, de axiologia,
cada um sentiu uma certa simpatia ou desaprovação em
relação ao estudo da disciplina filosófica. Mesmo quem
não sentiu nada em relação a este estudo, não possui
escapatória: a indiferença também está conferindo algum
“valor” em relação ao que está sendo estudado.
Isso significa que a Axiologia, ou seja, a
teoria dos valores, também vai nos ajudar a refletir sobre as nossas ações. Ao
tomar atitudes, estamos o tempo todo
fazendo escolhas. Até entre fazer e não
fazer algo. Essas escolhas são movidas
pelos nossos valores.
Perguntamos: “ o que é melhor para ser feito?”, e
agimos com a crença de que estamos fazendo o melhor
possível. Mesmo quando tomamos alguma atitude
inconscientemente, essa atitude provocará resultados.
Isso quer dizer que nossas atitudes sempre serão
correspondentes a determinados valores que trazemos
e que foram adquiridos ao longo de nossa formação,
com nossas experiências de vida.
Se não tomarmos consciência desses nossos valores,
corremos o risco de ser manipulados pela nossa própria
ignorância e de viver à mercê de resultados
indesejados e para nós “ absurdos”, sem saber como
solucionar os problemas do dia-a-dia. Corremos ainda
o risco de, muitas vezes, assumir os valores dos outros
como nossos, pelo simples fato de não termos parado
para pensar quais são nossos valores de fato, ou seja,
perguntar-se: “como eu venho conduzindo minha
vida até agora?”; “isso é bom para mim?”; “devo
continuar conduzindo minha vida assim?”; “por
quê?”.
O movimento existencialista contribuiu muito nesse
debate. Segundo esse movimento, que incluía a
figura do pensador francês Jean-Paul Sartre, a
existência do indivíduo precede a sua essência. Isso
significa que ninguém é alguma coisa préestabelecida, mas torna-se. À medida que vamos
fazendo as nossas escolhas pela vida, principalmente
naqueles momentos que Sartre chamou de
“situações-limite”, vamos construindo a nossa
essência no mundo. No livro de contos “O muro”,
Sartre exemplifica, com várias situações-limite, o
ponto de inflexão, no qual o ser humano deve estar
bem preparado para fazer a sua opção na vida, sob
pena de incorrer num gravíssimo erro e prejudicar o
seu semelhante. E como nunca poderemos ter
controle total sobre o processo, a preparação para
enfrentar essas situações-limite seria um bom nível
de consciência e reflexão sobre a realidade social.
Precisamos ter coragem ao encarar e assumir as
nossas escolhas. Não adianta dizer: “fui neutro”
porque esta neutralidade certamente contribui para
que algo ocorra de um modo e não de outro. Desta
forma, tomando consciência de nossos valores,
podemos optar pelo que seria a melhor atitude a ser
tomada para que possamos chegar ao nosso objetivo
final. Freqüentemente, ocorre de não atingirmos os
objetivos desejados. Mas só assim se dá o
aprendizado de que necessitamos para retraçar as
estratégias de ação em busca de nossos objetivos.
Com certeza, isso leva ao reforço e à reformulação
das nossas crenças e valores.
O que são juízos de valor?
Em Filosofia, ao acharmos algo ou alguém “bom”
ou “ruim”, “útil” ou “inútil”, e nos posicionamos
frente a algo ou alguém a partir disso, dizemos
que estamos fazendo um julgamento, ou juízo.
Precisamos, assim, desvincular estas palavras do
sentido que estamos acostumados a entendê-las,
para que a compreensão do conteúdo seja
satisfatória. Toda vez que falamos em julgamento,
lembramos-nos de “Tribunal de Justiça”,
advogados, juízes, etc. E toda vez que falamos de
juízo,
23
lembramos-nos de uma pessoa ajuizada etc.
Podemos simplesmente nos acostumar com a
utilização do significado filosófico das palavras
juízo e julgamento se todas as vezes que
falarmos “eu penso isso de você”, pensarmos
que isso é sinônimo “eu julgo você assim”. Daí,
então, as expressões “julgamento de valor”, ou
“ juízo de valor” terão um sentido mais claro
para nós. Fora isso, podemos nos perguntar:
que tipos de juízos podem existir, além dos
juízos de valor?
2.2 – O Papel dos Valores na Educação: a
Formação do Juízo Moral
Uma das principais perguntas que o educador deve se
colocar durante a elaboração de seus objetivos
educacionais é, como já vimos, “ que tipo de homem
quero formar?”. Perguntar-se sobre isso implica um
julgamento entre o bem o e mal. É, portanto, emitir o
tempo todo “juízos de valor”, visto que, pela aquisição
do cabedal de conhecimentos acumulados pela cultura
humana, o homem pode transformar a realidade
circundante, ampliando sua participação, sua liberdade
e se tornando cidadão crítico, consciente e ativo junto à
sociedade.
O fato de acharmos esta questão importante, já conduz
o leitor a saber que tipo de educação estamos
propagando, ao veicularmos este instrucional de Filosofia
da Educação e não outro, e darmos este curso dessa
forma e não de outra maneira: acreditamos que a
Educação faça parte do processo de formação do homem.
Assim, acreditamos que a sociedade como um todo, seus
projetos políticos e sociais são também, de uma certa
forma, fruto do tipo de educação que foi ministrada aos
homens. Desse modo, durante o processo de ensino/
aprendizagem, estaremos sempre nos referindo, também,
ao tipo de sociedade que idealizamos, ou que
consideramos a melhor possível: se estamos satisfeitos
com a realidade do presente, agimos de uma maneira,
selecionamos determinados conteúdos, e até mesmo
nos comportamos de modo diferente, do modo como
nos comportaríamos se estivéssemos
Eis as perguntas que o educador deve procurar
responder para si mesmo o tempo todo: insatisfeitos
e quiséssemos modificá-la de alguma forma.
- O que faz um sistema educacional ser melhor do que o outro?
- Se as sociedades escolhem o
tipo de educação a ser ministrado,
que tipo de educação se escolheu
para nossa sociedade?
- Que tipo de educação deveria
ser dada?
- Que modelos de homem nos são
oferecidos?
Todas essas perguntas só serão respondidas
baseadas nos juízos de valor. Resta apenas
analisarmos em que condições esses juízos de valor
são utilizados pelos homens.
2.2.1– Liberdade e Determinismo
Ter um ideal ou vários ideais é fundamental para a realização do ser humano. Os
ideais são necessários para toda ação
frutífera do homem sobre a realidade. E a
Educação está sempre vinculada à busca
da perfeição, da melhoria do estado de
coisas presentes.
O que estamos discutindo até agora faz parte da
afirmação do nosso poder de modificar uma realidade,
de intervir no rumo que as coisas podem tomar.
Sempre modificaremos a vida de outra pessoa quando
estabelecemos um contato com ela. Trata-se, aqui,
de acreditarmos que temos a liberdade e a condição
de escolher qual diferença queremos fazer na vida
desta outra pessoa. Tudo depende do modo como
24
encaramos a nossa atuação no mundo: se não
acreditamos ser capaz de modificar o rumo das coisas,
que não adianta tentar mudar a forma como as coisas
nos são dadas e apresentadas, não teremos outra
alternativa, a não ser nos adaptar e nos conformar
com o estado das coisas.
enfadonhas, chatas e inúteis; caso contrário, o
professor estará sempre acreditando no seu potencial
renovador, e vai em busca de mostrar aos seus alunos,
algum valor em seu ofício.
Desses dois modos de encarar a
potencialidade de intervenção do ser
humano na realidade, saem as
principais iniciativas educacionais.
Cabe a você detectar que atitudes
remetem a que valores.
