A Artigo Original Lobo LMC & Campos AC Prevalência de intolerância à glicose e fatores relacionados em pacientes submetidos a transplante renal Prevalence of impaired glucose tolerance and related factors in patients undergoing renal transplantation Lina Monteiro de Castro Lobo1 Adriana Cristina Campos2 Unitermos: Transplante de rim. Intolerância à glucose. Hiperglicemia. Keywords: Kidney transplantation. Glucose intolerance. Hyperglycemia. Endereço para correspondência: Lina Monteiro de Castro Lobo Rua Presidente Vargas, Qd64, Lt13 – Jardim Presidente – Goiânia, GO, Brasil –CEP 74353-380 E-mail: [email protected] Submissão: 15 de abril de 2013 Aceito para publicação: 21 de junho de 2013 1. 2. RESUMO Introdução: O transplante renal é reconhecido como a melhor alternativa para o tratamento da doença renal crônica em estágio avançado. A intolerância à glicose de jejum é uma condição metabólica que precede o diabetes. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de glicemia de jejum alterada e fatores associados em pacientes transplantados renais atendidos em um ambulatório de Goiânia. Método: Foram avaliados dados antropométricos, glicemia de jejum e terapia medicamentosa de 65 prontuários de pacientes transplantados renais, maiores de 18 anos, atendidos entre 2009 e 2010, em período máximo de seis meses de pós-operatório. Utilizou-se teste qui-quadrado de Pearson, teste exato de Fisher, teste T não-pareado e teste T pareado, adotando-se p < 0,05. Resultados: A média de glicemia pré-transplante foi 80 ± 8,5 mg/dL. Após seis meses de transplante, 14,5% dos pacientes apresentaram glicemia maior ou igual a 100 mg/dL. Não houve associação entre a alteração de peso e glicemia de jejum alterada, após seis meses de transplante (p=0,083). Houve diferença estatisticamente significativa entre glicemia pré-transplante e glicemia após seis meses do transplante e entre o peso pré-transplante e o peso após seis meses (p<0,001). Tacrolimus foi empregado em 93,5% dos pacientes, porém não houve associação significativa entre o seu uso e glicemia de jejum alterada (p=0,475). Conclusões: O manejo nutricional de pacientes que serão submetidos ao transplante renal é de extrema importância, visando evitar o aumento dos níveis glicêmicos, tanto no período pré-transplante como no período pós-transplante. ABSTRACT Background: Renal transplantation is recognized as the best alternative for the treatment of chronic kidney disease in advanced stage. The fasting glucose intolerance is a metabolic condition that precedes diabetes. The aim of this study was to evaluate the prevalence of impaired fasting blood glucose and associated factors in kidney transplanted patients treated at an ambulatory in Goiânia. Methods: Information such as anthropometry, fasting blood glucose and drug therapy were collected from the records of 65 kidney transplanted patients, over 18 years old, assisted between 2009 and 2010, in a maximum post-surgery period of six months. The Pearson’s chi-square test, Fisher exact test, non-paired T test and paired T-test were applied adopting p < 0.05. Results: The average pre-transplant blood glucose was of 80 ± 8.5 mg/dL. After six months of transplant, 14.5% of the patients presented blood glucose higher or equals to 100 mg/dL. There was no association between weight alterations and shifts in blood glucose after six months of transplant (p=0.083). There were significant differences between pre-transplant blood glucose and after six months of surgery and between the pre-transplant weight and after six months (p<0.001). 93.5% of the patients made use of the drug tacrolimus, however, there was no significant association between its use and alterations in blood glucose (p=0.475). Conclusions: The nutritional care of patients who will undergo kidney transplantation is of major importance aiming to avoid the increase on blood glucose before and after the surgery. Mestre em Nutrição e Saúde, Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil. Especialista em Nutrição Clínica e Metabólica, Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (4): 264-8 264 Prevalência de intolerância à glicose e fatores relacionados em pacientes submetidos a transplante renal INTRODUÇÃO O transplante renal (TR) é reconhecido como a melhor opção para o tratamento do portador de insuficiência renal crônica em estágio avançado, desvinculando o paciente da necessidade de diálise. O TR poderá ocasionar melhor qualidade de vida e sobrevida no paciente, além de proporcionar melhor estado de saúde. Porém, esses pacientes tendem a apresentar alterações metabólicas e nutricionais, em decorrência, principalmente, do estresse cirúrgico e da terapia imunossupressora1. A intolerância à glicose de jejum é uma condição metabólica que, na maioria das vezes, precede o diabetes mellitus (DM) e, geralmente, não causa sintomas, necessitando da dosagem da glicemia de jejum