ANO – I Nº 4 - Faculdade Pan Americana

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É, justamente, por isso que tanto a Filosofia, quanto a Ciência diferem do senso comum, ...
ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL -DEZEMBRO DE 2011
JORNAL CIENTÍFICO DA FACULDADE PAN AMERICANA
II Jornada de Filosofia da Faculdade Pan Americana (Capanema/Pará)
Da Filosofia ao Mundo da Vida: Práticas, Linguagens & Saberes
A “II Jornada de Filosofia
da Faculdade Pan Americana
(Capanema/Pará)” tem como
tema central a interface da
Filosofia com o mundo da vida, isto é, a interface do pensamento filosófico com as dimensões ética-moral, política, jurídica, educacional
(formativa) e lingüística (comunicativa) da existência.
Neste sentido, trabalharse-á com questões interdisciplinares e transversais que
impliquem na passagem Da
Filosofia ao Mundo da Vida,
destacando-se Práticas, Linguagens & Saberes (locais e
regionais) como objetos de
investigação da razão que, na
medida em que se volta para
a ação, tenta cotejar o real
com o ideal, na medida em
que é possível se pensar
crítica e reflexivamente a
realidade humana vivida.
A “II Jornada de Filosofia
da Faculdade Pan Americana
( C a p a n e m a / Pa r á ) – D a
Filosofia ao Mundo da Vida:
Práticas, Linguagens &
Saberes” pretende destacar
uma parte relevante da
atividade reflexiva e filosófica, qual seja, o mundo da
vida. Esta noção, cara à
fenomenologia de Husserl,
integra (de modo amplo e
total) aquilo que historicamente se inscreve nos horizontes da Filosofia Prática.
E o que isto significa?
Nada mais que pensar o agir
situado no contexto em que
nos inserimos, a partir do momento em que nos percebemos como sujeitos não apenas pensantes, mas também
como agentes morais.
dades, isto é, os desafios e
perspectivas do Curso de Filosofia da Faculdade Pan
Americana em comparação
com outras realidades acadêmico-institucionais, relativamente à formação de Bacharéis e Licenciados engajados na reflexão e em causas sociais;
- Discutir as fronteiras teóricas e as diferenças específicas de pensamento e reflexão entre Filosofia e Teologia, particularmente no que
diz respeito à abordagem de
questões como aborto, provetas, clonagem, eugenia liberal, diagnósticos genéticos
de pré-implantação e eutanásia;
Fonte: http://diariodoverde.com/, 2011.
Fonte: http://www.fondos-iphone.es/hombre-de-vitruvio
Capanema - PA, 02 e 03 de dezembro de 2011
Disto, portanto, decorre a
necessidade de debatermos a
relevância objetiva do Curso de
Filosofia, tanto quanto assuntos
que estejam relacionados a
outras áreas do conhecimento
como Teologia, Pedagogia e
Letras, de modo que possamos
compreender o fenômeno da
existência em suas múltiplas
acepções (ética, moral,
política, jurídica, pedagógica e
comunicativa).
A “II Jornada de Filosofia da
FPA” tem como principais
objetivos:
Geral:
- Debater questões fundamentais (interdisciplinares e transversais) implicadas no mundo
da vida.
Específicos:
- Discutir os limites e possibili-
A organização da “II Jornada de Filosofia da Faculdade Pan Americana (Capanema/Pará) – Da Filosofia ao Mundo da Vida:
Práticas, Linguagens & Saberes” foi planejada e organizada pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão em Filosofia e Teologia da
Faculdade Pan Americana (NUPEFIT) e encerra as atividades acadêmicas do ano letivo de 2011.
- Discutir questões como
ética e formação de professores, políticas públicas e
cidadania, diversidade
étnico-cultural e lingüísticosocial e, finalmente, direitos
humanos e inclusão social.
A metodologia de trabalhos e
atividades desta “II Jornada”
contará, fundamentalmente, com palestras e minicursos e o público-alvo são:
1 - Alunos/as de Filosofia e
demais cursos de Graduação
e Pós-Graduação da FPA;
2 - Alunos/as de Filosofia e
demais cursos de Graduação
e Pós-Graduação de outras
instituições de nível superior
(pública e privadas);
3 - Professores de Filosofia e
demais profissionais da
educação.
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ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL -DEZEMBRO DE 2011
Editorial
Wladirson Cardoso é Bacharel/Licenciado em Filosofia pelo instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (IFCH/UFPA);
Mestre em Direitos Humanos e Inclusão Social pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Pará e
Doutorando em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará (PPGA/UFPA).
Um leve toque de Sophia...
É muito comum estudantes e
professores de Filosofia serem
questionados acerca da natureza e
dos propósitos da mesma. Se, por um
lado, todos imaginam saber qual o
escopo do ensino das Letras, qual a
importância do ensino da Matemática,
qual o caráter do ensino da Física,
qual o interesse do ensino da
Química, qual a necessidade do
estudo da Biologia, da História e da
Geografia, pouquíssimos são aqueles
que reconhecem a legitimidade da
Filosofia e sua verdadeira
contrapartida. No entanto, antes de
prosseguir, é mister observar que
Filosofia não é, sobremaneira,
argumento de religião – embora possa
fundamentar a Teologia enquanto uma
possibilidade ou tentativa de
compreender lógica e racionalmente o
“fenômeno” divino. Porém, diga-se, a
Filosofia pensa Deus e não
simplesmente o aceita. Emerge, aqui,
então, uma primeira distinção:
enquanto as doutrinas religiosas
estruturam-se mediante a experiência
(muitas vezes mística!) da fé, a
Filosofia estrutura-se a partir da razão.
