méxico - UNESP Marília

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AURORA ano II número 3 - DEZEMBRO DE 2008
___ISSN: 1982-8004 www.marilia.unesp.br/aurora
MÉXICO
DA CRISE DA DÍVIDA EXTERNA AO ADVENTO DO NAFTA
VINICIUS RUIZ ALBINO DE FREITASi
Resumo: Nosso artigo discute a trajetória da economia mexicana da crise da dívida externa, no início dos
anos 1980, chegando ao Nafta, em 1994. Abordaremos os ajustes feitos na economia mexicana,
sobretudo as perpetradas no governo Salinas de Gortari para que o país se enquadrasse às exigências
norte-americanas para ser aceito no acordo, assim como os efeitos positivos e negativos deste processo.
O processo de liberalização econômica e uma estratégia de industrialização voltada às exportações foram
intensificados no começo dos anos 1990. Assim, nosso propósito é realizar uma discussão acerca dos
planos econômicos da década de 1980 que influenciaram nas estratégias mexicanas de reinserção na
economia internacional, as quais teve o Nafta como um dos pilares centrais.
Palavras-chave: Dívida Externa. Nafta. Reinserção Internacional. Relações Econômicas Internacionais.
Summary: Our article discusses the trajectory of the Mexican economy from the crisis of external debt,
in the early 1980s, reaching the NAFTA in 1994. We made the adjustments in the Mexican economy,
particularly those perpetrated in government Salinas de Gortari, that the country falls to the demands the
U.S. to accept the agreement, as well as the positive and negative effects of this process. The process of
economic liberalization and industrialization of a strategy geared to exports have been intensified at the
beginning of the 1990s. Thus, our purpose is to achieve a discussion about the economic plans of the
1980s that influenced the strategies of Mexican reintegration into the international economy, which had
the NAFTA as one of the central pillars.
Key words: Foreign Debt. International Economic Relations. International Reinsertion. Nafta.
INTRODUÇÃO
linhas gerais, os interesses dos Estados Unidos no
tratado. Ao final discutiremos sucintamente acerca
da crise Mexicana de 1994/1995 resultante do ajuste
econômico neoliberal intensificado no início dos
anos 1990. Assim, nosso propósito não é analisar o
período posterior a entrada em vigor do Nafta, mas
sim fazer uma análise das estratégias de reinserção
na economia internacional do período anterior.
Nosso
artigo pretende elaborar um
estudo sobre a trajetória da economia mexicana da
crise da divida externa até o início do Tratado de
Livre Comércio da América do Norte (TLCAN) ou
“North America Free Agreement” (Nafta).
Mostraremos quais foram os ajustes feitos na
economia mexicana durante o governo Gortari para
que o país se enquadrasse às exigências norteamericanas para ser aceito no acordo, assim como
os efeitos positivos e negativos deste processo.
Buscaremos também, ressaltar as motivações que
levaram o México1 a assinar o Nafta e destacar, em
A DÉCADA PERDIDA MEXICANA
O México apresentou na década de 1970
um crescimento econômico considerável, entretanto
o desequilíbrio externo das contas públicas e o
dólares. O México localiza-se na América do Norte e é banhado a leste
pelo Golfo do México e pelo Mar do Caribe (Oceano Atlântico) e a
Oeste pelo Pacífico. Suas fronteiras ao Norte e Nordeste são com os
Estados Unidos e ao sul com a Guatemala e Belize. O atual presidente
mexicano é o conservador Felipe Calderón do Partido da Ação
Nacional (PAN).
1
O México é uma República Federativa composto por 31 estados e um
distrito federal. A população mexicana é de 108.700.000 milhões
habitantes (Censo de 2007). A população urbana correspondente a 76%
do total e sua capital, Cidade do México tem aproximadamente 20
milhões de habitantes. O PIB mexicano em 2005 foi de 1,346 trilhão de
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aumento da dívida externa contribuíram para que o
início da década de 80 fosse marcado pela
instabilidade e posteriormente crise e estagnação. O
governo de Lopes Portillo (1976-1982) marca o
início da transição de uma postura nacionalista para
uma postura mais atrelada à política dos Estados
Unidos (EUA), mais conservadora fechando
contratos com o FMI. Essa transição vai se
intensificar na década seguinte e se solidificará no
governo Salinas de Gortari e acreditamos que seu
auge seja a adesão do México ao Nafta.
O governo mexicano optou pelo petróleo
como sendo o eixo da política econômica, opção
que teve seus prós e contras. Para Cano (2000) o
período pode ser dividido em três fases. A primeira
(1970-1974) e é marcada pela expansão industrial
atrelada ao aumento do desequilíbrio externo, das
contas publicas e aumento da inflação; a segunda
fase (1974-1977) evidencia a ortodoxia econômica
aplicada pelo governo no combate a inflação e há
também uma leve desaceleração econômica; a
terceira (1977-1981) foi marcada pelo auge da
inversão produção e exportação petroleira e ressalta
que houve um aumento da dívida externa é do
aumento do déficit publico. O México mantinha
câmbio fixo desde 1955 e acumulava 20 anos depois
uma valorização de 33%, o que contribui para o
aumento do desequilíbrio comercial externo,
também afetada pelo primeiro choque do petróleo,
ainda que o México fosse um importante
exportador de petróleo.