Como no caso da relação do professor com seu aluno:
se o professor não acredita que aquilo que ele ensina
não possa despertar interesse nos alunos a ponto de
mudar algo importante em seu comportamento, está
escolhendo, consciente ou inconscientemente,
reafirmar a idéia que comumente trazem os seus alunos
de que aulas e estudo são coisas completamente
2.2.2. Os Valores e a Prática
Acima de tudo, temos que ter em mente que o mundo
dos valores não é um “saber fazer” puro, mas um
“saber agir” na vida. Até então, nós vimos como nos
conscientizar de nossos valores. Uma vez feito isso,
esses valores passam a habitar a nossa prática. Como
podemos relacionar valores e prática? O valor está
ligado a algo que deve ser realizado e está intimamente
relacinado àquilo que é bom, útil, positivo. Sendo assim,
o espaço que se forma entre o que é e o que deve ser,
segundo Saviani, constitui-se o mundo prático no
qual o homem experiencia as múltiplas possibilidades
da existência.
Ou seja, em resumo, os valores estão
intimamente vinculados à formulação
de objetivos a serem atingidos.
Não tem sentido pensarmos uma situação ideal para
a educação e não traçarmos estratégias para que esses
valores se concretizem. É um movimento de muitas
escolhas. Vamos explicar passo a passo este processo:
O primeiro passo que damos quando
começamos a estudar a Filosofia da
Educação é nos conscientizarmos de
nossos valores em relação à atividade
pedagógica.
Depois de tomarmos consciência de nossos valores,
podemos partir para uma nova tarefa: a de dizer o que
é mais importante, dentro da pergunta sobre que tipo
de homem queremos formar. Ao fazermos isso,
estamos estabelecendo uma lista de prioridades.
Estamos hierarquizando nossos valores. Dizendo:
este valor é mais importante que este.
O que fazemos, quando tentamos ensinar um
conteúdo? Tentamos dar conta de alguns objetivos
que queremos atingir com a transmissão desse
conteúdo. E traçar objetivos é dizer aquilo que DEVE
SER alcançado. Dessa forma, sempre damos mais
importância a uns valores, em prejuízo de outros. E
estas prioridades sempre visam a atender às nossas
necessidades básicas. Como explica Saviani (1985:
41-43).
- Valorização: transformamos o que é
no que deve ser.
- Traçar objetivos: arrumamos um
jeito de transformar o que deve ser no
que é.
E quais são, fundamentalmente, esses
objetivos?
• subsistência – o homem precisa saber
sobreviver em seu meio. A Educação deve
fornecer os conteúdos básicos para que ele atue
com tranqüilidade no meio social;
• liberdade – a Educação fornece os
instrumentos necessários para que o homem
reflita sobre a sua condição social e construa a
própria vida segundo os seus princípios;
• comunicação – traço essencial para a convivência
e sobrevivência do homem em seu meio, visto que
sua característica básica é viver em grupo;
• transformação: colocando em prática esses
princípios, estes esbarram sempre na estrutura
política que os sustenta – daí o porquê de após
elaborar-se um estado optimum ideal para a realização
da Educação, esta realização em si vem sendo sempre
destoante: cabe ao educador atentar para esse estado
de coisas e buscar sempre, criativamente, modos de
realizar o optimum, segundo os seus princípios, de
modo que estes não esbarrem nestes obstáculos
políticos.
Não basta se conscientizar de seus
valores: é preciso ocupar-se de sua
viabilização nas circunstâncias dadas.
Desta forma conseguir-se-á atingir
uma racionalidade cada vez maior no
processo educativo.
Pesquise, na bibliografia indicada,
os pontos abordados nesta Unidade,
visando a eliminar todas as dúvidas
existentes. Em caso de necessidade,
entre em contato com o tutor da disciplina. Ele terá prazer em atendê-lo.
Exercícios de Fixação
I - Responda:
1) O que é axiologia?
2) Como a axiologia se relaciona com a nossa prática social?
3) Como podemos definir “juízo de valor”?
4) Podemos dizer que o nosso juízo moral é imutável? Por quê?
II - Leia o texto do professor Demerval Saviani intitulado Educação: do senso comum à consciência filosófica,
e faça uma relação das idéias principais que aparecem no texto.
Leitura Complementar
- Escolha uma novela do livro “O muro”, de Jean-Paul Sartre e comente as opções dos personagens e as
situações-limite em que cada um se encontrava (apenas uma novela do livro).
Exercício de Reflexão
- Escreva em dez linhas, com as suas palavras, a importância e o significado que uma filosofia dos valores pode
adquirir em sua prática social pedagógica.
O ensino individualizado requer que
você adote um ritmo próprio e uma
participação ativa nos estudos para o
melhor êxito de sua aprendizagem.
25
26
UNIDADE III
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Objetivos específicos:
- Fornecer um quadro geral das propostas das políticas
educacionais do Brasil que vigoraram ao longo da
história da educação, destacando as perpectivas dos
professores Demerval Saviani, no contexto da
organização política e social da educação, e José Carlos
Libâneo, sobre as diversas pedagogias em vigor;
- Avaliar as possibilidades de um projeto educacional
para a população brasileira dentro dos moldes
institucionais atuais;
-Proporcionar uma revisão crítica das teorias
pedagógicas modernas em face do embate entre
modernidade e pós-modernidade a partir da leitura de
Libâneo.
3.1. As Principais Tendências da Educação no
Brasil
Vamos, aqui, abordar algumas análises acerca dos
projetos educacionais que foram formulados por
alguns de nossos intelectuais e homens públicos mais
influentes ao longo da trajetória de nossa história
educacional.
Com o desenrolar da ditadura no Brasil, que ocorreu
entre os anos de 1964 e 1985, as propostas
educacionais sofreram uma modificação drástica em
seu rumo. A lógica do sistema capitalista e do capital
descrita anteriormente passou a dominar as outras,
com o auxílio de legislações impostas pelos governos
militares.
De repente, a matéria de Filosofia não fazia mais
qualquer sentido dentro do âmbito educacional.
Depois de tudo que temos visto a respeito da Filosofia,
podemos imaginar a pobreza intelectual da formação
profissional e do cidadão que foi imposta pelos
governantes da ditadura militar: uma estrutura voltada
para a formação tecnicista, sem se preocupar com as
condições de desenvolvimento social efetivas, sem
espaço para a crítica política e para as manifestações
populares de reivindicação por melhorias. Na época,
foram criados cursos de pós- graduação voltados para
a ultra-especialização técnico-profissional, que se
encaixavam perfeitamente dentro dessas
características. Mas os próprios intelectuais que
compunham estes departamentos encontravam-se
profundamente insatisfeitos com as condições
educacionais a que estavam submetidos. Eram
pessoas extremamente críticas, e que não se furtaram
a veicular suas idéias inovadoras a respeito do estado
em que se encontrava a organização educacional.
Abriu-se um espaço para isso, principalmente após
terem vencido a batalha pela abertura, em 1979,
encampada pela oposição e finalmente concedida pelo
general João Baptista Figueiredo, então presidente da
República.
Dois intelectuais se destacaram neste movimento de
retomada da consciência crítica, com o auxílio da
reflexão filosófica: por um lado, Demerval Saviani
pensava a situação educacional e institucional como
um todo, buscando as brechas por onde este sistema
poderia “falhar”, enquanto José Carlos Libâneo fazia
a sistematização e crítica das pedagogias vigentes,
relacionando pedagogia com as opções políticas e
ideológicas de seus usuários. Podemos dizer que um
curso de Filosofia da Educação, tal como vem sendo
ministrado neste instrucional, não exisitiria, ou teria
conteúdos bastante diferentes, antes desses dois
autores entrarem em cena no contexto nacional. Vamos
ver com mais detalhes os dois autores.
3.1.1 – Demerval Saviani
Com a efervescência e a proliferação dos fóruns
de debate sobre o papel real que a Educação deveria
cumprir na sociedade, o professor Demerval Saviani
se destacou com o lema “não há revolução
educacional sem teoria educacional revolucionária”
(GHIRARDELLI, 1994: 205). Deste modo, após a
classificação dos diversos tipos de processos
educacionais implementados no Brasil, elaborou
uma teoria que superou as escolas mais tradicionais
de educação, inovando, inclusive, no rumo das
pesquisas no país.