Nestes termos, a Filosofia
constitui um campo do conhecimento
e não um postulado ou corolário de
dogmas que devem ser observados,
sob pena do crente ou fiel ser punido,
castigado ou até mesmo execrado. A
diferença entre Filosofia e religião é,
portanto, uma das notas preliminares
que devem ser consideradas, haja
vista confundirem-se a seriedade
teórico-epistêmica da postura do
filósofo com a austeridade ascética do
cristão empedernido. Todavia, podese objetar este argumento contrastivo,
destacando-se que, assim como a
religião, a Filosofia está preocupada
com as questões fundamentais da
existência. Porém, deve-se advertir
que, quando a racionalidade filosófica
perscruta a origem (arké) e o télos
(fim), ela o faz com vistas no mundo
dos homens e não em um
suprassensível para além das
estrelas...
Pois muito que bem, se a Filosofia
é conhecimento racional, qual a
diferença dela em relação à Ciência
que também se utiliza da
racionalidade como parâmetro
estruturante do saber? Ora, tanto a
Filosofia, quanto a Ciência buscam as
causas das coisas. Efetivamente
falando, só se pode conhecer
filosófica e/ou cientificamente o
mundo e/ou a realidade (física ou
humana/social) mediante a
investigação sistemática, regular e
coerente das causas. É, justamente,
por isso que tanto a Filosofia, quanto a
Ciência diferem do senso comum,
porquanto ambas não aceitam
passivamente, isto é, sem análise
crítica, as superstições e preconceitos
histórica e socialmente construídos. No
entanto, na medida em que a Filosofia
busca compreender a realidade a partir
de um ponto de vista eminentemente
teórico-especulativo, ela se caracteriza
como um saber totalizante; ao passo
que a Ciência delimita pontualmente
seu objeto de estudo, investigando, a
partir de métodos e técnicas
(instrumentais), a realidade física
(como no caso das ditas hard sciences,
isto é, das chamadas “ciências duras”,
tais como a Química, por exemplo) ou,
ainda, a realidade humana e/ou social
(cultural).
Se, como diz o adágio popular, “de
médico e louco todo o mundo tem um
pouco”, tenha-se plena certeza que
cada um de nós, inequivocamente, é
também um pouquinho de “filósofo”.
Quando pretendemos “descobrir”
quem somos – na acepção mais
genuína do verbo ser; quando
questionamos o sentido da vida;
quando desconfiamos das certezas
absolutas e, ainda, quando buscamos
um entendimento do contexto
histórico-social humano, já estamos a
caminho de tudo aquilo que os grandes
pensadores elaboraram. Todavia,
deve-se ficar bem claro que a Filosofia
não se confunde com a Psicologia e
que ambas não tem nada a ver com
autoajuda. Ora, a Psicologia é uma
ciência que visa, mediante diversas
abordagens, garantir ou restituir a
integridade do indivíduo; já a Filosofia
está muito mais interessada em fazer
um uso teórico da razão do que
propriamente promover o bem-estar
psíquico. Em última instância, a
Psicologia trata da subjetividade
humana, ao passo que a Filosofia
pergunta-se, como bem ensina Kant, “o
que posso conhecer?”, “o que devo
fazer?”, “o que posso esperar?” e “o
que é o homem?”. Vê-se, assim, que a
Filosofia difere da Psicologia e que
nem uma e nem outra compactuam
com a postura tacanha de “superação”
de dificuldades propalada de modo
vulgar pela literatura de autoajuda que
graça nas estantes das livrarias que
negociam verborreias infundadas
como se fossem verdadeiras teorias.
Porém, de todas as confusões e
A Escola de Atenas, de Rafael (1506-1510)
impropérios que orbitam ao redor da
Filosofia está o subproduto mais
imediato da ignorância daqueles que
desconhecem a matéria e a
mediocridade daqueles que acreditam
que sabem de tudo, qual seja, a ideia de
que a razão filosofante confunde-se
com a loucura inebriante. Ora, o
questionamento incisivo e a crítica
radical não devem ser confundidos com
a inconsistência de um pensamento
desarranjado e a incoerência de um
juízo patologicamente afetado.
Filosofia – repito – não é sinônimo de
loucura – ao menos não
necessariamente...! Mas, afinal, o que é
Filosofia? Pois bem, a palavra
“Filosofia” vem do grego e significa
amor (filo, fila) à sabedoria (sophia).
Dizia Pitágoras (570/571 a.C a 496/497
a.C) que os filósofos não são sábios,
pois a sabedoria enquanto tal pertence
aos deuses, de modo que aos humanos
cabe apenas aspirá-la, amá-la. Nestes
termos, o filósofo é o amante da
sabedoria, o amigo do saber. A
Filosofia nasce no século VII a.C, entre
os Jônios, na Cidade de Mileto, com
Tales, desprendendo-se do interior das
formulações mitopoéticas que, por sua
vez, eram cantadas pelos poetas
inspirados, homens tidos como sábios.
Quando surge, portanto, a Filosofia
opera uma verdadeira transformação
na percepção total da realidade. O
filósofo, ao contrário do poeta (aedo ou
rapsodo), não é mais o sábio que detém
o conhecimento dos sortilégios do
mundo, e sim apenas um
“investigador”.
No entanto, não basta dizer que a
Filosofia é o “amor à sabedoria”, posto
que o que caracteriza o esforço teórico
do filósofo é, também, responder a esta
pergunta, levando-se em conta as
“aquisições” conceituais dos que o
antecederam. Logo, se se disser que o
filósofo busca a verdade, tem que se
dispor que esta “verdade” é
historicamente construída e só pode
ser adquirida coletivamente. E, ainda,
se se diz que verdade e realidade se
confundem, é necessário, então,
investigar os limites e possibilidades
para o conhecimento das coisas, já
que a Filosofia é um exercício racional
de constante reflexão. Porém, se o
filósofo deve, além de descrever as
primeiras causas e os primeiros
princípios que regem o conhecimento
da realidade física, ele também tem
que dar conta dos valores éticomorais que devem orientar a vida e a
práxis política, da mesma forma que
deve-se ocupar dos juízos de (bom)
gosto que definem os limites entre
arte e natureza.