Em grande medida, o crescente
desequilíbrio das contas externas ate 1980 ocorreu,
sobremaneira, por dois fatores: o cambio valorizado
desestimulou as exportações não-petroleiras,
barateando as importações e o decréscimo da
dimensão absoluta e relativa da indústria de bens de
capital que pressionaram para a importação destes
mesmos bens. Acrescente-se aí a alta dos juros
internacionais e o movimento especulativo do
capital estrangeiro. Para Cordera Campos e Lomelí
Vanegas (2005), outro fator agravante para a crise
nos anos 1980 foi a suspensão durante sete anos de
novos créditos para financiar a divida externa que
conduziu a um sobreajuste para obter esse recursos
a custa do estancamento do crescimento econômico
e do aumento da vulnerabilidade da economia
mexicana frente a choques externos.
As
exportações
não-petrolíferas
diminuíram, já que o câmbio valorizado incentivava
às importações. A indústria de bens de capital
obteve menos crescimento e após 1979, com a altas
dos juros internacionais, principalmente dos EUA, a
dívida externa mexicana saltou de 40 bilhões para
75 bilhões entre 1979 e 1981. A inflação subiu de
5% (média anual) entre 1969-1972 para 27% no
período 1979-1981. Apesar das cifras negativas, o
México apresentou na década de 70 uma
considerável expansão, seu PIB teve uma média de
crescimento de 6,5%.
O foco da política econômica foi a indústria
petroleira. O governo investiu pesado em infraestrutura e bens de capital, criou centenas de
instituições públicas (empresas) para dar suporte à
expansão do petróleo por meio da Pemex, empresa
estatal petrolífera. Observou-se um aumento na
oferta de empregos, crescimento da renda per capta,
embora o endividamento público também
aumentasse.
O investimento na exploração petrolífera
teve então, conseqüências positivas e negativas. Sua
expansão teve um papel fundamental porque
induziu o aumento da produção nos mais variados
ramos dos bens de consumo e bens de capital. Em
contra partida, a divida externa aumentou
violentamente assim como o desequilíbrio externo
que deflagraram a crise de 1982. A indústria
maquiladora dava seus primeiros passos já em 1975,
em virtude das concessões tarifárias que os Estados
Unidos fizeram ao México e América Central.
Entretanto tinha pouca expressão; suas exportações
representavam pouco, já que o cambio valorizado
barateava as importações. É relevante destacar que
o período é marcado por melhorias sociais
significativas: o desemprego caiu, a distribuição de
renda era a melhor da América Latina, os índices de
pobreza também melhoraram.
Como explicitamos anteriormente, o
México entrou na década de 80 com um forte
desequilíbrio de suas contas externas, pois o câmbio
valorizado aliado à alta dos juros internacionais
favorecia as importações e fez com que a dívida
externa
se
levasse
vertiginosamente.
A
desvalorização do peso em 1982 e a elevação dos
juros, decretado pelo presidente do FED (Banco
Central Americano) culminaram na moratória
mexicana naquele ano. Iniciava-se para o México a
já mencionada crise da dívida externa que percorreu
todos os países latino-americanos. Os efeitos da
crise abalaram a economia do país. A tabela abaixo
não deixa dúvidas.
A década perdida é marcada pelo início de
uma nova estratégia econômica aplicada tanto
interna quanto externamente. O estouro da crise da
dívida marcou o final de uma etapa histórica
econômica no México e o início de uma longa
transição, ainda longe de ser concluída, para uma
nova forma de desenvolvimento (CORDERA
CAMPOS E LOMELÍ VANEGAS, 2005). O
governo de La Madrid, assumiu o país em meio à
uma crise e viu como alternativa a mudança na
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orientação da política econômica. Seu governo que
vai de 1982-1986 é marcado pelo início de um
modelo de desenvolvimento para o México, este
modelo se caracteriza pelo maior papel do mercado
na economia. A orientação da política externa
mexicana também deu uma guinada. Uma maior
aproximação com os Estados Unidos foi iniciada.
Para Hakim (2002) o México, ao final dos
anos 1980 e início da década de 90, alterou muitos
de seus principais objetivos de política externa,
tornando-a diversificada e ativa, entretanto o cerne
dessa política não mudou: os líderes mexicanos
ainda dirigem intimamente sua atenção a
Washington.
heterodoxos. Analisaremos sucintamente cada um
deles.
O
PIRE
conseguiu
resultados
surpreendentes em pouco tempo (1982 – 1984).
Ainda que a inflação fosse alta, reduziu-se de 98,9%,
em dezembro de 1982, para 80,8%, em dezembro
de 1983. Com o câmbio desvalorizado o déficit da
balança comercial se transformou em superávit logo
no primeiro ano. A visão otimista de que o país
tinha saído da crise era alimentada pelos indicadores
econômicos positivos e o governo assim ampliou o
PIRE, transformando-o em PERE, em 1985.
