Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos

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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam a qualidade dos produtos da laranja no
mercado1
Itamar Pereira de Oliveira2, Luana Carvalho Oliveira3, Camila Stéffane Fernandes Teixeira de Moura4
Resumo: A laranja é a fruta, dentre os citros, que mais tem dado retorno econômico e pesado
significativamente na balança comercial brasileira. Embora a aceitação de produtos cítricos, ora se beneficie de
aumento de aceitação no mercado internacional, ora também sofre retração por efeitos independentes dos
esforços dos especialistas entendidos em exportação e negócios de produtos agropecuários. Apesar de a
produtividade interna ter que melhorar, necessitar de um aumento de áreas e que se ocorra um melhoramento
das tecnologias, o Brasil ainda assim, tem se mantido como o maior produtor de frutos e bens agregados ao
cultivo de laranja. Esses resultados positivos com a lavoura, além de incentivar a cadeia produtiva interna, cria
expectativa favorável para os produtores e empresários se diversificarem e especializarem cada vez mais na
produção de novos produtos que agregam valores as atividades básicas e tradicionais com a exploração dos
citros. Enquanto os produtores externos se enfileiram para ganhar espaço no mercado internacional, os
produtores brasileiros acreditam na força da área agricultável interna, potencialmente aceitável para a produção
de frutas. A extensão das terras brasileiras e a diversidade do clima podem diversificar o uso do maior número
de variedades produtivas de citros e conseguir alargar o período de colheita para abastecer por mais tempo o
mercado interno e internacional com produtos frescos e diversificados. A mão de obra básica e especializada
tem demonstrado a eficiência necessária para explorar a cultura, progredindo em tecnologia à medida que o
mercado possa cobrar melhor qualidade do produto básico e, posteriormente crie novas opções comerciais.
Palavras chaves: Atividade sustentável. Mercado interno e internacional. Novos produtos. Produtividade.
Tecnologia eficiente.
Some biotic and abiotic factors that affect the quality of market orange products
Abstract: The orange is a fruit, among the citrus which has given more economic return and weighed
significantly in the Brazilian trade balance. Although the acceptance of citrus products now take advantages of
increased acceptance in the international market, just now it can suffers shrinkage effects of the efforts of
independent experts knowledgeable in business and export of agricultural products. Even if the internal
productivity has to crop higher areas and improve technology that Brazil has kept as the largest fruit producer
and goods added to the orange growing. These positive results with the crop can encourage the domestic
production chain and creates expectations favorable for the producers and entrepreneurs to diversify and
specialize more in producing new goods that add value to basic and traditional activity in citrus exploitation.
While the outside producers line up to make room in the international market, Brazilian producers believe in the
strength of internal farmland potentially acceptable for fruit production. The extension of Brazilian territory and
the diversity of climate can diversify the use of more productive varieties of citrus and can extend the harvest
period to supply any longer domestic and international markets with fresh and diverse orange products. The
hand work of basic and specialized works have shown the efficiency needed to explore the crop progresses in
technology as the market can charge higher quality base product and then create new trading options.
Keywords: Domestic and international markets. Efficient technology. New products. Productivity.
Sustainable activity.
1
Revisão com finalidade acadêmica realizada na Faculdade Montes Belos (FMB)
Professor orientador da Faculdade Montes Belos (FMB)
3
Discente do Curso de Engenharia de Produção da Faculdade Salgado de Oliveira
4
Discente do Curso Superior de Tecnologia de Produção Sucroalcooleiro da FMB
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
2
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1.0.
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
em solos com baixos teores em nutrientes,
Introdução
agravados por adubações insuficientes e em épocas
Citros é considerado um grupo de fruteiras
inadequadas, manejo de baixa qualidade, bem como
importante no Brasil, não somente devido à
deficiência hídrica, decorrente de precipitações
qualidade nutritiva dos frutos, mas também devido
aquém
à função social e econômica que exerce como
irregularmente
produto de exportação. A laranja é fruta de maior
SEBRAE, 2012, CONTE 2004). Outros produtores
proeminência, justamente aquela que o Brasil é
que sobressaem na produção de citros são Sergipe,
campeão em produção mundial. Em 2010, foram
Bahia, Minas Gerais e Paraná.
do
necessário
durante
e/ou
o
ano
distribuídas
(IBGE,
apud
produzidas 18 bilhões de toneladas de laranja, um
Com exceção dos grandes centros, onde a
aumento de 2,74% comparado a 2009. A receita, no
fiscalização exerce sua função de verificar a
entanto, cresceu muito mais que a produção. O
qualidade dos produtos oferecidos ao público, as
valor da produção de laranja, em 2010, foi de US$ 6
frutas que chegam ao mercado ainda estão muito
bilhões, um acréscimo de 28% em relação aos US$
aquém do aceitável pelos padrões de qualidade.
4,6 bilhões de 2009.
Obviamente, esta qualidade não afeta a nutrição
A safra brasileira 2012/2013 está projetada
humana, porque geralmente, nos pequenos centros
em volumes acima de 164 milhões de caixas de
sempre existem um pomar ou um pé de fruta bem
40,8 quilos, enquanto a americana deve somar
tratado que complementa as necessidades básicas
146,5 milhões de caixas. “A produção elevada está
nutricionais da população. Baseando-se nestas
na contramão do consumo que, na Europa, nos
carências, principalmente técnica, esta revisão foi
Estados
caindo
realizada discutindo, resumidamente, alguns fatores
gradativamente desde 2008 em função da crise
bióticos e abióticos que afetam a produção de citros.
Unidos
e
no
Canadá
vem
internacional, diz Mendes (GLOBO RURAL,
2012)”. Por outro lado, o crescimento populacional
2.0.
Desenvolvimento do cultivo de citros
mundial ainda está em fase de expansão e existe
uma necessidade premente de produzir para a
população adicional vindoura.
Os primeiros cultivos de laranjas tiveram
origem nas regiões tropicais do território asiático,
Entre os Estados, São Paulo foi o maior
mas atualmente são cultivadas mundialmente, em
produtor do setor, sendo o que mais produz Laranja
diversos tipos de solos e climas. Por ano são
no Brasil. Em 2010, foi também o Estado com
produzidas
maior aumento da produção, com um acréscimo de
toneladas
40,3% em receita com frutas. A grande maioria dos
processadas em forma de suco e subprodutos
pomares brasileiros, no entanto, apresenta baixas
cítricos e o restante, comercializada como frutas
produtividades devido à combinação de diversos
frescas.
aproximadamente
de
laranjas,
das
65
quais
milhões
40%
de
são
fatores. É relevante citar a implantação de pomares
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
As maiores regiões produtoras são a Flórida,
 Grupo da laranja doce: Citrus sinensis -
nos Estados Unidos e São Paulo, no Brasil. O
também conhecida como laranja chinesa, sendo a
cultivo planejado para processamento em larga
mais importante.
escala começou na Flórida na década de 20, mas
 Grupo da laranja azeda ou amarga - Citrus
após consecutivas geadas nos Estados Unidos que
aurantium - também conhecida como laranja de
destruíram
Sevilha
plantações
e
prejudicaram
o
fornecimento de suco para o mercado local,
 Mandarinas ou tangerinas - Citrus reticulata
produtores brasileiros estabeleceram a indústria de
 Laranjas híbridas - que resultam do cruzamento
suco de laranja no estado de São Paulo, na década
de laranjas doces e tangerinas
de 60. Nas décadas seguintes, a capacidade de
Assim como outras frutas, a laranja também
produção no Brasil cresceu a ponto do país
é suscetível a doenças que afetam suas folhas, frutos
ultrapassar a região da Flórida em 1983, tornando-
ou
se o principal produtor mundial de laranjas. Outras
produtores de frutas buscam alocar recursos para
regiões importantes de cultivo são a China, o
pesquisa e desenvolvimento nessa área, uma vez
México e a região do Mediterrâneo (CITRUS BR,
que
2012, CUTRALE, 2012).
significativos.
O fruto consiste basicamente de vesículas
até
os
mesmo árvores
danos
inspecionar
inteiras.
econômicos
É
grandes
provenientes
extremamente
sistematicamente
Os
os
são
importante
pomares
e
que contém suco, envoltas por uma casca composta
acompanhar se as medidas tomadas para controlar
por duas camadas: a primeira mais fina, chamada
as doenças, estão sendo implementadas e surtindo o
flavedo, que é a parte colorida devido à presença de
efeito desejado.
caroteno e a camada mais interna, grossa e fibrosa
O intervalo entre a colheita da fruta e o
chamada albedo. As pequenas vesículas de óleo na
processamento dos sucos, idealmente, não deve
casca da laranja é que dão o aroma característico da
ultrapassar 24 h, uma vez que os frutos se
fruta. O endocarpo, que é o fruto propriamente dito,
