Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado1 Itamar Pereira de Oliveira2, Luana Carvalho Oliveira3, Camila Stéffane Fernandes Teixeira de Moura4 Resumo: A laranja é a fruta, dentre os citros, que mais tem dado retorno econômico e pesado significativamente na balança comercial brasileira. Embora a aceitação de produtos cítricos, ora se beneficie de aumento de aceitação no mercado internacional, ora também sofre retração por efeitos independentes dos esforços dos especialistas entendidos em exportação e negócios de produtos agropecuários. Apesar de a produtividade interna ter que melhorar, necessitar de um aumento de áreas e que se ocorra um melhoramento das tecnologias, o Brasil ainda assim, tem se mantido como o maior produtor de frutos e bens agregados ao cultivo de laranja. Esses resultados positivos com a lavoura, além de incentivar a cadeia produtiva interna, cria expectativa favorável para os produtores e empresários se diversificarem e especializarem cada vez mais na produção de novos produtos que agregam valores as atividades básicas e tradicionais com a exploração dos citros. Enquanto os produtores externos se enfileiram para ganhar espaço no mercado internacional, os produtores brasileiros acreditam na força da área agricultável interna, potencialmente aceitável para a produção de frutas. A extensão das terras brasileiras e a diversidade do clima podem diversificar o uso do maior número de variedades produtivas de citros e conseguir alargar o período de colheita para abastecer por mais tempo o mercado interno e internacional com produtos frescos e diversificados. A mão de obra básica e especializada tem demonstrado a eficiência necessária para explorar a cultura, progredindo em tecnologia à medida que o mercado possa cobrar melhor qualidade do produto básico e, posteriormente crie novas opções comerciais. Palavras chaves: Atividade sustentável. Mercado interno e internacional. Novos produtos. Produtividade. Tecnologia eficiente. Some biotic and abiotic factors that affect the quality of market orange products Abstract: The orange is a fruit, among the citrus which has given more economic return and weighed significantly in the Brazilian trade balance. Although the acceptance of citrus products now take advantages of increased acceptance in the international market, just now it can suffers shrinkage effects of the efforts of independent experts knowledgeable in business and export of agricultural products. Even if the internal productivity has to crop higher areas and improve technology that Brazil has kept as the largest fruit producer and goods added to the orange growing. These positive results with the crop can encourage the domestic production chain and creates expectations favorable for the producers and entrepreneurs to diversify and specialize more in producing new goods that add value to basic and traditional activity in citrus exploitation. While the outside producers line up to make room in the international market, Brazilian producers believe in the strength of internal farmland potentially acceptable for fruit production. The extension of Brazilian territory and the diversity of climate can diversify the use of more productive varieties of citrus and can extend the harvest period to supply any longer domestic and international markets with fresh and diverse orange products. The hand work of basic and specialized works have shown the efficiency needed to explore the crop progresses in technology as the market can charge higher quality base product and then create new trading options. Keywords: Domestic and international markets. Efficient technology. New products. Productivity. Sustainable activity. 1 Revisão com finalidade acadêmica realizada na Faculdade Montes Belos (FMB) Professor orientador da Faculdade Montes Belos (FMB) 3 Discente do Curso de Engenharia de Produção da Faculdade Salgado de Oliveira 4 Discente do Curso Superior de Tecnologia de Produção Sucroalcooleiro da FMB Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 2 113 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura 1.0. Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado em solos com baixos teores em nutrientes, Introdução agravados por adubações insuficientes e em épocas Citros é considerado um grupo de fruteiras inadequadas, manejo de baixa qualidade, bem como importante no Brasil, não somente devido à deficiência hídrica, decorrente de precipitações qualidade nutritiva dos frutos, mas também devido aquém à função social e econômica que exerce como irregularmente produto de exportação. A laranja é fruta de maior SEBRAE, 2012, CONTE 2004). Outros produtores proeminência, justamente aquela que o Brasil é que sobressaem na produção de citros são Sergipe, campeão em produção mundial. Em 2010, foram Bahia, Minas Gerais e Paraná. do necessário durante e/ou o ano distribuídas (IBGE, apud produzidas 18 bilhões de toneladas de laranja, um Com exceção dos grandes centros, onde a aumento de 2,74% comparado a 2009. A receita, no fiscalização exerce sua função de verificar a entanto, cresceu muito mais que a produção. O qualidade dos produtos oferecidos ao público, as valor da produção de laranja, em 2010, foi de US$ 6 frutas que chegam ao mercado ainda estão muito bilhões, um acréscimo de 28% em relação aos US$ aquém do aceitável pelos padrões de qualidade. 4,6 bilhões de 2009. Obviamente, esta qualidade não afeta a nutrição A safra brasileira 2012/2013 está projetada humana, porque geralmente, nos pequenos centros em volumes acima de 164 milhões de caixas de sempre existem um pomar ou um pé de fruta bem 40,8 quilos, enquanto a americana deve somar tratado que complementa as necessidades básicas 146,5 milhões de caixas. “A produção elevada está nutricionais da população. Baseando-se nestas na contramão do consumo que, na Europa, nos carências, principalmente técnica, esta revisão foi Estados caindo realizada discutindo, resumidamente, alguns fatores gradativamente desde 2008 em função da crise bióticos e abióticos que afetam a produção de citros. Unidos e no Canadá vem internacional, diz Mendes (GLOBO RURAL, 2012)”. Por outro lado, o crescimento populacional 2.0. Desenvolvimento do cultivo de citros mundial ainda está em fase de expansão e existe uma necessidade premente de produzir para a população adicional vindoura. Os primeiros cultivos de laranjas tiveram origem nas regiões tropicais do território asiático, Entre os Estados, São Paulo foi o maior mas atualmente são cultivadas mundialmente, em produtor do setor, sendo o que mais produz Laranja diversos tipos de solos e climas. Por ano são no Brasil. Em 2010, foi também o Estado com produzidas maior aumento da produção, com um acréscimo de toneladas 40,3% em receita com frutas. A grande maioria dos processadas em forma de suco e subprodutos pomares brasileiros, no entanto, apresenta baixas cítricos e o restante, comercializada como frutas produtividades devido à combinação de diversos frescas. aproximadamente de laranjas, das 65 quais milhões 40% de são fatores. É relevante citar a implantação de pomares Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 114 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado As maiores regiões produtoras são a Flórida, Grupo da laranja doce: Citrus sinensis - nos Estados Unidos e São Paulo, no Brasil. O também conhecida como laranja chinesa, sendo a cultivo planejado para processamento em larga mais importante. escala começou na Flórida na década de 20, mas Grupo da laranja azeda ou amarga - Citrus após consecutivas geadas nos Estados Unidos que aurantium - também conhecida como laranja de destruíram Sevilha plantações e prejudicaram o fornecimento de suco para o mercado local, Mandarinas ou tangerinas - Citrus reticulata produtores brasileiros estabeleceram a indústria de Laranjas híbridas - que resultam do cruzamento suco de laranja no estado de São Paulo, na década de laranjas doces e tangerinas de 60. Nas décadas seguintes, a capacidade de Assim como outras frutas, a laranja também produção no Brasil cresceu a ponto do país é suscetível a doenças que afetam suas folhas, frutos ultrapassar a região