CONTRIBUIÇÃO DA FISIOTERAPIA NA PREVENÇÃO DE OSTEOPOROSE EM PACIENTES COM LESÃO MEDULAR FILHO, João Paulo Heinzmann1; BECK, Derliane Glonvezynski dos Santos2 Palavras-Chave: Lesão Medular. Prevenção. Fisioterapia. Introdução O osso é um tecido vivo com habilidade única de remodelar a si mesmo, podendo modificar a sua densidade e estrutura interna de acordo com a maior ou menor quantidade de exercício que praticamos à medida que sofre estresse por parte dos músculos e tendões, que nossa dieta e condições de saúde se modificam. Segundo a Conferência da Organização Mundial de Saúde, a osteoporose é definida como doença progressiva do esqueleto, caracterizada por baixa massa óssea e deterioração da microestrutura do tecido ósseo, levando à conseqüente fragilidade óssea e susceptibilidade a fratura (PORTER, 2005). È fortemente relacionada ao envelhecimento natural dos seres humanos, mas até recentemente pouco havia sido feito para reconhecer essa patologia com um processo real de doença e investigar formas de trata – lá (BEDANI; ROSSI, 2005). Tem aparecido como grande problema de saúde pública, sendo principalmente atribuída ao aumento de expectativa de vida, aumentando assim, doenças relacionadas com a idade avançada. Possui etiologia multifatorial, sendo muito comum estarem presentes em pacientes que sofreram lesão medular pela paralisia dos membros (CARVALHO; CARVALHO; CLIQUET Jr, 2001). A lesão medular significa para muitos pacientes, entre outras coisas, a redução ou até a perda imediata das funções físicas básicas que lhe conferem autonomia nas atividades cotidianas e a possibilidade de participar da vida social (BECKER; DOLKEN, 2008). ____________________________ 1 Estudante do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA) – RS.; Email:[email protected] 2 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA) – RS; E-mail: [email protected] Embora parte da fisiopatologia da osteoporose em lesados medulares seja atribuída ao desuso simples, esta se difere da osteoporose tradicional pelo fato do sistema neuromuscular, relacionado com outros sistemas do corpo estar modificados. Acredita-se que as alterações provocadas pela falta de suporte de peso é muito mais prejudicial ao esqueleto que a falta de hormônio ovariano (CARVALHO; CARVALHO; CLIQUET Jr, 2001). A lesão medular gera danos neurológicos freqüentemente associados, apresentando maior incidência em indivíduos adultos do sexo masculino. Acidentes automobilísticos, quedas, mergulhos e episódios de violência, principalmente ferimentos por arma de fogo, são as causas mais comuns deste tipo de lesão (MIGUEL; TSA, 2009). Afeta aproximadamente de 900 a 1000 indivíduos por milhão, na população geral e, nos Estados Unidos, a incidência anual é de 11000 casos novos, totalizando 183000 a 230000 indivíduos (MIGUEL; TSA, 2009). No Brasil, há 130 mil indivíduos portadores de lesão medular e cada ano está incidência vem aumentando devido aos acidentes automobilísticos e principalmente à violência (RODRIGUES; HERRERA, 2004). Qualquer lesão da medula, do cone terminal ou da cauda eqüina, acompanha-se obrigatoriamente por deficiências motoras, sensitivas, neurovegetativas, em alguma região do corpo. Essas deficiências variam quanto a sua intensidade, seja em razão do nível da paralisia resultante, seja dependendo da preservação de parte das vias motoras, sendo ela incompleta ou completa (BECKER; DOLKEN, 2008). Os indivíduos com lesão medular têm perda parcial ou total da função motora, sensitiva, autônomo, e complicações no sistema orgânico, sendo uma delas a alteração do metabolismo ósseo que se não prevenida poderá evoluir para osteoporose (BRITO; BATTISTELLA, 2004). Com a desmineralização, o risco de fratura aumenta, podendo ocorrer deformidades, úlceras, limitações para reabilitação, gerando situações de difícil manejo, tanto para os indivíduos acometidos quanto para seus familiares ou cuidadores, além dos altos custos econômicos decorrente dos cuidados e com as internações do