deterioram rapidamente após a colheita. Como a
é formado por um núcleo fibroso central e
laranja é um produto sazonal, cada região produz
segmentos individuais contendo as vesículas de
variedades
suco. Na indústria, todas as partes da fruta são
diferentes de maturação, prolongando o período da
transformadas em produtos comercializáveis e de
colheita e otimizando a utilização das fábricas.
larga escala de utilização e aplicação, maximizando
Sucos obtidos de frutas de variedades diferentes
assim o seu aproveitamento e consequentemente o
apresentam características distintas com relação à
rendimento industrial. Dentre as frutas cítricas, a
cor, sabor, quantidade de sólidos solúveis, etc. No
laranja representa mais de dois terços da produção
Brasil, a época de colheita vai de Junho a Fevereiro,
mundial, e podem ser dividida em quatro grupos
enquanto na Flórida vai de Outubro a Junho.
comercialmente essenciais:
diferentes
do
fruto,
com
épocas
Para a indústria, é importante aproveitar o
máximo possível dos frutos sem diminuir a
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
qualidade dos produtos obtidos (CUTRALE, 2012).
ser readicionada ao suco para proporcionar textura e
Como produtos primários encontram se:
aparência natural ao produto.
Fruta fresca - Depois de colhidos, os frutos passam
 Suco extraído da polpa (Pulp Wash, também
por
lavagem,
conhecido como WESOS - Water-Extracted Soluble
revestimento com cera e embalagem. O detergente
Orange Solids) Suco obtido após a lavagem da
utilizado na lavagem pode incluir fungicida e por
polpa, contendo sólidos provenientes da fruta. Pode
esse motivo as frutas não são utilizadas para
ser usada em bebidas à base de frutas ou como fonte
processamento de suco, já que os fungicidas
de sólidos solúveis secundários. Também é
poderiam deixar resíduos indesejáveis no suco.
utilizado como agente espessante para prover
Suco de laranja - que pode ser dividido em duas
textura e encorpar bebidas de frutas.
categorias, sendo produtos primários e produtos
 Óleo da casca da laranja (Cold-Pressed Orange
secundários.
Oil). Óleo essencial extraído da casca de laranja. É
estágios
de
inspeção
visual,
vendido para a indústria de armas e fragrâncias que
2.1.
Produtos primários
produzem
compostos
aromáticos
largamente
utilizados em alimentos, bebidas, cosméticos e
 Suco Concentrado Congelado de Laranja
produtos químicos.
(FCOJ - Frozen Concentrated Orange Juice) pode
 Essência.
ser transportado a custos menores e armazenado por
componentes voláteis resultantes do processo de
períodos mais longos em câmaras-frias.
evaporação são separadas em fase aquosa e fase
 Suco Não-Concentrado de Laranja (NFC - Not-
oleosa. Os componentes solúveis em água, às vezes
From-Concentrate Juice) - é o suco que não passa
são readicionados ao suco ou concentrado, e a fase
por processo de concentração, produzido para
oleosa é diferente do óleo da casca de laranja e
mercados locais e também exportado.
contém mais do gosto da fruta; também é
As
essências
compostas
por
readicionada ao concentrado. Ambas as fases são
2.2.
Produtos secundários
matérias primas para as indústrias de bebidas e
alimentos.
 Comminuted Citrus Base - Desenvolvido
 D-Limonin ou Terpeno Cítrico. O principal
originalmente no Reino Unido, trata se de um
componente do óleo da casca da laranja. É um óleo
produto resultante da moagem da fruta inteira ou de
fino e incolor, obtido durante o processo de
um pouco de suco concentrado misturado à casca
fabricação do farelo de polpa cítrica, e utilizado nas
moída. É utilizado como ingrediente para bebidas à
indústrias de solventes biodegradáveis, produtos de
base de frutas, já que preserva o sabor do fruto.
limpeza e na fabricação de resinas sintéticas e
 Polpa ou Células de Laranja - São os gomos de
adesivos.
suco rompidos e as paredes internas do fruto que
 Farelo de Polpa Cítric. Produto resultante do
sobram após o processo de extração do suco. Pode
processamento do suco, formado a partir dos
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a qualidade dos produtos da laranja no mercado
resíduos úmidos do fruto: casca, bagaço, polpa não
produto que lhe serve como aliado nas vendas e
reutilizada e sementes. Esses resíduos passam por
para o empresário, é a aceitação do produto que,
processo de secagem e formam uma forragem
além do resultado financeiro, lhe traz certeza de ser
concentrada que é transformada em Pellets, que
um competidor no mundo dos negócios.
servem para a preparação de ração para gado.
Segundo Talamini & Oliveira (2012) para
 Pectina. Produto menos comum, proveniente da
que se tenha sucesso competitivo, o agronegócio
casca da laranja e utilizado como espessante em
depende da criação e sustentação de vantagens,
geleias, marmelada, e gelatinas.
onde cada empresa esforça se para obter atributos
que a diferencie das demais, além de eficiência
3.0.
3.1.
Práticas essenciais que influenciam na
produtiva e preço, tais como a qualidade dos
qualidade do produto
produtos, o processo produtivo e o meio ambiente.
Irrigação
O desafio para o agronegócio está estreitamente
associado com a sua garantia de sobrevivência e
A
conjuntura
econômica
moderna
se
competitividade perante os fatores de globalização
caracteriza pela alta competitividade, pelo grau de
de mercados, tecnologia, qualidade, produtividade e
exigência dos consumidores e pela rapidez com que
principalmente com a utilização eficiente dos
acontecem as mudanças no ser humano atualizado.
recursos naturais, sem degradar o meio ambiente.
A fidelização do cliente, nessas situações, acontece
A pesquisa de Coelho et al. (2004) é
em função da habilidade em colocar o produto de
realizada tecnicamente e justifica a produção de
qualidade à mostra ao consumidor e o inter-
citros em algumas áreas áridas do nordeste
relacionamento entre a rápida convivência do
brasileiro em condições irrigadas. Esses autores
atendente e o cliente. Ao mesmo tempo, o melhor
relatam que todos os métodos de irrigação, seja de
produto é aquele que além da qualidade, agrada pela
superfície, aspersão ou micro irrigação, estão sendo
aparência, de acordo com o modo que ele é
usados nas culturas cítricas. Na escolha do método é
colocado no mercado. Nesse campo, a irrigação
necessário levar em conta sua eficiência, o que pode
constitui um forte fator para ajudar um novo
representar economia de água e energia, sem
produto colocado à venda. Várias etapas que
redução na produtividade da cultura. A eficiência de
permeiam entre o produtor e o consumidor são
irrigação de um projeto é dada pelo produto da
queimadas, uma vez que para o consumidor, o que
eficiência de aplicação e da eficiência de condução
lhe interessa é a qualidade; para o produtor, o
da água. Na Figura 1 pode se conhecer a eficiência
importante é a produtividade que lhe traz lucros
média de cada tipo de irrigação.
financeiros; para o atendente, a aparência do
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
87,5
90
82,5
75
80
70
67,5
70
60
60
60
50
35
40
40
30
20
10
0
SCIP
SCMAI SCMID FBSMA FMSMI
BN
AP
AF
MG
FIGURA 1 - Eficiência de aplicação de água para diferentes métodos e sistemas de irrigação (Allen, 1992).
SCIP = sulcos com irrigação de pusn, SCMAI = sulcos com manejo adequado de irrigação, SCMID = sulco
com manejo inadequado de irrigação deficiente, FBSMA = faixa bem sistematizada e manejo adequado,
FMSMI = faixa mal sistematizada e manejo inadequado. , BN = bacia em nível, AP = aspersão portátil, AF =
aspersão fixa e MG = micro aspersão e gotejamento. Adaptado de Coelho et al., 2004.
ETc = Kc x ETo
pomar é fundamentada no balanço entre a
ETc = evapotranspiração da cultura
evapotranspiração da cultura (mm/dia) e os totais de
Kc = coeficiente de cultura
chuvas (mm/dia) para um período de secamento do
ETo = evapotranspiração de referência (ETo) é a
solo entre duas irrigações. Essa evapotranspiração
que ocorre em um gramado, grama batatais
da cultura (ETc) é determinada, indiretamente, por
(Paspalum notatum L.).
metodologias,
com
base
nos
elementos
A evapotranspiração (ETc) é exigida para
meteorológicos essenciais para esse processo como
verificar a perda de água para o ambiente e que
temperatura, umidade relativa, radiação solar e
deve ser recolocada a disposição da planta. Na
velocidade de vento. O procedimento indireto
prática, a evapotranspiração da cultura é a soma do
utilizado
que o pomar perde, na forma de evaporação da água
evapotranspiração de referência (ETo) (Tabela 1) a
no solo e transpiração das plantas. Portanto, de
mesma que ocorre em um gramado, grama batatais
maneira simplista, a lâmina de água aplicada no
(Paspalum notatum L.) pela seguinte equação:
envolve
a
determinação
da
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
TABELA 1 -
Valores do coeficiente de cultura (Kc) para pomares cítricos. Adaptado de Castel (1996) e
Dorenbos & Pruitt (1977). Os dados da FAO – Food and Agriculture Organization referem-se
às áreas de poucas chuvas, ventos moderados e grama com cultura de referência.
A = Plantas adultas cobrindo mais de 70% do terreno.
B = Plantas jovens cobrindo 50 % do terreno.
C = Plantas jovens cobrindo 20 % do terreno.
1 = Plantas em terreno limpo.
2 = Plantas em terreno com mato.
ETo = Kp x ECA
ECA = lâmina d’água evaporada no tanque em
Kp = coeficiente do tanque Classe A (admensional)
milímetro por dia, medida diretamente nesse
(Tabela 2).