27
A classificação elaborada pelo professor Saviani está
baseada na maior ou menor influência que a Educação,
através da escola, possa exercer sobre o indivíduo e a
sociedade. Chegou, assim, a três perspectivas gerais, ou
seja, classificou em três categorias o modo como os
educadores, pedagogos e filósofos encaram a educação:
suas funções, seu papel, seus métodos. Ele chegou à
seguinte conclusão à pergunta - “Qual o papel que a
Educação exerce na sociedade?” – os homens vêm
formulando três respostas básicas ao longo da história:
a concepção redentora, a reprodutora e a transformadora.
Vamos começar pela concepção da
redenção. A escola que vê o seu papel
na Educação como “redentora” acredita na adaptação progressiva do
homem em sua vida social.
* Vamos ver o que diz o verbete do dicionário Aurélio sobre “redimir”:
Remir [redimir]
[Do lat. redimere, ‘adquirir de novo’.]
6. Libertar (uma propriedade) de um ônus,
pagando a importância dela.
V. t. d.
V. t. d. e i.
1. Adquirir de novo.
7. Livrar, libertar, resgatar.
2. Tirar do cativeiro, do poder alheio; resgatar.
V. p.
3. Indenizar, compensar, reparar, ressarcir.
9. Recuperar-se de uma falta; reabilitar-se.
4. Livrar das penas do Inferno; salvar.
10. Livrar-se de uma situação arriscada.
8. Livrar-se do cativeiro; resgatar-se.
5. Fazer esquecer; expiar, pagar.
A Educação, nessa perspectiva, tem o
poder de reabilitar o homem para a
vida em sociedade.
28
Isso significa que o educador tem a missão de tornar
o homem mais feliz na sua vida, porque estará mais
adaptado à realidade, com uma formação técnica e
humanística capaz de fazê-lo compreender e se mover
melhor dentro da comunidade.
Nessa perspectiva, ainda, a recíproca é verdadeira:
formando um homem mais habilitado e capaz, a
sociedade, por sua vez, vai experimentar uma melhoria
em seus problemas sociais.
Saviani chamou essa tendência de não-crítica, porque
se considera independente dos movimentos políticos
e da tendência política geral. A educação volta-se,
basicamente, para atender aos problemas sociais.
Verbete: reproduzir
[De re- + produzir.] V. t. d.
1. Produzir novamente; tornar a produzir:
2. Apresentar de novo; tornar a apresentar.
3. Multiplicar (animais ou vegetais); gerar, procriar.
4. Tornar a fazer; repetir, recomeçar.
5. Expor ou contar com minudência; descrever.
6. Imitar fielmente; copiar, repetir; estresir.
O segundo tipo de escola foi a que ele
chamou de reprodutora. É uma escola
ligada intimamente a uma corrente
filosófica, de onde vai retirar todo o
seu arcabouço explicativo.
Essa corrente filosófica, que surgiu com o
desenvolvimento dos estudos de antropologia, chamase estruturalismo. Concebe a sociedade como um
sistema articulado e fechado. O homem é apenas parte
da engrenagem social, que funciona de um modo tão
complexo, que foge do controle do próprio homem. Os
homens trabalham, vivem e se reproduzem em função
de uma ideologia. Essa ideologia serve aos propósitos
de quem se beneficia com a atual organização da
sociedade, a classe burguesa capitalista. Essa
ideologia prepondera sobre as outras, produzidas pela
classe menos favorecida. Atualmente, é conhecida
como liberalismo. Vamos estudar mais profundamente
o sentido da ideologia e do liberalismo no próximo
semestre. Por agora, vamos nos contentar com alguns
traços básicos da ideologia:
- Fornece ao homem um sentido para a vida, seus
objetivos e valores.
- É veiculada através dos meios de comunicação da
cultura, da educação, de modo a garantir que as
pessoas não contestem, ou concordem com a base
da organização social da produção, mesmo vivendo
as injustiças sociais e econômicas que decorrem do
capitalismo.
Deste modo, o papel da escola é a
reprodução dos valores da sociedade.
Ela é um dos mecanismos pelos quais
a sociedade vem se reproduzindo ao
longo do tempo.
V. p.
7. Perpetuar-se pela geração; procriar,
multiplicar-se.
8. Renovar-se, repetir-se.
Reprodução, segundo o sentido assinalado, remetenos tanto ao sentido de produzir de novo quanto ao
sentido de multiplicar-se pela procriação. Para que a
sociedade continue a existir ela precisa se reproduzir.
E quem a reproduz? O homem, em primeiro lugar
procriando (sem homens não há sociedade), e em
segundo lugar, executando as funções sociais
existentes. A educação e os educadores são funções
sociais a serem preenchidas pelos homens em prol da
reprodução da sociedade. Sem a educação, a sociedade
não sobrevive. Por isso a educação jamais terá o poder
da transformação. Quem quer a mudança social não
conseguirá atingir seus objetivos através da educação.
Por mais que alguns educadores tentem direcionar o
ensino em busca da transformação da sociedade, ele
ou vai falir, ou vai ser despedido, se tornando incapaz
de prosseguir com seus projetos, uma vez que foi
privado de recursos pelo sistema. Necessariamente, o
processo educacional se molda ao formato do sistema.
É inútil remar contra a maré, diriam os defensores deste
ponto de vista. O máximo que se pode fazer é a crítica
a esse estado de coisas, através do esclarecimento
proporcionado pela educação. Por isso, Demerval
Saviani chama esta escola de crítica.
A terceira e última forma de conceber
a educação é a escola transformadora.
Demerval Saviani considera esta escola dialética. Isso porque engloba a
concepção das duas anteriores, superando-as.
O seu traço básico é valorizar os projetos. Segundo
essa corrente, os homens, mesmo limitados em sua
ação pelos entraves impostos pelo sistema social,
podem encaminhar a transformação da sociedade pela
via da educação. O principal é que os projetos e
objetivos a serem implementados nas escolas sejam
transformadores. Se o projeto for conservador, o
processo educativo será conservador também. E o que
é conservador e transformador? Como saber se um
projeto é conservador e o outro é transformador?
Chama-se transformador um projeto que viabilize a
mudança social. Não apenas reformas em sua estrutura,
mas uma mudança radical, uma nova organização
econômica e política. É conservador, por sua vez,
aquele projeto que, por mais otimista e idealista que
seja, o fato de lutar por apenas algumas reformas na
sociedade, porque acredita que esta organização social
pode ser boa, justa, desde que atente para a solução
de alguns problemas, faz com que ela não atinja a raiz
dos problemas. Ou que seja pessimista, como o que
vê a escola como instância simplesmente reprodutora,
que qualquer mudança vem para reforçar a
conservação.
A tendência denominada
transformadora não acredita que a
sociedade, tal como está, possa algum
dia ser justa.
É preciso uma grande reformulação socioeconômica, política e cultural para que estes problemas sociais que
vivemos hoje em dia não existam mais. Portanto, as duas primeiras escolas analisadas (redentora e reprodutora)
foram classificadas de “conservadoras”, em oposição à escola transformadora. Resumindo para você as três
concepções:
TIPO DE ESCOLA
REDENTORA
CARACTERÍSTICAS
- Propõe uma adaptação ou uma
integração melhor do indivíduo com a
sociedade existente;
- Não tem compromissos com o mundo
político, apenas com o mundo social.
REPRODUTORA
- A sociedade tem a escola a seu serviço,
por isso é impossível a mudança através
da escola: ela apenas reproduz o
“status quo”;
- O indivíduo não tem espaço de ação
livre, está sempre controlado pelo sistema.