da Flórida em 1983, tornando- ou se o principal produtor mundial de laranjas. Outras produtores de frutas buscam alocar recursos para regiões importantes de cultivo são a China, o pesquisa e desenvolvimento nessa área, uma vez México e a região do Mediterrâneo (CITRUS BR, que 2012, CUTRALE, 2012). significativos. O fruto consiste basicamente de vesículas até os mesmo árvores danos inspecionar inteiras. econômicos É grandes provenientes extremamente sistematicamente Os os são importante pomares e que contém suco, envoltas por uma casca composta acompanhar se as medidas tomadas para controlar por duas camadas: a primeira mais fina, chamada as doenças, estão sendo implementadas e surtindo o flavedo, que é a parte colorida devido à presença de efeito desejado. caroteno e a camada mais interna, grossa e fibrosa O intervalo entre a colheita da fruta e o chamada albedo. As pequenas vesículas de óleo na processamento dos sucos, idealmente, não deve casca da laranja é que dão o aroma característico da ultrapassar 24 h, uma vez que os frutos se fruta. O endocarpo, que é o fruto propriamente dito, deterioram rapidamente após a colheita. Como a é formado por um núcleo fibroso central e laranja é um produto sazonal, cada região produz segmentos individuais contendo as vesículas de variedades suco. Na indústria, todas as partes da fruta são diferentes de maturação, prolongando o período da transformadas em produtos comercializáveis e de colheita e otimizando a utilização das fábricas. larga escala de utilização e aplicação, maximizando Sucos obtidos de frutas de variedades diferentes assim o seu aproveitamento e consequentemente o apresentam características distintas com relação à rendimento industrial. Dentre as frutas cítricas, a cor, sabor, quantidade de sólidos solúveis, etc. No laranja representa mais de dois terços da produção Brasil, a época de colheita vai de Junho a Fevereiro, mundial, e podem ser dividida em quatro grupos enquanto na Flórida vai de Outubro a Junho. comercialmente essenciais: diferentes do fruto, com épocas Para a indústria, é importante aproveitar o máximo possível dos frutos sem diminuir a Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 115 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado qualidade dos produtos obtidos (CUTRALE, 2012). ser readicionada ao suco para proporcionar textura e Como produtos primários encontram se: aparência natural ao produto. Fruta fresca - Depois de colhidos, os frutos passam Suco extraído da polpa (Pulp Wash, também por lavagem, conhecido como WESOS - Water-Extracted Soluble revestimento com cera e embalagem. O detergente Orange Solids) Suco obtido após a lavagem da utilizado na lavagem pode incluir fungicida e por polpa, contendo sólidos provenientes da fruta. Pode esse motivo as frutas não são utilizadas para ser usada em bebidas à base de frutas ou como fonte processamento de suco, já que os fungicidas de sólidos solúveis secundários. Também é poderiam deixar resíduos indesejáveis no suco. utilizado como agente espessante para prover Suco de laranja - que pode ser dividido em duas textura e encorpar bebidas de frutas. categorias, sendo produtos primários e produtos Óleo da casca da laranja (Cold-Pressed Orange secundários. Oil). Óleo essencial extraído da casca de laranja. É estágios de inspeção visual, vendido para a indústria de armas e fragrâncias que 2.1. Produtos primários produzem compostos aromáticos largamente utilizados em alimentos, bebidas, cosméticos e Suco Concentrado Congelado de Laranja produtos químicos. (FCOJ - Frozen Concentrated Orange Juice) pode Essência. ser transportado a custos menores e armazenado por componentes voláteis resultantes do processo de períodos mais longos em câmaras-frias. evaporação são separadas em fase aquosa e fase Suco Não-Concentrado de Laranja (NFC - Not- oleosa. Os componentes solúveis em água, às vezes From-Concentrate Juice) - é o suco que não passa são readicionados ao suco ou concentrado, e a fase por processo de concentração, produzido para oleosa é diferente do óleo da casca de laranja e mercados locais e também exportado. contém mais do gosto da fruta; também é As essências compostas por readicionada ao concentrado. Ambas as fases são 2.2. Produtos secundários matérias primas para as indústrias de bebidas e alimentos. Comminuted Citrus Base - Desenvolvido D-Limonin ou Terpeno Cítrico. O principal originalmente no Reino Unido, trata se de um componente do óleo da casca da laranja. É um óleo produto resultante da moagem da fruta inteira ou de fino e incolor, obtido durante o processo de um pouco de suco concentrado misturado à casca fabricação do farelo de polpa cítrica, e utilizado nas moída. É utilizado como ingrediente para bebidas à indústrias de solventes biodegradáveis, produtos de base de frutas, já que preserva o sabor do fruto. limpeza e na fabricação de resinas sintéticas e Polpa ou Células de Laranja - São os gomos de adesivos. suco rompidos e as paredes internas do fruto que Farelo de Polpa Cítric. Produto resultante do sobram após o processo de extração do suco. Pode processamento do suco, formado a partir dos Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 116 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado resíduos úmidos do fruto: casca, bagaço, polpa não produto que lhe serve como aliado nas vendas e reutilizada e sementes. Esses resíduos passam por para o empresário, é a aceitação do produto que, processo de secagem e formam uma forragem além do resultado financeiro, lhe traz certeza de ser concentrada que é transformada em Pellets, que um competidor no mundo dos negócios. servem para a preparação de ração para gado. Segundo Talamini & Oliveira (2012) para Pectina. Produto menos comum, proveniente da que se tenha sucesso competitivo, o agronegócio casca da laranja e utilizado como espessante em depende da criação e sustentação de vantagens, geleias, marmelada, e gelatinas. onde cada empresa esforça se para obter atributos que a diferencie das demais, além de eficiência 3.0. 3.1. Práticas essenciais que influenciam na produtiva e preço, tais como a qualidade dos qualidade do produto produtos, o processo produtivo e o meio ambiente. Irrigação O desafio para o agronegócio está estreitamente associado com a sua garantia de sobrevivência e A conjuntura econômica moderna se competitividade perante os fatores de globalização caracteriza pela alta competitividade, pelo grau de de mercados, tecnologia, qualidade, produtividade e exigência dos consumidores e pela rapidez com que principalmente com a utilização eficiente dos acontecem as mudanças no ser humano atualizado. recursos naturais, sem degradar o meio ambiente. A fidelização do cliente, nessas situações, acontece A pesquisa de Coelho et al. (2004) é em função da habilidade em colocar o produto de realizada tecnicamente e justifica a produção de qualidade à mostra ao consumidor e o inter- citros em algumas áreas áridas do nordeste relacionamento entre a rápida convivência do brasileiro em condições irrigadas. Esses autores atendente e o cliente. Ao mesmo tempo, o melhor relatam que todos os métodos de irrigação, seja de produto é aquele que além da qualidade, agrada pela superfície, aspersão ou micro irrigação, estão sendo aparência, de acordo com o modo que ele é usados nas culturas cítricas. Na escolha do método é colocado no mercado. Nesse campo, a irrigação necessário levar em conta sua eficiência, o que pode constitui um forte fator para ajudar um novo representar economia de água e energia, sem produto colocado à venda. Várias etapas que redução na produtividade da cultura. A eficiência de permeiam entre o produtor e o consumidor são irrigação de um projeto é dada pelo produto da queimadas, uma vez que para o consumidor, o que eficiência de aplicação e da eficiência de condução lhe interessa é a qualidade; para o produtor, o da água. Na Figura 1 pode se conhecer a eficiência importante é a produtividade que lhe traz lucros média de cada tipo de irrigação. financeiros; para o atendente, a aparência do Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 117 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado 87,5 90 82,5 75 80 70 67,5 70 60 60 60 50 35 40 40 30 20 10 0 SCIP SCMAI SCMID FBSMA FMSMI BN AP AF MG FIGURA 1 - Eficiência de aplicação de água para diferentes métodos e sistemas de irrigação (Allen, 1992). SCIP = sulcos com irrigação de pusn, SCMAI = sulcos com manejo adequado de irrigação, SCMID = sulco com manejo inadequado de irrigação deficiente, FBSMA = faixa bem sistematizada e manejo adequado, FMSMI = faixa mal sistematizada e manejo inadequado. , BN = bacia em nível, AP = aspersão portátil, AF = aspersão fixa e MG = micro aspersão e gotejamento. Adaptado de Coelho et al., 2004. ETc = Kc x ETo pomar é fundamentada no balanço entre a ETc = evapotranspiração da cultura evapotranspiração da cultura (mm/dia) e os totais de Kc = coeficiente de cultura chuvas (mm/dia) para um período de secamento do ETo = evapotranspiração de referência (ETo) é a solo entre duas irrigações. Essa evapotranspiração que ocorre em um gramado, grama batatais da cultura (ETc) é determinada, indiretamente, por (Paspalum notatum L.). metodologias, com base nos elementos A evapotranspiração (ETc) é exigida para meteorológicos essenciais para esse processo como verificar a perda de água para o ambiente e que temperatura, umidade relativa, radiação solar e deve ser recolocada a disposição da planta. Na velocidade de vento. O procedimento indireto prática, a evapotranspiração da cultura é a soma do utilizado que o pomar perde, na forma de evaporação da água evapotranspiração de referência (ETo) (Tabela 1) a no solo e transpiração das plantas. Portanto, de mesma que ocorre em um gramado, grama batatais maneira simplista, a lâmina de água aplicada no (Paspalum notatum L.) pela seguinte equação: envolve a determinação da Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 118 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado TABELA 1 - Valores do coeficiente de cultura (Kc) para pomares cítricos. Adaptado de Castel (1996) e Dorenbos & Pruitt (1977). Os dados da FAO – Food and Agriculture Organization referem-se às áreas de poucas chuvas, ventos moderados e grama com cultura de referência. A = Plantas adultas cobrindo mais de 70% do terreno. B = Plantas jovens cobrindo 50 % do terreno. C = Plantas jovens cobrindo 20 % do terreno. 1 = Plantas em terreno limpo. 2 = Plantas em terreno com mato. ETo = Kp x ECA ECA = lâmina d’água evaporada no tanque em Kp = coeficiente do tanque Classe A (admensional) milímetro por dia, medida diretamente nesse (Tabela 2). tanque. TABELA 2 - Valores do coeficiente Kp em função dos dados meteorológicos da região e do meio em que o Tanque Classe A está instalado, segundo Doorenbos e Pruitt (1977), citado por Coelho et al. (2004). 3.2. Nutrição mineral de plantas metabolismo contribuindo para o crescimento e consequentemente produção. Ao analisar a composição mineral do tecido das O suprimento e a absorção de elementos plantas verifica se que elas apresentam, em sua químicos demandados para o crescimento e o composição, elementos químicos que são obtidos da metabolismo podem ser definidos como nutrição e solução do solo através das raízes. Esses elementos os elementos químicos necessários a um organismo, químicos, também conhecidos como nutrientes vão denominam se nutrientes. sendo utilizados pelas plantas através do seu Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 119 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado A absorção dos nutrientes da solução do raízes das plantas, ao entrarem em contato com os solo dependerá das características químicas e físicas nutrientes da solução do solo, não selecionam qual desse; tendo grande influência na disponibilidade ou quais nutrientes serão absorvidos. Segundo a dos íons o parâmetro do solo denominado pH, função dos nutrientes para as plantas, estes são principalmente na faixa de 5,5 a 6,5. Todavia, as classificados como essenciais, necessários ou úteis. TABELA 3 – Interpretação dos teores foliares. Folhas de ramos frutíferos gerados na primavera, com três a sete meses de idade (3ª folha depois do fruto). Fonte: Malavolta et al. (1994). São denominados macronutrientes os elementos Magnésio e Enxofre são retirados do solo, sob básicos necessários em maior volume às plantas condições naturais (Tabela 3). como o Carbono, Oxigênio e Hidrogênio, que são Os micronutrientes são requeridos em retirados do ar e da água. O Nitrogênio, o Fósforo e pequenas quantidades (miligramas), equivalente a o Potássio, são considerados macronutrientes um milésimo do grama e micrograma, milionésimo primários, sendo adicionados ao solo. Já o Cálcio, do grama. São eles: o Boro, Cloro, Cobre, Ferro, Manganês, Molibdênio, Cobalto, Níquel e Zinco. Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 120 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado TABELA 4 – Teores foliares de macronutrientes e micronutrientes, em folhas de ramos não frutíferas, associados com a produção de 1.200 a 1.400 caixas/ha. Fonte: Malavolta et al. (1994). Pensando em produzir para todo um país, ser conhecida pela análise, para se ter uma planta ainda se preocupando em exportação do excesso de normal dentro da espécie e saudável o suficiente produção e ao mesmo tempo, entender que a para estar apta a produzir. Tanto o excesso quanto a maioria da produção é retirada do solo, que falta de alimento, são prejudiciais às plantas e por naturalmente não tem estas quantidades distribuídas isso é necessário que se faça o acompanhamento uniformemente, para que um solo atenda às através da análise de tecidos (Tabela 3 e Tabela 4), necessidades é visando verificar quanto deve ser aplicado para necessário que se efetue uma verdadeira radiografia manter a planta nutrida suficientemente para dele. Através da análise do solo tem-se informações produzir frutos sustentavelmente, pelo período sobre quais os níveis de nutrientes disponíveis máximo de tempo, permitido pela lavoura. Na naquele ambiente, onde a planta vai desenvolver e Tabela 5, são encontradas a descrição dos sintomas produzir. A recomendação necessária dos nutrientes da falta de cada nutriente em citros. nutricionais de uma planta, para complementar a necessidade da planta, deve Classificação Sintomas A1. B1. C1. Nutriente Sintomas que se originam na vegetação nova, persistindo muitas vezes, porém, na madura. Folhas com coloração uniforme; crescimento reduzido; internódios curtos, causando aparência arbustiva. Folhas, usualmente grandes e verde-escuras. Ramos alongado e ondulado nos estágios iniciais; podem ter crescimento secundário curto e arbustivo, depois da morte descendente ("die back") dos lançamentos longos; as folhas podem ser alongadas e parecidas com as do pessegueiro; bolhas com goma podem formar-se ao longo de ramos vigorosos na base de cada pecíolo; gemas múltiplas ou brotos podem se formar nos nós; o fruto pode mostrar goma nas pontas COBRE Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 121 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura C2. C3. C4. B2. C1. C2. D1. D2. A2. B1. C1. C2. C3. Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado dos lóculos e erupções pardacentas na superfície da pele (exantema). Folhas novas verde-pálidas, tornando se amareloesverdeadas quando crescem; vegetação rala; NITROGÊNIO ausência ou poucos frutos de cor pálida. Vegetação nova de cor verde sem brilho, rala e com algumas folhas deformadas, às vezes com cortiça nas nervuras; frutos com muito albedo, apresentando BORO goma perto da pele; a goma pode aparecer também nos lóculos; queda excessiva de frutos novos; sementes abortadas. Folhas novas verde-amareladas, às vezes com ENXOFRE nervuras verdes destacadas. Folhas com clorose localizada. Folhas de tamanho reduzido, estreitas e pontudas ZINCO (lanceoladas), com malhas amarelo-brilhantes que contrastam com o fundo verde; frutos pequenos e pálidos. Folhas, aparentemente, normais em tamanho e forma. Malha verde-pálido na folha toda; a malha pode ter o formato de ferradura com a parte aberta voltada para a MANGANÊS nervura principal ou pode mostrar-se como um reticulado grosso (as nervuras) e uma faixa de tecido ao longo das mesmas, permanecem verdes. Nervuras verdes sobre fundo verde-pálido ou amarelo (reticulado fino); em casos severos as folhas podem FERRO ficar totalmente pálidas e com o tamanho reduzido; raminhos podem morrer na ponta externa dos galhos. Sintomas se originando em folhas maduras, com as novas parecendo normais ou quase normais. Padrão definido pelo desaparecimento da clorofila em áreas localizadas, com aumento gradual ao passar do tempo. A clorofila começa a desaparecer na parte basal da folha, entre a nervura principal e a margem; a MAGNÉSIO progressão é usualmente para fora, deixando a figura de uma "cunha" na base da folha; pode, entretanto, dar se para dentro e causar o aparecimento de uma cunha amarela; a folha inteira pode tomar uma cor bronze dourada e cair prematuramente, causando morte descendente de ramos novos. O desaparecimento da clorofila começa ao longo das margens laterais, progredindo para dentro até alcançar a metade da distância até a nervura principal, com CÁLCIO uma frente irregular; a planta é extremamente pequena, com sistema radicular mal desenvolvido. A clorofila começa a desaparecer em manchas na metade distal da folha; as manchas, inicialmente amarelo-pálidas, tornam se bronzeadas à medida que POTÁSSIO se espalham e coalescem; as folhas podem se enrolar; as pontas das folhas podem ficar pardas; as folhas velhas são persistentes, ao contrário das deficientes Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 122 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado em cálcio, com as quais podem-se assemelhar; folhagem sem brilho, a planta parece seca; frutos de tamanho muito diminuído, porém de boa qualidade; queda excessiva de frutos; rachaduras e sulcos nos frutos, menor resistência à seca. Desaparecimento da clorofila em manchas distribuídas ao acaso no limbo; as manchas desenvolvem centros pardos com halos amarelos ou C4. MOLIBDÊNIO alaranjados, podendo coalescer ou sobrepor-se; as manchas têm 0,6-1,25 mm de diâmetro e aparecem somente no outono. B2. Desaparecimento não localizado da clorofila. A folha toma uma cor verde escura, passando, posteriormente, a amarelo-laranja; em casos extremos FÓSFORO C1. podem aparecer pontas ou manchas queimadas; frutos ásperos, esponjosos, com o centro oco e excessivamente, ácido. Folhas com tons variando de verde-pálido a amarelado com nervuras esbranquiçadas; frutos ralos C2. NITROGÊNIO de cor pálida, tanto externa como internamente; boa qualidade, porém baixo conteúdo de suco. TABELA 5 - Guia para identificação dos sintomas de fome ou deficiência, de acordo com (Malavolta et al., 1994). 3.2.1. Ação das pragas dos citros 3.2.1. Principais pragas dos citros 3.2.1.1. Ácaro da falsa ferrugem Os estragos ou danos causados pelos insetos às plantas, não se apresentam com a mesma Esse ácaro do gênero Phyllocoptruta intensidade, nos mesmos órgãos e nos mesmos oleivora, ocorre em qualquer época do ano, locais. A maioria deles pode ser notada em todos os desenvolvendo-se em ramos, folhas e frutos. Por ser órgãos vegetais. Dependendo da espécie, da a principal parte comercial, os danos em frutos têm densidade populacional da praga, do estádio de maior importância econômica, uma vez que desenvolvimento, estrutura vegetal atacada e da reduzem o seu valor de mercado causando duração do ataque, poderá haver maior ou menor prejuízos. As plantas atacadas por esse gênero dano, seja quantitativo ou qualitativamente. De apresentam-se modo geral, para exemplificar, nos citros a ação dos "emplacamento" da área afetada, inviabilizando a insetos se exteriorizam em forma de lesões na casca fruta para comercialização "in natura" ou mesmo das plantas, queda nas folhas, morte das plantas e para processamento na indústria. Quando os fatores queda nos frutos (GALLO et al., 2002). climáticos são favoráveis, como em ambiente de alta umidade bronzeadas e temperatura, ou esses mesmo ácaros desenvolvem-se rapidamente, atingindo níveis de dano econômico que, segundo McCOY et al. Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 123 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado (1975), é de 70-80 ácaros/cm2. O seu controle confirmam que no litoral, esse ácaro causa a doença deverá ser efetuado quando: "clorose zonada". É uma praga oportunista que se a) em 20% dos frutos ou folhas examinadas, abriga nas lesões corticosas ocasionadas pela forem observadas e constatar a presença de doença "verrugose". Seu controle deve ser realizado mais de 20 ácaros/cm2. Esses cuidados devem no início dos sintomas, ou seja, quando em 3% dos ser observados quando a produção se destinar frutos ou ramos examinados forem observados sua ao mercado de fruta fresca; presença, devendo a pulverização ser realizada em b) em 30% dos frutos ou folhas examinadas, toda a planta cobrindo os lados inferiores e forem observadas a presença de mais de 30 superiores das folhas, galhos e troncos. Recomenda ácaros/cm2, isto quando a produção se destinar se à indústria. complementar, a ser realizada no inverno na época como medida preventiva de controle Dentre os acaricidas, os mais indicados para da poda de limpeza, eliminando os ramos com o controle desse ácaro são Kelthane 480, Dithane lesões. Dentre as técnicas recomenda se também, a PM, Neoron 500 CE, Enxofre e Vertimec 18 CE. manutenção do terreno limpo e pulverizações em pomares de variedades tolerantes como as tangerinas que, embora não mostrem os sinais de 3.2.1.2. Ácaro da leprose leprose, são ainda hospedeiras do ácaro. Cuidados Tem como agente da leprose o gênero Brevipalpus phoenicis, que pode atacar maiores devem ser tomados em viveiros de plantas as jovens, onde o controle deste ácaro deve ser laranjeiras em qualquer época do ano, tendo como rigoroso. Os acaricidas mais indicados para o resultado a doença "leprose". Esta é caracterizada controle da praga são o Kelthane 480, Sipcatin 500 por lesões desenvolvidas nos frutos e folhas. SC, Peropal 250 PM, Propargite, Torque, Partner e Geralmente, nos ramos novos se desenvolvem o Savey. lesões inicialmente amareladas, que tornam-se salientes e corticosas. A doença leva a queda dos 3.2.1.3. Cochonilhas frutos e folhas, e por último à seca de ramos. Segundo Maricone et al.(1989) o ácaro da leprose Apresenta-se, de acordo com suas Brevipalpus phoenicis causa queda de folhas e diferenciações, em vários gêneros como Orthezia frutos, reduzindo a produção em até 80%. Esta praelonga, Pinnaspis aspidistrae, Selenaspidus doença eleva consideravelmente o custo final de articulatus, Unaspis citri, Coccus viridis. São produção, pois há mais gastos com defensivos encontrados atacando todas as partes da planta, agrícolas e também maiores perdas de frutos caídos sugando a seiva e causando um esgotamento no chão. Por este motivo, tem-se pesquisado gradual dos citros pela introdução de toxinas. Os incessantemente novos produtos, a partir de frutas frutos perdem o valor comercial da produção “in caídas retiradas do pomar. Muitos pesquisadores natura” devido o aparecimento de mancha. Os Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 124 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado nomes populares, devido à coloração e aspecto das joaninhas destacam-se os gêneros Pentilia egena, principais cochonilhas que são recobertas por Coccidophilus citricola e Azya luteipes. E existem carapaça ou por escamas, tais como "cabeça-de- ainda, prego", "vírgula", "farinha", "picuinha", "lixa", predadores gerais. os crisopídeos que são considerados "preta", "pardinha”. Pouco antes da floração é a época mais recomendada para o controle, quando é 3.1.2.4. Mosca das frutas realizada uma pulverização cuidadosa, nas partes atacadas da planta. Uma segunda pulverização deve Pelo gênero Ceratitis capitata, as variedade ser realizada 20 dias após a primeira. O controle de laranjas tardias são as mais prejudicadas pela desse inseto é controlado aplicando inseticidas mosca das frutas, mas a multiplicação desses fosforados, aplicados isoladamente ou em mistura insetos pode ocorrer durante todo o ano. As larvas com óleo mineral ou vegetal e metade da dose são prejudiciais por duas maneiras, ao perfurarem recomendada. Evitar aplicar inseticida fosforado na os