tanque.
TABELA 2 - Valores do coeficiente Kp em função dos dados meteorológicos da região e do meio em que o
Tanque Classe A está instalado, segundo Doorenbos e Pruitt (1977), citado por Coelho et al.
(2004).
3.2.
Nutrição mineral de plantas
metabolismo contribuindo para o crescimento e
consequentemente produção.
Ao analisar a composição mineral do tecido das
O suprimento e a absorção de elementos
plantas verifica se que elas apresentam, em sua
químicos demandados para o crescimento e o
composição, elementos químicos que são obtidos da
metabolismo podem ser definidos como nutrição e
solução do solo através das raízes. Esses elementos
os elementos químicos necessários a um organismo,
químicos, também conhecidos como nutrientes vão
denominam se nutrientes.
sendo utilizados pelas plantas através do seu
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
A absorção dos nutrientes da solução do
raízes das plantas, ao entrarem em contato com os
solo dependerá das características químicas e físicas
nutrientes da solução do solo, não selecionam qual
desse; tendo grande influência na disponibilidade
ou quais nutrientes serão absorvidos. Segundo a
dos íons o parâmetro do solo denominado pH,
função dos nutrientes para as plantas, estes são
principalmente na faixa de 5,5 a 6,5. Todavia, as
classificados como essenciais, necessários ou úteis.
TABELA 3 – Interpretação dos teores foliares. Folhas de ramos frutíferos gerados na primavera, com três a sete
meses de idade (3ª folha depois do fruto).
Fonte: Malavolta et al. (1994).
São denominados macronutrientes os elementos
Magnésio e Enxofre são retirados do solo, sob
básicos necessários em maior volume às plantas
condições naturais (Tabela 3).
como o Carbono, Oxigênio e Hidrogênio, que são
Os micronutrientes são requeridos em
retirados do ar e da água. O Nitrogênio, o Fósforo e
pequenas quantidades (miligramas), equivalente a
o Potássio, são considerados macronutrientes
um milésimo do grama e micrograma, milionésimo
primários, sendo adicionados ao solo. Já o Cálcio,
do grama. São eles: o Boro, Cloro, Cobre, Ferro,
Manganês, Molibdênio, Cobalto, Níquel e Zinco.
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
TABELA 4 – Teores foliares de macronutrientes e micronutrientes, em folhas de ramos não frutíferas,
associados com a produção de 1.200 a 1.400 caixas/ha.
Fonte: Malavolta et al. (1994).
Pensando em produzir para todo um país,
ser conhecida pela análise, para se ter uma planta
ainda se preocupando em exportação do excesso de
normal dentro da espécie e saudável o suficiente
produção e ao mesmo tempo, entender que a
para estar apta a produzir. Tanto o excesso quanto a
maioria da produção é retirada do solo, que
falta de alimento, são prejudiciais às plantas e por
naturalmente não tem estas quantidades distribuídas
isso é necessário que se faça o acompanhamento
uniformemente, para que um solo atenda às
através da análise de tecidos (Tabela 3 e Tabela 4),
necessidades
é
visando verificar quanto deve ser aplicado para
necessário que se efetue uma verdadeira radiografia
manter a planta nutrida suficientemente para
dele. Através da análise do solo tem-se informações
produzir frutos sustentavelmente, pelo período
sobre quais os níveis de nutrientes disponíveis
máximo de tempo, permitido pela lavoura. Na
naquele ambiente, onde a planta vai desenvolver e
Tabela 5, são encontradas a descrição dos sintomas
produzir. A recomendação necessária dos nutrientes
da falta de cada nutriente em citros.
nutricionais
de
uma
planta,
para complementar a necessidade da planta, deve
Classificação Sintomas
A1.
B1.
C1.
Nutriente
Sintomas que se originam na vegetação nova,
persistindo muitas vezes, porém, na madura.
Folhas com coloração uniforme; crescimento
reduzido; internódios curtos, causando aparência
arbustiva.
Folhas, usualmente grandes e verde-escuras. Ramos
alongado e ondulado nos estágios iniciais; podem ter
crescimento secundário curto e arbustivo, depois da
morte descendente ("die back") dos lançamentos
longos; as folhas podem ser alongadas e parecidas
com as do pessegueiro; bolhas com goma podem
formar-se ao longo de ramos vigorosos na base de
cada pecíolo; gemas múltiplas ou brotos podem se
formar nos nós; o fruto pode mostrar goma nas pontas
COBRE
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I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
C2.
C3.
C4.
B2.
C1.
C2.
D1.
D2.
A2.
B1.
C1.
C2.
C3.
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
dos lóculos e erupções pardacentas na superfície da
pele (exantema).
Folhas novas verde-pálidas, tornando se amareloesverdeadas quando crescem; vegetação rala; NITROGÊNIO
ausência ou poucos frutos de cor pálida.
Vegetação nova de cor verde sem brilho, rala e com
algumas folhas deformadas, às vezes com cortiça nas
nervuras; frutos com muito albedo, apresentando
BORO
goma perto da pele; a goma pode aparecer também
nos lóculos; queda excessiva de frutos novos;
sementes abortadas.
Folhas novas verde-amareladas, às vezes com
ENXOFRE
nervuras verdes destacadas.
Folhas com clorose localizada.
Folhas de tamanho reduzido, estreitas e pontudas
ZINCO
(lanceoladas), com malhas amarelo-brilhantes que
contrastam com o fundo verde; frutos pequenos e
pálidos.
Folhas, aparentemente, normais em tamanho e forma.
Malha verde-pálido na folha toda; a malha pode ter o
formato de ferradura com a parte aberta voltada para a
MANGANÊS
nervura principal ou pode mostrar-se como um
reticulado grosso (as nervuras) e uma faixa de tecido
ao longo das mesmas, permanecem verdes.
Nervuras verdes sobre fundo verde-pálido ou amarelo
(reticulado fino); em casos severos as folhas podem
FERRO
ficar totalmente pálidas e com o tamanho reduzido;
raminhos podem morrer na ponta externa dos galhos.
Sintomas se originando em folhas maduras, com as
novas parecendo normais ou quase normais.
Padrão definido pelo desaparecimento da clorofila em
áreas localizadas, com aumento gradual ao passar do
tempo.
A clorofila começa a desaparecer na parte basal da
folha, entre a nervura principal e a margem; a MAGNÉSIO
progressão é usualmente para fora, deixando a figura
de uma "cunha" na base da folha; pode, entretanto,
dar se para dentro e causar o aparecimento de uma
cunha amarela; a folha inteira pode tomar uma cor
bronze dourada e cair prematuramente, causando
morte descendente de ramos novos.
O desaparecimento da clorofila começa ao longo das
margens laterais, progredindo para dentro até alcançar
a metade da distância até a nervura principal, com
CÁLCIO
uma frente irregular; a planta é extremamente
pequena, com sistema radicular mal desenvolvido.
A clorofila começa a desaparecer em manchas na
metade distal da folha; as manchas, inicialmente
amarelo-pálidas, tornam se bronzeadas à medida que
POTÁSSIO
se espalham e coalescem; as folhas podem se enrolar;
as pontas das folhas podem ficar pardas; as folhas
velhas são persistentes, ao contrário das deficientes
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I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
em cálcio, com as quais podem-se assemelhar;
folhagem sem brilho, a planta parece seca; frutos de
tamanho muito diminuído, porém de boa qualidade;
queda excessiva de frutos; rachaduras e sulcos nos
frutos, menor resistência à seca.
Desaparecimento da clorofila em manchas
distribuídas ao acaso no limbo; as manchas
desenvolvem centros pardos com halos amarelos ou
C4.
MOLIBDÊNIO
alaranjados, podendo coalescer ou sobrepor-se; as
manchas têm 0,6-1,25 mm de diâmetro e aparecem
somente no outono.
B2.
Desaparecimento não localizado da clorofila.
A folha toma uma cor verde escura, passando,
posteriormente, a amarelo-laranja; em casos extremos
FÓSFORO
C1.
podem aparecer pontas ou manchas queimadas; frutos
ásperos, esponjosos, com o centro oco e
excessivamente, ácido.
Folhas com tons variando de verde-pálido a
amarelado com nervuras esbranquiçadas; frutos ralos
C2.
NITROGÊNIO
de cor pálida, tanto externa como internamente; boa
qualidade, porém baixo conteúdo de suco.
TABELA 5 - Guia para identificação dos sintomas de fome ou deficiência, de acordo com (Malavolta et al.,
1994).
3.2.1.
Ação das pragas dos citros
3.2.1.
Principais pragas dos citros
3.2.1.1. Ácaro da falsa ferrugem
Os estragos ou danos causados pelos insetos
às plantas, não se apresentam com a mesma
Esse
ácaro
do
gênero
Phyllocoptruta
intensidade, nos mesmos órgãos e nos mesmos
oleivora, ocorre em qualquer época do ano,
locais. A maioria deles pode ser notada em todos os
desenvolvendo-se em ramos, folhas e frutos. Por ser
órgãos vegetais. Dependendo da espécie, da
a principal parte comercial, os danos em frutos têm
densidade populacional da praga, do estádio de
maior importância econômica, uma vez que
desenvolvimento, estrutura vegetal atacada e da
reduzem o seu valor de mercado causando
duração do ataque, poderá haver maior ou menor
prejuízos. As plantas atacadas por esse gênero
dano, seja quantitativo ou qualitativamente. De
apresentam-se
modo geral, para exemplificar, nos citros a ação dos
"emplacamento" da área afetada, inviabilizando a
insetos se exteriorizam em forma de lesões na casca
fruta para comercialização "in natura" ou mesmo
das plantas, queda nas folhas, morte das plantas e
para processamento na indústria. Quando os fatores
queda nos frutos (GALLO et al., 2002).
climáticos são favoráveis, como em ambiente de
alta
umidade