TRANSFORMADORA
- Contém elementos das duas escolas
anteriores: se propõe a integrar melhor o
indivíduo através da educação, e sabe
que a escola está a serviço do sistema
social e da ideologia dominante;
- Se vê como mediadora dos diferentes
projetos sociais, dando ao indivíduo um
espaço de atuação e de liberdade para a
mudança social.
29
30
3.1.2 – José Carlos Libâneo
Aprofundando a reflexão do professor Saviani no
setor das pedagogias, o Professor José Carlos Libâneo
também classificou-as, para melhor podermos refletir
sobre elas.
Cada tendência que interpreta o papel
da educação na sociedade
corresponde a um tipo de pedagogia.
Existem as pedagogias liberais, que
estão articuladas à perspectiva da
educação redentora e as pedagogias
progressistas, que estão ligadas à
perspectiva da educação
transformadora.
O que é uma pedagogia liberal? A palavra liberal
vem de liberalismo, da ideologia da sociedade
capitalista. O nome remete ao sentido de “livre”,
“aberto”, “avançado”, como lembra o professor
Libâneo (apud LUCHESI, 1993:54). Mas essas
qualidades são atribuídas ao liberalismo pelos
próprios liberais. Poderíamos resumir essa ideologia
como defensora da propriedade privada e da sociedade
de classes, que são as bases da economia
(propriedade privada) e da sociedade (classes sociais)
do sistema capitalista.
isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar
aos valores e às normas vigentes na sociedade de
classes através do desenvolvimento da cultura
individual. A ênfase no aspecto cultural esconde a
realidade das diferenças de classes, pois, embora
difunda a idéia de igualdade de oportunidades, não
leva em conta a desigualdade de condições.
Portanto, o projeto dos pedagogos
liberais visa à preparação dos indivíduos para desempenhar os seus papéis sociais.
Não questionam, segundo o professor Libâneo, a
desigualdade de oportunidades dos indivíduos que
receberem esta preparação.
Já os pedagogos que se ligam à tendência progressista acreditam que a
educação tenha finalidades
sociopolíticas, elaboram suas pedagogias a partir de análises críticas das
realidades sociais.
Sustenta a idéia de que a escola tem por função
preparar os indivíduos para o desempenho de papéis
sociais, de acordo com as aptidões individuais, por
Esses dois grandes grupos possuem subdivisões,
segundo suas perspectivas políticas. Estas
subdivisões estão relacionadas no quadro a seguir:
TIPO DE PEDAGOGIA
ESPECIFICIDADES
LIBERAL
Liberal tradicional
Liberal renovada progressivista
Liberal renovada não-diretiva
Liberal tecnicista
PROGRESSISTA
Progressista libertadora
Progressista libertária
Progressista crítico-social dos conteúdos
A tendência liberal pode ser ainda tecnicista, que vê a
educação exclusivamente como cumpridora do dever de
prover técnicos hábeis para a formação de recursos
humanos na sociedade; formar homens iniciados no
paradigma científico para servirem de mão-de-obra na
sociedade industrial. Essa seria a função primordial da
educação, segundo os defensores desta corrente de
pensamento pedagógico. Acredita-se que a realidade
contém em si suas próprias leis, bastando aos homens
descobri-las e aplicá-las. Dessa forma, o essencial não é o
conteúdo da realidade, mas as técnicas (forma) de
descoberta e aplicação.
A tendência liberal tradicional baseia-se na formação
clássica do indivíduo, visando ao acesso deste a uma
cultura geral que objetiva, acima de tudo, realizar o
aluno como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos
didáticos, a relação professor-aluno não têm nenhuma
relação com o cotidiano do aluno e muito menos com
as realidades sociais. É a predominância da palavra
do professor, das regras impostas, do cultivo
exclusivamente intelectual. Esse é o objetivo que
satisfaz o pedagogo liberal tradicional. Já a pedagogia
liberal renovada se distancia um pouco da tradicional
pelo fato de que ela considera essa cultura geral
importante, mas toma como base da educação a
valorização das experiências concretas do indivíduo.
É a partir destas experiências que o indivíduo vai
assimilar uma cultura geral que o ajude em suas
questões. Os conteúdos são valorizados, não a partir
de um critério totalmente externo (como quer a
tendência tradicional), mas parte da realidade
cotidiana e de vida dos alunos. Propõe um ensino
que valorize a auto-educação (o aluno como sujeito
do conhecimento), a experiência direta sobre o meio
pela atividade; um ensino centrado no aluno e no
grupo.
Outro subgrupo pedagógico existente seria o progressista
libertador. Este tem como defensor e idealizador máximo o
intelectual Paulo Freire, do qual falaremos com mais detalhes
a seguir e no próximo semestre. Junto com outro subgrupo
progressista libertário, essas tendências cultivam como
valores primordiais o anti-autoritarismo, a experiência de
vida, a aprendizagem grupal. Subordinam a assimilação
dos conteúdos à veiculação desses valores. Ambas
valorizam a aprendizagem em grupo. A pedagogia
progressista libertária se distancia da libertadora por
defender com radicalidade a autogestão pedagógica.
Essa tendência liberal renovada pode ser
subdividida ainda em liberal renovada progressivista,
que foi difundida pelos educadores da educação nova,
como Anísio Teixeira, inspirados pelo filósofo norteamericano John Dewey, e a liberal renovada nãodiretiva, baseada em critérios psicologizantes, voltada
para as realizações interpessoais e para a autorealização, tendo a figura do psicólogo Norteamericano Carl Rogers na linha de frente.
Por último, temos a pedagogia crítico-social dos
conteúdos, que valoriza os conteúdos repassados pela
pedagogia liberal, desde que reformulados a partir da prática
social dos indivíduos. Os conteúdos tradicionais devem
ser transmitidos e assimilados pelos alunos segundo suas
experiências de vida. O papel do pedagogo é produzir, em
conjunto com seus alunos, esse novo saber criticamente
reelaborado. Essa é a tendência defendida pelo professor
José Carlos Libâneo.
3.2 – A Educação Popular
Várias propostas para a educação popular afloraram
ao longo do período em questão, também voltadas
para o movimento de resistência à repressão e à
pobreza intelectual que a perseguição política e a
censura haviam instaurado no país, desde o ano de
1968.
Essas propostas caracterizam-se principalmente
pelos seus objetivos bastante gerais, focados na
formação de um novo homem, dentro de uma nova
humanidade. Os autores anteriores traçaram para si
também esse objetivo. Porém, buscavam atingir esse
objetivo de forma mais indireta, a partir da crítica ao
sistema educacional.
A educação popular vem necessariamente atrelada à
reformulação do recrutamento da população carente,
a novas propostas de auto-organização comunitária e
localizada, independente da iniciativa estatal, e à
reformulação dos conteúdos ministrados e do
currículo que o acompanha.
Só assim ocorreria o enriquecimento mútuo, entre
professor e aluno, já que esse princípio necessita do
confronto permanente entre os diferentes enfoques
do professor e do aluno. Aula é sinônimo de troca.
Desse modo, ao passo que os conteúdos seriam melhor
introjetados, tanto professor como aluno estariam
aprendendo com o processo de aprendizagem. Além
disso, o objetivo mais geral da convivência entre os
diferentes e o princípio da tolerância estariam
permanentemente sendo exercitados. E seriam
aprendidos indiretamente, dentro da nova forma de
ministrar o conhecimento.
Dessa corrente, Paulo Freire foi o pedagogo que mais
se destacou. A proposta da educação popular veio
colada à sua “Pedagogia Libertadora”. O início dos
31
32
anos 60 no Brasil foi marcado por uma polarização
política: o Brasil não era mais um país rural, tinha
se tornado definitivamente urbano com o avanço
da industrialização. As forças progressistas, em
vez de estarem unidas em torno da luta pelo
desenvolvimento industrial, começaram a levantar
bandeiras de lutas pertinentes à nova realidade
industrial: ou se tomava partido dos exploradores
ou dos explorados. Ou apoiava-se as
reivindicações dos operários, que agora
sobrepujavam em número os camponeses, ou a
burguesia industrial. Nesse ponto, também a
cultura começa a ser questionada: a que segmento
social ela vem servindo?