frutos, causando, quando verdes, a mancha parda época da florada. e, quando maduros, podridões e queda considerável Para as cochonilhas sem carapaça, sendo a mais de frutos. Para evitar o estrago de frutos, procura-se importante a "ortézia", é realizado seletivamente iniciar os tratamentos com inseticidas, quando os nos focos de infestação. Frequentemente associada frutos tiverem atingido o tamanho máximo para a a essa praga, encontra- se a "fumagina", recobrindo variedade as folhas. amarelecimento. Iscas atrativas podem ser usadas cultivada, antes de começar o As cochonilhas apresentam maior infestação para controle da mosca, aplicando poções especiais nos meses mais frios do ano. Além de sugar a seiva, contendo 100 litros de água, 7 litros de melaço de provoca desfolhamento das plantas, com redução da cana, ou 1 kg de proteína hidrolisada, ou 5 kg de produtividade e queda de frutos. O controle desta açúcar cristal e um inseticida fosforado. A solução é praga é feito mantendo os focos limpos e realizando aplicada o controle químico nas plantas atacadas e aproximadamente 150 cm3 por planta. Quando se circunvizinhas. A aplicação de inseticidas via foliar, trata do início de ataque da praga, é recomendável alternando fosforados, tratar as bordaduras do talhão e posteriormente piretroides e carbamatos, resulta em melhor algumas linhas internas. A frequência de aplicação controle da praga. Existem inseticidas químicos deve ser semanalmente, repetindo o tratamento e sistêmicos granulados que também são também respeitando o intervalo recomendado entre a última indicados para aplicação. O controle integrado de aplicação e a colheita (LEMOS et al. 2004). os grupos químicos em 1 m2 da copa, gastando se pragas (MIP), usando insetos predadores da cochonilha, tem sido eficiente no controle da praga sobressaindo às joaninhas (coccinelídeos) e os crisopídeos. È necessário lembrar que entre as Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 125 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado controlam a mariposa. Também os inseticidas 3.1.2.5. Pulgões piretroides controlam o inseto no início do O pulgão preto pertencente à Toxoptera aparecimento do ataque. Após essa aplicação, não citricidus e o pulgão branco Icerya purchasi, são os aplicar piretroide num período de 12 meses. dois gêneros prejudiciais à cultura dos citros. Recomenda-se que sejam feitas duas aplicações, Atacam brotos, sendo uma imediata e outra no momento de eclosão acarretando enrolamento das folhas e redução do das lagartas de dentro do fruto. Através do desenvolvimento da planta. Ao sugarem a seiva da ferormônio disponível no mercado especializado, planta, líquido que permite determinar a incidência e o momento açucarado que atrae as formigas, passando a viver de controle. Uma importante e simples medida em associação. Os inseticidas fosforados são complementar consiste na catação dos frutos indicados para o combate dos pulgões e devem ser infestados. as folhas, esses hastes, insetos flores produzem e um aplicados nas plantas atacadas. Em viveiros e pomares, em formação, recomenda-se o seu 3.2.17. Brocas controle nas plantas infestadas e circunvizinhas, com inseticidas fosforados em aplicação via foliar. Pertencentes ao gênero Cratosomus flavofosciatus (GUERIM, 1844) caracterizadas pelo 3.1.2.6. Mariposa das laranjas ou "bicho-furão" ataque das larvas no tronco e nos ramos das plantas cítricas resultando em murchamento e seca dos A mariposa das laranjas tem como espécie Ecdytolopha aurantiana ocorre, deve-se iniciar a catação manual das larvas, ou preferencialmente a partir dos meses de outubro- proceder a poda das partes afetadas, realizando esta novembro, com picos crescentes nos meses de prática em intervalos de 30 em 30 dias. Pasta à base janeiro, Economicamente de fosfeto de alumínio, entre três e cinco gramas causam prejuízos semelhantes à mosca dos frutos por orifício são suficientes para o controle químico atacando frutos verdes e maduros. Observa se nos dos insetos. Ainda, há o controle biológico, que é frutos atacados perfurações e escoriações na casca, realizado aplicando de 3 a 5 gramas por orifício, do alimentando-se produto básico contendo o fungo Metarhizium fevereiro de e e março. polpa. que ramos ponteiros. Quando os sintomas são notados As frutas sofrem deterioração e queda abundante de frutos. Produtos biológicos contendo Bacillus anisopliae (Quadro 1). thuringiensis Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 126 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Pragas Ácaro da ferrugem Ácaro da leprose Minadora dos citros Bicho-furão Mosca das frutas Parlatória Pardinha Orthezia QUADRO 1 - Controle biológico natural. Fonte: Carvalho (2012) 3.3. Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado Inimigos naturais Ácaros predadores (fitoseídeos) Fungo benéfico (Hirsutella) Ácaros predadores (fitoseídeos e Stigmaeídeos) Parasitoide da ordem Hymenoptera principalmente da família Eulophidae Hymenochaonia Fungo do gênero Trichogramma pretioso Formigas, estafilinídeos, aranhas e parasitoides (larva no solo para empupar) Joaninhas Bicho lixeiro Parasitoides Fungo benéfico (Aschersonia sp.) ao contrário das células vegetais, que contêm Doenças fúngicas celulose. Devido a estas e outras diferenças concluiO reino Fungi é um grande grupo de organismos eucariotas, cujos membros se que os fungos formam um só grupo de são organismos relacionados entre si, denominado chamados de fungos, que inclui microrganismos, Eumycota, fungos verdadeiros ou Eumycetes, e que tais como as leveduras e bolores, bem como os mais partilham um ancestral comum, ou seja, um grupo familiares cogumelos. Os fungos são classificados monofilético. Este grupo de fungos é distinto dos num reino separado das plantas, animais e bactérias. estruturalmente Uma grande diferença é o fato das células dos classificados fungos terem paredes celulares que contêm quitina, (WIKIPEDIA, 2012). similares em Myxomycetes Myxogastria e agora Oomycetes Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 127 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Pragas Nome técnico Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado Nome comercial Carência (dias) enxofre Sulflow SC Ácaro da ferrugem abamectin Vertimec 18CE quinomethionate Morestan 700 dicofol Kelthane 480 Ácaro da leprose quinomethionate Morestan 700 hexythiazox Savey PM imidacloprid Winner Minadora dos citros abamectin Vertimec 18 CE tebufenozide Mimic 240 SC Bacillus thuringiensis Dipel PM Bicho furão diflubenzuron Dimilin fenpropathrion Danimen ethion Ethion 500 RPA Mosca das frutas fenthion Lebaycid 500 triclorfon Dipterex 500 óleo mineral Assist Parlatória aldicarb Temik 150 ethion Ethion 500 RPA óleo mineral Assist Pardinha aldicarb Temik 150 ethion Ethion 500 RPA aldicarb Temik 150 Orthezia vamidothion Kilval 300 diazinon Diazinon 600CE Coleobroca fosfina Gastoxin QUADRO 2 - Alguns produtos mais recomendados para o controle de pragas em citros. Fonte: Carvalho (2012). 3.3.1. 