O Conceito ATM Nos últimos dois anos formou-se um consenso sem precedentes entre os fabricantes de equipamentos de comunicação de dados, que o ATM será a tecnologia de rede universal. Este consenso está provocando um enorme esforço de desenvolvimento do ATM, tanto por parte dos fabricantes como dos pesquisadores em redes. A aceitação, praticamente universal do ATM, vem principalmente do fato de que o ATM possui características únicas. É uma técnica de transferência baseada em pacotes de tamanho fixo chamados células e estruturado segundo conexões de canais e rotas virtuais (VCs e VPs) que podem ser multiplexadas de forma dinâmica num mesmo meio físico. O fluxo de informação em cada conexão pode ser de banda variável e de forma integrada em um mesmo enlace físico para diferentes tipos de tráfego como; voz, dados, imagens, vídeo, som de alta qualidade, multimídia etc., como pode ser observado na Fig. 2.1 É uma tecnologia nova projetada para operar nos atuais ambientes tecnológicos das telecomunicações estruturados sobre as modernas sistemas ótico-digitais de transmissão como o SDH/SONET. Diferentes serviços convergem para conexões virtuais distintas em um mesmo meio físico Taxa Taxa Taxa Tempo CBR Canal virtual com taxa de bit constante (baixa) Tempo CBR Canal virtual com taxa de bit constante (alta) Taxa Tempo VBR Canal Virtual com taxa de bit varável Tempo ABR Canal virtual com taxa de bit em rajada (Avaiable Bit Rate) Nível AAL segmentação e remontagem Nível ATM multiplexação e rede de transporte MUX Célula ATM Nível Físico STM Sinchronous Transfer Mode (SDH/SONET) Fig. 2.1 - O conceito básico de ATM Também se apresenta como uma alternativa eficiente e econômica para estruturar redes locais com taxas e serviços de acordo com as necessidades do usuário, além de permitir uma integração LAN/WAN sem problemas de interoperabilidade. Pode-se afirmar que o ATM atualmente é uma tecnologia que não está mais confinada somente ao contexto da B-ISDN e é encontrada cada vez mais em aplicações como LANs, MANs, LAN-switching, backbones e workstations. O ATM como tecnologia de transporte para a B-ISDN é um conceito mais abrangente, já que o objetivo principal da BISDN é a formação de uma rede pública mundial de telecomunicações, com serviços integrados para formar um sistema global de informação. Asynchronous Transfer Mode (ATM) ATM é um conjunto de protocolos de transmissão de dados por comutação de pacotes em que são utilizadas células de tamanho fixo de 53 bytes. Não há camada de rede e muitas das funções básicas foram simplificadas ou eliminadas de modo a se melhorar o desempenho do sistema em termos de quantidade de informação transmitida. O cabeçalho do pacote ATM tem 5 bytes, sendo os 48 bytes restantes destinados à informação útil. Nesse cabeçalho estão contidas as informações de identificação de canal (VCI) e rota (VPI) virtuais, o tipo do dado (PT) e a prioridade de descarte do pacote (CLP). O preenchimento do 48 bytes de informação útil é função da camada AAL (ATM Adaptation Layer), responsável também pela flexibilidade do protocolo em transportar vários tipos de serviços no mesmo formato de pacote. O AAL é um processo executado pelos equipamentos de terminação das redes ATM, cabendo aos demais equipamentos apenas a tarefa de rotear os pacotes de acordo com a informação contida no seu cabeçalho. Foram definidas quatro classes de serviço para o tráfego no ATM: CBR, VBR, ABR e UBR. Conexões ATM Conexões ATM podem ser classificadas de acordo com a forma que são estabelecidas e com o número de usuários finais ATM envolvidos em uma transmissão. Segundo a forma como são estabelecidas, existem dois tipos fundamentais de conexões ATM: Conexões Virtuais Permanentes (PVCs – Permanent Virtual Connections) – São conexões estabelecidas e encerradas por um mecanismo externo, tipicamente um software de gerenciamento de rede, e geralmente permanecem ativas por longo tempo. Conexões Virtuais Chaveadas (SVCs – Switched Virtual Connections) – São conexões estabelecidas e encerradas automaticamente através de um protocolo de sinalização e permanecem ativas até que um sinal indique que a conexão deve ser encerrada. Segundo o número de usuários finais ATM envolvidos na transmissão também existem dois tipos fundamentais de conexões ATM ( Fig. 2.7 ): Conexões Ponto a Ponto (Point-to-point connections) – Conecta apenas dois usuários finais ATM e podem ser unidirecionais ou bidirecionais. Conexões Ponto para Multiponto (Point-to-multipoint