bronzeadas
e
temperatura,
ou
esses
mesmo
ácaros
desenvolvem-se rapidamente, atingindo níveis de
dano econômico que, segundo McCOY et al.
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
123
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
(1975), é de 70-80 ácaros/cm2. O seu controle
confirmam que no litoral, esse ácaro causa a doença
deverá ser efetuado quando:
"clorose zonada". É uma praga oportunista que se
a)
em 20% dos frutos ou folhas examinadas,
abriga nas lesões corticosas ocasionadas pela
forem observadas e constatar a presença de
doença "verrugose". Seu controle deve ser realizado
mais de 20 ácaros/cm2. Esses cuidados devem
no início dos sintomas, ou seja, quando em 3% dos
ser observados quando a produção se destinar
frutos ou ramos examinados forem observados sua
ao mercado de fruta fresca;
presença, devendo a pulverização ser realizada em
b) em 30% dos frutos ou folhas examinadas,
toda a planta cobrindo os lados inferiores e
forem observadas a presença de mais de 30
superiores das folhas, galhos e troncos. Recomenda
ácaros/cm2, isto quando a produção se destinar
se
à indústria.
complementar, a ser realizada no inverno na época
como
medida
preventiva
de
controle
Dentre os acaricidas, os mais indicados para
da poda de limpeza, eliminando os ramos com
o controle desse ácaro são Kelthane 480, Dithane
lesões. Dentre as técnicas recomenda se também, a
PM, Neoron 500 CE, Enxofre e Vertimec 18 CE.
manutenção do terreno limpo e pulverizações em
pomares
de
variedades
tolerantes
como
as
tangerinas que, embora não mostrem os sinais de
3.2.1.2. Ácaro da leprose
leprose, são ainda hospedeiras do ácaro. Cuidados
Tem como agente da leprose o gênero
Brevipalpus
phoenicis,
que
pode
atacar
maiores devem ser tomados em viveiros de plantas
as
jovens, onde o controle deste ácaro deve ser
laranjeiras em qualquer época do ano, tendo como
rigoroso. Os acaricidas mais indicados para o
resultado a doença "leprose". Esta é caracterizada
controle da praga são o Kelthane 480, Sipcatin 500
por lesões desenvolvidas nos frutos e folhas.
SC, Peropal 250 PM, Propargite, Torque, Partner e
Geralmente, nos ramos novos se desenvolvem
o Savey.
lesões inicialmente amareladas, que tornam-se
salientes e corticosas. A doença leva a queda dos
3.2.1.3. Cochonilhas
frutos e folhas, e por último à seca de ramos.
Segundo Maricone et al.(1989) o ácaro da leprose
Apresenta-se,
de
acordo
com
suas
Brevipalpus phoenicis causa queda de folhas e
diferenciações, em vários gêneros como Orthezia
frutos, reduzindo a produção em até 80%. Esta
praelonga, Pinnaspis aspidistrae, Selenaspidus
doença eleva consideravelmente o custo final de
articulatus, Unaspis citri, Coccus viridis. São
produção, pois há mais gastos com defensivos
encontrados atacando todas as partes da planta,
agrícolas e também maiores perdas de frutos caídos
sugando a seiva e causando um esgotamento
no chão. Por este motivo, tem-se pesquisado
gradual dos citros pela introdução de toxinas. Os
incessantemente novos produtos, a partir de frutas
frutos perdem o valor comercial da produção “in
caídas retiradas do pomar. Muitos pesquisadores
natura” devido o aparecimento de mancha. Os
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
124
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
nomes populares, devido à coloração e aspecto das
joaninhas destacam-se os gêneros Pentilia egena,
principais cochonilhas que são recobertas por
Coccidophilus citricola e Azya luteipes. E existem
carapaça ou por escamas, tais como "cabeça-de-
ainda,
prego", "vírgula", "farinha", "picuinha", "lixa",
predadores gerais.
os
crisopídeos
que
são
considerados
"preta", "pardinha”. Pouco antes da floração é a
época mais recomendada para o controle, quando é
3.1.2.4. Mosca das frutas
realizada uma pulverização cuidadosa, nas partes
atacadas da planta. Uma segunda pulverização deve
Pelo gênero Ceratitis capitata, as variedade
ser realizada 20 dias após a primeira. O controle
de laranjas tardias são as mais prejudicadas pela
desse inseto é controlado aplicando inseticidas
mosca das frutas, mas a multiplicação desses
fosforados, aplicados isoladamente ou em mistura
insetos pode ocorrer durante todo o ano. As larvas
com óleo mineral ou vegetal e metade da dose
são prejudiciais por duas maneiras, ao perfurarem
recomendada. Evitar aplicar inseticida fosforado na
os frutos, causando, quando verdes, a mancha parda
época da florada.
e, quando maduros, podridões e queda considerável
Para as cochonilhas sem carapaça, sendo a mais
de frutos. Para evitar o estrago de frutos, procura-se
importante a "ortézia", é realizado seletivamente
iniciar os tratamentos com inseticidas, quando os
nos focos de infestação. Frequentemente associada
frutos tiverem atingido o tamanho máximo para a
a essa praga, encontra- se a "fumagina", recobrindo
variedade
as folhas.
amarelecimento. Iscas atrativas podem ser usadas
cultivada,
antes
de
começar
o
As cochonilhas apresentam maior infestação
para controle da mosca, aplicando poções especiais
nos meses mais frios do ano. Além de sugar a seiva,
contendo 100 litros de água, 7 litros de melaço de
provoca desfolhamento das plantas, com redução da
cana, ou 1 kg de proteína hidrolisada, ou 5 kg de
produtividade e queda de frutos. O controle desta
açúcar cristal e um inseticida fosforado. A solução é
praga é feito mantendo os focos limpos e realizando
aplicada
o controle químico nas plantas atacadas e
aproximadamente 150 cm3 por planta. Quando se
circunvizinhas. A aplicação de inseticidas via foliar,
trata do início de ataque da praga, é recomendável
alternando
fosforados,
tratar as bordaduras do talhão e posteriormente
piretroides e carbamatos, resulta em melhor
algumas linhas internas. A frequência de aplicação
controle da praga. Existem inseticidas químicos
deve ser semanalmente, repetindo o tratamento e
sistêmicos granulados que também são também
respeitando o intervalo recomendado entre a última
indicados para aplicação. O controle integrado de
aplicação e a colheita (LEMOS et al. 2004).
os
grupos
químicos
em
1
m2
da
copa,
gastando
se
pragas (MIP), usando insetos predadores da
cochonilha, tem sido eficiente no controle da praga
sobressaindo às joaninhas (coccinelídeos) e os
crisopídeos. È necessário lembrar que entre as
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
125
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
controlam a mariposa. Também os inseticidas
3.1.2.5. Pulgões
piretroides controlam o inseto no início do
O pulgão preto pertencente à Toxoptera
aparecimento do ataque. Após essa aplicação, não
citricidus e o pulgão branco Icerya purchasi, são os
aplicar piretroide num período de 12 meses.
dois gêneros prejudiciais à cultura dos citros.
Recomenda-se que sejam feitas duas aplicações,
Atacam
brotos,
sendo uma imediata e outra no momento de eclosão
acarretando enrolamento das folhas e redução do
das lagartas de dentro do fruto. Através do
desenvolvimento da planta. Ao sugarem a seiva da
ferormônio disponível no mercado especializado,
planta,
líquido
que permite determinar a incidência e o momento
açucarado que atrae as formigas, passando a viver
de controle. Uma importante e simples medida
em associação. Os inseticidas fosforados são
complementar consiste na catação dos frutos
indicados para o combate dos pulgões e devem ser
infestados.
as
folhas,
esses
hastes,
insetos
flores
produzem
e
um
aplicados nas plantas atacadas. Em viveiros e
pomares, em formação, recomenda-se o seu
3.2.17. Brocas
controle nas plantas infestadas e circunvizinhas,
com inseticidas fosforados em aplicação via foliar.
Pertencentes
ao
gênero
Cratosomus
flavofosciatus (GUERIM, 1844) caracterizadas pelo
3.1.2.6. Mariposa das laranjas ou "bicho-furão"
ataque das larvas no tronco e nos ramos das plantas
cítricas resultando em murchamento e seca dos
A mariposa das laranjas tem como espécie
Ecdytolopha
aurantiana
ocorre,
deve-se iniciar a catação manual das larvas, ou
preferencialmente a partir dos meses de outubro-
proceder a poda das partes afetadas, realizando esta
novembro, com picos crescentes nos meses de
prática em intervalos de 30 em 30 dias. Pasta à base
janeiro,
Economicamente
de fosfeto de alumínio, entre três e cinco gramas
causam prejuízos semelhantes à mosca dos frutos
por orifício são suficientes para o controle químico
atacando frutos verdes e maduros. Observa se nos
dos insetos. Ainda, há o controle biológico, que é
frutos atacados perfurações e escoriações na casca,
realizado aplicando de 3 a 5 gramas por orifício, do
alimentando-se
produto básico contendo o fungo Metarhizium
fevereiro
de
e
e
março.
polpa.
que
ramos ponteiros. Quando os sintomas são notados
As
frutas
sofrem
deterioração e queda abundante de frutos. Produtos
biológicos
contendo
Bacillus
anisopliae (Quadro 1).
thuringiensis
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
126
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Pragas
Ácaro da ferrugem
Ácaro da leprose
Minadora dos citros
Bicho-furão
Mosca das frutas
Parlatória
Pardinha
Orthezia
QUADRO 1 - Controle biológico natural.
Fonte: Carvalho (2012)
3.3.
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
Inimigos naturais
 Ácaros predadores (fitoseídeos)
 Fungo benéfico (Hirsutella)
 Ácaros predadores (fitoseídeos e Stigmaeídeos)
 Parasitoide da ordem Hymenoptera principalmente da
família Eulophidae
 Hymenochaonia
