Pensar os Valores “A Filosofia dos valores […] parte […] de um nítida separação entre a Realidade e Valor. Isto mostra-se já no facto de distinguir entre ciências do ser e ciências dos valores. As primeiras ocupam-se dos seres, daquilo que é, para focarem exclusivamente a estrutura do seu objecto e cifram-se em meros juízos de existência. Pelo contrário, as ciências dos valores fundam-se em juízos de valor, e a sua particular visão das coisas é uma visão valorativa que só foca o seu objecto no aspecto da referência deste aos valores. Procuram saber se os valores de que se ocupam são positivos ou negativos e qual o grau que tal outro valor atingiu na sua realização.[…] Ao grupo das ciências do ser pertencem, antes de mais, as ciências naturais. O seu ponto de vista é inteiramente estranho a valores. […] Para um químico um gás que cheire mal não vale menos que outro que tenha o aroma de cravo. […] Também este não emite juízos de valor. […] Para um matemático uma figura geométrica não tem mais valor que outra […]. Todas estas ciências são rigorosamente alheias a considerações de valor. […] Não tomam posição, não valoram. Isto é o contrário do que se passa com as ciências dos valores. Estas têm por função, precisamente, tomar posição e valorar. Pense-se, por exemplo, na Ética e na Estética. “ J. Hessen, Filosofia dos Valores.