O PERE, manteve a disciplina monetária,
mas reduziu a fiscal. Os gastos públicos
aumentaram até 1986 quando a inflação voltou a
subir. Os terremotos de 1985 e as sucessivas quedas
no preço do petróleo à partir de 1986 apontava para
um fracasso do PERE. O fracasso desses dois
primeiros planos de estabilização ocorreu devido
aos problemas relacionados a fatores externos
(queda no preço petróleo e menor liquidez no
comércio mundial). Em virtude disso, em meados
de 1986, o governo de La Madrid cria o PAC, “que
pretendia se beneficiar do plano de James Baker,
secretário do tesouro dos Estados Unidos, para a
renegociação da dívida externa”. No entanto, o
plano não surtiu os efeitos desejados e não houve
mudanças significativas na transferência de recursos
ao exterior e o objetivo do programa foi
descumprido. A crise finalmente fez com que a
Bolsa de Valores Mexicana quebrasse em 1987. Isso
levou o presidente a adotar medidas heterodoxas e
houve uma mudança substancial no modelo de
desenvolvimento.
O México começou a integrar-se aos poucos aos
EUA, bem antes de o Nafta entrar em vigor. Por
volta de meados da década de 80 a economia
mexicana já era bastante dependente dos
investimentos e do comércio dos EUA e a emigração
para o norte já se tornava válvula de segurança
política. (HAKIM, 2002, p. 101).
Após a crise, o México entra em período de
recessão. A política econômica orientou-se por
medidas ortodoxas que visavam conter os gastos
públicos e combater a inflação que crescia
rapidamente. Entre 1982 e 1986 o país passou por
uma fase crítica. Além da recessão o México foi
atingido por um forte terremoto em 1985. A cidade
do México capital do país, foi a mais atingida e
houve muitas mortes e a miséria espalhou-se pelo
país “O terremoto de 1985 teve um efeito
devastador na economia do país e as conseqüências
diretas sobre a produção, o emprego e
conseqüentemente sobre a renda” (SILVA
JUNIOR, 2000, p. 143).
Ademais, o terremoto acabou incentivando
uma maior aproximação dos EUA com o México.
Pois este último tornara-se bastante relevante para a
economia norte-americana e uma crise dessas
proporções poderia afetar negativamente o
comercio exterior entre os dois países.
Para conter a crise o governo de La Madri
realizou quatro programas de estabilização. O
primeiro foi o Programa Imediado de Reordinación
Económica (PIRE). O segundo foi o Programa
Extendido de Reordinación Económica (PERE), em
seguida foi implementado o Programa Aliento y
Crecimiento (PAC) e por último o Pacto de Solidariedad
Económica (PSE).
Os dados estatísticos revelam que o PIRE e
o PERE não obtiveram êxito e os programas
seguintes somente aprofundaram as medidas destes
primeiros. Somente o PSE incluiu elementos novos.
Tanto PIRE quanto PERE foram criticados pelo
FMI e Banco Mundial, que os consideravam muito
O fracasso dos programas de estabilização e o
sucessivo descumprimento das metas econômicas
governamentais foram os fatores que aceleraram o
início da mudança estrutural, estendida como um
conjunto de reformas que partiu da premissa de que
o modelo anterior de desenvolvimento da economia
mexicana se esgotara, razão pela qual era necessário
substituí-lo por um novo, para fazer frente as
restrições fiscal e externa e, dessa maneira, recuperar
o crescimento. (CORDERA CAMPOS; LOMELÍ
VANEGAS, 2005, p. 51).
Todavia, a crise mexicana fora apenas
amenizada com os programas de estabilização.
Houve um reposicionamento ideológico do
governo De La Madri, objetivando uma melhora
econômica e social. Percebeu-se também, um viés
da política externa. Questões ideológicas foram
superadas e houve um engajamento à política
exterior norte-americana. As premissas do advento
do Nafta encontram-se aí.
O PSE foi marcado pela adoção de
medidas heterodoxas como: congelamento dos
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preços e salários, do cambio, mesmo a taxa de juros
estando aberta para estimular a poupança. O PSE
tinha como prioridades o controle da inflação e a
recuperação econômica. Entre 1985 e os três
primeiros meses de 1988, a economia mexicana uma
das mais fechadas, passou a ser uma das mais
abertas(CORDERA CAMPOS E LOMELÍ
VANEGAS, 2005).
O PSE obteve êxito, pois a inflação recuou
consideravelmente entre 1987 e 1989, apesar de que
o crescimento da economia fora menor. Mesmo
atingindo seus objetivos, o PSE não foi suficiente
para fomentar o desenvolvimento, fazendo com que
a crise não fosse esquecida. Nos últimos anos da
Década Perdida, assume o novo presidente
mexicano, Carlos Salinas de Gortari.