Como diria Platão, a Filosofia é
para poucos – e não adianta insistir
quando não se tem uma espécie de
“talento natural”. O número de
filósofos no mundo, desde o
surgimento da Filosofia na Grécia até
os dias atuais, é infinitamente menor
que a escala absoluta da população
do globo. Excetuando-se, portanto,
essa seleta de “livres-pensadores”,
quem resta? Ora, restam apenas
bons comentadores de Filosofia,
professores e alunos (de Filosofia ou
não), pessoas que ouviram dizer mas
não conhecem, pessoas que
desprezam totalmente e, ainda,
pessoas que ignoram esta que é a
“ciência da liberdade do espírito” –
permitindo-me falar em “enigmas”
como Hegel. Para concluir, se, como
disse Kant, “não se aprende Filosofia,
mas a Filosofar”, só tem sentido falar
em um ensino de Filosofia em escolas
e Faculdades se a preocupação inicial
for com uma cultura da reflexão que
possibilite uma atitude crítica diante
das coisas do mundo e da cultura.
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ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL - DEZEMBRO DE 2011
A INTERSUBJETIVAÇÃO
ENTRE HOMEM E NATUREZA – ASPECTOS SOCIAIS, POLÍTICOS E AMBIENTAIS
Ao se falar em intersubjetivação homem natureza fazse necessário a priori, refletir
inicialmente no que vem a ser
Intersubjetividade, esta se
apresenta como umas das
áreas que envolve a vida do
homem, a relação
homem/homem e por isso
precisa ser refletida e
analisada pela filosofia, em
especial pela Antropologia
Filosófica.
Para entender melhor
como isto se processa esta
inter-relação segundo Martin
Buber, envolve o diálogo, o
encontro e a responsabilidade, entre dois sujeitos e/ou a
relação que existe entre o
sujeito e o objeto.
O ponto de partida EU-TU
mostra o mundo das relações,
de diferentes experiências,
do multiculturalismo da vida
cotidiana
que segundo
Buber, realiza-se em três
esferas: a vida com a natureza, a vida com os homens e a
vida com os seres espirituais.
A vida com a natureza,
tudo o que compõe a natureza que cerca o homem, está
ali, o homem tem o poder de
fazer o melhor ou pior uso
“Nesta esfera a relação
realiza-se numa penumbra
como que aquém da linguagem. As criaturas movem-se
diante de nós sem possibilidade de vir até nós e o TU que
lhes endereçamos depara-se
com o limiar da palavra”.
(BUBER, 2001, p.6-7). As
possibilidades de relação
homem /objeto são restritas,
dependem diretamente das
concepções humanas que o
ser humano carrega.
Na segunda esfera, a vida
com os homens vem a ser a
relação onde mais claramente percebe-se a reciprocidade. É o diálogo por excelência. “ “Nesta esfera a relação
é manifesta e explícita:
podemos endereçar e
receber o TU”. (BUBER, 2001,
p.7).
Na terceira esfera, isto é,
vida com os seres espirituais
Giles (1989) diz que “trata-se
do homem relacionando-se com
todos os frutos da criatividade
humana como a arte e a
filosofia, a relação se dá
silenciosa, mas gerando a
linguagem”. A relação homem e
o outro se revela de forma
silenciosa, silencio este, que
vale mais que palavras mal
ditas.
As esferas por hora apresentadas materializam o significado da palavra EU-TU que vem
muito antes da relação EUISSO. O intra pessoal, a relação
na essência homem/homem
agrega valores sentimentos do
eu interior para se viver no
mundo exterior.
Contudo, Buber mostra que há
um certo perigo quando o
homem coloca o ISSO como o
único meio de ver o mundo e
deixa de lado a essência da
relação humana “o homem não
pode viver sem o ISSO, mas
aquele que vive somente com o
ISSO não é homem”. (BUBER,
2001, p.39). A única coisa
importante é que, para cada
um dos dois homens, o outro
aconteça como este outro
determinado; que cada um dos
dois se torne consciente do
outro de tal forma que precisamente por isso assuma para
com ele um comportamento,
que não o considere e não o
trate como seu objeto mas
como seu parceiro num acontecimento da vida, mesmo que
seja apenas uma luta de boxe.
(BUBER, 1982, p.138). Com
mais precisão Buber diz que:
(…) na sua essência este
dom não é mais um olhar
para o outro; é um
penetrar audacioso no
outro, potente como um
vôo, penetrar no outro que
reivindica o movimento
mais intensivo do meu ser,
à maneira de toda fantasia
verdadeira, só que aqui o
campo de minha ação não é
o todo-possível, mas a
pessoa real e singular que
vem ao meu encontro, que
eu posso tentar tornar
presente para mim, assim
mesmo e não de outra
forma, na sua totalidade,
sua unidade e unicidade, e
no seu centro dinâmico que
realiza tudo isto sempre de
novo. (BUBER, 1982,
p.148).
A parceria viva entre os
seres desabrocha no interhumano a relação harmoniosa e
saudável entre o EU e o ISSO.
Evidencia-se porém que
influência do eu para com o
outro apresenta-se de duas
maneiras, uma pela imposição,
o que prevalece é a opinião
própria. A segunda maneira a
pessoa quer encontrar-se
também na alma do outro,
incentivando nele aquilo que
reconhece em si mesmo como
certo. Ou seja, o que considero
certo deve também estar vivo
potencialmente no microcosmo
do outro, bastando que este se
abra a essa possibilidade. Essa
abertura acontece essencialmente não como aprendizado,
mas como encontro. Trata-se da
comunicação existencial entre
um ente que é e um outro que
pode vir a ser. Esta se desenvolveu mais no campo da educação. (OLIVEIRA,2005)
É a assistência mútua do serpróprio que completa a essência humana “O homem é
antropologicamente existente
não no seu isolamento, mas na
integridade da relação entre
homem e homem: é somente a
reciprocidade da ação que
possibilita a compreensão
adequada da natureza humana”. (BUBER, 1982, p.152).