O principal foco do movimento pela
educação popular é, portanto, trazer a
realidade vivida fora do processo de
ensino para dentro do processo de
ensino. Ensinar a partir das diferentes
experiências de vida.
As propostas de descobrir uma cultura alternativa à imposta
pelas instituições burguesas, uma
cultura popular, estão na
base da formulação da educação popular.
Agora, que você tomou conhecimento
de detalhes importantes a respeito das
principais tendências da educação no
Brasil, procure consultar a bibliografia
indicada, que lhe ajudará a aprofundar
seus estudos sobre o tema.
3.3 – Correntes Pedagógicas Contemporâneas
Vivemos hoje a incerteza, a multiplicidade de olhares,
como diz Libâneo (2005:19) “a realidade atual mostra-se
ao mesmo tempo homogênea e heterogênea, num
processo de globalização e individualização, afetando
sentidos e significados de indivíduos e grupos, criando
múltiplas culturas, múltiplas relações”.
As situações de crises, pressões sociais e econômicas,
a inversão de valores por que passa a sociedade exige
da escola decisões e ações imediatas a fim de promover
mudanças qualitativas na aprendizagem e formação plena
do indivíduo.
Assim sendo, a Pedagogia irá proporcionar ao educador
a efetivação de práticas pedagógicas que possam influir
na formação desse indivíduo, atendendo as diferentes
dimensões do homem, situadas nos contextos
biopsíquico-social, histórico e cultural, e por que não
dizer, o espiritual e cósmico, como alerta Morin (2003)
em seu livro “Os sete saberes necessários à educação
do futuro”.
A sala de aula vem provocando insuficientes mudanças
na qualidade de vida do sujeito. O agir pedagógico
dissociado da vivência dos alunos e destituído de uma
bagagem de conhecimento que possa permitir o
desenvolvimento das potencialidades do homem acaba
por criar um ambiente de aprendizagem desinteressante
e um, como afirma Libâneo (2005) “sentimento de fracasso,
de mediocridade, de incompetência”.
As pedagogias, ditas “clássicas”, não estão
propiciando espaço de tomada de decisões que
efetivamente possa provocar as mudanças necessárias
à educação. Essas pedagogias acabam por permitir
abarcar novas concepções filosóficas pedagógicas, na
tentativa de alicerçar novos caminhos de entendimento
e de ação do homem na sociedade de hoje e, em especial,
na sala de aula. Esses novos olhares permitem o trabalho
com o homem nos diferentes aspectos que compõem
esse ser. A partir desse contexto, Libâneo (2005) apresenta
um quadro que compreende as teorias e correntes
pedagógicas contemporâneas revisitadas.
33
Correntes
1- Racional-tecnológica
Modalidades
Ensino de excelência
Ensino tecnológico
2- Neocognivistas
Construtivismo pós-piagetiano
Ciências cognitivas
3- Sociocríticas
Sociologia crítica do currículo
Teoria histórico-cultural
Teoria sociocultural
Teoria sociocognitiva
Teoria da ação comunicativa
4- Holísticas
Holismo
Teoria da complexidade
Teoria naturalista do conhecimento
Ecopedagogia
Conhecimento em rede
5- Pós-modernas
Pós-estruturalismo
Neopragmatismo
Quadro das correntes pedagógicas contemporâneas, segundo Libâneo (2005).
34
1-A corrente racional-tecnológica
Diferentemente do cunho acadêmico da pedagogia
tradicional, a corrente racional-tecnológica busca seu
fundamento na racionalidade técnica e instrumental,
visando a desenvolver habilidades e destrezas para formar
o técnico.
que se desenvolvem a partir de referenciais
marxistas ou neomarxistas e mesmo, apenas, de
inspiração marxista e que são, freqüentemente,
divergentes entre si, principalmente quanto a
premissas epistemológicas” (LIBÂNEO, 2005:32).
Principais características:
Principais Características:
• Ensino de excelência, para formar a elite intelectual e
técnica para o sistema produtivo;
• Ensino para a formação de mão-de-obra intermediária,
centrada na educação utilitária e eficaz para o mercado;
•Centralidade no conhecimento em função da sociedade
tecnológica, transformação da educação em ciência
(racionalidade científica);
• Produção do aluno como um ser tecnológico (versão
tecnicista do “aprender a aprender”);
• Utilização mais intensiva dos meios de comunicação e
informação e do aparato tecnológico.
2- A corrente neocognitivista
Introduz novos aportes ao estudo da aprendizagem, do
desenvolvimento, da cognição e da inteligência.
a) Construtivismo pós-piagetiano
• A aprendizagem humana é resultado de uma
construção mental realizada pelos sujeitos com base na
sua ação sobre o mundo e na interação com outros;
• Incorpora contribuições de outras fontes tais como o
lugar do desejo e do outro na aprendizagem, o predomínio
da linguagem em relação à razão, o papel da interação
social na construção do conhecimento, a singularidade e
a pluralidade dos sujeitos.
b) Ciências cognitivas
A partir da psicolingüística, da teoria da comunicação e
da cibernética (ciência dos computadores) surgem duas
versões:
• A psicologia cognitiva, que estuda diretamente o
comportamento inteligente de sujeitos humanos, isto é,
o ser humano como processador de informações;
• A ciência cognitiva, que aprofunda as analogias entre
mente e computador, visando à construção de modelos
computacionais para entender a cognição humana.
3- Teorias sociocríticas
“A designação ‘sociocrítica’ está sendo utilizada para
ampliar o sentido de ‘crítica’ e abranger teorias e correntes
• Compreensão da realidade para transformá-la,
visando à construção de novas relações sociais
para superação de desigualdades sociais e
econômicas;
• Considera os efeitos do currículo oculto e do
contexto da ação educativa nos processos de
ensino e aprendizagem, inclusive para submeter os
conteúdos a uma análise ideológica e política;
• Algumas dão ênfase às questões políticas do
processo de formação, outras colocam a relação
pedagógica como mediação da formação social e
política (função de transmissão cultural e formação
da cidadania);
• Diferenças na determinação dos objetivos da
educação e do ensino levam a distintas opções
metodológicas que vão desde a visão do ensino
como transmissão cultural até a uma idéia de escola
mais informal centrada na valorização de elementos
experienciais, fortuitos, da convivência social,
minimizando ou até recusando um currículo formal.
a) A teoria curricular crítica
Com características neomarxistas, acentua os
fatores sociais e culturais na construção do
conhecimento, lidando com temas como cultura,
ideologia, currículo oculto, linguagem, poder,
multiculturalismo (MOREIRA; SILVA, 1994).
Questiona como são construídos os saberes
escolares, propõe analisar o saber particular de cada
agrupamento de alunos, porque esse saber expressa
certas maneiras de agir, de sentir, de falar e de ver o
mundo. Tem sua origem na Sociologia Crítica. Na
esfera dos sistemas de ensino, leva às políticas de
integração de minorias sociais, étnicas e culturais
ao processo de escolarização opondo-se à definição
de currículos nacionais.
b) Teoria histórico-cultural
As bases teóricas apóiam-se em Vygotsky e
seguidores. A aprendizagem resulta da interação
sujeito-objeto, em que a ação do sujeito sobre o
meio é socialmente mediada, atribuindo-se peso
significativo à cultura e às relações sociais. A
atividade do sujeito supõe a ação entre sujeitos, no
sentido de uma relação do sujeito com o outro, com
seus parceiros. Esta abordagem está focada na estrutura do funcionamento cognitivo em suas
interações com as mediações culturais (DANIELS,
2003).
c) Teoria sociocognitiva
Põe em relevo as condições culturais e sociais da
aprendizagem, visando ao desenvolvimento da
sociabilidade por meio de processos socioculturais.