7 14 14 14 30 21 7 7 30 28 15 21 7 15 15 30 14 4 apodrecimento na região do colo, próximo à linha Estiolamento do solo, provocando seu tombamento e morte. Em Também denominada de damping-off, é 72 horas ocorre o início das lesões nas primeiras considerada a principal doença de sementeiras. Ela plantas até um ataque generalizado em toda a pode ser causada pelos fungos Rhizoctonia solani, sementeira. Pythium Phytophthora tratamento do solo com Dazomet na dosagem de 2,5 citrophthora, P. nicotianae var. parasitica ou kg por 100 k de solo. Nestas condições deve se Fusarium spp. No ambiente contaminado, a maioria esperar por um período de 3 a 6 meses antes de se das sementes apodrece e não germinam. Quando fazer a semeadura. O tratamento das sementes pelo algumas germinam, as plantinhas são formadas com calor à temperatura entre 51 oC e 52 oC durante dez folhas amareladas, murchas, seguindo-se de um minutos ou pelo tratamento químico com Apron 3 aphanidermatum, Em prevenção à doença faz-se Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 128 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado gramas por quilo de sementes ou Captan, quatro "estrelinha". A temperatura considerada ideal para o gramas são crescimento dos micélios do fungo varia entre 23 e recomendados. Quimicamente, como tratamento 27ºC. Os fatores que melhor facilitam à doença são preventivo do solo para preparo de mudas em vasos, caracterizados por períodos prolongados de chuvas tem-se recomendado o uso de Quintozene na base seguidos de dias encobertos. È preocupante por por quilograma de sementes 3 de 400 g/m de solo. Quando as mudas do porta- atacar todas as variedades cítricas, como lima ácida enxerto são desenvolvidas em tubetes é realizado o Tahiti, limões verdadeiros e laranja Pera. Quando as controle rigoroso de telados com sementeiras condições ambientais continuam favoráveis ao antiafídica, com utilização de substratos artificiais fungo, o ataque na segunda florada é também muito sem patógenos, sem necessidade de controle. grande. Medidas que visem obter floradas fora das Quando o ataque ocorre em pós-emergência e condições que favorecem a cultura do fungo são ocasionado usam-se antecipação de florescimento com irrigação ou uso produtos à base de PCNB na dosagem de 300 g para de porta-enxertos, indutores de florescimento 100 litros de água, aplicando-se dois litros por precoce, uso de quebra-ventos e substituição de metro quadrado de canteiro. Caso o ataque seja variedades de florescimento contínuo. O controle ocasionado por Pythium ou Phytophthora usar químico com fungicidas dos grupos benzimidazois, fosetyl-Al na dosagem de 250 g/100 litros de água triazois, cúpricos ou dicarboximidas pode ser pulverizando as plantinhas até o ponto de feito, porém com resultados incertos. pelo fungo Rhizoctonia escorrimento. Em ambos os casos, as plantinhas doentes devem ser retiradas da sementeira 3.3.3. Verrugoses (AZEVEDO, 2003). Doença causada pelos fungos 3.3.2. Podridão floral dos citros Elsinoe australis na laranja doce e Elsinoe fawcettii scabiosa nas tangerinas, que causa lesões salientes e Essa doença causada pelo Colletotrichum corticosas que deformam os frutos novos, ramos e acutatum, também conhecida por queda prematura folhas novas. Até os três anos de idade, os frutos de frutos, vem afetando os pomares podendo causar são suscetíveis e o dano econômico consiste na grandes prejuízos aos citricultores. O fungo ataca as depreciação das frutas frescas para o mercado. As flores e qualquer estágio, podendo ser desde o lesões corticosas são usadas por ácaros da leprose, estágio de "cotonete", cujas pétalas apresentam dificultando o seu controle. A época mais indicada lesões necróticas de cor alaranjada ou tijolo que para controle da verrugose, com produtos cúpricos é apodrecem e impedem o desenvolvimento dos a da florada principal, quando 2/3 das pétalas frutinhos. Os frutinhos caem ainda muito novos, de tenham caído. Pode ainda aplicá-la em quatro a seis maneira prematura, deixando retidos na planta os semanas após a primeira. É recomendável nas cálices, o que gera a doença de nome popular variedades mais suscetíveis, como os limões Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 129 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado verdadeiros, o tangor Murcote e a laranja-pera, 3.3.5. Podridão floral principalmente quando em período chuvoso. O óleo emulsionável é recomendável quando se prevê o Da espécie Colletotrichum gloeosporioides. incremento de cochonilhas. Adiciona se óleo Doença causada por uma raça virulenta do fungo do emulsionável doses gênero Colletotrichum que ataca flores e frutinhos recomendadas, e aplicar logo após a queda da medindo 0,5-1,0 cm de diâmetro, provocando sua florada, antes dos frutos atingirem dois centímetros queda prematura, com a retenção de cálices. Os de diâmetro. Tem-se recomendado para o controle frutinhos afetados mostram lesões enegrecidas. O dessa doença pulverização foliar a alto volume de ataque deste fungo nos pomares é favorecido pela Oxicloreto de cobre, Óxido cuproso e Benomil. elevada à calda fungicida, nas umidade no período da florada. Recomenda-se seu controle químico por ocasião do 3.3.4. Melanose Diaporthe citri lançamento dos botões florais, repetindo-se após 10 a 15 dias, para proteger os botões ainda fechados. É uma doença fúngica que ataca as folhas, Devem ser realizadas inspeções durante o ramos e frutos novos, provocando pequenas lesões florescimento para verificar a incidência do fungo. de coloração escura, que, nos frutos, ficam mais Deve se, no controle desta doença, utilizar um visíveis na época da maturação. A infecção se dá programa principalmente a partir da frutificação do fungo em pertencentes a diferentes grupos, com aplicações ramos mortos. O principal dano é a depreciação alternadas, comercial do fruto para o mercado de frutas frescas, ditiocarbamato, recomendando-se o seu controle apenas nas anilazina (CATI, 1997). de tratamento tais como triazol, com fungicidas benzimidazol, ftalimida, cúprico, ftalonitrila, variedades mais suscetíveis. A remoção de ramos secos é uma importante medida auxiliar de controle 3.3.6. Rubelose dessa doença, e deve ser feita durante a poda de limpeza, no período frio e seco do ano (inverno). O Doença fúngica causada pela espécie controle químico deve ser realizado na época da Corticium salmonicolor, cujo ataque resulta na florada, quando 2/3 das pétalas tenham caído. Uma morte dos ramos afetados, e quando caminha em segunda aplicação se faz necessária cerca de seis direção ao tronco, toda a planta fica comprometida. semanas após a primeira, para proteger o fruto Causa o escamamento e o rompimento da casca dos durante a sua fase de maior suscetibilidade. Dois ramos, com morte das extremidades. Geralmente a fungicidas recomendados para o controle desta presença da doença é indicada por ramo seco na doença são Oxicloreto de cobre e Óxido cuproso, copa da planta. O controle é feito através da poda, aplicados cerca de quatro a seis semanas após a 30 a 40 cm abaixo da lesão, e queima dos ramos primeira pulverização da florada. afetados, no período de junho a julho. Os cortes devem ser protegidos com pasta bordalesa ou calda Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 130 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado cúprica concentrada e posteriormente com tinta a óleo. com uma pasta cúprica, pelo menos uma vez ao ano Pomares normalmente tratados com fungicidas cúpricos são menos atacados pela Pincelar o tronco e a base dos ramos principais (maio-julho). doença. Como medidas curativas para plantas em estágio inicial de ataque, recomenda-se pulverizar 3.3.7. Gomose as plantas afetadas e as vizinhas suspeitas com o fungicida Fosetil AL, ou aplicar Ridomil via solo, Doença fúngica causada por várias espécies repetindo se a aplicação a cada 90 dias, caso Phytophthora sp., que ocasiona lesões na casca do necessário. Então retira-se a casca da região afetada colo do tronco dos ramos principais, e das raízes, e de uma faixa ao redor das margens da lesão, com formação de goma exsudada pelos tecidos seguida da raspagem dos tecidos doentes, e pincela afetados. O fungo ataca os tecidos internos da casca com uma pasta feita com fungicidas cúpricos e externos do lenho, provocando seu escurecimento (Cobre Sandoz BR, Copidrol PM, Cupravit). e morte, facilmente visíveis com a retirada da casca. As plantas afetadas geralmente apresentam 3.3.8. Pinta preta amarelecimento e queda progressiva de folhas, frutificação fora de época, produzindo frutos de Fungo do gênero Guignardia citricarpa, menor tamanho, seca e morte de galhos e, agente causal da doença fúngica que ataca várias finalmente, morte total da planta. Para evitar o espécies de citros, incluindo todas as variedades de ataque dessa doença recomenda-se as seguintes laranja, principalmente as tardias, tangerinas, medidas preventivas: pomelos e limões verdadeiros. O ataque acontece Utilização de porta-enxertos tolerante; principalmente até cinco meses após a queda das Plantio alto, deixando as primeiras raízes acima pétalas, quando os frutos atingem aproximadamente do nível do solo; cinco centímetros de diâmetro. Os sintomas da Evitar solos úmidos, pesados e mal drenados; doença são