Sendo assim, Martin Buber
dá uma definição
“
É
somente quando há dois
homens, dos quais cada um, ao
ter o outro em mente, tem em
mente ao mesmo tempo a coisa
elevada que a este é destinada
e que serve ao cumprimento do
seu destino, sem querer impor
ao outro algo da sua própria
realização, é somente aí que se
manifesta de uma forma
encarnada toda a glória
dinâmica do ser do homem.
(BUBER, 1982, p.152).
Em se tratando dos
aspectos que interferem na
relação homem/natureza
sabe-se que os indivíduos
reagem em relação ao meio
conforme seus processos
mentais que para Faggionato
(2007) na medida que a
p e r c e p ç ã o s e to r n a a
linguagem que o homem esta
se dá através de três áreas: a
cognição (processos de
p e r c e b e r, c o n h e c e r e
pensar); afetividade (que
esta relacionada aos sentimentos, sensações e emoções) e a conexão entre a
ação humana sobre o meio,
como resposta a cognição e
afetividade. Para Oliveira
(2008), existem várias
formas de se apreender o
ambiente, e isso cada
indivíduo o faz de forma
particular e depois ocorre um
consenso coletivo sobre a
qualidade desse ambiente
relacionado com o meio
natural e o espaço construído. Émile Durkhein, em seus
escritos fala da importância
das representações da
sociedade e como elas
influem nas decisões que
cada indivíduo toma,pode-se
dizer que mesmo vivendo em
grupo, os indivíduos percebem e atuam no meio
conforme sua formação
cultural, social, intelectual e
econômica.
Diante dos aspectos por
hora tratados entende-se
que a intersubjetivação na
relação homem e natureza
vai além do simples fato de
conhecer a realidade em
foco, requer a aquisição de
valores éticos e morais
adquiridos nas relações que
se estabelecem no seio
familiar e posteriormente na
relação social a qual o
indivíduo está inserido.
Proª. Msc. Giovana Cristina
Pantoja de Souza
Coordenadora do Curso
de Pedagogia da FPA
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ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL - DEZEMBRO DE 2011
AVALIAÇÃO
O informativo da CPA – COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO da FPA
Um dos principais obje-tivos deste instrumento de
comunicação, é explicar a importância da avaliação
institucional – principal objetivo da CPA – para o qual, o
maior argumento é a possibilidade que a Instituição cria
para elabo-rar sua auto-imagem e aquilatar a qualidade de
sua ação. Além disso, não é possível participar dos avanços da ciência e formar seres humanos críticos senão forem avaliadas a consecução das metas, os processos
empregados e a utilização dos resultados. Neste intuito, a
FPA por meio do seu jornal “O acadêmico” lança a proposta
ATENÇÃO!!! EM BREVE você poderá
responder ao QUESTIONÁRIO através do
site da FPA (www.fpa.edu.br). Estamos
trabalhando para que o diálogo, a
participação e o envolvimento seja de
todos, neste processo de Avaliação
permanente da Faculdade Pan Americana,
em benefício de todos os setores:
discentes, docentes, funcionários e
diretoria.
Vem aí o Centro de ex-alunos da FPA!!! AGUARDE...
PARTICIPE DE NOSSA ENQUETE:
- VOCÊ GOSTOU DAS ATIVIDADES REALIZADAS NA SUA
FACULDADE DURANTE 2011?
- QUE OUTRAS ATIVIDADES VOCÊ PROPÕE PARA 2012?
Deixe seu comentário na urna da CPA ou mande-o pelo email: [email protected]
SUA COLABORAÇÃO É MUITO IMPORTANTE: PARTICIPE!!!
deste pequeno porém não menos importante informativo
da Comissão Própria de Avaliação, para que seja mais um
canal de comunicação entre a Comissão e todos os setores
instituicionais. Por tanto, prezados leitores, invadindo o
espaço do próprio jornal, lançamos o convite para que
todos participem de nossa AVALIAÇÃO, seja enviando
dúvidas, sugestões, elogios, críticas, etc. etc. à redação
do jornal o diretamente ao e-mail: [email protected].
Estaremos aguardando sua colaboração: JUNTOS
SOMOS A FPA!!!
Estas são algumas das melhorias
conquistadas em 2011
· Implementação do novo sistema informatizado
“Amplus” para processamento de dados, elaboração
de diários, emissão de boletos bancários, etc.
· Instalação de três terminais informatizados de auto
atendimento
· Funcionamento pleno da OUVIDORIA e do
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
· Criação da TV interativa, para divulgação das
atividades próprias da Instituição
· Compras de xxx livros para a Biblioteca “Juventina
Grando” da FPA
· Investimento para o atendimento dos profissionais
da Secretaria Acadêmica, do setor de Cobranças e da
Biblioteca
· Recepção da Comissão examinadora do MEC com
vistas ao Reconhecimento do curso de PEDAGOGIA,
obtendo o conceito 3 na avaliação geral
· Elaboração dos novos questionários avaliativos os
quais serão disponibilizados via on-line, através do
site www.fpa.edu.br no início de 2012
VOCÊ FAZ PARTE DESTE PROCESSO: JUNTE-SE A NÓS
A CPA – COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO – DESEJA A TODOS:
ALUNOS, PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS E DIRETORIA, UM FELIZ NATAL
E UM PRÓSPERO ANO NOVO, ESPERANDO CONTAR COM TODOS PARA A
EXECUÇÃO DOS TRABALHOS EM 2012, PRINCIPALMENTE FAZENDO DA
NOSSA FPA, A MELHOR FACULDADE DO NORDESTE DO PARÁ.
FELIZ 2012!!!
