MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DE PARASITOS INTESTINAIS DE JURARÁ (KINOSTERNON SCORPIOIDES, LINNAEUS,1766) DE VIDA LIVRE, BAIXADA MARANHENSE, BRASIL Diego Carvalho Viana1*, Lianne Pollianne Fernandes Araujo¹, Adriana Raquel de Almeida da Anunciação2, Antônia Santos Oliveira3 e Alana Lislea de Sousa3 RESUMO A fauna silvestre maranhense é representada pela ocorrência de répteis como Kinosternon scorpioides, quelônio semi-aquático conhecido regionalmente como muçuã ou jurará (Pereira, 2004). O gênero Serpinema spp., são nematódeos que parasita o intestino delgado de tartarugas de água doce, na qual se infecta por ingestão de zooplâncton ou pela alimentação de hospedeiros paratênicos. Objetivando-se conhecer e identificar a morfologia externa dos parasitos de quelônios, justifica-se a importância do jurará no ambiente da Baixada Maranhense, visto que, ocupa um lugar de destaque, pois vêm sendo capturado pela população servindo de alimento e renda. Os parasitos encontrados no trato gastrointestinal de jurarás foram analisados através da microscopia eletrônica de varredura, que tem sido ferramenta para complementação de descrições de lesões epiteliais e dos próprios parasitos. Foram examinados estômago e intestino de 10 jurarás machos provenientes da Baixada maranhense, após necropsias, foram removidos os órgãos e observado nove exemplares de nematódeos no intestino delgado, sendo três machos e seis fêmeas. Apenas 7 jurarás estavam parasitados. Os espécimes foram elétron-micrografados em um microscópio eletrônico de varredura modelo ME Leo 435 VP. Simultaneamente, os parasitos foram montados e identificados em microscópio óptico, conforme Amato et al., (1987) e Freitas & Dobbin Jr. (1962), respectivamente. Foram observados espécimes de Serpinema magathi, segundo Sprehn (1932) & Yeh (1960) no intestino delgado de jurarás. Neste trabalho, foram reportados a morfologia externa dos parasitos. Palavras-chave: morfologia; Serpinema spp.; Kinosternon scorpioides; Baixada Maranhense SUMMARY Scanning electron microscopy of the intestinal parasites of jurará (kinosternon scorpioides, linnaeus, 1766) living free, the region to the west and southeast of the city of são luís The wildlife Maranhão is represented by the occurrence of reptiles as Kinosternon scorpioides, semi-aquatic turtle known locally as Muçuã or Jurará(Pereira, 2004). The genre Serpinema spp., are parasitic namatodes the small intestine of freshwater turtles, which become infected by ingestion of food called zooplankton or host Paratene. Aiming to understand and identify the morphology extern of the parasites of quelonium, justifies the importance of environment in the west and southeast of the city of São Luís-Maranhão, since, occupies a prominent place, because people have been captured this chelonians by the serving of food and income. The parasites found in the gastrointestinal tract of Jurarás were analyzed by scanning electron microscopy, which has been a tool to complement the descriptions of epithelial lesions and parasites themselves. We examined the stomach and intestine of 10 males Jurarás from the the region to the west and southeast of Maranhão, after autopsy, the organs were removed and observed nine copies of nematodes in the small 1 Pós-granduandos do Mestrado em Ciência Animal (UEMA) - Autor correspondente: Unidade 205, 32H, Conj. Ilhéus, Quadra 10E, Cidade Operária; Cep: 65058-060, email: [email protected]; 2 Graduanda em Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Maranhão – CCA/UEMA; 3 Docentes da Universidade Estadual do Maranhão/Departamento das clínicas/CCA/UEMA intestine, three males and six females. Only seven Jurarás were parasitized. The electron micrographs were specimens in a scanning electron microscope Leo 435 VP model ME. Simultaneously, the parasites were mounted and identified using an optical microscope, as Amato et al. (1987) and Freitas & Dobbin Jr. (1962), respectively. Specimens were observed Serpinema magathi segundo Sprehn (1932) & Yeh (1960) in the small intestine of Jurarás. In this study, we reported the external morphology of the parasites. Keywords: morphology; Serpinema