caracterizados nas folhas e na casca dos Evitar ferimentos na planta, quando da frutos que, devido à aparência, ficam sem cotação realização dos tratos culturais; para o comércio "in natura". Quando o ataque é Evitar excesso de água na base da planta; severo, ocorre queda prematura de frutos. A doença Manter o controle adequado do mato sob a pode desenvolver, sempre que algum fator provoca, planta; a debilitação de plantas, incluindo ação de pragas, doenças, falta de cuidado nos tratos culturais e Evitar adubação nitrogenada pesada e acúmulo de adubo orgânico junto à base do tronco; desequilíbrios nutricionais, entre outros. Os sintomas da pinta preta são: Podar os ramos baixos da copa; Mancha preta ou mancha dura, nos frutos maduros: as lesões têm centro deprimido, com Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 131 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado pequenos pontos negros no centro da lesão, podem isolada de sedimentos oceânicos, que atinge até aparecer em frutos verdes. Bordas salientes 0,75 mm de comprimento. marrom-escuras e circundadas por um halo verde escuro; 3.4.1. Cancro cítrico Mancha virulenta: lesões grandes, de formato irregular, podem ou não ser deprimidas, tem o Cuja espécie é a Xanthomonas citri, centro de cor cinza e bordas salientes marrom- caracterizada como doença bacteriana que causa escuras ou vermelho-escuras; lesões locais, corticosas, de cor pardacenta, nos Falsa melanose: lesões pretas e minúsculas que, frutos, folhas e ramos novos. As lesões ocorrem e quando muito numerosas, podem formar uma são correspondentes nas duas faces da folha. Os mancha na casca; frutos são depreciados para o mercado "in natura", devido às lesões que coalescem e tomam toda a sua Mancha sardenta: pequenas lesões pretas que ocorrem após o início da maturação dos frutos; superfície. A bactéria dissemina-se facilmente Sintomas nas folhas: centro acinzentado, levada pelo homem, por animais, chuva, vento e bordas salientes marrom-escuras, com um lado insetos. O transporte de mudas e frutas de zona amarelado ao redor. atacada facilita essa disseminação. O controle deve ser rigoroso nas portarias das propriedades, 3.4. fazendo-se a desinfecção com produtos à base de Doenças bacterianas amônia quaternária. A erradicação de plantas gregos contaminadas é o método mais efetivo de controle. βακτηριον, bakterion significa bastão, é um As inspeções devem ser rigorosas nas áreas domínio contaminadas. Bactéria, de de acordo com microrganismos os unicelulares procariontes, ou seja, desprovidos de envoltório nuclear e organelas membranosas, anteriormente 3.4.2. "CVC" ou "Amarelinho" denominadas Schizomycetes. As bactérias são geralmente microscópicas ou submicroscópicas, É um agente causador da doença Xylella detectáveis apenas com uso de um microscópio fastidiosa e visível, e os sintomas são observados eletrônico. não principalmente nas folhas e nos frutos. O tamanho excedem poucos micrômetros, podendo variar entre da fruta é reduzido e o seu amadurecimento é cerca de 0,2 µm nos micoplasmas, até 30 µm em precoce. Os ramos afetados deixam de crescer, algumas espiroquetas. Exceções são as bactérias amarelecem, endurecem e ficam sem suco celular. Epulopiscium fishelsoni isoladas no tubo digestivo A planta como um todo, tem o seu desenvolvimento de um peixe, com um comprimento compreendido retardado. Aconselha-se como medidas preventiva em 0,2 e 0,7 mm e Thiomargarita namibiensis, de controle, a erradicação de plantas muito afetadas; Suas dimensões geralmente poda de ramos com sintomas iniciais que ocorrem Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 132 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado abaixo da última folha, mais velha, com sintomas; 3.5. Doenças causadas por vírus e viroides. inspeções para identificação das espécies de cigarrinhas nos pomares e realização de controle Vírus é uma palavra originada do latim químico dos insetos; controle constante de ervas virus, "veneno" ou "toxina", que representa agentes daninhas hospedeiras de insetos vetores; utilização infecciosos de estruturas muito pequenas, de 20-300 de material propagativo de "borbulheiras" e ηm de diâmetro que apresentam genoma constituído "matrizes" registradas e autorizadas pelos órgãos de uma ou várias moléculas de ácido nucléico, sanitários; viveiros DNA ou RNA, as quais possuem a forma de fita registrados e comprovadamente livres do fungo do simples ou dupla. Os ácidos nucléicos dos vírus, amarelinho e tratos nutricionais e fitossanitários geralmente adequados, obedecendo às recomendações oficiais envoltório proteico, formado por uma ou várias necessárias ao desenvolvimento de citros. Esta proteínas, o qual pode ainda ser revestido por um doença tem afetado principalmente as variedades de complexo envelope constituído por uma bicamada laranja doce, Pera, Natal, Hamlin, Bahia, Baianinha, lipídica. Valencia, Folha Murcha, Barão, independente dos comparados as células, não são considerados porta-enxertos utilizados. Não tem sido visualizados organismos, pois não possuem organelas ou sintomas em tangerineira Poncam, Mexerica, em ribossomos, e não apresentam todo o potencial limões verdadeiros, tangor Murcotte e lima ácida bioquímico, isto é um complexo enzimático Galego, que apesar de assintomáticas podem ter a necessário à produção de sua própria energia bactéria (EMBRAPA, 2003). metabólica. aquisição de mudas de O controle preventivo é feito com mudas de apresentam-se Vírus Eles são são revestidos estruturas por simples, considerados um se parasitas intracelulares obrigatórios, pois dependem de viveiros conhecidos; catação de frutos temporões; células para se multiplicarem. Além disso, controle de plantas daninhas, jogando-as sob a diferentemente dos organismos vivos, os vírus são copa/saia; irrigação; adequação de nutrientes; incapazes de crescer em tamanho e de se dividir. A quebra-ventos; controle de trânsito de veículos, partir das células hospedeiras, os vírus obtêm: materiais e pessoas. aminoácidos e nucleotídeos; maquinaria de síntese Nos pomares em produção, o controle de proteínas, ribossomos, e energia metabólica, químico deve ser realizado em quatro aplicações, ATP. Fora do ambiente intracelular, os vírus são sendo iniciado no momento da florada, repetindo-se inertes. Porém, uma vez dentro da célula, a as pulverizações em intervalos de quatro a cinco capacidade de replicação de um único vírus, em semanas, e alternando os fungicidas benzimidazois poucas horas, é de milhares de novos vírus. Desta e ditiocarbamatos, de preferência com óleo a 0,25 - maneira, os vírus representam a maior diversidade 0,5%. biológica do planeta, sendo mais diversos que bactérias, plantas, fungos e animais juntos. Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 133 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado Por outro lado, os Viroides são os menores Nos frutos, as lesões começam a aparecer sistemas genéticos capazes de se replicar no interior quando as laranjas medem cerca de cinco de uma célula e encontram-se confinados ao Reino centímetros Vegetal desde abril de 2010. Considerados os inicialmente, como manchas rasas, amareladas, que menores patógenos de plantas, é constituído por um vão aumentando, tornando se deprimidas e escuras minúsculo RNA, adenosina ribo nucléica, de fita à medida que os frutos amadurecem. As lesões na simples, circular, com tamanho que oscila entre 246 laranja Pera são menores e irregulares, enquanto na e 401 nucleotídeos de tamanho, dez vezes menores laranja Bahia, lima e tangerina são maiores e que a maioria dos genomas dos menores vírus de circulares. de diâmetro e apresentam-se, plantas conhecido. Os viroides não codificam Pode ser controlada através de remoção das proteínas e, diferentemente dos vírus, não possuem partes doentes, eliminação de frutos caídos, capa proteica denominada envoltório de proteína eliminação dos hospedeiros naturais do ácaro, tais que envolve e protege o ácido nucléico viral, sendo como mata pasto, apaga-fogo, alecrim, capim totalmente maquinaria periquito, manjericão, caruru, picão preto, capim transcricional da célula do hospedeiro para