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ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL - DEZEMBRO DE 2011
A ANÁLISE INSTITUCIONAL FRANCESA EM QUESTÃO
A Análise Institucional é
um movimento intelectual
contemporâneo que se
configurou na França em
meados do século passado
entre o pós-guerra e o pós68. Devido aos fatos
históricos ocorridos durante
esse período os desdobramentos contestatórios às
instituições sociais e humanas eram inúmeros. É dentro
desse contexto que foi se
gestando o institucionalismo,
como ficou conhecido o
movimento. A Análise Institucional é uma certa forma de
compreender e de intervir na
realidade social. É uma abordagem teórico-metodológica
de intervenção sobre a
realidade social a partir da
análise e compreensão do
funcionamento das relações
instituídas nos grupos em
organizações de trabalho, de
saúde ou de educação. A
Análise Institucional não é uma
ciência ou disciplina. É um
conjunto não totalizável de
escolas, correntes, abordagens
e tendências que subscrevem o
mesmo objetivo comum:
deflagrar nos coletivos humanos processos de auto-análise e
autogestão.
Para tanto, a estrutura
social é analisada e compreendida em três grandes níveis: o
nível do grupo (dos papéis
sociais individuais), o nível da
organização (das funções da
organização) e o nível institucional (os papéis em situação
prática das funções). Todos
constituem sistemasparciais
nos quais a Análise Institucional
atua e intervém.É uma proposta singular de entender e de
agir como um analista psicológico sobre as relações
instituídas, dentro de uma
perspectiva predominantemente social e política do
trabalho em instituições. A
Análise Institucional é um
conjunto aberto e diversificado
de teorias, práticas, experiências, saberes e afazeres que
pretendem desencadear ruptura com um certo modo cristalizado de existência institucional, contrapondo à alienação a autonomianos mais diversos grupos ou coletivos sociais.
A Análise Institucional toma por
objeto os grupos e coletivos
sociais no que se refere às lógicas das instituições que os regem, às formas concretas em
que essas se materializam, às
finalidades que perseguem e à
medida que as alcançam, assim
como aos expedientes que se
dão para obtê-las.
A Análise Institucional ocupa-se, portanto, das instituições, organizações, estabelecimentos e equipamentos (suas
tecnologias), assim como dos
agentes e práticas que estes
protagonizam. Consiste
numa expressão extremada
de questionamento da
hegemonia do pensamento
instituído (científico ou não),
defendendo a fertilidade de
todos os saberes, incluindo,
por exemplo, os que existem
em “estado prático nas
atividades leigas”. A Análise
Institucional possui suas
raízes teóricas na interseção
de diferentes disciplinas
como a Psicologia Social, a
Sociologia e a Pedagogia.
Suas raízes práticas surgem a
partir de uma diversidade de
propedêuticasoriginais nascidas tanto nos campos “psi”
(da Psicologia, da Psiquiatria, da Psicanálise, da
Psicoterapia), quanto na
Pedagogia, abrigadas numa
reunião diversificada de
tendências teórico-metodológicas e de práticas nãodiretivas inovadoras.
(Respectivamente: Georges Lapassade, René Lourau, Félix Guattari, Gilles Deleuze & Michel Foucault)
Os principais expoentes de analistas institucionais são:o
pedagogo Georges Lapassade (1924-2008) com as obrasGrupos,
organizações, instituições (1974) e As microssociologias (1996); o
sociólogo René Lourau (1933-2000) com a obra A Análise
institucional (1970); o psiquiatra Félix Guattari (1930-1992) com
as obras Revolução molecular: pulsações políticas do desejo
(1981) e Micropolítica: cartografias do desejo (1985); o filósofo
Gilles Deleuze (1925-1995) com as obras A lógica do sentido
(1969) e Diferença e repetição (1969); e o filósofo e historiador
Michel Foucault (1926-1984) com as obras Nascimento da clínica
(1963), Microfísica do poder (1979) e Nascimento da Biopolítica
(1979). No Brasil, a difusão da Análise Institucional ficou a cargo
de Gregório Baremblitt (psiquiatra e psicanalista) em
Compêndio de Análise institucional e outras correntes: teoria e
prática (1992), de José Augusto Guilhon de Albuquerque
(sociólogo e cientista político)em Instituição e poder: a análise
concreta das relações de poder nas instituições (1980) e
Metáforas da desordem: o contexto social da doença mental
(1978), e de Marlene Guirado(psicóloga e psicanalista) em
Psicologia Institucional (1987).
Michel de Vilhena Ferreira
Pedagogo pela UEPA& Psicólogo pela UFPA.
Docente do Ensino Superior. Professor da Faculdade Pan Americana.
CRP: 3346/10. E-mail: [email protected].
A visita do MEC par avaliar o curso de Pedagogia permitiu para a equipe diretiva e corpo
administrativo e pedagógico a possibilidade de renovação e certeza do compromisso assumido com
nossos alunos. Tal momento é reflexo de uma caminhada que constantemente precisa ser renovada
na certeza de que acertar vem a ser o objetivo central. Sabe-se que o reconhecimento por parte dos
alunos para com os benefícios alcançados através da FPA foi de extrema importância para aprovação
do curso. Hoje podemos dizer sem medo que o MEC concorda continuidade do trabalho que ao ser
disponibilizado tem um corpo docente compromisso. Aproveitamos para agradecer a participação
ativa dos envolvidos.
Proª. Msc. Giovana Cristina Pantoja de Souza - Coordenadora do Curso de Pedagogia da FPA
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ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL -DEZEMBRO DE 2011
A DIMENSÃO SIMBÓLICA DA SEXUALIDADE – O PRAZER COMO MATÉRIA FILOSÓFICA
As noções conceituais de
"homem" e de "mulher" na
sociedade brasileira abrigam
o que, a partir da categoria
"Gênero", entendemos por
"masculino" e "feminino" no
entorno da sexualidade, por
assim dizer. No entanto, a
dimensão simbólica dos
termos engloba, a priori,
aspectos da vida social que
compõem percepções de
caráter público e privado em
sua totalidade e que, na
medida do possível, precisam
ser esclarecidos e interpretados de acordo com o contexto
social em que estão inseridos.