Fungo do gênero Trichogramma pretioso
 Formigas, estafilinídeos, aranhas e parasitoides (larva no
solo para empupar)
 Joaninhas
 Bicho lixeiro
 Parasitoides
Fungo benéfico (Aschersonia sp.)
ao contrário das células vegetais, que contêm
Doenças fúngicas
celulose. Devido a estas e outras diferenças concluiO reino Fungi é um grande grupo de
organismos
eucariotas,
cujos
membros
se que os fungos formam um só grupo de
são
organismos relacionados entre si, denominado
chamados de fungos, que inclui microrganismos,
Eumycota, fungos verdadeiros ou Eumycetes, e que
tais como as leveduras e bolores, bem como os mais
partilham um ancestral comum, ou seja, um grupo
familiares cogumelos. Os fungos são classificados
monofilético. Este grupo de fungos é distinto dos
num reino separado das plantas, animais e bactérias.
estruturalmente
Uma grande diferença é o fato das células dos
classificados
fungos terem paredes celulares que contêm quitina,
(WIKIPEDIA, 2012).
similares
em
Myxomycetes
Myxogastria
e
agora
Oomycetes
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127
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Pragas
Nome técnico
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
Nome comercial
Carência (dias)
enxofre
Sulflow SC
Ácaro da ferrugem
abamectin
Vertimec 18CE
quinomethionate
Morestan 700
dicofol
Kelthane 480
Ácaro da leprose
quinomethionate
Morestan 700
hexythiazox
Savey PM
imidacloprid
Winner
Minadora dos citros
abamectin
Vertimec 18 CE
tebufenozide
Mimic 240 SC
Bacillus thuringiensis
Dipel PM
Bicho furão
diflubenzuron
Dimilin
fenpropathrion
Danimen
ethion
Ethion 500 RPA
Mosca das frutas
fenthion
Lebaycid 500
triclorfon
Dipterex 500
óleo mineral
Assist
Parlatória
aldicarb
Temik 150
ethion
Ethion 500 RPA
óleo mineral
Assist
Pardinha
aldicarb
Temik 150
ethion
Ethion 500 RPA
aldicarb
Temik 150
Orthezia
vamidothion
Kilval 300
diazinon
Diazinon 600CE
Coleobroca
fosfina
Gastoxin
QUADRO 2 - Alguns produtos mais recomendados para o controle de pragas em citros.
Fonte: Carvalho (2012).
3.3.1.
7
14
14
14
30
21
7
7
30
28
15
21
7
15
15
30
14
4
apodrecimento na região do colo, próximo à linha
Estiolamento
do solo, provocando seu tombamento e morte. Em
Também denominada de damping-off, é
72 horas ocorre o início das lesões nas primeiras
considerada a principal doença de sementeiras. Ela
plantas até um ataque generalizado em toda a
pode ser causada pelos fungos Rhizoctonia solani,
sementeira.
Pythium
Phytophthora
tratamento do solo com Dazomet na dosagem de 2,5
citrophthora, P. nicotianae var. parasitica ou
kg por 100 k de solo. Nestas condições deve se
Fusarium spp. No ambiente contaminado, a maioria
esperar por um período de 3 a 6 meses antes de se
das sementes apodrece e não germinam. Quando
fazer a semeadura. O tratamento das sementes pelo
algumas germinam, as plantinhas são formadas com
calor à temperatura entre 51 oC e 52 oC durante dez
folhas amareladas, murchas, seguindo-se de um
minutos ou pelo tratamento químico com Apron 3
aphanidermatum,
Em
prevenção
à
doença
faz-se
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
128
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
gramas por quilo de sementes ou Captan, quatro
"estrelinha". A temperatura considerada ideal para o
gramas
são
crescimento dos micélios do fungo varia entre 23 e
recomendados. Quimicamente, como tratamento
27ºC. Os fatores que melhor facilitam à doença são
preventivo do solo para preparo de mudas em vasos,
caracterizados por períodos prolongados de chuvas
tem-se recomendado o uso de Quintozene na base
seguidos de dias encobertos. È preocupante por
por
quilograma
de
sementes
3
de 400 g/m de solo. Quando as mudas do porta-
atacar todas as variedades cítricas, como lima ácida
enxerto são desenvolvidas em tubetes é realizado o
Tahiti, limões verdadeiros e laranja Pera. Quando as
controle rigoroso de telados com sementeiras
condições ambientais continuam favoráveis ao
antiafídica, com utilização de substratos artificiais
fungo, o ataque na segunda florada é também muito
sem patógenos, sem necessidade de controle.
grande. Medidas que visem obter floradas fora das
Quando o ataque ocorre em pós-emergência e
condições que favorecem a cultura do fungo são
ocasionado
usam-se
antecipação de florescimento com irrigação ou uso
produtos à base de PCNB na dosagem de 300 g para
de porta-enxertos, indutores de florescimento
100 litros de água, aplicando-se dois litros por
precoce, uso de quebra-ventos e substituição de
metro quadrado de canteiro. Caso o ataque seja
variedades de florescimento contínuo. O controle
ocasionado por Pythium ou Phytophthora usar
químico com fungicidas dos grupos benzimidazois,
fosetyl-Al na dosagem de 250 g/100 litros de água
triazois, cúpricos ou dicarboximidas pode ser
pulverizando as plantinhas até o ponto de
feito, porém com resultados incertos.
pelo
fungo
Rhizoctonia
escorrimento. Em ambos os casos, as plantinhas
doentes
devem
ser
retiradas
da
sementeira
3.3.3.
Verrugoses
(AZEVEDO, 2003).
Doença causada pelos fungos
3.3.2.
Podridão floral dos citros
Elsinoe
australis na laranja doce e Elsinoe fawcettii
scabiosa nas tangerinas, que causa lesões salientes e
Essa doença causada pelo Colletotrichum
corticosas que deformam os frutos novos, ramos e
acutatum, também conhecida por queda prematura
folhas novas. Até os três anos de idade, os frutos
de frutos, vem afetando os pomares podendo causar
são suscetíveis e o dano econômico consiste na
grandes prejuízos aos citricultores. O fungo ataca as
depreciação das frutas frescas para o mercado. As
flores e qualquer estágio, podendo ser desde o
lesões corticosas são usadas por ácaros da leprose,
estágio de "cotonete", cujas pétalas apresentam
dificultando o seu controle. A época mais indicada
lesões necróticas de cor alaranjada ou tijolo que
para controle da verrugose, com produtos cúpricos é
apodrecem e impedem o desenvolvimento dos
a da florada principal, quando 2/3 das pétalas
frutinhos. Os frutinhos caem ainda muito novos, de
tenham caído. Pode ainda aplicá-la em quatro a seis
maneira prematura, deixando retidos na planta os
semanas após a primeira. É recomendável nas
cálices, o que gera a doença de nome popular
variedades mais suscetíveis, como os limões
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129
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
verdadeiros, o tangor Murcote e a laranja-pera,
3.3.5.
Podridão floral
principalmente quando em período chuvoso. O óleo
emulsionável é recomendável quando se prevê o
Da espécie Colletotrichum gloeosporioides.
incremento de cochonilhas. Adiciona se óleo
Doença causada por uma raça virulenta do fungo do
emulsionável
doses
gênero Colletotrichum que ataca flores e frutinhos
recomendadas, e aplicar logo após a queda da
medindo 0,5-1,0 cm de diâmetro, provocando sua
florada, antes dos frutos atingirem dois centímetros
queda prematura, com a retenção de cálices. Os
de diâmetro. Tem-se recomendado para o controle
frutinhos afetados mostram lesões enegrecidas. O
dessa doença pulverização foliar a alto volume de
ataque deste fungo nos pomares é favorecido pela
Oxicloreto de cobre, Óxido cuproso e Benomil.
elevada
à
calda
fungicida,
nas
umidade
no
período
da
florada.
Recomenda-se seu controle químico por ocasião do
3.3.4.
Melanose Diaporthe citri
lançamento dos botões florais, repetindo-se após 10
a 15 dias, para proteger os botões ainda fechados.
É uma doença fúngica que ataca as folhas,
Devem
ser
realizadas
inspeções
durante
o
ramos e frutos novos, provocando pequenas lesões
florescimento para verificar a incidência do fungo.
de coloração escura, que, nos frutos, ficam mais
Deve se, no controle desta doença, utilizar um
visíveis na época da maturação. A infecção se dá
programa
principalmente a partir da frutificação do fungo em
pertencentes a diferentes grupos, com aplicações
ramos mortos. O principal dano é a depreciação
alternadas,
comercial do fruto para o mercado de frutas frescas,
ditiocarbamato,
recomendando-se o seu controle apenas nas
anilazina (CATI, 1997).
de
tratamento
tais
como
triazol,
com
fungicidas
benzimidazol,
ftalimida,
cúprico,
ftalonitrila,
variedades mais suscetíveis. A remoção de ramos
secos é uma importante medida auxiliar de controle
3.3.6.
Rubelose
dessa doença, e deve ser feita durante a poda de
limpeza, no período frio e seco do ano (inverno). O
Doença
fúngica
causada
pela
espécie
controle químico deve ser realizado na época da
Corticium salmonicolor, cujo ataque resulta na
florada, quando 2/3 das pétalas tenham caído. Uma
morte dos ramos afetados, e quando caminha em
segunda aplicação se faz necessária cerca de seis
direção ao tronco, toda a planta fica comprometida.
semanas após a primeira, para proteger o fruto
Causa o escamamento e o rompimento da casca dos
durante a sua fase de maior suscetibilidade. Dois
ramos, com morte das extremidades. Geralmente a
fungicidas recomendados para o controle desta
presença da doença é indicada por ramo seco na
doença são Oxicloreto de cobre e Óxido cuproso,
copa da planta. O controle é feito através da poda,
aplicados cerca de quatro a seis semanas após a
30 a 40 cm abaixo da lesão, e queima dos ramos
primeira pulverização da florada.
afetados, no período de junho a julho. Os cortes
devem ser protegidos com pasta bordalesa ou calda
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
cúprica concentrada e posteriormente com tinta a