paciente. Dentre as complicações mais comuns decorrentes da lesão medular traumática, estão à obesidade, dor, espasticidade, infecções do trato urinário, úlceras de pressão, dificuldades de integração social, além da osteoporose por desuso. As recuperações motoras mais significativas ocorrem nos dois meses após a lesão inicial, com diminuição do potencial de melhora depois de três a seis meses (LEITE et. al., 2008). Em poucas semanas após o acidente que levou a lesão medular, observa-se descalcificação maciça do esqueleto no segmento paralisado, diminuindo a massa óssea de 25 a 30%. Ainda não se dispõem de nenhum meio capaz de evitar esta perda de substância óssea, mesmo por que nessa época coincide na maioria dos casos com a fase do choque medular, no qual o paciente é obrigado a permanecer deitado, seja em virtude das complicações agudas ou da cirurgia (BECKER; DOLKEN, 2008). Metodologia A pesquisa realizada foi descritiva, do tipo revisão bibliográfica, onde a abordagem qualitativa foi utilizada como eixo central. Para a realização do estudo foram pesquisados livros e artigos científicos em nos sites Medline, Lilacs e Scielo. Conclusão Foram encontrados poucos trabalhos que se destinaram a verificar a efetividade dos tratamentos fisioterapêuticos. Em relação ao tipo de tratamento utilizado, para combater a desmineralização óssea foram encontrados a estimulação elétrica funcional/bicicleta ergométrica, a estimulação elétrica funcional, o ortostatismo e a deambulação. Ambos com muitas informações divergentes, sem claras definições e sem um consenso no que diz respeito à colaboração dos diversos tipos de abordagem com objetivo de prevenir, lentificar ou estabilizar a diminuição da densidade mineral óssea (RODRIGUES; HERRERA, 2004). É de suma valia salientar os cuidados necessários para buscar amenizar as diversas variáveis existentes, tendo alguns critérios de inclusão bem definidos como, por exemplo, o tempo da lesão, tipo da lesão, nível da lesão, idade, sexo, estar em tratamento fisioterapêutico, tipo de tratamento, portadores de órteses que possibilitam o ortostatismo ou treino de marcha (RODRIGUES; HERRERA, 2004). Devido à grande incidência de osteoporose e aos riscos que os mesmos correm ressaltar o papel da fisioterapia na prevenção de osteoporose nos paciente com lesão medular, tornando possível a reabilitação adequada necessária a estes pacientes. O processo de reabilitação é lento, de forma continua, no qual iniciado desde o período inicial, com um plano de tratamento adequado poderá alcançar altos êxitos em formas de independência funcional. Referências MIGUEL, Marcia de; TSA, Durval Campos Kraychete. Revista Brasileira de Anestesiologia. Dor no paciente com lesão medular: uma revisão. Campinas, v.59, n.3, p. maio-junho, 2009. BECKER, Antje Huter; DOLKEN, Mechthild. Traduzido por Hildegar T. Buckup. Fisioterapia em Neurologia. São Paulo: Editora Santos, 2008. LEITE, Juliana Valéria et.al. Influência do ortostatismo no controle de tronco e na espasticidade de pacientes paraplégicos. Jaguariúna, v.4, n.5, p. jul./dez., 2008. BEDANI, Raquel; ROSSI, Elizeu Antonio. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde. O consumo de cálcio e a osteoporose. Londrina, v.26, n.1, p.jan./jun., 2005. PORTER, Stuart. Fisioterapia de Tidy. Traduzido por Eliane Ferreira, Luciane Helena Dias de O. bastos et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. BRITO, Cristina May Moran de; BATTISTELLA, Lisamara Rizzo. Perspectivas diagnósticas e terapêuticas da osteoporose após lesão medular. São Paulo, 2004. RODRIGUES, Daniele; HERRERA, Guilherme. Acta Ortopédica Brasileira. Recursos Fisioterapêuticos na prevenção da perda da densidade mineral óssea com lesão medular. São Paulo, v.12, n.3, p. jul.-set., 2004.C CARVALHO, Daniela Cristina Leite de; CARVALHO, Mariângela Martins de; CLIQUET JR, Alberto. Acta Ortopédica Brasileira. Osteoporose por desuso: aplicação na reabilitação do lesado medular. São Paulo, v. 9, n.3, p. jul.-set., 2001.