O caráter privado da
sexualidade humana compreende escolhas (com quem
devemos nos relacionar
sexualmente, sentimentalmente, intimamente, etc.),
parcerias de casamentos,
namoros ou companheirismo,
identidades sexuais da
"pessoa" ou do "indivíduo"
(para usar termos sociológicos) e o direito à liberdade de
expressão garantida por Lei
(CF), adentrando no caráter
público (da sexualidade e da
cidadania), que, entre outros
prevê a proteção integral
contra qualquer tipo de
discriminação de cor, credo,
manifestação política e,
finalmente, sexual; que ecoa
por todos os cantos a necessidade de viver dignamente
sem preconceitos e que,
aqueles direitos sexuais
(como a luta contra a
Homofobia) sejam, de fato,
reiterados e seguidos pelos
aparelhos ideológicos de
Estado (sendo Althusseriana)
e, entre eles, a Escola.
O estereótipo de "masculinidade" e "feminilidade" que
a sociedade impõe a determinados sujeitos "gays" e
"lésbicas" como o "homem
afeminado" e a "mulher
masculinizada" contribui
para a reprodução do
preconceito e da discriminação de um aspecto que é
privado, o "modo de ser de
cada um de nós" (que deve,
para o "padrão heterossexual"
ser "eminentemente homem
macho" e "mulher fêmea" em
"papéis sociais prédeterminados") como, por
exemplo, no jogo de futebol
feminino, na celeuma que
afirma que: "O "goleiro" não é
menina" e, numa atitude
estapafúrdia, grupos de pessoas
duvidam da identidade "biológica" de uma jogadora que, ao
querer exercitar o seu "direito"
ao lazer (direito de todo
cidadão e de toda cidadã),
culmina na marginalização da
"pessoa individualizada" em seu
caráter privado na humilhação
de "ter que provar" que é
"mulher", como acontece
rotineiramente em escolas,
olimpíadas, copas, campeonatos e outros eventos esportivos.
O corpo tanto do homem
quanto da mulher possui
diversos significados: simbólicos, sociais, culturais, psicológicos, emocionais, etc. e é
dotado de desejos, prazeres,
valores, sentimentos, identidades sexuais, direitos públicos e
privados e, principalmente,
engloba dimensões que são
construídas ao logo do tempo
histórico (que é dinâmico,
mutável, pós-moderno) e que,
simbolicamente, resguardam
para cada ser humano, a
possibilidade de um reconhecimento coletivo da liberdade de
ir e vir e da convivência social
harmônica, do desenvolvimento
de habilidades culturais e da
compreensão da realidade
social que compreende o mundo
como diverso, diversidade que
deve envolver a Escola e que
através de "modelos de conduta" que deixam transparecer
"efeitos de verdade" ressignificar histórias pessoais através do
olhar reflexivo do combate à
violência da discriminação
sexual.
A sexualidade é, sem dúvida,
uma construção. Construção de
valores "modernos", de condutas éticas, de um processo
contínuo da percepção de quem
somos em condições históricas,
culturais e de interrelações
humanas específicas, portanto,
contextualizadas localmente
(como diria Geertz), sendo que
o simbolismo da vida sexual - e
humana - está coadunado com a
conformação familiar, escolar,
pessoal, pública, privada, de
abstratação da realidade e da
concretização de atitudes de
combate à discriminação, como
atua o Movimento LGBT
Brasileiro que luta pelo direito
à livre expressão e por Direitos
Humanos, assim como da idéia
do que vem a ser sexo (prática
sexual), o sexo do corpo
(gênero e fisiologia), a identidade de gênero (quem eu sou na
sociedade), a orientação sexual
(que não tem qualquer base
"natural", absolutamente
biológica) e também, o significado cultural e político de
visibilidade dessa construção
de sujeitos históricos, logo,
sujeitos políticos e comprometidos com a dinâmica social,
que deve ser exercitada
também, na Escola (assim como
em toda a construção da vida
cotidiana) que levante a
bandeira contra toda forma de
dominação ideológica e
hegemônica de poder, como
diria Foucault em "História da
Sexualidade I: A Vontade de
Saber":
"Dizendo poder, não
quero significar 'o poder',
como um conjunto de
instituições e aparelhos
garantidores da sujeição
dos cidadãos em um
estado determinado.
Também não entendo
poder como um modo de
sujeição que, por
oposição à violência,
tenha a forma de regra.
Enfim, não o entendo
como um sistema geral
de dominação exercida
por um elemento ou
grupo sobre o outro e
cujos efeitos, por
derivações sucessivas,
atravessem o corpo
social inteiro. A análise
em termos de poder não
deve postular, como
dados iniciais, a soberania do Estado, a forma da
lei ou a unidade global de
uma dominação; estas
são apenas e, antes de
mais nada, suas formas
terminais. Parece-me
que se deve compreender o poder, primeiro,
como a multiplicidade
de correlações de
forças imanentes ao
domínio onde se
exercem e constitutivas de sua organização;
o jogo que, através de
lutas e afrontamentos
incessantes as transforma, reforça, inverte;
os apoios que tais
correlações de força
encontram umas nas
outras, formando
cadeias ou sistemas ou
ao contrário, as
defasagens e contradições que as isolam
entre si; enfim, as
estratégias em que se
originam e cujo esboço
geral ou cristalização
institucional toma
corpo nos aparelhos
estatais, na formulação
da lei, nas hegemonias
sociais." (FOUCAULT,
1993:88-89).
Desse modo, a construção
da sexualidade é diária.