Salinas de Gortari saiu vitorioso de uma
eleição um tanto quanto suspeita. Gortari do
Partido Revolucionário Institucional (PRI) 2 e seu
rival Cuautemoc Cardenas, da Frente Democrática
Nacional (FDN) era apontado como favorito nas
pesquisas. Mas, no México, a “ditadura partidária”
se fez valer. No dia da apuração, os computadores
falharam e o sistema caiu. Todos os jornalistas e
representantes partidários foram obrigados a se
retirar e maiores informações não forma fornecidas
naquele dia. No outro dia saía o resultado. Salinas
de Gortari estava eleito com ampla margem de
votos sobre Cuautemoc.
Gortari iniciou seu governo em dezembro
de 1988, um governo conturbado que realizou todo
o processo de negociações com os EUA para a
entrada do México no Nafta e acentuou o processo
de privatizações das empresas estatais e enfrentou,
em 1994, a revolta na região pobre de Chiapas, um
dos estados mais pobres do país. Neste ano foi
criado o Exército Zapatista de Libertação Nacional
(EZLN), liderado pelo subcomandante Marcos. É
importante ressaltar que até os dias atuais o EZLN
é atuante na região, visto que participou ativamente,
em 2006, das Revoltas Populares em Oaxaca.
O governo Gortari (198-1994) é de
fundamental importância para nossa análise, pois a
reinserção mexicana à economia internacional toma
forma em seu governo para se ampliar e se estender
no governo de Ernesto Zedillo (1994-2000). Salinas
de Gortari foi responsável pela renegociação da
dívida mexicana, sobretudo com os estados Unidos,
ao estilo do Plano Brady3. Como conseqüência,
houve uma queda na inflação já em 1989. A inflação
que era de 150% em 1987 caiu para 20% em 1989,
elevando-se ligeiramente para 27% em 1990. Os
resultados iniciais agradaram a comunidade
financeira internacional que passou a ver com mais
otimismo o país. Os fluxos de capitais voltavam ao
México em forma de investimento externo direto
(IED) e capital especulativo. Investidores
estrangeiros voltavam a ter esperança no país. A
política externa nos dois últimos anos da década
perdida mostrava-se mais dinâmica e seu eixo
central girava em torno das negociações sobre livrecomércio com os EUA.
Alguns tratados de livre comércio com
países da América do Sul, também tiveram suas
negociações iniciadas no período, podemos destacar
acordos com Colômbia, Chile, Bolívia e Venezuela.
Gortari, em 1989, não declarava abertamente a
vontade de seu país em ingressar seu país no Nafta.
No entanto, uma maior competição iniciada entres
os países emergentes levou o presidente a declarar
formalmente, em 1990, seu interesse em firmar o
tratado de livre comércio com os Estados Unidos e
o Canadá. No plano social Gortari lançou em 1998
o Programa Nacional de Solidariedade (Pronasol)
para diminuir os problemas sociais advindos dos
anos anteriores. Porém, seu programa social não
progrediu e depois de seis anos de governo os
indicadores sociais revelam que a situação piorou.
Os efeitos da globalização do novo período de
inserção internacional mexicana serão discutidos
adiante.
Enfim gostaríamos de salientar que a
década de 80 foi de suma importância para que uma
nova orientação da política-econômica mexicana
viesse à tona. Após a crise da divida, o
recrudescimento do processo inflacionário e do
terremoto que abalou o México em 1985 a abertura
comercial foi implementada. Entre 1985-1988 e nos
dois últimos anos da década, no Governo Gortari, o
país caminhou para uma maior aproximação com a
economia norte- americana, sinalizando para a
celebração de um acordo comercial, que
posteriormente culminaria na entrada do México no
Nafta.
A NOVA ESTRATÉGIA DE INSERÇÃO
ECONOMIA INTERNACIONAL E O NAFTA
NA
O Nafta foi assinado por Canadá, Estados
Unidos e México em 17 de dezembro de 1992,
tendo sido aprovado em novembro de 1993, entrou
em vigor em primeiro de dezembro de 1994. O
acordo propõe-se a formar uma área de livre
comércio, ao longo de um período de 15 anos, a
começar em janeiro de 1994, mediante progressiva
Partido que governava o México desde 1929.
Em março de 1989, foi anunciado pelo secretário de tesouro dos
Estados Unidos, Nicholas F. Brady, um plano que pretendia renovar a
dívida externa de países em desenvolvimento, promovendo o
abatimento do encargo da dívida, por meio de sua redução ou pelo
alívio nos juros. Entretanto, os países deveriam , em troca, promover
reformas liberais em seus mercados.
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eliminação das barreiras não tarifárias e das tarifas
de importação entres os três países.
De acordo com Mattar e Hernandez (2002),
o Nafta resultou de um incremento das relações
econômicas do país com o exterior e afirmou sua
estratégia de reinserção com políticas orientadas ao
mercado. Além da eliminação de barreiras tarifárias
e não-tarifárias, o Tratado compreende mecanismos
de salvaguarda, disposições sobre o comércio de
serviços, proteção à propriedade intelectual e
compras governamentais. Normas ambientais
trabalhistas de Direitos Humanos também forma
incluídas, entretanto sua aplicação não foi
claramente efetivada.