connections) – Conecta um usuário final ATM fonte (nó raiz) com múltiplos usuários finais ATM de destino. (nós folhas). A replicação de células deve ser feita no nó onde a conexão ATM se divide a fim de possibilitar que todos os nós folhas recebam suas células. Tais conexões são unidirecionais, ou seja, permitem que o nó raiz transmita para os nós folhas, mas não permitem que os nós folhas transmitam para o nó raiz ou para outros nós folhas. As conexões ponto para multiponto desempenham um papel importante na habilidade de conduzir tráfego broadcast e multicast sobre redes ATM. Conexões Virtuais Usuário Final ATM Switch ATM Usuário Final ATM - Ponto-a-ponto - Unidirecional/bidirecional Switch ATM Usuário Final ATM Usuário Final ATM Usuário Final ATM - Ponto para multiponto - Unidirecional Fig. 2.7 – Conexões ATM ponto a ponto e ponto para multiponto Uma conexão virtual é um canal lógico entre dois usuários finais ATM e é usada para transportar células. As recomendações do ITU-T se referem a estas conexões lógicas de ponta a ponta entre dois usuários finais ATM como: conexão de canal virtual (VCC – Virtual Channel Connection). Uma VCC é uma concatenação de um ou mais canais virtuais (VC – Virtual Channel). Um canal virtual simplesmente descreve o transporte unidirecional de células ATM com um identificador comum, VCI, em cada célula. Um enlace de canal virtual (VCL - Virtual Channel Link) é um canal virtual entre dois pontos (ex. estação e chaveador) em uma VCC onde o VCI é atribuído, trocado ou removido. O VCI no cabeçalho da célula tem significado apenas para as células fluindo sobre um enlace de canal virtual (VCL). Em outras palavras, o VCI para as células fluindo em um VCC pode mudar conforme elas passam através de diferentes chaveadores ( Fig. 2.8 e Fig. 2.9 ). Caminhos Virtuais Um caminho virtual ATM (VP – Virtual Path) é um grupo de canais virtuais. Cada canal virtual é associado a um caminho virtual. Múltiplos canais virtuais podem ser associados com um mesmo caminho virtual. Um caminho virtual está apoiado sobre um enlace de caminho virtual (VPL – Virtual Path Link). Um VPL é um caminho virtual entre dois pontos onde o VPI é atribuído, trocado, ou removido. Uma conexão de caminho virtual (VPC – Virtual Path Connection) é a concatenação de um ou mais VPLs. Os conceitos de caminho virtual e conexão virtual oferecem um mecanismo flexível e robusto para o estabelecimento e o chaveamento de conexões dentro de uma rede ATM. Combinados existem 24 bits para o VPI/VCI na UNI e 28 bits na NNI. Fig. 2.8 Estrutura de Comutação ATM MPLS ADSL Digital Subscriber Line (DSL) é uma família de tecnologias desenvolvida para prover serviços de dados de alta velocidade utilizando pares de fios de cobre. Procura aproveitar a planta externa existente das companhias telefônicas para resolver o problema do acesso (última milha), possibilitando a prestação de serviços de dados com baixo custo de implantação. ADSL O ADSL (Asymetric DSL) é a forma mais conhecida sendo utilizada predominantemente para acesso banda larga via Internet. No ADSL os dados são transmitidos de forma assimétrica. A taxa de transmissão na direção do assinante é maior (até 8 Mbit/s) do que no sentido contrário (até 640 kbit/s). Esta assimetria corresponde ao encontrado em serviços de banda larga como a Internet. Com o ADSL o mesmo par de fios de cobre pode ser utilizado simultaneamente como linha telefônica e como acesso banda larga a Internet descongestionando as centrais telefônicas e a linha do assinante. Uma rede ADSL apresenta os seguintes componentes. Modem ADSL Na residência ou escritório do usuário é instalado um modem ADSL para conexão com um PC. O modem é geralmente conectado a uma placa de rede no micro. Este micro pode servir de servidor para uma pequena rede local. Divisores de potência Divisores de potência e filtros colocados na residência do usuário e na Estação telefônica permitem a separação do sinal de voz da chamada telefônica do tráfego de dados via ADSL. DSLAM Na estação telefônica cada par telefônico é conectado a um mutiplexador de acesso DSL (DSLAM). A função do DSLAM é concentrar o tráfego de dados das várias linhas com modem DSL e conectá-lo com a rede de dados. A conexão através de circuitos ATM é a mais utilizada em redes ADSL. Existem equipamentos DSLAM que assumiram o papel de nó de acesso incorporando sistemas de comutação ATM. Rede de dados A rede de dados a que se conecta o DSLAM poderá ser a rede do provedor de conexão