Constante. Contra todas as
f o r m a s d e p o d e r, d e
discriminação, de preconceitos, de (i) legitimidade
sexual e de imposições
culturais, que devem ser
analisadas na Escola de
maneira clara, objetiva,
madura, rotineira, sem
medos ou valores tradicionais para que possamos por
em prática todo o conteúdo
teórico que adotamos como
significante da vida social e,
assim, ter alunos e alunas
realmente livres de toda
forma de discriminação.
Ariana Kelly Leandra Silva da Silva
Bacharel e Graduada em Ciências
Sociais, Ênfase em Ciência Política –
Universidade Federal do Pará.
Especialista em Sociologia e Educação
Ambiental – Universidade do Estado do
Pará. Aperfeiçoamento em Gênero e
Diversidade na Escola – Universidade
Federal do Pará. Mestranda do Programa
de Pós-Graduação em Antropologia Área
de Concentração em Bioantropologia –
PPGA-UFPA.
07
ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL - DEZEMBRO DE 2011
LEITURA INSTITUCIONALISTA DO FILME “PATCH ADAMS – O AMOR É CONTAGIOSO”
Um suicida é internado
em uma clínica psiquiátrica
após a sua última tentativa
frustrada. Lá ele descobre
que os pacientes precisam
ser vistos com outros olhos,
de outras formas para fazêlos felizes e assim melhorar
sua qualidade de vida. Depois
disso, ao sair da clínica, o
rapaz resolve estudar
medicina para ajudar as
pessoas. Ainda na faculdade,
Hunter Adams, conhecido
como "Patch", adota métodos
nada hortodoxos no trato
com os doentes. Instaura-se
assimuma discussão acerca
das práticas instituídas e
instituintes como o cerne da
questão central no filme.
Essa questão do filme tenta
demonstrar que o conjunto
de tendências, saberes e
afazeres, enfim, de certas
práticas instituintes são
capazes de provocar, de
deflagrar nos grupos de
diversos setores (instituições, organizações, estabelecimentos, etc.) processos
de auto-análise e autogestão
(auto-escolha) dos processos
e das práticas que aí irão se
c o n f i g u r a r. E s s a s n o v a s
formas de saberes, afazeres e
práticas que se articulam
nesses ambientes, num
hospital ou numa escola, por
exemplo,podem contribuir
com mecanismos que
auxiliam efetivamentena
consolidação de uma consciência autocrítica, emancipatória e desalienante nas
pessoas que atuam nesses
grupos, como ainda as que
podem para com ele colaborar. Fugindo, desse modo das
formas tradicionais de se
gerir a vida em grupos e em
sociedade, reveladas
principalmente pelas
práticas e pelos afazeres já
constituídos e instituídos
nesses espaços.
Em diversos campos
profissionais e nos lugares
onde esse profissional atua,
ou seja, em uma instituição,
seja ela educacional ou não,
existem duas importantes
Título Original:
Patch Adams.
Gênero: Drama.
Direção: Tom Shadyac.
Elenco: Robin Williams
(Hunter "Patch" Adams),
Daniel London (Truman
Schiff), Monica Potter
(Carin Fisher),
Philip Seymour Hoffman
(Mitch).
Ano de Produção (EUA): 1998.
Tempo de Duração:114 minutos.
Formato: DVD
domínios no qual sua atividade
irá se dar: ou no do instituído e
ou no do instituinte. O instituído é o efeito, o resultado da
atividade instituinte, enquanto
que o instituinte apresenta-se
como um processo. O instituinte transmite uma característica
dinâmica, enquanto que o
instituído transmite uma
característica estática. Esse
processo é “essencialmente
cambiante, mutativo; então,
para que os instituídos sejam
úteis, sejam funcionais na vida
social, eles têm de estar
acompanhando a transformação da vida social mesma para
produzir cada vez mais novos
instituídos que sejam apropriados aos novos estados sociais”
(BAREMBLITT, 1996, p. 32).É
exatamente o que se observa no
filme, na medida em que Patch
identifica as demandas sociais
das pessoas que estão passando
pelo que ele passou. Foi,
portanto, a partir da autoanálise de Patch sobre o que era
praticado nos hospitais (instituído) que ele começa uma
tentativa que se transforma em
uma verdadeira cruzada rumo
às mudanças nos critérios e nas
maneiras de atendimento do
hospital (instituinte), causando
polêmica junto aos órgãos
reguladores da atividade
médica, que passam a assumir
até mesmo uma aceitação
perante o que se quer instituir.
Também se observa no filme
que ocorre uma resistênciadas
práticas efetuadas por Patch
por parte da direção do hospital
e da universidade. Ocorre até
mesmo uma resistência do
amigo de quarto que não aceita
o estilo de Patch, assumindo a
postura de uma espécie de
“agente do instituído”, encerrando uma associação com o
sistema e com a ordem instituída, onde o instituinte aparece
FACULDADE PAN AMERICANA – FPA
Mantenedora: IMES - INSTITUTO MISSIONARIO DE
EDUCAÇÃO SUPERIOR
DIRETORIA:
como atividade revolucionária, criativa, inovadora e
transformadora por excelência. Nesse sentido, podemos
observar e estender os
mesmos tipos de questões
como essas dentro do espaço
escolar, do contexto microeducativo, como por exemplo,
na intimidade da relação
professor-aluno,onde mais
comumente irá se dar a
“luta”, o jogo de forças entre
as duas vertentes (instituído
e instituinte). É necessário
que a educação, mais
precisamente na figura do
professor, esteja consciente
dessas relações utilizando-se
desse ângulo de visão teórica
que irá se manifestar diretamente em suas práticas
denominada Análise
Institucional.
REFERÊNCIA
BAREMBLITT, Gregório F.
Compêndio de análise
institucional e outras
correntes: teoria e prática. 3
ed. Rio de Janeiro: Rosa dos
Tempos, 1996.
Michel de Vilhena Ferreira
Pedagogo pela UEPA
& Psicólogo pela UFPA.