O mais importante para essa teoria é a organização de
um ambiente educativo de solidariedade de relações
comunicativas, com base nas experiências cotidianas,
nas manifestações da cultura popular.
d) Teoria da ação comunicativa
Formulada por J. Habermas, está associada à teoria
crítica da educação originada da Escola de Frankfurt.
O agir pedagógico se faz a partir da interação entre
sujeitos por meio do diálogo para se chegar a um
entendimento e cooperação entre as pessoas nos seus
vários contextos de existência.
4- Teorias holísticas
Correntes de diferentes vertentes teóricas, que têm
como denominador comum uma visão “holística” da
realidade, isto é, a realidade como uma totalidade de
integração entre o todo e as partes, mas
compreendendo diferentemente a dinâmica e os
processos dessa integração.
O que é holismo?
O holismo é uma tendência que sintetiza unidades
em totalidades organizadas , nas quais o homem é um
todo indivisível, na podendo ser explicado pelos seus
distintos componentes (físico, psicológico ou
psíquico) considerados separadamente. Tudo é
interdependente. Tudo se interliga e se inter-relaciona
de forma global.
A visão holística procura romper com toda espécie
de reducionismo: o científico, o somático, o religioso,
o niilista, o materialista ou substancialista, o
racionalista, o mecanicista, o antropocêntrico, entre
outros.
O projeto educativo visa a conscientizar para o fato
de que as pessoas pertencem ao universo e que o
desenvolvimento da espécie humana depende de um
projeto mundial de preservação da vida. A educação
holística não rejeita o conhecimento racional e outras
formas de conhecimento, mas insiste em considerar a
vida como uma totalidade em que o todo se encontra
na parte, cada parte é um todo, porque o todo está
nela.
Este é um novo conceito e processo educacional
que respeita os pilares da Educação do Século XXI
propostos pela UNESCO: “aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser”. Ou seja, a educação precisa
alcançar três níveis de ecologia e de consciência, conforme definidos por Pierre Weil: ecologia e consciência pessoais, ecologia e consciência sociais e ecologia e consciência planetárias.
Para atingi-los, torna-se necessário identificar os
obstáculos à paz, as razões profundas que levam à
guerra e à destruição da vida no planeta.
No plano do indivíduo, a violência começa na mente
de cada um de nós, gerada pela idéia fantasiosa de
que somos separados do mundo. Dessa maneira surge
o apego a tudo o que nos dá prazer e a rejeição a tudo
o que nos ameaça, quer sejam pessoas, coisas ou
idéias. Do apego surge o medo da perda, a
desconfiança, a intolerância no plano das emoções
(raiva, ciúme, orgulho) que, afetando o corpo, leva ao
estresse, à doença e ao sofrimento, aumentando ainda
mais a sensação de sermos separados. Cria-se, então,
um círculo vicioso e repetitivo.
a) Teoria da complexidade
É uma abordagem metodológica dos fenômenos, na
qual se aprende a complexidade das situações
educativas, em oposição ao pensamento simplificador.
Complexus significa o que foi tecido junto:
de fato, há complexidade quando elementos
diferentes são inseparáveis constitutivos do
todo (como o econômico, o político, o
sociológico, o psicológico, o afetivo, o
mitológico), e há um tecido interdependente,
interativo e inter-retroativo entre o objeto de
conhecimento e seu contexto, as partes e o
todo, o todo e as partes, as partes entre si.
Por isso, a complexidade é a união entre a
unidade e a multiplicidade. Os desenvolvimentos próprios a nossa era planetária
nos confrontam cada vez mais e de maneira
cada vez mais inelutável com os desafios da
complexidade.
(MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários
à educação do futuro. São Paulo: Cortez
Brasília: UNESCO, p.38.)
Aplicado à Pedagogia, o pensamento complexo
pressupõe a integração no ato pedagógico de
múltiplas dimensões, o que requer o diálogo com várias
orientações de pensamento, reconhecendo que
nenhuma teoria pedagógica é capaz, sozinha, de
atender as necessidades educativas, sociais e
individuais.
35
36
b) Teoria naturalista do conhecimento
Desenvolvida por autores como Varela e Maturama, e
Hugo Assmann (Brasil),compreende que o conhecimento humano está ligado ao plano biológico, bioindividual
e biosocial. Essa teoria opõe-se a uma visão mentalista
do sujeito e da consciência, afirmando a mediação corporal dos processos de conhecimento.
O ato pedagógico vai além do racional. Assmann
(1994), para compreender a corporeidade na dimensão
educativa, busca o cultivo da sensibilidade e a quebra
da dicotomia corpo/mente ou razão/emoção. “Todo
conhecimento tem uma inscrição corporal”
(ASSMANN,1996:30).
Para Hugo Assmann o conhecimeto deve provocar a
emergência de novas vivências e o que chamamos de
conhecimento é uma organização dinâmica de
organismo/ambiente em um contexto de inter-ação.
Para os biólogos Varela e Maturana, da Escola de
Santiago, toda experiência cognitiva inclui aquele que
conhece de modo pessoal e enraizado a sua estrutura
corpórea, razão pela qual toda experiência de certeza é
um fenômeno individual, uma solidão que só é
transcendida no mundo que criamos juntos uns com
outros.
c) Ecopedagogia
Trata-se da pedagogia orientada para a aprendizagem
do sentido das coisas a partir da vida cotidiana, tendo
como objetivo a promoção das sociedades sustentáveis.
O conceito de ecopedagogia, criado por Francisco
Gutiérrez, pesquisador do pensamento de Paulo Freire
na Costa Rica, segue os princípios da “Carta da Terra”,
documento anunciado em março de 2000 pela Unesco e
que foi adotado pela ONU no ano 2002 com o mesmo
valor da “Declaração dos Direitos Humanos”. A “Carta
da Terra” foi aprovada por um fórum da sociedade civil,
com representante de todos os povos, e, por isso,
conseguiu o status de documento da “cidadania
planetária”.
A ecopedagogia inclui abordagens da planetaridade,
educação para o futuro, cidadania planetária,
virtualidade e a Pedagogia da Terra. Ela se fundamenta
num paradigma filosófico (Paulo Freire, Leonardo Boff,
Sebastião Salgado, Boaventura de Sousa Santos,
Milton Santos) emergente na educação que propõe um
conjunto de saberes/valores interdependentes. Entre
eles podemos destacar:educar para pensar globalmente;
educar os sentimentos; ensinar a identidade terrena;
formar para a consciência planetária; formar para a
compreensão e educar para a simplicidade e para a
quietude.
d) Conhecimento em rede
O conhecimento constrói-se socialmente, não no
sentido de assimilação da cultura anteriormente
acumulada, mas no sentido de que ele emerge nas ações
cotidianas, rompendo-se com a separação entre
conhecimento científico e conhecimento cotidiano. “A
escola é um espaço/tempo de relações múltiplas entre
múltiplos sujeitos com saberes múltiplos, que aprendem/
ensinam o tempo todo, múltiplos conteúdos de múltiplas
maneiras” (ALVES, apud LIBÂNEO e SANTOS,
2005:38).
5- Correntes pós-modernas
A maior parte das publicações dessa corrente tem sido
produzidas na área de educação, sendo assim, Libâneo
denomina-a como “pedagogias”. Não sendo aceita pela
maioria dos autores pós-modernos.