cumprir fedegoso, capim carrapicho, corda de viola, lantana, as diferentes etapas do seu ciclo infeccioso que cordão de frade, melão de São Caetano e inclui replicação, movimento em nível intra e guanxuma. dependentes da intercelular e patogênese. O controle ainda pode ser realizado através dos inimigos naturais, como as joaninhas Stephorus 3.5.1. Leprose sp e Delphastus sp. Existem controles químicos, como o acaricida Sanmite, sendo recomendado usar A leprose é causada por um vírus localizado, transmitido pelo ácaro vermelho da espécie outros acaricidas, caso a doença apresente resistência. Brevipalpus phoenicis e ocorre especialmente em laranjeiras doces, mas existem relatos sobre 3.5.2. Tristeza ocorrência em laranja azeda, tangerinas Cravo, Mexerica Cleópatra, limões Siciliano, Ponderosa e Doença ocasionada por um vírus que circula Galego, lima da Pérsia, Cidra e Pomelos. Os na seiva da planta podendo ser distribuído entre as sintomas surgem nas folhas, ramos e frutos, mudas pelo pulgão Toxoptera citricidus. Os reduzindo a produtividade e o valor comercial da sintomas de nanismo, hipertrofia foliar e caneluras fruta. Nas folhas, as lesões são rasas, visíveis nas nos tecidos do lenho da planta são mais ou menos duas faces e bastante variáveis, de acordo com o seu agressivos em função dos diferentes tipos do vírus aparecimento em diferentes espécies e variedades. que podem estar atacando as plantas. O controle é De um modo geral, são amarelas arredondadas, às feito pela retirada do vírus da planta mãe e vezes com o centro marrom ou necrosado. multiplicação das mudas a partir deste material Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 134 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado sadio (COELHO, 2004). Como a doença é controle da doença é o mesmo recomendado para a transmitida por um inseto é recomendável sempre tristeza dos citros. utilizar mudas sadias e premunizadas com tipos fracos destes vírus. Os viveiristas credenciados 3.5.5. Cachexia (Xiloporose) dispõem deste material, obtido pelas entidades que cuidam de pesquisas. Esta doença infecciosa é causada por um viroide e transmitida por borbulhas. As plantas 3.5.3. Sorose ficam anãs com clorose intensa que descolore completamente as folhas, porém são reversíveis Doença causada por um complexo de vírus, com adubações específicas. Os sintomas no tronco que causam sintomas na copa das plantas, do porta-enxerto são pequenas saliências, especialmente um intenso descascamento em áreas semelhantes a porosidades na superfície do xilema, próximas a forquilha principal. Essa doença, logo abaixo da casca. Na região atacada da planta, normalmente, apresenta sintomas após o quarto ano mesmo sem aparecer externamente, formam-se de plantio definitivo. Ela pode ser disseminada por bolsas de goma que são de tamanhos variados, em mudas formadas por borbulhas retiradas de árvores função da suscetibilidade das variedades e idade das que não apresentem os sintomas. A Sorose pode ser plantas. Tem-se usado o controle através da eficazmente controlada pela utilização de material microenxertia ou por meio da obtenção de clones de propagação - borbulhas - limpas da doença por nucelares. termoterapia, microenxertia ou pelo uso de clones nucelares. 3.5.4. 3.6. Doença ainda desconhecida 3.6.1. Declínio Exocorte Anomalia de origem desconhecida e que Relata-se que esta doença é causada por causa a paralisação do crescimento, murchamento viroides que circulam na seiva da planta, e são das folhas opacas, oliváceas enroladas, com disseminados pelas mudas. Os sintomas são sintomas caracterizados por um descascamento dos tecidos apresentam progressivo murchamento. As plantas superficiais com um concomitante nanismo da morrem com dois a três anos após o aparecimento planta. Ocorrem nos porta-enxertos. Não existem dos sintomas. Observada em plantas de laranja doce estimativas de perdas na cultura dos citros, mas a enxertada sobre limão cravo e Poncyrus trifoliata. sua presença nos pomares tem limitação ao uso de Os frutos tornam-se peque pequenos, com redução alguns porta-enxertos e mudanças como ferramenta de produção. Recomenda-se a reposição de plantas de controle de outras doenças de porta–enxertos. O afetadas com porta enxertos tolerantes, tais como de deficiência de zinco. Também tangerinas Sunki e Cleópatra e laranja caipira Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 135 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado utilizada como porta enxerto (COELHO et al. 6.0. Referências bibliográficas 2004). Tem-se recomendado como paliativo o arranquio e a destruição das plantas, utilizando combinações de enxertos e porta-enxertos reconhecidamente tolerantes. 5.0. AZEVEDO, C. L. L. Sistema de produção de citros para o Nordeste. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2003. p.i. CARVALHO, G. A. Manejo das pragas do citros. Notas de aulas – ENT 108. Disponível em http://www.den.ufla.br/siteantigo/Professores/ Geral do/Disciplinas/MANEJO%20DAS% 20PRAGAS% 20DO%20CITROS.doc. Acesso em 03 jul. 2012. Considerações gerais A instalação de um pomar com perspectiva autossustentável demanda uma cuidadosa análise da infraestrutura existente e das condições ambientais. CATI. Recomendações para o controle das principais pragas e doenças em pomares do Estado de São Paulo. Campinas: CATI, 1997. 58 p. (CATI – Boletim Técnico, 165). O clima, o solo e sua topografia são fatores determinantes para as atividades ligadas à fruticultura. A qualidade da fruta depende de uma sequência de técnicas desde o plantio até o CITRUS BR - Associação Nacional dos Exportadores de Sulco Cítrico. Estatística. Disponível em http: // www. citrusbr. com/ exportadores - citricos/ estatisticas/ estatisticas – de – consumo - 249726-1.asp. Acesso em 12 jul. 2012. transporte, para resultar em um produto comercial de qualidade. Técnicos conhecedores das atividades frutigrangeiras admitem que a escolha da cultivar pode ser considerada um importante componente do COELHO, E. F.; JESUS, A. F.; COELHO FILHO, M. A. Irrigação e Fertirrigação em Citros. Cruz das Almas: Embrapa Fruticultura, 2004. 14 p. (EMBRAPA, Circular 72) sistema de produção e um dos poucos que podem ser modificados, sem que se altere o custo de implantação do pomar. A adoção de determinado sistema de exploração e das práticas de cultivo dependem, inicialmente da topografia local, do tipo de solo e do regime pluviométrico. Práticas culturais como escolha de área, terraceamento, produção de mudas, plantio, irrigação, poda e raleio, fertilização, controle de pragas e doenças, limpeza, colheita, armazenamento dentre outras tantas que requerem conhecimentos relativos à própria planta, a cultivar e aos objetivos a serem CUTRALE. Produtos. Disponível em http://www.cutrale.com.br/cutraleHome/ index.jsp? link= 9&tab=13. Acesso em 11 jul. 2012. FRANCO, L. CitrusBR investe em marketing global 2012. GLOBO RURAL. Disponível em http://revistagloborural.globo.com/Revista/Commo n/ 0,,EMI312679-18532,00-CITRUSBR + INVEST E+ EM+ MARKETING+ GLOBAL. html. Acesso em 12 jul. 2012. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p. alcançados. LEMOS, W. P.; VELOSO, C. A. C.; RIBEIRO, S. I. Identificação e Controle das Principais Pragas em Pomares de Citros no Pará. Belém: CEPATU, 2004. 14 p. (EMBRAPA-CEPATU. Boletim Técnico 119). Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012 136 I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no mercado MALAVOLTA, E.; PRATES, H. S.; CASALE, H.; LEÃO, H. C. Seja doutor dos seus citros. Informações Agronômicas, Piracicaba, Potafós. n. 65, arquivo agronômico 4, 1994. p. 1-24. TALAMINI, E.; OLIVEIRA, L. Sistema de irrigação: vantagem competitiva e ou incerteza. Disponível em www.sober.org.br/palestra/9/866.pdf Acesso em 08 jul. 2012. MARICONE, F. A. M.; RANGEL, R. C.; HAMAMURA, R.; CLARI, A. I.; MESQUITA, L. F.; CARDOSO, M. A. C.; REGITANO, E. B. Ácaro da leprose Bvevipalpus phoenicis (GEIJSKES, 1939): combate experimental em laranjeiras. An. Piracicaba: ESALQ, 1989. v. 46, n. 2, p. 473 – 483. WIKIPEDIA. Fungos, bactérias, vírus e viroides. 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