para ser diagnosticada2. O DM tem se tornado um problema de saúde pública devido ao aumento de sua prevalência, morbidade e mortalidade. Existem fortes evidências na população não transplantada de que o cuidado com o controle glicêmico reduz a morbidade e a mortalidade em pacientes com DM tipo 1 ou 2. Pode-se considerar que tratamento semelhante é apropriado em pacientes com DM póstransplante (DMPT)3,4. O DMPT é considerado um tipo secundário do DM e trata-se de uma complicação que ocorre após o transplante de um órgão sólido. As últimas estimativas reportam grande variabilidade em sua incidência, sendo de 4% a 25% após o TR. Essa variabilidade pode estar relacionada à dificuldade em definir, diagnosticar e identificar os possíveis fatores de risco associados a essa entidade3. Alguns fatores podem aumentar o risco para o desenvolvimento de DMPT, tais como idade avançada, história familiar de DM, excesso de peso, etnia, obesidade, infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) e uso de certos imunossupressores5,6. Apesar de os fármacos serem essenciais para o paciente transplantado, visando evitar a perda do enxerto, estes podem levar a alterações metabólicas, como resistência à insulina e DM. Dentre os imunossupressores mais utilizados, o tacrolimus é considerado como o mais diabetogênico e a azatioprina e o micofenolato mofetil causam poucas alterações. Muitos pacientes podem apresentar intolerância à glicose antes do TR, tornando inevitável o DMPT7,8. A escassez de dados relativos a nossa população sobre a prevalência de intolerância à glicose, em pacientes transplantados renais, contribui para justificar a importância deste estudo. Acredita-se que o conhecimento da prevalência de intolerância à glicose e de seus fatores associados, além da intervenção e do tratamento precoce, possa auxiliar na redução de chances de complicações metabólicas no pós-operatório e na prevenção do DM nesses pacientes. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a prevalência de glicemia de jejum alterada e fatores associados em pacientes transplantados renais atendidos no ambulatório de Transplante Renal da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. MÉTODO Desenho do estudo e amostra Trata-se de estudo observacional descritivo, no qual foram avaliados, em caráter retrospectivo, os prontuários de 65 pacientes transplantados renais atendidos no ambulatório de Transplante Renal da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, no período de janeiro 2009 a dezembro de 2010. Foram incluídos na amostra prontuários de pacientes de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), em período máximo de seis meses de pós-operatório. Foram excluídos da amostra três prontuários de pacientes com diagnóstico de DM ou intolerância à glicose antes da realização do TR. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, sob o protocolo nº 008/2011, atendendo às normas regulamentares de pesquisa envolvendo seres humanos, Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Coleta de dados Os dados foram coletados em fichas pré-codificadas elaboradas pelos próprios pesquisadores, com as seguintes variáveis: idade, sexo, glicemia de jejum pré-transplante (glicemia pré-tx) e seis meses pós-transplante (glicemia no 6º mês pós-Tx), terapia medicamentosa imunossupressora, status vital do doador, peso pré-transplante (peso pré-tx), peso seis meses pós-transplante (peso 6º mês pós-Tx) e índice de massa corporal (IMC pré-tx). Foram coletadas, também, informações sobre o tempo decorrido entre a realização do TR e o diagnóstico de intolerância à glicose. Avaliação antropométrica O peso corporal foi aferido por balança antropométrica mecânica (R-110CH, Welmy®, São Paulo, Brasil), com capacidade para 150 kg e divisão de 100 g. A estatura foi aferida pelo estadiômetro acoplado à balança. Após isso, o IMC foi calculado dividindo-se o peso em quilograma (kg) pela estatura ao quadrado (m²). Para a classificação do estado nutricional com base no IMC, foram utilizados os pontos de IMC preconizados pela World Health Organization – WHO9, ou seja, baixo peso (IMC < 18,5 kg/m²), eutrofia (IMC 18,5 Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (4): 264-8 265 Lobo LMC & Campos AC – 24,99 kg/m²), sobrepeso (IMC entre 25,0 – 29,99 kg/m²) e obesidade (IMC ≥ 30,0 kg/m²). Tabela 1 – Dados clínicos e demográficos de pacientes transplantados renais atendidos no ambulatório de Transplante Renal da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, 2009-2010. Avaliação da glicemia de jejum A coleta de sangue para análise da glicemia de jejum foi realizada em tubo fluoretado e analisada com o aparelho Labmax 240, Kit Lab Test. A classificação para indivíduos com glicemia de jejum alterada seguiu o protocolo preconizado nas Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes3, considerando para este estudo glicemia maior ou igual a 100 