óleo.
com uma pasta cúprica, pelo menos uma vez ao ano
Pomares
normalmente
tratados
com
fungicidas cúpricos são menos atacados pela
Pincelar o tronco e a base dos ramos principais
(maio-julho).
doença.
Como medidas curativas para plantas em
estágio inicial de ataque, recomenda-se pulverizar
3.3.7.
Gomose
as plantas afetadas e as vizinhas suspeitas com o
fungicida Fosetil AL, ou aplicar Ridomil via solo,
Doença fúngica causada por várias espécies
repetindo se a aplicação a cada 90 dias, caso
Phytophthora sp., que ocasiona lesões na casca do
necessário. Então retira-se a casca da região afetada
colo do tronco dos ramos principais, e das raízes,
e de uma faixa ao redor das margens da lesão,
com formação de goma exsudada pelos tecidos
seguida da raspagem dos tecidos doentes, e pincela
afetados. O fungo ataca os tecidos internos da casca
com uma pasta feita com fungicidas cúpricos
e externos do lenho, provocando seu escurecimento
(Cobre Sandoz BR, Copidrol PM, Cupravit).
e morte, facilmente visíveis com a retirada da casca.
As
plantas
afetadas
geralmente
apresentam
3.3.8.
Pinta preta
amarelecimento e queda progressiva de folhas,
frutificação fora de época, produzindo frutos de
Fungo do gênero Guignardia citricarpa,
menor tamanho, seca e morte de galhos e,
agente causal da doença fúngica que ataca várias
finalmente, morte total da planta. Para evitar o
espécies de citros, incluindo todas as variedades de
ataque dessa doença recomenda-se as seguintes
laranja, principalmente as tardias, tangerinas,
medidas preventivas:
pomelos e limões verdadeiros. O ataque acontece

