Sobre o número de números primos que não excedem uma grandeza dada José Carlos Santos Seminário Diagonal — 12 de Dezembro de 2012 Números primos I Um número primo é um número natural p > 1 que não tem outros divisores além de 1 e de p. Números primos I Um número primo é um número natural p > 1 que não tem outros divisores além de 1 e de p. I Teorema (Euclides): Há uma infinidade de números primos. Teorema dos números primos (1ª parte) I Seja π(x ) = # { primos p | p 6 x } Teorema dos números primos (1ª parte) I I Seja π(x ) = # { primos p | p 6 x } Conjectura (Legendre): π(x ) = 1. x →+∞ x / log(x ) lim Teorema dos números primos (1ª parte) I I Seja π(x ) = # { primos p | p 6 x } Conjectura (Legendre): π(x ) = 1. x →+∞ x / log(x ) lim I Conjectura (Gauss): lim R x x →+∞ π(x ) 1 2 log t dt = 1. Teorema dos números primos (2ª parte) 1 250 1 000 750 500 250 2 000 4 000 Gráficos de π(x ), 6 000 Rx 1 2 log t dt e 8 000 x log x 10 000 Teorema dos números primos (3ª parte) I Chebyshev (1848) estudou o quociente R x que π(x ) 1 2 log t dt e provou Teorema dos números primos (3ª parte) I Chebyshev (1848) estudou o quociente R x que I π(x ) 1 2 log t se x 0, o quociente está entre 0,89 e 1,11; dt e provou Teorema dos números primos (3ª parte) I Chebyshev (1848) estudou o quociente R x que I I π(x ) 1 2 log t se x 0, o quociente está entre 0,89 e 1,11; se tiver limite em +∞, só pode ser 1. dt e provou Teorema dos números primos (3ª parte) I Chebyshev (1848) estudou o quociente R x que I I I π(x ) 1 2 log t dt e provou se x 0, o quociente está entre 0,89 e 1,11; se tiver limite em +∞, só pode ser 1. Riemann (1859) estabeleceu uma ponte entre a conjectura e a Análise Complexa. Função ζ (1ª parte) I ζ(s) = 1 + 1 1 1 + s + s + ··· s 2 3 4 Função ζ (1ª parte) I I 1 1 1 + s + s + ··· s 2 3 4 Esta série converge sempre que Re(s) > 1. ζ(s) = 1 + Função ζ (1ª parte) I I I 1 1 1 + s + s + ··· s 2 3 4 Esta série converge sempre que Re(s) > 1. Y 1 ζ(s) = · 1 − p −s p primo ζ(s) = 1 + Função ζ (2ª parte) I Se Re(s) > 0, então 1 − 1 1 1 + s − s + · · · converge 2s 3 4 Função ζ (2ª parte) I Se Re(s) > 0, então 1 − 1 1 1 + s − s + · · · converge e 2s 3 4 1 1 1 1 1 1 ζ(s) = 1 − s + s − s + · · · + 2 s + s + s + · · · 2 3 4 2 4 6 1 1 1 2 1 1 = 1 − s + s − s + ··· + s 1 + s + s + ··· 2 3 4 2 2 3 1 1 1 = 1 − s + s − s + · · · + 21−s ζ(s). 2 3 4 Função ζ (2ª parte) I Se Re(s) > 0, então 1 − 1 1 1 + s − s + · · · converge e 2s 3 4 1 1 1 1 1 1 ζ(s) = 1 − s + s − s + · · · + 2 s + s + s + · · · 2 3 4 2 4 6 1 1 1 2 1 1 = 1 − s + s − s + ··· + s 1 + s + s + ··· 2 3 4 2 2 3 1 1 1 = 1 − s + s − s + · · · + 21−s ζ(s). 2 3 4 I Logo, ζ(s) = 1− 1 2s + 31s − 41s + · · · · 1 − 21−s Função ζ (2ª parte) I Se Re(s) > 0, então 1 − 1 1 1 + s − s + · · · converge e 2s 3 4 1 1 1 1 1 1 ζ(s) = 1 − s + s − s + · · · + 2 s + s + s + · · · 2 3 4 2 4 6 1 1 1 2 1 1 = 1 − s + s − s + ··· + s 1 + s + s + ··· 2 3 4 2 2 3 1 1 1 = 1 − s + s − s + · · · + 21−s ζ(s). 