Para que o México fosse aceito neste
tratado, um ajuste na economia tornou-se
necessário, pois a distancia econômica, tecnológica e
financeira com os Estados Unidos e o Canadá era
enorme e precisaria ser amenizada. Dessa forma,
podemos dizer que uma das características do
Tratado é a assimetria existente entre os três paísesmembros.
e negativos. O Nafta era visto como um processo
garantidor e um componente político da reforma
neoliberal.
O Nafta foi concebido como o instrumento político
que não só consolidaria a nova coalizão interna, mas
também asseguraria a transformação da economia.
Tanto o apoio como a oposição ao NAFTA
provinham menos de considerações quanto ao
provável impacto do acordo sobre determinadas
indústrias, do que da expectativa de que uma
economia de mercado, com acesso assegurado à
economia norte-americana, mudaria por completo o
contexto mexicano. Para os defensores do processo,
a mudança fortaleceria seus interesses e suas posições
políticas; os opositores temiam o contrário (RUBIO,
1994, p. 87).
As empresas, os sindicatos dos setores
modernos da economia, grande parte da classe
média e outros grupos, esperavam que uma
reestruturação econômica bem sucedida com o
advento do Nafta poderia elevar suas rendas,
aumentar a oferta de emprego, modernizar as
indústrias, etc. O governo Gortari acreditava que o
Tratado consolidaria as reformas econômicas do
período e poderia solucionar problemas de ordem
externa, como um revés na Balança Comercial com
os Estados Unidos e atrairia investimentos
estrangeiros.
Castañeda e Heredia (1993) ressaltam que o
Governo Mexicano, e diversos setores da economia
viam a adesão ao Nafta como inevitável. Os
opositores ao Tratado não compartilhavam da
mesma opinião. Acreditavam que um acordo de
livre comércio com os Estados Unidos e o Canadá
aniquilaria a indústria mexicana e canadense.
Poucos seriam beneficiados e muitos seriam
prejudicados. Até a soberania Estatal seria reduzida.
A esquerda tradicional representada pelo PRD
(Partido da Revolução Democrática) opunha-se ao
Nafta. Com muitos argumentos de caráter
ideológico, sustentava que o passado conturbado do
México com os Estados Unidos e o fato de se estar
tratando com a economia mais forte do mundo
impossibilitaria o acordo. Vega-Conovas afirma que
o PRD:
A assimetria entre as economias, em particular, entre
as dos Estados Unidos e Canadá, por um lado, e a
mexicana por outro, ainda que se tenha traduzido em
reciprocidade
relativa
no
momento
dos
compromissos, propôs e continua propondo
exigências maiúsculas em termos de eficiência
produtiva e de efetividade nos mercados (GREEN,
1993, p. 62).
As reformas implementadas pelo Governo
Gortari fazem parte de um processo de mudança da
orientação da política econômica iniciada no
governo anterior. Este viés do modelo econômico,
conseqüência direta da crise de 1982, e a
intensificação das medidas neoliberais, em grande
parte originárias do Consenso de Washington teve
papel fundamental para a entrada do México no
Nafta.
Para Rubio (1994) a crise econômica de
1982, destruiu a legitimidade do antigo modelo
econômico nacional desenvolvimentista e criou
condições políticas para uma alteração radical nas
medidas
políticas
de
liberalização
e
desregulamentação que ofereceram maior liberdade
de importar. Tais medidas foram fundamentais para
a instauração de uma nova coalizão entre empresas,
sindicatos e consumidores que era favorável ao
Nafta. Este autor realiza um estudo sobre o apoio e
oposição ao Nafta no México. A partir da análise
deste estudo podemos perceber quais eram as
motivações que levaram o governo Gortari a se
tornar membro do Nafta. Posteriormente,
retornaremos com as discussões acerca do processo
de liberalização da economia mexicana destacando
seus efeitos políticos, econômicos e sociais positivos
Vê o NAFTA como um processo de integração
econômica na qual o papel do México é cada vez
mais subordinado. O maior temor do PRD é que o
México acabe sendo uma colônia, no sentido atual do
termo, cujos principais atrativos são a mão-de-obra
barata, os recursos primários, a energia, a
desregulamentação governamental, a isenção de
impostos e a estabilidade política (VEGACANOVAS, 1994, p. 101).
Todavia, a oposição não conseguiu impedir
que o México aderisse ao Tratado de Livre-
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Comércio. O caráter político e a política mexicana
pesaram mais que as considerações estreitamente
econômicas. A força do sistema presidencial
mexicano garantiu o desejo do presidente Salinas de
Gortari, que pôde proceder com a reforma
neoliberal, gozando de amplo apoio político
(RUBIO, 1994).
O Nafta é resultado de um processo de
aproximação da política externa e das economias
norte-americana e mexicana a que se intensificou
nos anos 1980, principalmente após a crise da dívida
externa e após o terremoto que abalou a Cidade do
México. Como mostramos nos capítulos anteriores,
a política econômica neoliberal iniciou-se no
governo de La Madri (1983-1988) e foi ampliada e
solidificou-se sob administração de Salinas de
Gortari (1988/1994).