Utilização de porta-enxertos tolerante;
principalmente até cinco meses após a queda das

Plantio alto, deixando as primeiras raízes acima
pétalas, quando os frutos atingem aproximadamente
do nível do solo;
cinco centímetros de diâmetro. Os sintomas da

Evitar solos úmidos, pesados e mal drenados;
doença são caracterizados nas folhas e na casca dos

Evitar ferimentos na planta, quando da
frutos que, devido à aparência, ficam sem cotação
realização dos tratos culturais;
para o comércio "in natura". Quando o ataque é

Evitar excesso de água na base da planta;
severo, ocorre queda prematura de frutos. A doença

Manter o controle adequado do mato sob a
pode desenvolver, sempre que algum fator provoca,
planta;
a debilitação de plantas, incluindo ação de pragas,

doenças, falta de cuidado nos tratos culturais e
Evitar adubação nitrogenada pesada e acúmulo
de adubo orgânico junto à base do tronco;
desequilíbrios nutricionais, entre outros.

Os sintomas da pinta preta são:
Podar os ramos baixos da copa;

Mancha preta ou mancha dura, nos frutos
maduros: as lesões têm centro deprimido, com
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131
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
pequenos pontos negros no centro da lesão, podem
isolada de sedimentos oceânicos, que atinge até
aparecer em frutos verdes. Bordas salientes
0,75 mm de comprimento.
marrom-escuras e circundadas por um halo verde
escuro;

3.4.1.
Cancro cítrico
Mancha virulenta: lesões grandes, de formato
irregular, podem ou não ser deprimidas, tem o
Cuja espécie é a Xanthomonas citri,
centro de cor cinza e bordas salientes marrom-
caracterizada como doença bacteriana que causa
escuras ou vermelho-escuras;
lesões locais, corticosas, de cor pardacenta, nos

Falsa melanose: lesões pretas e minúsculas que,
frutos, folhas e ramos novos. As lesões ocorrem e
quando muito numerosas, podem formar uma
são correspondentes nas duas faces da folha. Os
mancha na casca;
frutos são depreciados para o mercado "in natura",

devido às lesões que coalescem e tomam toda a sua
Mancha sardenta: pequenas lesões pretas que
ocorrem após o início da maturação dos frutos;
superfície. A bactéria dissemina-se facilmente