2 3 4 1− 1 2s I Logo, ζ(s) = I Exemplo: ζ(1/2) = + 31s − 41s + · · · · 1 − 21−s √ √ √ 1− 1/3− √ 1− 2 1/2+ 1/4+··· ' −1,46035. Função ζ (3ª parte) I Riemann prolongou ζ a uma função de C \ {1} em C. Função ζ (3ª parte) I Riemann prolongou ζ a uma função de C \ {1} em C. I Os únicos zeros de ζ com Re s > 1 ou Re s < 0 são −2, −4, −6, . . . (zeros triviais) Função ζ (3ª parte) I Riemann prolongou ζ a uma função de C \ {1} em C. I Os únicos zeros de ζ com Re s > 1 ou Re s < 0 são −2, −4, −6, . . . (zeros triviais) I Hipótese de Riemann: Os zeros não triviais têm parte real igual a 1/2. Após Riemann I Hadamard e de la Vallée-Poussin (1896) demonstraram o teorema dos números primos Após Riemann I Hadamard e de la Vallée-Poussin (1896) demonstraram o teorema dos números primos usando Análise Complexa. Após Riemann I Hadamard e de la Vallée-Poussin (1896) demonstraram o teorema dos números primos usando Análise Complexa. I Isto envolveu provar que ζ não tem zeros com Re s = 0 ou Re s = 1. Após Riemann I Hadamard e de la Vallée-Poussin (1896) demonstraram o teorema dos números primos usando Análise Complexa. I Isto envolveu provar que ζ não tem zeros com Re s = 0 ou Re s = 1. 10 10 20 30 40 50 60 70 Gráfico de t 7→ ζ(ti) (t ∈ [0,100]) 80 90 100 Após Riemann I Hadamard e de la Vallée-Poussin (1896) demonstraram o teorema dos números primos usando Análise Complexa. I Isto envolveu provar que ζ não tem zeros com Re s = 0 ou Re s = 1. 10 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Gráfico de t 7→ ζ(ti) (t ∈ [0,100]) I Demonstração elementar: Atle Selberg e Pal Erdős (1949). Zeros com parte real 1/2 Hardy, 1914: Há uma infinidade de zeros com parte real 1/2. Zeros com parte real 1/2 Hardy, 1914: Há uma infinidade de zeros com parte real 1/2. Hardy & Littlewood, 1921: Existe K > 0 tal que o número de zeros com parte real 1/2 e parte imaginária entre 0 e t(> 0) é maior que Kt, se t 0. Zeros com parte real 1/2 Hardy, 1914: Há uma infinidade de zeros com parte real 1/2. Hardy & Littlewood, 1921: Existe K > 0 tal que o número de zeros com parte real 1/2 e parte imaginária entre 0 e t(> 0) é maior que Kt, se t 0. Selberg, 1942: O mesmo é verdade com Kt log(t) no lugar de Kt. Enunciados equivalentes I Seja n ∈ N e seja Hn = 1 + 1/2 + 1/3 + · · · + 1/n. Então soma dos divisores de n 6 Hn + e Hn log(Hn ) e só se tem a igualdade quando n = 1. Enunciados equivalentes I Seja n ∈ N e seja Hn = 1 + 1/2 + 1/3 + · · · + 1/n. Então soma dos divisores de n 6 Hn + e Hn log(Hn ) I e só se tem a igualdade quando n = 1. Z x 1 Se Li(x ) = dt, então a função 0 log t π(x ) − Li(x ) x 7→ √ x log(x ) é limitada. Enunciados equivalentes I Seja n ∈ N e seja Hn = 1 + 1/2 + 1/3 + · · · + 1/n. Então soma dos divisores de n 6 Hn + e Hn log(Hn ) I e só se tem a igualdade quando n = 1. Z x 1 Se Li(x ) = dt, então a função 0 log t π(x ) − Li(x ) x 7→ √ x log(x ) I é limitada. Se µ(n) = 1 se n for produto de um número par de primos distintos 0 nos restantes casos, −1 se n for produto de um número ímpar de primos distintos P então, para cada ε > 0 e cada n 1, nk=1 µ(k) 6 nε+1/2 . Variantes I √ P Hipótese de Mertens: se n ∈ N, nk=1 µ(k) 6 n. Variantes I √ P Hipótese de Mertens: se n ∈ N, nk=1 µ(k) 6 n. É falso (Odlyzko & te Riele, 1985) Variantes I Hipótese de Mertens: se n ∈ N, nk=1 µ(k) 6 (Odlyzko & te Riele, 1985) mas não há nenhum contra-exemplo inferior a 1014 . P √ n. É falso Variantes I Hipótese de Mertens: se n ∈ N, nk=1 µ(k) 6 (Odlyzko & te Riele, 1985) mas não há nenhum contra-exemplo inferior a 1014 . I Aparentemente, tem-se sempre π(n) < Li(n) P √ n. É falso Variantes √ I Hipótese de Mertens: se n ∈ N, nk=1 µ(k) 6 (Odlyzko & te Riele, 1985) mas não há nenhum contra-exemplo inferior a 1014 . I Aparentemente, tem-se sempre π(n) < Li(n) mas os dois gráficos cruzam-se infinitas vezes (Littlewood, 1914). P n. É falso Listas de problemas I Problemas de Hilbert Listas de problemas I Problemas de Hilbert I Problemas do Milénio