O México ingressou no GATT (General
Agreement Tarifs and Trade) em 1986, dando início
a uma liberalização maior em seu regime de
comércio exterior, impulsionando as reformas
comerciais no sentido de eliminar barreiras e tarifas
de importação. Foram abolidas as exigências de
licença de importação para mais de duas mil
categorias de produtos. Com isso o governo
pretendia aumentar suas exportações de produtos
que não o petróleo4. Nesse sentido, as reformas
apresentaram
resultados
expressivos.
As
exportações de produtos manufaturados cresceram,
contribuindo para uma relação comercial mais
próxima com os Estados Unidos.
maquiladoras contribuíram enormemente para que o
México diminuísse sua dependência das exportações
de petróleo, já que essas empresas fizeram aumentar
a produção e a importação de produtos
manufaturados. Nos primeiros anos de vigência do
Nafta, as maquiladoras respondiam por cerca de 40%
das exportações mexicanas.
Outro aspecto relevante observado com as
indústrias maquiladoras e que tem papel fundamental
no Nafta até hoje é aumento da produtividade,
mesmo com uma certa redução das salários reais no
país. Com a modernização e reestruturação dos
processos produtivos as indústrias mexicanas
adquiriram mais competitividade no comércio
internacional decorrente da maior produtividade.
Como mencionamos, as maquiladoras
contribuíram para a elevação das exportações
mexicanas que, entretanto estavam concentradas em
um pequeno número de empresas, e regiões. “El
sector mamfaturero, desde la década de los noventa, concentra
alrededor del 85 por ciento del total exportado por la
economía y cerca de 300 empresas concentran alrededor del
60 por ciento de las exportaciones manufactureras”
(PETERS, 2003, p. 50).
Então, podemos perceber que o avanço das
relações comerciais com Estados Unidos, iniciada
no Governo de La Madri teve implicações
importantes para que o governo Gortari assumisse
de vez o processo de liberalização econômica,
tornando o México uma das economias mais
abertas do mundo. Entre 1990 e 2000 as
exportações mexicanas saltaram de US$ 45 bilhões
para US$ 165 bilhões, o que representava um terço
do PIB. O Brasil, no mesmo período, apresentou
números mais modestos: suas exportações passaram
de US$ 32 bilhões para US$ 58 bilhões, perfazendo
somente cerca de 2% do PIB brasileiro. Os
produtos industrializados ganharam mais espaço na
pauta das exportações, chegando a representar 90%
destas, conseqüência da expansão das maquiladoras
que obtiveram um aumento de 340% nas suas
exportações, respondendo por 40% do total das
exportações mexicanas5. Segundo dados da Cepal
(2000), as exportações de bens e serviços também
se elevaram. Eram 2,5% das exportações em 1990 e
chegaram a 15,7% no ano 2000.
O maior destino das exportações mexicanas
era (e ainda o é) os Estado Unidos, demonstrando
que economia do país estava cada vez mais
amarrada a economia norte-americana. As
exportações para o vizinho do norte chegaram a
90% do total.
Estados Unidos e Canadá firmaram um
acordo de livre-comércio que entrou em vigor em
[...] no México, considera-se a liberalização do
comércio exterior um dos principais fatores do
importante processo de reestruturação por que passa
a economia do país. O México, uma economia
dependente do petróleo, tornou-se exportador
líquido de produtos manufaturados, considerado
elemento básico à recuperação e à manutenção do
crescimento econômico (VEGA-CANOVAS, 1994,
p. 96).
Outro fator importante advindo com o
avanço do comércio bilateral México-EUA foi o
crescimento expressivo da indústria maquiladora na
segunda metade dos anos 1980, que teve seu auge
de expansão nos anos 1990, sobretudo após o início
do Nafta em 1994. A indústria maquiladora,
concentrada ao Norte do México teve em papel
fundamental no processo que culminou no Nafta.
Muitas empresas norte-americanas transferiram seus
processos produtivos e instalaram-se no México,
que contava com leis mais brandas para crimes
ambientais e, além disso, contava com uma mão-deobra bem mais barata que a norte-americana. As
Nossas considerações tomam por base o texto de Vega-Canovas
(1994).
Dados obtidos em Hakim (2002, p. 96-97) e em Cano (2000, p. 447448).
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de cerca de US$ 20 bilhões (CORDERA CAMPOS;
LOMELÍ VANEGAS, 2005, p. 65).
1989. Logo após ser assinado esse acordo, México e
Estados Unidos começaram as negociações que
visaram progredir a mesma direção.