Sintomas nas folhas: centro acinzentado,
levada pelo homem, por animais, chuva, vento e
bordas salientes marrom-escuras, com um lado
insetos. O transporte de mudas e frutas de zona
amarelado ao redor.
atacada facilita essa disseminação. O controle deve
ser rigoroso nas portarias das propriedades,
3.4.
fazendo-se a desinfecção com produtos à base de
Doenças bacterianas
amônia quaternária. A erradicação de plantas
gregos
contaminadas é o método mais efetivo de controle.
βακτηριον, bakterion significa bastão, é um
As inspeções devem ser rigorosas nas áreas
domínio
contaminadas.
Bactéria,
de
de
acordo
com
microrganismos
os
unicelulares
procariontes, ou seja, desprovidos de envoltório
nuclear e organelas membranosas, anteriormente
3.4.2.
"CVC" ou "Amarelinho"
denominadas Schizomycetes. As bactérias são
geralmente microscópicas ou submicroscópicas,
É um agente causador da doença Xylella
detectáveis apenas com uso de um microscópio
fastidiosa e visível, e os sintomas são observados
eletrônico.
não
principalmente nas folhas e nos frutos. O tamanho
excedem poucos micrômetros, podendo variar entre
da fruta é reduzido e o seu amadurecimento é
cerca de 0,2 µm nos micoplasmas, até 30 µm em
precoce. Os ramos afetados deixam de crescer,
algumas espiroquetas. Exceções são as bactérias
amarelecem, endurecem e ficam sem suco celular.
Epulopiscium fishelsoni isoladas no tubo digestivo
A planta como um todo, tem o seu desenvolvimento
de um peixe, com um comprimento compreendido
retardado. Aconselha-se como medidas preventiva
em 0,2 e 0,7 mm e Thiomargarita namibiensis,
de controle, a erradicação de plantas muito afetadas;
Suas
dimensões
geralmente
poda de ramos com sintomas iniciais que ocorrem
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
abaixo da última folha, mais velha, com sintomas;
3.5.
Doenças causadas por vírus e viroides.
inspeções para identificação das espécies de
cigarrinhas nos pomares e realização de controle
Vírus é uma palavra originada do latim
químico dos insetos; controle constante de ervas
virus, "veneno" ou "toxina", que representa agentes
daninhas hospedeiras de insetos vetores; utilização
infecciosos de estruturas muito pequenas, de 20-300
de material propagativo de "borbulheiras" e
ηm de diâmetro que apresentam genoma constituído
"matrizes" registradas e autorizadas pelos órgãos
de uma ou várias moléculas de ácido nucléico,
sanitários;
viveiros
DNA ou RNA, as quais possuem a forma de fita
registrados e comprovadamente livres do fungo do
simples ou dupla. Os ácidos nucléicos dos vírus,
amarelinho e tratos nutricionais e fitossanitários
geralmente
adequados, obedecendo às recomendações oficiais
envoltório proteico, formado por uma ou várias
necessárias ao desenvolvimento de citros. Esta
proteínas, o qual pode ainda ser revestido por um
doença tem afetado principalmente as variedades de
complexo envelope constituído por uma bicamada
laranja doce, Pera, Natal, Hamlin, Bahia, Baianinha,
lipídica.
Valencia, Folha Murcha, Barão, independente dos
comparados as células, não são considerados
porta-enxertos utilizados. Não tem sido visualizados
organismos, pois não possuem organelas ou
sintomas em tangerineira Poncam, Mexerica, em
ribossomos, e não apresentam todo o potencial
limões verdadeiros, tangor Murcotte e lima ácida
bioquímico, isto é um complexo enzimático
Galego, que apesar de assintomáticas podem ter a
necessário à produção de sua própria energia
bactéria (EMBRAPA, 2003).
metabólica.
aquisição
de
mudas
de
O controle preventivo é feito com mudas de
apresentam-se
Vírus
Eles
são
são
revestidos
estruturas
por
simples,
considerados
um
se
parasitas
intracelulares obrigatórios, pois dependem de
viveiros conhecidos; catação de frutos temporões;
células
para
se
multiplicarem.
Além
disso,
controle de plantas daninhas, jogando-as sob a
diferentemente dos organismos vivos, os vírus são
copa/saia; irrigação; adequação de nutrientes;
incapazes de crescer em tamanho e de se dividir. A
quebra-ventos; controle de trânsito de veículos,
partir das células hospedeiras, os vírus obtêm:
materiais e pessoas.
aminoácidos e nucleotídeos; maquinaria de síntese
Nos pomares em produção, o controle
de proteínas, ribossomos, e energia metabólica,
químico deve ser realizado em quatro aplicações,
ATP. Fora do ambiente intracelular, os vírus são
sendo iniciado no momento da florada, repetindo-se
inertes. Porém, uma vez dentro da célula, a
as pulverizações em intervalos de quatro a cinco
capacidade de replicação de um único vírus, em
semanas, e alternando os fungicidas benzimidazois
poucas horas, é de milhares de novos vírus. Desta
e ditiocarbamatos, de preferência com óleo a 0,25 -
maneira, os vírus representam a maior diversidade
0,5%.
biológica do planeta, sendo mais diversos que
bactérias, plantas, fungos e animais juntos.
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
Por outro lado, os Viroides são os menores
Nos frutos, as lesões começam a aparecer
sistemas genéticos capazes de se replicar no interior
quando as laranjas medem cerca de cinco
de uma célula e encontram-se confinados ao Reino
centímetros
Vegetal desde abril de 2010. Considerados os
inicialmente, como manchas rasas, amareladas, que
menores patógenos de plantas, é constituído por um
vão aumentando, tornando se deprimidas e escuras
minúsculo RNA, adenosina ribo nucléica, de fita
à medida que os frutos amadurecem. As lesões na
simples, circular, com tamanho que oscila entre 246
laranja Pera são menores e irregulares, enquanto na
e 401 nucleotídeos de tamanho, dez vezes menores
laranja Bahia, lima e tangerina são maiores e
que a maioria dos genomas dos menores vírus de
circulares.
de
diâmetro
e
apresentam-se,
plantas conhecido. Os viroides não codificam
Pode ser controlada através de remoção das
proteínas e, diferentemente dos vírus, não possuem
partes doentes, eliminação de frutos caídos,
capa proteica denominada envoltório de proteína
eliminação dos hospedeiros naturais do ácaro, tais
que envolve e protege o ácido nucléico viral, sendo
como mata pasto, apaga-fogo, alecrim, capim
totalmente
maquinaria
periquito, manjericão, caruru, picão preto, capim
transcricional da célula do hospedeiro para cumprir
fedegoso, capim carrapicho, corda de viola, lantana,
as diferentes etapas do seu ciclo infeccioso que
cordão de frade, melão de São Caetano e
inclui replicação, movimento em nível intra e
guanxuma.
dependentes
da
intercelular e patogênese.
O controle ainda pode ser realizado através
dos inimigos naturais, como as joaninhas Stephorus
3.5.1.
Leprose
sp e Delphastus sp. Existem controles químicos,
como o acaricida Sanmite, sendo recomendado usar
A leprose é causada por um vírus localizado,
transmitido pelo ácaro vermelho da espécie
outros
acaricidas,
caso
a
doença
apresente
resistência.
Brevipalpus phoenicis e ocorre especialmente em
laranjeiras doces, mas existem relatos sobre
3.5.2.
Tristeza
ocorrência em laranja azeda, tangerinas Cravo,
Mexerica Cleópatra, limões Siciliano, Ponderosa e
Doença ocasionada por um vírus que circula
Galego, lima da Pérsia, Cidra e Pomelos. Os
na seiva da planta podendo ser distribuído entre as
sintomas surgem nas folhas, ramos e frutos,
mudas pelo pulgão Toxoptera citricidus. Os
reduzindo a produtividade e o valor comercial da
sintomas de nanismo, hipertrofia foliar e caneluras
fruta. Nas folhas, as lesões são rasas, visíveis nas
nos tecidos do lenho da planta são mais ou menos
duas faces e bastante variáveis, de acordo com o seu
agressivos em função dos diferentes tipos do vírus
aparecimento em diferentes espécies e variedades.
que podem estar atacando as plantas. O controle é
De um modo geral, são amarelas arredondadas, às
feito pela retirada do vírus da planta mãe e
vezes com o centro marrom ou necrosado.
multiplicação das mudas a partir deste material
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
sadio (COELHO, 2004). Como a doença é
controle da doença é o mesmo recomendado para a
transmitida por um inseto é recomendável sempre
tristeza dos citros.
utilizar mudas sadias e premunizadas com tipos
fracos destes vírus. Os viveiristas credenciados
3.5.5.
Cachexia (Xiloporose)
dispõem deste material, obtido pelas entidades que
cuidam de pesquisas.
Esta doença infecciosa é causada por um
viroide e transmitida por borbulhas. As plantas
3.5.3.
Sorose
ficam anãs com clorose intensa que descolore
completamente as folhas, porém são reversíveis
Doença causada por um complexo de vírus,
com adubações específicas. Os sintomas no tronco
que causam sintomas na copa das plantas,
do
porta-enxerto
são
pequenas
saliências,
especialmente um intenso descascamento em áreas
semelhantes a porosidades na superfície do xilema,
próximas a forquilha principal. Essa doença,
logo abaixo da casca. Na região atacada da planta,
normalmente, apresenta sintomas após o quarto ano
mesmo sem aparecer externamente, formam-se
de plantio definitivo. Ela pode ser disseminada por
bolsas de goma que são de tamanhos variados, em
mudas formadas por borbulhas retiradas de árvores
função da suscetibilidade das variedades e idade das
que não apresentem os sintomas. A Sorose pode ser
plantas. Tem-se usado o controle através da
eficazmente controlada pela utilização de material
microenxertia ou por meio da obtenção de clones
de propagação - borbulhas - limpas da doença por
nucelares.
termoterapia, microenxertia ou pelo uso de clones
nucelares.
3.5.4.
3.6.
Doença ainda desconhecida
3.6.1.
Declínio
Exocorte
Anomalia de origem desconhecida e que
Relata-se que esta doença é causada por
causa a paralisação do crescimento, murchamento
viroides que circulam na seiva da planta, e são
das folhas opacas, oliváceas enroladas, com
disseminados pelas mudas. Os sintomas são
sintomas
caracterizados por um descascamento dos tecidos
apresentam progressivo murchamento. As plantas
superficiais com um concomitante nanismo da
morrem com dois a três anos após o aparecimento
planta. Ocorrem nos porta-enxertos. Não existem
dos sintomas. Observada em plantas de laranja doce
estimativas de perdas na cultura dos citros, mas a
enxertada sobre limão cravo e Poncyrus trifoliata.
sua presença nos pomares tem limitação ao uso de
Os frutos tornam-se peque pequenos, com redução
alguns porta-enxertos e mudanças como ferramenta
de produção. Recomenda-se a reposição de plantas
de controle de outras doenças de porta–enxertos. O
afetadas com porta enxertos tolerantes, tais como
de
deficiência
de
zinco.
Também
tangerinas Sunki e Cleópatra e laranja caipira
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Alguns fatores bióticos e abióticos que afetam
a qualidade dos produtos da laranja no mercado
utilizada como porta enxerto (COELHO et al.
6.0.
Referências bibliográficas
2004). Tem-se recomendado como paliativo o
arranquio e a destruição das plantas, utilizando
combinações
de
enxertos
e
porta-enxertos
reconhecidamente tolerantes.
5.0.
AZEVEDO, C. L. L. Sistema de produção de
citros para o Nordeste. Cruz das Almas: Embrapa
Mandioca e Fruticultura, 2003. p.i.
CARVALHO, G. A. Manejo das pragas do citros.
Notas de aulas – ENT 108. Disponível em
http://www.den.ufla.br/siteantigo/Professores/ Geral
do/Disciplinas/MANEJO%20DAS% 20PRAGAS%
20DO%20CITROS.doc. Acesso em 03 jul. 2012.
Considerações gerais
A instalação de um pomar com perspectiva
autossustentável demanda uma cuidadosa análise da
infraestrutura existente e das condições ambientais.
CATI. Recomendações para o controle das
principais pragas e doenças em pomares do
Estado de São Paulo. Campinas: CATI, 1997. 58
p. (CATI – Boletim Técnico, 165).
O clima, o solo e sua topografia são fatores
determinantes
para
as
atividades
ligadas
à
fruticultura. A qualidade da fruta depende de uma
sequência de técnicas desde o plantio até o
CITRUS BR - Associação Nacional dos
Exportadores de Sulco Cítrico. Estatística.
Disponível em http: // www. citrusbr. com/
exportadores - citricos/ estatisticas/ estatisticas – de
– consumo - 249726-1.asp. Acesso em 12 jul. 2012.
transporte, para resultar em um produto comercial
de qualidade. Técnicos conhecedores das atividades
frutigrangeiras admitem que a escolha da cultivar
pode ser considerada um importante componente do
COELHO, E. F.; JESUS, A. F.; COELHO FILHO,
M. A. Irrigação e Fertirrigação em Citros. Cruz
das Almas: Embrapa Fruticultura, 2004. 14 p.
(EMBRAPA, Circular 72)
sistema de produção e um dos poucos que podem
ser modificados, sem que se altere o custo de
implantação do pomar. A adoção de determinado
sistema de exploração e das práticas de cultivo
dependem, inicialmente da topografia local, do tipo
de solo e do regime pluviométrico. Práticas
culturais como escolha de área, terraceamento,
produção de mudas, plantio, irrigação, poda e
raleio, fertilização, controle de pragas e doenças,
limpeza, colheita, armazenamento dentre outras
tantas que requerem conhecimentos relativos à
própria planta, a cultivar e aos objetivos a serem
CUTRALE.
Produtos.
Disponível
em
http://www.cutrale.com.br/cutraleHome/ index.jsp?
link= 9&tab=13. Acesso em 11 jul. 2012.
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global 2012. GLOBO RURAL. Disponível em
http://revistagloborural.globo.com/Revista/Commo
n/ 0,,EMI312679-18532,00-CITRUSBR + INVEST
E+ EM+ MARKETING+ GLOBAL. html. Acesso
em 12 jul. 2012.
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.;
CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI
FILHO, E.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.;
VENDRAMIN, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES,
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em Pomares de Citros no Pará. Belém: CEPATU,
2004. 14 p. (EMBRAPA-CEPATU. Boletim
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