mg/dL. Análise estatística Os dados foram analisados com aplicação do programa Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS), versão 19.0 e o banco de dados construído em planilha eletrônica do programa Microsoft Office Excel. As variáveis contínuas foram descritas sob a forma de média e desvio padrão e as variáveis categóricas foram avaliadas quanto às frequências absolutas e relativas. Para todos os testes utilizados considerou-se um nível de significância de 5%. Foi realizada análise de associação entre as variáveis independentes e a variável desfecho (glicemia de jejum alterada) por meio de teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher para as proporções e o teste T para as médias. A associação entre o peso pré-transplante e o peso seis meses após o transplante foi avaliado pelo teste t pareado, assim como para os valores de glicemia de jejum antes e após o transplante. RESULTADOS Foram analisados os prontuários de 65 pacientes atendidos no ambulatório de Transplante Renal da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, com data do transplante renal entre os anos de 2009 e 2010. Os prontuários de três pacientes foram excluídos por apresentarem DM antes da realização do transplante. A média de idade dos pacientes estudados foi de 39,9 ± 12,6 anos, sendo 58% do sexo masculino. Parâmetros n Pacientes Tx renal Média ± DP Idade (anos) 62 39,9 ± 12,6 IMC pré-tx (kg/m²) 52 21,9 ± 3,5 Peso pré-tx (kg) 62 60,0 ± 12,5 Peso 6º mês pós-Tx (kg) 62 63,5 ± 13,0 Glicemia pré-tx (mg/dl) 62 80,0 ± 8,5 Glicemia 6º mês pós-tx (mg/dl) 62 87,0 ± 10,8 Tx renal = transplante renal; DP = desvio padrão. amostra homogênea. Não houve associação entre o status vital do doador e a glicemia no 6º mês após o transplante (p=0,089). Foi observado aumento médio de peso entre o período pré-transplante e seis meses após o TR. A alteração de peso (aumento ou redução) não está associada à glicemia de jejum alterada após seis meses de transplante (p=0,083). O tempo médio decorrido entre a realização do TR e a presença de intolerância à glicose foi de 2,3 ± 1,7 meses. No 1° mês após o TR, 24,2% dos pacientes apresentaram glicemia de jejum alterada, sendo que no 6° mês houve relativa redução dessa frequência (14,5%). A análise dos fatores associados à intolerância à glicose, após 6 meses de TR, foi realizada avaliando-se o grau de associação de cada variável isoladamente com o desfecho (glicemia de jejum alterada após 6 meses de transplante). Os dados estão apresentados na Tabela 2. A média de glicemia pré-transplante foi 80,0 ± 8,5 mg/dL. Foram identificados 31 (50%) pacientes com intolerância à glicose ao menos uma vez durante seis meses após a data do transplante. Destes, 61,3% apresentaram idade maior que 40 anos. Após seis meses de transplante, 14,5% dos pacientes (n=9) apresentaram glicemia maior ou igual a 100 mg/dL. Os dados demográficos e clínicos da amostra estudada estão apresentados na Tabela 1. Não houve diferença significativa em relação ao sexo e ao status vital do doador (p=0,765), constituindo uma Tabela 2 – Médias e desvio padrão da glicemia de jejum em pacientes transplantados renais atendidos na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, 2009-2010. Parâmetros n Idade (anos) 62 40,5 ± 12,8 36,8 ± 12,0 0,416 IMC (kg/m2) 52 21,9 ± 3,5 21,4 ± 3,6 0,639 Peso pré-tx 62 60,57 ± 12,6 56,9 ± 12,5 0,432 Peso 6º mês pós-tx 62 63,9 ± 13,0 61,7 ± 13,5 0,647 Glicemia pré-Tx 62 78,1 ± 8,4 85,4 ± 6,6 0,037 Glicemia 6º mês pós-tx 62 84,1 ± 8,4 104,1 ± 7,3 <0,001 Não Sim Média ± DP Média ± DP *Teste t não pareado, p<0,05 glicemia de jejum alterada vs. não alterada. Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (4): 264-8 266 Glicemia de jejum alterada p* Prevalência de intolerância à glicose e fatores relacionados em pacientes submetidos a transplante renal Os níveis glicêmicos de jejum não variaram com a idade, IMC, peso pré-transplante e peso aos 6 meses após o transplante (Tabela 2). Houve associação entre a glicemia de jejum alterada e a glicemia pré e no 6° mês após o transplante renal (p=0,037 e <0,001, respectivamente). Apesar de não ter sido encontrada associação entre o peso médio e glicemia de jejum alterada após os seis meses de transplante, houve aumento médio durante o período póstransplante imediato. O sexo feminino, idade mais jovem, raça negra e baixa renda são variáveis que afetam o ganho de peso pós-transplante12. Houve diferença significativa entre a glicemia de jejum pré-transplante e glicemia após seis meses do transplante e entre o peso pré-transplante e o peso após seis meses (p<0,001 em ambos os casos), conforme Tabela 3. Um estudo demonstrou associação entre maior IMC e metabolismo alterado de glicose em comparação aos indivíduos normoglicêmicos11, porém no presente estudo não foi encontrada essa associação. As principais medicações utilizadas foram micofenolato mofetil, micofenolato