spp. Kinosternon scorpioides; Baixada Maranhense (the region to the west and southeast of the city of São Luís) A fauna silvestre maranhense é representada pela ocorrência de répteis como Kinosternon scorpioides, quelônio semi-aquático conhecido regionalmente como muçuã ou jurará (Pereira, 2004). Serpinema spp. nematódeo que parasita o intestino delgado de tartarugas de água doce, na qual se infecta por ingestão de zooplâncton ou pela alimentação de hospedeiros paratênicos. Objetivando-se conhecer e identificar a morfologia externa dos parasitos de quelônios foi realizado microscopia eletrônica de varredura (MEV) no Laboratório de Microscopia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo – FMVZ/USP para caracterização minuciosa dos vermes, visto que o jurará no ambiente da Baixada Maranhense, ocupa um lugar de destaque por ser capturado pela população servindo de alimento e renda. As análises morfológicas foram feitas através da microscopia eletrônica de varredura, os fragmentos do trato intestinal foram fixados em solução de formol tamponado a 4% por 24h. Em seguida o material foi lavado em solução tampão fostato 0,1M – 3x15m. E a pós-fixação em tetróxido de ósmio a 1% em tampão fosfato (0,1M - pH 7,4) por 1h e 30m. Em seguida foram lavadas com solução tampão fosfato 0,1M com 3x15m e logo após lavagem em água destilada 2x10m e foram tratadas em ácido tânico a 1% - solução aquosa por 1h, seguida de lavagem em água destilada 3x15m e desidratação em séries crescentes de álcool (50, 70, 90 e 100%) por 10 min cada. Os fragmentos desidratados foram secos em estufa (37°C) overnight e posteriormente colados em suporte (stub) com cola de carbono. Na sequência os fragmentos passaram por um recobrimento metálico com ouro por “sputtering” e em seguida levados ao aparelho de microscopia de varredura modelo ME Leo 435 VP para análise dos achados. Constatou-se que 70% dos jurarás estavam positivas para a espécie Serpinema magathi (Fig.1A), segundo Freitas & Dobbin Jr.,(1962). As características morfológicas apresentavam corpo de coloração avermelhada a fresco. Na identificação dos helmintos foi observado que possuíam extremidade anterior truncada em ambos os sexos (Fig.1B). Extremidade posterior afilada na fêmea e cônica no macho (Fig.1C e Fig.1D); extremidade cefálica provida de boca bivalva e de dois tridentes; valvas bucais laterais e côncavas internamente; os tridentes um dorsal e outro ventral situados na junção das valvas. Esôfago claramente dividido em uma porção muscular e outra glandular, mais longa. Ambas as porções, mais dilatadas na metade posterior. Poro excretor não visível e cauda se afilando gradualmente até a extremidade posterior. Em 1960, Yeh criou o gênero Serpinema spp. para agrupar aqueles da família Camallanidae que tem o espessamento das valvas da cápsula bucal divididas lateralmente em grupos dorsal e ventral. No Perú, (Tantaleán, 1998), registrou em tartaruga de vida livre Podocnemis expansa, uma outra espécie de Serpinema amazonicus. Este relato caracteriza a primeira citação dos nematóides Serpinema magathi parasitando K. scorpioides, no Maranhão, Brasil. 2 A B a b C D Fig. 1. A – Verme aspecto afilado, B – Extremidade anterior truncada, C - Extremidade posterior afilada na fêmea(a) e cônica no macho(b) (Momento da cópula), D – Espículo (seta) do macho penetrando na vagina da fêmea REFERÊNCIAS FREITAS, J.F..T.; DOBBIN JUNIOR, J.E. Contribuição ao conhecimento da fauna helmintológica de quelônios no Estado de Pernambuco, Brasil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 1971, vol.69 no.1 Rio de Janeiro, PEREIRA, L.A. Aspectos da Biologia, Ecologia e Extrativismo de Kinosternon scorpioides Linnaeus, 1766 (Reptila, Chelonia, Kinosternidae) no Município de São Bento – Baixado Maranhense (Maranhão, Brasil). São Luís – MA, UEMA, 2004, 107p. Dissertação (Mestrado) – Curso de Mestrado em Agroecologia. TANTALEÁN, M. Nuevos registros de nemátodes parásitos de animales de vida silvestre en el peru. Revista Peruana de Biología - Volumen 5 Nº 2 Julio-Diciembre 1998. YELT, L.S. 1960. On the reconstruction of the genus Camallanus Railliet et Henry, 1915. J. Helminthol, 34:107116. 3