a Internet ou qualquer outro tipo de rede de dados. As redes telefônicas foram utilizadas durante anos para voz. A taxa máxima de transmissão de dados era de 56 kbit/s. Como o ADSL conseguiu mudar esta situação? Aumentando a frequência de transmissão No ADSL a faixa de freqüências de transmissão no pares de cobre é dividida em três canais: Serviço telefônico convencional de Voz (0-4 kHz) Dados originados no cliente e transmitidos para a rede Dados originado na rede e transmitidos para o cliente. É possível desta forma a operação simultânea dos serviços de voz e ADSL e o aumento da taxa de dados pela utilização de freqüências mais altas. Lidando com a Interferência O aumento da taxas de dados implica na elevação da potência do sinal o que aumenta a interferência cruzada (diafonia) entre os vários pares de fios de cobre utilizados em sistemas ADSL. Os problemas de interferência ocorrem com maior gravidade no lado da rede quando da recepção dos sinais provenientes do cliente pelo DSLAM. É na Estação telefônica que se agrupam vários pares de fios criando um ambiente propício para interferência cruzada quando da recepção destes sinais que utilizam a mesma faixa de freqüências. Como o problema de interferência é assimétrico é possível transmitir sinais com taxas de dados mais altas no sentido da rede para o cliente do que no sentido oposto. O ADSL tira partido desta situação. Compensando a Atenuação A taxa máxima de transmissão de dados do ADSL depende da atenuação no par de fios que está sendo utilizado. A atenuação aumenta com os seguintes fatores: Maior comprimento dos fios de cobre. Menor diâmetro do fio Existência de derivações na rede Maior frequência de transmissão. Técnicas avançadas de modulação foram desenvolvidas de forma a minimizar o efeito da atenuação em sistemas ADSL. As principais são Carrierless amplitude/phase (CAP) e Discrete multitone (DMT). Distâncias e taxas de dados típicas 4,8 km para 2 Mbit/s e 2,7 km para 8 Mbit/s no sentido da rede (DSLAM) para o cliente. 16 kbps a 640 kbps no sentido do assinante para a rede. As várias tecnologias que compõe a família DSL, utilizadas para provimento de serviços de dados de alta velocidade utilizando pares de fios de cobre são genericamente referenciadas como xDSL. Apesar de ser o mais utilizado para Internet o ADSL apresenta algumas características que não são adequadas para outras aplicações, como assimetria, não suporta múltiplas transferências de dados e consome muita potência. Apresenta-se a seguir outras tecnologias da família DSL. Pares de fio ADSL Asymetric DSL RADSL Rateadaptive DSL 1 1 Telefone e dados Sim Sim Transmissão Taxa de dados Assimétrica 1,5-8 Mbit/s 64-640 kbit/s Mais popular. Utilizado para acesso a Internet. Assimétrica 1-7 Mbit/s 128k-1 Mbit/s Variação do ADSL que permite o ajuste da taxa de transmissão de acordo com a necessidade do cliente HDSL High-bitrate DSL 2 Não Simétrica 2 Mbit/s Uma das primeiras tecnologias DSLs a ser usada amplamente. Utilizada para o provimento de serviço de linhas dedicadas de 2Mbit/s. SDSL Symetric DSL 1 Não Simétrica 768 kbit/s Implementação do HDSL utilizando 1 par de fios G.shdsl 1 Não Simétrica até 2,3 Mbit/s Novo padrão que melhora a performance do SDSL Variação do SDSL que permite o provimento de serviços TDM com múltiplas taxas de dados. MSDSL Multirate SDSL 1 Sim Simétrica n x 64 kbit/s até 2 mbit/s IDSL ISDN DSL 1 Não Simétrica até 144 kbit/s Simétrica até 1 Mbit/s Reach DSL 1 Sim Empregado acessos ISDN em Projetado para suportar as condições mais adversas da rede externa. O ADSL faz parte da família de soluções xDSL que utilizam pares de cobre da rede telefônica para prover acesso local até o assinante. As operadoras no Brasil vem a muito tempo utilizando o HDSL para provimento de serviços de linha dedicada de 2 Mbit/s. A qualidade deste serviço depende em grande parte da seleção do par telefônico. O risco de queima de equipamento por incidência de raios é uma das desvantagens desta tecnologia em regiões tropicais como grande parte do Brasil. O ADSL está sendo utilizada pelas maioria das operadoras de serviço telefônico fixo comutado no Brasil para provimento de serviço banda larga de acesso a Internet em que o usuário passa a dispor de uma conexão permanente. O Speedy da Telefonica, Turbo da Brasil Telecom, Velox da Telemar e Turbonet da GVT são exemplos deste tipo de serviço. A tecnologia DSL atingiu 26 Milhões de assinantes em todo o mundo em agosto de 2002 segundo dados do DSL Fórum.