Docente do Ensino Superior.
Professor da Faculdade Pan Americana.
CRP: 3346/10.
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Editado pela Equipe de Comunicação
da Faculdade PAN Americana.
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São Luis - MA
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores.
08
ANO - I/Nº 04 - CAPANEMA-PA - BRASIL - DEZEMBRO DE 2011
UM POUCO DE FILOSOFIA E LINGUAGEM
Quando se pensa em
linguagem ou em lingüística,
pensa-se única e exclusivamente em uma montanha
de regras gramaticais que
tenham de sistematizar um
universo chamado língua. É
válido ressaltar de antemão
que a gramática não é a
língua, e sim, um dos campos
de estudo do signo lingüístico. A gramática está no
mundo como a semiótica, a
pragmática, a didática e
tantos outros saberes que nos
ajudam a entender a
sociedade em que vivemos. O
conceito de língua é um tanto
quanto complexo e de difícil
aceitabilidade, pois, precisase levar em conta de onde
está se falando e qual o
objetivo de tal atitude.
A língua pode ser entendida como um código comum
dentro de uma comunidade
que respeita diversos fatores
como nível social, gênero,
idade, escolaridade, entre
outros. Ou pode ser um
barulho. É isso mesmo, a
língua pode ser entendida
como um barulho. Imaginemos que um brasileiro que
nunca ouviu a língua árabe,
por curiosidade entra em
uma página da internet para
assistir a um telejornal
naquela língua. Ele entenderá apenas ruídos, sons,
barulhos sem sentidos para
seu mundo. Esta situação é
diferente quando o sujeito já
estudou ou já interagiu de
alguma maneira com algum
falante desse idioma.
Os primeiros filósofos não
refletiam sobre a língua e, sim,
sobre a linguagem. A língua é
um dos ramos do complexo
universo chamado linguagem. A
linguagem foi tratada na
Grécia, desde Homero, apesar
de não haver ainda nenhuma
reflexão teórica acerca dela. Os
antigos gregos entendiam a
linguagem como uma realidade
sonora e que, para Homero, a
ação seria praticada a partir
daquilo que se fala e daquilo
que se faz. Em Hesíodo isso não
acontece, ele não narra
acontecimentos, como Homero. Hesíodo passa, por meio da
fala, aquilo que lhe é revelado
pelas musas. São a elas que se
confere o vero ou falso do que é
expresso e, assim se instaura
uma ordem por meio das
palavras. A poesia é uma fala
ditada pelas musas, mas ao lado
da mesma, se desenvolve
também a retórica, por meio da
qual cada ser humano pode se
expressar. São duas formas de
linguagem e é delas que surge o
discurso filosófico preocupado
com o princípio das coisas. Na
segunda metade do século V
a.C. se desenvolve o que se
chama hoje de sofística que
tem como preocupação fundamental a formação política. Os
sofistas não tinham como
objetivo ensinar o vero, mas
uma arte da fala, a persuasão,
com um caráter englobante que
é a posteriori criticado por
Platão.
A linguagem se constrói a
partir das proposições. Este
fato tem levado os filósofos,
desde a antiguidade até nossos
dias, a exigirem uma noção
mais precisa do termo
“proposição” dando surgimento
à várias teorias da proposição.
Platão não aprofundou esta
questão, mas a fundamentou
dando início a uma discussão
sobre o conceito de proposição
nas suas obras Crátilo e Sofista.
Ao tratarmos do debate
Filosofia e Linguagem, é necessário considerarmos a complexidade da dimensão humana
e da sua criatividade. A dimensão humana pode ser vista e
colocada a prova quando nos
deparamos com as mais diversas culturas pelo mundo, espalhadas nele ou juntas nele. Um
aprendente africano um dia nos
dizia que o ser humano era e é
um ser fascinante, onde temos
a mesma cor no sangue, mas
mundos diversos. Temos os
mesmo traços, mas somos
diferentes. A criatividade humana se dar quando nos
deparamos com o desenvolvimento das mais diferentes
formas de expressão.
Entre as muitas formas de
expressão, peguemos o texto
como exemplo. Ele – que por
muito tempo se resumia em sua
forma escrita. Pois, originou-se
em uma sociedade de cultura
escrita – passou a ser entendido
de um modo mais amplo e hoje
alguns estudos apontam para o
texto-discurso. Ou seja, aquele
que não precisa de papel e
tinta, mas de um teor muito
mais profundo e consistente,
que são as idéias. Estas por sua
vez podem construir pontes
entre povos ou criar muros.
Desse modo, a linguagem pode ser entendida como uma
dimensão supra-humana em
que o ser demonstra pelos
mais diferentes recursos
maneiras de agir e pensar.
Por fim, chegamos pontualmente em nosso campo
de atuação profissional que
cuida da formação de docentes para o ensino de línguas. Ainda nos deparamos
com aprendentes e colegas
que não atentaram para a dimensão supra-humana – que
é entendida neste trabalho
como o ser em sua dimensão
interior e exterior. O acordar
para o entendimento da linguagem como fator preponderante para a formação
do cidadão que constrói uma
nação é de fundamental
importância para aqueles
que cuidam do nosso bem
maior: a educação. Uma
formação que leve em conta
os primórdios de Platão, todo
o legado dos filósofos
clássicos e tantos estudos
que apontam para uma visão
plural diante do nosso objeto
maior que é a vida.
Marcos dos Reis Batista
Graduado em Letras (Língua
germânica), Especialista em Ensinoaprendizagem de português como
língua estrangeira/língua segunda, é
Mestre em Letras (Linguística Ensino-aprendizagem de Línguas).
Atua como professor de alemão,
italiano e português como língua
estrangeira, tradutor
português/italiano, português/alemão,
pesquisador no campo da
interculturalidade e ensino de línguas
e coordena o Curso de Letras da
Faculdade Pan Americana.
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