sódico, prednisona, tacrolimus, ciclosporina, sirolimus, azatioprina e everolimus. O esquema imunossupressor mais prescrito foi o tacrolimus associado à prednisona e ao micofenolato mofetil. O uso de tacrolimus foi realizado em 93,5% dos pacientes (n = 58). Não houve associação significativa entre o uso de ciclosporina ou tacrolimus e glicemia de jejum alterada (p=0,475). A glicemia pré-transplante e a glicemia após os seis primeiros meses foram estatisticamente diferentes, com tendência de aumento no 6° mês após o transplante. Os mesmos resultados foram encontrados em relação ao peso, o que demonstra a necessidade de acompanhamento desses fatores durante o período pós-operatório. DISCUSSÃO A hiperglicemia pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de DMPT10. Um estudo analisou 250 pacientes transplantados renais, com acompanhamento médio 32 meses. Os autores observaram alteração no metabolismo da glicose em 17% dos pacientes. Destes, 4,8% apresentaram intolerância à glicose. Não houve diferença de idade entre pacientes com e sem glicemia de jejum alterada11. Foi observado neste estudo maior prevalência de intolerância à glicose após seis meses de transplante, porém sem associação entre com a idade dos pacientes. Tabela 3 – Glicemia de jejum e peso médio antes e após seis meses de transplante renal em pacientes atendidos na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, 2009-2010. Variáveis n Média + Desvio Padrão p* Pré-transplante 62 80,0 ± 8,5 <0,001 6º mês pós-tx 62 87,0 ± 10,8 Pré-transplante 62 60,0± 12,5 6º mês pós-tx 62 63,6 ± 13,0 Glicemia de jejum Peso *teste t pareado p<0,05 pré vs. pós. <0,001 Wyzgal et al.13 encontraram 6,7% de hiperglicemia entre pacientes após a primeira semana de transplante. No presente estudo, foi demonstrado que a glicemia de jejum alterada é frequente entre os pacientes transplantados renais. Não é possível analisar a causa da redução dos níveis glicêmicos nesses pacientes, devido ao desenho deste estudo, porém são necessários a detecção precoce e o tratamento da hiperglicemia, visando evitar o desenvolvimento de DM em pacientes transplantados renais. First et al.14, ao avaliarem 435 pacientes transplantados renais, observaram que a incidência de DMPT foi de 4,9%, entre pacientes tratados com tacrolimus foi de 5,7%, comparado a 3,3% em pacientes tratados com ciclosporina. O metabolismo de glicose pode sofrer alteração durante o uso de tacrolimus em pacientes transplantados, sendo que, após a redução da dose desse medicamento, o transtorno tende a desaparecer15. O imunossupressor mais utilizado pelos indivíduos deste estudo, com glicemia de jejum alterada no sexto mês após o transplante, foi o tacrolimus, que sabidamente leva a alteração glicêmica16. Apesar disso, não houve associação entre o seu uso e a alteração glicêmica em relação aos pacientes que não desenvolveram intolerância. Uma limitação deste estudo é o fato de não ter sido realizado o teste de tolerância à glicose para avaliar a resistência insulínica. A amostra não é representativa da população desse município, porém reflete as características dos indivíduos da unidade pesquisada nos últimos anos anteriores à pesquisa. São necessários mais estudos que avaliem a prevalência e os fatores associados à glicemia de jejum alterada em pacientes transplantados renais e que utilizem o consumo alimentar para avaliação do padrão alimentar dessa população. Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (4): 264-8 267 Lobo LMC & Campos AC Os resultados aqui apresentados apontaram que os níveis glicêmicos alterados nesses pacientes tiveram alta prevalência, apesar da grande maioria apresentar melhora após seis meses do transplante. Não houve associação entre glicemia de jejum alterada e idade, IMC, peso pré e após seis meses de TR. Houve diferença significativa entre glicemia pré-transplante e glicemia seis meses após transplante e entre o peso pré-transplante e seis meses após o TR. Em resumo, salientamos que o manejo nutricional de pacientes que serão submetidos ao TR é de extrema importância, e os profissionais da saúde devem ter como objetivo evitar o aumento dos níveis glicêmicos, tanto no período pré-transplante como no período pós-transplante imediato e tardio. AGRADECIMENTOS Ao Gustavo Duarte Pimentel, pelas suas contribuições para a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS 1.Moreira TR. Alterações nutricionais em transplantados renais: prevalência, fatores de risco e complicações [Dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2010. 2.Cipriano DO, Lima HV, Souza AAS, Silva MCFC, Santos ACO. 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Local de realização do trabalho: Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil. Trabalho de conclusão de curso apresentado no Programa de Pós-graduação em Nutrição Clínica da Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2013; 28 (4): 264-8 268