Não obstante, essa nova estratégia
enfrentava problemas que se estenderam até os dias
atuais. As maquiladoras, mesmo com uma relativa
evolução da sofisticação tecnológica, não puderam
produzir, nem exportar bens com maior valor
agregado. Ao passo que suas exportações cresciam
consideravelmente, eram responsáveis ao mesmo
tempo pelo aumento das importações mexicanas no
período de maior expansão do setor, início da
década de 1990 até os primeiros anos de vigência do
Nafta. Importavam 98% dos seus insumos e menos
de 20% do faturamento exportado agregava valor
nacional (CANO, 2000). Para por em prática esse
novo modelo de industrialização voltado às
exportações, o México realizou, com o Governo
Gortari, uma estratégia de liberalização amparada
em políticas neoliberais. No final dos anos 1980 até
a entrada em vigor do Nafta, o México percorreu
um sinuoso cominho, cujas prioridades econômicas
serão por nós elencadas.6
Destacamos em primeiro lugar o controle
da inflação dos déficits públicos e da atração por
investimentos estrangeiros. Em segundo lugar, a
eliminação do protecionismo em diversos setores.
Com o intuito de permitir uma maior importação de
insumos e bens de capital por parte do setor
privado manufatureira, um dos pilares que
alavancaria as exportações. Em terceiro lugar
relacionado com a primeira prioridade, observamos
os esforços na execução de um Estado minimalista,
diferente daquele existente no período nacional
desenvolvimentista. Por último, destacamos a
atração dos investimentos estrangeiros tornando-se
a principal fonte de financiamento para esta
estratégia de liberalização ante a impossibilidade de
um novo endividamento externo e deixando o
serviço da dívida externa a cargo da renda
petroleira. Além dessas, outras medidas foram
tomadas como a adoção de uma política cambial
voltada ao combate da inflação.
Podemos considerar que a estratégia de
liberalização apresentou resultados positivos como a
queda da inflação, a diminuição do déficit publico, o
aumento dos investimentos estrangeiros e uma
maior produtividade do setor manufatureiro.
Contudo, a estratégia econômica neoliberal do
México
apresentava
falhas
e
limitações,
conseqüência de seus problemas estruturais. O PIB
e o PIB per capta no período 1988-1997 foi
relativamente baixo se comparado a períodos de
crescimento anteriores. O crescimento foi de 2,6%
Para o México, de sua parte, as oportunidades que
representavam as novas circunstâncias não eram
menores que os desafios e as dificuldades para poder
aproveitá-las. Responder à mudança e aproveitar as
vantagens que se vislumbravam no horizonte teria de
implicar profundas transformações. Muitas delas
realizadas em tempo muito curto e em condições que
exigiam uma manipulação muito delicada das
variáveis macroeconômicas, com todas as suas
implicações políticas e sociais, para evitar que os
movimentos bruscos, de tirar o país da situação
crítica dos últimos anos, o submergissem de maneira
mais profunda (GREEN, 1993, p. 62).
Para os Estados Unidos, a economia e o
território mexicano constituem uma peça
fundamental para a sua reconstrução hegemônica e
seu reposicionamento estratégico no panorama
mundial. (CECEÑA, 2000).
A entrada no México no GATT (1986) e
sua aceitação na Organização de Cooperação de
Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 1992
indicavam que a nova estratégia de política
econômica tinha como ponto de referencia o
mercado mundial e orientava-se por uma
industrialização baseada nas exportações e como
podemos perceber por meio dos dados
apresentados anteriormente, na ênfase dada ao
comércio exterior ligando sua economia a dos
Estados Unidos, o que facilitou sua entrada no
Nafta.
Essa
nova
estratégia,
voltada
à
industrialização direcionada às exportações foi uma
resposta às limitações e à crise do Estado
desenvolvimentista e tem como referência o
mercado mundial, em que as exportações, por meio
de um aumento da produtividade total dos fatores
de produção, teriam um impacto positivo no
crescimento da economia como um todo (PETERS,
2003). O aumento do investimento estrangeiro
também fez parte dessa nova estratégia. Os
principais investidores, Estados Unidos e Canadá,
viam o México como plataforma de exportação, e
então, elevaram seus investimento no país.
A abertura comercial e financeira realizada a partir de
1987, junto com o aumento substancial dos fluxos de
investimentos estrangeiros diretos orientados,
sobretudo à manufatura de exportação e à maquila
estimularam uma reconfiguração da geografia
econômica e humana do México, com rápida e
intensa aparição de núcleos industriais exportadores
no norte e no centro-norte do país, os quais
aumentam sua participação com atividades
produtivas complexas e de relativa sofisticação
tecnológica. O valor total do investimento
estrangeiro direto aumentou, no fim do século, para
um nível superior aos US$ 120 bilhões. Em 1993 era
Para discutirmos as estratégias de liberalização do governo Gortari
utilizamos largamente o texto de Peters (2003)
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e 1,1% respectivamente. Como já mencionado,
houve uma concentração da produção industrial na
mão de um pequeno número de empresas e regiões
do país. Outro grave problema do período foi o
déficit na balança comercial com os Estados
Unidos, uma das causas da grave crise financeira de
1994. O gráfico a seguir é ilustrativo:
déficits em transações correntes. “O estopim da
crise foi a redução do diferencial de taxas de juros
decorrente do aumento da taxa americana em 1994,
sem o correspondente aumento da taxa no México”
(CARNEIRO, 2002, p. 259). Acrescente-se aí o
aumento do clima de incerteza gerado pelo
assassinato de Colosio, candidato a presidência pelo
PRI, que contribuiu para o agravamento da crise.