Criticam as concepções globalizantes do destino
humano e da sociedade. Segundo as pedagogias pósmodernas, não há mais uma consciência unitária, não
há uma referência moral, teórica na qual se baseie o
desenvolvimento da consciência.
a) Pós-estruturalismo
Aparece principalmente pela divulgação do
pensamento de Michel Foucault sobre as relações entre
o saber e o poder nas instituições educativas. O sistema
educativo como poder cria um saber para exercer
controle sobre as pessoas, razão para lançar descrédito
sobre a pedagogia, já que seu papel é formar sujeito da
modernidade, isto é, o sujeito submisso, disciplinado,
submetido ao poder do outro.
b) Neopragmatismo
Está associado à virada lingüística pragmática iniciada
por filósofos ligados à Filosofia Analítica. Seu principal
representante é R. Rorty. Propõe uma visão de
conhecimento e de construção humana em que se supere
uma visão individualista, estática, por outra de caráter
dialógico, comunicativo, de compartilhamento com os
outros, realizado no mundo prático onde o
conhecimento é produzido.
Exercícios de Fixação
37
1- Que tipo de escola o Professor Demerval Saviani considera ideal, após separar as diferentes concepções de
Educação?
2- Qual a pedagogia defendida pelo professor José Carlos Libâneo?
3- Leia o texto do professor Libâneo, no capítulo 3 do livro de Cipriano Luckesi, A Filosofia da Educação, e
depois preencha o quadro abaixo:
LIBERAL
TRADICIONAL
LIBERAL
RENOVADA
PROGRESSIVISTA
LIBERAL
RENOVADA
NÃO-DIRETIVA
LIBERAL
TECNICISTA
PROGRESSISTA
LIBERTADORA
PROGRESSISTA
LIBERTÁRIA
PROGRESSISTA
CRÍTICOSOCIAL DOS
CONTEÚDOS
PAPEL DA
CONTEÚDOS
ESCOLA
DE ENSINO
MÉTODOS
RELAÇÃO
PRESSUPOSTO
MANIFESTAÇÃO
PROFESSOR-
DA
NA PRÁTICA
ALUNO
APRENDIZAGEM
ESCOLAR
38
4- Apresente as características das escolas da tendência da Educação Popular:
5- Faça um quadro síntese das características de cada pedagogia contemporânea e envie ao tutor.
Exercícios de Reflexão
1- Em qual tipo de escola se enquadra a(s) que estamos em contato em nosso cotidiano? Justifique sua
resposta. (10 linhas)
2- Em que perspectiva pedagógica você enquadra a sua prática? Justifique a sua resposta. (10 linhas).
3- Desenvolva um texto procurando resgatar as principais contribuições das pedagogias tradicional, renovada,
tecnicista e progressista para uma educação atual comprometida com a formação do cidadão.
UNIDADE IV
39
TRANSDISCIPLINARIDADE E EDUCAÇÃO
Objetivos específicos:
- Compreender o sentido do termo transdisciplinar no processo de conhecimento do mundo.
- Proporcionar reflexões sobre novos olhares da educação para a construção da identidade do homem como
ser planetário.
4.1 - A Abrangência do Termo Transdisciplinar
O termo transdisciplinaridade foi tratado por Jean
Piaget em 1970 durante um congressso.
O prefixo trans significa ao que está entre, através e
além das disciplinas. Tem como proposta o rompimento
da dualidade sujeito/objeto.
Envolve aquilo que está ao mesmo tempo entre as
disciplinas, através da diferentes disciplinas e além
de toda e qualquer disciplina.
A transdisciplinaridade atravessa as fronteiras
epistemológicas de cada ciência, praticando o diálogo
dos saberes sem perder de vista a diversidade e a
preservação da vida no planeta, construindo um texto
contextualizado e personalizado de leitura dos
fenômenos.
A transdisciplinaridade é sustentada por três pilares:
os níveis de realidade, a lógica do terceiro incluído e a
complexidade. Para muitos autores, a transdisciplinaridade é o preâmbulo do conhecimento holístico.
Segundo Ubiratan D’Ambrósio, a transdisciplinaridade repousa sobre uma atitude aberta, de
respeito mútuo e mesmo de humildade com relação a
mitos, religiões e sistemas de explicações de
conhecimento, rejeitando qualquer tipo de arrogância
ou prepotência.
Em seu livro “O Manifesto da Transdisciplinaridade”,
Basarab Nicolescu mostra a transdisciplinaridade como
possível solução para a adaptação do indivíduo aos
saberes e aos novos conhecimentos vivenciados,
evitando-se o declínio da civilização.
4.2 - Educação Transdisciplinar
O Relatório Delors, elaborado pela Comissão
Internacional sobre a Educação para o Século XXI,
ligada à UNESCO, ressalta nitidamente os quatro
pilares de um novo tipo de educação: aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e
aprender a ser.
Quanto mais transdisciplinar for a prática pedagógica,
mais avançará nos conhecimentos disciplinares,
multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares (respeitando cada um deles), mais avançará
nos diferentes aspectos e nos diferentes campos do
pólo saber (respeitando cada um deles), mais em
conta levará os diferentes níveis dos pólos dos
sujeitos (professores e alunos) – e, neste caso, nos
diferentes campos do pólo saber estimulará um
diálogo profundo com as tradições de sabedoria.
(SOMMERMAN, apud Libâneo, 2005: 162)
Nas práticas educativas centradas no paradigma da
disciplinaridade, cada disciplina é abordada e
desdobrada de modo fragmentado e percorre uma
trajetória paralela e isolada demais. Na medida em que
os currículos são compostos por fluxogramas que
apresentam saberes demarcados por regiões
fronteiriças que os dividem e os fragmentam,
professores e alunos tornam-se especialistas nas
partes, nos recortes das especialidades perdendo de
vista a compreensão das relações e das inte-relações
dinâmicas que perfazem a teia interativa da
complexidade das fenômenos. (ARAÚJO, extraído de
www.cegel.org.br/revista/transd.html, 01/04/01).
40
Na transdisciplinaridade, precisamos descontruir
para reconstruir; manter as fronteiras abertas (em
todos os sentidos: científica, social, econômica ...);
compreender a diversidade e daí extrair algo positivo
que deva expandir para todos. A Educação deve tirar
as amarras, isto é, deve abranger outros olhares sobre
o homem e seu mundo; abarcar toda a diversidade,
possibilitar uma transculturalidade. A educação
tradicional vem alicerçada num modelo dictômico, por
isso fragmentado, isso está espelhado desde a infraestrutura do prédio, perpassando pelos conteúdos
programáticos, estratégias, avaliações, gestão etc.
Exercícios de Fixação
1- Procure no dicionário os termos: disciplina, multidisciplina, interdisciplina, e transdisciplina e contextualize
diante do cenário educacional hoje. Obs.: não esqueça de apresentar a referência bibliográfica, isto é, a fonte
de consulta.
2- Qual a contribuição da transdisciplinaridade para a educação do século XXI?
Exercícios de Reflexão
1- Desenvolva uma dissertação a partir do texto a seguir (30 linhas).
A educação tem, sem dúvida, um papel importante a desempenhar, se quiser dominar o
desenvolvimento do entrecruzar de redes de comunicação que, pondo os homens a escutarse uns aos outros, faz deles verdadeiros vizinhos.
(DELORS, J. Educação um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre a educação para o século XXI. 3 ed., São Paulo: Cortez. Brasília, DF: MEC
UNESCO, 1999: 40)
Ao terminar o estudo desta disciplina, você terá assimilado os conteúdos mais significativos
que foram apresentados através deste módulo. Não deixe de esclarecer qualquer dúvida que
porventura tenha surgido. Só passe à avaliação final com toda a matéria bem compreendida.
41
Se você:
1)
2)
3)
4)
concluiu o estudo deste guia;
participou dos encontros;
fez contato com seu tutor;
realizou as atividades previstas;
Então, você está preparado para as
avaliações.
Parabéns!
42
Glossário
Cibernética – a Cibernética é uma palavra de origem remota que explica o estudo das funções humanas de
controle e dos sistemas mecânicos e eletrônicos que se destinam a substituí-los. Originada do grego kibernetiké
(timoneiro; o que governa o timão da embarcação; o homem do leme, em sentido figurado, ou aquele que dirige
ou regula qualquer coisa; guia, chefe).