A política econômica do governo não
respondeu de forma adequada. Manteve o peso
mexicano valorizado, permitindo uma pequena
desvalorização cambial. Essa situação não se
sustentou e em pouco tempo os ataques
especulativos a moeda mexicana obrigaram o
governo a deixá-la flutuar, ocasionando uma
vertiginosa desvalorização.
No âmbito social, os problemas não foram
resolvidos. O desemprego aumentou, fazendo
crescer o emprego informal, os salários reais
diminuíram, a pobreza acentuou-se e a distribuição
de renda piorou. Em 2000, 38,7 % da renda estava
concentrada nas mãos dos 10% mais ricos,
enquanto 60% da população mais pobre
participavam com 25,1% do total. Entre 1984 e
1999, os 10% mais ricos aumentaram sua
participação em 3,2 pontos percentuais, ao passo
que os 60% mais pobres diminuíram sua
participação em 2,4 pontos. A pobreza, em 2000,
afetava 45,9% dos lares e 53,7% das pessoas
(CORDERA CAMPOS E LOMELÍ VANEGAS,
2005). Peters resume acerca das implicações
econômicas e sociais da estratégia de liberalização
do Governo Gortari:
A crise mexicana possui, assim, os ingredientes de
uma crise clássica de balanço de pagamentos, tais
como déficit em transações correntes crescente,
apreciação cambial e o recurso a capitais de curto
prazo. Se essa é a sua manifestação, as raízes mais
profundas estão na adoção de políticas consentâneas
com a integração na economia global, vale dizer, a
convertibilidade plena da conta de capital e a
liberalização do sistema financeiro doméstico
(CARNEIRO, 2002, p. 260).
Destarte, o início do Nafta coincidiu com a
crise econômico-financeira do México. A crise
mostrou que uma reinserção a economia
internacional aos moldes do Consenso de
Washington implicava riscos e incertezas que
atingiram a maior parte dos países latinoamericanos. Não pretendemos discutir as
conseqüências da crise, mas sabemos que o México
seguiu coma mesma estratégia de liberalização, e sua
estratégia de política externa continuou sendo o
total alinhamento com os Estados Unidos para
alívio daqueles que eram favoráveis ao Nafta, entre
eles o presidente salinas de Gortari.
Para esses, o Nafta seria mais que um
conjunto de regras destinado a normatizar
transações comerciais por meio de eliminação de
barreiras tarifarias e não tarifarias, contando com
um estrito mecanismo de solução de controvérsias.
O Tratado visava consolidar as relações comercias
do México com os estados Unidos, contribuindo
para o estreitamento das relações no âmbito da
política externa. “Mais ainda, no que diz respeito a
relação comercial entre o México e os Estados
Unidos, o Nafta veio tornar de jure uma intensidade
que existia de facto” (GREEN, 1993, p. 63).
Las tendências anteriores indican que, no obstante el êxito de
la estratégia de la liberalización em sus propios términos,
particularmente en torno al control de la inflación y del déficit
fiscal, así como a la atracción de inversión extranjera, esta
estratégia genera condiciones económicas insustentables y com
profundas repercusiones en la sociedad mexicana.[...] Mientras
que um sector de la economía há sido exitoso em su integración
al mercado mundial bajo los parámetros de la estratégia de la
liberalización, la mayor parte de la economía y sociedad
mexicana, donde alrededor del 40 por ciento de la población se
encuentra bajo la línea de probreza, no se ha incorporado a este
proceso (PETERS, 2003, p. 55-56).
Por isso, podemos dizer que as
contradições e limitações das estratégias de
liberalização estão vinculadas ao processo de
industrialização
voltada
às
exportações.
Simultaneamente ao processo de abertura
econômica, caminhou o processo de abertura
financeira.
Estes
dois
processos
foram
complementares e suas dificuldades e falhas levaram
o México a uma crise cambial, ao final de 1994, que
teve proporções globais. Muitos autores a
consideram a maior crise econômico-financeira da
história mexicana.
O rápido e intenso processo de abertura
financeira compreendeu, além da completa
convertibilidade da conta de capitais, uma
liberalização do sistema financeiro doméstico. Os
elementos que permitiram o desencadeamento da
crise foram a apreciação cambial e a elevação dos
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TABELAS
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Vinicius Ruiz Albino de Freitas é bacharel em Relações Internacionais
pela UNESP. Atualmente é mestrando em Relações Internacionais e
Desenvolvimento pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
da UNESP - Campus de Marília.
i
CECEÑA, Ana Esther. México: neoliberalismo e
prejuízo social. Revista Política Externa, vol. 9, nº 4.
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estruturais no México (1982-2004). In: DUPAS,
Gilberto (coord.). América Latina no início do século
XXI: perspectivas econômicas, sociais e políticas. Rio de
55
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