Dialética – originalmente, Dialética quer dizer a arte do diálogo, da contraposição de idéias que leva a outras
idéias. O conceito de dialética, porém, é apropriado por diferentes doutrinas filosóficas e, de acordo com cada
uma delas, assume um significado distinto.
Educação – etimologia da palavra educação provém de dois vocábulos latinos, educare e educere, e significa o
“processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano” (FERREIRA, 1993: 197).
Liberalismo – doutrina cujas origens remontam ao pensamento de Locke (1632-1704), baseada na defesa
intransigente da liberdade individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra ingerências
excessivas e atitudes coercitivas do poder estatal.
Pedagogia – o conceito de pedagogia nasceu na Grécia. No início, na paidéia grega, “criação de meninos”,
posteriormente, os pensadores educacionais de outras épocas ampliaram-no acrescentando o conceito de
Agogôs (que conduz), criando um novo conceito, o “Paidagogos que significa “aquele que conduz a criança”
(ARANHA, 1996: 41) e, hoje, temos a pedagogia, classificada por muitos estudiosos como uma ciência da
educação.(http://www.uniube.br/institucional/proreitoria/propep/mestrado/educacao/revista/vol02/04/art01.htm.
Acesso em 12 jan., 2007).
Pensamento complexo – é o pensamento que se abre às influências tanto no âmbito estritamente metodológico,
quanto no campo cultural. Um pensamento aberto e flexível que aceita e procura entender as constantes
mudanças do mundo e não nega a multiplicidade, a diversidade, a aleatoriedade e a incerteza.
Práxis – a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo.
Psicolingüística – o estudo das conexões entre a linguagem e a mente.
Gabarito
A auto-avaliação deve conter respostas amplas. Quantos mais elementos você puder apresentar nas suas
respostas, maiores são os conhecimentos adquiridos por você. É sinal de que você está conseguindo articular,
intelectualmente, os diferentes conceitos entre si. Não se acanhe em buscar elementos em todas as unidades
para sua argumentação final.
Procure dar as respostas da maneira mais completa possível e encaminhe-as ao tutor, de modo a serem, se não
corrigidas, recolocadas por ele, dentro do modo como você apreendeu o conteúdo geral.
Gabarito dos Exercícios de Fixação
Unidade I
Exercício I
1- Quando conhecemos algo, estamos absorvendo conteúdos para nossa informação. Pensar significa
desenvolver a capacidade de pegar objetos e moldá-los com o nosso pensamento da melhor maneira possível,
dando novos significados à realidade.
2- A inquietação, a admiração, a angústia, o medo e a coragem.
3- Perguntar-se como se dá a relação professor-aluno, de que modo se pode fazer a avaliação deste é tarefa
destas ciências, como a Psicologia da Educação e/ou a Didática.
4- Auxilia o educador a ter uma perspectiva mais ampla sobre o seu ofício, quando se pergunta sobre o
significado desta para o homem.
5- Não. Porque as escolas são as instituições que veiculam a educação na sociedade: a escola é veículo apenas
para o tipo de educação que é considerado mais importante pelo Ministério da Educação, em favor dos grupos
que dirigem esta organização social e política.
6- A Filosofia da Educação não cria a educação: limita-se a refletir sobre as educações que existem, ou que já
existiram.
7- Através da Filosofia da Educação, adquirimos o instrumental intelectual necessário para tomarmos consciência
de que existem diferentes processos educacionais, diferentes utilidades para cada um, e para distinguirmos com
clareza a quem estamos servindo quando ensinamos. Com este instrumental, podemos optar com consciência
entre as abordagens e os conteúdos que utilizaremos em sala de aula com os nossos alunos. Esta conscientização
também é útil ao próprio profissional de educação, pois permite que ele planeje melhor os seus projetos
pedagógicos.
8- Acreditam que uma sociedade que cuide bem da “saúde”dos seus capitais, necessariamente, será uma
sociedade rica e desenvolvida.
9- Uma não correspondência entre as demandas sociais (saúde, aumento da renda etc.) e o que está sendo
efetivamente veiculado pela educação (saber técnológico de ponta para o desenvolvimento da economia
capitalista).
10- Faz com que nosso técnicos pensem e produzam o aumento dos lucros e da produção, mas deixem de lado
de que forma essa produção é distribuída na sociedade.
Exercício II
Resposta de cunho pessoal. Encaminhe ao tutor.
Leitura Complementar
Resposta de cunho pessoal. Encaminhe ao tutor.
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Unidade II
Exercícios de Fixação
Exercício I
1- A teoria dos valores.
2- Ao tomarmos atitudes, estamos o tempo todo fazendo escolhas. Essas escolhas são movidas pelos
nossos valores.
3- Em Filosofia, ao acharmos algo ou alguém “bom”ou “ruim”, “útil” ou “inútil”, e nos posicionarmos frente
a algo ou alguém a partir disso, dizemos que estamos fazendo um julgamneto, ou juízo de valor.
4- Não. Porque a moral também faz parte de um processo de construção.
Exercício II
Resposta de cunho pessoal. Encaminhe ao tutor.
Leitura Complementar
1- O guerrilheiro de esquerda, durante a Guerra Civil Espanhola, foi capturado para entregar o líder do seu
grupo, carismático e influente pela causa contra a ditadura do general Franco. Ou entregava o paradeiro do
líder, seu amigo, ou seria executado.
2- Resolveu não informar o paradeiro do líder. Pela manhã, antes de ser executado, após muita reflexão,
resolveu dar um pouco de trabalho aos seus algozes, e informar um paradeiro falso de seu amigo, já que ele
seria executado de qualquer maneira.
3- Acabou, por obra do acaso, sendo libertado. Depois de passar a noite toda refletindo e concluir sobre a
curta duração da existência humana, da extrema contingência de estar vivo no mundo, quando não fazia mais
a menor diferença viver mais 30 anos ou 30 segundos, no momento em que estava prestes a ser “redimido”através
de sua execução, passou a ser “condenado”a ficar livre, e com um sentimento de culpa, por ter entregado, sem
querer, o seu amigo, líder da facção contra-revolucionária, que seria desmobilizada a partir de então.
Exercício de Reflexão
Resposta de cunho pessoal. Encaminhe ao tutor.
Unidade III
Exercícios de Fixação
1- Tabela a ser conferida pelo tutor, transcrita do texto, como auxiliar do fichamento.
2- Transformadora.
3- Pedagogia crítico-social dos conteúdos.
4- Objetivos bastante gerais, focados na formação de um novo homem. Trazer a realidade vivida fora do
processo de ensino para dentro do processo de ensino. Ensinar a partir das diferentes experiências de vida.
Aula é sinônimo de troca. O objetivo mais geral da convivência entre os diferentes, o princípio da tolerância
estaria permanentemente sendo exercitado.
Exercícios de Reflexão
Resposta de cunho pessoal. Encaminhe ao tutor.
Unidade IV
Exercícios de Fixação
1) Resposta se encontra em dicionário. Deverá ser encaminhada ao tutor.
2) Abre espaços para a comunhão de diferentes saberes em diferentes níveis de conhecimento, procurando
atender as necessidades do homem como ser integral e possibilitando que a educação possa estimular e
desenvolver a consciência planetária na pessoa, visto que essa atitude tornar-se-á imprescindível diante de um
mundo ameaçado por diversas catástrofes, sejam elas ambientais, sociais, políticas, econômicas etc.
Exercícios de Reflexão
Resposta de cunho pessoal. Encaminhe ao tutor.
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Referências Bibliográficas
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Acesso em 01, abr., 2001.
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TELES, M. L. S. Educação – a revolução necessária. Petrópolis: Vozes, 1997.
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